Edicao40

Page 13

AGOSTO 2017

tar apenas o dedo ao que está errado mas que tenha uma postura proactiva e de mudança. Um bom Português: Não sei o que implica o conceito de ‘bom’, portanto, respondo apenas a ‘Um português’: José Saramago, uma das personalidades de referência do nosso país. A visão crua e autêntica que tem do mundo fascina-me. Acho-o um pensador brilhante e aprecio a coragem que sempre teve para dizer exactamente o que pensava por mais que isso pudesse ferir susceptibilidades. Uma data: Uma memória: “Giselle”! Um bailado coreografado por Akram Khan para a companhia de Ballet Nacional Inglês com orquestra ao vivo. Um dos espectáculos mais intensos e, visualmente interessantes que já vi, em que o clássico se funde com o contemporâneo. Senti-me uma privilegiada! Exerce alguma profissão de momento? Neste momento, encontro-me a desempenhar funções professora de artes numa escola Montessori ao mesmo tempo que desenvolvo o meu trabalho artístico e criativo. Balanço profissional até ao presente. Fui docente a tempo inteiro durante cerca de sete anos, é um trabalho gratificante mas que exige muito tempo e dedicação. O que sou hoje enquanto professora e artista devo-o muito a esse período da minha vida. Contudo, viver em Londres permitiu-me conciliar as duas áreas que mais me apaixonam e que são essenciais para a minha realização pessoal e profissional. Que projetos tem para o futuro? Viver numa cidade com a dinâmica cultural que Londres tem, é extremamente estimulante, o que me leva a querer re-

13

tirar o máximo partido enquanto artista plástica e docente. A aprendizagem ao nível pessoal e profissional, foi imensa desde que cá cheguei e, por essa razão, quero continuar esse percurso. No entanto, mesmo sendo este o meu pouso actual, pretendo expor e colaborar com projectos artísticos e educativos tanto aqui como além fronteiras. Qual a sua relação visão de Portugal estando a viver fora? Tenho muito orgulho no meu país, na minha cultura e raízes. Sinto muita falta de Portugal e dos que mais amo, mas a cultura e as artes visuais em Portugal ainda são vistos como algo desnecessário e supérfluo. O Ministério da Educação vê o ensino das artes visuais como uma disciplina para entreter meninos, e que convém reduzir ao máximo o número de horas semanais. Mas como dizia aos meus alunos: “Olhem à vossa volta! Excepto o mundo natural, tudo o que os vossos olhos alcançam teve que um dia ser desenhado por artistas: a sala de aula, a cadeira onde estão sentados, os carros, a vossa roupa, TUDO! As artes estão tão presentes no nosso dia-a-dia que nem nos apercebemos do quanto nos fazem falta. O mundo sem todas as Artes seria um mundo sem música, sem objectos estéticos, sem livros, sem séries, sem cinema, etc. Isto não é supérfluo! Tive e tenho vergonha da fase em que Portugal não tinha Ministério da Cultura, penso que isso foi sinal de um estado de pobreza extrema, não financeira, mas de espírito. Admiro os que sobreviveram a esse período e que não desistem de transformar o nosso país num país que não aprecie (porque isso já o faz), mas que valorize a cultura e quem a produz (‘por amor à camisola’ na maioria das vezes).

Biblioteca Municipal de Barcelos

Hecoarte - Esposende

Human Nature – Notting Hill – Londres


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.