Jornal O Ponto - setembro de 2009

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06 • Cidade

Edito: Elisa Heringer 6ºG e diagramador da página: Raoni Jardim 8ºG

Belo Horizonte, 27 de setembro de 2010

O Ponto

LEI MARIA DA PENHA:

entre

TAPAS e BEIJOS A Lei nº 11.340 comemora quatro anos de nascimento. Mas, nem tudo são flores. Apesar de conhecida, muitas mulheres, mesmo denunciando ainda se sentem desprotegidas e assustadas com a violência

BHIANCA FIDELIS E MARIA CLARA EVANGELISTA ELISA HERINGER 2º E 6º PERÍODOS

“Qual de vocês que é casado que nunca brigou com a mulher? Que não discutiu, que até não saiu na mão com a mulher, né cara? Não tem jeito. Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”. Esse foi o argumento usado por Bruno, ex-goleiro do Flamengo, ao tentar justificar a discussão do centroavante e colega de time, Adriano (o imperador), e sua ex-namorada Joana Machado, em março de 2010. Alguns meses depois, Bruno passa de comentarista a protagonista de mais um caso de violência contra a mulher nas páginas policiais. Ele está preso e, atualmente, é o principal acusado da suposta morte de Eliza Samudio, ex-namorada do goleiro e que cobrava que o mesmo assumisse a paternidade de seu filho. O escândalo envolvendo a celebridade do mundo esportivo vem à tona no mesmo momento em que a Lei Maria da Penha completa quatro anos. O crime, de certa forma, exemplifica o aumento de denúncias de violência contra a mulher. De janeiro a julho deste ano, o serviço de denúncia Ligue 180 registrou uma alta de 112% nas queixas de agressões em relação ao mesmo período do ano passado. A central foi criada pela Secretaria de Políticas para as Mulheres, órgão da Presidência da República, em 2005. Eliza Samudio procurou a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) para acusar o goleiro por cárcere privado, em outubro de 2009. A delegada pediu à Justiça que proibisse Bruno de se aproximar da modelo, mas o pedido foi negado pela juíza Ana Paula Delduque de Freitas, que considerou que o relacionamento de Eliza e Bruno não tinha caráter afetivo, familiar ou doméstico. Para a juíza, Eliza não poderia ser assistida pela Lei Maria da Penha, “sob pena de banalizar a finalidade da lei”. Caso semelhante ao de Eliza Samudio é o da cabeleireira Maria Islaine de Morais, 31. Morta no início do ano a tiros pelo ex-marido Fábio Willian Soares, 30, dentro do salão de beleza onde trabalhava, na região de Venda Nova, em Belo Horizonte. O crime foi registrado pelas câmeras de segurança do salão e mostra o borracheiro entrando e disparando nove vezes contra a ex-mulher. A vítima já havia feito pelo menos oito boletins de ocorrência contra o marido. O casal estava separado há um ano, mas ele não aceitava a situação. Fábio só foi preso depois de tirar a vida da cabeleireira.

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Fotos: Pedro Cunha 6ºG

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