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SÃO PAULO MEDICAL JOURNAL: ÚLTIMA
EDIÇÃO DE 2024 JÁ ESTÁ DISPONÍVEL
O CONTEÚDO COMPLETO PODE SER ACESSADO GRATUITAMENTE
Anova edição da São Paulo Medical Journal/Evidence for Health Care, uma das revistas científicas publicadas pela Associação Paulistade Medicina, já está disponível para leitura. O conteúdo completo pode ser acessado por meio de link que está no site da APM São Paulo (https://www.apm.org.br).
CONFIRA OS DESTAQUES DESTA EDIÇÃO:
• Desafios e perspectivas na prevenção e tratamento da obesidade;
• Impacto da melhoria nas condições de vida sobre a mortalidade por tuberculose no Brasil;
• Custo da síndrome metabólica no atendimento à saúde primária de adultos mais velhos.
Esta publicação bimestral aceita artigos científicos na área de Saúde, incluindo estudos originais (clínicos, de coorte, caso-controle, prevalência ou incidência, acurácia, custo-efetividade e revisões sistemáticas com ou sem metanálise), revisões narrativas da literatura, relatos de caso, comunicações breves e cartas ao editor. serviços públicos. A atenção à saúde mental, que é hoje um grande problema de saúde pública, e há também ausência de psiquiatras em muitas redes”.
Com a expansão dos cursos de medicina (quase 400 existentes), o governo autorizou a abertura de mais 95 . Para Scheffer, esse aumento deve
ser regulado e submetido a critérios de qualidade: “Nos cursos dos últimos dez anos, mais de 80% dessas vagas estão em instituições privadas que precisam ser monitoradas sobre a existência adequada de campos de prática de corpo docente qualificado. E a forma como isso será avaliado precisa ser discutido”.
Ele afirma que se avalia, por exemplo, a criação de uma agência reguladora do ensino de medicina. Propostas como uma avaliação terminal ao fim do curso de seis anos ou de um sistema de credenciamento das faculdades estão em debate.
DESENVOLVIDO JÁ ESTÁ ACESSÍVEL, E SEU USO É OPCIONAL EM 2024
Os profissionais de Medicina que trabalham de forma independente deverão começar a emitir recibos de serviços prestados através de uma nova ferramenta disponível no aplicativo da Receita Federal, chamada “Receita Saúde”. Essa exigência entrará em vigor em 2025.
O Receita Saúde é destinado apenas a profissionais autônomos que operam como pessoas físicas e emitem recibos utilizando o CPF. Já aqueles que possuem uma empresa registrada e atuam como pessoas jurídicas devem continuar fazendo uso do DMED.
Esse serviço permitirá a geração e a verificação de recibos relativos aos serviços prestados por esses profissionais. O recibo é armazenado no sistema de maneira automática.
Não é imprescindível que o médico faça a emissão dos recibos. O profissional de Saúde pode designar uma ou mais pessoas (como uma secretária, por exemplo) para que emitam o recibo em sua representação.
Se o recibo foi emitido de maneira incorreta, o médico ou responsável
terá um prazo de 10 dias para anulálo e emitir um novo corretamente. Esse serviço está disponível exclusivamente por meio de um aplicativo, compatível com sistemas Android e iOS. Ademais, o acesso é restrito a usuários com contas prata ou ouro no gov.br.
REGISTRO NO CONSELHO REGIONAL E CARNÊ-LEÃO
O profissional deve estar atento ao emitir o recibo, pois precisa cumprir algumas responsabilidades. Para que o perfil do profissional possa emitir um recibo, é imprescindível que ele esteja registrado no conselho regional de sua profissão e informe sua ocupação na ficha de identificação do Carnê-Leão.
Em outras palavras, profissionais com registro irregular nos respectivos conselhos e sem registro no Carnê-Leão não poderão usar a ferramenta. Com a nova funcionalidade, o profissional não precisará mais preencher cada recibo emitido, pois todos serão enviados diretamente para o sistema do Carnê-Leão, resultando na geração automática do recolhimento mensal.
Em relação aos representantes, é necessário que o profissional que o representa faça login no sistema.
COMO UTILIZAR O RECEITA SAÚDE
Ele estará disponível como uma funcionalidade, dentro do aplicativo da Receita Federal. Esses são os seguintes passos:
1 – Acesse o aplicativo da Receita Federal e faça login, com sua conta Gov. br, ouro ou prata.
2 – Em seguida, aparecerá na tela a opção Receita Saúde, mais precisamente a sexta opção. É só clicar.
3 – Abrirá a área de perfis e recibos. Nessa área, o profissional da Saúde poderá escolher se é o seu perfil paciente ou perfil profissional.
4 – Para os representantes dos profissionais, é preciso clicar no ícone no canto superior direito da tela e informar o CPF do profissional.
5 – Ao clicar no recibo, é possível ver os detalhes como número do recibo, data, valor e qual o profissional e número no CRM.
INFOGRIPE INDICA MANUTENÇÃO DE QUEDA DE CASOS DE
Divulgado nesta quinta-feira (31/10), o novo Boletim InfoGripe da Fiocruz aponta manutenção do sinal de queda dos casos de Covid-19 na maioria dos estados da região Centro-Sul, sinalizando reversão do cenário de aumento de infecções causadas pelo Sars-CoV-2, iniciado por volta da Semana Epidemiológica (SE) 32. Apenas o estado do Rio de Janeiro apresenta indícios de retomada de crescimento. A análise destaca também que, apesar desse quadro, a Covid-19 permanece como a principal responsável pelas internações entre os idosos nas últimas semanas. E chama atenção que o rinovírus se mantém como o principal vírus associado à internação de crianças e adolescentes de até 14 anos.
A incidência de SRAG por Covid-19 tem apresentado maior impacto em crianças pequenas e idosos, enquanto a mortalidade tem sido mais elevada entre idosos a partir de 65 anos. O estudo, que tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 26 de outubro, é referente à SE 43, período de 20 a 26 de outubro.
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 12,6% para influenza A; 10,6% para influenza B; 4,8% para vírus sincicial respiratório (VSR); 34,4% para rinovírus; e 24,3% para Sars-CoV-2 (Covid-19).
COVID-19
Em relação aos casos de Síndrome Respiratória Aguda (SRAG), a atualização mostra que quatro das 27 unidades federativas apresentam crescimento de SRAG na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) até a SE 43: Espírito Santo, Maranhão, Piauí e Rio de Janeiro. Já os estados de Mato Grosso, Pará, Paraíba e Pernambuco registram sinal de estabilidade dos novos casos de SRAG entre os idosos.
Quanto às capitais, sete apresentam sinal de aumento nos casos de SRAG até a SE 43. São elas Fortaleza (Ceará), João Pessoa (Paraíba), Manaus (Amazonas), São Luís (Maranhão), São Paulo (São Paulo), Teresina (Piauí) e Vitória (Espírito Santo). Em nível nacional, observa-se tendência de queda ou estabilidade dos casos de SRAG nas crianças de até dois anos e na população idosa a partir dos 50 anos. Nas crianças a partir de dois anos, adolescentes e adultos, verifica-se um leve sinal de retomada do crescimento.
Mesmo diante do cenário de queda de casos de Covid-19, a pesquisadora a do Programa de Computação Científica (Procc/ Fiocruz) e do InfoGripe, Tatiana Portella, reforça a importância da manutenção das recomendações de prevenção, principalmente para as pessoas que moram nos estados com aumento dos casos de SRAG. “O ideal é usar máscaras em locais fechados com maior aglomeração de pessoas e dentro dos postos de saúde. Diante
do aparecimento de qualquer sinal de síndrome gripal como coriza, tosse, febre, dor de garganta, o recomendado é sair de casa usando uma boa máscara”, afirma Portella.
INCIDÊNCIA E MORTALIDADE POR SRAG
A incidência e a mortalidade semanal média, nas últimas oito semanas epidemiológicas, mantêm o cenário típico de maior impacto nos extremos das faixas etárias analisadas. Enquanto a incidência de SRAG apresenta impacto mais elevado nas crianças até dois anos, em termos de mortalidade ocorre o inverso, com a população a partir de 65 anos sendo a mais impactada.
Dentre os casos positivos do ano corrente, 17,7% são influenza A; 1,4% são influenza B; 36,5% são VSR; 25,5% são rinovírus; e 19% são Sars-CoV-2 (Covid-19). Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 12,6% para influenza A; 10,6% para influenza B; 4,8% para VSR; 34,4% para rinovírus; e 24,3% para Sars-CoV-2 (Covid-19).
Em 2024, já foram registrados 9.191 óbitos por SRAG, sendo 4.748 (51,7%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório; 3.697 (40,2%) negativos; e 166 (1,8%) aguardando resultado laboratorial.
Fonte: Melissa Bello e Regina Castro (Agência Fiocruz de Notícias)
OMS ANUNCIA RECORDE DE CASOS DIAGNOSTICADOS DE TUBERCULOSE
QUASE 8,2 MILHÕES DE NOVOS CASOS DE TUBERCULOSE FORAM DIAGNOSTICADOS NO ANO PASSADO EM TODO O MUNDO, O NÚMERO MAIS ALTO JÁ REGISTRADO DESDE QUE A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) COMEÇOU SEU ACOMPANHAMENTO HÁ QUASE 30 ANOS.
Orelatório anual da OMS sobre a tuberculose destaca os “progressos desiguais conquistados na luta mundial contra a doença, com dificuldades persistentes como a grave falta de financiamento”, segundo um comunicado.
Enquanto o número de mortes relacionadas à tuberculose diminuiu, passando de 1,32 milhão em 2022 para 1,25 milhão em 2023, o número total de pessoas que contraíram a doença aumentou .
A tuberculose volta a ser a doença infecciosa que causa o maior número de mortes, superando a covid-19, indica a OMS.
Nem todos os novos casos são diagnosticados e a OMS avalia que aproximadamente 10,8 milhões de pessoas contraíram realmente a doença no ano passado.
O aumento de casos entre 2022 e 2023 ilustra em grande medida o crescimento demográfico, segundo o relatório. A taxa de incidência de tuberculose (novos casos a cada 100.000 habitantes) em 2023 foi de 134, com um ligeiro aumento (0,2%) em comparação a 2022.
A maioria das pessoas que desenvolve tuberculose todos os anos estão em 30 países. Cinco deles representaram juntos, no ano passado, 56% do total mundial: Índia (26%),
Indonésia (10%), China (6,8%), Filipinas (6,8%) e Paquistão (6,3%). Segundo o relatório, 55% das pessoas que desenvolveram a doença eram homens, 33%, mulheres, e 12%, crianças ou adolescentes jovens.
A OMS também destaca que a taxa de êxito terapêutico no tratamento da tuberculose multirresistente ou resistente à rifampicina (MRRR) agora alcança os 68%, frente aos 64% de 2020 e os 50% de 2012.
No entanto, das 400.000 pessoas que, segundo estimativas, desenvolveram tuberculose MR-RR, apenas 44% delas foram diagnosticadas e tratadas em 2023.
DORMIR MAL AOS 40 ANOS ESTÁ LIGADO AO
Fonte: Gabriela Maraccini |
CNN Brasil
TRABALHO MOSTROU QUE PESSOAS COM MAIORES DIFICULDADES PARA DORMIR TINHAM UMA IDADE CEREBRAL MÉDIA 2,6 ANOS MAIOR DO QUE AQUELAS COM MENOS PROBLEMAS RELACIONADOS AO SONO
Pessoas na meia-idade (faixa etária entre 40 e 60 anos) que têm um sono ruim podem apresentar sinais de envelhecimento cerebral, de acordo com um estudo publicado no último dia 23, na revista médica Neurology, da Academia Americana de Neurologia.
O estudo não prova que a má qualidade do sono pode acelerar o envelhecimento do cérebro, mas mostra uma associação entre sono ruim, incluindo dificuldade para dormir ou despertares frequentes, e sinais de envelhecimento cerebral.
“Problemas de sono foram associados em pesquisas anteriores a habilidades de pensamento e memória ruins mais tarde na vida, colocando as pessoas em maior risco de demência”, diz o autor do estudo Clémence Cavaillès, da University of California San Francisco, nos Estados Unidos, em comunicado à imprensa. “Nosso estudo, que usou exames cerebrais para determinar a idade cerebral dos participantes, sugere que o sono ruim está associado a quase três anos de envelhecimento cerebral adicional já na meia-idade.”
Para chegar às conclusões, o estudo incluiu 589 pessoas que tinham idade média de 40 anos no início da pesquisa. Os participantes preencheram questionários de sono tanto no início do estudo e após cinco anos. Além disso, eles foram submetidos a exames cerebrais 15 anos após o início do trabalho.
A partir das respostas dos participantes, os pesquisadores enumeraram a quantidade de características associadas ao sono ruim, como:
• Curta duração do sono;
• Má qualidade do sono;
• Dificuldade para dormir;
• Dificuldade para permanecer dormindo;
• Despertar cedo pela manhã;
• Sonolência diurna.
Em seguida, eles dividiram os participantes em três grupos. O primeiro, chamado “grupo baixo”, não tinha mais do que uma característica de sono ruim.
O segundo, chamado “grupo médio”, apresentava de duas a três características. Por fim, o “grupo alto” apresentava mais de três características.
No início do estudo, cerca de 70% estavam no grupo baixo, 22% estavam no meio e 8% estavam no grupo alto.
Por fim, os pesquisadores analisaram os exames cerebrais de participantes e usaram aprendizado de máquina (um tipo de inteligência artificial) para determinar a idade cerebral de cada um deles.
Após ajustar fatores como idade, sexo, pressão alta e diabetes, os pesquisadores descobriram que as pessoas no “grupo médio” tinham uma idade cerebral média 1,6 anos maior do que aquelas no “grupo baixo”, enquanto aquelas no “grupo alto” tinham uma idade cerebral média 2,6 anos maior.
ENVELHECIMENTO DO CÉREBRO, DIZ ESTUDO
nada idade — que varia de uma pessoa para outra –, o funcionamento do cérebro diminuiu e algumas áreas podem, até mesmo, diminuir de tamanho.
A diminuição da função cerebral resultante do envelhecimento pode levar a alterações em substâncias químicas do cérebro (neurotransmissores) e nas células nervosas, alterando os níveis de substâncias tóxicas que se acumulam no cérebro, alterando o fluxo de sangue para a região. Com isso, algumas funções podem ser afetadas, como a memória a curto prazo, a capacidade de aprender coisas novas, habilidades verbais e uso das palavras, e o desempenho intelectual.
“Nossas descobertas destacam a importância de abordar os problemas de sono mais cedo na vida para preservar a saúde do cérebro, incluindo manter um cronograma de sono consistente, praticar exercícios, evitar cafeína e álcool antes de ir para a cama e usar técnicas de relaxamento”, afirma a autora do estudo Kristine Yaffe, da University of California San Francisco e membro da American Academy of Neurology, no comunicado.
“Pesquisas futuras devem se concentrar em encontrar novas maneiras de melhorar a qualidade do sono e investigar o impacto de longo prazo do sono na saúde do cérebro em pessoas mais jovens”, acrescenta.
Apesar dos achados, os pesquisadores apontam para uma limitação do estudo: os participantes relataram seus próprios problemas de sono, sendo possível que esse relato não tenha sido feito com precisão. Por isso, mais estudos são necessários para validar as descobertas.
SONO E ENVELHECIMENTO CEREBRAL
Estudos anteriores já haviam associado a má qualidade do sono na meia-idade ao processo de envelhecimento do cérebro. Um trabalho publicado na revista Neurology no início deste ano mostrou que pessoas que têm mais interrupções do sono na faixa dos 30 e 40 anos têm duas vezes mais chances de ter problemas de memória e pensamento uma década depois.
De acordo com o Manual MSD, conjunto de referências médicas elaboradas pela farmacêutica Merck & Co., durante a maior parte da vida adulta, o funcionamento do cérebro é relativamente estável. No entanto, após uma determi-
Em média, descobriu-se que os participantes do estudo dormiam cerca de seis horas por noite e cerca de um quinto do seu tempo de sono era interrompido. No geral, as pessoas que experimentam mais fragmentação do sono, ou que passam uma maior parte das horas de sono em movimento, têm maior probabilidade de receber pontuações cognitivas baixas em todos os testes, mais de uma década depois.
O sono insuficiente pode ser um dos fatores externos que afetam a cognição, conforme aponta Diogo Haddad, neurologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em matéria publicada anteriormente na CNN. Além do sono, o tabagismo, o abuso de álcool, o sedentarismo, a alimentação inadequada e o estresse também são fatores de risco para declínio cognitivo no envelhecimento.
TREINO FÍSICO PODE RECUPERAR FUNÇÕES DO FÍGADO
Fonte: Revista USP
Uma pesquisa recente, publicada na revista científica Life Sciences, mostra que, em camundongos idosos, além de força, coordenação e equilíbrio, a rotina de exercício físico melhora a sensibilidade à glicose e restaura a expressão do gene Bmal1, uma das proteínas mais importantes do ciclo circadiano (o “relógio biológico”). No fígado, ela controla a glicose, o colesterol e o metabolismo dos ácidos graxos.
O estudo, conduzido em animais, reuniu pesquisadores das três universidades públicas paulistas, USP, Unesp e Unicamp, além da norte-americana Tufts University (Massachusetts), para analisar os efeitos do envelhecimento e do exercício físico nos genes e proteínas do fígado envolvidos no ciclo circadiano, que tende a ficar menos eficiente com a idade avançada.
Ao falar sobre o ritmo circadiano, Ana Paula Pinto, pesquisadora que atua junto ao professor Adelino Sanchez Ramos da Silva, da Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP) da USP, explica que se trata de uma espécie de relógio localizado no cérebro que regula diversas funções do corpo durante as 24 horas do dia. Esse relógio responde aos períodos de luz e de escuridão, ajustando temperatura corporal, sono e secreções hormonais, entre outras funções. Nos idosos, esse sistema pode se alterar oferecendo “risco aumentado de doenças como a hipertensão, que é a pressão alta, e diabete”.
DE EXERCÍCIOS AERÓBICOS E DE FORÇA RESTAUROU A EXPRESSÃO
Como resultado mais expressivo da pesquisa, a equipe verificou que o envelhecimento diminuiu os níveis do gene Bmal1, que, depois, foram restaurados pelo treinamento físico. O que significa dizer, argumenta Ana Paula, que a atividade física contribui para a regulação adequada do ritmo circadiano, ajustando as funções biológicas do fígado. Outro ponto de destaque do trabalho foi verificar que o exercício físico pode evitar a degeneração das células hepáticas, prevenindo doenças do envelhecimento, como diabete, por exemplo.
O fígado é um órgão central do metabolismo e a Bmal1 “uma das proteínas mais importantes do ciclo circadiano que, no fígado, regula genes responsáveis pelo controle da glicose, síntese de colesterol e metabolismo dos ácidos graxos”, continua a pesquisadora, destacando que a Bmal1 se junta com outra proteína, chamada Clock, para formar “um complexo que se liga ao DNA e ativa a transcrição de outros genes que regulam o ritmo circadiano, que é controlado por genes ‘relógio’ e suas proteínas associadas”. A ativação desses genes e proteínas regula atividades biológicas responsáveis por diversas funções metabólicas, como sono e fome.
RECUPERAÇÃO DE PROTEÍNAS E CÉLULAS DEGENERADAS
Os pesquisadores escolheram o exercício físico combinado (atividade aeróbica e de força) para o treinamento dos
animais de laboratório: idosos com 24 meses de vida. O motivo, explica Ana Paula, é a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para que os adultos com 65 anos ou mais realizem, semanalmente, 150 minutos de atividade aeróbica de intensidade moderada ou 75 minutos de intensidade vigorosa, bem como dois ou mais dias de atividade de fortalecimento muscular.
Foram utilizados camundongos idosos (24 meses) e camundongos jovens (6 meses), todos divididos em dois grupos, os sedentários e aqueles que passaram pelo protocolo de treinamento combinado: três dias de exercícios aeróbios (corrida na esteira) e dois dias de exercício de força (subir escada com peso). O treino foi semanal e aplicado por três semanas seguidas.
Ao final do experimento, o fígado dos animais foi removido e submetido a múltiplas análises que identificaram
FÍGADO EM IDOSOS, SUGERE ESTUDO COM ANIMAIS
DO GENE BMAL1 QUE ESTAVA DIMINUÍDA NO FÍGADO DE CAMUNDONGOS IDOSOS
a expressão de genes e proteínas específicas. Além disso, para efeito de comparação, foram analisados também dados públicos de um conjunto de fígados humanos de diversas idades e condições clínicas. Os cientistas analisaram também um modelo experimental de camundongos knockout Bmal1 (animais sem a presença desse gene).
Entre os resultados, a equipe de pesquisadores verificou que os camundongos idosos sedentários apresentaram menor força, coordenação e equilíbrio, bem como diminuição da proteína Bmal1 e presença de células hepáticas degeneradas. Já os idosos treinados aumentaram força, coordenação e equilíbrio, melhoraram a sensibilidade à glicose e restauraram os níveis da Bmal1 e dos fatores de transcrição mitocondrial (genes e proteínas para avaliar a função e integridade das mitocôndrias, fonte de energia celular).
O estudo mostra efeitos benéficos da prática de atividade física para o fígado, reduzindo a gordura hepática, contribuindo para o controle glicêmico e para a redução dos danos celulares e das disfunções fisiológicas causadas pelo envelhecimento.
Desta forma, a pesquisadora diz que o treinamento físico combinado representa um fator de prevenção de doenças do fígado, como a esteatose hepática, também conhecida como doença hepática gordurosa ou gordura no fígado. A manutenção da boa saúde do fígado é fundamental para o funcionamento do organismo como um todo, afinal, esse órgão desempenha diversas funções no corpo (como citado acima).
RESTAURAÇÃO DE PARTE DA
FORÇA PERDIDA COM A IDADE
A análise dos mesmos indicadores nos dados humanos mostrou forte relação com doenças hepáticas específicas, não apenas com o envelhecimento. Segundo Ana Paula, provavelmente as alterações observadas nos órgãos dos animais, provocadas pelos exercícios físicos, podem depender de treinamento de longo prazo.
PREVENÇÃO DE DOENÇAS HEPÁTICAS
O envelhecimento está associado a grandes alterações estruturais no funcionamento do fígado, como as da homeostase das células do órgão, isto é, às mudanças nos processos fisiológicos coordenados e ajustados pelo fígado ao longo do dia, processos estes responsáveis pelo funcionamento normal do organismo.
A prática de exercícios físicos é, sabidamente, importante para manter uma vida saudável em todas as idades. Para idosos, a OMS recomenda prática de, pelo menos, 150 a 300 minutos semanais de atividade aeróbica moderada ou 75 a 150 minutos semanais, de aeróbica intensa, como forma de ajudar a evitar diversos problemas de saúde, entre elas, doenças cardíacas, obesidade e diabete.
Ana Paula lembra ainda que, de acordo com inúmeros estudos, os exercícios beneficiam a performance física dos idosos: equilíbrio, coordenação motora e força, por exemplo, confirmando que a atividade física é capaz de restaurar parte da força perdida por conta do envelhecimento. Os exercícios de resistência podem recuperar parte da massa muscular esquelética que é perdida com a idade, promovendo qualidade de vida, maior longevidade e independência. Como exemplo desse impacto na melhora da condição física, Ana Paula lembra da redução do número de quedas, uma das principais razões das fraturas ósseas em idosos.