Jornal O Ponto - dezembro de 2004

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02 - Opinião - Renata Quintão

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Editora e diagramadora da página: Renata Quintão

2 OPINIÃO

O PONTO Belo Horizonte – Dezembro/2004

Mídia e subjetividade Juliana Morato e Rodrigo Mascarenhas 4º período Na sociedade pós-moderna, é possível perceber que a cultura está, indiscutivelmente, associada e interligada ao sistema capitalista.Tornou-se midiatizada e mercantilizada, uma mercadoria a ser vendida.A mídia gira em torno do capitalismo, ou seja, produz objetivando lucro, e toda relação de produção de mercadorias é de exploração. Percebe-se que a maioria dos progamas são idolotros, sensacionalistas, hedonistas, propagandeiam o individualismo. Somos limitados a aceitar o que a mídia impõe e nos tornamos consumidores assíduos. Saturada de informação e serviços, a massa é conformista,flexível nas idéias e costumes,é pacata perante àquilo que é imposto. Do ponto de vista da Piscologia Social, discutir a subjetividade é fazer escolhas, sejam elas práticas ou estéticas.Escolher implica a construção do saber, além do respeito coletivo do pensar.A subjetividade é um produto cultural,ela se relaciona com o mundo. participa da história geral, integra-se ao sistema capitalista, retrata a realidade em que vivemos. Discute-se a importância do movimento constituinte,que,formado a partir de redes, prevêm a articulação entre as diversas correntes com o intuito de que es-

Nietzsche e a morte de Deus

sas compartilhem idéias e recursos. A comunicação, realizada de forma direta e objetiva, seria essa rede de transmissão de conhecimento. Para a implantação de uma sociedade democrática, direta e aperfeiçada, é preciso analisar os sitemas de representações sociais, econômicos e políticos nos quais estamos inseridos. É a partir deles que questionaremos a apropriação e mistificação do saber. É certo que a mídia e a subjetividade estão interligadas por naturezas diversas.A produção da subjetividade gera sujeitos com conteúdo e estrutura, mas ao mesmo tempo alienados e cheios de incertezas.A construção do sujeito se dá em série, com conexões ao acaso e cariações diversas.Ele é uma peça dentro de um dispositivo, uma montagem de máquinas composta de elementos heterogêneos. É preciso pensar, ter atitude e enxergar que o mundo pode ser muito melhor a partir do momento que cada um de nós começarmos a agir e lutar por uma vida mais digna e humana, justa e igualitária, ou seja, devemos acabar com a manipulação capitalista e com a persuasão negativa imposta pelso meios de comunicação, pois é isso que vem destruindo nossa nação. Nada deve parecer impossível de mudar.

Democracia se percebe nas urnas Ricardo Moreira 4º Período Em 3 de outubro as eleições municipais atingiram a maturidade desejada por muitos.A democracia se fortaleceu, sem dúvida foi um espetáculo de maturidade democrática. Os eleitores através das urnas mandaram dizer que a renovação se faz necessária. Chega de continuísmo, de falsas promessas, de desrespeito para com a sociedade brasileira, e principalmente as alianças feitas para a perpetuação dos partidos no comando do executivo, além de maioria na câmara dos vereadores. A obsessão pelo poder político, muita das vezes cega quem desse poder participa. Quando um segundo recado é deixado nas urnas pelos eleitores: ética acima de tudo, a população quer dizer que devemos passar todo o país a limpo, a começar pelas urnas, que é de onde se pode dizer o que se quer sem medo de participar de todo um processo de transformação pelo qual passa o Brasil. O recado da ética não vem desacompanhado, participam dessa ética a competência e a honestidade. Uma vez que campanhas milionárias dessa vez não garantiram aos candidatos pelos diversos partidos à eleição ou quando muito a reeleição. Os programas eleitorais propostos

pelos partidos e candidtos venderam uma bela estampa maquiada, mas o fato é que faltou discussão, faltou idéia, faltou verdade por parte de alguns candidatos que já se julgavam reeleitos. A decepção foi bem maior do que se esperava, o bom é que o eleitor demostrou sabedoria, amadurecimento e preparo sobre a sua cidade sua comunidade. É importante salientar que o Brasil está mudando, só não percebe quem não quer ver, quem não sente no dia-a-dia como algumas pessoas estão perdendo a onipotência, a onipresença e a arrogância no trato para com outras pessoas. Existe um clima de solidariedade no ar que propicia esse desinteresse da população pelo poder, mas sim pelos problemas resolvidos, pela creche do filho, pela saúde, pelo transporte, pela segurançada cidade e da comunidade. Aos eleitos e reeleitos que, por ventura, não perceberam esse recado das urnas é importante que prestem atenção, pois existe uma conspiração no ar por parte da comunidade e da mídia, um alimenta o outro com informação e participação, sobre as questões relativas a cidade e seus valores fundamentais para a sobrevivência de todos. O resgate da ética está na base dessa mudança.

Juliano Mendonça 1º Período

Indústria do pânico Daniel Gomes 3º Período A sociedade contemporânea permitiu o surgimento de mercados bizarros, como o da beleza, com cirurgias plásticas e anabolizantes, o do ensino, com cursinhos pré-vestibulares milionários e até do sexo, com prostitutas do mais alto luxo e acessórios estranhos,para dizer o mínimo.Entretanto,há um mercado em franca que não tem sido observado com o devido cuidado: o mercado do medo.A violência tem penetrado a vida do cidadão brasileiro sem pedir licença e a insegurança se tornou regra na convivência social. Dentro dessa paranóia,a sociedade tratou de se proteger como pôde, e as tecnologias têm sido desenvolvidas incessantemente em prol da segurança. Com isso, as pessoas presenciaram a instalação de câmeras, seguranças treinados, armas, casas com muros cada vez mais altos, cercas eletrificadas, cães, alarmes, travas, carros blindados, coletes a prova de bala e muitos outros aparatos. Tudo isso seria aceitável de um ponto de vista lógico, não fosse o fato de que, a cada dia que passa, a violência é mais e mais incorporada ao dia-a-dia e desconsiderada como problema social.A violência é tolerada e não mais combatida, e a tolerância exige gastos altos com segurança.O que se faz hoje não é adaptado para erradicar a violência, mas sim concebido dentro

de uma realidade violenta por natureza. Os carros já saem da fábrica com dispositivos de segurança.As casas já são projetadas pensando em uma maneira de evitar que gatunos se esgueirem para seus interiores. Os seguros de vida se encarecem conforme o investimento em segurança que o cidadão faz Até o preço dos imóveis flutua ao sabor da proximidade destes com algum grande foco de violência.O terror reina soberano no Brasil,mas em forma de guerra civil velada.Segundo o professor da Universidade da Califórnia,Barry Glassner,autor do livro “Cultura do Medo”,os principais beneficiados com essa cultura são os políticos, que se elegem sobre o discurso de erradicação da violência. Ora, no Brasil não poderia ser diferente, e os principais responsáveis pela situação vigente são Luis Inácio Lula da Silva,Aécio Neves, Fernando Pimentel, enfim os governantes do país, que prometem ações efetivas mas apenas compactuam com aquilo que estava sendo feito no passado por seus antecessores.Infelizmente a violência não pode ser combatida com discursos demagogos e sim com ações incisivas por parte dos órgãos competentes, comandados pelo alto poder executivo do país. Não se pode conviver pacificamente com a violência, e muito menos considerá-la normal.A violência é uma doença social e doença não se cura tratando os sintomas.A vacina está com aqueles que governam o país, e a responsabilidade é só deles.

Informática e a sociedade Fernanda Melo 4º Período O computador passou a ser um fator de influência nas relações humanas com a possibilidade de novos meios de pesquisa e busca através dele.Assim, passou a poder desenvolver ações utilizando programas que pudessem contribuir diretamente na maneira de organizar a sociedade. Deslocou-se a ênfase dos estudos do objeto em si, o computador, para o projeto, redes de relações humanas. Com o desenvolvimento de redes e programas cada vez mais rápidos e avançados, ampliaram-se as relações de comunicação, surgindo novos meios de se receber e passar informações.A comunicação passou a ser interativa, em tempo real. A internet, em sua amplitude e velocidade, é hoje, uma mídia universal de muito alcance. Pode-se desenvolver campanhas de enfoque e alcance mundial, e estabelecer uma rede de idéias e informações que possam influenciar o modo de pensar de várias pessoas de diferentes etnias e culturas. Apesar das modificações sofridas, a informática ainda precisa encontrar sua dimensão humana. Os usuários não podem se preocupar somente com as possibilidades de avanço das relações econômicas que o computador oferece, esquecendo das melhoras

nas relações sociais e culturais que este também pode desenvolver. Na internet podemse criar vários movimentos culturais que ampliem o pensamento humano e sua conscientização, que são as maiores armas contra a manipulação que tende a existir dentro de qualquer tipo de mídia. Através do desenvolvimento desta consciência, os movimentos interativos devem perder o seu caráter elitista e ampliar o acesso de outras camadas sociais. Em vez de se manterem presos apenas à preocupação de criar novos mercados consumidores e venderem produtos, os cientistas da computação devem se conscientizar da importância e da influência do computador na vida das pessoas. Mesmo com alguns problemas a serem discutidos, a internet ainda é a mídia onde se há maior liberdade de expressão, onde informações circulam mais livremente. Um exemplo são as diversas ongs criadas e mantidas através da internet.Várias campanhas abordando problemas presentes em nossa sociedade atual também veiculam na rede, como o anti-tabagismo, a prevenção da aids, o combate ao uso de drogas e à violência. Este fato pode ser algo construtivo mas também perigoso se o usuários deixarem sua ética de lado. É importante que não se perca esta liberdade, evitando que a manipulação tome conta da informática abafando seu poder de modificação social.

Vivemos um tempo de perda de parâmetros, de falsas verdades. Somos capazes de conhecer a verdade? De respondermos às questões cruciais da existência humana como:de onde viemos?, para onde vamos?, como tudo surgiu?.Talvez sim, talvez não. Talvez nem existam respostas! Ou talvez existam e não somos capazes de compreendê-las. O que importa é que não podemos ser tão céticos a ponto de negar alguma possibilidade, nem tão dogmáticos a ponto de ter a certeza de que haja uma verdade. Mas, sobretudo, estas questões nos exigirão rever os nossos próprios valores morais. Segundo Nietzsche, adotamos uma “moral de rebanho”, absorvendo irrefletidamente os valores dominantes da civilização cristã e burguesa.Tais valores morais,criados pelos homens, são herdados geração a geração, principalmente através das religiões, como o cristianismo e o judaísmo,que buscam responder às nossas inquietações por meio destes valores humanos como se fossem provenientes da “vontade de Deus".Todavia,esse antropomorfismo é justamente o que vem desbancar estas religiões, deixando claro que, pela escrita, foi o homem quem primeiro inventou Deus à sua imagem e semelhança, atribuindo-lhe sentimentos e valores humanos para, em seguida,tentar nos fazer acreditar no contrário. Os valores morais são dinâmicos,diferem-se no tempo e no espaço. Eles podem até, numa determinada ocasião, entrar em conflito, mas prevalecerá sempre aquele que estiver em maior consonância com os interesses das classes dominantes.Exemplo disso,temos a obra do bispo Clemente de Alexandria,“A Salvação do Homem Rico”, escrita para desfazer a idéia do Evangelho de São Lucas, que aos ricos restariam apenas o inferno e justificar as desigualdades sociais e o enriquecimento da Igreja primitiva. Em seguida, o protestantismo, atendendo aos interesses capitalistas, reconheceu o trabalho humano, antes visto como impuro,como fonte de graça divina e origem legítima da riqueza e da felicidade. A chave para nos libertar dos valores dominantes encontra-se na afirmação do niilismo nietzschiano da “morte de Deus”, que significa a recusa da crença de uma verdade moral ou da hierarquia de valores préestabelecidos. Para descobrirmos quem realmente somos, devemos extirpar de nós os valores morais que nos foram impostos pela sociedade e que, muitas vezes, defendemos com tanta veemência por acreditar que eles nos são originais. Ao buscarmos viver a “liberdade da razão”, o que nos permitirá estarmos mais próximos da nossa verdadeira essência, devemos ser fortes o bastante para derrubarmos os pilares destes valores morais aos quais nos encontramos acorrentados.

Os artigos publicados nesta página não expressam necessariamente a opinião do jornal e visam refletir as diversas tendências do pensamento

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