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produtores
verdades escondidas numa
magnífica tecnologia
Enfim, vivemos o suficiente para ver o mundo assimilar genuinamente os valores da sustentabilidade nos seus negócios, transformando suas estratégias de médio e longo prazo para atender às metas ESG (do inglês Environmental, Social and corporate Governance). Certamente, há muito a ser feito e ainda estamos aprendendo a criar negócios pautados nesses valores. Dentre as faces do ESG, a ambiental vem recebendo forte atenção nos programas corporativos e governamentais mundo a fora, especialmente na redução das emissões dos Gases do Efeito Estufa (GEE). No Brasil, não dá para falar em redução de GEE sem mencionar o papel crucial da cana-de-açúcar e o seu etanol e a bioeletricidade na matriz energética. Foi com eles que chegamos a 2021 com um dos melhores modelos de descarbonização do planeta, que vem sendo olhado de perto por outros países. Mas a sólida experiência brasileira com a produção de biocombustíveis não se limitou aos oriundos dos açúcares do caldo de cana. Do esforço em valorizar ainda mais as culturas vegetais que sustentam boa parte do PIB do País, lançamos as tecnologias de processamento de biomassa lignocelulósica, que aproveitam os resíduos agroflorestais para produzir biomoléculas de interesse industrial, incluindo o etanol, conhecido como etanol de segunda geração (E2G).
Inadvertidamente, quando falamos de E2G, acabamos por nos referir à tecnologia de processamento de biomassa lignocelulósica como se fossem sinônimos. Na verdade, aquele é apenas um dos inúmeros produtos possíveis de se obter com essa tecnologia. Dela extraímos amplas possibilidades para obter variados compostos, capazes de substituir seus equivalentes de origem fóssil, garantindo sustentabilidade para inúmeras indústrias, indo muito além de biocombustíveis e bioenergia. Estamos falando de sacarídeos simples e complexos, ácidos, compostos fenólicos e aromáticos, todos extraídos da biomassa lignocelulósica, sendo precursores dos mais diversos produtos encontrados na indústria moderna, biopolímeros de alta e baixa densidade, nanocelulose, grafeno, butanodiol, jet fuel, representando o mais puro conceito de biorrefinaria. Mas nada disso seria possível sem antes dominar a tecnologia de recolhimento e fracionamento da biomassa. Estamos falando em recolher e armazenar eficientemente verdadeiras montanhas de resíduos agrícolas e florestais, conhecidos pela baixa densidade, espalhados por vastas áreas de plantio. Dominar a tecnologia de colheita, adensamento para transporte, armazenamento e formação de estoque foi crucial para garantir um processo eficiente e de baixo custo operacional.
o domínio atual do conceito de biorrefinaria torna a tecnologia de processamento de biomassa lignocelulósica uma realidade muito mais promissora do que apenas produzir E2G "
Julio Cezar Araujo do Espirito Santo Head de Tecnologias Industriais e PD&I da GranBio
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