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Meias tintas e uma aguarela

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Obrigado Francisca

Obrigado Francisca

Albino Baptista baptistagv10@gmail.com

Os quatro nomes, que assinam o Texto/ Convite para este OsmusikéCadernos 2, são do meu conhecimento e trato, desde 1982. Permanecem. São eles, essencialmente, em nome de uma Cidade, que muito aprecio, que muito vivi e vivo, cada um como cada um, ainda que as idades, cronologicamente, vão avançando, parecendo os Jovens, que não abundam nestas coisas, mas que devem ser incentivados a tal, não como meros assessores, mas como arietes, como partícipes destas atitudes Culturais, para que na mistura dos corações se chegue à conclusão que aquele órgão está sempre do mesmo lado e tem sempre a mesma cor… Optei pelo primeiro Tema indicado – “ Abril e liberdade” –sobre o qual me vou debruçar, menos de meio corpo, não vá, com a impulsividade, derrubar-me, cair e lesar-me. Já possuo menos de 2000 palavras… Há que, como, habitualmente, acontece nos Trabalhos Universitários, procurar a síntese, ser comedido no espaço, que não no tempo sem tempo, para se conseguir atingir a meta a que nos propomos… em liberdade condicionada….

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“Abril e liberdade”. À minha maneira, prefiro Abril e Liberdade, que não existe. Mesmo neste Texto, um por ano (!), estou submisso e acorrentado às 2000 palavras, como no campo Terciário (leia-se Universitário), por via dos motivos que conheço há cinquenta anos… e me serão expostos, se alguém for complexado, que não amputado. Mas não sou dos que aceitam os hábitos sem dizer o que penso. Sem reagir, sem polémica se necessário for. Ainda existem velhos do restelo que, como há cinquenta anos, querendo ser simpáticos, repudiam a polémica, a discussão, a perversão e preferem o mediatismo ovil de sermos uma família, passivos, coagidos para levar a água ao nosso cantinho…. “Há tanta maneira de matar pulgas”… Só conheço uma : esmagando o toutiço. Fazendo-as desaparecer de raiz e não paulatinamente. Como o enfiar do fio no buraco da agulha… Lembram-se? Conjugar Abril com Liberdade é excelente. Indubitavelmente. Irrecusavelmente e, por isso, após muitos minutos de hesitação, estar, aqui, numa opinião textual, mais uma vez. Mas também é necessário repensar essa Unidade, que, no próximo mês, ABRIL, perfará apenas 47 anos! Sendo salutar e generoso e atrativo RELEMBRAR ABRIL, quase sempre apenas pelo 25 de ABRIL de 1974, é quase como apenas falar no

NATAL melancólico uma vez por ano. Próximo do mês de dezembro. Reduzi-lo à fórmula única e exclusiva, esquecendo a inclusiva.

“Construir o castelo pelo telhado” … A eterna necessidade de reestruturar o interior, as emoções, as sensibilidades à deriva, o desarmar das dualidades, o in e o ex, o mundo interior e o chamado “real word”: desejos, deveres, medos, condicionantes. Há necessidade de estudar e conseguir o equilíbrio. Se quisermos ser mais concludentes e acintosos, lembremo-nos da teoria do copo meio cheio ou meio vazio… Nada que o mundo intelectual não saiba! Às vezes, apenas há esquecimentos, que são letais. Recordar ABRIL, porque é ABRIL, receando, quiçá, falar em 25 de ABRIL de 1974, ou seja, retirar a máscara, se quiserem a capa, porque de máscaras, se calhar, a maioria está farta, é uma falha leviana e inquinada, como se ABRIL seja apenas um chip. Vamos chamar às coisas pelos seus nomes. Fernando Tordo, na década de 70, no Festival da Canção, não falando em milhentos outros, chamava a atenção do POVO PORTUGUÊS para esse fator imprescindível. Isto é mesmo uma chama que arde e se vê. E faz ver, se o bom senso se fizer imperar. Por isso, só um cego não vê, por impossibilidade física. Falar em ABRIL é meditar cinquenta anos, é não esquecer o que, de todo em todo, quiseram, mandaram, coagiram, ostracizando, à média luz do regime fascista, as farpas, os atropelos, as balas, as perseguições, as detenções ilegais, as cargas policiais, as invasões dos lares a qualquer hora, a censura à cultura, transversal e longitudinal, a montante e a jusante, os estertores fedorentos banhados (também) num burguesia esfarrapada, rota, desequilibrada, que atirava as pedras e escondia as mãos peçonhentas, mantida pelo pé descalço, pela plebe , pelo HOMEM escravizado. Há necessidade de repensar ABRIL. De ameaças a ele, das acusações atordoadas, apregoadas aos quatro ventos, com o ónus de culpa por tudo o que está mal, constatou-se que a intenção é, há muito, reconvertê-lo em nada. Fazê-lo esquecer e, com ele, a DEMOCRACIA. Sim, porque falar em ABRIL é, automaticamente, falar em DEMOCRACIA. Mas, se toda a gente é democrata, porque falar dele e dela? Há quem defenda uma não necessidade, mas, sim, acautelarmo-nos com o cêntimo! Ah! O cêntimo é que está na berra. A banca assanhada como porca espinho, investe, ao momento, nas comissões desenfreadas e dá-lhes nomes estapafúrdios: manutenção conta pacote, comissão disponibilização cartão crédito, comissão de tramitação manual und so weiter. A banca mal parada, mal urdida, mal parida, está em meio bicos de pé, intermitente, parecendo que oferece tanto aos incautos clientes, quando, na realidade, o que pretende é retirar, subtrair para somar, dividir para voltar a reinar mais e mais. ABRIL, LIBERDADE e DEMOCRACIA. Uma tríada una, indivisível. Sem ABRIL, nunca haveria

DEMOCRACIA e, sem as duas, não haveria LIBERDADE. A Revolução dos Cravos de 25 de ABRIL de 1974, desfez o fascismo e instaurou a DEMOCRACIA. Mas aquele vírus, como todos, deixou sequelas, que se refugiaram nos boeiros como ratazanas, à espera de melhores dias… tal como os ensinaram. E, às escondidas, foram votando ou não foram. Ano após ano, as vozes sonolentas foram-se alterando, alteando, quase roncando, misturando-se com outras de bom senso, aproveitando as manif’s para destilar a vil bílis e azia acumuladas, ao longo de décadas. A tecnologia ajudou-os. Tomando como empa a LIBERDADE, faz jeito, às vezes, aproveitam os facebook, as célebres redes sociais, para purgar o ódio e a ferocidade, para “desabafar” os maus fígados e as bonomias desaparecidas, enegrecendo e aproveitando a oportunidade para se fazerem notar e “notabilizar”, tendo como objetivo a vingança e o ajuste de contas. Ainda por cima e ainda por baixo. Há necessidade de repensar ABRIL. Estas oportunidades de Cultura, como esta, em que dos quatro nomes responsáveis, a idade mais nova são os quase sessenta anos, indiciam a necessidade de reforçar, remoçar este QUERIDO ABRIL, esta AMADA DEMOCRACIA. Urge a injeção de sangue novo! Na data e, em que escrevo este Texto por convite, 16 de Março, estaria o início da Revolução se o golpe das Caldas da Rainha não tivesse fracassado. E se os mentores tivessem parado? Se encolhessem os ombros à tortura constante, sanguínea, injusta, ingrata que a pide e seus testas de ferro, o ditador salazar e seu seguidor marcelo, impunham ao segundo e ao minuto? ABRIL e a LIBERDADE dele emanada terão de ser cultivadas, sequencialmente e consecutivamente, ativa e dinamicamente no sentido de estancar tantos ataques energúmenos, vindos de todas as direções. Relembrar já não basta! É muito pouco, porque dá a impressão (má e maquiavélica) que já não existe. Os erros do Homem, nestes quase 47 anos, não devem cimentar o denegrir e o acusar, mas, pelo contrário, fazer acelerar o processo democrático para que os Direitos e valores conseguidos por ele, 25 de ABRIL de 1974, não esmoreçam ou sejam escamoteados, mas continuem de pé, prenhes de Igualdade, Justiça e Fraternidade. Aproveitando a oportunidade e porque se trata de uma cidade, onde muito me movimentei, durante anos e ainda círculo até não ser proibido, para abraçar nomes de ABRIL, que muito prezo, tais como, entre muitos, Santos Simões, Alberto Martins, Casimiro Ribeiro, Eduardo Ribeiro

“Guimarães, Daqui Houve Resistência”. Acrescentaria: HAVERÁ!

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