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UNIDOS BRASIL, PARCEIRO DA FRENTE PARLAMENTAR DO EMPREENDEDORISMO
Informações e fotos: IUB
AAssociação Paulista de Medicina e a Associação Médica Brasileira passaram a integrar o Instituto Unidos Brasil (IUB), que é parceiro da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE). No último dia 18 de fevereiro, uma reunião das entidades teve como tema o impacto da Reforma Tributária sobre o Simples Nacional.
O encontro reuniu parlamentares e representantes do setor produtivo para discutir os desafios enfrentados pelas micro e pequenas empresas diante das mudanças no sistema tributário. A APM e a AMB estiveram representadas por seu assessor parlamentar, Napoleão Puentes Salles.
Conforme publicação do IUB, o deputado Joaquim Passarinho (PL/PA), presidente da FPE, destacou a falta de clareza nos cálculos apresentados pelo Governo e alertou para possíveis prejuízos ao setor. “O Simples Nacional é um sucesso, e qualquer alteração que comprometa sua competitividade precisa ser amplamente
debatida. Não temos explicação, por exemplo, sobre porque a base de cálculo do Governo começa em 20%.”
A necessidade de isonomia na cobrança do ICMS também foi destacada por Marcela Guimarães, representante da Associação Comercial e Industrial de Uberlândia (ACIUB). “O que estamos demandando é exatamente a explicação da lei para garantir equidade. A diferença de cobrança entre os estados é assustadora, e o que estamos pedindo é apenas que as regras sejam aplicadas de maneira justa”, afirmou.
Outra preocupação levantada foi a possível tributação de 28% na aquisição de insumos pelas empresas do Simples Nacional. Para José Clóvis Cabrera, da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), isso pode gerar um aumento significativo nos custos. “Se o Simples Nacional perder a vantagem competitiva, o impacto será enorme. São quase nove mi-
lhões de empresas que podem ser prejudicadas”, alertou.
O deputado Luiz Gastão (PSD/CE) reforçou a necessidade de ajustes durante o período de transição da Reforma: “Temos que garantir que a competitividade seja justa. Não acreditamos em uma alíquota superior a 25%, considerando tudo o que foi feito até agora. O mais importante é que os impactos reais sejam avaliados para evitar distorções”.
Já o deputado Zé Neto (PT/BA) sugeriu um encontro com o secretário especial da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, e representantes do Ministério do Trabalho para aprofundar as discussões. “Precisamos garantir que o Simples Nacional continue cumprindo seu papel de facilitar a vida dos pequenos empresários. O maior inimigo do Simples é o falso Simples, e precisamos ter cuidado com isso”, pontuou.
“TRANSFORMAÇÃO NA CULTURA E NA GESTÃO”
É TEMA DA LIVE DO IESAPM E DA ABQV
Neste mês de fevereiro, o Instituto de Ensino Superior da Associação Paulista de Medicina (IESAPM), em parceria com a Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), realizou a live “Transformação na Cultura e na Gestão”.
O evento teve como objetivo apresentar os diferenciais do MBA Gestão Estratégica em Saúde e Qualidade de Vida Integrada ao Negócio, que oferece uma oportunidade de especialização para profissionais que desejam integrar Saúde, negócios e qualidade de vida sustentável, com conhecimentos alinhados às demandas do mercado.
A diretora de Certificação da ABQV e coordenadora do MBA, Sâmia Simurro, deu início ao encontro, agradecendo a participação de todos e apresentando os dois convidados especiais da live: Alberto Ogata, doutor em Saúde Coletiva, professor e pesquisador associado da FGV, além de membro do Conselho Curador da ABQV; e Danilo Garcia de Araújo, gerente corporativo de Saúde e Qualidade de Vida da Suzano S.A e diretor vice-presidente da Unimed Vale Novo Paulista.
“É um prazer estar aqui hoje com profissionais tão renomados, abordando um tema que permeia todo o nosso curso, como integrar a Saúde e a qualidade de vida à cultura e à gestão dos negócios. Hoje, discutiremos como implementar, na prática, uma cultura de cuidado. Para isso, são necessários diversos conhecimentos e é isso que oferecemos no MBA. Aproveitem a oportunidade para esclarecer as dúvidas”, explicou Sâmia.
ve para o sucesso dos programas, gerando melhores resultados para a empresa. “É imprescindível ter um ambiente de trabalho respeitoso e acolhedor, e a Saúde, de fato, precisa ser um valor central.”
Ogata compartilhou sua satisfação em participar do evento. “Estou muito contente com a parceria com a Associação Paulista de Medicina. Quero dizer que a questão da cultura é algo central e as empresas precisam trabalhar isso, em vez de contratar prestadores. É fundamental tentar convencer a liderança que a Saúde é um valor e vai trazer os benefícios já demonstrados em termo de capital humano. Além disso, o mercado está demandando profissionais com conhecimento em bem-estar, Saúde e gestão. Esse é o caminho”, destacou.
Danilo Garcia de Araújo também agradeceu a oportunidade e enfatizou que a cultura de valorização é o fator-cha-
Araújo complementou dizendo que os líderes precisam ser habilitados, capacitados e com perfil transformacional. “Eles precisam de autonomia para trazer valores e propósitos para o ambiente de trabalho e para as relações profissionais, além de engajar outros líderes na cultura e no valor da organização, fomentando o envolvimento de todos, especialmente dos colaboradores”, apontou.
Sâmia Simurro reforçou a importância de uma liderança comprometida e de um orçamento adequado, construído dentro das metas organizacionais. “Esses são temas amplamente discutidos em nosso MBA”, finalizou.
A próxima turma do curso inicia em 26 de março. Mais informações disponíveis no site do IESAPM.
BRASIL REGISTRA MAIS DE 100
SÃO PAULO DECRETA EMERGÊNCIA EM SAÚDE PÚBLICA POR CAUSA DA DENGUE
A Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo decretou, nesta quarta-feira (19), a situação de emergência em saúde pública no estado devido à persistência e agravamento da epidemia por dengue. O anúncio foi feito no Instituto Butantan pelo secretário Eleuses Paiva. A principal justificativa para a mudança de patamar está no reconhecimento da alta incidência da doença no estado.
MORTES POR DENGUE EM 2025
BOLETIM APRESENTA BALANÇO DA HANTA- VIROSE NO BRASIL NOS ÚLTIMOS DEZ ANOS
OMinistério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, divulgou Boletim Epidemiológico sobre os casos de Hantavirose – zoonose viral aguda – no Brasil, entre 2013 e 2023.
Neste período, foram confirmados 758 casos, com média anual de 69 registros da doença. Os anos com mais casos confirmados foram em 2013 e 2015, com 137 (18,1%) e 113 (4,9%), respectivamente.
Em relação à evolução dos casos confirmados, 299 (39,4%) resultaram em óbito, enquanto 17 (2,2%) faleceram por outras causas. Além disso, em 42 casos (5,5%), a informação sobre o desfecho estava ausente e, por isso, não foram incluídos na análise.
DOENÇA
Hantavirose é causada por um vírus RNA, pertencente à família Hantaviridae, gênero Orthohantavirus. Os hantavírus possuem como reservatórios naturais alguns roedores silvestres, que podem eliminar o vírus pela urina, saliva e fezes. Os roedores podem carregar o vírus por toda a vida sem adoecer.
A taxa de letalidade no período avaliado foi de 39,4%, evidenciando a gravidade da doença, com variações entre 25,9% e 53,5%, sendo o maior índice registrado no ano de 2016. As maiores taxas de letalidade observadas ocorreram nos estados do Maranhão (100%), Distrito Federal (69,2%), São Paulo (57,8%) e Goiás (52,8%).
No Brasil, a infecção em humanos se apresenta na forma da Síndrome Cardiopulmonar por Hantavírus (SCPH). A tosse é um sinal de alerta para evolução da forma clássica de SCPH, que em geral é seca no início, acompanhada por taquicardia, taquidispneia e hipoxemia, nos casos mais graves da doença.
Tais manifestações podem ser seguidas por uma rápida evolução para edema pulmonar não cardiogênico, hipotensão arterial e colapso circulatório. Os sinais clínicos e sintomas mais frequentes são febre, mialgia e cefaleia. Já nos casos com evolução ao óbito, foram identificados a dispneia e a insuficiência respiratória.
BALANÇO
Desde os primeiros registros de Hantavirose no Brasil, em novembro de 1993, até dezembro de 2012, foram 1.602 casos confirmados da doença – sendo que 869 evoluíram ao óbito, com uma taxa de letalidade de 54,2%.
Entre 2013 e dezembro de 2023, foram notificados 13.087 casos suspeitos de Hantavirose, com média anual de 1.190 registros. Como ocorreu com a maioria das doenças em 2020, devido à Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) pela Covid-19, ocorreu uma redução nas notificações, como 509 casos suspeitos naquele ano.
De acordo com as informações do boletim, a diminuição dos casos suspeitos em áreas de ocorrência da SCPH pode ser explicada pela similaridade dos sintomas iniciais da Hantavirose com os da Covid-19 ou de outras infecções, como a Dengue, a Gripe e a Leptospirose.
ENCONTRADO PRIMEIRO CORONAVÍRUS NA AMÉRICA DO SUL SEMELHANTE À MERS
Pesquisadores de São Paulo e do Ceará, em parceria com a Universidade de Hong Kong, descobriram uma nova variante do coronavírus em morcegos, semelhante ao causador da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers, em inglês). É o primeiro caso na América do Sul. A descoberta foi publicada na terça-feira (18) no Journal of Medical Virology, dos Estados Unidos.
Os pesquisadores encontraram sete coronavírus em amostras de cinco morcegos investigados pelo Laborató -
rio Central de Saúde do Ceará (Lacen), em Fortaleza. Os animais são de duas espécies diferentes, sendo uma insetívora e outra frugívora, que se alimenta de frutas, verduras e legumes.
Nessa etapa da pesquisa não é possível afirmar que o novo coronavírus pode infectar humanos. Embora apresente algumas características semelhantes à covid-19, a Mers não é considerada uma doença de alto risco para a população mundial, tendo chances pequenas de evoluir para o estágio pandêmico.
O coronavírus causador da Mers foi descoberto em 2012, na Arábia Saudita, tendo provocado à época mais de 800 mortes, com ocorrências em 27 países.
O estudo foi elaborado no âmbito do projeto Morcegos: vigilância epidemiológica, filodinâmica de alta resolução, busca e design de peptídeos de interesse biotecnológico em vírus emergentes e reemergentes, que tem o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
TRIAGEM VIRTUAL REVELA
DESCOBERTA PODE IMPULSIONAR ESTUDOS SOBRE OS PAPÉIS BIOLÓGICOS
Fonte: Jornal da USP
Pesquisadores do Cepid Redoxoma identificaram novos inibidores da enzima 15-lipoxigenase-2 humana (h15-LOX-2) por meio de triagem virtual. Essa enzima desempenha papéis importantes em processos inflamatórios e metabólicos, além de contribuir para a homeostase celular. A descoberta pode abrir novos caminhos para investigar as funções biológicas dessa enzima e também aspectos dela envolvidos no adoecimento, além de fornecer candidatos promissores para novos fármacos.
“Apesar de a h15-LOX-2 ter um papel potencial como alvo biológico, ela tem sido muito pouco explorada com essa finalidade. Nosso trabalho contribui com novos inibidores que têm diversidade estrutural entre si e em relação a inibidores já descritos na literatura. E, além disso, eles apresentam propriedades fármaco-similares, segundo as predições baseadas em modelos computacionais”, afirmou Lucas G. Viviani, principal autor do artigo publicado no Journal of Medicinal Chemistry. Viviani é pós-doutorando no Laboratório de Lipídeos Modificados e Bioquímica Redox do Instituto de Química (IQ) da USP, com a supervisão da professora Sayuri Miyamoto.
A h15-LOX-2 pertence à família das lipoxigenases (LOXs), enzimas que catalisam a oxidação de ácidos graxos poli-insaturados, formando hidroperóxidos específicos. Em seres humanos, seis isoformas de LOX têm papéis especializados em diferentes tecidos, regulando processos como inflamação, proliferação das células e no equilíbrio intracelular. A h15-LOX-2 é expressa predominantemente em macrófagos, pele, córnea, pulmões e próstata, onde catalisa a conversão do ácido araquidônico em um composto que influencia significativamente respostas inflamatórias e celulares. Estudos anteriores já demonstraram que a h15-LOX-2 regula a senescência celular (quando as células param de crescer e se dividir), atua na regulação do colesterol e tem um papel no desenvolvimento da aterosclerose (acúmulo de gordura e inflamação) das artérias carótidas.
“Na cascata de inflamação, a h15LOX-2 é uma das poucas enzimas capazes de atuar sobre lipídios complexos. Escolhemos estudar essa enzima também por suas particularidades em termos de atividade enzimática,” afirmou Miyamoto.
TRIAGEM VIRTUAL E VALIDAÇÃO
EXPERIMENTAL
“O declínio cognitivo nesses casos, portanto, está associado à doença de pequenos vasos cerebrais. Uma possível explicação para a aceleração observada apenas em mulheres sem controle glicêmico adequado são fatores hormonais. O estrógeno é um neuroprotetor conhecido, mas durante a menopausa ocorre uma redução desse hormônio nas mulheres, o que pode acarretar maior vulnerabilidade”, explica Soares.
A triagem virtual é uma técnica que emprega métodos computacionais para selecionar compostos com potencial atividade biológica em grandes bancos de dados. Neste estudo, os pesquisadores partiram de um banco contendo 8 milhões de compostos pré-filtrados para propriedades fármaco-similares, considerando fatores como absorção, distribuição, metabolismo, excreção e toxicidade. Em seguida, aplicaram filtros sequenciais baseados em diferentes abordagens metodológicas, para simplificar o processo.
“Uma vantagem desse método é que mesmo compostos que compartilham o mesmo formato podem apresentar estruturas diferentes. Como um dos nossos objetivos era selecionar compostos estrutural-
NOVOS INIBIDORES DE ENZIMA
DESENVOLVIMENTO DE NOVOS FÁRMACOS PARA TRATAR DOENÇAS COMO ATEROSCLEROSE E CÂNCER
mente diferentes dos inibidores já existentes, essa etapa foi fundamental para o sucesso de nossa abordagem”, explicou Viviani.
Os cientistas usaram o método de docking, que simula como os compostos se ligam no sítio ativo da enzima, e analisaram os resultados por inspeção visual. Após a triagem e os ensaios enzimáticos para avaliar sua atividade inibitória, dois inibidores foram identificados como os mais potentes e selecionados para otimização posterior.
Além disso, evidências apontam para uma possível associação entre a h15-LOX-2 e o desenvolvimento de determinados tipos de câncer. No câncer de próstata, por exemplo, a enzima parece suprimir a formação de tumores. “Estudos mostram que, em células saudáveis da próstata, a h15-LOX-2 é expressa em nível constitutivo, enquanto em células tumorais sua expressão é reduzida. Várias evidências apontam um papel de supressor tumoral dessa enzima,” afirmou Thais S. Iijima, estudante de mestrado e coprimeira autora do artigo.
“O que nos surpreendeu foi observar experimentalmente que esses dois compostos tiveram um mecanismo de inibição do tipo misto. Isso significa que, possivelmente, esses compostos, além de se ligarem à enzima livre, também poderiam se ligar ao complexo enzima-substrato”, afirmou Viviani.
Para realizar os ensaios enzimáticos em laboratório e validarem experimentalmente os resultados obtidos por triagem virtual, os pesquisadores expressaram e purificaram a enzima h15-LOX-2 em colaboração com o grupo do pesquisador Luis Netto, do Instituto de Biociências (IB) da USP e membro do Cepid Redoxoma.
PAPÉIS FISIOLÓGICOS E NO ADOECIMENTO
Os papéis fisiológicos específicos da h15-LOX-2 ainda estão sendo investigados. A enzima está envolvida na biossíntese de mediadores lipídicos inflamatórios e na formação de placas ateroscleróticas. Estudos indicam que a expressão da enzima é significativamente maior em lesões ateroscleróticas da artéria carótida humana em comparação com artérias saudáveis.
Além disso, a h15-LOX-2 e outras enzimas LOX podem estar envolvidas na ferroptose, uma forma de morte celular dependente de ferro associada à peroxidação lipídica. Nesse caso, a inibição da enzima poderia ser benéfica. A enzima também pode estar relacionada com a regulação da senescência celular em células epiteliais e desempenhar um papel na homeostase do colesterol em macrófagos, conforme descrito em estudos recentes.
“De uma forma geral, há poucos estudos sobre a h15-LOX-2. Os inibidores são importantes, porque com eles é possível manipular a atividade da enzima em células, o que ajudaria a entender melhor seu papel biológico,” afirmou Miyamoto.
Agora, os pesquisadores planejam propor alterações estruturais nos compostos identificados, para aumentar sua potência inibitória. Miyamoto enfatizou que mais testes são necessários. “Além de melhorar a eficiência, os inibidores precisam ser testados em células e modelos animais para confirmar que eles atingem a enzima-alvo e agem como pretendido.”
O artigo Identification of Novel Human 15-Lipoxygenase-2 (h15-LOX-2) Inhibitors Using a Virtual Screening Approach pode ser lido aqui. Saiba mais no site do Redoxoma.
POPULARIZADO NAS REDES SOCIAIS, PEELING DE FENOL APRESENTA RISCO AO CORAÇÃO E AOS RINS
Ofenol, agente cáustico aplicado à pele, proporciona uma lesão química controlada da epiderme e sua reepitelização — resultando em uma superfície mais lisa. O peeling usando a substância, popularizado como forma de rejuvenescimento facial, foi oficialmente proibido pela Anvisa em junho de 2024, após a morte de um jovem de 25 anos, em São Paulo, por complicações consequentes do procedimento realizado em uma clínica que não contava com a regulamentação necessária para oferecer o serviço. Ainda há muito desconhecimento acerca dos riscos da aplicação do produto. Enquanto não houver normas de segurança específicas, ele não será liberado para uso. O alerta é de Nathaly Ciaramicolo, odontologista graduada e mestre pela Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da USP, que desenvolveu uma pesquisa com o intuito de expor os efeitos adversos associados ao uso irresponsável do peeling de fenol já registrados na literatura.
como um tratamento inovador preocupou Nathaly, que trabalha com cirurgia e harmonização facial numa linha de naturalidade e de segurança. Juntamente com o professor Osny Ferreira, associado à FOB, e Gabriela Barbosa, residente em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial no Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), a pesquisadora decidiu buscar informações mais aprofundadas sobre o tema. “Entrei em contato com alguns profissionais famosos por realizar esses procedimentos, mas eles não me responderam para compartilhar a experiência”, comenta. “Então, nós fomos atrás de um histórico da utilização do fenol.”
O ácido carbólico (ou fenol) surgiu no período pós-Segunda Guerra Mundial e entre as complicações mais comuns do seu uso estão a despigmentação da pele, eritema, hiperpigmentação, infecção, milia (pequenos cistos cutâneos), cicatrizes, e ectrópio da pálpebra inferior (pálpebra voltada para fora e afastada do globo ocular). “Ele atua no processo de transformação das células que produzem melanina”, explica a pesquisadora. “Então, pode causar uma reação autoimune, na qual o nosso próprio corpo ataca essas células.”
“A proibição do produto já foi um grande avanço para que os comitês de ética possam aprovar nossas pesquisas”, afirma a pesquisadora. Com dados desde a segunda metade do século 20, o fenol já foi usado de diversas formas antes de se tornar um procedimento popular no cenário pós-pandemia. “Antigamente, cirurgiões plásticos que realizavam o tratamento com fenol faziam a dermabrasão [remoção controlada das camadas mais superficiais da pele] com uma lixa, e o peeling era aplicado por cima”, conta a pesquisadora. “Os resultados eram incomparáveis, mas entrou em desuso pelo potencial de causar um câncer de pele.” Recentemente, a divulgação do fenol nas mídias sociais
O primeiro registro de reações graves com risco de morte é dos anos 1960. Segundo Nathaly, o produto é altamente tóxico, principalmente para os rins, para o fígado e para o coração. “Ele também pode afetar os pulmões, pois forma um gás que é inalado pelo paciente durante a aplicação.” Foi necessário o desenvolvimento de um protocolo para aplicação: os profissionais que utilizavam-no deveriam aplicá-lo em uma área pequena e com grandes intervalos de tempo, pois cerca de 75% do produto é metabolizado nos primeiros 15 a 20 minutos. Níveis mais elevados de absorção de fenol podem causar problemas renais e cardíacos. Por essa razão, recomenda-se que o procedimento seja acompanhado de monitoramento cardíaco e infusão intravenosa para forçar a diurese. Ele é contraindicado para usuários de medicações anti-hipertensivas e antidepressivas, que potencializam o efeito cardiotóxico, com possíveis danos ao coração.
com 40 crianças revelou que essa substância altera geneticamente as células da polpa do dente, e seu uso em crianças foi banido. “Foi comprovado que causa rupturas nos cromossomos celulares, então não podemos descartar que cause uma lesão cancerígena”, aponta. Entretanto, a questão da carcinogênese do peeling de fenol não foi avaliada, e, para Nathaly, deve ser um foco de pesquisas futuras.
Para a pesquisadora, o Brasil sofre com uma regulamentação falha em todo o ramo da estética, principalmente na questão da preparação de profissionais. “Para fazer um procedimento, nós precisamos ter competência não somente para fazê-lo, mas também para lidar com as intercorrências”, opina. “Se o profissional não tem a estrutura adequada no seu consultório, ou capacitação como cirurgião para realizar uma medida de urgência, isso é muito sério.” Apesar da proibição, o óleo de cróton, um dos componentes da fórmula mais conhecida do peeling de fenol, continua sendo utilizado. Irregularidades na dosagem e na composição da fórmula podem representar graves riscos à segurança dos pacientes. “Muitos profissionais vendem os seus produtos prontos, se você fizer o curso deles; então [a estética] se torna um mercado: não é feito mais ciência, é feito comércio.”
A odontologista explica que, no passado, o formocresol, um derivado do fenol, era utilizado no tratamento de canal dentário. Porém, uma pesquisa de 2012 feita por odontopediatras
Em sua tese de doutorado, a pesquisadora avaliou se o mundo virtual tem relação com o aumento da busca pelos procedimentos estéticos. “Utilizamos as ferramentas do Google Trends para analisar essas tendências, e verificamos que, a partir de 2012, com o lançamento do Instagram, a busca pelos procedimentos cresceu muito”, explica. “Ocorrem picos de acordo com notícias que saem nas mídias — algum artista famoso que fez um procedimento, ou o lançamento de algum produto.” Perante esse cenário, a principal urgência é a conscientização do profissional de saúde, para evitar a propagação de informações enviesadas. “Os profissionais de saúde têm um juramento, um comprometimento com a ética”, lembra. “Atualmente, os alunos já começam a fazer marketing em rede social na graduação, sem o preparo e a experiência que vêm com o tempo.”
CASOS RESPIRATÓRIOS GRAVES SEGUEM EM ALTA APÓS VOLTA ÀS AULAS
Os casos de Síndrome Respiratória
Aguda Grave - SRAG - entre crianças e adolescentes de até 14 anos permanecem em alta após a volta às aulas no Distrito Federal e em cinco estados: Goiás, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe.
É o que aponta a última edição do Boletim Infogripe, divulgado no final do mês de fevereiro, no Rio de Janeiro, pela Fiocruz. O termo SRAG designa os casos de síndrome gripal que evoluem com comprometimento da função respiratória, geralmente exigindo hospitalização.
“As crianças passam mais tempo em ambientes fechados e em maior contato, favorecendo a transmissão dos vírus respiratórios”, explica a pesquisadora Tatiana Portella. O boletim acende também um alerta para as infecções por vírus sincicial respiratório - VSR - no Distrito Federal e em Goiás, o que tem provocado aumento de casos de SRAG entre bebês de até 2 anos.
Geralmente, o VSR circula mais durante o inverno, mas somente este ano foram registrados mais de 460 casos de SRAG motivados pelo vírus em todo o país, com 16 mortes.
COVID-19
No entanto, a covid-19 continua sendo a infecção viral mais letal: as mortes por SRAG este ano passam de 1 mil e mais de 81% dos óbitos com diagnóstico confirmado de algum vírus foram causados por covid-19. A maioria das vítimas eram idosos.
Em quatro estados, a pesquisa observou aumento de casos com sinais característicos de covid-19: Mato Grosso, Roraima, Sergipe e Tocantins. Neste último, chama a atenção a quantidade de ocorrências entre jovens e adultos.
Além disso, sete unidades federativas apresentam níveis de alerta ou risco nas tendências de curto e longo prazo, independentemente da causa: Amazonas, Distrito Federal, Goiás, Rondônia, Roraima, Sergipe e Tocantins.