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Liberdade… ou… a falta dela
from OsmusikéCadernos 2
by osmusike
Isabel Fernandes21 Imf.isabel@gmail.com
A muitos de nós, a Covid-19 não nos entrou no corpo, felizmente! Mas quotidianamente destrói-nos o coração e corrói-nos de saudades… Na nossa família temos uma tia viúva, sem filhos, com mais de noventa anos, que sofreu um acidente vascular cerebral e teve de deixar a sua casa, onde vivia sozinha, e passar a viver numa unidade de cuidados continuados, onde não a conseguimos visitar. É tão difícil tentar explicar a uma pessoa de 93 anos que não a podemos visitar porque a maldita pandemia nos tolhe os passos…. Há momentos em que a lucidez a abandona, em que tem dificuldade em lembrar-se do que sucedeu, e pergunta, e volta a perguntar, porque a abandonámos…. É terrível a sua impotência e a nossa impotência face à vontade que ela tem, e nós temos, de nos podermos abraçar… O confinamento não é a nós que afeta, – apesar de também não podermos abraçar os filhos e netos tanto como desejamos –, o confinamento está a matar devagarinho os mais idosos com as saudades e a ausência de afetos… Maldita pandemia! Pediram-me um texto sobre a Liberdade e eu fiz um… sobre a falta dela… Nestes dois últimos anos temos estado tão privados de liberdade! Privados de liberdade estão todos aqueles que, por motivos de saúde, deram entrada nos hospitais e lá permanecem sem poder receber visitas. Privados de liberdade estão todos aqueles que, residindo em lares, estão há largos meses sem poder receber a seu gosto a visita de familiares e sem possibilidade de saírem da sua residência sénior para um passeio, para umas compras ou para almoçar fora. Privados de liberdade estão os comerciantes, isolados em casa, sem poderem abrir as suas lojas e exercer a sua vida profissional.
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21 foto de Margarida Araújo, 2018.09.29.
Privados de liberdade estão os estudantes sem aulas e sem o convívio, tão necessário, com os professores e os colegas; privadas de liberdade estão as famílias afastadas dos seus entes queridos que trabalham no estrangeiro, proibidos que estamos de sair ou proibidos que eles estão de entrar… Não temos sequer a liberdade de beijar quem queremos, de abraçar muito, de sorrir a nosso contento (tapado que temos o rosto com a máscara). Mas uma certeza temos: esta falta de liberdade não durará para sempre. Esta privação de liberdade irá sendo gradualmente conquistada, na medida em que formos vencendo a Pandemia. Que chegue rápido a liberdade que nos retiraram. Que chegue muito rápido! Acho que este meu desejo é o desejo de todos vós.