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LITTERA - CINCO MULHERES PERGUNTAM PARA A ESCRITORA HOLANDESA ERICA VAN DOOREN

LITTERA - CINCO MULHERES PERGUNTAM PARA A ESCRITORA HOLANDESA ERICA VAN DOOREN

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Vera Lúcia Figueiredo:

Estamos vivendo hoje uma revolução no que diz respeito às formas de publicar literatura. Temos as editoras independentes, as plataformas de auto publicação, as redes sociais, blogs, canais do Youtube... como você vê esse novo contexto? O que traz de ganhos ( e/ou talvez perdas) para a literatura? Qual sua experiência nesse universo?

Acho que enfatizar as mídias sociais nem sempre é um enriquecimento da literatura. A própria escrita pode ser esquecida. Ainda assim, estou fazendo isso. Aproveito a oportunidade de ser administrador de um fórum de redação no Facebook. Isso me deu mais conexões e, como resultado, minhas histórias e colunas em minha página de perfil são lidas mais. Como resultado, recebi agora uma designação paga para uma revista. Devido aos muitos "escritores corona", é difícil encontrar um editor na Holanda. Eles estão sobrecarregados de manuscritos. E às vezes até impedem de enviá-los. O futuro mostrará qual será a relação ganho-perda.

Esther Rosado:

Diante de tantas definições para a literatura do nosso tempo, com seus vieses e meandros, pode se acreditar que, neste instante, no Brasil, existe de verdade o que poderíamos denominar de literatura do feminino?

Só posso falar pela Holanda. Acho que não há distinção. A pesquisa mostrou que os leitores do sexo masculino leem mais livros de autores do sexo masculino do que de autoras do sexo feminino. Para as mulheres, geralmente não importa o gênero do escritor.

Cecília Regina de Abreu Dellape:

No processo de criação da sua escrita, você considera a total liberdade de expressão, usando uma linguagem que atinja a todas classes sociais ou prefere usar uma linguagem dita "formal”?

Não estou conscientemente envolvido nisso e escrevo com minha própria voz. Com minhas letras acho que alcanço todas as classes sociais. Alguns textos literários se prestam a uma formulação formal. Isso depende do contexto.

Thaís de Godoy Morais:

A criatividade, a inovação, ao longo da história da literatura, ora foi pouco valorizada, devido à obediência servil de autores a modelos canônicos, ora foi a qualidade máxima desejada por escritores e pela crítica literária. Diante da constatação de que tudo já foi dito e tudo já foi escrito, ou seja, diante da visão de que a criatividade está em franca decadência, e chegou a um esgotamento, como podemos criar, inovar, dando frescor a arte da escrita?

Colorindo fora das linhas. Não se apegar demais às regras e às crí cas de pessoas que se atribuem o papel de crí cos consagrados. Os tempos mudam e a escrita também. Enfrente a língua com os olhos abertos.

Camila Navarro Motta:

Com um mundo tão caótico com toda a Pandemia e o Novo Normal que se aproxima, qual é o papel da Literatura e dos Escritores nesse cenário?

Tão grande quanto antes da pandemia. Haverá tantas opiniões e tantas pessoas que podem ou não concordar com a opinião do escritor.

Erica van Dooren colaboradora da REVISTA: Straatnieuws Utrecht. h ps://straatnieuwsutrecht.nl/straatnieuws-1- 2022/voor-hetvoetlicht/? clid=IwAR0arhoSHuQHvRuaw8nzEYYyS ncF4AO7RaLtKp2bwIzY-vU9B2DIC6nb4CU

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