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as tendências do mercado de bioeletricidade
a produção da bioeletricidade O aproveitamento da energia do bagaço da cana-de-açúcar não é novo no Brasil. De fato, ele coincide com a implantação das primeiras usinas de cana-de-açúcar no território brasileiro. Esse insumo residual, que se destinava, originalmente, ao autoconsumo, com o tempo e a evolução da eficiência energética e conhecimento tecnológico, passou a gerar um excedente de energia exportado para o Sistema Interligado Nacional (SIN), o que expandiu a sua importância na matriz energética nacional, fazendo com que a bioeletricidade fosse gerada a partir da cana-de-açúcar. Com isso, foi observado, no Brasil, um aumento significativo da oferta de bioeletricidade e da eficiência da autoprodução nos últimos 30 anos, fazendo com que, hoje, ela seja a quarta fonte mais importante da matriz elétrica brasileira. A bioeletricidade possui algumas características que a tornam extremamente competitiva no ambiente nacional. Primeiramente, porque a geração térmica é importante para suprir as intermitências das fontes renováveis, e a bioeletricidade tem um custo marginal de produção de energia muito baixo e período de safra complementar ao regime hidrológico (ou seja: a energia da biomassa é produzida justamente em períodos de escassez hidroelétrica). Ainda, além de ter menor variabilidade de geração (é sazonal, mas
O setor sucroenergético tem se eficientizado consideravelmente, ao longo dos anos, na exportação da bioeletricidade da cana. Ele saiu de 8 kW/tc na década de 1980 para 13 kWh/tc, em 2007, atingindo 34 kWh/tc, em 2019 (e o fator médio para as usinas vencedoras dos leilões é de 70 kWh/tc). "
Heloisa Borges Bastos Esteves Diretora de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis da EPE
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a partir do bagaço da cana não intermitente), essa fonte de energia está situada mais próxima ao consumo e ao centro de carga (o que reduz os custos de transmissão). Além disso, a bioeletricidade reduz as emissões de CO2 (em 2019, a bioeletricidade de cana-de-açúcar contribuiu para a mitigação de 2,8 MtCO2eq). A composição da matriz energética brasileira, em 2019, apresentou uma parcela expressiva de fontes renováveis, que corresponderam a 82,3% da oferta interna de energia elétrica e 40,9% da produção interna de energia primária, sendo os produtos da cana-de-açúcar responsáveis por 16,2% dessa produção. A participação da energia exportada da cana na matriz elétrica nacional foi de 3,6%, e as usinas sucroenergéticas injetaram no SIN 2,6 GW médios, nesse mesmo ano.