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Cor nos fungos Revista Pesquisa FAPESP

(http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=4421&b d=1&pg=1&lg) Maio de 2011 Victoria Costa Palhas, 2ºB

A favor do consumidor Ainda neste mês de maio, foi divulgada pela revista Pesquisa FAPESP (Edição Impressa 183), uma reportagem sobre os resultados de uma pesquisa iniciada em 2004 realizada na Universidade de São Paulo (USP). A reportagem diz respeito à pesquisa coordenada pela professora Carmen Cecília Tadini do Laboratório de Engenharia de Alimentos do Departamento de Engenharia Química da Escola Politécnica da USP e mostra os avanços na criação de um filme sensível que avisa ao consumidor a deterioração dos alimentos.

Alimentos deteriorados


O filme em questão é uma película de plástico biodegradável feita a partir do amido da mandioca. Com esta película podem ser feitos dois tipos de embalagem: a ativa e a inteligente. A ativa é capaz de inibir o crescimento dos fungos, enquanto a inteligente muda de cor quando o alimento começa a estragar. São estudados três modelos de filme, caracterizados por suas composições – sendo que todos possuem glicerol (substância de baixo custo, subproduto da produção do biodiesel popularmente chamada de glicerina). A película antimicrobiana é um exemplo da embalagem ativa: impede a proliferação dos fungos por até sete dias. Em sua composição estão óleos essenciais de cravo e de canela (princípios ativos) e nanopartículas de argila (que oferecem maior resistência ao filme). Para a criação deste material foram enfrentados alguns desafios, tal como a dosagem dos óleos: caso fosse alta, o cheiro das especiarias passaria para o alimento; se fosse baixa, poderia não ser suficiente e perderia sua eficácia.

Filme rosa possui extrato de uva na composição e o transparente, canela.

A solução para este obstáculo foi apresentada pela doutoranda Ana Cristina de Souza. Ela propôs que fosse utilizada a técnica na qual o gás carbônico (CO2) é usado em estado supercrítico para incorporar os óleos essenciais aos polímeros. O estado supercrítico é explicado como o estado da substância acima de seu ponto crítico, ou seja, quando se chega a uma determinada pressão e o


equilíbrio líquido-vapor deixa de existir. Neste estado a substância tem aplicações em processos de extração e separação química.

O segundo plástico estudado também possui nanopartículas de argila dentre seus componentes. Além de possuir um extrato rico em antocianinas (natural de frutas roxas ou arroxeadas com capacidade de mudar de cor através da mudança do pH). Esta é a embalagem ressaltada no nome da reportagem, ela seria vendida junto a uma paleta de cores para indicar ao consumidor se o produto está bom ou não.

Frutas roxas / arroxeadas.


O terceiro tipo de plástico mencionado é utilizado para melhorar a eficiência dos enxertos venosos nas cirurgias de revascularização miocárdica (ponte de safena). Neste modelo, as nanopartículas de argila não fazem parte dos componentes, pois não podem ser facilmente absorvidas pelo organismo por não oferecerem a compatibilidade necessária para isso. Como substitutos são usados polissacarídeos extraídos da celulose. Assim há uma resistência inicial no enxerto e quando o organismo já não precisa, o material é absorvido.

Esquemas ponte de safena

Levando em consideração que a película antimicrobiana é a mais avançada, que já pode ser produzida em escala industrial e que outros países já desenvolvem pesquisas neste ramo, pode-se pensar num futuro promissor para as empresas produtoras de bioplásticos. A previsão é que a produção de bioplásticos será de 2,33 milhões de toneladas em 2013 e 3,45 milhões de toneladas em 2020 (de acordo com um estudo da European Bioplastics). Os plásticos biodegradáveis representam um campo que está em desenvolvimento no mundo. Países como Japão, EUA, Holanda e Brasil já produzem esta película. Ela pode ter origem de diversas fontes, como mandioca, milho, batata, soja e celulose.


No Brasil a mandioca foi escolhida, por ser tubérculo originário da Amazônia. Mas, o bioplástico está sendo produzido em escala piloto a partir do açúcar da cana no país.

Mandioca

Embalagem inteligente para uvas que muda de cor se elas estragarem.

A evolução da integração das nanopartículas de argila aos plásticos contou com o trabalho da doutoranda Otilia de Carvalho, que fez um estágio na Universidade de Estrasburgo, na França. “O meu principal objetivo durante o estágio foi elaborar um filme à base de amido, nanocomposto com argila e plastificado com glicerol”, conta. “Como há baixa compatibilidade entre o amido e a argila nativa, testei duas modificações e obtive materiais bem mais homogêneos”. (Retirado de Cor nos fungos, Revista FAPESP). As informações expostas levaram a discussão de aspectos como o custo das embalagens, a forma como seriam comercializadas e os alimentos que seriam colocados no filme. A película que muda de cor está sendo mais bem estudada pra ser produzida em grande escala, porém não há expectativa de preço oficialmente. Entretanto, pode-se ter uma ideia de que será um produto acessível devido ao fato de ter componentes de baixo custo. Também é possível prever soluções para os outros aspectos questionados. Alguns alimentos que já são vendidos embalados poderiam vir diretamente no bioplástico, assim o consumidor poderia até ser ajudado na


escolha do produto através da cor da embalagem. Já nos alimentos que são escolhidos a mão pelo consumidor, imagina-se a opção de que os bioplásticos seriam vendidos separadamente para serem utilizados em casa. Tendo em vista as considerações acima, nota-se que a película é uma tecnologia desenvolvida especialmente para alimentos sólidos. Mas que num futuro pode ser aprimorada para líquidos, principalmente quando se fala do leite. (Esta é uma questão que não foi considerada até o momento pelos pesquisadores).

Referências Bibliográficas: SILVEIRA, Evanildo da. Cor nos fungos; Revista FAPESP, São Paulo, maio de 2011. Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=4421&bd=1&pg=1&lg=>

Imagens


<http://www.google.com.br/imghp?hl=pt-BR&ie=UTF-8&tab=wi>


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