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Novo livro de Lino Moreira da Silva
from OsmusikéCadernos 2
by osmusike
Álvaro Nunes
“As Imagens da Nossa Senhora da Penha (Guimarães). /Dicionário da Penha” é o mais recente livro do autor vimaranense e professor aposentado da Universidade do Minho, Lino Moreira da Silva, que já saiu do prelo e, brevemente, será lançado publicamente, assim a pandemia o permita. Com efeito, na continuidade dos seus trabalhos no âmbito da área etno-histórica e da História Local vimaranense, nomeadamente sobre as Festas Nicolinas e acerca de espaços emblemáticos e instituições vimaranenses, Lino Moreira da Silva empreende, agora, nova caminhada na íngreme tarefa de publicar em Guimarães e sobe esforçadamente até à Penha, sem o apoio do teleférico, mostrando com o rigor de um binóculo os seus deslumbrantes horizontes.
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Efetivamente, “As Imagens da Nossa Senhora da Penha/Dicionário da Penha”, eleva-se altaneiramente como uma visão arejada e de belas extensões verdejantes sobre esta maravilhosa estância turística, religiosa, recreativa e cultural, que se chama Penha e incentiva-nos a (re)descobri-la na sua natureza intrínseca, ao longo das suas cerca de 700 páginas (e muitos hectares), paulatinamente criados nas suas três fases de crescimento : a infância e a criação inicial, depois de 1702; o período de passagem de pinto para galo, com a entrada em funções da Primeira Comissão de Melhoramentos, em 1869; e a época adulta, após a inauguração do Santuário Mariano da Penha, em 1947, de autoria do famoso arquiteto portuense José Marques da Silva (1869-1947), que, em Guimarães, assinou também obras como o edifício da Sociedade Martins Sarmento e a basílica de S. Torcato. Todavia, no caso concreto deste livro, abordam-se fundamentalmente diversificados olhares sobre a Penha, não só da sua arqueologia e história, mas também das suas águas e milagres, bem como nas vertentes da devoção e religiosidade e das romarias e peregrinações; ou ainda, em situações da sua natureza e funções lúdico-turísticas e lendas e mitos. São exemplo, as lendas encantadas e mouriscas ou dos seus penedos e águas, assim como as lendas da pastora Catarina ou de Santo Elias, que é venerado na Penha como o padroeiro do sono. Concomitantemente, a obra oferta-nos ainda relevantes informações alusivas às imagens de Nossa Senhora do Carmo da Penha, reportadas às invocações marianas, às romarias informais e à Romaria Anual, bem como às peregrinações à Penha desde 8 de setembro de 1893, levada a cabo pela “divertida estúrdia dos artistas de couros de Guimarães”. Ademais, como cereja em cima de um bolo de um saboroso piquenique, lá bem no alto da montanha, a obra coloca ainda em cima da mesa granítica, em toalhas de papel, um oportuno e útil “Dicionário da
Penha”, cujas entradas, “prontas a servir”, apresentam tópicos correspondentes às realidades mais relevantes da estância turística e religiosa vimaranense. E para sobremesa, para que não falte nada, um anexo acompanha e remata a obra, contendo citações sobre a Penha, extraídas de vários Pregões Nicolinos. O Pregão de 1936, de Delfim Guimarães, recitado por Hélder Rocha, é um exemplo bem elucidativo:
“Quisera erguer-te um hino, ó Penha majestosa, De joelhos em terra e mãos postas em cruz, Como aquela Oração fremente, harmoniosa, Que à alma nos cantou a boca de Jesus! Um hino que ecoasse em tuas vastas fraldas, Teus picos de granito, em tua imensidade, O monte da paixão do grande Bráulio Caldas, O monte onde murmura a Fonte da Saudade!
Quisera eu erguer-te um livro, ó Penha amiga, Penha farta de cor, de sol e de arvoredos. Mas que pode dizer-te um verme, uma formiga, Que rasteja em teu dorso ereto de penedos!
Ó Penha encantada, as tuas vistas são Quanto o céu é azul e nada tem de opaco: - ó suprema beleza e eterna perfeição! –Mais belas que as de Sintra, irmãs das do Buçaco!”.
Em súmula, uma obra que é um documento precioso sobre a “montanha santa” e “altar de Guimarães”, a que alguns chamam um “cantinho do céu” e outros denominam de “Sintra vimaranense” e que é o nosso orgulho! E acima de tudo, uma obra acerca deste “lugar encantador” e “monte adorado”, que é também a “varanda de Guimarães” e “catedral da natureza”, erguendo-se altivamente e sensualmente como o “farol de Guimarães” ou a “menina dos olhos dos Vimaranenses”. Um livro para ler e guardar nas estantes para os nossos vindouros.