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cientistas e especialistas
o mercado da biomassa lignocelulósica Nas últimas décadas, muito se tem discutido sobre a utilização sustentável da biodiversidade. Os indicadores sobre as alterações pelas quais a Terra está passando não são os melhores. O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima (IPCC), divulgado em agosto, demonstra claramente os efeitos catastróficos do aquecimento global em todas as regiões, devido às altas taxas de liberação dos gases de efeito estufa para o meio ambiente por causas antrópicas. O aumento da produção de dióxido de carbono deve-se, em sua maioria, à exploração desenfreada de combustíveis fósseis, níveis que, se não controlados, colocam o aquecimento global do planeta muito perto do limite máximo de 1,5 °C estabelecido no Acordo de Paris, discutido na COP21 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2015), do qual o Brasil faz parte. Diante desse cenário, o Brasil vem angariando esforços para mitigar os efeitos deletérios da exploração da biodiversidade. Em 2017, tivemos a criação da nova Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), instituída pela Lei 13.576, cujo objetivo maior é o aumento da participação dos biocombustíveis na matriz energética brasileira, levando à descarbonização dos transportes, contribuindo para a minimização dos impactos das emissões dos gases do efeito estufa, fazendo com que o Brasil caminhe lado a lado com os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável. Dentre eles, a energia limpa e acessível, propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU), para que se alcancem até 2030, além do cumprimento do Acordo de Paris.
Baseado nessas prerrogativas é que o mercado da biomassa lignocelulósica surge como uma rica alternativa renovável na substituição dos combustíveis fósseis. Matéria-prima vasta, que abarca desde plantas altamente energéticas até os resíduos industriais descartados, que, até então, possuíam pouca utilidade. Dotada de uma alta complexidade molecular, a conversão de biomassa em biocombustíveis não é simples, mas exige bioquímica complexa, com o envolvimento de uma das principais biomoléculas existentes, as Enzimas. Etapa considerada pelas indústrias como um dos principais gargalos desse bioprocesso. É a biomassa lignocelulósica sendo convertida no ouro das próximas gerações, a energia verde. As enzimas têm sido utilizadas em processos fermentativos desde épocas mais remotas. Majoritariamente, as de aplicação industrial são produzidas por microrganismos, como bactérias e fungos, sendo que esses últimos destacam-se por sua capacidade de secretar proteínas (enzimas) para o meio em que estão sobrevivendo, ao contrário da maioria dos outros organismos, que mantêm os seus compostos metabólicos dentro das células. Mediante a sua grande capacidade de catálise e seletividade, a aplicação de enzimas vem expandindo, abrangendo
Dados do mercado global estimam que, até 2024, as enzimas vão movimentar US$ 10.519 milhões, com taxa de crescimento anual de 5,7% para o período de 2018 a 2024 "
Rosymar Coutinho de Lucas e Maria de Lourdes T. M. Polizeli Respectivamente, Professora do Instituto de Ciências Biológicas da UF-Juiz de Fora e a Coordenadora Geral do Laboratório de Microbiologia e Biologia celular da USP-RP
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