O novo patamar do manejo do sistema sucroenergético - OpAA70

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Opiniões

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ISSN: 2177-6504

SUCROENERGÉTICO: cana, milho, sisal, açúcar, etanol, biogás e bioeletricidade ano 18 • número 70 • Divisão C • Nov-Jan 2022

o novo patamar do manejo do sistema sucroenergético


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Plataforma Digital Multimídia da Revista Opiniões



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Acervo: CerradinhoBio


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PRODUTORES: 10. Carlos Daniel Berro Filho, Raízen 14. Cassio Manin Paggiaro, Atena 16. Ismael Perina Junior, Produtor Rural 20. Murilo Naves Ferreira, CerradinhoBio 24. José Olavo Bueno Vendramini, Tereos CIENTISTAS E ESPECIALISTAS: 28. Leila Luci Dinardo-Miranda, IAC 30. Carlos Alexandre Costa Crusciol, Unesp Gabriela Ferraz de Siqueira, AgriResult 34. Newton Macedo, Araújo & Macedo 38. Pedro Jacob Christoffoleti, PJC 44. Carlos Alberto Mathias Azania, IAC 48. Luís César Pio, Herbicat 50. Rodrigo Gomes Madeira e Daniel Petreli da Silva, Jacto 56. Godofredo Cesar Vitti, Esalq-USP 58. Valmir Barbosa, Datagro 60. Jorge Luis Donzelli, Lidera 64. Pedro Henrique de Cerqueira Luz, FZEA/USP 68. Claudimir Pedro Penatti, Penatti

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tecnologia e manejo

são decisivos para o setor

O setor sucroenergético tem sido marcado por um cenário de crescimento e transformação. Uma das principais mudanças ocorridas é o aprimoramento do manejo da cultura, que vem desenvolvendo, com o aumento da mecanização nas operações e o controle de pragas, soluções para o uso racional do solo e, ao mesmo tempo, buscando garantir uma produção mais sustentável. Nesse aspecto, a aplicação de tecnologia no campo está se mostrando fundamental para favorecer o desempenho produtivo da cana-de-açúcar, reduzir custos e minimizar o impacto ambiental das operações. Não é possível falar em manejo sem abordar o potencial tecnológico e as técnicas adotadas na prática. Para um manejo correto, é preciso respeitar as características do solo e

implantar o método mais eficiente de conservação, observando cada realidade produtiva. O importante, sobretudo, é realizar as operações com o foco na produção, sem esquecer a importância da manutenção dos recursos produtivos. Na procura por métodos de produção sustentáveis, novas práticas agrícolas surgiram. Uma das principais ferramentas é a agricultura de precisão, que pode agregar muitos benefícios ao plantio e à colheita da cana-de-açúcar. A partir da implementação da automação agrícola e do georreferenciamento, atividades realizadas no contexto da tecnologia de precisão, como aplicação de fertilizantes, irrigação e monitoramento de falhas no plantio, se tor; naram mais eficientes. w

Hoje, já existem tecnologias que fazem a distribuição de vespas predadoras nos canaviais dentro de cápsulas biodegradáveis lançadas por drones; com isso, é possível minimizar o impacto causado ao solo, ao meio ambiente e à plantação em sua totalidade. "

Carlos Daniel Berro Filho Diretor de Desenvolvimento Agronômico da Raízen

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produtores Adicional a isso, as diversas tecnologias empregadas nos maquinários agrícolas, como os computadores de bordo para monitorar e automatizar operações agrícolas e o piloto automático, ferramenta que controla a máquina e gera arquivos georreferenciados dos percursos que, posteriormente, são utilizados para aprimorar os processos de plantio e colheita, se consolidaram no setor ao apresentarem ganhos relacionados à melhoria de desempenho e de disponibilidade, assim como a redução de custos de manutenção, combustível e operação. Como resultado, a agricultura de precisão abriu caminho para a agricultura digital, que se mostra mais assertiva devido às análises de dados, ajudando, assim, na decisão e na economia do sistema produtivo. A busca por eficiência agroindustrial, bem como tecnologia, é a solução para uma matriz de processos efetiva. Nesse ponto, destaca-se também o uso da vinhaça, visto que otimiza o uso dos recursos hídricos e insumos agrícolas, e a rotação de culturas, com a alternância planejada de culturas diferentes em uma mesma área. A técnica reduz, de forma considerável, os impactos ambientais causados pela monocultura, como a degradação física, química e biológica do solo e o desenvolvimento de pragas, mitigando, por consequência, os efeitos de compactação e favorecendo a conservação. Outra solução que se destaca é o controle biológico para a regulação populacional de organismos vivos que causam danos à cultura. A solução é uma estratégia viável, eficiente, de baixo custo, especialmente para os dois tipos de pragas que mais atacam a cana-de-açúcar: a broca e a cigarrinha-das-raízes. A broca é uma das principais pragas, que, por vezes, acabam devastando canaviais inteiros. Trata-se da larva de uma mariposa que consome a parte interna da cana, formando verdadeiros túneis ao longo de toda a estrutura da planta. As formas para eliminar esse tipo de praga dos canaviais são por meio do controle químico e biológico. Hoje, já existem tecnologias que fazem a distribuição de vespas predadoras nos canaviais dentro de cápsulas biodegradáveis lançadas por drones; com isso, é possível minimizar o impacto causado ao solo, ao meio ambiente e à plantação em sua totalidade. É imprescindível, porém, avaliar se o manejo da cana está qualificado para executar um bom controle biológico, fazendo, por exemplo, o correto manejo integrado de pragas. Além disso, é preciso certificar-se de que a fertilidade e a microbiologia do solo estão adequadas.

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Opiniões Complementar a isso, a utilização de bioestimulantes na cultura da cana-de-açúcar é uma prática de manejo que pode incentivar a produtividade dos canaviais, aprimorando o desempenho da planta e permitindo obter colheitas melhores, maiores e mais rentáveis. Para isso, devem ser um complemento da manutenção fisiológica da cana, o que pode ser fundamental em condições ambientais adversas ou limitantes. Paralelamente, a adoção da mecanização, que também permitiu o aproveitamento de subprodutos da cana, indica uma modificação no manejo da cultura e adoção de práticas mais sustentáveis. Com o advento do Protocolo Etanol Mais Verde, firmado em junho de 2017 pelo governo do estado de São Paulo, Cetesb – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, Unica – União da Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo e Orplana – Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil, as vantagens associadas à mecanização ficaram ainda mais evidentes e foram ampliadas em todo o setor sucroenergético. A inovação mecânica trouxe, como resultado, a redução do tempo de execução das tarefas, diminuição e otimização da mão de obra empregada e automação dos processos. Se, na safra 2008/2009, 37,1% da colheita era mecanização, no ciclo 2020/2021, esse índice atingiu 91,6% do total de área cultivada com cana-de-açúcar no Brasil. Na região Centro-Sul, esse percentual chega a 97,8%. No contexto geral, a inserção de práticas de manejo sustentáveis tem um papel importante em todos os setores. A partir de uma atuação integrada e a utilização em agricultura de precisão, é possível identificar que os benefícios tecnológicos em campo são muitos. Acima de tudo, as soluções empregadas nos canaviais devem preservar o bem maior da agricultura, o solo. Para o futuro, podemos prever novas ferramentas, métodos e mais conhecimento sobre como aplicar a tecnologia e conectá-la à realidade da produção, de maneira cada vez mais assertiva. Dessa forma, conseguiremos disponibilizar informação qualificada e transformá-la em formas de serviços e respostas personalizadas que continuarão revolucionando o trabalho no campo e, invariavelmente, garantindo mais sustentabilidade no setor e a manutenção dos negócios. n

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o conhecimento nos alavanca

a um novo nível de conhecimento

O desenvolvimento tecnológico do setor sucroenergético, principalmente na área agrícola, experimentou, a partir da implementação do Proálcool, uma forte aceleração, contínua até os anos 2010. Instituições como Planalsucar, Copersucar/CTC, Instituto Agronômico de Campinas (IAC ) e uma série de universidades públicas e privadas pelo País investiram na pesquisa específica sobre a cultura da cana-de-açúcar. Temas como variedades de cana-de-açúcar, uso e conservação dos solos, nutrição de plantas e fertilidade dos solos, pragas e doenças, fisiologia, máquinas e implementos, logística, controle de plantas daninhas, sistematização dos terrenos, irrigação, colheita e transporte da cana, entre outros, foram estudados por meio de levantamento de dados, transformando-se em informações e conhecimento para o setor.

Tradicionalmente, trabalhamos com a visão de 'gasto' e, em menor intensidade, com a visão de custo. Quando da necessidade de ajustes orçamentários, cortavam-se até investimentos básicos para a lavoura. Como nem todo gasto é custo, acertava-se o gasto com subsequente aumento de custo. "

Cassio Manin Paggiaro Superintendente da Atena Açúcar e Etanol

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Esse conhecimento adquirido passou, à medida do tempo, a ser cada vez mais utilizado, principalmente em atividades ou processos mais específicos, ou seja, por atividade. Passou-se por momentos da adubação, dos espaçamentos entre linhas de cana, do cultivo mínimo, dos maturadores químicos, do uso dos subprodutos das fabricações do açúcar e etanol, da sistematização dos terrenos, do “abuso” no uso de uma única variedade de cana, enfim, do método despalhador para a realização da colheita sem o uso do fogo. Esse último acontece em um momento de forte desaceleração da pesquisa e do desenvolvimento científico feito pelas instituições credenciadas, que passam a ser realizados, de maneira mais empírica, pelos próprios produtores. Todo o conhecimento adquirido até então baseava-se no manejo de cana queimada.


Opiniões Do início do Proálcool até a década de 1990, o setor sucroenergético obteve grandes avanços na produtividade, na produção e na qualidade da cana-de-açúcar, aproveitando-se dos resultados advindos das pesquisas construídas durante esse período, processo interrompido principalmente a partir dos anos 2000, com os desmanches e ou as desacelerações de institutos que trabalhavam especificamente com o setor sucroenergético. Neste momento, passamos pelo boom dos greenfields, acreditando que o etanol se tornaria uma verdadeira commodity, com expansões feitas em regiões não tradicionais da cultura da cana-de-açúcar, sem conhecimento técnico-científico apropriado para suportar os resultados anteriormente conseguidos, ainda mais sob o manejo da colheita totalmente mecanizada da cana, sem utilização do fogo como método despalhador, situação de pouco conhecimento científico em relação à palha deixada sobre o solo. A tão esperada situação privilegiada do etanol no mundo não aconteceu naquele momento, e, juntando-se a isso, a depreciação dos preços do açúcar por um período além do que a história demonstrava como ciclos de alta e baixa, somada à perda ou à estagnação da produtividade agrícola pela maioria das empresas, mergulhou o setor em grande crise, culminando com muitos pedidos de recuperações judiciais (RJ) de um lado e aquisições com consolidações de outro lado. Tradicionalmente, o setor sucroenergético trabalhou com a visão de “gasto” e, em menor intensidade, com a visão de custo. Nesse sentido, quando da necessidade de ajustes orçamentários, cortavam-se até investimentos básicos para a lavoura. Como nem todo gasto é custo, acertava-se o gasto com subsequente aumento de custo. Paralelamente à cultura da cana-de-açúcar, presenciava-se todo crescimento apresentado pelas culturas de grãos, mais especificamente soja e milho, que, independentemente das expansões territoriais de cultivo, mostravam grande aumento na produtividade agrícola. Apesar das diferenças entre cultura anual versus cultura semiperene, da área territorial explorada entre as culturas, determinando o nível de investimento em pesquisa e desenvolvimento, por que a cana-de-açúcar não poderia experimentar um novo ciclo de crescimento em produtividade agrícola?

A conscientização de que a utilização do conhecimento científico adquirido e de investimentos crescentes em tecnologia e recursos humanos foi determinante para a virada de chave na retomada da área agrícola do setor sucroenergético pode ser constatada nos últimos anos. Certamente, o fator responsável por essa virada se chama manejo agrícola. Deixou-se de utilizar pontualmente, ou isoladamente, tecnologias desenvolvidas e passou-se a integrá-las dentro de um manejo lógico, cronológico em relação aos pré-requisitos e integrado. A utilização dos mesmos insumos em relação à época do plantio, o tipo de conservação do solo em topografias diferentes, a mesma variedade de cana colhida em épocas distintas, a utilização de herbicidas generalizados para diferentes situações são exemplos de possíveis destruições de tecnologias desenvolvidas por utilização de um manejo incorreto. Apesar da diminuição dos investimentos na pesquisa e no desenvolvimento, o setor sucroenergético soube resgatar todo o conhecimento adquirido, integrando-o e adequando-o nas diferentes situações de solo, clima e topografia, consciente de que a produtividade e, consequentemente, a produção da cana são fundamentais para a sobrevivência do setor. Hoje, por meio do manejo, aplicam-se tecnologias em todas as fases de desenvolvimento da cultura, buscando-se aproveitar toda oportunidade de crescimento da planta. Antes, após o plantio ou o trato cultural da cana-soca, dizia-se que “pronto, agora é só colher no próximo ano”. A tecnologia via satélite contribuiu e contribui cada vez mais para a implementação de um manejo adequado da cultura da cana-de-açúcar, por meio da possibilidade da atuação on-line e específica, utilizando-se de tecnologias, como GPS no mapeamento das linhas de plantio e orientação do tráfego das máquinas nos talhões, NDVI localizando variabilidades de massa verde para identificação das causas e correções pontuais, previsões climáticas para projeção de operações, além do acompanhamento, em tempo real, de todas as operações. A resiliência do setor sucroenergético foi fundamental para a volta da produtividade agrícola, aproveitando todo o conhecimento adquirido e transformando-o em ação, ou seja, no novo patamar do manejo. Sim, aquele ditado que “se não se aprende no amor, aprende-se na dor” foi aqui praticado. n

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vivendo e aprendendo! Ao começar escrever este artigo e me deparar com o tema proposto, de “novo patamar”, gostaria de colocar alguns pontos para reflexão de todos que tiverem a oportunidade de lê-lo. Vivemos momentos bastante diferentes do que o presenciado até agora, pelo menos em minha área de produção. Há mais de quarenta anos me dedicando a essa atividade, tive a oportunidade de presenciar a maior seca em todo esse período (672 mm de chuva durante o ano agrícola de 01/07/2020 a 30/06/2021), sendo que as chuvas já ocorreram bem abaixo da média durante o primeiro semestre de 2020 e também com praticamente nada de chuva até outubro de 2021. Realmente algo inusitado, e lembrando também que, a partir do final de junho, fomos surpreendidos com três geadas, coisas não corriqueiras, que provocaram danos nas canas a serem colhidas e nas canas já brotadas, além de, também, provocar grandes estragos nas canas plantadas nos meses de fevereiro/ abril de 2021.

Resumindo, condições extremamente adversas para o cultivo de cana-de-açúcar, o que foi muito impactante nesta safra e, certamente, também será para a próxima 2022/2023. Sempre tive como métrica, ao longo de todos esses anos, que era muito difícil uma quebra de produtividade superior a 15% de uma safra para outra, pois o histórico de todo esse tempo nunca ultrapassou esse índice. Pois, então, para minha surpresa, experimentei uma quebra de 21% em relação ao meu histórico de produtividade, coisa que, até então, julgava como impossível. E, pior, como a seca perdurou por um longo período, provocou a morte de muitas soqueiras, fazendo com que aumentasse bastante minha área a ser reformada, em um momento onde os aumentos de custos são generalizados em praticamente todos os insumos, máquinas e peças, com altas muito expressivas. Embora os preços de cana-de-açúcar tenham tido alta relevante nesta safra, acredito que não sejam suficientes para suportar as altas dos insumos, lembrando que também o óleo diesel teve aumentos expressivos. Mas, enfim, é hora de colocar todo o aprendizado em prática para minimizarmos os ; efeitos desse desequilíbrio.

Já assistimos a esse filme, e os danos são irreversíveis. Uma forma de minimizarmos esse risco é passar a formação de canaviais através do sistema 'meiosi', pois as linhas 'mães' são plantadas em julho/agosto, quando o risco é bem reduzido." Ismael Perina Junior Produtor Rural

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produtores Estamos assistindo a uma verdadeira avalanche no que diz respeito a novos produtos e que realmente têm se mostrado efetivos nos ganhos de produtividade. Quando falamos em “novo patamar”, temos que considerar tudo para tentar tirar o melhor desses produtos. Certamente, testes in loco ajudarão bastante na definição do que deverá ser utilizado, além de trabalhos científicos realizados que nos indiquem os melhores na relação custo/benefício. Independente do uso de novos e velhos insumos, um ponto que gostaria de destacar e entendo ser de vital importância diz respeito à formação de novos canaviais. Temos assistido, ainda, a alguns produtores não dando a devida atenção à qualidade e à sanidade das mudas, e, sem sombra de dúvida, essa é a grande base para o nosso sucesso. Principalmente em um ano como este, em que as geadas foram responsáveis pela destruição de muitas áreas que serviriam como viveiros, certamente caímos na tentação de plantarmos o que temos, ou seja, qualquer coisa. Já assistimos a esse filme, e os danos são irreversíveis. Uma forma de minimizarmos esse risco é passar a formação de canaviais através do sistema “meiosi”, pois as linhas “mães” são plantadas em julho/agosto, quando o risco é bem reduzido. Além disso, temos enormes ganhos de qualidade e sanidade, somando-se a isso considerável redução nos custos de plantio. Neste ano, certamente em muitas regiões, os efeitos da seca, como falamos, foram grandes, e aumentará a área a ser reformada neste ano e no ano que vem, ficando aqui a dica da necessidade de se programar para que se tenham as mudas de cana na hora certa e também as variedades previamente escolhidas. Outra alternativa, caso se utilize de mudas pré-brotadas (MPB), é a formação de viveiros no sistema de “cantose”, ou seja, áreas plantadas próximas às áreas a serem reformadas, que melhoram, e muito, a qualidade e a sanidade das mudas e, por serem colmos mais jovens, germinam muito melhor. Numa situação como esta, em que vivemos de alta de insumos, é tendência natural da maioria dos produtores encolher o uso de insumos, prejudicando, e muito, o desenvolvimento das plantas. Como já passamos por algumas experiências dessa natureza, não aconselho essa prática, e sim buscar alternativas que minimizem um pouco os custos, sem comprometimento dos futuros resultados.

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Talvez isso seja muito importante para atravessarmos esta fase, que é crítica, o que não nos dá o conforto para deixarmos de pensar no futuro e melhorarmos o patamar em que nos encontramos hoje. Infelizmente, se analisarmos friamente, no contexto atual, a cana-de-açúcar é das poucas culturas onde a produtividade não vem respondendo ao grande avanço tecnológico que tivemos nesses últimos anos, sendo que, em inúmeros casos, a produtividade é menor do que foi tempos atrás, e essa situação necessita de reversão urgente. A qualidade dos insumos e a sua diversidade aumentaram consideravelmente, e eles precisam ser aplicados de maneira mais tecnológica, usando-se máquinas e equipamentos já disponíveis, com alta performance e precisão, para que tenhamos sucesso. Claro que, talvez, não tenhamos capacidade de investimento no curto prazo, mas é preciso iniciar o processo. Temos assistido a muitos produtores se utilizando de alta tecnologia e conseguindo índices médios de produtividade, acima dos três dígitos, e é isso a ser buscado. Esse pessoal tem realizado várias lives, dando dicas de como melhoraram, e isso pode ser importante para iniciar os trabalhos de mudança. Lembrando que não devemos esperar resultados diferentes se continuamos fazendo as coisas do mesmo jeito. Um ponto que vejo com bastante preocupação, também, diz respeito à colheita, na qual, em muitos casos, não utilizam toda a tecnologia existente hoje, sendo duas coisas básicas: os pilotos automáticos e os copiadores de solo. Sem isso, podemos ter certeza de que o número de soqueiras pisoteadas e arrancadas, ano após anos, é grande colaborador da perda de produtividade. Costumo dizer que pisar nas soqueiras é “pecado mortal”, pois os danos serão sentidos em toda a vida do canavial. Temos ainda muitas melhorias que precisam ser aplicadas, e, para isso acontecer, o acompanhamento das lavouras é fundamental. Vários técnicos que estão escrevendo artigos nesta edição certamente passarão informações importantes, que deverão ser avaliadas por nós produtores e implementadas de acordo com a capacidade de cada um, fazendo com que a cana-de-açúcar volte a ter seu protagonismo em produtividade, como temos assistido à soja, ao milho, ao algodão e a vários outros produtos. O espaço é grande, e temos que fazer a nossa parte, sob pena de não conseguirmos suportar os custos que atualmente vivenciamos. Ao trabalho, que essa tarefa é nossa. n


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FASES DO DESENVOLVIMENTO DA CANA-DE-AÇÚCAR E AMENDOIM NO SISTEMA DE MEIOSI

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um avanço no manejo passa pelo

desenvolvimento das pessoas Vivemos um momento de grandes contrastes. De um lado, temos importantes avanços tecnológicos, o desenvolvimento de novas soluções para problemas novos e antigos, o espantoso crescimento do empreendedorismo, com a multiplicação de startups, especialmente as agrotechs e fintechs, o surgimento de grandes hubs de inovação e o apetite de grandes investidores neste novo modelo de negócio. Por outro lado, temos a variação e o risco climático, cenários políticos e econômicos instáveis, pandemias, agendas e pactos ambientais que figuram entre os principais fatores que, direta ou indiretamente, exercem pressão sobre o preço de insumos e commodities, impactando os custos de produção do setor. Embora o cenário seja desafiador, as boas e já consagradas práticas permanecem indispensáveis e relevantes em todos os processos e aspectos do manejo sucroenergético; podemos enumerar: projetos de sistematização de áreas

de plantio com o máximo aproveitamento da área de produção; eficiência operacional e conservação de solos; sondagem e mapeamento da fertilidade dos solos, com amostragem e recomendação de correção adequados, aplicados à taxa variável com uso de equipamentos de precisão; determinação dos ambientes de produção e zonas de manejos para correta alocação varietal; plantio sem falhas, com tratamento de toletes e adubação no sulco; canteirização, com determinação das zonas de tráfego e compactação, reduzindo pisoteio de soqueiras nas operações de CT; adubação suplementar com corretivos e composto; domínio da curva de maturação, com planejamento de colheita e manejo de maturadores; rotação de culturas entre os ciclos de produção; monitoramento e controle de pragas aéreas e de solo; monitoramento e controle de plantas invasoras; controle sistemático da qualidade de todos os processos, com indicadores e metas claramente definidos; investigação de causas e efeitos e definição de plano de ação sobre desvios. Essas e outras práticas têm garantido resultados surpreendentes, mas estão longe de ser a última fronteira, há espaço para opor; tunidades, como veremos em seguida.

Não importa quão boa seja uma ferramenta ou quão avançada a tecnologia, se não houver alguém preparado para extrair o máximo potencial do valor que elas vêm proporcionar. " Murilo Naves Ferreira Gerente de Excelência Operacional da CerradinhoBio

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produtores A tecnologia é, sem dúvida, a nossa maior aliada no enfrentamento desses novos desafios, permitindo a otimização de recursos cada vez mais escassos e caros. A maior disponibilidade, a custos acessíveis, de imagens de sensores remotos em média e altas resoluções, o acesso aos sensores embarcados em RPAS (drones) e os recentes avanços nas tecnologias de processamento, algoritmos de inteligência artificial e aprendizagem de máquina aplicados às milhares de variáveis tão dinâmicas dos processos agrícolas têm sido os responsáveis pelo surgimento de inúmeras plataformas tecnológicas que fazem mais que monitorar, fornecem, em tempo quase real, diagnósticos precisos da saúde de nossas lavouras, dando celeridade à tomada de decisão e possibilitando a intervenção no problema. Tais ferramentas nos auxiliam no monitoramento de processos erosivos, controle sobre passivos ambientais, como desmatamento irregular, e quantificação do impacto de eventos climáticos adversos, como geadas e secas. Em relação ao risco climático, há ferramentas importantes que também vale ressaltar: estações meteorológicas inteligentes e conectadas, que nos permitem refinar o entendimento do microclima regional, monitorando temperatura, umidade e velocidade dos ventos, garantindo o melhor momento da aplicação aérea, entrada de pulverizadores terrestres, da adubação, fornecendo ainda insumo para os sistemas preditores de incidência de pragas, permitindo efetividade na alocação dos recursos disponíveis, nos locais e momentos certos. Ainda sobre o controle de pragas, não poderíamos deixar de citar as armadilhas inteligentes, que não só nos permitem mapear e mensurar a distribuição de pragas, como também o seu estágio de desenvolvimento, com grande velocidade e confiabilidade; os sensores NIR portáteis, que nos propiciam o mapeamento da distribuição do ATR, dando maior velocidade na amostragem e clareza sobre a curva de maturação do canavial, otimizando a colheita. Uma outra frente tecnológica que tem avançado significativamente e impactado nosso manejo está relacionada ao desenvolvimento de variedades de cana resistentes à seca, o desenvolvimento de novos produtos bioestimulantes, biofertilizantes e defensivos biológicos, que estão na vanguarda em relação às transformações que vêm ocorrendo no mundo, principalmente no que tange ao aumento das restrições no uso de fertilizantes nitrogenados e defensivos.

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Opiniões Não importa quão boa seja uma ferramenta ou quão avançada a tecnologia, se não houver alguém preparado para extrair o máximo potencial do valor que elas vêm proporcionar. É por isso que acreditamos que um avanço consistente no manejo e na gestão dos processos sucroenergéticos passa, necessariamente, pelo desenvolvimento das pessoas. Investimos na capacitação e estimulamos o olhar crítico e analítico, o senso de urgência, a melhoria contínua, por meio da formação em metodologias Lean Six Sigma e programas como o Alta Produtividade Agroindustrial, que permitem o compartilhamento intersetorial de projetos e ações de melhoria, focados essencialmente em produtividade, eficiência, redução de custo, mitigação de riscos, saúde, segurança, meio ambiente, diversidade e inclusão social. Ainda na linha de desenvolvimento interno, formamos comitês com agendas importantes, coordenados pela área de Excelência Operacional, que estimula iniciativas e acompanha os indicadores e entregas de projetos relacionados à implementação de novas tecnologias, benchmarking, agenda ESG, gestão da rotina e melhoria contínua, fomentando a coparticipação entre áreas, uma visão integradora entre os processos de gestão e a disseminação da cultura de inovação. A agenda ESG – ambiental, social e governança corporativa –, que busca, dentre outras coisas, neutralidade de CO2 nos processos agrícolas e industriais, respeito à diversidade, representatividade e colaboração social e transparência na governança corporativa, é também uma das norteadoras de projetos e iniciativas de energia renovável, como a produção de biogás a partir de resíduos industriais, resíduos esses comumente utilizados na compostagem e fertirrigação. Esse biogás surge como potencial substituidor de combustíveis fósseis, como o diesel. Somos renováveis desde o berço, produzimos energia de baixo carbono, mas há espaço para a reavaliação de processos e produtos, bem como a adoção de critérios cada vez mais restritivos na seleção dos nossos parceiros em toda a nossa cadeia de suprimentos, buscando atender a mercados cada vez mais exigentes. Portanto o novo manejo, ou o manejo que nos alça a novos patamares, é aquele que concilia os fundamentos e boas práticas aos novos recursos tecnológicos, pessoas capacitadas e comprometidas com a melhoria contínua, modelos de gestão aplicados a uma visão integrada de processos, além de uma visão compartilhada dos objetivos e metas, sem se descolar da realidade econômica, social e ambiental presente. n


“Ser produtor é trabalhar com amor mesmo diante de todos os riscos envolvidos. Riscos climáticos, de pragas e doenças ou riscos de mercado e ter em troca a satisfação de alcançar nosso maior objetivo, alimentar o mundo.”

ISSO É PRODUTOR. ISSO É DETERMINAÇÃO.

ISSO É STOLLER.

Silvio de Castro Cunha Júnior Campo Florido/MG

Para saber mais e prestigiar os produtores protagonistas da campanha, acesse:


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produtores

administrando a volatilidade, a incerteza, a complexidade e a ambiguidade do nosso setor Para o setor sucroenergético, é muito claro que a mudança é um dos únicos fatores constantes – e essa mudança possui impacto direto no nosso patamar de manejo. A cana-de-açúcar está inserida em um contexto de produção em que observamos uma grande interação e interdependência, com fatores externos e internos, nos colocando em uma constante necessidade de adaptação e resolução de desafios, reforçando quão dinâmica é a necessidade de atualização de nosso manejo. A dinâmica e a interação entre ambiente externo e interno acabam por colocar uma série de fatores, como vetores de mudança na maneira como produzimos cana. Um exemplo foi a necessidade de reinvenção do setor devido à mecanização na década de 1990, uma mudança que ainda se faz presente com um desafio constante. Além da mecanização já citada, podemos listar uma série de outros importantes vetores de mudança e definição do novo patamar de manejo, como o cenário climático, escopo de sustentabilidade, dinâmica de pragas e doenças, atualização do manejo nutricional, incertezas relacionadas ao mercado global de fertilizantes, manejo varietal com um novo contexto de ferramentas de biotecnologia, entre outros. É clara a relação entre o clima e o resultado agronômico dos canaviais, onde vemos o impacto negativo dos baixos volumes e a distribuição irregular de chuvas na nossa produtividade, colocando o clima como um importante fator na definição do manejo.

A dinâmica e a interação entre ambiente externo e interno acabam por colocar uma série de fatores, como vetores de mudança na maneira como produzimos cana. "

José Olavo Bueno Vendramini Gerente de Desenvolvimento e Tecnologia Agrícola da Tereos

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Assim, é fundamental incluir práticas que permitam um adequado desenvolvimento do sistema radicular, possibilitando que as raízes explorem um maior volume de solo, absorvendo mais água e mitigando os efeitos da seca. Nesse contexto de manejo, destacam-se práticas como o preparo de solo com uma adequada subsolagem e preparo profundo e a correção do perfil. Essas práticas, em teoria, são corriqueiras, mas necessitam de acompanhamento de qualidade para garantir que sejam executadas dentro das recomendações técnicas e operacionais, reforçando ainda mais a importância da qualidade nesses processos, uma vez que as premissas de preparo de solo também irão interferir diretamente na capacidade de armazenamento de água do solo e devem eliminar o risco de erosão.


Opiniões Ainda dentro do fator clima, temos eventos extremos, como o caso de geadas, em que é necessário adequar nosso manejo de colheita para minimizar os danos à cana, como matéria-prima para processos industriais, e melhorar a brotação de soqueiras, com práticas de roçagem e manejo nutricional com nutrientes, aminoácidos e carbono orgânico, visando diminuir os impactos desse estresse. A utilização de vinhaça localizada – por meio de um sistema de aplicação com alto grau controle e automação – também se apresenta com uma nova estratégia de manejo, que permite a aplicação de lâminas com um benefício hídrico considerável. Esse manejo reforça, ainda, o ponto de vista de sustentabilidade, no qual temos um adequado uso da vinhaça, eliminando qualquer tipo de passivo ambiente, e o apelo agronômico, em que a vinhaça se torna um driver do manejo nutricional através do seu aporte orgânico de potássio e a complementação com formulados à base de nitrogênio e fósforo, além de ser também um driver do manejo de pragas, pela aplicação associada de inseticidas, com alta precisão, devido ao seu sistema de controle, permitindo uma aplicação em taxa variável. No caso da vinhaça localizada, é possível se verificar que,

dado o novo manejo, o que anteriormente era um problema a ser solucionado se transformou numa oportunidade de redução de custos, ganhos agronômicos associados à tecnologia e sustentabilidade. A componente varietal tem um grande papel no resultado agrícola. Vemos que novos materiais, mais modernos e adequados ao novo contexto de produção, se mostram mais apropriados. E, hoje, temos as novas ferramentas de biotecnologia – os materiais transgênicos se mostram como mais um item do novo patamar de manejo, o que cria a necessidade de análise técnica e compreensão do potencial dessas ferramentas. A cada dia, é mais relevante se considerar a volatilidade, a incerteza, a complexidade e a ambiguidade do nosso setor e do mundo como um todo. Citando apenas como exemplos o cenário climático, o mercado de insumos e as premissas de sustentabilidade, já conseguimos destacar a importância das pessoas e o desenvolvimento delas por meio de orientação e capacitação. Cada vez mais, transversalidade e conexão serão fatores essenciais para a adequação ao novo patamar do manejo do sistema sucroenergético em grandes players desse setor. n

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Aqui não tem Agora também para adensamento de 4 ruas em espaçamento alternado.

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milagre, tem tecnologia ! O que pode ser mais agradável para um produtor do que ouvir a seguinte frase: " Você pode dobrar a sua produção e baixar seus custos pela metade " Essa é a solução ideal para áreas com produtividade abaixo de 60 toneladas por hectare. A lógica é muito simples. A operação é aplicada em ruas alternadas. O equipamento faz o corte da cana de ambas as ruas e empurra a cana cortada para as duas ruas laterais. O trabalho a ser feito pela colhedora passa a ser: cortar da rua que ainda está de pé e recolher, na mesma operação, a cana já cortada pelo equipamento CORT-I-CANA, que recebeu o apelido muito próprio de "engordador de rua".

🔊

Esta operação reduz o trabalho da colhedora pela metade, colocando o dobro da cana no elevador. Outra vantagem: para fazer o posicionamento de retorno, a colhedora passa a ter um raio de curva 3 vezes maior, reduzindo o número de manobras, o tempo, a complexidade dos movimentos e o pisoteio. Em função da sua produtividade, um "engordador " atende a duas colheitaderas. Assim, seu uso dobra ou triplica a massa de cana colhida. O CORT-I-CANA, copia o relevo do solo – independente da ação do operador – permitindo corte bem rasos, e auxilia na abertura de aceiros de colheita evitando o esmagamento da cana. O TCH limite para adensamento passa a depender da capabilidade da colhedora, pois a mesma passará a enfrentar um canavial com TCH dobrado. O uso de tratores com piloto automático facilitará sobremaneira a operação em áreas georeferenciadas. Temos agora também uma opção para o adensamento de 4 ruas em espaço alternado. O que você acha da ideia de ligar agora para a FCN e pedir uma visita? Se desejar se adiantar, solicite o envio de uma Planilha de Pay-back pelo e-mail Felix@fcntecnologia.com.br. Agora, aperte o botão do Play da página ao lado e assista ao vídeo que mostra a CORT-I-CANA em ação. Aguardamos seu contato.


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cientistas e especialistas

a questão das pragas e dos nematoides em canaviais O setor sucroenergético passou por uma mudança profunda no final dos anos 1990 e na primeira década dos anos 2000, quando a colheita de cana manual queimada foi substituída pela colheita mecanizada de cana crua. A ausência do fogo e a presença da palha alteraram completamente a ocorrência e a importância das diversas espécies de pragas; o status de algumas delas, como cigarrinha-das-raízes, foi profunda e rapidamente alterado; para outras, como broca comum e Sphenophorus levis, o processo não foi tão nítido de imediato, mas foi igualmente marcante. É bem verdade que, no caso da broca comum, a cana crua não foi a única responsável por torná-la ainda mais relevante do que era nas décadas anteriores. O uso de variedades mais suscetíveis, a expansão da cultura para regiões mais secas e quentes, entre outros fatores, contribuíram significativamente para incrementar suas populações e, consequentemente, seus danos. Por outro lado, S. levis, que até final dos anos 1990 estava restrita à região de Piracicaba-SP, foi levada para outras regiões por meio de mudas retiradas de locais enfestados; a cana crua somente forneceu condições de umidade (mais elevada) e temperatura do solo (mais amena) mais favoráveis ao crescimento populacional da praga. Assim, um inseto bastante longevo e naturalmente resistente às condições adversas foi favorecido por melhores condições para sua sobrevivência.

Se algumas outras pragas, como Migdolus fryanus, e os nematoides foram, ao que parece, pouco influenciados pela colheita de cana crua, a seca intensa e prolongada, nos últimos dois anos, associada às ondas de geada em muitas regiões em 2021, provocou outra mudança no status quo das pragas e dos nematoides, menos por beneficiá-los diretamente e mais por prejudicar sensivelmente as plantas. Vale ressaltar que, nos campos secos, pela falta de chuvas e pelas geadas, os focos de incêndio foram assustadoramente altos em 2021, consumindo tanto canaviais em pé como os já colhidos, além, infelizmente, de imensas áreas de plantas nativas. Devido a essas condições, mesmo os canaviais colhidos em começo de safra estão com porte reduzido, porque pouco cresceram ou, quando cresceram, porque foram “queimados” pela geada e tiveram que reiniciar o perfilhamento e o crescimento. Embora a seca e o fogo possam ter contribuído para reduzir as populações de S. levis, mesmo que só levemente, já que larvas, pupas e, muitas vezes, adultos estão protegidos no interior dos rizomas, as soqueiras, ressequidas por dois anos de chuvas escassas e muita geada, pouco responderam ao controle químico ou biológico da praga, por estarem severamente debilitadas. Em relação à broca comum, à cigarrinha-das-raízes e aos nematoides, cujas populações devem aumentar com o início das chuvas da primavera/verão 2021/2022, os danos tendem a ser mais acentuados do que em anos anteriores, devido ao porte reduzido das plantas na maioria dos canaviais.

O setor sucroenergético passou por uma mudança profunda no final dos anos 1990 e na primeira década dos anos 2000, quando a colheita de cana manual queimada foi substituída pela colheita mecanizada de cana crua. "

Leila Luci Dinardo-Miranda Pesquisadora do Centro de Cana do Instituto Agronômico

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Opiniões É fato que as populações de broca foram reduzidas durante o período seco, porque a baixa umidade causa alta mortalidade de ovos, mas, com a entrada do período chuvoso, a tendência é de recomposição rápida das populações, pois a capacidade reprodutiva da praga é elevada; nesse contexto, é imprescindível proceder ao monitoramento das populações e à adoção das medidas de controle, assim que necessárias, com o intuito de proteger os entrenós basais, já que as galerias feitas pela broca nesses entrenós prejudicam o transporte de água e nutrientes para as folhas, onde ocorre a fotossíntese, bem como o acúmulo dos fotossintetizados. A seca em si pouco afetou as populações de cigarrinha-das-raízes, que, nessa época do ano, sobrevive no estágio de ovos em diapausa, resistentes à falta de água no solo; o fogo, no entanto, matou os ovos colocados mais superficialmente no solo, embora aqueles ovipositados nas camadas mais profundas não tenham sido afetados. O efeito mais significativo do fogo se dará pela ausência da palha: devido a ela, haverá maior perda de água pelo solo por evaporação, o que deve prejudicar o crescimento populacional da cigarrinha no início do período chuvoso; essa restrição, entretanto, tenderá a desaparecer com o estabelecimento regular das chuvas. Assim, embora as condições das áreas queimadas possam ser mais restritivas para o desenvolvimento inicial da cigarrinha-das-raízes, será preciso redobrar os cuidados no manejo, por dois motivos: assim como a broca, a cigarrinha tem alta capacidade reprodutiva, e suas populações podem aumentar rapidamente, e porque a maioria dos canaviais estarão com porte reduzido, sendo, portanto, sujeitos a danos mais significativos, uma vez que os danos sofridos pelas plantas são inversamente proporcionais ao seu porte por ocasião do ataque. A mesma reflexão vale para os nematoides: as populações de nematoides normalmente se reduzem no período seco do ano, porque eles são altamente dependentes de umidade no solo e porque são parasitos obrigatórios, precisando de raízes para sobreviver; como as plantas perdem raízes na época seca do ano, as populações de nematoides diminuem. Com a entrada do período chuvoso, entretanto, as suas populações tendem a crescer rapidamente e poderão causar severos danos aos canaviais, pois quanto menores as plantas, menos tolerantes são aos nematoides, sofrendo maiores danos. As condições climáticas adversas dos últimos anos acentuaram os danos causados pelas

pragas e nematoides e revelaram a dificuldade de controle de muitas delas. Com isso, ficou ainda mais evidente que o manejo de áreas infestadas não pode ser baseado somente no uso de inseticidas/nematicidas químicos. Embora tais produtos sejam imprescindíveis para reduzir as populações de pragas e de nematoides, em muitas situações, são insuficientes para resolver o problema. É preciso inserir outras medidas num amplo programa de manejo. Áreas de reforma deveriam, sempre que possível, passar por rotação de culturas, com plantio de soja, amendoim ou crotalárias; são amplamente conhecidos os benefícios da rotação sobre a qualidade do solo, a dinâmica das populações de pragas, doenças e plantas daninhas, resultando em maior sustentabilidade da produtividade agrícola. O uso de matéria orgânica, como torta de filtro pura ou em compostagem com vinhaça e nutrientes, também deveria ser prática adotada em plantio e soqueiras; o efeito dessa medida sobre as pragas e nematoides é nulo, mas a melhoria do ambiente para as plantas é evidente, e, com isso, elas tendem a suportar melhor o seu ataque. A associação de inseticidas/nematicidas químicos e biológicos é outra ferramenta que pode se mostrar vantajosa, pois pode haver menor interferência em toda a entomofauna do canavial. No caso específico de S. levis, o manejo de áreas infestadas deve ser iniciado na definição das áreas de reforma, que, sempre que possível, devem receber o último corte no início da safra, para que possam ser erradicadas com eliminador mecânico de soqueira e deixadas em vazio sanitário por pelo menos 6 meses, para que as populações de S. levis sejam significativamente reduzidas. Parece incongruente sugerir destruição mecânica da soqueira e pregar por medidas mais sustentáveis. No entanto, como qualquer praga de solo, o controle de S. levis é difícil, pois a praga passa grande parte de sua vida protegida nos rizomas. Assim, o não uso de erradicador de soqueira exigirá vazio sanitário bem mais longo do que os 6 meses preconizado para quem o usa, talvez um ano ou dois... Enfim, é preciso investir na recuperação dos ambientes de produção, dando às plantas condições para melhor resistirem ao ataque de pragas e de nematoides, suportando melhor seus danos. Isso significa que é preciso adotar medidas de manejo que levem a cultura da cana-de-açúcar a um novo patamar, ainda mais sustentável do ponto de vista ambiental. n

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cientistas e especialistas

novas tecnologias para a mitigação de

estresses abióticos em cana

Um dos maiores desafios encontrados pelo setor sucroenergético brasileiro, nos últimos anos, é lidar com as condições climáticas estressantes para a cana-de-açúcar, como geadas, temperaturas desfavoráveis para o desenvolvimento, abaixo de 15°C e acima de 35°C, estresse hídrico, problemas que limitam a produção vegetal. Devido à expansão da cultura para regiões com condições climáticas mais limitantes ao cultivo, com precipitação irregular durante a estação chuvosa ou ocorrência de geadas e seca prolongada entre maio e outubro, esses problemas afetam negativamente grande parte das áreas de cultivo de cana-de-açúcar.

Sob condições ambientais de baixa disponibilidade hídrica, como consequência, existe aumento do processo de fotorrespiração, o que leva ao consumo excessivo de reserva metabólica, que poderia ser utilizada para conversão da fotossíntese em açúcar. Nesse contexto, ocorrem problemas diretos, de ordem qualitativa e quantitativa, e a matéria-prima perde características desejáveis para o melhor rendimento industrial, como aumento nos teores de açúcar invertido e de gomas e perda de peso total em decorrência da redução da proporção de caldo. Um estresse é definido como um fator ambiental que restringe as funções e o desenvolvimento normais, na medida em que pode até matar a planta. Quando as plantas são expostas a algum estresse abiótico, ocorrem alterações no seu metabolismo celular, morfologia e fisiologia, como mecanismo de defesa para amenizar qualquer injúria, e, nesses casos, alguns dos mecanismos que as plantas utilizam para se proteger são o fechamento estomático, a inibição do crescimento das folhas e colmos, a senescência e menor área foliar e a produção de EROs (Espécies Reativas de Oxigênio), o que consiste na resposta inicial aos fenômenos de ; estresses bióticos e abióticos nas plantas.

No mundo, cerca de 41% de toda a área cultivada apresenta problemas com condições climáticas desfavoráveis ao desenvolvimento das culturas, fatores estes principalmente relacionados a períodos de falta de água, ou seca propriamente dita, e elevadas temperaturas. "

Carlos Alexandre Costa Crusciol Professor do Dpto. de Produção Vegetal da UNESP de Botucatu Coautora: Gabriela Ferraz de Siqueira Consultora da AgriResult Consultoria Agrícola

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cientistas e especialistas A produção de EROs como mecanismo de defesa causa um estresse oxidativo altamente prejudicial à produção agrícola, e as plantas desenvolveram mecanismos complexos de proteção que desempenham um papel vital na desintoxicação de estresse oxidativo nos compartimentos celulares e minimizam os danos causados às membranas, dentre eles, o aumento da atividade das enzimas antioxidantes, como catalase, superóxido dismutase, ascorbato peroxidase e glutationa redutase, além de moléculas antioxidantes, como ascorbato e glutationa. No mundo, cerca de 41% de toda a área cultivada apresenta problemas com condições climáticas desfavoráveis ao desenvolvimento das culturas, fatores estes principalmente relacionados a períodos de falta de água, ou seca propriamente dita, e elevadas temperaturas. Esses problemas são mais pronunciados quando as práticas de manejo das culturas não são adequadas ao seu desenvolvimento. Somente a seca causa mais perdas anuais na produção agrícola do que todos os patógenos combinados. Plantas mais tolerantes a estresses ambientais têm sido produzidas através do melhoramento genético, bem como os sistemas de manejos conservacionistas também têm melhorado as respostas produtivas à essas condições; porém a eficiência dessas práticas não tem conseguido acompanhar as mudanças ambientais. Nesse sentido, novas tecnologias são de suma importância para o aumento do rendimento das plantas nas mais diversas condições. Para o pleno desenvolvimento e a ativação do sistema de defesa, é necessário que as plantas se encontrem em boas condições nutricionais, induzindo a tolerância tanto a estresses bióticos quanto abióticos, através da regulação do potencial osmótico das células vegetais, maior síntese de aminoácidos (aa), conferindo maior resistência à estrutura da parede celular e ativando enzimas, dentre outros mecanismos. Além dos nutrientes minerais, outros compostos com alta tecnologia embarcada, como aa, extratos de plantas, hormônios vegetais e protetores solares, têm se mostrado viáveis. Assim, esse manejo foliar pode ser uma prática eficaz para melhorar a produtividade e aumentar a tolerância ao estresse das culturas. Tentando mitigar os efeitos dos estresses abióticos na cana-de-açúcar, principalmente relacionados à baixa disponibilidade hídrica e a temperaturas muito acima ou abaixo da adequada para a cultura, produtos “protetores” vêm sendo considerados uma técnica promissora.

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Podem ser utilizados protetores solares, que proporcionam uma barreira física de proteção às plantas ou complexos nutricionais, com ou sem aa ou extratos vegetais em sua composição, que proporcionam uma barreira química. Os produtos devem ser aplicados quando a planta apresenta turgidez foliar, previamente ao aparecimento de sintomas do estresse, visando aumentar a tolerância aos estresses, atenuando os danos decorrentes e, assim, reduzindo a perda de produtividade da cultura. As condições do canavial e a intensidade do estresse influenciam o resultado. Desse modo, canaviais nutricionalmente bem manejados apresentam melhores resultados quando recebem a aplicação dessas novas tecnologias. Portanto essa tecnologia não proporciona aumento de produtividade, mas sim reduz as possíveis perdas. Essa proteção pode ocorrer de duas maneiras: através de uma barreira física, reduzindo os danos causados pelos raios ultravioletas e diminuindo a temperatura foliar, minimizando a perda excessiva de água via transpiração e melhorando a eficiência de uso da água pelas plantas; ou através de uma barreira químico/ metabólica, aumentando a atividade de enzimas e compostos antioxidantes que protegem os pigmentos fotossintéticos e os compartimentos celulares, mantendo, assim, a eficiência da atividade fotossintética. Diversos estudos foram realizados entre 2018 e 2020 para validar essa técnica de manejo, aplicando os produtos protetores, nas mais diversas composições, anteriormente à ocorrência do estresse, enquanto as plantas ainda não apresentavam sintomas decorrentes de condições climáticas desfavoráveis e turgidez nas folhas, o que ocorreu, na região Sudeste, entre os meses de maio e julho, em canaviais colhidos entre setembro e novembro. A aplicação de protetor solar em cana-de-açúcar reduziu a temperatura foliar e, como consequência, aumentou a umidade relativa das folhas e reduziu o déficit de pressão de vapor, além de proporcionar maior condutância estomática e redução da transpiração foliar, levando à maior taxa de fotossíntese líquida pela cana-de-açúcar e menor concentração subestomática de CO2, indicando que a maior parte do CO2 absorvido foi fixado na etapa bioquímica da fotossíntese. Desse modo, há maior eficiência fotossintética e não sobra energia na cadeia transportadora de elétrons, responsável pela produção de espécies reativas de oxigênio, que causam o estresse oxidativo nas plantas.


Opiniões Além disso, houve aumento da eficiência no uso da água (EUA), que é a relação entre a absorção de CO2 pelo processo fotossintético e a quantidade de água perdida por meio da transpiração, ou seja, maiores quantidades de CO2 foram fixados e menores quantidades de água foram perdidas por meio da transpiração, o que sugere maior tolerância das plantas sob condições climáticas desfavoráveis. (Figura 1). Independentemente da composição do produto utilizado como protetor, a média de ganho de ATR (açúcar total recuperável), produtividade de colmos (TCH) e produtividade de açúcar (TAH), obtida em 7 experimentos conduzidos por 3 anos agrícolas, foi de 3 kg/açúcar/t/cana-1, 11 t/colmos/ha-1 e 2 t/açúcar/ha-1, respectivamente. O ganho de ATR variou entre 2 a 6 kg açúcar/t/cana-1, de TCH entre 3 a 20 t/ha-1 e de TAH entre 1 e 3 t/ha-1, sendo a resposta obtida dependente das condições do canavial e da intensidade do estresse sofrido e da tecnologia utilizada. (Figura 2). Os resultados obtidos nos estudos evidenciam que o uso dessa técnica é uma alternativa para atenuar estresses abióticos, sejam eles causados por baixa disponibilidade hídrica, ou temperaturas muito elevadas ou muito baixas. Independente da tecnologia utilizada nesse manejo, a tolerância das plantas aos estresses é aumentada, minimizando, assim, perdas de produtividade em regiões sujeitas a esses eventos climáticos. n

2. ATR (AÇÚCAR TOTAL RECUPERÁVEL), PRODUTIVIDADE DE COLMOS (TCH) E DE AÇÚCAR (TAH) DA CANA-DE-AÇÚCAR EM FUNÇÃO DA APLICAÇÃO DE PROTETORES DE ESTRESSE

180 160

152 155

140 120 101

100

90

80 60 40 20

14

16

0 ATR

TCH

TAH

CONTROLE PROTETOR

55

50 40 30

30

20 10 0

Controle Protetor solar

50 48 46

45

44 42 2,5

Controle Protetor solar 2,3

2,0 1,5 1,0 0,6 0,5 0,0

Controle Protetor solar

250

8,0

8,3

7,0 6,0

5,3

5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 0,0

Controle Protetor solar 215

200 150

152

100 50 0

Controle Protetor solar

Taxa fotossintética (µmol CO2m-2s-1

60

52

9,0

14,0

EUA (µmol CO2 mmol H2O-1)

Controle Protetor solar

52

Deficit de pressão de vapor (KPa)

40

54

[CO2] subestomático (mmol CO2mol-1ar)

46

Umidade relativa foliar (%)

47 46 45 44 43 42 41 40 39 38 37

Transpiração foliar (mmol H2Om-2s-1)

Condutância estomática (mmol H2Om-2s-1

Temperatura foliar (ºC)

1. RESPOSTA FISIOLÓGICA DAS PLANTAS EM FUNÇÃO DA APLICAÇÃO DE PROTETORES DE ESTRESSE

25,0

12,9

12,0 10,0 8,0 6,0

4,9

4,0 2,0 0,0

Controle Protetor solar

21,4

20,0 15,0 10,0 5,0 0,0

2,3 Controle Protetor solar

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impactos da rotação de culturas na

entomofauna da cana-de-açúcar

A rotação de cultura tem se tornado uma prática crescente em áreas de renovação dos canaviais do Centro-Sul do País. Praticada há tempo com o plantio das Crotalária juncea e C. spectabilis, visando melhorar o ambiente de produção através da fixação de nitrogênio e matéria orgânica ao solo, e controle de fitonematoides, no caso da C. spectabilis, atualmente, a rotação de cultura tem se expandido significativamente com os plantios de soja ou amendoim, os quais, além de melhorar química e fisicamente o ambiente para a cultura sucessora, geram receita ao produtor. Uma questão que se depara diante dessa mudança nas práticas de renovação dos canaviais é: o que pode ocorrer com o comportamento da entomofauna nos novos ambientes que se formam? Entomofauna é um termo que abrange todas as ordens de insetos que habitam os diferentes nichos ecológicos, no presente caso, o ambiente cana-de-açúcar pós-rotação de cultura. Dentre eles, temos insetos benéficos, inimigos naturais das pragas, e as pragas propriamente ditas.

Para a natureza, não existem pragas. Praga é um conceito humano que define populações de insetos capazes de provocar danos econômicos em plantas, animais ou desconforto aos humanos. "

Newton Macedo Consultor da Araújo & Macedo Consultoria

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Para a natureza, não existem pragas. Praga é um conceito humano que define populações de insetos capazes de provocar danos econômicos em plantas, animais ou desconforto aos humanos. Exemplos de pragas em cana: broca-do-colmo; cigarrinha-das-raízes; Sphenophorus; Hyponeuma; Migdolus; lagarta-elasmo; broca-gigante; cupins etc. e nematoides (agente patogênico, aqui, também considerado como praga). Isso posto, podemos considerar diferentes situações para entendermos os possíveis impactos da rotação de culturas na entomofauna no canavial que a sucede. A literatura sustenta que a rotação aumenta a quantidade e diversidade de espécies de insetos, mas isso depende da cultura rotacionada, uma vez que as diferentes culturas exigem diferentes tratos culturais com seus respectivos impactos na entomofauna.


Opiniões Vamos exemplificar: 1. As Crotalárias, tanto a juncea como a spectabilis, aumentam e diversificam a entomofauna, melhorando o equilíbrio entre as pragas e seus inimigos naturais, podendo diminuir os danos de algumas pragas no canavial que as sucedem. Essas plantas, durante o seu desenvolvimento, atraem uma legião de insetos, muitos não presentes no ambiente da cana, e, a reboque dos mesmos, vêm seu inimigos naturais que eventualmente agirão sobre algumas pragas da cana. Ex.: predadores: Calosoma; staphinílideos; crisomelídeos; tesourinhas; neuropera e parasitoides: Trichogrammas e dípteras (moscas). A Crotalaria spectabilis, comprovadamente, tem um efeito supressor à população de nematoides do gênero Pratylenchus, com benefício para a cana-planta que vem na sequência. A propósito do emprego da spectabilis, o conhecido consultor Engenheiro Agrônomo Júlio Campanhão, com vista a recuperar soqueiras com baixa produtividade, mas com aceitável stand, recomenda o plantio intercalar de duas linhas dessa leguminosa, em canas colhidas no 2º. semestre. Não há estudos analisando o impacto dessa prática nos inimigos naturais da broca, mas certamente vai provocar um aumento da entomofauna benéfica, com possível redução no ataque da broca na cana. 2. A soja e o amendoim, muito utilizados em áreas de meiosi, e em áreas contínuas, também, em princípio, trariam o mesmo benefício, mas, por causa do estabelecimento concomitante de pragas nessas culturas, o uso de inseticidas torna-se uma necessidade e aniquila as populações das pragas, bem como dos inimigos naturais. Mas, conforme a literatura, no momento do plantio da cana, normalmente já ocorreu o restabelecimento dos principais inimigos naturais das pragas da cana (principalmente formigas predadoras). 3. Por outro lado, nas áreas já infestadas por Sphenophorus levis, os inseticidas usados nas culturas de rotação irão também exercer um certo controle nesses insetos sobreviventes do controle mecânico na destruição da soqueira. Assim, tem-se uma menor pressão das pragas no estabelecimento do novo canavial subsequente à rotação. 4. No caso do amendoim, há um efeito supressivo das populações de nematoides do gênero Pratylenchus, (o mais importante em cana), que, embora seja um agente patogênico, é, normalmente, qualificado como praga. 5. A colheita de cana crua provoca o recrudescimento de ataque da cigarrinha-das-raízes, do Sphenophorus, da broca-do-colmo e da

Hyponeuma. Temos observado, em campo, uma aparente redução de colônias de formigas predadoras em áreas de cana crua, mas ainda não temos encontrado trabalho de pesquisas publicadas sobre o assunto. Suspeito que a cobertura de palha sobre o solo tem dificultado a sobrevivência de colônias e o estabelecimento de novas, de formigas predadoras vorazes, como Solenopsis, Pheydole e outras. Além de outros fatores, isso pode explicar um aumento nas populações de broca, cigarrinha-das-raízes e Hyponeuma. Por outro lado, reduziu significativamente o ataque de elasmo. Quanto à rotação, independente de outros benefícios que essas culturas trazem para o produtor, do ponto de vista entomológico, observam-se alguns benefícios, pelo menos no controle das populações de algumas pragas, e não agravamentos em outras. 6. Situações específicas nas quais são importantes para o produtor rotacionar com gramíneas e, nesses casos, na maioria, trata-se de milho para silagem; quando se planta milho transgênico com resistência ao ataque de lagartas, temos observado uma menor pressão de população de broca-do-colmo, porque o milho é um excelente hospedeiro da broca, e o milho transgênico funciona como uma armadilha, bloqueando a sequência de gerações nas áreas de plantio, especialmente no primeiro corte subsequente à rotação. Um exemplo que temos a citar é o caso do conhecido Grupo Campanelli, referência no setor como produtores de cana e de carne bovina com animais confinados. 7. Quanto ao mapeamento de pragas em áreas de cana, quando o objetivo é estabelecer uma estratégia de controle, um exemplo bem-sucedido que temos é o caso do Migdolus. E, nesse caso, o controle é focado em práticas específicas no momento da destruição da soqueira e do plantio da cana, as quais não interferem na rotação de cultura na área. Outro exemplo que permite reduzir custo no controle a partir de um mapeamento de nível de ataque da praga pode ser feito com o ataque de Sphenophorus em soqueiras. Experiência também empregada com sucesso nos canaviais do Grupo Campanelli. Com a pretensão de resumir o que foi dito, a rotação de culturas com cana-de-açúcar, de forma geral, mesmo que não traga benefícios significativos no controle de pragas importantes, como broca, cigarrinha-das-raízes e outras, pelo menos no caso do Sphenophorus e dos nematoides (Pratylenchus), os resultados positivos não podem ser ignorados. n

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manejo seletivo das plantas daninhas Nossa visão para o produtor atingir um novo patamar de produtividade na cultura de cana-de-açúcar está fundamentada no princípio de um controle de plantas daninhas com eficácia, seletividade, sustentabilidade econômica e ambiental, visando, sempre, mitigar o banco de sementes em suas áreas. Para isso, deve integrar práticas de manejo em todo o processo produtivo: desce a implantação do canavial, passando pela rotação de culturas, cana-planta e cana-soca, até a pré-colheita. Dessa forma, abordamos, neste artigo, as principais práticas modernas que o produtor precisa empregar nessas etapas, sempre com o intuito de proteger a produtividade potencial do canavial, com o foco de maximizar a produtividade e menor custo.

Na implantação do canavial, o primeiro passo é a erradicação eficaz da soqueira e plantas daninhas perenes remanescentes do ciclo anterior de soqueiras, com o princípio de implantação do canavial “no limpo”. Para isso, a matriz de conservação de solos exige, na maioria das situações, que essa destruição seja química, através do herbicida glifosato. No entanto essa molécula, na atualidade, tem tido um custo muito elevado e escassez no mercado, levando o produtor a procurar alternativas. Um outro ponto interessante a ser salientado nesse tópico é a provável existência futura da cana tolerante ao glifosato, fato que inviabiliza o uso dessa molécula para a destruição de soqueira, levando à necessidade de registros de novas moléculas, como os inibidores da ACCase, (o cletodim, o fluazifop-butil e o haloxyfop). Uma tendência futura na canavicultura, que já é realidade para a maioria dos produtores de cana, é a utilização do sistema de meiosi (método inter-rotacional ocorrendo simultaneamente), ou a rotação simples na reforma do canavial. Para isso, dois aspectos importantes devem ser destacados: a “linha mãe”, que, no caso de uso de mudas pré-brotadas (MPB), intercaladas com culturas de grãos (soja ou amendoim, principalmente), tem limitações de escolha de herbicidas, relacionada com sua seletividade; por outro lado, a cultura intercalar, que, na maioria dos casos, utiliza herbicidas pós-emergentes, como o glifosato, para a soja transgênica resistente a esse herbicida, ou os inibidores da ACCase (cletodim), no caso do amendoim, com grande risco de derivas para a “linha mãe”.

Canavial 'no limpo', sem a incidência de plantas daninhas interferindo com a produtividade, ou enriquecendo o banco de semente, é a base para atingir um novo patamar de produtividade. " Pedro Jacob Christoffoleti Pesquisador da PJC Consultoria Agronômica

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Assim, nossa recomendação é o uso de herbicidas pré-emergentes na cultura da soja (flumioxazin, pyroxasulfone, s-metolachlor etc.). Já para o amendoim, um dos principais herbicidas que o produtor utiliza é o imazapic, que, se utilizado dentro das recomendações de bula, não apresenta efeito de carryover sobre a cana plantada na desdobra da “linha mãe”. Para muitos produtores de cana, a grama-seda é, com certeza, uma das plantas daninhas perenes, na reforma do canavial, que “tira o solo” de preocupação, devido à grande dificuldade de controle. Assim, a tendência futura de controle dessa planta daninha na reforma do canavial é o mapeamento das áreas infestadas, e, nas “reboleiras”, utilizar o herbicida imazapic, de acordo com a recomendação de bula, respeitando aspecto de período de espera para o plantio e quantidade mínima de chuva necessária. Para o produtor que pretende instalar uma cultura em rotação, como a soja, nessa área, necessita de um programa de aplicações sequenciais de glifosato e inibidores da ACCases para seu controle. Destacamos a necessidade de integração de medidas no plantio com o uso de pré-emergentes (clomazone e indaziflan), assim como no pós-plantio com herbicidas pós-emergentes.

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No momento do plantio do canavial, quando existe um banco de sementes na área de alta infestação, é recomendável que um herbicida de pré-plantio seja utilizado, como a trifluralina, ou, no caso da tiririca, o sulfentrazone (aplicação sequencial desse herbicida em pós-plantio), ou, no caso da grama-seda, o clomazone em pré-plantio. Seguido ao plantio, é necessária a escolha de um herbicida de pré-emergência, que, na maioria dos casos, exige a associação com um pós-emergente, que seja eficaz, de amplo espectro, fundamentado na época de aplicação (clima), com residual até o “quebra-lombo”, conhecendo o mecanismo de ação dos herbicidas e sua eficácia, bem como grupo de plantas daninhas infestantes da área. A maioria dos produtores, que não fazem o plantio nivelado da cana, utilizando um cultivo de nivelamento do solo para a colheita, operação chamada popularmente de “quebra-lombo”, necessita de um herbicida extensor de residual (remonte de pré-emergente), visando ao “fechamento” do canavial no limpo, sem plantas daninhas de infestação tardia, evitando “repasses”. Para a cana-soca, cortada durante o período seco do ano, a tendência futura é para o uso de formulações avançadas, contendo associações


Opiniões de herbicidas com longo residual, que tenham características físico-químicas, e de formulação para permanecer sob condições de deficiência hídrica, por um longo período sobre a palhada seca. As moléculas que mais toleram essas condições são os inibidores da ALS imazapic, sulfometuron, diclosulan; os inibidores do fotossistema II, amicarbazone, hexazinona, tebuthiuron; os inibidores da DOPX clomazone; os inibidores da HPPD isoxaflutole; os inibidores da Protox flumioxazin e sulfentrazone, e o inibidor da síntese de celulose indaziflan. Nas soqueiras de época chuvosa, há necessidade de ajustes de doses dos herbicidas de seca, quando recomendados, tendo também outras opções de herbicidas. Nas soqueiras, eliminar remanescentes é fundamental para garantir produtividade e evitar o enriquecimento futuro do banco de sementes de plantas daninhas. Para isso, podem ser utilizados, no caso das gramíneas, herbicidas de absorção radicular, como a hexazinona, aplicados de forma dirigida e concentrada no centro da touceira das gramíneas. No caso de folhas largas, principalmente plantas volúveis (trepadeiras), como a corda de viola e mucuna, o uso de herbicidas auxínicos, principalmente, bem como inibidores do fotossistema

II (ametrina, diuron, atrazina etc.), associados ou não com mesotrione, podem ser utilizados. Esse manejo na pré-colheita é fundamental não apenas para evitar perdas de rendimento operacional da colhedora, mas também para evitar enriquecimento do banco de sementes. Finalmente, carreador no limpo reduz riscos de incêndio e enriquecimento do banco de sementes, e a “boca de rua” exige medidas de controle além do período crítico de competição. Para isso, o produtor utiliza herbicidas residuais de longo período de controle no carreador e herbicidas nas bordas do talhão, remontando o herbicida residual. Os dois herbicidas mais utilizados para esse fim são flumioxazin e indaziflan, aplicados em condições de pré-emergência. Caso o produtor opte por fazer a aplicação em pós-emergência das plantas daninhas, com o canavial já desenvolvido, a mistura de glifosato com flumioxazin ou imazapic é a principal opção. Canavial “no limpo”, sem a incidência de plantas daninhas interferindo com a produtividade, ou enriquecendo o banco de semente, é a base para atingir um novo patamar de produtividade. Para isso, o produtor deverá estar atento ao utilizar práticas de manejo em todas as etapas do processo produtivo. n

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aplicação de herbicidas em cana-de-açúcar Plantas daninhas são espécies vegetais dotadas de características de agressividade, que, quando estabelecidas em canaviais, interferem sobre seu desenvolvimento, podendo reduzir a produtividade agrícola, principalmente devido à elevada capacidade de competição pelos recursos do meio (nutrientes, água e luz) e pela produção de substâncias alelopáticas. Nos cultivos com cana-de-açúcar Cynodon dactylon (grama-seda), Cyperus rotundus (tiririca), Ipomoea spp (cordas-de-viola), Merremia spp (cipós), Mucuna aterrima (mucuna-preta), Ricinus communis (mamona), Panicum maximum (capim-colonião), Urochloa decumbens (capim-braquiária), Urochloa plantaginea (capim-marmelada), Digitaria horizontalis (capim-colchão), Rottboelia cochinchinensis (capim-camalote) são as espécies mais frequentes. Quanto maior o tempo de convivência das infestantes com a cultura, maior será o impacto causado, sendo observados, em literatura, prejuízos de até 85% sobre as soqueiras e até 100% sobre a cana-planta. Dentre as formas de controle, o químico, realizado pela aplicação de herbicidas, é amplamente utilizado devido ao baixo custo associado a benefícios interessantes. Nesse cenário, pesquisas com objetivo de apresentar herbicidas seletivos à cultura e direcionados ao controle das infestantes nos canaviais têm sido desenvolvidas no Instituto Agronômico (IAC). O conjunto de pesquisas culminou no desenvolvimento de um protocolo sobre o posicionamento correto de herbicidas nos canaviais.

O protocolo é sustentado sobre quatro importantes pilares: a identificação das plantas daninhas, a época da aplicação, a físico-química dos herbicidas e a dose a ser ministrada. Assim que entendida cada uma das etapas, por parte do produtor ou técnico, sua vivência de campo é enriquecida e a possibilidade de usar mais corretamente os herbicidas é evidente. Informações técnicas: Na primeira etapa, sugere-se que o produtor monitore, todos os anos, a infestação de seus canaviais, de modo a identificar as espécies mais representativas na comunidade infestante. Para isso, o produtor deve agrupar os canaviais em subáreas de 50 a 60 hectares. Definidas as subáreas, deve-se eleger um talhão para representá-la, no qual serão alocados, aleatoriamente, 3 a 5 pontos sem a aplicação do herbicida. Cada ponto, será um tratamento testemunha, que deve ter dimensão de no mínimo 7 linhas de 10 a 15 m de comprimento. Dentro de cada tratamento testemunha, é importante que seja identificado o número de espécies de plantas daninhas que representa entre 90 e 95% da infestação do canavial. Geralmente, 4 a 5 espécies serão predominantes na comunidade infestante e, juntas, representarão até 95% da infestação (Figura 1).

Plantas daninhas são espécies vegetais dotadas de características de agressividade, que interferem no desevolvimento dos canaviais, podendo reduzir a produtividade agrícola, principalmente devido à elevada capacidade de competição pelos recursos do meio "

Carlos Alberto Mathias Azania Pesquisador Científico do Centro de Cana do IAC

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Opiniões 1. IDENTIFICAÇÃO DAS PLANTAS DANINHAS

2. ÉPOCA DA APLICAÇÃO

Figura 2. Esquema para representar as épocas de aplicação de herbicidas em canaviais ao longo do ano agrícola. Figura 1: Modelo para levantamento da comunidade infestante em talhões de cana-de-açúcar. IAC, 2017

Sugere-se que o levantamento a campo seja feito com intervalos de 30 dias até o fechamento do canavial, que geralmente ocorre próximos aos 120 dias do plantio ou colheita. A forma de identificar as plantas daninhas é visual, seguindo adaptações feitas nas tabelas de cobertura vegetal existentes na literatura. Para cada parcela testemunha, o profissional deve caminhar pela área e aplicar notas sobre a cobertura das plantas daninhas presentes na superfície do solo, a partir de escala com variação de 0 (zero) a 100%, sendo 0% correspondente à ausência de plantas daninhas e 100% para a total cobertura do solo pelas infestantes. Exemplo: 85% de cobertura de solo, representa que 85% da área da testemunha esteja coberta por plantas daninhas. Na sequência, devem ser observadas as 4 ou 5 plantas daninhas mais presentes na parcela testemunha, atribuindo-se uma nota de 0 a 100% para cada espécie, de modo que a soma das notas não supere 100%. Na segunda etapa, o profissional deverá identificar a época em que será feita a aplicação dos herbicidas. Nesse caso, sugere-se observar o histórico de chuva referente aos três meses seguintes à data da aplicação almejada. A importância desse critério é porque os herbicidas, no solo (herbicidas residuais), têm sua dinâmica facilitada ou não em detrimento da água disponível. Há herbicidas que precisam de mais água e outros menos, para sua dinâmica ser facilitada no solo. Na cana-de-açúcar, nas regiões Centro-Sul do Brasil, as épocas do ano são segmentadas em período úmido, semi seco, seco e semiúmido (Figura 2). Como a necessidade de água no solo é diferente entre as moléculas herbicidas, torna-se necessário identificar a disponibilidade de água, para, então, elencar os herbicidas.

Finalizadas as duas primeiras etapas, o profissional deve confeccionar uma lista de herbicidas que têm eficácia de controle sobre as espécies levantadas e a época do ano em que se pretende aplicar os herbicidas. A partir dessa listagem, se inicia a terceira etapa, que se resume em anotar as características físico-químicas dos herbicidas, particularmente a solubilidade em água (Sw), coeficiente de sorção padronizado para carbono orgânico (koc) e o coeficiente octanol-água (kow). A solubilidade permite identificar se o herbicida precisa de maior ou menor quantidade de água no solo. No campo, herbicidas com menores solubilidades (até 350 ppm) precisam ser aplicados quando há maior umidade no solo (período semiúmido até o final do verão). Moléculas com solubilidade intermediária (350 a 5000 ppm) são menos exigentes em água no solo (final do período de verão até o início do período semiúmido). Moléculas com solubilidade elevada (> 5000 ppm) precisam de menor quantidade de água para manter sua dinâmica no solo, geralmente aplicadas duran; te o período seco do ano (Figura 3). 3. CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS

Figura 3. A solubilidade dos herbicidas (Sw) e sua aplicabilidade em relação à época de aplicação dos herbicidas no solo.

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cientistas e especialistas O coeficiente de sorção padronizado para carbono orgânico (koc) também precisa ser observado na lista de herbicidas. Essa característica permite ao profissional conhecer a disponibilidade dos herbicidas no solo. Geralmente, dentre os herbicidas usados em cana-de-açúcar, valores de koc inferiores a 600 mg g-1 indicam que a retenção das moléculas nos coloides do solo é fraca. Com isso, o processo de dessorção para a solução do solo é facilitado e garante o residual para controle. O coeficiente octanol-água (kow) também é necessário ser observado, pois herbicidas que possuem kow >10 (log kow >1) são indicativos de que a molécula possui afinidade com lipídeos. Como são constituintes de membranas, a capacidade de penetração nos tecidos e nas células vegetais é maior, sendo indicativos de herbicidas de ação também em pós-emergência. Finalizadas as três etapas iniciais e em posse do levantamento das plantas daninhas de maior predominância (etapa 1), o produtor deve retomar a listagem de herbicidas que tenham eficácia de controle (informação disponível na bula dos produtos ou com o fabricante). Dessa lista, devem ser descartados os herbicidas que não são compatíveis com a época da aplicação almejada (etapa 2) e, para auxiliar, basta ter identificada a solubilidade da molécula (etapa 3). Os herbicidas restantes, na listagem inicial, serão os que possuem solubilidade adequada à época de aplicação e às plantas daninhas levantadas.

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Opiniões Definidas as moléculas de herbicidas que comporão o manejo, as informações sobre o koc e kow podem ser utilizadas. Respectivamente, indicarão se a molécula terá residual no solo (efeito pré-emergência sobre as plantas daninhas) e se poderá ser aplicada também em pós-emergência. Para finalizar todo o processo, analisa-se a dose a ser aplicada (etapa 4). A quantidade do herbicida deve ser aplicada de acordo com a textura do solo: solos argilosos exigem doses mais elevas e solos de textura média ou arenosa, doses menores de herbicidas. As doses para cada tipo de solo são preconizadas pelos fabricantes e estão na bula do produto. Os solos argilosos necessitam de maiores doses, porque parte das moléculas ficará retida nos coloides e parte permanecerá disponível na solução do solo. Ao contrário, solos médios e arenosos precisam receber menores quantidades de herbicidas, pois possuem menores quantidades de coloides, e os processos de retenção são diminuídos. O processo de retenção aos coloides do solo e de dessorção (desprendimento) à solução do solo é fundamental para manter a capacidade pré-emergente do herbicida e ocorre durante a meia vida do herbicida (período em que as moléculas ainda não foram degradas por microrganismos). Enquanto houver molécula de herbicidas na solução do solo, o controle em pré-emergência está garantido. Quando as sementes das plantas daninhas iniciam seu processo de germinação, absorvem água da solução do solo. Como em meio à água, há moléculas herbicidas (desorvidas), o efeito do produto inicia-se logo nas primeiras células do processo mitótico de desenvolvimento das sementes. O resultado é a morte das plantas daninhas ainda no estágio de plântula. Considerações finais: Ao identificar a flora daninha, a época da aplicação, a físico-química (solubilidade, pka, koc e kow) e a dose dos herbicidas, o profissional do agronegócio abrange critérios técnico-científicos que o auxiliarão no posicionamento do herbicida na cultura cana-de-açúcar. Com isso, as moléculas proporcionarão controles eficazes e seletividade sobre o desenvolvimento da cana-de-açúcar, além amenizar sua lixiviação e volatização e, assim, contribuir para a preservação dos recursos ambientais. n


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a evolução do manejo agrícola O novo patamar nos pede uma produtividade acima de 100 t/ha e uma vida média ponderada de mais de 3 anos, com o objetivo de alongar para mais anos (com produtividades boas) e canaviais com mais cortes. Em tecnologia de aplicação, temos que obter o melhor resultado ou eficácia da aplicação com o menor custo e impacto possível. A seguir, trataremos de algumas tecnologias que poderão ajudar nisso. Mapeamento de ervas: No passado, era necessário deixar pontos sem aplicação dos herbicidas para fazer os levantamentos das ervas presentes em uma área. Hoje, com as imagens via drones e sistemas usando inteligência artificial, podemos fazer levantamentos de grandes áreas medindo a variação espacial (reboleiras) de diversas ervas daninhas. Com essa metodologia, podemos decidir melhor a escolha dos herbicidas e a forma mais adequada de controle. Esses processos estão em grande evolução e serão uma grande ferramenta de apoio no controle de problemas diversos dentro do canavial.

O cuidado na seleção do equipamento e da técnica é fundamental, mas precisamos sair da ideia 'da moda' e buscar o que entrega a eficácia necessária, a custo adequado, com segurança do pessoal e ambiental. "

Luís César Pio Diretor da Herbicat

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Hoje, podemos identificar, com uma precisão maior que 90%, as reboleiras de mucuna, a mamona, o complexo das ervas trepadeiras, as gramíneas de grande porte na cana alta (colonião), entre outros exemplos de análises. Devemos trabalhar com 2 épocas de levantamentos das ervas daninhas na área, mas cada um poderá começar no momento que achar mais adequado. O ideal é que façamos um voo antes da colheita para identificar se existem grandes problemas com ervas trepadeiras ou gramíneas de grande porte. Quando necessário, se faz uma aplicação antes da colheita, usando drones ou até mesmo automotrizes, dependendo da altura da cana. Nessas aplicações com drones, devemos tomar mais cuidado com o uso de herbicidas (exemplo: 2,4-D), devido a culturas sensíveis vizinhas. Usando esse mapeamento, podemos fazer um plano de controle de ervas no talhão, realizando a aplicação dos herbicidas pré-emergentes, ajustando produtos e doses mais indicados, de acordo com a necessidade.


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Mapa de ervas daninhas

TREPADEIRAS FOLHAS LARGAS GRAMÍNEAS DE PORTE BAIXO DANINHAS NÃO DEFINIDAS BUFFER TREPADEIRAS (10 METROS) TREPADEIRAS BUFFER GRAMÍNEAS DE PORTE BAIXO (10 METROS) FOLHAS LARGAS BUFFER FOLHAS LARGAS (10 METROS) GRAMÍNEAS DE PORTE BAIXO ORTOMOSAICO_ FAZ SÃO JOÃO _ T 17_18 E 19 DANINHAS NÃO DEFINIDAS

BUFFER TREPADEIRAS (10 METROS) BUFFER GRAMÍNEAS DE PORTE BAIXO (10 METROS) BUFFER FOLHAS LARGAS (10 METROS)

Devemos realizar mais um levantamento, próximo de 60 dias após a aplicação ou depois da chuva (busca por ervas escape da aplicação convencional). Com esses dados, é possível tomar a melhor decisão da necessidade da catação no talhão. Essa regra pode ser alterada de acordo com o departamento técnico do usuário, mas tem se mostrado eficiente na racionalização das aplicações de herbicidas. Aplicação de taxa variável: Utilizando os dados de argila e matéria orgânica do solo, realizados nos levantamentos de ambiente de produção e pedologia, podemos fazer aplicações de doses diferentes dos herbicidas. Muitos controladores de pulverização que equipam os pulverizadores atuais podem realizar aplicações em taxa variável. No passado recente, testes realizados não tiveram o sucesso desejado, pois a decisão da dose do herbicida não se baseia unicamente nas características do solo, é necessário ter maior conhecimento das ervas presentes na área, com a visão da sua distribuição espacial. Assim, se somarmos a distribuição espacial das ervas e os dados das características do solo, os resultados serão melhores. Esse é um caminho para controlar o uso racional dos insumos. Ciclo de controle das ervas daninhas: Nas aplicações dos herbicidas pré-emergentes, o uso de controladores ou sistemas que possam fazer o reforço nas áreas de maior banco de sementes é uma alternativa, como já foi tratado. Com a segunda avaliação pós-aplicação, podemos verificar a necessidade de reaplicações em catação. A segunda aplicação não deveria existir, porém, em alguns talhões, devido ao clima, problemas dos pulverizadores, falhas nas aplicações e mesmo pelo comportamento de algumas espécies de ervas, é necessário e obrigatório, para alongar a vida útil de um talhão.

ORTOMOSAICO_ FAZ SÃO JOÃO _ T 17_18 E 19

Pela dificuldade de mão de obra, a catação passou a ser feita em diversos níveis e de formas diferentes. No caso de gramínea em pós-emergente, precisa ser feita localizada, com aplicações manuais, veículos especiais com sensores ou outro processo de localização. Na maioria das vezes, as ervas remanescentes estão na linha da cana, o que dificulta o uso de sensores de verde. No caso das folhas largas, normalmente se encontram formando reboleiras. Dessa forma, uma aplicação específica em faixa pode ser mais eficiente. A escolha da técnica e do equipamento de aplicação é fundamental. Para ervas como grama-seda, as reaplicações deverão ser com maior frequência e podem se beneficiar de todas as técnicas apresentadas. Controle de outras pragas: Hoje, temos à disposição métodos de aplicação que se adaptam a várias condições. Porém existe a cigarrinha, Sphenophurus, a broca, outras pragas e problemas nutricionais que precisam ser controlados. Em canaviais de maior porte, o uso dos equipamentos automotrizes passou a ser uma realidade. Se quisermos chegar aos patamares de produtividade almejados, as aplicações precisam gerar resultados. Isso depende de uma visão mais ampla relacionando cultura, problema, momento da aplicação, produto, entre outras condicionantes para seleção da técnica e do equipamento em uso. As misturas de adubos foliares com os inseticidas para cigarrinha, em canas de maior porte, aplicados sobre a lavoura, não apresentam as melhores condições para acertar o foco da aplicação para cigarrinha. Aqui é necessário o uso dos pingentes localizando essa aplicação na base da cana. O cuidado na seleção do equipamento e da técnica é fundamental, mas precisamos sair da ideia "da moda" e buscar o que entrega a eficácia necessária, a custo adequado, com segurança do pessoal e ambiental. Conectividade e gestão de máquinas: A evolução dos equipamentos permitiu ter relatórios das operações, onde conseguimos analisar se o realizado estava de acordo com o planejado. Precisamos saber, em tempo real, a operação e poder interferir caso seja necessário. A conectividade das máquinas com gestores em tempo real ajudará nessa evolução. O 5G poderá ser uma boa opção, porém demandará uma enormidade de torres para formar uma rede no campo que possa suportar esse trabalho. O 4G/ Lte 700 poderá ser uma opção viável, exclusiva para trafegar dados de máquinas, usando uma banda especial para enviar sinais de alerta críticos em pontos de baixa capacidade de sinal. n

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o manejo integrado das operações O manejo na agricultura deve integrar todas as áreas dentro do negócio para buscar o máximo dentro de cada uma. Atualmente, olhar o manejo somente do ponto de vista agronômico já não é o suficiente. Devemos entender o manejo global da operação, e, para isso, a inovação nas soluções dos equipamentos deve ser o foco das indústrias produtoras de máquinas. A visão da indústria deve ter como foco a visão do produtor agrícola, pois são as operações agrícolas que devem ditar o correto uso das tecnologias. Peso dos equipamentos: O peso dos equipamentos, atualmente, é um dos principais problemas a serem resolvidos dentro do setor sucroenergético. São várias as operações realizadas que envolvem máquinas e, com isso, temos um grande efeito de compactação

no solo que afeta a produtividade das lavouras. Máquinas maiores também consomem mais combustível e tendem a afetar mais o meio ambiente. Os projetos das máquinas devem contemplar o uso de diferentes tecnologias em materiais e diferentes soluções estruturais que permitam minimizar o efeito do peso no solo. As máquinas, hoje, utilizam uma seleção da materiais para cada parte do equipamento em função da sua localização. O peso do equipamento também afeta na definição do tipo de pneu e na pressão de trabalho, pois quanto menor a pressão do pneu, menor será a compactação do solo. A pressão também tem um papel fundamental no conforto do equipamento. Dessa forma, o novo patamar de máquinas vai exigir máquinas cada vez mais leves e com menor gastos energéticos. Com isso, a tecnologia de novos materiais e soluções estruturais das máquinas são aspectos importantes na definição do equipamento de pulverização ideal à cultura.

Atualmente,' é possível acompanhar o trabalho da máquina on-line usando simplesmente um celular e até integrar diversas máquinas de diferentes fabricantes dentro da mesma operação. " Rodrigo Gomes Madeira Gerente de Pulverização Automotriz da Jacto Coautor: Daniel Petreli da Silva, Especialista em Tecnologia de Aplicação da Jacto

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Sistema de transmissão: O sistema de transmissão das máquinas é um dos fatores mais importantes que contribuem para o manejo integrado da operação. É através do sistema de transmissão que podemos definir o desenvolvimento da velocidade do equipamento. Para a operação de pulverização, a velocidade é um dos elementos chaves. Manter a velocidade o mais constante possível redunda na precisão na operação de pulverização. As máquinas com controles inteligentes de transmissão constituem uma nova geração de soluções. Com esse tipo de sistema, pode-se obter um completo controle de tração do veículo, integrando vários componentes do sistema e otimizando o esforço de tração em função do solo no qual o equipamento está sendo utilizado. Pulverizadores que possuem o sistema de transmissão com controle inteligente de tração tendem a ser muito mais produtivos. Alguns estudos realizados em campo comparando máquinas com os dois sistemas mostram uma redução de até 33% no consumo de combustível nas máquinas com controle inteligente de transmissão, trazendo, com isso, ganhos operacionais para o equipamento, além de reduzir o impacto ambiental.

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Sistemas de direção: Buscando ampliar a produtividade, os sistemas de plantio buscam otimizar a área plantada, obrigando as soluções das máquinas a serem mais eficientes do ponto de vista de direção e espaço ocupado na manobra. Os principais benefícios do sistema de direção com tecnologia de giro nas quatro rodas em relação aos sistemas convencionais de giro em 2 rodas, acarretam manobras mais rápidas e precisas, com raio de giro 35% menor, até 2,5 vezes mais rápido no tempo necessário para a manobra da máquina. Para as culturas de cereais, por exemplo, a operação de manobra, reduz em até 40% o amassamento na cultura. Estudos realizados comparando os dois sistemas mostram que, com o sistema de direção nas quatro rodas, é possível reduzir em até 19% o tempo de operação, ou seja, com o sistema de direção nas quatro rodas, é possível diminuir o tempo de motor ligado dentro da mesma área; com isso, cresce o rendimento operacional do equipamento e se reduz o consumo de combustível. Circuito de pulverização: Um dos principais pontos para elevar o patamar do


Opiniões manejo na agricultura, quando falamos de pulverizadores, é o seu circuito de pulverização – peça fundamental para que a operação de pulverização tenha o resultado esperado. Várias são as soluções de circuito de pulverização oferecidas atualmente pelo mercado fabricante de máquinas, cada uma com as suas particularidades. As máquinas mais atualizadas trazem uma série de diferenciais importantes para a operação de manejo na agricultura, onde se destacam algumas dessas soluções tecnológicas, como: central de operações do equipamento, sistema de abastecimento automático, sistema de incorporação de defensivos para líquido e pó, sistema mecânico de agitação da calda para sua correta homogeneização, controle eletrônico da pulverização, calibração automática da pulverização, circuito recirculante de pulverização, controle automático de seções ou controle bico a bico e limpeza automática do circuito. Esse complexo de soluções, juntas, podem maximizar a precisão da operação de pulverização. Telemetria: As informações geradas nas operações são parte fundamental do seu sucesso. A maioria dos modelos de pulverizadores trabalha com gestão de informações que são geradas pela máquina e revertidas em informações de gestão, usadas pela maioria dos gestores do complexo de operações. Atualmente, é possível acompanhar o trabalho da máquina on-line usando simplesmente um celular e até integrar diversas máquinas de diferentes fabricantes dentro da mesma operação. Com o pulverizador, é possível gerar vários mapas, dentre os quais pode ser destacado a sobreposição, a velocidade de aplicação, a vazão de aplicação, o consumo de combustível, dentre outros. Estudos realizados com usuários desse tipo de equipamentos, demonstram ganho de até 50% de eficiência operacional com a boa estruturação do processo de gestão. Bicos de pulverização: Os métodos utilizados para o manejo fitossanitário no controle de pragas e doenças baseiam-se no uso de produtos fitossanitários químicos ou biológicos através da pulverização. As pulverizações, em sua grande maioria, são realizadas por pontas hidráulicas, onde um jato líquido é formado a partir da passagem da calda sob pressão pelo orifício das pontas ou bicos de pulverização. A configuração adequada do pulverizador deve consi-

derar vários parâmetros relacionados ao alvo a ser atingido, às propriedades dos produtos e às condições ambientais no momento da aplicação. Deve ser possível realizar ajustes no volume de aplicação, tamanho de gotas, velocidade de trabalho e distância entre o bico do pulverizador e o local a ser depositado o produto. Conhecer bem o alvo que se quer controlar pode ser crucial para obter êxito na operação de aplicação de defensivos agrícolas. O alvo pode estar presente em cultivos recém-implantados ou em cultivos que se encontram em estágios mais avançados. Cada situação requer uma configuração específica do pulverizador para alcançar a máxima eficiência na operação de aplicação. Parâmetros como velocidade de trabalho, volume de aplicação e tempos destinados ao reabastecimento e ainda alocação do produto no alvo, considerando densidade de gotas, qualidade de distribuição e cobertura das superfícies, são aspectos fundamentais para o sucesso da operação de aplicação. Havendo a necessidade de maiores coberturas, a escolha da melhor estratégia passa pela avaliação dos parâmetros ambientais que ocorrerão no momento da aplicação (temperatura, umidade relativa e intensidade do vento), parâmetros que, em alguns pulverizadores, já estão sendo considerados através de sensores instalados nas máquinas. Maiores coberturas podem ser obtidas tanto por incremento de volumes de aplicação como uso de gotas menores ou uso de adjuvantes com propriedades surfactantes. O tamanho das gotas em pulverização, por diversos motivos, pode gerar resultados diferentes se não definido corretamente. Para muitos especialistas, é a partir do adequado tamanho das gotas que devem ser configurados todos os demais parâmetros da aplicação. Através da integração das tecnologias embarcadas, do conhecimento das operações e da gestão dos dados da operação, será possível elevar o manejo agrícola no setor sucroenergético a um novo patamar no agronegócio. n

Utilização de pingentes na barra de pulverização

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cientistas e especialistas

nutrição e adubação de plantas A cultura da cana-de-açúcar é fundamental para o desenvolvimento do nosso agronegócio, pois o Brasil é o primeiro produtor mundial e exportador de açúcar, etanol anidro e hidratado, bem como tem a possibilidade de cogerar energia limpa e sustentável, gerando milhões de empregos. O sucesso de manejo adequado dessa cultura está ligado a maiores patamares de produtividade (TCH), qualidade da matéria-prima (ATR) e longevidade dos canaviais. Conforme o gráfico sobre Fatores de Produtividade, pode-se observar que o manejo químico, físico e biológico do solo apresenta maior contribuição para a produtividade, seja em termos de resposta ou tempo, porém é o mais oneroso. Os cenários sobre o percentual de aumento de produtividade, bem como causas de sua redução, estão apresentados no gráfico Potencial de aumento de produtividade. No que se refere à relação entre produtividade potencial versus a expressada, observa-se que 65% de perdas estão ligadas a estresses abióticos – principalmente estresse hídrico; que 11% são por perdas em função de estresses bióticos (pragas e doenças), observando que 24% do potencial é expressado. Em dados obtidos pelo programa do Centro de Cana do IAC, a variedade IAC 96-3060 alcançou o potencial produtivo de 320 t/ha, a IAC 95-5000 de 305 t/ha, e a IAC 95 5094 de 335 t/ha.

Lembrando que, no caso da adubação fosfatada, está diretamente ligada ao teor de sacarose do caldo e ao perfilhamento da soqueira, tanto é verdade que é fundamental, hoje, a análise de fósforo no caldo. A reforma do canavial, segundo o Pecege, em 88 usinas, é de cerca de R$ 9.785,00 por hectare, sem levar em consideração, hoje, o aumento abusivo de fertilizantes minerais, principalmente cloreto de potássio. Assim, práticas de manejo que aumentem a produtividade, a qualidade da matéria-prima e a longevidade dos canaviais são fundamentais para a exploração dessa cultura, com alto retorno benefício-custo. Nessa linha, além das práticas corretivas: calagem, gessagem, fosfatagem na implantação da cana-planta, bem como adubação mineral de manutenção, com macronutrientes primários e micronutrientes, além da aplicação de B via herbicida, elemento essencial para a formação de raízes e transporte de açúcares e também para o controle da estria vermelha (Acidovorax avanaea – Pseudomonas rubrilineans), principalmente na RB86 7515, utilizando como fontes o octaborato de sódio 20,5% de B e PS = 10 (Produto de solubilidade); (g 100ml-1 ou kg 100l-1), ou Boro monoetanolamina (suspensão 100 a 150 g l-1 de B), ou pentaborato de sódio suspensão – 132 g l-1.

Com esse manejo, associado à escolha de variedades de acordo com a localização das unidades produtoras e de ambientes de produção, é possível atingir produtividades acima de 100 t.ha-1, média de 5 cortes e longevidades acima de 12 cortes. "

Godofredo Cesar Vitti Professor de Nutrição e Adubação de Plantas da Esalq-USP

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Opiniões 1. FATORES DE PRODUTIVIDADE Pragas Doenças Plantas Invasoras Genótipo Clima Solo

Produtor

Fatores de Produção

2. POTENCIAL DE AUMENTO DE PRODUTIVIDADE EM PERCENTUAL 26

Cana de ano e meio

26

Calagem na implantação

24

Torta de filtro no plantio

19

Gesso: Implantação e S: Manutenção

17

Nitrogênio na soqueira

8

Adubação verde

8

Micronutrientes e Bioestimulantes Fosfatagem

7 -6

Remoção da palha

-9

Nematoide na soqueira

-33

Pisoteio de soqueira

-41

Cana de ano

3. PRODUTIVIDADE POTENCIAL VERSUS EXPRESSADA

CERRADINHO BIOENERGIA SP-3280

A utilização de micronutrientes associados a bioestimulantes tornou-se prática necessária para atingir tais objetivos, ou a utilização de fosfitos com micronutrientes, que já contempla de modo adequado, simultaneamente, esse fornecimento. É fundamental, também, a utilização de subprodutos da usina, como a torta de filtro e cinza compostadas, (enriquecidas ou não) no sulco de plantio e maior área de aplicação de vinhaça, seja concentrada ou localizada, nas linhas de soqueira. Para os fornecedores que não dispõem desses subprodutos, a alternativa é a utilização de cama-de-frango, esterco de gaiola ou esterco de confinamento localizado nas linhas da cana-soca. Torna-se fundamental, também, a aplicação de micronutrientes via foliar (B, Cu, Mn, Mo e Zn) associados à ureia em fases de máximo crescimento vegetativo (outubro a fevereiro), além do fornecimento de B e Mg, associados a maturadores, aplicados cerca de 45 a 60 dias antes da colheita. Para atingir tais objetivos, tudo se inicia com a amostragem correta do solo, a qual deve ser realizada logo após o corte da cana-planta, ou da cana-soca a um palmo da linha da cana, cerca de 25 a 30 cm, bem como análises de rotina de 0-25 e de 25-50 cm, realizando, nas amostras de 0-25 cm, análises de rotina + S + Al + Micro, e teores de argila, enquanto nas amostras de 25-50 cm, análises similares, porém sem a de micronutrientes. Em função dessas informações e do teor de P no caldo, são determinadas as fontes adequadas e as doses de nutrientes. Com esse manejo, associado à escolha de variedades de acordo com a localização das unidades produtoras e de ambientes de produção, é possível atingir produtividades acima de 100 t.ha-1, média de 5 cortes e longevidades acima de 12 cortes, como temos observado, por exemplo, nas unidades sucroenergéticas de Goiás – Cerradinho BioEnergia, em Chapadão do Céu, em Mato Grosso do Sul; IACO, em Paraíso das Águas; Coprodia, em Campo Novo do Parecis; Usina Batatais, Lins e Nardini, em São Paulo. Na Cerradinho Bioenergia, por exemplo, nota-se a variedade SP3280, ou seja, variedade normalmente descartada, com produção acima de 90 t/ha-1, no 12º corte, e fotos de unidades supracitadas. Lembrem-se de que o manejo adequado da cana-de-açúcar se inicia com amostragem e análise de solo contínua, com práticas corretivas e de conservação do solo. Como exemplo, temos a meiosi com soja na IACO e termina com aplicação da adubação mineral. n

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cientistas e especialistas

canavial se faz com capricho

no preparo, no plantio, nos tratos e na colheita

O canavial do novo patamar tem produtividade estável acima de 100 t/ha e longevidade acima de 6 cortes. Para isso, já existe tecnologia. Já existem casos concretos. Parece simples assim, mas não é. Vejam um exemplo real: tive uma safra com produtividade de 72 t/ha, que foi excelente, todos ficamos satisfeitos, porque era um novo patamar, pois, dois anos antes, havia sido 54 t/ha. Portanto, cada empresa e sua circunstância tem o seu novo patamar. Poucas vezes, vimos uma diversidade tão grande de situações entre as empresas sucroenergéticas, em patamares tão diferentes. As causas dessas diferenças são as mais diversas e compreensíveis. Mas uma coisa parece certa: o foco deve ser o canavial, enquanto os equipamentos, softwares, etc. são ferramentas, sejam de que natureza forem, seja qual for a tecnologia. E canavial se faz com capricho no preparo, plantio, tratos e colheita. A colheita, pelo seu alto custo direto, por estar “na boca do caixa” e por ser muito visível, tem atraído atenção e feito muita gente se descuidar do plantio e tratos. A rota deve ser mais ou menos assim: os tratos, quando bem-feitos, dão longevidade e melhoram o plantio.

O plantio melhor facilita e melhora os tratos. Plantio e tratos têm que melhorar o canavial. Canavial melhor dá rendimento para a colhedora. Colheita estável e cana limpa dão rendimento na indústria. E todos ficamos satisfeitos. Belchior cantava “que o novo, o novo sempre vem”. A nós cabe fazer com que o novo seja melhor. E isso tem início na visão do futuro que criamos e temos que perseguir. Foi assim para o uso racional da vinhaça, para a colheita da cana sem queima, o melhorar as áreas de preservação, o cogerar eletricidade, o melhorar a vida do trabalhador ... (uma pausa para lembrar o tanto que de fato fizemos). E as visões de futuro que tenho hoje, que posso chamar de desafios, são a estabilidade da governança, fazer crescer a produtividade da terra e liberar espaço ou buscar mercado para esse crescimento. Além de alimento, produzir energia limpa e renovável é o desafio planetário de hoje. No que o setor sucroenergético tem a virtude de ser uma cadeia longa e larga suficiente para oferecer muitas oportunidades. Esse é o nosso negócio. Vejo um futuro com carros e caminhões a hidrogênio do etanol. E vejo também pessoas, aos milhões, ocupadas em produzir biomassa e eletricidade limpa, podendo crescer no mesmo emprego por muitos anos.

cada empresa e sua circunstância tem o seu novo patamar. Poucas vezes, vimos uma diversidade tão grande de situações entre as empresas sucroenergéticas, em patamares tão diferentes. As causas dessas diferenças são as mais diversas e compreensíveis. "

Valmir Barbosa Consultor Sênior da Datagro Alta Performance

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Opiniões Incêndio no campo é um dos maiores riscos de todo produtor de cana. Sua prevenção e combate têm que receber atenção não só na seca, mas também agora, na chuva, mantendo aceiros limpos e as bordas das reservas plantadas com vegetação de cobertura para controlar o capim. Faixas de contenção, como faixas sem palha em locais estratégicos do canavial, pela colheita integral ou “recolheita” da palha, são necessárias para o controle de incêndios. A sistematização, que é o trabalho de terraplenagem para fazer o terreno ficar adequado para o plantio, precisa ter projeto elaborado com tempo e cuidado porque deve ser perpétuo. Como são os milenares terraços de cultivo de arroz nos países orientais. Fazendo assim, daqui a alguns anos, a operação de sistematização será desnecessária, e seu custo, reduzido. E o solo estabilizado terá grande ganho e conservação da fertilidade. O plantio será direto, com erradicação mecânica ou química. O plantio de colmos, de gemas isoladas ou de mudas brotadas, acho que vão conviver entre si. Cada uma delas tendo sua aplicação. Hoje, no meu sítio, faço replantio de mudas brotadas, de colmo e de divisão de soqueira, conforme a disponibilidade. Os plantios mecanizado e manual deverão conviver entre si por muito tempo, pois cada um tem seu lugar, dependendo de particularidades da empresa. Seja qual for, é essencial que a qualidade do plantio tenha garantia da formação de um canavial produtivo e longevo. Para isso, também temos métodos. A escolha de variedades depende do objetivo do negócio e do mercado. Pensando no conjunto do mercado de açúcar, de álcool, de biomassa e de eletricidade, a escolha das variedades tem grande flexibilidade, desde variedades especializadas para a produção de sacarose, até variedades altamente eficazes na produção de biomassa por área de terra. Há tempos, nosso negócio deixou de ser sucroalcooleiro e está cada vez mais sucroenergético. Sobretudo agora e no futuro de energia limpa. Para ilustrar o potencial de variabilidade, enquanto a soja e o milho têm sempre 20 pares de cromossomos e um humano tem sempre 46 pares, os híbridos de cana têm um número variável de 100 a 130 pares. Para escolher e manejar variedades no patamar acima, é necessário aprimorar o conhecimento do comportamento local e a construção de perfil varietal para a fazenda. Para isso, temos que utilizar métodos e ferramentas adequadas.

A adubação para um novo patamar de manejo deve ser fundamentada no uso racional de resíduos e efluentes, associado ao conhecimento das respostas da cana. É estratégico o conceito de que a usina, ao processar cana e vender apenas açúcar, álcool e eletricidade, exporta apenas os elementos C, H, O e elétrons. Portanto todos os demais elementos podem ser reciclados para o campo, e ainda adicionados dos insumos industriais, caso do fósforo, cálcio, magnésio e enxofre, em substituição aos adubos minerais, e forte economia de recursos; hoje, com o uso da vinhaça aplicada na linha, com formulação e dosagens de precisão, assim como o uso de torta de filtro e suas compostagens “na ponta do lápis”. Já temos modelos para esse uso racional. E isso já é muito conhecido e usado, embora, por razões diversas, há usinas que ainda não usufruem ao todo desse benefício. Por outro lado, a regulamentação legal do uso de resíduos deveria ter uma elaboração mais interativa entre a pesquisa, as agências ambientais e as indústrias, no sentido de promover o uso, pelo desenvolvimento de soluções com bases científicas sólidas. O controle fitossanitário já tem técnicas suficientemente desenvolvidas e seguras, praticamente para todas as doenças, pragas e espécies de mato. Tal que, para alcançar o patamar de cima, muitas vezes falta implementar uma gestão fitossanitária, com protocolos adequados e equipe preparada, com pessoas preparadas e longevas em suas funções. No planejamento e condução das operações no dia a dia, é onde temos hoje ferramentas incríveis. A começar por ferramentas puramente conceituais, do modo de organizar e fazer as coisas, que já podem pôr o canavial em ordem, até ferramentas de AP, IoT, IA, etc., e ter produção em cada palmo de terra ocupada. Houve um tempo em que eu tinha um inconformismo estranho. Conhecia aquele canavial como a palma da mão e via muitos problemas com falhas, mato, pragas, canas fracas, coisas assim, que vínhamos resolvendo. Mas a produtividade média já era acima de 90 t/ha. Então... poderia ser muito maior. Daí, com os recursos que temos para saber o que tem e o que fazermos em cada talhão, não consigo escapar de calcular um novo patamar com 13 colmos/m x 2,5 m de altura x 540 g/m de colmo x 6.666 metros/ha x 90% de eficiência = 105 t/ha. n

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Opiniões

subindo a régua O manejo agrícola desenvolvido na área da ciência agronômica tem como principal função dar suporte e criar condições adequadas para a máxima expressão gênica das variedades ou híbridos de plantas, para isso, é necessário “subir a régua”, ou seja, precisamos entender onde estávamos, aonde chegamos e onde estaremos daqui a alguns anos. Nada melhor que se situar no tempo e na régua. Na década de 1970, no Brasil, nossa produtividade média era de 52,9 t/ha e, hoje, na safra 2020/2021, temos 75,5 t/ha, contados os efeitos adversos do clima e aplicando o manejo atual. Podemos notar, no gráfico 1, que mostra a produtividade de cana-de-

-açúcar na área de cultivo no Brasil nas últimas 43 safras, que tivemos uma evolução na produtividade, que propiciou a utilização de menor quantidade de terras, contribuindo para a sustentabilidade ambiental, através da introdução constante de novas tecnologias. Subimos a régua. Se tivéssemos, hoje, a mesma produtividade de 1977, utilizando a tecnologia agrícola de 43 anos atrás, estaríamos utilizando 3,3 milhões de hectares de terras a mais, ou seja, aproximadamente 13,3 milhões de hectares. Ao examinar com mais cuidado os dados desse gráfico, nota-se que, a partir do ano de 2011, tivemos uma tendência de queda de produtividade e que só volta; mos a crescer a partir de 2014.

Se tivéssemos, hoje, a mesma produtividade de 1977, utilizando a tecnologia agrícola de 43 anos atrás, estaríamos utilizando 3,3 milhões de hectares de terras a mais, ou seja, aproximadamente 13,3 milhões de hectares. Jorge Luis Donzelli Diretor Técnico da Lidera Consultoria e Projetos

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INFORME TÉCNICO/COMERCIAL

SOTREQ IMPLANTARÁ PROJETO INOVADOR DE COGERAÇÃO A BIOGÁS GERADORES ENTREGARÃO, ALÉM DE ENERGIA ELÉTRICA, VAPOR E ÁGUA QUENTE PARA O PROCESSO INDUSTRIAL MENOS CUSTO COM ENERGIA

PROJETO CHAVE NA MÃO

Previsto para entrar em operação em meados de 2022, este projeto é uma tendência no segmento industrial. Isso porque ele atende a uma das maiores reivindicações do setor, que é a redução dos custos de produção, principalmente com energia. Neste sentido, a utilização dos resíduos industriais para a produção de biogás tem um grande potencial de expansão.

O projeto contempla 2 motores a biogás Cat® CG170-16 de origem alemã, totalizando 3,12MW. Este modelo apresenta a melhor performance para aplicações à biogás e é atualmente o mais vendido. Suas principais características são alta eficiência elétrica, menor consumo de óleo e maior vida útil. Além dos motores, a Sotreq está fornecendo o pacote completo da cogeração e, pioneiramente, incluindo o sistema de tratamento de H2S, cujos índices para aplicações em indústrias de alimentos são bem elevados. Este é um grande diferencial que a Sotreq traz aos seus clientes.

CORRETO SISTEMA DE COGERAÇÃO Um dos principais passos no desenvolvimento de um projeto de cogeração a biogás é conhecer o combustível. Obter os dados referentes à composição do biogás é o primeiro passo para definir o melhor equipamento. Outra etapa importante é conhecer as necessidades do cliente e saber como a energia térmica pode contribuir para a melhoria de eficiência do processo industrial.

Operação da AB Brasil


cientistas e especialistas

PRODUTIVIDADE (t/ha)

1. ÁREA DE PRODUÇÃO CULTIVADA REAL E ÁREA POUPADA PELA INTRODUÇÃO DA TECNOLOGIA

ÁREA TOTAL (1.000 ha)

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SAFRAS AGRÍCOLAS 2. HISTÓRICO DO ATR REGIÃO CENTRO-SUL

3. TCH - ESTÁGIO DE CORTE ULTIMAS 10 SAFRAS NA REGIÃO CENTRO-SUL

4. PRODUTOS BIOLÓGICOS APROVADOS NO BRASIL DESDE 1991 POR NATUREZA E QUANTIDADE

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Hoje, temos uma produtividade média, no Brasil (75,5 t/ha), semelhante à obtida em 2006 (74,7 t/ha), quando a produtividade agrícola da cana-de-açúcar estava em franca ascensão. Seria esse decréscimo de produtividade ligado a alguma adoção em massa de tecnologia? Dados comparativos obtidos pelo Censo 2020 do IAC, mostram uma relação entre adoção da colheita mecânica e um decréscimo da média móvel de ATR, a partir da safra 2006 (índice de mecanização aproximado de 30%), atingindo seu mínimo na safra 2017 (Índice de mecanização aproximado de 95%), conforme destacado no gráfico 2 – que expõe o valor de ATR na média móvel de 3 anos e índice porcentual de adoção de colheita mecânica no Brasil. Não afirmamos que essa queda é somente decorrente de adoção de colheita mecanizada, mas esse exemplo mostra os impactos, tanto positivos quanto negativos, da adoção de uma tecnologia. Felizmente, nota-se, nos dados, uma recuperação da produtividade agrícola de 2015 até 2020 e da média móvel de 3 anos do ATR nos anos de 2018 em diante, talvez até por condições melhores de maturação da cana-de-açúcar, somadas a um aprendizado de manejo da colheita mecânica. A recuperação de produtividade no exemplo citado pode ainda demonstrar o efeito da introdução de novos pacotes tecnológicos. Claro que, ao atingirmos níveis mais altos de produtividade de cana-de-açúcar, os recordes ficam mais difíceis de serem quebrados. Muito investimento em ciência agronômica deve ser alocado no desenvolvimento e na transferência de tecnologia aos agricultores. Não há saltos em ciência. Existem desenvolvimentos constantes que, somados/multiplicados, atingem o famoso breakthrough, ou ruptura tecnológica. Ao público pode parecer que “estalamos os dedos” e tivemos as variedades transgênicas de cana-de-açúcar, mas anos de esforços tecnológicos e altos investimentos foi o que propiciaram o desenvolvimento dessa tecnologia. Por falar em desenvolvimento e transferência de tecnologia, já foi dito que a melhor forma de transferir tecnologia para agricultores é fornecer a eles plantas melhoradas geneticamente.


Opiniões De fato, temos assistido, anualmente, lançamentos de novas variedades de cana-de-açúcar liberadas por nossos três principais programas de melhoramento (Ridesa, IAC, CTC). A eles junta-se a GranBio, com suas variedades de cana-energia, o que abre um excepcional leque de oportunidades para o agricultor canavieiro. Hoje, temos variedades de cana convencional, transgênicas e a cana-energia, que podem ser plantadas nos mais variados ambientes de produção edafoclimáticos. Com tal arsenal à disposição, segundo o censo anual do IAC, utilizando dados de unidades produtoras do Centro-Sul do Brasil, a média de produtividade das últimas 10 safras (de 2010 a 2020) foi de 79,3 toneladas de cana por hectare, utilizando as médias por corte e desprezando a cana bis. Esses dados podem parecer contraditórios com os anteriormente apresentados, mas esse valor de produtividade já pode representar um início de recuperação decorrente da aplicação de novas tecnologias de plantio, colheita e tratos culturais nas novas variedades, decorrente de um universo de empresas que são pioneiras na aplicação de novas tecnologias agrícolas. Ressalte-se que, desde 2014, temos enfrentado variações climáticas que têm afetado a produtividade final. Ainda assim, há essa constatação no censo do IAC. O atual plantel de variedades tem se beneficiado dessas novas tecnologias. Por exemplo, a utilização dos produtos biológicos deverá crescer, em 2021, cerca de 33% na cana-de-açúcar, passando dos atuais R$ 264 milhões para R$ 353 milhões nas vendas totais. Como um todo, o mercado no Brasil teve, no último ano, o lan-

çamento de 96 novos produtos da linha biológicos. Desde 1991, são 433 novos produtos Na lista de tecnologias emergentes que trarão grandes benefícios para a cana-de-açúcar, está a agricultura digital, que abrange a utilização de geoprocessamento, internet das coisas, sensores de monitoramento, inteligência artificial, veículos autônomos, Big Data, tecnologia da informação e comunicação (TIC), computação em nuvem, tecnologias embarcadas em máquinas agrícolas e sistemas de irrigação autônomos. Um exemplo é o acompanhamento das falhas nos canaviais através de drones. Há um potencial de recuperação de problemas de plantio, assim como nos canaviais de estágios mais avançados. Na decisão de replantio, considera-se, além das falhas obtidas pela análise das imagens tomadas por drones, a idade do canavial. Mas, além disso, é importante levantar também o nível dessas falhas, pois a cana tem uma capacidade de compensar esses intervalos sem plantas, principalmente aqueles menores que cinquenta centímetros, tornando os resultados aquém do esperado. Entretanto temos notícia de que empresas têm alcançado sucesso com o emprego do pacote tecnológico, com resultados de 8 a 10 toneladas, quando comparado ao controle. Há também um outro benefício, que é o aumento da longevidade desse canavial. A lista de tecnologias emergentes para cana-de-açúcar é vasta. Como já ressaltado, há necessidade de mais investimento em pesquisa e desenvolvimento e transferência de tecnologia, para que essas novidades cheguem às mãos dos agricultores canavieiros, subindo a régua da produtividade. n

VARIEDADES COMERCIAIS DE CANA DE AÇÚCAR RECOMENDAÇÃO DE PLANTIO E ÉPOCA DE COLHEITA

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cientistas e especialistas

Opiniões

fertilização orgânica e mineral O setor sucroenergético tem grandes oportunidades na ciclagem de nutrientes e na sustentabilidade da produção de cana-de-açúcar, através dos subprodutos gerados na indústria, uma vez que os principais produtos, açúcar e etanol, são constituídos por C, H e O, e os demais nutrientes (N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn e Zn) estão presentes nos subprodutos torta de filtro, cinzas e vinhaça. Considerando-se a safra na ordem de 600 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, verifica-se que setor gera, anualmente, quantidades vultosas de subprodutos, ou seja, cerca de 17 milhões de toneladas de torta de filtro e 300 milhões de m3 de vinhaça. Como destaque atual para a utilização da vinhaça, podemos considerar o manejo denominado “vinhaça localizada”, que vem a ser a aplicação em faixa sobre as linhas de cana-de-açúcar, através de carretas-tanque tratorizadas ou com caminhão tanque, como uma prática que está crescendo de forma acelerada no setor, uma vez que apresenta as seguintes vantagens: a. ganho de produtividade agrícola; b. aumenta a produção de açúcar por hectare: fator econômico; c. eleva a produtividade com o passar dos cortes; d. incrementa a longevidade das soqueiras; e. a utilização da vinhaça localizada possibilita substituir total ou parcialmente a

Considerando-se uma safra de 600 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, o setor gera anualmente cerca de 17 milhões de toneladas de torta de filtro e 300 milhões de m3 de vinhaça. "

Pedro Henrique de Cerqueira Luz Professor de Adubos e Adubação, Fertilidade e Conservação do Solo e Pedologia das Agrárias da FZEA/USP de Piracicaba-SP

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adubação mineral com K, sendo que, para os demais, permite a adição de fontes minerais para realizar a adubação completa de macro e micronutrientes; f. promove efeitos favoráveis sobre os atributos químicos, físicos e biológicos do solo: pH, CTC e SB, salinização, lixiviação, agregação e microbiota; g. grande agilidade para aplicação em diferentes áreas agrícolas da usina; h. nesse manejo, a vinhaça é considerada fertilizante organomineral, o que implica aspectos muito favoráveis sob o ponto de vista ambiental; i. permite aumentar a área de aplicação da vinhaça, uma vez que a dosagem de K2O é feita considerando-se o teor encontrado na vinhaça versus a dosagem pretendida na adubação, pois, na aplicação da vinhaça, através de carretel enrolador, utiliza-se um fator de correção na ordem de 70% devido à uniformidade de aplicação do canhão hidráulico, perdas pelo vento e evaporação; j. estudos estão em fase de avaliação para verificar a possibilidade de se agregar o controle de pragas através da aplicação vinhaça, dessa forma, ;


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cientistas e especialistas julgamos que essa modalidade de utilização da vinhaça mostra-se uma prática de manejo que racionaliza a utilização do K nas áreas agrícolas, principalmente pelo momento atual que estamos enfrentando, de elevados preços e escassez do fertilizante cloreto de potássio (KCl), bem como ser ambientalmente mais adequado que o manejo anterior. A torta de filtro vem a ser outro subproduto de grande interesse nas usinas e, nesses últimos anos, vem tendo sua utilização melhorada, através de processo de compostagem e enriquecimento com fontes de nutrientes minerais e orgânicas. Trata-se de um fertilizante orgânico excelente, pois tem características químicas muito interessante para a nutrição da cana-de-açúcar, com relações C/N, C/P e C/S, que são indicadores de mineralização dos nutrientes, favoráveis para a utilização agrícola. Para avaliar o processo de enriquecimento da torta de filtro com fontes minerais, utilizamos a metodologia do Etopec, que tem por objetivo verificar a viabilidade da prática agrícola através de três pilares: “técnico”, ou seja, se a cana-de-açúcar responderá favoravelmente em produção e/ou qualidade; “operacional”, se a usina tem infraestrutura

Aplicação de vinhaça localizada

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para produção e aplicação; e “econômico”, se apresenta taxa de retorno econômica adequada. Nesse sentido, os estudos do Etopec que temos feito atualmente têm apresentado respostas altamente favoráveis ao enriquecimento da torta de filtro ou composto (torta de filtro mais cinzas), pois a resposta agronômica da cana-de-açúcar aumenta em decorrência da associação de uma fonte orgânica de liberação lenta com uma fonte mineral de liberação mais imediata, de forma tal a atender a marcha de absorção da cana-de-açúcar, que é uma cultura de ciclo de 365 dias. Outro aspecto favorável é a redução da dosagem do fertilizante organomineral nas áreas agrícolas com o mesmo aporte de nutrientes, o que leva à redução do custo de transporte e de aplicação no campo, que são dois componentes de custo que têm grande impacto nesse manejo. E, por fim, a questão econômica, que, atualmente, fica muito competitiva devido aos altíssimos preços dos fertilizantes minerais no período pós-pandemia, no contexto global, além de reduzir a dependência das commodities fertilizantes, pois podemos utilizar fontes nacionais de fósforo e potássio parcialmente solúveis.


Opiniões Outra prática de manejo no que diz respeito à nutrição da cana-de-açúcar, que tem tido destaque no contexto atual, é a adubação foliar, que apresenta taxas de crescimento altamente significativas nos últimos anos − segundo dados da Yara Fertilizantes, cresceu, em média, 50% ao ano, entre 2012 e 2018. A adubação foliar em cana-de-açúcar atualmente tem sido utilizada em contextos diferentes, a saber: a. para desenvolvimento vegetativo; b. como pré-maturador; e c. para reduzir o estresse biótico a abiótico. A utilização da adubação foliar visando ao desenvolvimento vegetativo para se ganhar produtividade é uma prática que já foi utilizada em décadas passadas, normalmente aplicada nos meses de novembro e dezembro, antecedendo o período de maior acúmulo de massa verde da cana-de-açúcar, que pode atingir, em janeiro, cerca de 1 t/ha/dia. Essa prática foi retomada há cerca de 10 anos, e os resultados têm sido muito favoráveis, inicialmente com uma aplicação no verão e atualmente com duas, pois, geralmente, a cana-de-açúcar responde em produtividade. A prática é de ágil aplicação no campo por ser feita com avião e apresenta bom retorno econômico. A adubação foliar denominada de “pré-maturador” é uma prática mais recente, cujos estudos iniciaram com a utilização do boro, que é um nutriente importante no processo de

maturação da cana-de-açúcar; posteriormente, os estudos evidenciaram a participação de outros nutrientes no processo, tais como Mg, K, P, N e Mn. O manejo da aplicação é feito cerca de 30-45 dias antes da colheita, podendo ou não ser associado com o maturador convencional. Essa modalidade de aplicação foliar aérea para maturação é muito interessante em locais nos quais se tem restrição para a aplicação dos maturadores convencionais, como quando se tem cultivos próximos que são sensíveis aos maturadores convencionais. A utilização da adubação foliar como antiestresse é um manejo mais recente e em fase de pesquisa, inclusive com estudos visando ao melhor posicionamento dessa prática. Trata-se de um manejo que tem por objetivo manter o dossel foliar “verde”, ou seja, fotossinteticamente ativo, objetivando minimizar os efeitos danosos, principalmente dos estresses hídrico e térmico. Quanto ao seu posicionamento, tem sido avaliada a aplicação antes do início da época seca na região Centro-Sul do Brasil, ou seja, nos meses de abril e maio, para manter o dossel foliar verde e, dessa forma, evitar a redução de produção que ocorre nos canaviais nessa época da safra, ou seja, é uma prática para se evitar a perda de produção e não ganho. Nesse sentido, têm-se realizado pesquisas utilizando-se fertilizantes foliares minerais, associados ou não com bioestimulantes. n

Enriquecimento de composto organomineral

67


Q

Índice

cientistas e especialistas

adubação da cultura da cana-de-açúcar Este artigo sobre correção de solo e adubação tem como objetivo, por meio do manejo de nutrientes, o aumento das produtividades médias da cultura da cana-de-açúcar. A adubação mineral ou orgânica tem como propósito fornecer os nutrientes essenciais para o desenvolvimento da cultura e ganho de fitomassa. Quando um elemento no solo apresentar deficiência, a produção é reduzida, quais sejam: • Macronutrientes: Exigidos em maiores quantidades pela cultura, ou seja, a cada 100 toneladas de cana, são necessários (em quilos): N=138, P2O5=33, K2O=390, CaO=84, MgO=43, S=26. • Micronutrientes: Exigidos em menores quantidades pela cultura, ou seja, a cada 100 toneladas de cana, são necessários (em gramas): B=133, Cu=62, Fe=5271, Zn = 219. Para se obter o máximo de produtividade, devem-se seguir as seguintes atividades: 1) Amostragem de solo: No preparo de solo, para o plantio da cana, retirar amostra composta (15 a 20 subamostras por gleba uniforme) da área total. Em soqueiras, retirar amostras a 25 cm da linha de cana onde não se aplicou adubo. Amostrar na camada de 0-25 cm para fins de cálculo de calagem e adubação e 25-50 cm para avaliar a acidez em profundidade, a disponibilidade de cálcio e enxofre e calcular a necessidade de gesso agrícola. 2) Calagem: Segundo o IAC, aplicar calcário para elevar a saturação por bases a 70% na camada superficial do solo (0-25cm), porém, não menos que 1,5 t/ha do corretivo (PRNT=100%).

A adubação mineral ou orgânica tem como propósito fornecer os nutrientes essenciais para o desenvolvimento da cultura e ganho de fitomassa. "

Claudimir Pedro Penatti Diretor da Penatti Consultoria

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A fórmula é: NC=(V2 – V1) x CTC x 100/(PRNT x 10), onde: V2= saturação por bases a alcançar (70%); V1=saturação por bases do solo; CTC=capacidade de troca catiônica do solo; PRNT=poder relativo de neutralização total do calcário em %. 3) Gessagem: O gesso deve ser aplicado no plantio ou em soqueiras com base na análise da amostra composta de solo retirada na camada de 25-50 cm de profundidade. A gessagem é necessária quando constatada saturação por bases (V%) do solo inferior a 30% ou saturação por alumínio (m%) acima de 40% da CTC efetiva do solo. Calcular a dose de gesso de acordo com a textura do solo, pela fórmula: Argila (em g/kg) x 6 = kg/ha de gesso a aplicar. Em caso da não necessidade de gesso, mas o teor de enxofre na camada 25-50 cm for inferior a 15 mg/dm3, aplicar 1 t/ha de gesso como fonte de enxofre. Realizar a gessagem também nas soqueiras se a análise de solo indicar a necessidade. Por questões práticas, a calagem e a gessagem nas soqueiras podem ser feitas em anos alternados.


Opiniões 4) Fosfatagem: Consiste na aplicação de adubos fosfatados incorporados ao solo em área total para elevar a disponibilidade desse nutriente em solos pobres de fósforo (<7 mg/dm3). Aplicar 120 kg/ha de P2O5 para solos com até 25% de argila e 150 kg/ha P2O5 para os demais solos, considerando o teor total de P2O5 da fonte utilizada. O teor de fósforo solúvel em ácido cítrico é a base de comparação entre as fontes fosfatadas. Uso de subprodutos do sistema sucroenergética 5) Vinhaça: A vinhaça é rica em potássio, por isso é a base para calcular a dose a ser aplicada, conforme a necessidade de K da cultura, não excedendo a dose máxima de acordo com a legislação ambiental local (norma CETESB P4231 para SP). Essa norma limita a quantidade máxima de vinhaça àquela que eleva o teor de K trocável a 5% da CTC do solo na camada de solo até 0,8 m de profundidade. A vinhaça aumenta a produtividade de cana entre 5 a 10 toneladas por hectare. 6) Torta de filtro: A torta de filtro é rica em nutrientes, principalmente nitrogênio efósforo. Geralmente é misturada com fuligem para aumentar a concentração de potássio.A torta pode ser aplicada em pré-plantio, de preferência

no sulco de plantio em doses entre 10 a 20 t/ha, em base úmida,ou sobre as linhas das soqueiras. Esses subprodutos promovem aumento de produtividade de cana entre 4 a 12 t/hectare. 7) Rotação de culturas/Adubação verde: Na reforma, pode-se fazer o uso de rotação com a soja ou o amendoim, e, como adubo verde, as culturas leguminosas de grãos, como as Crotalárias juncea, spectabilis e ochroleuca. 8) Adubação mineral da cana-planta e cana-soca: A quantidade de adubo e a fórmula a serem usadas na lavoura de cana são baseadas nas tabelas de recomendação de adubação obtidas da experimentação de campo e das análises químicas de solo, como mostram as tabelas. 9) Micronutrientes: Da mesma forma que os macronutrientes, os micronutrientes também são necessários para a cultura da cana, portanto recomendam-se aplicar no solo, em média, 2 kg de B/ha, 4 kg de Cu/ha, 5 kg de Zn/ha, 5 kg de Mn/ha e 0,3 kg de Mo/ha. Lembrando que esses nutrientes podem ser aplicados via foliar também, como complementação da adubação via solo, no período entre novembro a janeiro. Usar a tabela de recomendação de adubação para os micronutrientes também. n

1. QUANTIDADES DE NITROGÊNIO, FÓSFORO E POTÁSSIO A APLICAR COM BASE NA ANÁLISE DE SOLO E NA PRODUTIVIDADE ESPERADA Produtividade Nitrogênio esperada

0-6

P resina, mg/dm3 7-15 16-40

t/ha kg/ha(1) P2O5, kg/ha <100 30 180 140 80 100-130 30 180 160 100 130-150 30 200(2) 180 120 150-170 30 200(2) 180 140 >170 30 200(2) 200 140

>40 40 60 80 100 100

K trocável, mmolc/dm3 0-0,7 0,8-1,5 1,5-3,0 >3,0 140 160 180 200 220

K2O, kg/ha(3) 120 100 140 120 160 140 180 160 200 180

60 80 100 120 120

Complementar à adubação de plantio com 30 a 60 kg/ha de N em cobertura no quebra-lombo, onde a dose maior vai para a maior produtividade. (2) Aplicar fósforo no sulco de plantio, de acordo com a tabela, em áreas onde se fez a fosfatagem. (3) Doses elevadas de potássio, aplicar no máximo 80 kg/ha de K2O no sulco e o restante juntamente com o N no quebra-lombo. (1)

2. ADUBAÇÃO PARA SOQUEIRAS DE CANA-DE-AÇÚCAR DE ACORDO COM A ANÁLISE DE SOLO E A PRODUTIVIDADE ESPERADA Produtividade Nitrogênio P resina, mg/dm3 esperada(1) 0-6 7-15 16-40 t/ha kg/ha(2) P2O5, kg/ha <80 80 40 20 0 80-100 100 40 20 0 100-120 120 60 40 30 120-140 140 60 40 30 >140 140 60 40 30

>40 0 0 0 0 0

K trocável, mmolc/dm3 0-0,7 0,8-1,5 1,5-3,0 K2O, kg/ha(3) 100 80 60 140 100 80 160 120 100 180 140 120 200 160 140

>3,0 40 60 80 100 100

Usar a produtividade do ciclo anterior ou a expectativa de produção para o próximo ciclo, a que for maior. Aplicar os adubos próximos ou sobre as linhas de cana. Em áreas onde a palha ficou sobre o solo, pode-se descontar 50 kg de K2O/ha, pois a palha fornece esta quantia no ano. (2) Doses de vinhaça abaixo de 100 m3/ha aplicar 100 kg de N/ha, acima, reduzir o N para 70-50 kg/ha (Penatti, 2013). (3) Em áreas de vinhaça não há necessidade de aplicar potássio, pois a vinhaça fornece a quantidade necessária (Penatti, 2013). (1)

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ISSN: 2177-6504

SUCROENERGÉTICO: cana, milho, sisal, açúcar, etanol, biogás e bioeletricidade ano • Divisão C • Fev-Abr 2022 ano19 19••número número71 71•

o novo desenho da logística do sistema sucroenergético


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