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Obrigado Francisca
from OsmusikéCadernos 2
by osmusike
Jorge Cristino – CAR jorgecristino@gmail.com
Celebrar Abril em 2021, em plena pandemia, é recordar Francisca Abreu e honrar o seu legado na cultura vimaranense. A par de muitos outros momentos que se antecederam e outros que irão suceder, nunca será demais lembrar e reconhecer a incontornável influência e ação da inesquecível Francisca Abreu. O percurso, a ideologia, a atuação e a mensagem que deixou nas nossas memórias e nos nossos corações remete sempre, direta ou indiretamente, para a Liberdade. Para a liberdade de ser, pensar, escrever, falar, agir, decidir, sonhar e até de amar. Abril é Mulher. Abril é igualdade. Abril é Mãe, Filha, Avó, Professora e Política. Abril é também Francisca, interventiva e inconformada.
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Lembrar Francisca Abreu é recordar os momentos altos vividos por Guimarães, antes da pandemia, em plena liberdade. Exemplo disso, foram os milhares de eventos da Capital Europeia da Cultura, em 2012 (inverso de 2021), que nos permitiram encher praças, salas, casas e ruas, com a alegria e o orgulho imenso de ver o nome de Guimarães espalhado pelos quatro cantos do Mundo. Destes vários momentos, escolhi a imagem da abertura da CEC2012, no Toural, a 21 de janeiro, com a performance extraordinária dos catalães La Fura dels Baus, na qual sobressai a imagem do cavalo e um sol projetado.

Convido-vos a parar 10 segundos e a olhar para esta foto, tendo presente a pandemia que vivemos hoje e na memória uma das pessoas que esteve por detrás deste momento de reconhecido mérito para Guimarães e para todos os vimaranenses: Francisca Abreu. O que vos parece? O que é que, subtraindo nesta equação, seria diferente? A escolha propositada desta imagem remete-nos para um tempo em que podíamos juntar-nos, con-
centrar-nos e respirar sem máscaras. Enfim, sem clausuras. Tempos em que vivíamos cultura sem cessar, onde nos alimentávamos com experiências e vivências, que absorvíamos incessantemente. Tempos em que os nossos sentidos eram estimulados e as nossas emoções desafiadas ao limite. O cavalo na imagem, também ele propositado, é símbolo universal da Liberdade. A liberdade de viver e de correr. Para os Celtas representa o Sol, portanto, uma estrela. Na cultura chinesa simboliza coragem, integridade, diligência, fidelidade, inteligência e espiritualidade. Já na Grécia antiga o primeiro cavalo representado foi Pégaso, simbolizando o lado instintivo do ser humano. Nada é obra do acaso. É por isso que ao ver esta simples imagem, ao relembrar tudo o que ela traduz, ao saber o que foi feito até ali chegar, fico emocionado e invade-me um sentimento de gratidão eterna pela Mulher que, em nome de Guimarães, da cultura vimaranense e do associativismo cultural se debateu, durante anos, para que todos crescêssemos, evoluíssemos e fossemos reconhecidos através da cultura e da liberdade. À Francisca Abreu deixo um grande Obrigado por este enorme legado, que jamais será despido das nossas peles e extraído das nossas raízes, e por ajudar a que Abril continue a florir.