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LITTERA - Conto do amor perdido do POETA ALISON SILVA

Conto do amor perdido

Um jovem rapaz, apaixonado, procurava seu amor, olhava e olhava como olhava para as flores do jardim da sua casa. Dentre as flores mais belas, queria a garota que mais brilhasse. Vivia a suspirar a imaginar como seria viver seu primeiro amor, e sonhava que aquele tivesse que ser o único. Certo dia, ao acordar e abrir a janela do seu quarto, avistou uma família que estava se mudando para sua rua, foi quando seu rosto enrubesceu, por ver a menina dos seus sonhos, que acabava de se tornar sua vizinha. Ela era linda, morena dos olhos pretos, de um sorriso inebriante. Logo se levantou, não quis nem saber do café da manhã. Foi logo cuidar do jardim da sua casa. Passou a manhã toda lá, esperando vê-la, mas ela entrou na sua casa e não saiu mais. O coração do jovem rapaz ficou pálido, seu sorriso sem verdade, e seu olhar sem cor. Passado algum tempo, estava cuidando do seu jardim, e nem havia percebido que a menina estava no seu portão, quando o cumprimentou. O coração do rapaz quase saiu pela boca, e a sua voz quase se escondeu no recôndito dentro de si. Ela lhe pediu uma informação, falou o nome dela, e perguntou o dele. Quase sem ar, deu a informação e falou seu nome. Aquilo parecia um sonho, o rapaz voltou a brilhar, e a sonhar com a garota de olhos negros. Passado algum tempo, o rapaz, apaixonado, quis cortejá-la, tomou a iniciativa e falou com ela.

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— Oi, queria saber se qualquer dia desses, poderíamos tomar um sorvete? Ela pareceu um pouco surpresa, abriu um sorriso e respondeu:

— Podemos sim, só acontece que aquele rapaz que mora na esquina também convidou para tomarmos sorvete. Olhou para o rapaz da esquina, olhou para ela, seu semblante murchou, ela sorridente lhe disse: — Faremos assim, proponho aos dois que, aquele que for o mais romântico, me leva para tomar sorvete no sábado.

O rapaz, mal pôde acreditar. Foi correndo pro seu quarto, ligou seu computador, entrou no site de pesquisas, e pesquisou “Como ser romântico?”. Logo apareceram vários artigos sobre o romantismo durante os séculos, mas se interessou por algo mais recente do seu tempo, as cartas de amor, que já não existiam mais, pensou o quão original e romântico seria. Então logo começou a escrever sua carta de amor, uma carta cheia de sentimentos vivos, ali colocou seu próprio coração, passou seu perfume na carta, comprou uma caixa de bombom, cortou a rosa mais bela do seu Jardim. No dia seguinte, o rapaz, que mal dormiu, muito cedo abriu a sua janela, se aprumou e se pôs a esperá-la. Em sua mente, o rapaz cantava canções, tão belas quanto as dos pássaros. Quando chegou ao lugar combinado, a garota ainda não havia chegado, mas logo ela apareceu tão bela e tão feliz. Lhe disse:

— Trouxe para você...

— Uma carta? Uma rosa e uma caixa de bombom? Carta de amor não existe mais, não sou velha para ganhar flores, e não quero engordar comendo uma caixa de bombom. Ela mostrou o lindo anel que ganhara do vizinho do rapaz, e foi embora. Jogou tudo ao chão e correu para sua cama. E assim, viveu sua primeira tragédia de amor. Com o coração dolorido, pôs-se a chorar, e achou que o amor não era tão bom assim. Mal sabia que ainda não havia conhecido o verdadeiro sentido do amor romântico. Este foi o conto do amor perdido.

Alison Silva:

Contista, Cronista e Poeta

São versos proibidos aos olhos, ardem como uma chama que não se apaga. É do olhar, prestes a partir. Da surpresa do adeus. Da última palavra, é tentar explicar o porquê de existir, existirem os sentimentos, os olhares que se prendem Como se pudéssemos viver, o amor. Mas não é verdade, alguns amores não existiram pra serem vividos. E como desejar uma rosa, a mais linda do mundo, e não poder tocá-la. Alguns olhares se cruzam, e grudam na memória e no coração, sem respostas, fazem o coração bater mais forte, sem ter motivo?

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