Jornal O Ponto (nº 105) - Dezembro de 2017

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Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social Ano 17  |  Número 105  |  Dezembro de 2017  |  Belo Horizonte / MG

Distribuição gratuita

O que a arte

pode expor? Educação

Alunas contam suas expectativas para o intercâmbio

pág. 06

Entrevista

Pedro Vieira fala sobre seu trabalho na Rádio Inconfidência

pág. 03

Cultura

Leitura impressa e digital geram opiniões diferentes

pág. 05


02 • Opinião

Editor e diagramador da página: Pietra Pessoa

Belo Horizonte, Dezembro de 2017

O Ponto

Experiências sensoriais de um artista viajante Carlos Vergara é o artista que deixa o seu lugar para buscar novas inspirações; sai do cotidiano para ver e sentir outras paisagens e culturas que lhe instiguem a alma de tal forma que transborde para criar novas maneiras de nos mostrar o mundo. São Miguel das Missões, hoje ruínas que lembram um passado também de busca de novas formas de viver, foi uma tentativa utópica dos Jesuítas de conviver com os índios de forma harmoniosa, sem deixar de lado a missão de catequizá-los. A exposição Carlos Vergara: - Viajante: Experiências de São Miguel das Missões traz a visão do artista de um lugar onde o passado está presente. A história deixou suas marcas nas pedras que heroicamente vencem a corrosão do tempo, nas cerâmicas que testemunham o trabalho artesanal do índio transformando barro em construção e nos galhos das grandes árvores que abraçam o que restou de um tempo ainda no longínquo passado colonial brasileiro.

O vídeo Sudário, presente na mostra, introduz esse lugar situado ao Sul da América. Pelos olhos e ouvidos de Vergara, nos transportamos do ruidoso mundo da velocidade para a serenidade. Os paredões das ruínas interceptam o encontro do extenso verde do chão com o azul sem fim do céu. Há linhas traçadas no

espaço, prenunciando cortes. Alguma contemporaneidade se faz sentir pela escolha do artista em desenvolver um trabalho de intervenção na natureza - nessas linhas formando um reticulado dentro do espaço interno entre ruínas -, que nos é mostrado pelo vídeo mas sabemos ter sido pontual e efêmero. Crédito: Silvania Capanema

Silvânia Capanema 4º Período

Obra da série “Acrílico Lenticular”, de Carlos Vergara

Da contemplação da natureza - da coruja e dos insetos que habitam as ruínas e as árvores centenárias -, ao calmo fazer dos índios - cortando madeira para, como outrora, esculpir e construir seu mundo -, o vídeo evolui para cortes abruptos, acompanhando as intervenções que o artista faz para se apropriar do lugar. Entretanto, do santuário histórico, o artista não retira nada, apenas recolhe marcas. Usando lenços, Vergara imprime, com tintura extraída de resíduos da terra, as artes e as marcas deixadas pelo homem e pelo tempo na pedra e no barro das ruínas das Missões. E nos expõe tal experiência sensorial e pictórica através da série Lençosmonotipias em tecido. A série Acrílicos Lenticulares, que compõe o corpo principal da exposição, impacta pela linguagem contemporânea. As seis montagens de fotos receberam um acrílico lenticular que transporta nossa visão para a terceira dimensão. O traço contemporâneo se torna mais visível. Distante do conceito tradicional de arte, a obra não sai diretamente do

Bem-vindo Intercom João Eduardo 4º Período Professores e alunos dos cursos de Comunicação Social (Jornalismo/Publicidade e Propaganda) da Fumec não poderiam estar mais felizes. No mês de junho do próximo ano nos reuniremos com centenas de estudantes vindos de toda a região sudeste do Brasil para discutir os rumos da comunicação aqui, na nossa casa. O grande anúncio veio ao término do congresso deste ano, realizado na cidade fluminense de Volta Redonda. Um vídeo institucional apresentado pela professora Viviane Loyola, mostrando as belezas de nossa capital e de nosso campus fez os olhos do participantes do evento se encantarem por nossas montanhas. O famoso pão de queijo atiçou os olhares dos comunicadores e publicitários de nossa região, elegendo a nossa Universidade co-

mo próxima sede do evento promovido pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, fundada em 1977, e criada para ser espaço de resistência contra os abusos da ditadura militar. Pensar a comunicação nos tempos atuais se faz fundamental, especialmente nos tempos atuais em que a liberdade de expressão se vê ameaçada por diversas forças contrárias à democracia. Unindo alunos, professores e profissionais dos mais diversos ramos da informação, poderemos discutir nosso lugar no mundo e nosso papel no desenvolvimento da sociedade internamente machucada pelos problemas sociais e políticos que dificultam o progresso anunciado em nossa bandeira. Por mais desvalorizada que possa estar, a profissão de jornalista continua enchendo a alguns jovens de emoção e desejo. O microfo-

ne, a câmera, as pessoas. Como não amar? Publicitários e Relações Públicas também estão neste barco, com o faro para divulgar e vender as mais variadas marcas e assuntos. Unidas, estas áreas se tornam um poder preponderante e capaz de realizar grandes mudanças sociais. Basta querer. E tenha certeza amigo leitor, nós queremos. Estamos nos mobilizando para fazer da próxima edição da Intercom um evento memorável. Reuniões com os coordenadores e alunos voluntários já estão acontecendo, e o processo de criação da identidade visual e divulgação já está sendo preparado. Mesas redondas, shows, debates e oficinas. Tudo já está sendo pensado com carinho para acolher aqueles que irão nos visitar, demonstrando a hospitalidade destes que moram entre as montanhas e vales das Minas Gerais. Se quiser vir ajudar, venha! Entre na roda com a gente!

O eterno presidente da República Tancredo Neves imortalizou em seu discurso de posse como governador de Minas Gerais um brado que ainda hoje arde em nossos corações. “O primeiro compromisso de Minas é com a liberdade”. Por isso não podemos nos calar, nem nos acovardar. Pela liberdade que foi conquistada à preço de sangue e lágrimas, não podemos nos abater. Discutir a comunicação e a liberdade de expressão será o nosso foco não somente na Intercom que iremos organizar, mas em toda a nossa vida de comunicadores. Bem-vindos à Universidade Fumec, que há 52 anos busca reconhecer em cada um de seus milhares de alunos potencialidades e competências que podem fazer a diferença na sociedade em que vivemos. Venha fazer parte desta família! Bem-vinda Intercom. Aguardamos você como a mãe aguarda um filho.

pincel do artista para o quadro: há a intermediação da máquina, e da câmara. Porém, não é obra de um fotógrafo que simplesmente mostra a imagem de um objeto. O artista usa as fotos simplesmente como material para criar arte. Vergara desconstrói para reconstruir sob nova ótica, corta as fotos e as enquadra de modo diverso, formando uma espécie de caleidoscópio como artifício para abrir a perspectiva em planos infinitos.

o ponto Coordenação Editorial Prof. Hugo Teixeira · Jornalismo Impresso Projeto Gráfico Dunya Azevedo · Professora orientadora Daniel Washington · Lab. Prod. Gráfica Pedro Rocha · Aluno voluntário Roberta Andrade · Aluna voluntária Logotipo Giovanni Batista Corrêa · Aluno voluntário Universidade Fumec Rua Cobre, 200 · Cruzeiro Belo Horizonte · Minas Gerais Telefone: (31) 3228-3014 e-mail: jornaloponto@fumec.br Presidente do Conselho de Curadores Prof. Antonio Carlos Diniz Murta Reitor da Universidade Fumec Prof. Fernando de Melo Nogueira Diretor Geral/FCH Prof. Antônio Marcos Nohmi Diretor de Ensino/FCH Prof. João Batista de Mendonça Filho Coordenador do Curso de Jornalismo Prof. Ismar Madeira Técnico Lab. Jornalismo Impresso Luis Filipe Pena Borges de Andrade Monitores de Jornalismo Impresso Pietra Pessoa Vitória Marques Monitores da Redação Modelo Catherina Dias Pollyana Gradisse Fotos de capa Bruno Riccelli Tiragem desta edição: 1.000 exemplares Jornal Laboratório do curso de Jornalismo

Os artigos publicados nesta página não expressam necessariamente a opinião do jornal e visam refletir as diversas tendências do pensamento


Editor e diagramador da página: Pietra Pessoa

O Ponto

Entrevista • 03 Belo Horizonte, Dezembro de 2017

Por dentro do Gigante do Ar No dia 20 de outubro, os alunos de jornalismo da FUMEC, que cursam a disciplina de Radiojornalismo, realizaram uma visita técnica à sede da Rádio Inconfidência (apelidada de “gigante do ar”), localizada no bairro Barro Preto. Criada em 1936, a Inconfidência é uma emissora mineira e pública que conta com 81 anos de história. Sua programação é transmitida pelos canais Ondas Curtas, AM e FM; e é possível ouvi-la pela Internet. Os estudantes conheceram alguns profissionais da rádio e seu ambiente de trabalho, incluindo a sala da redação, produção e um dos estúdios em que os programas são gravados. A turma acompanhou parte da gravação ao vivo do programa matinal “Em Boa Companhia”, e também teve a oportunidade de conversar com o apresentador dele, Pedro Vieira, que é o Coordenador de Produção na Rádio Inconfidência. Conhecer diferentes redações e veículos é importante para o estudante de jornalismo, como diz a professora Maria Amélia Avila, que acompanhou os alunos durante a visita: “Eu acho que essas visitas técnicas são extremamente importantes, porque elas mostram para os alunos o que a gente fala em sala de aula. Então, por mais que sejam rápidas, vocês tem noção exata de como que funciona uma emissora.”

Créditos: João Eduardo

Ana Clara Barcelos 4º Período

“Visitas técnicas são extremamente importantes, porque elas mostram para os alunos o que a gente fala em sala de aula.” Prof. Maria Amélia Ávila

A turma de Radiojornalismo, durante a visita Créditos: Ana Clara Barcelos

Um dos estúdios da Rádio Incofidência

Produção da Rádio Incofidência


04 • Entrevista

Editor e diagramador da página: Pietra Pessoa

Belo Horizonte, Dezembro de 2017

O Ponto Créditos: Ana Clara Barcelos

Pedro Vieira em seu ambiente de trabalho, no estúdio onde apresenta o programa “Em Boa Companhia”

Entrevista com Pedro Vieira Pedro Vieira é o Coordenador de Produção na Rádio Inconfidência, e trabalha na emissora desde 2005. 1 – Como é seu dia a dia na Rádio Inconfidência? Pedro Vieira: Eu trabalho na Rádio das sete às dezesseis horas. O “Em Boa Companhia”, que é o programa que eu faço na Inconfidência AM 1880, começa às 7:30. Então eu chego, já organizo as coisas do programa do dia, pego aquilo que é mais factual na manhã. E aí fico ao vivo no programa e, depois que o programa termina, eu venho aqui para a redação e começo a preparar o programa do dia seguinte; Já separar as músicas que vão tocar, os temas que eu vou abordar, os assuntos, e aí, só mesmo deixo pra fazer aquilo que é factual, que eu pego na manhã do dia. Além do “Em Boa Companhia”, eu também faço produ-

ção de outros programas aqui da rádio. Tem o “Cinefonia”, que é um programa só sobre cinema, também faço a apresentação do “Esquinas de Minas” que destaca artistas mineiros. Tem ainda o “Divas”, que é um programa em que só toca mulheres. E também faço as outras coisas burocráticas da função de coordenador. 2 – Quais são os desafios de se trabalhar com o rádio? PV: Eu acho que o rádio é um veículo encantador, impressionante, porque, por tratar apenas com áudio, a gente tem que ter aquela linguagem que vai direto ao ponto: Frases mais curtas, objetivas, de fácil entendimento. A gente fala para pessoas de mais variados perfis e é um veículo em que vocês as vezes está dirigindo ouvindo rádio, costurando, varrendo, lavando roupa, passando roupa: Está fazendo outras coisas e ouvindo rádio. Então, a gente tem que pegar o ouvinte, de maneira para que ele fique, realmente, na escuta. Tem aquela diferença que o nosso diretor Elias

Santos fala, que é a diferença entre ouvinte e escutante: Ouvir é uma coisa, escutar é outra. Escutar é prestar atenção, participar, interagir. Os desafios com essas novas tecnologias é realmente saber que o rádio hoje não é só áudio, ele também é imagem. Então, a gente está sempre fazendo ali transmissões ao vivo pela live no Facebook, pelo Instagram, colocando fotos dos bastidores. E tentando, claro, falar direto para aquele ouvinte, que é o nosso escutante, que gosta da programação da Inconfidência, que é uma programação de qualidade, visando levar informação, utilidade pública, prestação de serviço. E é bacana trabalhar com o imaginário também, o fator surpresa. Aquela música que vai tocar que você ainda não sabe, a opinião de quem entende do assunto, um colunista (que também joga ali uma polêmica). Isso tudo mexe com o ouvinte, que se vê impelido a interagir com a gente. Seja pelo Whatsapp, mandando um e-mail, ligando. Então o

rádio é aquilo, rápido, você fala uma coisa e o ouvinte já manda uma mensagem, já participa e isso é muito legal, esse feedback que a gente tem de quem tá do outro lado. 3 – Na sua experiência de trabalho, qual foi seu momento favorito? PV: “Bem, em doze anos de trabalho como radialista, já vivi muitas coisas interessantes aqui na Inconfidência. Por ser uma rádio ligada à Secretária de Estado de Cultura, a gente tem acesso a muitos bens culturais e a entrevistas com artistas que a gente admira. E, quando você tem a oportunidade de conversar com eles ao vivo, seja no estúdio ou numa coletiva de imprensa, entrevistar aquela pessoa com quem você sempre sonhou, isso é muito legal. Claro que a gente tem que separar o lado do tiete, o lado fã do lado profissional. E uma coisa que eu falo que para mim é uma honra é quando o Tuti Maravilha, aresentador do programa Bazer Maravilha há trinta anos, sai de fé-

rias, sai de férias, ou quando acontece alguma coisa com ele, empedindo sua participação, eu substituo-lo. É um programa com três décadas de história, muita responsabilidade e é muito bacana assim, porque eu posso mostrar meu trabalho também na FM. E os ouvintes dele, que são realmente muito carinhosos, também elogiam meu trabalho. Então, isso pra mim também é muito legal, é mostrar uma vertente diferente também do meu trabalho como apresentador, como radialista. Porque foi-se aquele tempo em que para ser radialista bastava ter uma voz bonita. Hoje você, além disso, tem que ter conteúdo, saber improvisar, tem que ter jogo de cintura para não deixar a peteca cair. E, para conduzir um programa por duas, três horas ou mais não é tarefa fácil. É como se fosse um show ali todo dia que você tem que fazer. Isso é muito bacana. Por essas oportunidades que eu tenho, eu agradeço à diretoria da casa, por confiar no meu trabalho.

Redação da Rádio Incofidência, localizada em modernas instalações recentemente inaguradas Créditos: Ana Clara Barcelos


Cultura • 05

Editor e diagramador da página: Vitória Marques

O Ponto

Belo Horizonte, Dezembro de 2017

O Impresso e o digital são inimigos?

A convivência dos dois formatos traz questionamento ao mercado literário, que se vê dividido entre as funcionalidades dos livros digitais e a tradição do impresso Pollyana Gradisse Silva 4ºperíodo Historicamente, desde meados do século XV, os livros têm a honrada missão de conservar valores, guardar, propagar ideias e transmitir, por meio das palavras, o conhecimento. Porém, com a chegada da Era Tecnológica, o jeito de se adquirir o saber ganhou inúmeras formas como, por exemplo, as plataformas digitais, que já existem há algum tempo, mas que atualmente estão ganhando cada vez mais o mercado. Os vários formatos para a leitura surgiram com a promessa de inovar e garantir praticidade ao seu leitor, consequentemente, instalando um duelo inevitável com o tão autêntico e confiável livro impresso. Existe espaço para ambos, ainda que se questione a extinção do impresso. Cada formato possui características únicas, benefícios e malefícios que dividem o gosto do público, tornando a escolha particular para cada um. Os livros digitais prezam pela questão do espaço e por serem consumidos através de aparelhos eletrônicos (tablets, celulares, computadores e outros), eles economizam o lugar reservado para os livros. O preço é outro destaque, durabilidade infinita, além de contar com a facilidade no transporte. Para o estudante Guilbert Souza, leitor assíduo de livros digitais, a grande vantagem deles está na versatilidade. “Poder levar milhares de livros num único dispositivo é algo incrível. Isso já não é muito possível para os livros impressos, pois ocuparia muito espaço. No caso de uma viagem, cumpre muito bem a sua proposta de substituir um impresso. A tela onde se lê até parece uma folha, a bateria costuma durar muito tempo, no meu teste deu em torno de 2 a 3 semanas com apenas uma carga. Tem a vantagem do custo, já que livros e-book costumam ser mais baratos. Também a parte ecológica, que evita o desmatamento para produção de folhas”, comenta

Souza. Guilbert ressalta ainda que o sentimento de evolução ao ler um ebook, e para ele, os e-books são o futuro da literatura. “Pode ser algo assustador para muitos no início, mas como tudo no mundo, está em processo de evolução, uma hora ou outra os livros impressos vão deixar de ser fabricados, e, provavelmente quando isso acontecer, a maioria das pessoas vão se acostumar com a ideia dos digitais rapidamente, deixando o cultural do impresso para trás, revolucionando o modo da leitura.” disse o jovem. Já Maria Eduarda Alves, estudante, 19 anos, amante dos livros impressos, observa como vantagem no impresso, o estímulo dos sentidos e da curiosidade. “Me sinto, de certa forma, mais conectada com a história. É bacana ter um outro sentido além da visão enquanto leio. A sensação de passar as páginas e ter o peso do livro entre as mãos é, pra mim, algo reconfortante. Os livros impressos proporcionam uma relação intimista que nos deixa próximos dos personagens e da história”, para a estudante, por não conter funcionalidades, o impresso auxilia bastante na concentração, desenvolvendo uma leitura e um aprendizado proveitoso, além de ser uma ótima opção para presentear quem você gosta. “Eles também são bem úteis para a decoração, afinal, uma estante cheia, exala cultura e o charme do clássico”, pondera. Em relação aos digitais, a estudante acredita que ele não cumpre totalmente a função de substituir um impresso. “É legal saber que em um só aparelho, como o Kindle ou o celular, pode haver uma grande quantidade de livros e que você possa escolher qual ler no momento que desejar. Mas ainda acho que não cumpre totalmente com a proposta, já que muitas pessoas, como eu, preferem não se render à tecnologia e continuam a ler os livros impressos”, afirma. E ainda em questão ao futuro da leitura, ela destaca a importância de sentir o livro. “Boa parte dos leitores antigos não

Créditos: Pollyana Gradisse

Espaço ocupado é uma das principais vantagens dos ebooks sobre o impresso se adequam completamente à essa nova forma de leitura, uma vez que já se acostumaram com os livros impressos. Acho que para os autores também deve ser extraordinário ver e sentir seu trabalho em suas mãos. Para mim, seja digital ou impresso, o importante é que as pessoas não desistam da leitura e continuem a apreciar a imaginação e o trabalho daqueles que tentam nos emocionar com suas palavras, personagens, romances e histórias”, disse.

“A sensação de passar as páginas e ter o peso do livro entre as mãos é, para mim, algo reconfortante.” Maria Eduarda Alves

Com um olhar para os dois mercados, a escritora Silvania Capanema lançou seu livro em maio deste ano, chamado: “Tutankhamon: A maldição do anel”. Com o lançamento, sua análise sobre o mercado editorial no Brasil e no mundo ficou bem nítida. “Só na noite de autógrafos, sem nenhuma divulgação na mídia, vendeu 215 exemplares. Nos dois meses seguintes vendeu mais 100 exemplares. O mercado brasileiro para e-books é incipiente, o brasileiro não gosta de ler livros na internet e poucos conhecem o Kindle, vendido e operacionalizado pela Amazon.com, disse a autora. Segundo ela, vende-se muito pouco, embora possa ser baixado para qualquer meio eletrônico, o que várias pessoas desconhecem. “A tradução do livro para o idioma inglês acabou de ficar pronta e vou fazer, em breve o upload para a Amazon.com. Aí sim, espero que venda bastante, pois há interesse tanto pelo assunto como pelo gênero de

livro nos EUA, Reino Unido e França, principalmente”, contou. De acordo com Silvania Capanema, o mercado do livro impresso é bastante restrito, nenhuma editora nacional, ou mesmo local, que não seja tipo “fundo-de-quintal” , aceita originais para análise com vistas a futura publicação. “O mercado está hermeticamente fechado para novos autores, a não ser o infanto-juvenil, que lança e promove quem já faz sucesso em outras mídias como TV e redes sociais”, conta a escritora. Sobre as vantagens e desvantagens entre os formatos, ela aponta a funcionalidade do digital, mas sem deixar o valor instrutivo do impresso de lado. “Muito útil e acessível mas jamais substituirá o impresso, por uma questão de heart-of-share, como se diz em marketing, traduzindo, que você tem no coração, que ama e nunca vai deixar. Sem dúvida, culturalmente as pessoas ainda estão muito presas ao conceito livro-papel”, afirmou.


06 • Educação

Editor e diagramador da página: Pietra Pessoa

Belo Horizonte, Dezembro de 2017

O Ponto

Próxima parada:

Danielle Lopes, 24 João Eduardo 4º Período

Créditos: Arquivo Pessoal

Conhecer, descobrir, aprender, emocionar-se. Uma viagem pode despertar em nós inúmeros sentimentos e nos levar a novos estilos de vida e compreensão do mundo em que vivemos. Alunas do curso de Jornalismo da Universidade Fumec se preparam para embarcar neste desafio no mês de janeiro. Alemanha, Espanha, Hungria e a Província de Macau, na China, são os destinos escolhidos pelas alunas Danielle Lopes, Fernanda Vasconcelos, Maria Rita Pirani e Pietra Pessoa, que foram selecionadas para participar de mais uma edição do Programa de Mobilização Estudan-

Pietra Pessoa, 18

A estudante Maria Rita Pirani, 23, se prepara para conhecer a Província de Macau, na China. “Viajo no próximo dia 11 de janeiro, e vou estudar Comunicação e Mídia na University of Saint Joseph, por um semestre, mas já estou me organizando para prorrogar este prazo por mais seis meses. Fazer intercâmbio sempre foi meu sonho, e escolhi a China por ter uma grande atração pela Ásia e seus países”, afirmou. A cidade de Lemgo, localizada no Noroeste da Alemanha, será o destino da estudante Pietra Pessoa, 18. “Sempre quis ter uma experiência diferente, que fosse acrescentar no meu currículo e que pudesse me dar um conhecimento de vida profissional e pessoal maior. Eu escolhi a Alemanha porque ela fica na Europa, é um país com excelência em tecnologia e tem a grade curricular exatamente como eu procuro”, disse. “As maiores dificuldades são: a distância da família, porque o país é muito longe, e se adaptar à cultura e à língua do país, porque preciso entender para passar nas matérias e, com isso, fazer o intercâmbio valer a pena”, concluiu. A aluna fará o curso de Jornalismo na Ostwestfalen-Lippe University of Applied Sciences, e embarca no próximo dia 31 de janeiro. A saudade da família, dos amigos e a solidão por estarem em países com gigantescas diferenças culturais em relação às nossas não impediram estas jovens de buscarem seus sonhos, dando o primeiro passo para uma grande mudança em suas vidas desde o momento na inscrição no projeto, como conta Daniele. O processo seletivo foi até bem tranquilo, o difícil mesmo foi a ansiedade pelos resultados. Tivemos que reunir diversos documentos para enviar para o departamento de relações internacionais como declaração de proficiência da língua, carta de recomendação do professor e do coordenador de curso, carta de motivação explicando o motivo de interesse de fazer o intercâmbio, bem como tam-

bém declarações de responsabilidade financeira do responsável, histórico escolar. Desde o inicio meus pais sempre me apoiaram, eles sempre acharam que seria uma oportunidade incrível para aumentar meu capital cultural e com certeza iria abrir portas no futuro. Então, quando saiu o resultado, por volta do dia 19 de setembro, todos ficamos muito felizes e já começamos a fazer os preparativos”, disse. Conhecer a Espanha, famosa pelo futebol de altíssima qualidade, sempre foi o desejo de Fernanda, que se interessa em seguir carreira no jornalismo especializado em coberturas esportivas. “Além da história e da cultura do país interesso-me por seu futebol. Dois dos maiores clubes de futebol da história (Real Madrid e Barcelona) estão pertinho da minha futura casa. Tenho certeza de que será uma experiência incrível para o meu currículo, acho que será um diferencial muito importante. Mas principalmente para a minha vida pessoal; é algo que acaba dando o famoso “frio na barriga”, mas tenho certeza que tenho total capacidade de realizar esse sonho e conseguir provar para mim mesma que posso sim sonhar com voos mais altos”, afirmou. “A China é um dos grandes parceiros comerciais do Brasil, e a necessidade de pessoas que falam Mandarim, língua do país, tem crescido ao longo dos anos. Macau é conhecida como a Las Vegas da China, e é praticamente independente do regime comunista chinês. Além disso, Macau é uma colônia portuguesa, o que facilita um pouco as coisas”, disse Maria Rita, única destas alunas que embarca para a região da Ásia. Pietra também se mostra animada com a experiência na Alemanha, onde irá conhecer mais sobre a famosa cultura alemã. “Eu posso estar sendo muito otimista, mas eu espero resultados maravilhosos deste intercâmbio. Conhecimento é algo que, quando adquirido, ninguém pode tirar. Eu quero voltar com o máximo de conhecimento possível, tanto profissional quando pesso-

Créditos: Arquivo Pessoal

til (PROME) da Fumec, que visa proporcionar aos alunos de graduação uma perspectiva internacional sobre seu curso, o conhecimento de outro sistema acadêmico, o aprimoramento em uma nova cultura e a melhoria de sua habilidade em uma língua estrangeira. Fernanda Vasconcelos, 21, escolheu conhecer e estudar em Murcia, na Espanha, a cerca de 400 km de Madri, capital do país. “Meu plano de vida para o próximo semestre é estudar muito, visto que a universidade (Universidad Católica San Antonio de Murcia) conta com uma infra-estrutura completamente diferente e apurada, com um bom grupo de professores e matérias incríveis. Os alunos que estão indo pelo PROME não estão autorizados a trabalhar no país de destino, então apenas estudarei. Ficarei pelo menos um semestre, podendo estender a um ano. Farei uma matéria (Marqueting aplicado a la Comunicación - Marketing aplicado a comunicação) no curso de Periodismo (Jornalismo), e duas matérias (Taller de Publicidad Audiovisual - Oficina de Publicidade Audiovisual e Publicidad y Entretenimento Audiovisual Publicidade e Entretenimento Audiovisual) no curso de Publicidad y Relaciones Publicas (Publicidade e Relações Públicas)”, disse. Já Danielle Lopes, 24, irá conhecer alguns países europeus antes de chegar ao destino de seu intercâmbio, a cidade de Dunaújváros, na Hungria. Na verdade, irei visitar várias cidades. Antes mesmo de chegar à universidade, vou passar por países como a Inglaterra, Áustria e República Tcheca. E espero conhecer diversas cidades da Hungria, que é o país que escolhi para viver essa experiência. Portanto, pretendo viajar bastante nesse período para conhecer um pouco da cultura desses países tão incríveis. Irei estudar Comunicação e Mídia na University of Dunaújváros, localizada a cerca de 80 km da capital Budapeste. Inicialmente ficarei 6 meses, mas poderá se estender a 1 ano”, contou.

Fernanda Vasconcelos, 21 al. Eu realmente acredito que ficar longe da família, ter que superar suas dificuldades, ultrapassar seus limites e passar por “perrengues” vai me ajudar a abrir mais a mente e me transformar em uma pessoa e jornalista muito melhor. A vida é feita de escolhas e a minha foi plantar hoje para colher amanhã”, concluiu. O PROME é aberto para inscrições em alguns períodos do ano, e os alunos interessados devem se enquadrar nos perfis exigidos pelas universidades conveniadas. Informações são obtidas pelo site www.fumec. br/prome. Os alunos do Curso de Jornalismo desejam as alunas que se preparam para esta experiência muitas felicidades e sucessos neste novo desafio. Créditos: Arquivo Pessoal

Créditos: Arquivo Pessoal

Intercâmbio

Maria Rita Pirani, 23


Política • 07

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O Ponto

Belo Horizonte, Dezembro de 2017

Armas de fogo no Brasil

A situação atual, o futuro do Estatuto do Desarmamento, e as estatísticas Ana Clara Barcelos 4º Período O direito do cidadão ao porte e à posse de armas de fogo é um assunto recorrente em discussões entre os cidadãos brancos. O Estatuto do Desarmamento é a legislação atual que rege o tema, em vigor desde dezembro de 2003. A lei regulariza e dá as diretrizes para o comércio, documentação, obtenção e outras questões envolvendo armas de fogo. Dezesseis anos após sua promulgação, talvez o povo brasileiro precise voltar às urnas novamente e opinar sobre assunto. A causa disso é um novo projeto que detalha e sugere a realização de um plebiscito sobre o Estatuto do Desarmamento. O documento é de autoria do senador Wilder Morais e outros políticos, e foi submetido ao Senado no último mês de setembro. Caso o projeto seja aprovado, a população será con-

vocada para responder três perguntas sobre o Estatuto do Desarmamento. Duas delas envolvem a opinião dos cidadãos sobre a criação de uma nova lei para o porte e a posse de armas, que substituiria a atual. A terceira pergunta lida com o direito da população em regiões rurais de portar armas, na condição de que apresentem bons antecedentes. A última vez que os cidadãos foram consultados sobre a questão do desarmamento foi num referendo realizado em 2005. Na ocasião, 63,94% dos brasileiros votaram contra a proibição da venda de munição e armas de fogo no Brasil, o que continua em vigor até hoje. O restante do Estatuto do Desarmamento continuou o mesmo, com algumas mudanças nos artigos ao longo dos anos. Atualmente, no Brasil, o registro, porte e a posse de armas de fogo são regula-

mentados pelo Sistema Nacional de Armas (SINARM). Para se ter ou portar uma de forma legal, é necessário que o cidadão cumpra uma série de condições e forneça vários documentos às autoridades. Há restrições quanto aos tipos de armas que são permitidos à população em geral, e outros são de uso exclusivo do Exército. Segundo Guilherme Salles, administrador da Casa Salles, tradicional loja de armas, munições e cutelaria no centro de Belo Horizonte, a maioria das pessoas que compra armas de fogo são atiradores por esporte, funcionários da Segurança Pública ou moradores do interior. Sobre a questão do porte de arma para cidadãos, Salles diz que não acredita que apenas o porte de armas resultaria em maior segurança para o cidadão. “Se a gente não tiver lei para tirar o bandido da rua, tanto faz ter arma de fogo ou não”, ele completa.

Estatísticas Mesmo com a regulamentação do Estatuto do Desarmamento no Brasil, os homicídios cometidos com armas de fogo aumentaram desde a sua promulgação, em 2003. Naquele ano, 36.115 pessoas foram vítimas de homicídio por armas de fogo, segundo os dados do Mapa da Violência 2016 da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO) Em 2014, o número subiu para 42.291 vítimas. Durante

esses onze anos, a quantidade de homicídios oscilou, chegando até a diminuir por algum tempo, mas sempre com tedência de crescimento. Ao se analisar os dados, vê-se que entre 2003 e 2014 a quantidade de vítimas brancas de homicídio por arma de fogo diminuiu, passando de 13.224 para 9.766 mortes. Em contrapartida, o número de vítimas negras aumentou entre os mesmos anos, subindo de 20.291 para 29.813. Infografia: Ana Clara Barcelos

“Fumec pensando o brasil” recebe os candidatos Jô Morais e Patrus Ananias João Eduardo 4º Período

A Universidade Fumec recebeu nos dias 6 de outubro e 6 de novembro último, respectivamente, a presença dos deputados federais por Minas Gerais, Jô Morais (PCdoB) e Patrus Ananias (PT), ambos pré-candidatos ao governo de Minas Gerais. O projeto “Fumec pensando o Brasil” começou em setembro, e tem o objetivo de apresentar pré-canditados e suas propostas. Os deputados federais Jair Bolsonaro (PSC) e Rodrigo Pacheco (PMDB) também já passaram pela Universidade, falando sobre suas ideias para a construção de um país melhor. Jô Morais é natural da Paraíba, e veio para Minas Gerais no período da ditadura militar. Foi vereadora de Belo Horizonte, deputada estadual e hoje exerce seu quarto mandato como deputada federal. Na Câmara dos Deputados já integrou várias comissões sendo, em caráter permanente, as de Seguridade Social e Família e a de Es-

porte e Turismo. Nesta legislatura, Jô Moraes foi eleita presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. Patrus Ananias é natural de Bocaiúva, no Vale do Jequitinhonha. Veio para Belo Horizonte e aqui se tornou advogado pela PUC-MG, e mais tarde especialista em Poder Legislativo e Mestre em Direito Processual. Foi vereador e prefeito da Capital, ministro dos ex-presi-

“Estamos travando uma batalha contra a retirada de direitos dos trabalhadores e atentados violentos à democracia.” Jô Morais

dentes Lula e Dilma Rousseff, e atualmente é deputado federal. Em sua palestra, a deputada Jô Morais falou sobre a importância de se discutir o Brasil nos tempos atuais. “Estamos travando uma batalha contra a retirada de direitos dos trabalhadores e atentados violentos à democracia. Devemos lutar contra todos aqueles que tentaram, com um golpe, dissolver todas as garantias e benefícios sociais conquistados ao longo dos governos Lula e Dilma”, afirmou. Já Patrus afirmou que as escolas são os principais centros para diálogos sobre mudanças sociais. “Sou professor universitário e sinto saudades deste ambiente acadêmico tão importante para a discussão de temas como o desenvolvimento do Brasil”, destacou. Um dos grandes temas defendidos por Patrus foi o chamado desenvolvimento regional, nele as diversas regiões de um estado ou país são trabalhadas separadamente, cada qual com suas particularidades. “O avanço das lutas sociais no Brasil passa, a nos-

so ver, pelo desenvolvimento regional ou territorial e pela ampliação dos espaços da democracia participativa para que as pessoas – especialmente as pessoas pobres e as classes trabalhadoras -, a classe média assalariada, os empreendedores locais ou regionais possam exercer os seus direitos e deveres da nacionalidade”, concluiu. Jô Moraes criticou duramente as reformas promovidas pelo governo Temer e a recen-

te venda de usinas hidrelétricas da CEMIG pelo governo federal. “Foi um retrocesso sem tamanho. O governo permitiu a venda de um patrimônio de todos os mineiros”, disse. A deputada também falou sobre as pretensões de seu partido para as eleições de 2018. “O PCdoB poderá se coligar em uma chapa encabeçada pelo atual governador Fernando Pimentel, ou então lançar uma candidatura única, na qual o meu nome está à disposição”, afirmou. Crédito: Leon Elias

Patrus Ananias do Partido dos Trabalhadores (PT)


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Prontos para trabalhar, mas sem emprego

O Ponto

Aprovados em concurso da Polícia Civil de MG em 2014 estão sendo esquecidos após promessa feita pelo governo do estado

A contagem dos dias de acampamento conta com mascote da coorporação. Créditos: Bruno Riccelli


Geral • 09

Editor e diagramador da página: Pietra Pessoa

O Ponto

Belo Horizonte, Dezembro de 2017 Créditos: Bruno Riccelli

Os aprovados estão acampados próximo a casa do governador para protestar contra a promessa náo cumprida Bruno Riccelli 4º Período Os candidatos aprovados em concurso público para o cargo de investigador da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) estão realizando um acampamento em frente à casa do governador do estado, Fernando Pimentel. Há 67 dias (08/11, data em que estivemos no local), eles estão reivindicando o diálogo com o governo acerca de um cronograma de nomeações para os 1.341 aprovados em todas as fases do concurso, que foi iniciado no ano de 2014 e cuja homologação se deu em agosto de 2015. Etherlon de Almeida, candidato aprovado para o cargo de investigador, diz que estão no local acampando e promovendo diversas ações com o objetivo de chamar a atenção do governo estadual para que o problema dos investigado-

res, seja resolvido, com a nomeação deles. “Teve ações na Cidade Administrativa, Assembleia, Praça Sete com candidatos de toda Minas Gerais e algumas pessoas de fora, que prestaram concurso para trabalhar aqui também”, disse. O governador Fernando Pimentel informou ao Jornal O Tempo que aprovados como excedentes no último concurso para investigador da Polícia Civil não serão convocados em curto prazo e explicou que o Estado está proibido de fazer novas contratações, depois de declarar situação de calamidade financeira. De acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), há um limite de gastos com despesas de pessoal e é preciso reduzir o índice de comprometimento do orçamento com a folha de pagamento. Por isso o governo estadual tem que reduzir suas contratações..

“Nós já colocamos 1.140 novos investigadores na Polícia Civil. Todos já foram efetivados, fizeram o concurso, fizeram o curso na academia e já estão trabalhando. Mas, de fato, nesse caso, nós dependemos da melhoria do nosso índice na Lei de Responsabilidade Fiscal. Vocês sabem, o Estado está em situação de calamidade financeira e não pode estar contratando mais gente. É uma proibição legal. Não é a nossa vontade, é a proibição da lei. Então, por enquanto, nós não temos previsão de novos chamados”, disse o governador Fernando Pimentel. Segundo o site oficial do Movimento dos Aprovados PCMG 2014, o ato de protesto teve como motivação essa declaração do governador sobre a inexistência de previsão de nomeações a curto ou médio prazo, com a justificativa da crise financeira. Foi informado também pelo movimento

Vocês sabem, o Estado está em situação de calamidade financeira e não pode estar contratando mais gente. É uma proibição legal. Não é a nossa vontade, é a proibição da lei. Governador Fernando Pimentel

Os participantes do movimento desejam uma resposta positiva do governo estatual

“Teve ações na Cidade Administrativa, Assembleia, Praça Sete, com candidatos de toda Minas Gerais e algumas pessoas de fora, que prestaram concurso para trabalhar aqui também”. Etherlon de Almeida que “os candidatos aprovados possuem nível superior de escolaridade e se dedicaram às concorridas etapas do concurso, sendo realizado compromisso público pelo ex-secretário de estado de Defesa Social, Bernardo Santana de Vasconcellos, de que os 1.341 aprovados (antes 1.500) seriam nomeados no ano de 2016”. De acordo com o site dos acampados, a PCMG sofre com déficit de 43,2% de efetivo, cerca de 4.878 investigadores, e mesmo o governo sabendo dos fatos, não dá atenção necessaria à categoria”, afirmam. Para eles, em contrapartida, o governo estadual contrata e aprova ajuda de custos para servidores estaduais que não intregam a prioridade de prestação do ser-

viço público. E deixam de lado a segurança pública, a saúde e a educação, protesta o movimento. Ainda segundo o site, acerca da segurança pública os concursos para a PMMG não cessam (há em vigência dois editais publicados). Para o Movimento dos provados, a Polícia Civil de Minas Gerais tem problemas na investigação dos crimes no estado, e isso se deve ao número de policiais efetivos A PCMG tem o mesmo número de agentes em serviço que o da década de 1980. Há um déficit de investigadores de cerca de 50% e apenas 8% dos inquéritos são concluídos.O resultado disso são: Delegacias fechadas, precariedade nas viaturas e crimes sem investigação. Créditos: Bruno Riccelli


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Belo Horizonte, Dezembro de 2017

35 anos de Galpão

O Ponto

Crédito: Guto Muniz

Encenação da peça “Gigantes da Montanha”, direção de Gabriel Villela, realizada na Praça do Papa, em Belo Horizonte Lizandra Andrade 4º período O Grupo Galpão, companhia de teatro mineira conhecida mundialmente por suas performáticas apresentações de rua, completou este ano 35 anos de vida com boa parte dos atores da época de sua fundação. Em um país em que se dá pouca importância à cultura, um trabalho contínuo de consagrado sucesso, por tanto tempo, não deixa de ser um fato inusitado.

Em entrevista para O Ponto, Eduardo Moreira, fundador, diretor e ator do Grupo Galpão, conta sobre as perspectivas do grupo e do teatro de rua para os próximos anos. Ele se mostra otimista: “A rua foi e continua sendo um espaço vital para o nosso teatro e relação com o público. Nossas conversas indicam a adaptação de um texto contemporâneo de teatro para as próximas apresentações”. Na opinião dele, manifestações contra a liberdade artística vêm se intensificando

ultimamente. Nesse sentido, os novos trabalhos apontam para um futuro em que, mesmo que venham a enfrentar lutas ou retaliações, continuarão a disponibilizar a arte pela capital mineira e pelo mundo. Sobre a formação do grupo, Eduardo diz que é melhor permanecer do jeito que está e que não haverá mudanças. “ O Galpão não é um grupo que faz casting. Somos um grupo de atores trabalhando juntos há mais de 23 anos nessa formação atual. Acho que, por en-

quanto, não haverá mudanças de rumo”. Levando a arte de forma gratuita a milhares de pessoas, de diferentes classes sociais e faixas etárias, um dos legados do grupo é propagar a cultura, e quem sabe, segundo a opinião de Eduardo, fazer novos artistas. “Jovens atores precisam experimentar e buscar experiências, as mais diversas possíveis. O teatro de rua é uma experiência única no sentido de nos colocar numa situação extrema de “catástrofe

iminente” (expressão de Antonin Artaud). Acho que, quando o Galpão apresenta seus espetáculos e ministra suas oficinas, está agindo concretamente para que as pessoas se interessem mais pelo teatro de rua. O nosso contato com jovens artistas se dá principalmente pela apresentação de nossos espetáculos, encontros e oficinas. O Galpão Cine Horto oferece cursos, espetáculos e encontros”. Eduardo completa a entrevista antecipando novidades. Crédito: Guto Muniz

Atores e fundadores do grupo se reúnem para a realização da peça e fututros planos


Cultura • 11

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O Ponto

Belo Horizonte, Dezembro de 2017 Crédito: Guto Muniz

Em cena, o grupo propõe um nova forma de apresentar, incluindo canções, poesias em um sarau a céu aberto “O grupo continua com seus espetáculos de teatro de rua: Os gigantes da montanha, Till e De tempo somos. Além desses, estamos preparando uma nova montagem, com direção do Márcio Abreu, com algum tipo de intervenção contemplando também a rua. Mas depois de “Nós”, será a vez de fazer algo que seja de todos. Teatro de rua e Grupo Galpão O teatro de rua existe desde a Grécia Antiga. Naque-

la época, colocava-se em cena os problemas cotidianos dos cidadãos e da sociedade. Na atualidade, essa característica permanece. Porém, uma peculiaridade desenvolvida ao longo do tempo tem sido a aproximação do ator com seu público, descentralizando o espaço cênico do teatro. Aproximá-los tornou-se importante para o progresso da sociedade, pois o teatro, nesse processo de completude, tem se mostrado um alimento para os estímulos humanos, auxiliando o cres-

cimento da criatividade e da expressão. Tal característica pode ser visualizada, de forma clara, nas apresentações de rua do Grupo Galpão. Na Praça do Papa, em Belo Horizonte, por exemplo, o grupo teatral sempre insere nas cenas uma criança, um adulto ou um jovem da plateia. E é dessa maneira que o grupo vem trabalhando desde a sua fundação, em 1982, quando foi criado pelos artistas e amigos: Teuda Bara, Eduardo Moreira,

Beto Franco, Arildo Barros, Paulo André, Chico Pelúcio, Antônio Edson, Lydia Del Picchia, Júlio Maciel, Inês Peixoto, Fernanda Vianna e Simone Ordones. Em 2017, o Grupo Galpão chegou, segundo eles mesmos, à fase adulta. Em comemoração aos 35 anos de sua fundação, iniciou, em junho deste ano, uma temporada de espetáculos pelo Brasil. A capital mineira foi o ponto de partida. Durante o mês de agosto, a turnê seguiu pelo Rio de JaCrédito: Guto Muniz

Encenação da Peça “Tio Vania (aos que vieram depois de nós)”

neiro, Sergipe, Rio Grande do Norte e Paraíba. Em outubro, o grupo voltou a se apresentar no Sudeste com espetáculos em São Paulo e, para finalizar, em Brasília. Considerada uma das mais importantes companhias do cenário teatral brasileiro, o Grupo Galpão carrega, em sua bagagem, centenas de histórias para contar. Seu histórico conta 48 festivais internacionais em mais de 18 países visitados; cerca de 2.900 apresentações, em mais de 260 cidades; 23 peças teatrais diferentes e mais de 100 prêmios nacionais. O último espetáculo ,“Nós”, recebeu três prêmios até agora: Melhores do Ano (Espetáculo), 6º Prêmio Questão de Crítica (Direção - Atriz) e Prêmio Aplauso Brasil (Trilha Sonora – Melhor Elenco). Desde a sua fundação, o grupo vem conservando, em seu núcleo principal, uma parte considerável dos artistas idealizadores e vem mantendo o foco em apresentações nas ruas para, de acordo com seu site oficial, “unir e reunir pessoas em torno do teatro para uma experiência coletiva”. A justificativa para tal permanência em cena pode ser a forma de adaptar suas peças ao cenário atual, com linguagem informal e objetiva, como, por exemplo, os mais novos espetáculos “Nós” e “De Tempo Somos – Um Sarau do Grupo Galpão”, que traz em críticas, feitas de forma subentendida, sobre a política e ainda reflexões acerca das relações pessoais cotidianas.


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O Po

Bruno Riccelli João Eduardo e Letícia Gontijo 4º Período O programa Arteminas de 2017, em sua terceira edição, juntou e expôs obras, no Palácio das Artes, dos artistas Pedro Moraleida, Randolpho Lamonier, Marta Neves e Desali. O projeto traz uma iniciativa da Fundação Clóvis Salgado de apresentar a expressiva produção artística mineira de vanguarda. Sob essa ótica, a exposição “Faça Você Mesmo sua Capela Sistina”, de Moraleida, tem sido a mais polêmica e alvo de críticas e manifestações. Disponíveis na Galeria Alberto Veiga Guignard, com curadoria de Augusto Nunes-Filho, as obras da exposição do artista mineiro, que se suicidou aos 22 anos, são fruto de um trabalho questionador. Entre esculturas, textos, radiografias e desenhos, Pedro Moraleida apresenta uma visão crítica e ácida do mundo. Utilizando de símbolos religiosos e ilustrações relacionadas à sexualidade, a crítica é feita sobre o conservadorismo da sociedade em relação ao desejo, aos problemas sociais e humanos. Mesmo anos após sua criação, o trabalho artístico enfrenta manifestações de grupos religiosos e conservadores apoiados por políticos. Assim como outras obras, “Faça Você Mesmo sua Ca-

pela Sistina” entrou no discurso sobre a volta da censura e o papel da arte como ferramenta de debate e democracia. A porta do Palácio das Artes nos dias de exposição (1° de setembro a 19 de novembro) recebeu manifestações que prezam o respeito pela prática religiosa e exigiam o fechamento da exposição pelo fato de a obra apresentar atos sexuais e nudez. As pinturas foram interpretadas por alguns visitantes da exposição como “incentivos à pedofilia, zoofilia e cristofobia”. Um visitante que não quis ser identificado conta que foi ao Palácio para conferir o que haviam lhe dito sobre a polêmica exposição, e disse que os desenhos e quadros de Moraleida não se configuram como arte. “Ali tem orgia” – protestou. “Isso não é natural, é de enojar a gente”, fala Núbia Gonçalves, atendente de telemarketing. O movimento em busca desse respeito religioso, porém, está tomando proporções que agridem a democracia, quando colocam a censura como solução. Políticos, como o deputado João Leite, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), lutaram para que a mostra fosse fechada antes da data prevista. Além de João Leite, o vereador Jair Di Gregório, do Partido Progressista (PP), esteve no local e gravou um vídeo chamando as obras de “uma aberração”. De-


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onto

Belo Horizonte, Dezembro de 2017

pois disso, o parlamentar foi expulso do Palácio das Artes aos gritos. Em defesa da obra, o curador da mostra, Augusto Nunes, afirmou que “a produção de Moraleida provoca impensadas reflexões sobre um considerável número de preconceitos há muito cristalizados ou clichês internalizados no seio da sociedade contemporânea”. Artistas também tomaram a frente do Palácio das Artes em defesa do seguinte ponto: impedir a exposição de ocorrer é ir contra a democracia e liberdade de expressão, visto que nenhum cidadão é obrigado a visitá-la. Um dos argumentos que também entraram em jogo contra a censura da exposição é o fato de a nudez e sexualidade serem figuras recorrentes em vários períodos artísticos. Yacy-ara Froner, professora doutora em História da Arte, na UFMG, após sair da galeria, discorre sobre esse ponto. Para ela, a pergunta é: “...o que esse pessoal quer fazer? Quer colocar uma barreira num Davi de Michelangelo? Queimaríamos O Jardins das Delícias de Hieronymus Boch?”. Ela ainda questionou: “Se a gente pegar por essa censura teríamos que censurar também o cinema e a cada um de nós. A censura não é o caminho para o debate”, finaliza Froner. O cantor Caetano Veloso aproveitou sua passagem pela capital onde se apresentou na primeira semana de outubro

para visitar a exposição e manifestou sua opinião como artista em relação a essa e outras mostras pelo país que passam pelo mesmo discurso. Segundo o cantor, em nenhuma dessas exposições que estão sendo discutidas, não há nada que não seja tradição das artes, sobretudo das artes mais recentes. Sobre a censura, o cantor lembrou quando, no período da ditadura, ele e vários outros artistas foram tolhidos do direito de se expressar: “Não quero nada parecido com isso”, disse. A estudante de Belas Artes, da UFMG, Débora Guedes, que visitava a galeria, expôs sua opinião. “Quando um ato artístico chega a uma situação de censura isso é muito sério, já que a arte é uma ferramenta de tensionamento entre as realidades”, disse. Diante de todo esse embate de opiniões e da ameaça da censura, o pai de Moraleida, Luiz Bernardes, destaca que “a polêmica estará sempre presente, mas é importante que as obras sejam vistas, revisitadas e interpretadas”, conclui. Mesmo acompanhados dos pais, menores de 18 anos não tiveram acesso à exposição. A Fundação Clóvis Salgado, por meio de sua Assessoria de Comunicação, informou que “Faça Você Mesmo sua Capela Sistina” seguiria aberta até o dia 19 de novembro, data do encerramento das exposições do programa Arteminas, e assim ocorreu.


14 • Saúde

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Amor por todos

StÉFanie Xavier 2º período O indivíduo considerado vegano é aquele que não consome nada de origem animal na alimentação, no vestuário, em produtos de beleza, entretenimento e afins. Desde 2011, o estudante de sistemas para internet, Guilherme Araújo Jácome, de 23 anos, se identifica com o conceito dado pela Vegan Society (uma sociedade vegana criada em 1940 no Reino Unido). O estudante afirmou que a mudança radical foi feita aos poucos. Primeiro, ele deixou de comer frango, pois se sentiu mal ao ver o pai matando uma galinha no quintal de casa. Em seguida, também abandonou outros tipos de carne, após o tio, que é açougueiro, junto ao pai, levá-lo para ver o abate de um boi e um porco. “Assistir à morte fria do porco e do boi no mesmo dia foi o suficiente para eu tomar nojo”, explica. Um ano depois, em 2010, ele passou a se intitular ovolactovegetariano, que, segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), é um indivíduo que não come carne, mas alimenta-se de outros derivados de animais, como leite e ovos. Entretanto, ele ainda não se sentia bem e, a partir daí, declarou-se vegano. Ele conta que o motivo foi o amor aos animais”. De acordo com a pesquisa realizada pela SVB, em 2012, havia cinco milhões de veganos

no Brasil e, ainda assim, há mitos sobre o veganismo. Um deles é o fato de que, se a pessoa não comer carne, não irá possuir proteínas suficientes, o que a nutricionista Giselle Lima desmente: “Isso não acontece se houver uma alimentação balanceada, pois há leguminosas e oleaginosas, como o milho, amendoim e gergelim, que conjuntos fornecem proteínas”. Outro mito é que esse estilo de vida é caro. Araújo afirma que “É muito mais barato viver de vegetais do que de carne, ovos e leite. Basta saber onde e o que comprar […] Mas, há outros que optam por comer na rua, nesse caso sai certamente um pouco mais caro. Mas, com certeza, o caro sai mais barato, considerando a nossa saúde, a dos animais e a do meio ambiente”. Os prejuízo pela demanda da carne O meio ambiente é um dos mais prejudicados pelo consumo de carne. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o setor de produção animal está entre os maiores responsáveis pelos principais problemas ambientais, já que na criação dos animais são utilizadas grandes quantidades de água, áreas de vegetação para o pasto, energia elétrica e, nesse processo, gases que colaboram para o aumento do efeito estufa são lançados na atmosfera. Os esforços feitos pela população para evitar o desper-


Saúde • 15

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os animais

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Créditos: Beatriz Pacheco

dício de água são quase insignificantes perto dos dados divulgados pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) de que, para a produção de 1 kg de carne bovina, é necessário o uso de 17.000 litros de água potável, enquanto, para a produção da mesma quantidade de batata, são usados 132,5 litros de água. A produção desse alimento não só está ligada ao uso excessivo de água, mas também para a sua poluição. Os animais para abate produzem toneladas de excremento que, de acordo com estudos da Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), poderiam cobrir as cidades de Nova Iorque, São Fransciso, Rio de Janeiro, Tóquio, Hong Kong, Londres, Bali, Berlim, Delaware, Paris e Nova Deli juntas. Quando não são utilizados como esterco, são lançados diretamente na água com pouco ou sem nenhum tratamento. A transformação de áreas de vegetação em pasto para a pecuária é a principal causa do desmatamento na Amazônia. De acordo com informações do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), até 2008, 62,8% da Amazônia brasileira já tinham sido ocupados pela pastagem. Essa ocupação da floresta afeta a biodiversidade do local, pois os animais são expulsos e a vegetação é retirada para a produção do gado, que compacta o solo por meio do pisoteamento excessivo, di-

ficultando a absorção da água pela terra, causando erosões. Sendo o Brasil, o maior exportador de carne bovina do mundo, a situação da floresta Amazônica se torna cada vez mais preocupante. O setor da pecuária também contribui ativamente para o crescimento da poluição do ar. A ONU divulgou dados que comprovam ser a pecuária a responsável por 14,5% dos gases causadores do efeito estufa lançados na atmosfera pela atividade humana. As emissões destes gases acontecem pelo processamento de alimentos (45% do total), pela digestão de animais bovinos (39%), pela decomposição do estrume (10%) e o restante pelo transporte dos produtos animais. Todas as emissões desse setor resultam em 7,1 bilhões de toneladas de dióxido de carbono por ano. Para a diminuição desses fatores não é preciso parar por completo o consumo de carne, basta diminuí-lo. Com essa diminuição, segundo estudos da Universidade de Oxford, o lançamento de gases do efeito estufa aumentaria em 5% até 2050, em vez de 50%, por exemplo. E, para aqueles que pensam em se tornar veganos, a nutricionista Giselle Lima aconselha : “É preciso tomar cuidados com a reposição de alguns nutrientes provenientes de alimentos de origem animal, como o ômega -3, os ácidos graxos, o ferro, o zinco, o cálcio e as vitaminas D e B”.


16 • Saúde

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Pedra nos rins: entenda essa doença Cada vez mais frequente, a pedra nos rins afeta grande parte da população e bastam alguns cuidados para evitar a produção delas Maria Rita Pirani 4º Período Comumente conhecida como Pedras nos Rins, o Cálculo Renal ou Urolitíase é uma doença que atinge cerca de 15% da população brasileira e, devido a diversos fatores, como a desidratação, a má alimentação e o sedentarismo, a doença está a cada dia se tornando mais comum. A doença ocorre a partir da formação de cristais solidificados, em qualquer local do sistema urinário, pode gerar infecções, dores e em muitos casos há a necessidade de intervenção cirúrgica para a remoção das pedras. Por ser considerada uma das doenças com um maior grau de dor em seus pacientes, muitos estudos são feitos sobre o assunto e consequentemente mitos e teorias sobre a doença surgem no caminho. Tomate gera pedras nos rins? É uma doença apenas de origem hereditária? Para evitar a doença, basta apenas tomar água? De acordo com o Dr. Sinval Lins, clínico geral e intensivista do hospital Felício Rocho em Belo Horizonte, o cálculo renal pode ser formado a partir de duas principais causas, uma delas é a desidratação. A falta de água deixa a urina mais concentrada, com maior teor de sais, ajudando na formação de cálculos. Outro fator predominante é a presença de um distúrbio metabólico; os rins deixam de produzir substâncias que ajudam na prevenção de pedras. Neste segundo

caso, intervenções medicinais e acompanhamentos médicos periódicos são recomendados. Apesar do que é geralmente falado, a Urolitíase não é uma doença restrita ao público masculino, e nem uma doença de caráter adulto, podendo aparecer em crianças e adolescentes de ambos os sexos. A grande maioria dos casos consiste em herança hereditária, mas esse fator não é uma regra, pessoas sem histórico da doença na família podem vir a apresentar formação de pedras, muitas vezes devido a um distúrbio metabólico presente no paciente. Pessoas que moram em países tropicais também apresentam mais chances de terem a doença. Isso porque em lugares com climas mais quentes, o corpo humano tende a liberar uma quantidade maior de água e juntamente com a baixa ingestão de líquidos pode ocasionar uma desidratação corporal e causar uma sobrecarga dos rins. No Brasil, por exemplo, o número de casos sobem cerca de 30% devido às altas temperaturas. Sinval afirma também que o maior risco da doença é a obstrução das vias urinarias, que podem gerar infecções graves por limitarem a passagem da urina do rim para a bexiga. Em casos de obstrução a intervenção cirúrgica é necessária. A cirurgia consiste na implantação do cateter duplo J, responsável por ajudar a drenagem de urina do rim até a bexiga, através das vias uriná-

rias, expandindo os canais e facilitando a saída da pedra. Em casos de cálculos acima de 5mm, temos a necessidade da litotripsia, processo de trituração da pedra através de equipamentos a laser. Mauro Siqueira Lopes, analista de sistemas, sofre de cálculo renal há 40 anos e já passou por duas cirurgias para remover as pedras. Mauro afirma que as cólicas renais geram dores renais intensas, que afetam sua produtividade no trabalho e nas atividades diárias. Para evitar a produção de cálculos, Mauro evita alimentos ricos em sódio e busca ingerir cerca de 2 litros de água por dia. Na maioria dos casos, os efeitos colaterais incluem náuseas, dores na região lombar, suor, calafrios, dores na hora de urinar, sangue na urina e sensações de queimação. As pessoas que apresentam tendência à formação de cálculo renal devem permanecer atentas à desidratação e à alimentação. Frutas com sementes, como o tomate, não influenciam na criação de cálculos renais, tais mitos sobre a doença são criados devido à falta de pesquisas avançadas sobre o assunto. Alimentos ricos em ácido cítrico, como o limão, laranja e abacaxi são recomendados, pois eles ajudam a evitar a formação de cálculos e, além disso, alimentos mais naturais, com baixo teor de sódio ou proteína também podem ajudar a evitar a doença e proprocinar uma vida mais saudável para as pessoas.


Saúde • 17

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VEJA COMO É O PROCESSO


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Escorpião: o pequeno grande vilão

Os ataques corriqueiros nas áreas urbanas apontam que excesso de lixo e entulho ajudam na proliferação do animal Catherina Dias e Philippe Fraga 4º Período Os escorpiões vivem sob pedras, madeiras, troncos podres - alguns enterram-se no solo úmido da mata, outros na areia do deserto. Alguns dão preferência à área urbana onde se escondem no entulho e lixo acumulado ou sob lajes dos túmulos. Há espécies que possuem veneno suficiente tóxico para matar um homem, já a picada de outros acarreta, no máximo, uma dor semelhante à de picada de uma abelha ou marimbondo. No bairro Tirol, região do Barreiro em Belo Horizonte, a infestação de escorpiões era comum no conjunto João Paulo II, como conta a aposentada Maria Aparecida de Jesus, de 68 anos, moradora da região e que já foi picada pelo animal: “Antigamente, no condomínio, os escorpiões apareciam com muita frequência devido

ao córrego que passa ao fundo dos prédios. As pessoas aproveitavam para jogar entulho e lixo às margens do córrego e isso se tornou rotineiro. Era comum ver escorpiões na sala, no banheiro e no quarto”, contou. Ela lembra ter entrado em pânico quando foi picada, pois conhecia os riscos que o veneno do animal peçonhento pode oferecer, e que, apesar do atendimento médico ter sido rápido, os sintomas lhe causaram mal-estar. A professora do Colégio Arnaldo, em Belo Horizonte, Ana Cláudia Fraga Amaral, revela que o marido teve sorte. Ele por pouco não foi picado em seu banheiro. “Meu marido foi tomar banho e pisou em um escorpião quando entrou no box do banheiro. A sorte é que ele estava de chinelo e matou o animal. Era comum ver esses animais saindo dos ralos, entrando pelas frestas das portas e, até mesmo, saindo pela canaleta da luz”, lembrou. De

acordo com a professora, esta foi a maior motivação para a família que morava no Conjunto Habitacional Columbia localizado na Região Metropolitana de Belo Horizonte, mudar de residência.

“Era comum ver escorpiões na sala, no banheiro e no quarto.” Maria Aparecida Em nota a Assessoria de Comunicação da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) afirma que, em 2016, foram registrados 958 casos de acidente com escorpião. Já em 2017, até o mês de agosto, foram totalizados 611 casos em Belo Horizonte. O número de solicitações atendidas pela SMSA para controle de escorpiões, em Belo Horizonte, por regio-

nal, em 2017, até o mês de setembro, chega a 1.113. A Assessoria conta que o controle de escorpiões em Belo Horizonte segue normas definidas pelo do Ministério da Saúde (MS) e que a Gerência de Controle de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde, responsável pelo controle, atende os princípios definidos pelo governo federal, que indica que os inseticidas disponíveis no mercado apenas desalojem estes aracnídeos, aumentando assim o risco de acidentes. O trabalho realizado consiste em realizar vistorias de rotina e atendimentos feitos ao departamento de zoonoses diante do relato de aparecimento de escorpiões. As vistorias têm como objetivo a avaliação das condições ambientais, orientação e prevenção de acidentes. Os escorpiões capturados são encaminhados à Fundação Ezequiel Dias (FUNED) para coleta de veneno e produção de soro antiescorpiô-

nico. A SMSA diz que realiza, também, trabalhos em parceria com a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), para a limpeza de ruas e córregos de toda a cidade. A limpeza periódica dos terrenos baldios, próximos às residências, é uma das maneiras para se evitar a proliferação do escorpião, assim como evitar o entulho e cuidar do jardim. Ou mesmo evitar queimadas em terrenos baldios, pois desalojam os escorpiões, e telar as aberturas dos ralos, pias ou tanques - são pequenas mudanças que farão a segurança das casas. Vale ressaltar que toda pessoa atacada por escorpiões deve ser encaminhada ao Pronto Socorro e se possível levar o escorpião para identificação. A rapidez no atendimento em acidentes com qualquer animal peçonhento pode significar a diferença entre a vida e a morte. A automedicação pode ser fatal e não deve ser realizada.

Crédito: Catherian Dias

Número de acidentes por escorpião, em residentes em Belo Horizonte, por mês e ano de ocorrência. Dados parcias.

Crédito: Catherina Dias

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde (SMSA)

Número de solicitações atendidas pela SMSA para controle de escorpiões, em Belo Horizonte, por regional, em 2017. Dados parciais até o mês de setembro.

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde (SMSA)


Comportamento • 19

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Belo Horizonte, Dezembro de 2017

Coulrofobia: um medo nada engraçado

Foto: Reprodução

Um medo que vive escondido na sociedade Bruno Lara Resende 4ºPeríodo Você conhece o significado do termo Coulrofobia? Provavelmente não, mas com certeza conhece alguém que sofre desta fobia. O termo em questão foi criado na década de 1980 e designa aqueles que têm medo de palhaços. O que para alguns é bobagem, para outros é assunto muito sério. Esta figura cômica tem o poder de infligir extrema angústia em algumas pessoas, chegando ao ponto de adultos serem incapazes de permanecer no mesmo cômodo que alguém vestido de palhaço. Segundo dados do Smithsonian Institution, dos Estados Unidos, cerca de 2% da população mundial sofre de Coulrofobia. Pode parecer algo irracional, mas será que o medo de palhaços pode ser estudado e compreendido? Fabio Dal Gallo, professor

de Artes e Artes Cênicas da UFBA, em seu artigo “A apocalipse dos palhaços e os palhaços assustadores”, de junho de 2017, afirma que o medo de palhaços pode ter suas raízes na idade média. Segundo o professor, os palhaços modernos têm sua máscara baseada nas figuras cômicas do Arlequim e do Polichinelo, ambos pertencentes à Comédia Dell’Arte, estilo de atividade circense originária da Itália no fim do século XVI. O Hellequin, um tipo específico de Arlequim, ainda segundo o autor, remete fortemente à imagem do demônio medieval, tendo como principal semelhança suas risadas. Tendo em vista tal herança remetente ao diabo da idade média, o medo de palhaços modernos se torna menos irracional e mais mensurável para o público em geral. A Coulrofobia está presen-

te na sociedade moderna de tal maneira, que, em agosto de 2016, se originou nos Estados Unidos uma onda de ataques aparentemente aleatórios de pessoas vestidas de palhaços a passantes nas ruas, parques, estradas e demais locações públicas. O que surgiu como acontecimentos isolados e sem grande importância, tomou uma proporção assustadora, se espalhando pelo Canadá, Europa, e inclusive com relatos até mesmo no Brasil. Indivíduos mal-intencionados se aproveitaram da aversão à figura do palhaço para espalhar pânico e histeria. A dimensão dos ataques chegou a tal ponto, que os acontecimentos de meados de 2016 ficaram conhecidos como “Apocalipse dos palhaços”, termo inclusive aproveitado por Fabio Dal Gallo em seu artigo. Como não poderia deixar de ser, a Indústria Cultu-

ral explora periodicamente a Coulrofobia em seus produtos. Palhaços assassinos são figurinhas repetidas em diversos filmes, livros e quadrinhos, como é o caso do clássico do cinema trash “Palhaços Assassinos do Espaço Sideral”, de 1988. Um dos personagens que mais colaboraram com a construção da imagem de “palhaços do mau” na cultura popular, foi com certeza o

Crédito: Pedro Casto

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Clownstrophobia é um filme de um palhaço que ataca jovens com “palhaçofobia”

Coringa, das HQ’s do Batman, principalmente a recente retratação de Heath Ledger em “O Cavaleiro das Trevas”, filme de Christopher Nolan, de 2008, que rendeu ao australiano um Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Porém, o palhaço mais assustador da cultura pop talvez seja Pennywise, o monstro do livro “It”, de Stephen King, de 1986. O livro já foi adaptado para a lingua-

Palhaço Batata Madorf


20 • Comportamento

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“A coulrofobia é indiferente à idade de quem atinge, podendo ser de crianças a idosos”. Marcos Fam

imagem feita por Stephen Whiteley para representar a coulrofobia e ilustrar sua frase: “Coulrophobia Is Back”

“Alguns profissionais poderiam dizer que pelo fato de palhaços não existirem na natureza, esse medo teria que ser aprendido de alguma forma. Entretanto, isso não é necessariamente verdade. A característica do palhaço é a desconfiguração do rosto e do corpo. Algumas pessoas podem ter aversão a isso da mesma forma que outas têm aversão a texturas moles ou grudentas. A aversão é uma forma de proteger o organismo do estranho e algumas pessoas podem estar mais predispostas a estranhar faces desconfiguradas”, explica Samuel Leite, professor de psicologia da UEMG. Ao ser perguntado se qualquer pessoa com medo de palhaços pode ser considerada Coulrofóbica,

“A característica do palhaço é a desconfiguração do rosto e do corpo”.

Samuel responde: “Para todo transtorno psicológico existe uma linha. Todos nós temos diversos sintomas psicológicos. Ele se torna um transtorno quando atrapalha o indivíduo de uma forma anormal, que não está prevista no desenvolvimento e nem é comum na população. Então sim, com certeza o grau vai dizer se é fobia ou não”. Para uma pessoa qualquer, assistir às maldades de Pennywise durante as 2 horas de duração do filme, pode ser uma tarefa assustadora, mas para quem sofre de Coulrofobia pode beirar o insuportável. “Apesar do medo, eu me interesso por isso. Tenho o livro do Stephen King, ‘It, A Coisa’ e também tenho o primeiro fil-

me lançado, em 1990, pelo diretor Tommy Lee Wallace. Em relação ao livro, comprei em 2015 e li uma boa parte dele, mas ao ler e ir imaginando as cenas, a imaginação crescia e consequentemente o medo também. Por isso eu não terminei o livro e não assisti ao filme. Mas ainda pretendo terminar a leitura e assistir ao filme de 1990 e ao remake que foi lançado agora no segundo semestre de 2017”, conta Marcos Fam, estudante de jornalismo da Universidade Fumec, de 25 anos. Marcos sofre de Coulrofobia, e conta que quando era criança vivenciou uma experiência desagradável envolvendo um animador de festas. “Tive essa experiência em um aniversário de uma prima mais

nova. Na festa tinha um palhaço que ficava atrás de mim. Sentia uma grande repulsa e sempre ficava preocupado se ele iria atrás de mim, fazendo com que eu ficasse mais próximo de tios ou primos. De qualquer maneira, fica claro que a Coulrofobia é indiferente à idade de quem atinge, podendo ser de crianças a idosos”. O medo de palhaços muitas vezes é levado de uma maneira leviana, e as pessoas que sofrem com essa fobia sofrem preconceito e são ridicularizadas por possuírem um medo considerado infantil por muitos. Assim como qualquer outra fobia, a Coulrofobia deve ser tratada com seriedade, e não com piadas e gozações, como acontece frequentemente.

Crédito: Divulgação

gem audiovisual em 2 oportunidades, a primeira em 1990, através de uma minissérie de 3 episódios, e recentemente, em 2017, com o filme dirigido por Andy Muschietti. Há quem diga que o Apocalipse dos Palhaços tenha sido uma ação de marketing para divulgação do novo filme. Na obra, um palhaço sobrenatural aterroriza a pequena cidade de Derry, no Maine, especialmente um grupo de 7 crianças. Pennywise é uma criatura capaz de mudar de forma, assumindo assim a aparência dos maiores medos de suas vítimas, mas, na maior parte da obra, apresenta-se como um palhaço amigável a fim de conseguir a confiança das crianças, apenas para matá-las de maneira cruel.

Samuel Leite

Cena do filme “Amusement”, que fala de uma jovem que tenta viver de um palhaço assassino


Economia • 21

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Os experientes fora do mercado

Idosos vêm enfrentando dificuldades no mercado Letícia Gontijo Vasconcelos 4º Período Países desenvolvidos, como Japão, Suíça e Austrália, têm sua expectativa de vida próxima a 80 anos, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Nesses países, envelhecer é um processo menos complicado devido à qualidade dos sistemas de saúde, tecnologia, dentre outros. Por mais que também hajam problemas com as políticas de previdência, a qualidade de vida não depende de anos de trabalho. Já no Brasil , houve um aumento na expectativa de vida para 72 anos, para as mulheres, e 79 para os homens, segundo o IBGE, vindo acompanhado de um país despreparado para a população mais longínqua e de uma reforma na Previdência. A reforma submete o brasileiro a anos de trabalho, se quiser garantir sua saúde e qualidade de vida. A população acima dos 50 está de volta ao mercado de trabalho, já que o tempo de contribuição para a aposentadoria é de 85 anos para as brasileiras e 95 para os brasileiros. Durante o tempo em que a busca por emprego foi predominantemente dos jovens, criou-se um tabu da incapacidade dos chamados “velhos”. Nesse momen-

“Depois dos 30 você se torna ‘improdutivo’ na cabeça dos executivos.” Marcely Ferreira to, em meio a situações difíceis, muitos desempregados na faixa etária dos 50 e até a da terceira idade aceitam oportunidades em qualquer área. Agora, os mesmos espaços estão disputados pelos jovens que acabam de ingressar no mercado de trabalho, que são contratados em maior número que os mais velhos, mesmo que o segundo grupo seja experiente. Esse convívio traz um clima de competição diante do seguinte contexto: os candidatos a vagas de 20 a 40 anos, aproximadamente, são mais atualizados, têm menos tempo de formação e normalmente recebem salários menores que os mais experientes. Porém, os candidatos mais velhos possuem muita experiência, já conhecem o ambiente de produção e podem comandar algumas áreas com maior desenvoltura, mas sofrem preconceito por grande parte do

mercado de trabalho. Perguntado sobre a frequência em que um idoso é qualificado para um emprego, Crislei Rodrigo, de 33 anos, sócio da agência de empregos Gente e Gestão RH – Consultoria de Recutamento, localizada na região de Belo Horizonte, afirmou que existem empresas que proucuram pessoas neste perfil. “Recrutamos tanto pessoas idosas, quanto jovens, de acordo com as exigências das empresas. Um exemplo das instituições que buscam idosos em nossa agência é o supermercado Verdemar, onde existem cargos específicos para elas”. De acordo com Crislei, estes idosos têm grandes chances de saírem empregados da agência. Ele admitiu que existem firmas com restrição de idade e que preferem pessoas mais jovens. “Depende muito do que estas empresas procuram. Quando o serviço envolve um esforço físico maior ou uma certa agilidade, como vendedor de uma grande loja, por exemplo, a exigência de contratar pessoas mais novas, é certa”. Marcely Ferreira dos Santos, 52, está desempregada há 2 anos, vivendo com o auxílio financeiro da mãe e da irmã. Por muito tempo, a entrevistada foi vendedora e sempre tinha destaque pelo seu número de vendas. Hoje, ela está com entrevista marcada num supermercado. Antes mesmo de se apresentar, já lhe avisaram sobre a preferência do estabelecimento por pessoas de até 30 anos. “Depois dos 30, você se torna ‘improdutivo’ na cabeça dos executivos” – conta Marcely. Walter de Paula Moreira, 61 anos, também fala sobre o preconceito com a idade e a exclusão da experiência dos mais velhos, trocada pela agilidade dos jovens. Ele constata que “Com expectativas de atingir metas em produção, o mercado de trabalho não acredita na capacidade de nós, os considerados ‘velhos’”. Walter trabalhou até seus 50 anos na área administrativa, como funcionário de RH, ciências contábeis, almoxarifado, entre outros setores. Após com-

pletar os 50, diferentemente de Marcely, não teve tanta dificuldade para ser contratado novamente. Porém, hoje, 11 anos depois, Moreira diz que tudo fica muito mais difícil na terceira idade. Hoje, ele trabalha como motorista em transporte universitário, graças a uma indicação. Tanto Marcely, que mesmo desempregada paga seu INSS para garantir seus direitos, quanto Walter não são aposentados porque não têm ainda o tempo suficiente. Mesmo assim, ambos pretendem trabalhar por muitos anos, depois de aposentados. A primeira pretende estar na ativa até os 65 para garantir uma qualidade de vida. Nesse momento, no país, é praticamente impossível trabalhar menos e obter uma renda que dê o direito de descansar após anos de trabalho duro.

O segundo quer se manter na ativa enquanto conseguir, por considerar a aposentadoria no Brasil uma injustiça diante da batalha dos brasileiros. Quando perguntados sobre uma possível solução para o problema, a esperança dos entrevistados está numa mudança fundamental de medidas governamentais. Além dessa mudança, Walter apresentou outro ponto de vista crucial: a necessidade do aumento de diálogo entre jovens e pessoas acima dos 50 e da terceira idade. “Havendo debates entre os jovens e nós, os mais velhos, as duas partes sairiam beneficiadas com novos conhecimentos; os nossos passados contribuiram pela experiência, enquanto os jovens ajudariam no quesito de inovações e atualidades.” – finaliza.

Foto: Letícia Gontijo

Criado por Javi indy - Freepik.com

As dificuldades enfrentadas por pessoas mais velhas que buscam emprego e tempo necessário para a aposentadoria

Walter trabalha hoje como motorista de van


22 • Ensaio

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O Belo Horizonte Fotos: Bruno Riccelli

No próximo dia 12 de dezembro, Belo Horizonte completará 120 anos. Para homenagear a capital mineira, o estudante do 4º período do curso de jornalismo, Bruno Riccelli, apresenta um ensaio fotográfico da Praça Israel Pinheiro, conhecida também como Praça do Papa, e do Parque das Mangabeiras


Ensaio • 23

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de 120 anos

Lizandra Andrade e Bruno Riccelli 4º Período Projetada para ser a nova capital, em substituição a Ouro Preto, Belo Horizonte é marcada pelo seu traçado de cidade planejada, pelo menos no seu entorno original dentro da Avenida do Contorno. Além disso, Beagá, ou Be-

lô, como também é conhecida a capital do mineiros, se destaca ainda por suas praças e paisagens naturais, como a Praça do Papa e o Parque das Mangabeiras. De acordo com o site “SOU BH”, a Praça do Papa, localizada no alto da Avenida Afonso Pena, serve como espaço de convivência e entretenimento para os belo-horizontinos. O

local atua como palco de diversos festivais e eventos culturais, além de proporcionar uma ampla vista da cidade de Belo Horizonte. Ela ficou conhecida e teve seu nome consagrado após a visita do então Papa João Paulo II à cidade, em 1980. Desde então, o local é frequentado por pessoas de diversas classes e virou parada

obrigatória para quem visita BH pela primeira vez. Localizado aos pés da Serra do Curral e projetado pelo paisagista Roberto Burle Marx, o Parque das Mangabeiras é considerado a maior reserva ambiental da capital e um dos maiores parques urbanos da America Latina. O local se destaca ainda por ser uma área de descanso, lazer

e também proporcionar aos visitantes a prática de esportes. Além disso, eles podem usufruir de recantos naturais, aproveitando para fazer um passeio com a família pelas trilhas em meio a convivência com animais silvestres que habitam a reserva. Confira também no Portal Conecta outras fotografias de Bruno Ricceli.


24 • Comportamento

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Irreverentes e divertidos, alunos do curso de Jornalismo da FUMEC conquistam espaço em baladas da Capital João Eduardo 4º Período Quando pensamos no dia a dia de um jornalista, logo nos vem à memória redações lotadas, microfones ou câmeras, pautas e uma postura séria diante dos graves problemas que surgem no cotidiano das pessoas. Mas também cabe neste universo da informação o entretenimento, que é uma área crescente nos últimos anos e tem recrutado dezenas de estudantes de comunicação que desejam se dedicar à cobertura de eventos e festas. Prova disso é o “Tô de Off”, site e página de redes sociais comandada pelos alunos da Fumec, Arthur Araújo e Luís Gustavo Miranda, ambos cursando o 6º período. A página acompanha as atividades de dois jovens repórteres em busca de aventuras nas festas mais badaladas de Belo Horizonte e Região Metropolitana. Com um toque de humor, Arthur e Luís brincam com os entrevistados e acima de tudo dão publicidade aos eventos que participam, e que, em seguida, são divulgados em forma de vídeo pelas redes sociais. Tudo começou no início de 2016, quando Arthur recebeu a sugestão de um amigo. “Eu sempre gostei de balada, trabalho no ramo de eventos há mais de quatro anos e sempre tive vontade de ir pra balada entrevistar as pessoas, mostrar como as baladas daqui de Belo Horizonte são e tudo mais. De acordo com Arthur, no inicio de 2016, ele estava com um amigo seu, Guido Santana (DJ e empresário), com quem comentou sobre a ideia de cobrir as noites de BH. Como ele produz festas aqui na cidade e tem muitos contatos, me colocou pra gravar pela primeira vez.

Nesse primeiro vídeo eu nem tinha pensado no nome Tô de Off, tinha gravado com outra dupla e não tinha planejado nada, simplesmente fui pra festa e gravei”, contou. Logo depois do início, em princípio uma brincadeira, que se tornou trabalho para Arthur, veio Luís Gustavo. “No meu segundo vídeo, o Luís Gustavo entrou junto no projeto, escolhemos o nome e planejamos melhor o vídeo (ainda assim contamos muito com o improviso, já que o que é engraçado não dá pra ser treinado antes) e conseguimos uma boa visualização no Youtube. O resto são histórias. Uma coleção de histórias”, afirmou Arthur. Luís Gustavo ajudou na construção do canal e no aperfeiçoamento das entrevistas, que são acessadas por milhares de pessoas a cada semana. Mesmo em um tom de brincadeira, os repórteres fazem questão de deixar claro o profissionalismo com que levam suas matérias. “Nos vídeos mostramos as estruturas das festas, entrevistamos as atrações e interagimos com o público. Gostamos de levar para o lado da comédia na maioria das vezes, mas somos sérios de vez em quando também. Não queremos que as pessoas achem que a gente só faz isso pra beber nas festas, entrar de graça e tudo mais. Ali, querendo ou não estamos trabalhando e nos esforçando pra que o vídeo seja engraçado e tenha um conteúdo legal”, disse Luís. O nome do blog também pode soar estranho a alguns ouvidos, mas vem de uma gíria utilizada por jovens que querem se declarar “liberados” de compromissos e livres para vivenciar novas aventuras. “Tô de off é estar livre, dizer sim para as aventuras. Tem alguma

coisa melhor do que estar de OFF? Entrar sem pagar, estar de off do stress, estar de off de todo o trabalho da semana, de todas as preocupações e etc. Estar de OFF é bom demais”, afirmou Arthur. O trabalho da cobertura de eventos é levado a sério pela dupla de repórteres, que tem contatos com inúmeros produtores de eventos, o que tem provocado o crescimento das mídias do “Tô de Off”, incluindo vídeos e posts. “Por trabalhar com eventos há um bom tempo, conheço vários produtores de festas aqui em Belo Horizonte”, disse Luís, que também falou sobre o sucesso das brincadeiras que a dupla realiza na cobertura dos eventos. “Conversamos com pessoas bêbadas na maioria das vezes, então é sempre muito engraçado. Fazemos alguns jogos como ganha beijo ou tapa na cara, disputas de beber copos de cerveja e doses de uma só vez, fazemos danças que ninguém entende”, afirmou. No ano que vem a dupla pretende aprimorar seus trabalhos e melhorar a cobertura dos eventos que participam, alcançando festas em outras cidades de Minas Gerais. “Descobrimos neste projeto o nosso sonho, e este é um projeto que talvez consigamos seguir após nos formarmos”, afirmou Luís. “Ano que vem queremos gravar em festas fora de Belo Horizonte. Ainda é só um projeto mas temos isso na cabeça. Dá vontade de pegar o carro, sair viajando pelo Brasil cobrindo as melhores festas do país. Mas como ainda não dá, a gente vai gravando por aqui mesmo. Quem sabe um dia né?”, concluiu Arthur. Para seguir o “Tô de Off” e acompanhar as melhores festas da Capital é só seguir a página no Facebook e Youtube.

Créditos: Arquivo Pessoal

Luiz Gustavo e Arthur Araújo fundadores do Tô de Off


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