O Matosinhense n.º 1

Page 1

ISSN: 2183-5608

Ano I | Nº 1 | 25 de junho de 2015 | quinta-feira | Quinzenal | Preço: 1,00 € (IVA incluído) | Diretor: Luís Manuel Martins | Diretor-Adjunto: A. F. Mesquita | www.omatosinhense.com

Entrevista a Manuel Mendes Pároco de Matosinhos págs. 8 e 9

Esc. Sec. João Gonçalves Zarco

“O MATOSINHENSE” APRESENTOU-SE À COMUNIDADE

60 anos a ensinar

pág. 4 e 5

As cidades e a qualidade de vida Paulo Morais pág. 3

Centro Paroquial de Leça da Palmeira

Apresentação do projeto de requalificação

“Quintilha – Jograis” no Aurora da Liberdade pág. 11

Portas de Matosinhos Cunha e Silva

pág. 10

pág. 10

pág. 7


2

Não somos mais um... Tentaremos ser os melhores

EDITORIAL É antes de mais uma Honra e um grato Prazer termos esta casa cheia. Hoje nasce um novo jornal em Matosinhos. Não é um jornal qualquer. Todos nós sabemos que nos últimos 15 a 20 anos, numa reflexão que tivémos a oportunidade de fazer, a comunicação social nem sempre teve uma existência muito feliz, em Matosinhos. Lançar um novo jornal no contexto económico e social, em que vivemos, é um grande desafio e uma enorme responsabilidade. Um desafio não só porque temos de trabalhar todos em conjunto, em prol da comunidade, mas também porque os jornais regionais e, particularmente, os de incidência local, continuam a ter, hoje em dia, um papel de enorme responsabilidade social. Se assim não fosse, por ventura os agentes que estão no terreno, seja no domínio económico, social, político ou cultural, para além das ferramentas de que actualmente dispõem para fazer a divulgação dos seus serviços, das suas actividades, dos seus produtos, não continuariam a escolher os jornais e as demais publicações periódicas como um meio primordial de divulgação dessas mesmas iniciativas. É por isso que nós queremos contar com todos. O nosso emblema é Matosinhos e os matosinhenses – os que cá nasceram e os que escolheram este concelho para viver. Há muita gente que veio de fora e que ajudou a construir Matosinhos, nas últimas décadas, e é para eles, também, que o nosso jornal é dirigido. Além do nosso público, a nível local e regional, nós também queremos, por força da actividade jornalística e empresarial do jornal, estar presentes não só em Portugal através dos assinantes, dos anunciantes e das entidades e personalidades que connosco colaborarem -, mas também na Europa e no Mundo. Não nos podemos esquecer que, historicamente, existiram fluxos migratórios

muito importantes que partiram de Matosinhos para todo o mundo. Estou-me a lembrar, por exemplo, do Brasil. Em alturas difíceis, as pessoas encontraram formas de subsistência noutras paragens, tendo assegurado a continuidade das suas vidas. Nós gostávamos, sinceramente, de contar com todos, porque a colaboração de todos é fundamental. O jornal “O Matosinhense” é uma publicação generalista e quinzenal. Obviamente que a nossa ambição é crescer e vai haver uma altura em que teremos decidir se o jornal continua a ser quinzenal ou se assume uma periodicidade maior. Nesse momento, é primordial contarmos com o entuasiasmo de todos os intervenientes que, historicamente, colaboraram ou que pretendem colaborar, no futuro, a vários níveis – redatorial, publicitário e como assinantes. Queremos crescer de uma forma sustentada e realista. Agradecendo a todas as entidades e personalidades presentes, reafirmo que é uma enorme satisfação ter a casa cheia, partilhando connosco este momento tão especial e bastante emotivo. Quando nos lançamos num projeto tão ambicioso como este, analisamos as variáveis todas, mas o mais importante são as pessoas, porque as rotinas produtivas dão muito trabalho, envolvem muita dedicação e muito esforço, mas nós estamos cá por Matosinhos e queremos trabalhar sempre em prol do nosso concelho. Viva Matosinhos, Viva Portugal e Viva a Imprensa Livre! Discurso proferido na sessão pública de lançamento d’ “O Matosinhense”, a 11 de junho de 2015, na Biblioteca Municipal Florbela Espanca, em Matosinhos. Luís Manuel Martins Diretor

FICHA TÉCNICA || DIRETOR: Luís Manuel Martins | DIRETOR-ADJUNTO: A. F. Mesquita | DIRETORA COMERCIAL: Clarisse Sousa || ENTIDADE PROPRIETÁRIA | EDITORA | REDAÇÃO: C.S. - O Matosinhense, Comunicação Social, Lda.| Rua Alfredo Cunha, 115 – Loja 15 | 4450-023 Matosinhos | NIPC: 513505300 || PERIODICIDADE: Quinzenal || COLABORADORES :: Opinião: Albano Chaves, Arminda Forte, Domingos Silva, Isabel Sousa, Jorge Gonzales, José Leirós, Lucindo Barbosa, Luísa Salgueiro, Miguel Teixeira, Paulo Machado, Sérgio Aguiar | Designer: Pedro Fernandes (Estagiário) | Marketing: Marta da Silva (Estagiária) | Publicidade: Anabela D. Silva || N.º DE REGISTO NA ERC: 126695 || IMPRESSÃO: FIG – Indústrias Gráficas | Rua Adriano Lucas | 3020-265 Coimbra || DEPÓSITO LEGAL: 394240/15 || TIRAGEM: 1000 exemplares || ISSN: 2183-5608 || CONTACTOS :: Telefone: 223296036 | Telemóveis: 912411072 / 912433521 || SITE: www.omatosinhense.com | E-MAIL: geral@omatosinhense.com || FACEBOOK: www.facebook.com/jornalomatosinhense

No passado dia 11 deste mês de junho, em cerimónia realizada na Biblioteca Municipal Florbela Espanca, procedeu-se ao lançamento, apresentação e divulgação do primeiro exemplar do novo jornal “O Matosinhense”. Esta publicação nasceu de um forte abraço e do firme propósito em servir Matosinhos, concretizado por seis cidadãos amigos, inseridos nas diversas áreas do tecido laboral da nossa cidade, que se constituiram em sociedade no sentido de levar “O Matosinhense” a alcançar dos seus nobres objetivos em favor das comunidades do concelho. Estamos cientes que fomos compreendidos e a demonstrá-lo estará o número elevado de presenças que connosco quiseram comungar do evento, bem como o incentivo de autoridades do

presente e do passado bem assentes na simpatia e no conhecimento das populações locais. Também de registar, e porque não muito comum neste tipo de encontros, o elevado número de senhoras, a demonstrar o interesse na mais-valia que poderá representar a leitura de notícias e factos que, no dia a dia, lhes levará o conhecimento do que se vai desenrolando na sua/nossa terra. A terminar e porque gostamos de a todos ter connosco, saudamos aqueles que estiveram na apresentação de “O Matosinhense” e agradecemos a todos quantos nos felicitaram e passam a preferir. A. F. Mesquita Diretor-Adjunto

Bem-vindo ao Mundo do Jornalismo Tenho, fundada por mim, uma boa biblioteca, boa não só na quantidade mas também na qualidade. Uma das coisas que aumenta essa boa qualidade é a grande quantidade de recortes de jornais, referentes a artigos de carácter histórico , literário, científico, ou seja, de ordem cultural em quase todas as áreas. Como se isso fosse pouco, a riqueza da minha biblioteca é aumentada por uma colecção de Jornais do 1.º Dia, a que presunçosamente chamo A minha Hemeroteca. Suponho que o leitor sabe que “hemeroteca” é exactamente uma colecção de jornais, tal como “biblioteca” é uma colecção de livros. Pois esta hemeroteca, formada aproximadamente por 25 jornais nº1, é um manancial famoso de Política, de Informação e dos temas culturais e recreativos que quase todos os jornais costumam ter. Penso em aproveitar-me o mais que me for possível desta minha “riqueza” para a minha colaboração, que, apesar da riqueza das fontes será forçosamente limitada e modesta. Gostaria de me referir a vários dos meus jornais, muitos dos quais surgiram após o 25 de Abril, como consequência ou reacção contra ou a favor das novas realidades, jornais que desapareceram há muito tempo. Seria demasiado longo e talvez um pouco fastidioso. Hoje cumpre-me referir-me aos nossos amigos, congéneres deste novo Jornal, com louvor e incentivo para continuarem, pois têm uma grande missão à sua frente. É o JORNAL DE MATOSINHOS, que conta já com 35 anos de vida; é o O FUTURO, jornal de Lavra, com uma existência 34 anos; é o CRESCENDO, da paróquia de Santa Cruz do Bispo, também com 35 anos; é o A MARÉ,

editado pela Casa dos Pescadores, desde há 12 anos. E talvez outros. Estes jornais, de âmbito local e de “pequena imprensa”, têm alto valor social que convém ser mantido e encorajado. A escola primária tem em muitos aspectos tanto ou mais valor que os estudos superiores; a imprensa regional tem em muitos aspectos tanto ou mais valor que a grande imprensa de um país. É evidente que não possuo o n.º 1 do saudoso COMÉRCIO DE LEIXÕES, que durou uns 100 anos, hoje desaparecido, que não foi possível recuperar, o que deixou Matosinhos mais pobre. Outro jornal regional, também desaparecido, foi o MATOSINHOS HOJE, que teve a sua parte de contributo para esclarecimento do público e prestígio da nossa cidade. Perante estas duas baixas importantes, embora nas paróquias e nas autarquias ainda haja vários órgãos de informação, de cultura e de formação, deve ser satisfação de todos os matosinhenses o nascimento deste novo Jornal, que não deve ser apenas mais um Jornal, mas um órgão vivo, dinâmico, interessado na propagação da verdade na informação, da cultura e formação dentro da ética e da moral, sem submissão a certas conveniências e a certas modas. Não depende só da Direcção e dos corpos gerentes. Depende também de colaboradores e assinantes e, por isso, todos nós, sobretudo os habitantes de Matosinhos, devemos acenar amistosamente ao O MATOSINHENSE e dizer-lhe em bom som BEM-VINDO AO MUNDO DO JORNALISMO. Lucindo Barbosa O autor escreve segundo a Ortografia anterior.


Opiniões As cidades e a qualidade de vida

PAULO MORAIS

A urbanização das sociedades ocidentais é um facto incontornável. Hoje, cerca de 78% dos europeus vivem em cidades. O papel dos aglomerados urbanos é crescente na promoção da qualidade de vida dos cidadãos, mas os desafios são igualmente prementes: pobreza, insegurança, poluição, desenvolvimento desregulado. Muitas instituições internacionais olham com cada vez mais atenção para as cidades, como foco das políticas de bem-estar, do desenvolvimento económico e social, como local de nascimento do futuro. A qualidade de vida urbana é, por isso, objecto de avaliação por parte de vários organismos, como a própria União Europeia através do programa Urban Audit, e deveria estar no centro da acção política dos políticos por elas responsáveis. Nem sempre isso acontece, por falta de orientação ideológica ou de interesse, por falta de estratégia ou de conhecimento sobre a matéria. Contudo, é cada vez mais urgente que os responsáveis pelas cidades portugueses, neste caso as câmaras municipais, olhem para a questão da qualidade de vida. Porque atrás disso virão os recursos humanos qualificados e do investimento, que, por sua vez, promoverão o desenvolvimento económico e social local. Vários estudos têm demonstrado que a atractividade de uma cidade, em termos da sua capacidade de captar ca-

pital humano, económico e financeiro, resulta da qualidade da sua oferta de condições de vida. Contudo, os autarcas portugueses não têm sabido gerir espaços urbanos com qualidade. As cidades portuguesas conquistam cada vez mais turistas e são consideradas destino de eleição para muitos especialistas. Têm património, história, restauração e hotelaria com boa relação qualidade-preço. E bom clima. Mas, paradoxalmente, não proporcionam qualidade de vida aos residentes, que tendem a preferir centros comerciais aos centros urbanos. O abandono do espaço público constitui um constrangimento crónico nas cidades portuguesas. Faltam passeios e ruas em bom estado de conservação, jardins infantis para as nossas crianças, abundantes espaços verdes para o lazer, bons sistemas de escoamento de águas pluviais, limpeza urbana. Apesar dos orçamentos camarários chorudos, faltam recursos para aquela que deveria ser a primeira das missões municipais, a manutenção e conservação do espaço público. É pois este o desafio desta nova geração de autarcas, em particular nas áreas metropolitanas: gerir com seriedade e competência o património valioso que lhes é confiado, tendo no horizonte a contínua melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.

COSTUMES E… PATRIMÓNIO MIGUEL TEIXEIRA

Leça da Palmeira tem elementos que se destacam entre a sua população e em todo o seu ambiente, constituindo-se integrantes da sua paisagem. É o que acontece nomeadamente com essa peça maravilhosa e parece que única, de Arqueologia Industrial, que ajudou à construção do molhe Norte do Porto de Leixões e que todos nos habituamos a ver como fazendo parte da paisagem de Leça – O TITÃ, esse Colosso Inominado. “Quem és tu, Titã? O que te trouxe a Leça? Que intempérie ou que contenda aqui te lançou? Ou escolheste cá pousar? Inominado, atendes apenas pelo nome da tua raça, responsabilidade incomensurável, qual Atlas suportando o Mundo. Um ente olvidado, desaparecido por entre as fendas na rocha do Tempo… Que histórias deves ter para contar… Mas quis a Sorte que nascesses sem voz… Quanto não terás já passado, desde o nascimento, desbravando caminho através da guerra contra Zeus, até seres só esqueleto metálico… No entanto, com tudo o que viste e vês, com a fantasia que trazes no teu âmago, deste mais ao mundo do que o que te dão crédito, se bem se compreende. Dirás tu da verdade da tua mão na obra que se divisa: Arrancadas às profundezas abissais do peito do teu irmão Oceano, imenso, que caprichoso oscila entre a tormenta e a bonança, do elemento da Água, da Fonte da Vida, nascem as inspirações, embaladas no ir e vir das marés. Crescem, evoluem e amadurecem na dança convoluta das ondas. No intangível infinito do horizonte, sublimam-se no corpo etéreo de Úrano, o Ar, desmedida tela azul onde se projecta a arquitectura das invenções, quimeras e devaneios. E neste ponto se dá a mais delicada etapa. Bóreas, o bravio Vento Norte, gélido e incontido, tudo varre que não resista, ou arrebata em apoteose ante o flamejante Hélio, o derradeiro Fogo que tudo testemunha, catalisador cuja chama acalenta e incita: “Faz!” Daí Bóreas as planta na primordial Gaia, Mãe, Terra, lar dos bem-aventurados, incompreensível e infinita gera-

LUÍS MANUEL FIGUEIREDO BRANCO NOTÁRIO

3

Rua Ló Ferreira n.º 143 1º 4450-176 MATOSINHOS geral@notariobranco.com

S/B2

dora, seio onde as sementes fantásticas brotam e as obras se realizam. E o Espírito? A motivação? Residem nas encarnações vivas de Eros, belo e irresistível, o unificador dos elementos, que do Caos faz Cosmos. Essas encarnações são as pessoas que vêem e se permitem enlevar na energia alquímica desta conjugação, vértice místico onde se tocam os cinco elementos. Neste ponto fulcral, centro da tormenta, choque de titãs, nada mais importa senão a pura Criação e o Amor a ela. Mnemonise, oculta e omnipresente, enumera, vivifica e perpetua o que aqui nasce, pelas mãos de artistas e o que delas emana, face ao Esquecimento infindo do Letes. Aparentas ter sido tu quem trouxeste a tua família para a nossa Leça da Palmeira, chamando-os com o restolhar das tuas velhas correntes, e a enriqueceste tal como ninguém, com o labor do teu portentoso braço, que erige traçando o seu arco e ampara a Leça que adoras. Com um pé em terra e outro no mar, assim guardas este limiar da realidade contra o Caos, adversário da Criação, do Imaginário Leceiro. Entende-se porque te deixas fustigar pelos teus irmãos revoltos, corroendo-te irremediavelmente os ossos férreos com as lágrimas, os sibilos tenebrosos, murros encharcados, o salitre e a ferrugem… Ao contrário de um Prometeu ou um Sísifo, o teu suplício é tudo menos penitência, antes expressão peculiar de Amor ao potencial de Contemplação e Criação que nesta terra se concentra, e não menos uma curiosidade de assistir ao mais que virá a seguir. Enquanto permaneceres, mal algum advirá. Um dia que te vás, como tudo se vai, a força da memória de ti em nós, as histórias que contarmos de ti aos vindouros bastarão para preservar o que há de inefável em Leça da Palmeira. Em Leça reside não somente um Titã, mas muitos! Apenas reconhecemos aqueles que muito vemos e mais ignoramos… Ao Sr. Jorge Bento, Titã das Palavras, Voz Leceira, Guardião da Memória da nossa terra. Obrigado.

Telef. 229 378 953 229 378 954 Fax 229 378 955

Tlm. 919 088 741 938 697 009 966 941 448


4

JORNAL “O MATOSINHENSE” APRESENTOU-SE À COMUNIDADE

Decorreu no passado dia 11 de junho de 2015, pelas 18h30, no Auditório da Biblioteca Municipal Florbela Espanca, em Matosinhos, a Sessão Pública de Lançamento do nosso jornal. No evento marcou presença mais de uma centena de cidadãos, de diversos quadrantes da economia, da sociedade e da política, bem como um conjunto representativo de entidades e personalidades, quer do nosso concelho, quer da Área Metropolitana do Porto, facto que muito nos honrou, em face do desafio de pluralidade inscrito na matriz fundadora d’ “O Matosinhense”.


5

Fotografias de Mário Rêga O Diretor do jornal, Luís Manuel Martins, foi o primeiro interveniente da tarde, tendo proferido a intervenção que se pode ler no Editorial deste número. Seguidamente, o orador convidado – o jornalista João Luís de Sousa, diretor-adjunto do semanário Vida Económica – dissertou sobre o papel da Imprensa Regional, num contexto de profundas mudanças estruturais na forma de fazer jornalismo. Realçando as virtualidades de unir a comunidade matosinhense, em torno dos desígnios da afirmação do Território, da valorização do Turismo e da potenciação da Gastronomia, como vetores do desenvolvimento concelhio, João Luís de Sousa, evocou que, em qualquer circunstância da nossa vida, existem os Falantes, os Finórios, os amantes da Fachada, os Funcionários e os Fazedores, tendo-nos na consideração destes últimos, o que muito nos apraz. Cremos, despretensiosamente, que o trabalho árduo que temos vindo a desenvolver até aqui coloca em evidência este facto. A terminar, José António Barbosa, um dos mentores d’ “O Matosinhense”, agradeceu à assistência a boa receptividade que havia suscitado o aparecimento de um novo jornal na sua terra, tendo convidado todos os presentes para o Porto de Honra que se seguiu. O serviço ficou a cargo de alunos do Curso Profissional de Técnico de Restauração da Escola Secundária João Gonçalves Zarco, sob a orientação do professor responsável pela área, a quem dirigimos o nosso profundo agradecimento. A Direção do jornal “O Matosinhense” endereça, igualmente, o mais profundo agradecimento institucional quer à Câmara Municipal de Matosinhos, na pessoa do seu Presidente, Guilherme Pinto, respetiva Chefia de Gabinete e Assessoria, quer aos serviços da Biblioteca Municipal Florbela Espanca, a cedência do espaço para a Sessão Pública de Lançamento do jornal e a forma incansável e profissional como apoiaram moralmente, desde a primeira hora, a realização deste evento tão importante para nós.


6

EDUCAÇÃO

Novas Um olhar sobre Oportunidades e a Educação Novos Caminhos PAULO MACHADO

Não julgue o leitor que vou abordar o Programa Novas Oportunidades. Esse programa que foi lançado com uma excelente prospetiva quanto aos seus méritos, assente em metodologias que foram concebidas e validadas durante anos e que pela sua gestão desastrosa - oriunda da generalização da medida e de modelos de financiamento errados - redundou num desastre do sistema e na injusta marginalização de muitos dos seus beneficiários. Esse, foi um exemplo de que por vezes a ambição política desmesurada cumpre com as máximas de que “mais pode ser menos” e em que o “justo paga pelo pecador”. Ao invés, este meu artigo pretende abordar aquilo em que Matosinhos pode orgulhar-se no seu mérito e iniciativa – A Escola de Segunda Oportunidade de Matosinhos. Titulada pela Associação de Segunda Oportunidade de Matosinhos, esta Escola tem desenvolvido um projeto ímpar e único a nível nacional. Por ventura não saberá o leitor, e muitos dos responsáveis da área, que não existe outra Escola deste tipo no nosso país, e que mesma é reconhecida como uma escola modelo a nível da Comunidade Europeia, onde muitos países são povoados por estruturas deste tipo. Em Portugal, infelizmente poucos são os que olham para esta “resposta” como uma alternativa ao sistema formal de ensino e a outros tipos de subsistemas formativos, muito provavelmente por ignorância da sua realidade. Nesse sentido, recentemente foi constituído um grupo de trabalho com o objetivo de sensibilizar os decisores para uma política educativa que equacione as Escolas de Segunda Oportunidade como uma solução para o combate ao insucesso e abandono escolar precoce. Os que acompanham o funcionamento e condicionalismos desta Escola valorizam de forma franca e objetiva os resultados que tem vindo a obter. Atrevo-me a dizer que todos os atores que nela participam,

ou que com ela contactam, (alunos, pais, técnicos, assistentes sociais, formadores, professores, responsáveis e parceiros da mais diversa índole, assim como os seus patrocinadores) têm-na continuamente reconhecido como uma mais-valia excecional para os beneficiários diretos. Os jovens que ali chegam, oriundos de situações limites e de difícil explanação neste espaço, entram desmotivados por um “sistema” ao qual não se adaptaram pelas mais diversificadas razões, e dali saem com um perspetiva diferente sobre aquilo que podem conseguir, motivados e com outras perspetivas de futuro. A razão disso reside no acompanhamento diferenciado de cada aluno, com o envolvimento de todos, numa perspetiva transdisciplinar. No entanto, o caminho trilhado pela Escola de Segunda Oportunidade não tem sido fácil. Apesar de anualmente ter vindo a contar com o apoio de organismos do Estado para efeito da sua atividade formativa, nomeadamente através do Instituto do Emprego e Formação Profissional, I.P. e do Ministério da Educação, a resposta de “Remediação” postulada por aquela entidade obriga a um corpo técnico competente e a custos de funcionamento significativos, frequentemente colmatados com apoios da C. M. de Matosinhos e outros patrocinadores, por voluntariado técnico, e por investigadores e estagiários oriundos de Escolas de Educação ou organismos europeus. Apesar do mencionado, não fique o leitor com a impressão de que se trata de uma resposta “cara” quando comparada com outros subsistemas formativos. Na minha opinião, ainda que o fosse os resultados justificariam sempre os custos, pois o futuro sustentável do nosso país precisa de jovens que se tornarão adultos realizados, produtivos e integrados. Assim termino, perguntando-lhe: Este sistema não deveria ser apoiado de forma sustentável e seletiva, e replicado em outros locais do País?

MIGUEL BORGES

Uma verdade de La Palice: não haverá mudanças económicas e sociais sem ser pela educação. Numa sociedade que tanto mudou nas últimas décadas, a política educacional colocou a escola a caminhar no sentido oposto. A alunos mais “despertos” e ativos, mais imaturos e à crescente desvalorização social do papel do educador contrapôs-se com o aumento do número de alunos por turma, com maior número de horas na sala de aula, maior transmissão de informação e aumento do grau de abstração dos conteúdos (Metas Curriculares). A robotização da educação. E poderia funcionar se os alunos não fossem seres humanos que para se desenvolverem harmoniosamente precisam brincar, socializar. Não é, por isso, de admirar que tanto se ouça falar de défice de atenção, hiperatividade, indisciplina. A resposta social é, quase sempre, a definição da dosagem de droga, camuflada de medicamento, a aplicar. Estudos sobre higiene escolar mostram que a simples saturação do ar, pela diminuição do nível de oxigénio na sala de aula, desencadeia estes comportamentos. Se queremos mudar o país temos que investir na educação. Investimento que não é só, nem sobretudo financeiro. Antes estrutural e político. Urge uma ampla e profunda reflexão sobre o sistema educativo português, a sua adequação aos alunos dos dias de hoje e o seu papel no combate à desigualdade, na formação e preservação de valores sociais, cívicos e culturais. Urge criar um currículo exequível, que seja no essencial nacional, mas onde haja lugar para componentes locais e regionais. E não, não se trata da municipalização, mas uma descentralização, feita pelo Ministério da Educação, com estruturas regionais com poderes e competências alargados.

E se tivermos em conta que investimento é a “aplicação de capitais com finalidade lucrativa” talvez seja este momento de crise o momento de mudar de paradigma, de adequar a escola à sociedade, de responder aos problemas com que os diversos atores se deparam no terreno. Por exemplo, a entrada dos alunos na escola com 6 anos consumados melhoraria significativamente o desempenho dos alunos do 1.º ciclo. Em vez de medidas de fundo, o sistema educativo propõe projetos para saúde alimentar, a higiene, a sexualidade, a programação e outros, mas sem a essencial intervenção a montante. Equipas multidisciplinares que apoiem as crianças nas suas dificuldades escolares, familiares e sociais. A estes problemas da escola, respondem os políticos com as estatísticas: erradicámos o analfabetismo, temos a geração com maior formação académica de sempre, descemos as taxas de abandono escolar, temos investigadores fantásticos dentro e fora do país… Tudo isto é verdade quando se olha para a árvore e não para a floresta. Por isso, ainda nos admiramos quando os nossos avós, com a 4.ª classe antiga, fazem contas de dividir com números decimais, sabem a tabuada, os rios, os caminhos de ferro, não escrevem, nem dizem «tu fizestes» e não confundem «escreveste» com «escreves-te»…

ASSINE E DIVULGUE “O MATOSINHENSE” Tel.: 223 296 036 geral@omatosinhense.com


EDUCAÇÃO

7

MATOSINHOS COM QUALIDADE NO ENSINO José Ramos

Diretor da Escola Secundária João Zarco A Escola Secundária João Gonçalves Zarco tem vindo, ao longo destes últimos anos, a consolidar a sua posição entre as melhores escolas públicas do país. O ‘ranking’ mais recente apresenta uma Zarco como a primeira de Matosinhos, a quarta escola pública do distrito do Porto e a vigésima sétima nacional. Para tal, muito tem contribuído um projeto educativo ambicioso, exigente e com qualidade reconhecida, de forma pioneira, pela certificação ISO 9001. O modelo educativo adotado pela Gonçalves Zarco é sustentado por um vasto conjunto de projetos inovadores que, juntamente com um elevado nível de exigência comportamental, muito têm contribuído para o sucesso dos seus alunos. De todos estes projetos, são de salientar: O Pós... Zarco, direcionado para alunos de alto rendimento, que envolve parcerias com escolas e a Universidade de Santiago de Compostela, e que tem

Luís Manuel Martins Sob o lema “60 Anos a Construir Futuros...”, a Escola Secundária João Gonçalves Zarco, antiga Escola Industrial e Comercial de Matosinhos e Escola Secundária N.º 1, lançou, para a comemoração do seu 60.º Aniversário – a assinalar no próximo dia 28 de junho de 2015 – um vasto programa de atividades que, desde há mais de um mês, tem vindo a envolver a comunidade escolar, a cidade e o concelho de Matosinhos, nos mais variados quadrantes. Tudo começou no dia 5 de maio, com um recital de piano interpretado por Vasco Dantas Rocha, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Matosinhos. Desde então, cumpriu-se o dé-

cimo aniversário da criação do Museu da Zarco, a 12 de maio, o Encontro de Antigos Diretores e Equipas de Gestão, a 20 de maio, bem como a iniciativa “60 para 60”, organizada pelo Departamento de Ciências, a 29 de maio, onde seis dezenas de experiências científicas se destinaram a comemorar as seis décadas da instituição. Entre 1 e 5 de junho, na semana forte das comemorações, que havia de culminar com a realização do Baile de Finalistas do 12.º Ano de Escolaridade no último dia, sucedeu-se um conjunto de mais de 60 iniciativas ligadas, sobretudo, à cultura e às artes. No dia inaugural, o painel intitulado “À Conversa com... Antigos Alunos”, contou com a presença, entre outros, do poeta Carlos Tê – imortalizado na voz de alguns dos maiores cantores portugueses como Rui Veloso – e do empresário Jorge Teixei-

ra, ligado à realização de eventos desportivos, uma vez que o antigo guarda-redes Vítor Baía, também ele antigo aluno, não teve este ano oportunidade de marcar presença neste encontro. No dia 10 de junho, realizou-se, em diversas ruas de Matosinhos, a Corrida e Caminhada “Zarco em Movimento” que juntou cerca de 700 pessoas, entre alunos, pais e encarregados de educação, convidados, atletas – de entre os quais António Pinto, Mónica Silva, Daniel Pinheiro e Delfim Conceição – e convidados, “uma iniciativa plena de cor e de alegria”, nas palavras do diretor da Escola Secundária João Gonçalves Zarco, José Ramos. A 14 de junho, realizou-se na Igreja Paroquial de Matosinhos um concerto com a Orquestra do Norte e a Academia Coral do Porto, dirigido por José Ferreira Lobo, onde foram interpretadas as peças “Missa da Coroação

atingido resultados excelentes (média de 17,5 da turma de 12.º ano do último ano letivo); projeto Coopetindo na Zarco (Competição + Cooperação), criado com o objetivo de fomentar a formação global do aluno, desenvolvendo competências em seis pilares considerados estruturantes (leitura, lógica e abstração, desporto e saúde, resultados académicos, solidariedade/voluntariado e poupança); projeto ZarCompensa, sustentado no princípio de que a igualdade de oportunidades não significa dar o mesmo a todos os alunos, mas, sim, proporcionar a cada aluno o que ele necessita (agrupando os alunos de acordo com o perfil educativo de cada um e reforçando as aprendizagens sempre que necessário - pares pedagógicos, aulas extraordinárias, etc.); projeto Exame+, destinado a apoiar, através de treino intensivo, os alunos que vão realizar exames nacionais. Resta referir que tudo isto acontece num espaço de grande qualidade, conforto e altamente equipado do ponto de vista tecnológico, tratando-se, mesmo, de uma das escolas mais inovadoras e desenvolvidas do país, no que diz respeito à utilização das novas tecnologias.

em Dó Maior k. 317” de Wolfgang Amadeus Mozart e “As Alegres Travessuras de Till Eulenspiegel, Poema Sinfónico, Op. 28” de Richard Strauss, perante um templo completamente lotado. Amanhã, dia 26 de junho, realiza-se, nas instalações da Escola Secundária João Gonçalves Zarco, o jantar de encerramento das comemorações do seu 60.º Aniversário, com a presença do grupo Ruby Tango. Nesta iniciativa será feito o lançamento da serigrafia alusiva aos 60 Anos do estabelecimento de ensino e anunciados novos projetos, como o da publicação do 1.º Anuário da Escola Secundária João Gonçalves Zarco, no arranque do ano letivo 2015/2016. Em nome do jornal “O Matosinhense” desejamos um Feliz Aniversário e que os anos vindouros sejam repletos de novas realizações.


8

ENTREVISTA Falou das Festas em Honra do Mártir São Sebastião, que se aproximam a passos largos e que são, de facto, um marco pelo grande fervor que os pescadores e as suas famílias nelas depositam... Claro. Trata-se daquilo a que a Igreja chama, de uma forma muito positiva, desde o Concílio Vaticano II – e o Papa Francisco também já falou disso, a propósito da construção das cidades –, a religiosidade popular. É um dado, existe, e nós sabemos que conseguimos sempre reunir mais pessoas se propusermos uma procissão de velas, do que momentos de reflexão. Este facto não é, necessariamente, mau. O que é preciso é fazer isso, mas também acrescentar outro tipo de elementos que possam, eventualmente, chegar a outro tipo de pessoas. É uma preocupação minha.

ENTREVISTA A MANUEL MENDES

Natural de Amarante, Manuel Mendes tem 55 anos e é pároco de Matosinhos, desde setembro de 2005, cargo que acumula com o de Vigário da Vigararia de Matosinhos. Entrou para o Seminário com 10 anos e foi ordenado padre em julho de 1984. Desde então, foi professor, capelão militar e padre em Oliveira de Azeméis, até chegar a Matosinhos, há quase uma década. Luís Manuel Martins

Conte-nos um pouco da sua História. Como é que veio para Matosinhos? Já tinha alguma ligação à cidade e ao concelho? Nasci em Amarante. No meu tempo podia-se ir para o seminário muito cedo, o que veio a acontecer quando eu tinha 10 anos. Fui para Ermesinde, para o Seminário do Bom Pastor, um seminário diocesano, porque desde o princípio me vocacionei para ser um padre diocesano, indo para onde o Bispo me enviar. Estive em Ermesinde até 1975, depois mudei-se para o Seminário Maior de Nossa Senhora da Conceição do Porto, junto à Sé, onde permaneci durante 8 anos. Fui ordenado em 1984. Entretanto, voltei ao Seminário do Bom Pastor, como professor, durante dois anos, antes de ter sido capelão militar, no Exército, durante dois anos. Depois fui pároco em Carregosa, uma freguesia do concelho de Oliveira de Azeméis, regressei ao Seminário Maior de Nossa Senhora da Conceição do Porto, como prefeito, até vir para Matosinhos, em setembro de 2005. O pouco que eu conhecia de Matosinhos, antes de ser pároco cá, devo-o ao Padre Fabião, que andava um ano à minha frente no Curso e com quem me reunia aqui, praticamente uma vez por mês. Qual é a imagem que guardava de Matosinhos dessa época? Eu guardava, sobretudo, a imagem de uma terra de pescadores, de uma gente bastante religiosa e de uma paróquia que, sendo cidade, não era como o Porto, digamos, vivendo-se um ambiente de alguma proximidade. Depois constatei que os factos não eram, necessariamente, assim, mas era a ideia que eu tinha. Quando fala de proximidade refere-

-se a um ambiente mais fechado? Não. O que eu reparei quando cá cheguei era que havia uma contraste bastante grande entre aquilo que nós podíamos considerar o Bairro dos Pescadores, que está aqui próximo da Igreja Matriz, e a zona designada como Matosinhos Sul. Desde o princípio senti que existia uma espécie de “divisão”, algures a meio dos dois pontos, dando a impressão de que já não é a mesma paróquia. É uma das preocupações que tenho praticamente desde que cheguei.

“Eu guardava, sobretudo, a imagem de uma terra de pescadores, de uma gente bastante religiosa e de uma paróquia que, sendo cidade, não era como o Porto, digamos, vivendo-se um ambiente de alguma proximidade.” Esse contraste já se esbateu? Não tenho a certeza disso, porque existe um núcleo aqui à volta que tem uma relação ainda muito próxima com a Igreja Paroquial e depois há um grande grupo de pessoas que, provavelmente, só vão dormir às suas residências em Matosinhos Sul, pessoas essas que terão vindo de outras terras, que não se ligaram à Pároquia de Matosinhos, por manterem relações com paróquias do Porto, de onde são naturais. O grande desafio está então em trazê-las até à Paróquia de Matosinhos... Sim, é um desafio muito grande. Quando chega a Visita Pascal, é difícil chegar ao contacto com as pessoas que vivem nos condomínios fechados. Te-

mos andado, desde há uns anos, a tentar encontrar um modo de contornar essa situação e tem sido difícil. Há um conjunto de pessoas que tem a Igreja como referência e outro que, morando na geografia da Paróquia, não se sente paroquiano. Sob um ponto de vista religioso, vê Matosinhos de um modo mais conservador ou mais progressista? Imediatamente, eu penso que a face mais visível é a de uma paróquia mais conservadora, mais tradicionalista, porque nós associamos Matosinhos por um lado à Romaria do Senhor de Matosinhos – não haverá elemento mais tradicional do que a festa -, e, por outro, as Festas em Honra do Mártir São Sebastião, que é outro elemento simbólico extremamente importante e muito enraízado, patente na procissão. Penso que essa faceta ainda é a que assume mais visibilidade, mas eu penso que, progressivamente, vai entrando um novo tipo de reflexão e de proposta, na qual tenho concentrado esforços.

“(...) O que eu reparei quando cá cheguei era que havia uma contraste bastante grande entre aquilo que nós podíamos considerar o Bairro dos Pescadores, que está aqui próximo da Igreja Matriz, e a zona designada como Matosinhos Sul. Desde o princípio senti que existia uma espécie de “divisão”, algures a meio dos dois pontos, dando a impressão de que já não é a mesma paróquia.”

É aqui que entra o seu papel de Vigário da Vigararia de Matosinhos. Como é que, no fundo, numa terra que continua a ter estes contrastes, alguns dos quais já falou, conciliar as paróquias à volta, algumas das quais tão distantes entre si? Os párocos têm uma autonomia grande, o que faz com que cada paróquia estabeleça o seu programa e a sua dinâmica. Complementarmente, nós desenvolvemos um trabalho vicarial muito significativo. A minha missão é a de coordenação e de envolvimento dos outros párocos, em torno de uma dinâmica comum, que nos tem permitido atingir realizações muito importantes.

“Eu e muitas pessoas que estão próximas de nós, estamos a envidar esforços no sentido de nos vermos envolvidos na vida da Paróquia, da comunidade e da cidade, no espaço da antiga freguesia de Matosinhos, para além da dimensão meramente religiosa. Gostava de destacar - porque acho que é uma iniciativa muito importante, que espero que se mantenha e vá alargar cada vez mais – os nossos encontros “PensActos”.” Qual é o desafio comum, em termos de mobilização e animação das paróquias, a um nível vicarial? Há uma proposta ao nível da Igreja, universal, todos os anos. Depois cada bispo, na sua diocese, também traça as suas orientações. O principal desafio, não em todas, mas na maioria das paróquias, tem sido estabelecer uma dinâmica à volta das grandes épocas festivas, que envolve a catequese e as famílias. Hoje, em Matosinhos, essa é uma realidade mais presente do que há alguns anos, porque se tem procurado que, efectivamente, a dinâmica diocesana seja acolhida e vivida por cada paróquia. Há padres que lamentaram, em vários momentos do passado, que o número de fiéis, nomeadamente os designados católicos praticantes, tem


ENTREVISTA decrescido. Verificam-se, no entanto, fenómenos de reaproximação, por via de mensagens de abertura, como as que o Papa Francisco tem vindo a transmitir. Qual é o panorama em Matosinhos? É um pouco difícil extrapolar, embora saibamos que hoje, de facto, o número de praticantes tem vindo a baixar, em todo o País, não havendo nota de crescimento. Relativamente à cidade de Matosinhos, o que eu sinto é que há uma flutuação bastante grande, isto é, as pessoas por força das relações que mantêm com outros lugares, e com outras actividades, tanto podem vir, como não vir. Se analisarmos o número de batizados, há cerca de 20 anos, era muito maior do que hoje, mas este facto deriva da quebra da natalidade. Não havendo crianças, não há jovens e não vai haver adultos. Tudo está ligado à própria dinâmica da sociedade. Procuro ter como atitude não me queixar, mas é evidente que hoje as pessoas são menos. No que respeita àquelas pessoas qu nós designamos como servidores da Paróquia, que aqui trabalham de uma

forma mais próxima, não me parece que sejam menos, graças ao dinamismo que a Paróquia tem assumido. Eu acho que o Papa Francisco está a fazer muito bem à Igreja. Há uma sensibilidade diferente e a Igreja conseguiu ter um rosto diferente, uma atitude diferente. E se isso ainda não chegou a todos os lugares e a todos os padres, a verdade é que a imagem que fica é a de uma Igreja que está disponível para acolher quem vier. Houve uns anos em que as pessoas, ao chegar à Igreja, já sabiam que iam ouvir um não perante um facto da sua vida. Hoje, já se sentem mais livres para vir e para estar. Esse paradigma claramente mudou e eu espero que seja uma dinâmica que possa trazer mais pessoas à Igreja, no sentido de perceberem que somos um espaço de acolhimento, de formação, onde podem sentir-se bem e encontrar algum suporte para a sua vida. Eu gostava muito de contribuir para isso. Considera que as pessoas ainda continuam a recorrer ao padre mais do que confessor – que é uma das

suas funções –, como conselheiro? Algumas. Eu penso que hoje a realidade já não é o que é era, mas talvez se consiga recuperar esse papel. As pessoas têm é de saber que o padre está presente nessa missão. Às vezes por necessidade de adoptar uma organização mais rígida, com horários mais condicionados, temos essa dificuldade. Espero que o próximo ano, que o Papa Francisco decretou como Ano da Misericórdia, possa criar esse dinamismo. Eu acho que é mais ou menos evidente - mas essa é a minha opinião -, que, desde há alguns anos, essa missão do padre foi bastante substituída por profissionais de saúde. Por outro lado, e também é uma reflexão que fica, eu acho que hoje as pessoas sentem-se de tal forma autónomas – e a autonomia é uma coisa boa -, mas, por vezes, infelizmente, tão cheias de si, que acham que só o que pensam é que está certo. Não estão na disposição de se confrontar com alguém que lhe seja capaz de dar uma palavra, ou uma visão, um pouco diferente. As pessoas, quando se vão casar, por exemplo, estão connosco algum tempo para a preparação do matrimónio, mas, se eventualmente, no âmbito da sua relação, se confrontarem com alguma dificuldade, são muito poucas aquelas que se lembram de recorrer ao padre como mediador de um potencial conflito.

“Temos de assumir uma atitude participativa, onde quer que estejamos, como atores e construtores de uma História comum. Muitas pessoas consideram, por exemplo, que não devem estar envolvidas na Política, mas o Papa Francisco lá diz que essa dimensão é uma das mais nobres, se não a mais nobre, arte da Caridade.” Qual é a sua visão sobre a consciência das pessoas em se casarem pela Igreja, ao invés de um casamento civil, ou de batizarem os filhos catolicamente? Eu considero que a Igreja tem procurado que as pessoas tenham uma consciência maior, prestando mais informação. Antigamente as coisas aconteciam, como sempre aconteceram, sem problema nenhum, não havia encontros de preparação para o matrimónio, e os batismos seguiam um pouco a mesma linha. Hoje estamos mais atentos a essa realidade, porque temos o dever de ajudar as pessoas a descobrir o que é cada um destes sacramentos e cada uma das missões que eles encerram. Hoje a Igreja faz um esforço muito grande, em tempo e em pessoas, para ajudar a descobrir a beleza da Fé. Às vezes, as pessoas até ficam aborrecidas connosco, como se puséssemos uma areia na engrenagem, ao alertarmos para o facto de que um sacramento é mais do que um ato social. Chegamos ao cúmulo de haver pais que propõem para padrinhos de batismo pessoas que nem sequer são batizadas, porque simplesmente criaram com elas uma relação de afetividade sem que es-

9

tas estejam cientes da responsabilidade que representa o seu papel. Como é projeta a Paróquia de Matosinhos para o futuro? Actualmente, muitas pessoas vêem a Paróquia como um centro de serviços religiosos, o que faz com que só venham cá quando precisam de alguma coisa. Eu e muitas pessoas que estão próximas de nós, estamos a envidar esforços no sentido de nos vermos envolvidos na vida da Paróquia, da comunidade e da cidade, no espaço da antiga freguesia de Matosinhos, para além da dimensão meramente religiosa. Gostava de destacar - porque acho que é uma iniciativa muito importante, que espero que se mantenha e vá alargar cada vez mais – os nossos encontros “PensActos”. A palavra surgiu à imagem dos neologismos do escritor Mia Couto, em torno dos conceitos de Pensar e de Agir. Inspirados por relações que temos com um associação de Barcelona, que desenvolvia umas atividades muito interessantes neste sentido, procurámos realizar, desde há quatro anos, encontros com esse nome, em que procurámos abordar questões que não diziam respeito unicamente aos praticantes, mas a todas as pessoas. Este desígnio remete para aquilo a que nós chamamos, na Igreja, o Diálogo da Fé e da Cultura, que, para mim, é absolutamente importante. Os cristãos não se podem fechar na sua celebração da Fé, desligados do mundo – têm de assumir uma abertura e uma linguagem simples. Esta postura tem-nos permitido chegar ao público das escolas secundárias de Matosinhos. Eu penso que há um espaço, um círculo alargado, em que nós podemos encontrar-nos para falar de coisas que dizem respeito a todas as pessoas, independentemente da sua proximidade com a Paróquia, contribuindo para a construção de um mundo um bocadinho melhor. Este é um esforço de abertura que me parece importante e creio que a Igreja tem um papel muito relevante, não para ir doutrinar ninguém, mas para propôr - como fermento - e fazer pensar para agir, para que isso possa mudar alguma coisa na minha maneira de estar no mundo. Estar onde as pessoas estão e tentar escutá-las. Essa escuta do mundo é uma atitude que vem do Concílio Vaticano II, tem mais de 50 anos, mas é difícil. Desde muito jovem que me lembro de gostar de ouvir pessoas a refletir sobre grandes questões comuns, porque é absolutamente enriquecedor. Que mensagem final é que gostaria de deixar aos nossos leitores? Temos de assumir uma atitude participativa, onde quer que estejamos, como atores e construtores de uma História comum. Muitas pessoas consideram, por exemplo, que não devem estar envolvidas na Política, mas o Papa Francisco lá diz que essa dimensão é uma das mais nobres, se não a mais nobre, arte da Caridade. Saber que aquilo que o Mundo e a Igreja há-de ser depende do meu contributo, mesmo que seja pequeno. É a reflexão que gostaria de deixar.


10

SOCIEDADE

«SOMOS IGREJA EM SAÍDA» INSPIRA INÉDITO CORTEJO PAROQUIAL NA SENHORA DA HORA

Amaro Gonçalo Pároco de Nossa Senhora da Hora Mesmo com o «Santo António» molhado, ninguém arredou pé do Cortejo Paroquial, que levou a Paróquia inteira de Nossa Senhora da Hora, a afirmar-se, no meio da cidade, como «Igreja em saída». Participaram muitos dos cerca de 400 servidores da comunidade, distribuídos pelos seus 29 grupos paroquiais, representativos dos diversos setores da vida pastoral (profético, litúrgico, sociocaritativo e comunitário), e que, na rua, se apresentaram, devidamente

CENTRO PAROQUIAL DE LEÇA DA PALMEIRA VAI SER REQUALIFICADO No passado dia 18 de Junho, pelas 21h30, decorreu, no Salão Paroquial de Leça da Palmeira, uma reunião de apresentação do “Projecto de Requalificação do Centro Paroquial de Leça da Palmeira”, que contou com a presença de Pedro Sousa, Presidente da União das Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira, de Alexandre Queimado, arquiteto responsável pelo projeto, e do Padre Francisco, pároco de Leça da Palmeira. A obra, a cargo da Câmara Municipal de Matosinhos (projectada pelo Arquitecto Alexandre Queimado), contempla uma total remodelação dos diferentes espaços (salão, salas de catequese, áreas de circulação, bar, entre outros. Para Pedro Sousa, Presidente da União das Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira, o arranque deste projecto é “mais um objectivo alcançado” pela autarquia. ”O Centro Paroquial, pela sua importância, carece de facto de uma intervenção urgente. Este projecto será uma obra de referência na cidade. Estou confiante que toda a comunidade beneficiará com esta remodelação. Hoje, numa lógica local, regional e até nacional, estas infra-estruturas são a base para o surgimento de novos projectos culturais e sociais. Leça da Palmeira e o concelho de Matosinhos ganham, num período imediato, um novo espaço, e a médio e longo prazo, uma nova dinâmica”, referiu o autarca.

identificados, e animando, a seu jeito, o cortejo, com a extensão de 3 km. E alinharam, com colorido alegre e variado, representando as 12 tribos, um significativo grupo de crianças e adolescentes, representativos dos 30 grupos da catequese paroquial, que perfaz um total de 636 catequizandos, sem contar 14 crismandos e 12 elementos do grupo de jovens, e ainda 22 inscritos na catequese de adultos. Ao 4º ano da Catequese, coube integrar e apresentar um desfile bíblico, com os livros e figuras da história da salvação, que culminava assim, na encenação da visão da «Nova Jerusalém» (Ap.7,1-17), uma representação do

futuro da Igreja e da humanidade. Para animar a festa, na tarde de Santo António, o Padroeiro secundário da Paróquia, o grupo de bombos de Eiriz e uma representação da Banda Musical de Amarante acordaram a cidade da Senhora da Hora, obrigando os moradores dos vastos prédios das ruas, mais densamente habitadas, a abrir janelas e a sair à rua, para ver o que se passava, para ver quem passava, numa demonstração pública inédita, na vida da comunidade. Com a impiedosa chuva a pôr à prova a persistência dos participantes, alguns dos moradores, desciam à rua, para oferecer abrigo e se integrarem n o

cortejo. A PSP deu uma preciosa ajuda e até o «Metro» parecia alinhar no cortejo, serpenteando e alegrando o cortejo. No final, ao abrigo da chuva, já no interior da Igreja, foram saudados e apresentados os diversos grupos participantes, a quem o pároco felicitou pelo ousado testemunho da alegria da fé, mesmo com chuva impenitente, sobretudo na parte final do percurso. No final, alguém exclamava: “nunca vimos coisa assim; precisamos de fazer isto mais vezes”. Bem, o que custa é começar. O caminho está aberto e nós perdemos em medo o que ganhámos em alegria.

PROGRESSOS E REGRESSOS (da minha terra) SÉRGIO AGUIAR

Sim, de Leça do Balio, da minha terra, pois a tal trato me dá direito o sentimento e a escolha de nela viver, ter trabalhado e fundado família, já lá vão trinta e nove anos. Trinta e nove anos no dealbar dos quais logo fui instado a juntar a voz aos protestos dos que, então, clamavam contra a correnteza de umas águas residuais cheias de químicos que, a céu aberto e sem respeito algum pelos moradores ribeirinhos, lá iam espalhando flocos de espuma e odores nauseantes no decurso da sua pressurosa caminhada em direção ao Leça, eterna musa das cíclicas ba(da)ladas de encantar de uns tantos eleitos mas, apenas e só, permanente repositório de uma eternizada indiferença e da nossa constante tristeza. Sobretudo minha e dos meus conterrâneos, que não raramente, me falam de um rio que não conheci mas que nos seus relatos vislumbro paradisíaco, transparente e cheio de vida, uma autêntica e maravilhosa dádiva da natureza às alegrias da sua juventude, à beleza da terra e ao equilíbrio do mundo. E aqui, quanto mais imagino e olho, menor é a desculpa para tamanho retrocesso. O que se fez e continua a fazer ao rio Leça é um crime que se não deve deixar diluir na passagem do tempo mas que, muito pelo contrário,

nos deve manter despertos para o abuso de quem o comete e para a inércia de quem o consente. Depois, em tempo oportuno, lembrar, talvez, as palavras que o romano Públio Virgílio deixou na Eneida: “E por um crime se aprende a conhecê-los todos” sendo que, conhecê-los cada vez melhor poderá ser, só por si, um importante progresso. Se quisermos. Mas, progresso, foi também a solução relativamente rápida que na altura foi dada ao problema das supramencionadas águas residuais cuja “fonte”, desde então, nunca mais deixou de se afirmar como empresa de prestigio e de sucesso, na freguesia, na região e no país. E, já agora, que bem que fica aquele arranjo recentemente levado a cabo no espaço envolvente da nossa joia da coroa, o mosteiro, e na sua ligação à área empresarial da Arroteia onde até a arte urbana faz questão de se apresentar numa sequência de “grafitti” que, sem duvida alguma, vale a pena não perder e admirar. Nem tudo são regressos, nesta minha terra. Mas lá que os há de bradar aos céus, isso há: Como a plantação de sinais de trânsito a esmo, consequência, talvez, de processos tão bem intencionados quanto distantes do conhecimento das realidades do nosso trânsito, dos limites da nossa paciência e, seguramente, de um pouco mais de reflexão por parte de quem, por aqui, os mandou plantar. Como o alongamento da distância entre o Araújo e a cidade da Maia em cerca

cinco quilómetros, quando uma simples rotunda poderia encurtar outro tanto essa distância e, talvez até, servir de base a um memorial lembrador do respeito que o poder autárquico assume e sempre deve aos seus munícipes e fregueses. Como o entroncamento da nova artéria do mosteiro com a rua de Gondivai, um autêntico hino a quem parece não saber o que anda a fazer, ou só saber fazer por um o que é incapaz de fazer por todos. E as pedras? A semeadura de calhaus ao longo das ruas que, a dada altura, quase iam transformando Leça do Balio numa séria rival de Almendres e dos seus megalíticos cromeleques? Valha-me Deus! Mas valeu-nos também, nessa altura, a intervenção de um deputado da Assembleia Municipal que reconheceu ser realmente excessiva uma tal densidade de calhaus por metro quadrado. Hoje ainda há por aí alguns. Mas já são bastante menos. O que não deixa de ser um progresso de monta, para todos nós.

ANUNCIE ASSINE E DIVULGUE “O MATOSINHENSE” Tel.: 223 296 036 geral@omatosinhense.com


“Quintilha – Jograis” no Aurora da Liberdade

CULTURA

11

Américo Freitas e Belmiro Galego foram homenageados publicamente Foi no passado dia 18 de junho de 2015, no Auditório Joaquim Neves dos Santos, em Matosinhos, que, perante uma sala completamente cheia, Américo Freitas e Belmiro Galego foram homenageados, quanto à sua obra, pela Associação de Matosinhos – do passado ao futuro. Dedicada ao reconhecimento público de alguns autores, de e sobre Matosinhos, aquela Associação lançou durante o ano em curso um conjunto

de iniciativas intituladas “Vem v(l)er o que eu escrevi”. Esta última sessão foi apresentada por Maia Gonçalves.

Memórias das portas de Matosinhos segundo Cunha e Silva O Jornal “O Matosinhense” esteve presente, no dia um de Junho na Associação “Aurora da Liberdade”, onde assistiu ao primeiro espetáculo dos “Quintilha – Jograis”. A casa estava repleta de gente da nossa cidade, tendo-se assistido a um grande espectáculo. Trata-se de um grupo de artistas, que nutre um gosto especial pela poesia e pela música, e que encontrou no formato de Jograis um vínculo para levar ao público interessado o produto desse gosto partilhado pelos cinco elementos dos “Quintilha Jograis”. Integra o seu reportório obras de alguns autores já desaparecidos, outros

contemporâneos, mas também obras de produção própria, quer de texto, quer de música. Abordaram temas tão diversos como o amor, a liberdade, a reflexão política e a crítica social, enquanto cidadãos preocupados com o destino deste Povo Lusitano a que, orgulhosa e sofridamente, pertencemos. Integram este brilhante grupo os seguintes artistas: Álvaro Vila Verde, Fernanda Pinto, Jorge Carvalho, Fátima Morais e Onofre Varela. Parabéns pelo grande momento cultural com que nos brindaram e fazemos votos para que este projeto tenha os maiores sucessos.

Enquadrada no âmbito da exposição “Portas de Matosinhos com Memória”, organizada pelos alunos da Universidade Sénior Florbela Espanca, na Biblioteca Municipal Florbela Espanca – onde irá estar patente até ao próximo dia 4 de julho - decorreu, no passado dia 18 de junho, uma conferência intitulada “A Porta Interdita”, onde Cunha e Silva, ilustre professor do nosso concelho, dissertou em torno da transcendência da obra homónima, da autoria do pintor Augusto Gomes. Neste sentido, com olhares de curiosidade, de saudável “voyeurismo” e de espírito crítico, sempre presentes, Cunha e Silva abor-

dou a estética, o simbolismo, a religiosidade, o misticismo, a numerologia e a superstição patente nas portas e em todos os elementos que as compõem, fora e dentro dos espaços que ora são abertos, ora fechados ao mundo, todos os dias.


12

DESPORTO

Desporto - Qualidade de Vida J.F. O desporto tem um papel fundamental no lado recreativo que proporciona aos seus praticantes, mas também contribui para a vertente educativa, cultural e social. É uma das poucas atividades que todos podemos realizar sem custos, ou com custos muito reduzidos, cada um à medida das suas necessidades e possibilidades. Felizmente, o cidadão comum cada vez mais tem a consciência da importância da prática desportiva, quer seja dando uma simples caminhada, correndo, andando de bicicleta ou integrando um qualquer jogo com os amigos. Acredito que muitos aguardam, impacientemente, a chegada do fim-de-semana para se encontrarem com os amigos para o tão desejado jogo - além de ter o lado sempre importante para a saúde física e mental, não é menos apreciado no contexto recreativo e social. Estes encontros, realizados a meio da semana, ou ao fim-de-semana, ajudam ao restabelecimento do equilíbrio entre o dia-a-dia de cada um e são uma verdadeira vitamina. Caminhar, correr, andar de bicicleta, participar em jogos individuais ou coletivos é, sem qualquer espécie de dúvida, colaborar para mais e melhor saúde,

para mais qualidade de vida. Falando agora um pouco de desporto praticado nos clubes e instituições do nosso Concelho, podemos, à primeira vista, analisando o que é conhecido relativamente à situação das entidades mais representativas e reconhecidas a nível local e nacional, nomeadamente nas secções ditas profissionais e semiprofissionais, que estamos bastante mal. Isso é certamente verdade e um Concelho com perto de 200.000 habitantes, podia, deveria e merecia ter, como já teve num passado não muito distante, pelo menos um dos seus representantes no escalão máximo do nosso desporto. Evidentemente que desconhecemos as inúmeras razões de fundo que levaram a esta situação, mas certamente que uma delas será o facto da população estar a envelhecer e os grandes símbolos, quer a nível desportivo como cultural, não terem o mesmo valor e significado que no passado para as novas gerações, pelo que é importante que passemos a mensagem aos nossos jovens para uma maior participação. Não podemos esquecer o aumento expressivo da população, devido à chegada de pessoas de fora que escolheram o nosso Concelho para viver. Estas pessoas são muito bem-vindas e cumpre-nos a todos nós tudo fazer para que elas se sintam totalmente integradas e possam orgulhar-se

com o passado e presente dos nossos símbolos, com a esperança que o futuro nos traga melhores noticias e esperança para a recuperação dos mesmos. Debruçando-nos especificamente nas modalidades ditas amadoras e de formação, a situação é significativamente diferente para bem melhor. Cerca de 70 clubes/instituições movimentam mais de 5000 jovens atletas na formação. É aqui que podemos sentir o verdadeiro amor e orgulho nas instituições que representam e nas modalidades que praticam. Nestes escalões ainda não existe, pelo menos para os mais pequenos, o pensamento no sucesso desportivo aliado ao económico. A assistência nestes encontros é essencialmente composta pelos familiares e amigos dos praticantes, mais alguns incondicionais dos clubes. Para quem assiste a alguns destes encontros, por exemplo entre jovens de 13/14 anos, e no fim do mesmo, quer ganhem quer percam cantam o hino do seu clube com a mão colado ao coração. Acreditem que é de cortar a respiração, um momento arrepiante mesmo, com os adultos na bancada a deixar soltar aquela lagrima de emoção. São estes jovens que devemos apoiar e ajudar para que se tornem adultos mais felizes e solidários pois são eles o nosso futuro.

“A Política do Medicamento” em conferência no próximo dia 25 de junho em Leça da Palmeira A PAM - Plataforma Associação Matosinhos, no quadro do seu Plano de Atividades Anual – área “Conversas da Boa Nova” -, vai promover uma conferência subordinada ao tema “A Política do Medicamento”. Este evento é destinado, em particular, aos profissionais que atuam na área da saúde, nomeadamente médicos, enfermeiros, farmacêuticos, laboratórios e a todos os interessados por esta matéria. A Conferência realiza-se no próximo dia 25 de junho de 2015, pelas 21h30, no Auditório Infante D. Henrique (APDL), em Leça da Palmeira, contando com a presença de Eurico Castro Alves, Presidente do INFARMED. A entrada é livre mas sujeita a confirmação para o e-mail: geral@pamatosinhos.pt

ANUNCIE ASSINE E DIVULGUE “O MATOSINHENSE” Tel.: 223 296 036 geral@omatosinhense.com

Acesso aos cuidados de saúde: um direito em risco? LUÍSA SALGUEIRO Nos últimos dias foram apresentados dois estudos relativos ao Serviço Nacional de Saúde português que devem merecer a nossa atenção. Um inquérito a que responderam mais de 3000 médicos, coordenado pelo ISCTE, e o Relatório da Primavera, da responsabilidade do Observatório Português dos Sistemas de Saúde. No inquérito, as respostas dadas permitiram retirar conclusões que se afiguram relevantes para melhor conhecer o atual estado do nosso serviço de saúde. Do estudo resulta que 80 por cento dos médicos do SNS consideram que as reformas do sector público já afetaram a qualidade dos serviços prestados aos doentes, 40 por cento dos médicos afir-

maram que nas respetivas instituições existem faltas recorrentes de material com prejuízo do exercício da profissão, 50 por cento afirmaram que o abandono de terapêuticas aumentou devido a dificuldades económicas dos doentes, 50 por cento dos urologistas e oncologistas revelaram haver mais dificuldade no acesso a medicamentos inovadores e 84.7 por cento que o SNS não pode acomodar mais cortes de financiamento sem comprometer a qualidade dos cuidados. Entre os médicos no SNS, praticamente 60 por cento referiram que o abandono das terapêuticas aumentou nos últimos anos e 80 por cento que os doentes têm pedido mais vezes a prescrição de medicamentos mais baratos. Igualmente esclarecedores são os dados revelados pelo Observatório Português dos Sistemas de Saúde. Este grupo de análise, que envolve várias universi-

dades, evidencia que em 5 anos houve menos 5 milhões de consultas nos centros de saúde, as camas nos hospitais públicos diminuíram e na rede de cuidados continuados as camas existentes não chegam para responder a 30 por cento das necessidades. O estudo do Observatório diz mesmo que as camas na rede de cuidados continuados “não responde minimamente às necessidades” já que, em todo o país, há mais de 110 mil pessoas em casa, dependentes de cuidados, das quais quase 50 mil estão acamadas. Quanto ao medicamento: o acesso aos medicamentos está cada vez mais difícil em Portugal. O cidadão tem cada vez mais dificuldades em aceder aos medicamentos em Portugal, devido à diminuição do poder de compra, mas também porque vários fatores têm levado a que os fármacos faltem nas farmácias, ainda que o preço médio dos medicamentos compartici-

pados e vendidos nas farmácias tenha caído nos últimos anos. Todos estes indicadores são importantes e, por isso, se justifica a sua leitura e interpretação. O Serviço Nacional de Saúde português, sendo uma das grandes conquistas da nossa democracia, desde sempre se afirmou como um serviço universal e tendencialmente gratuito, que não distingue pobres de ricos e a todos trata de igual modo, sendo mesmo considerado um dos melhores a nível mundial. Ao longo dos últimos 35 anos conseguiu reforçar a sua qualidade, registando indicadores que se batiam com os melhores do mundo. O governo quis fazer da saúde não um bem acessível a todos, mas um negócio lucrativo – e muito – para alguns grupos privados e seguradoras . O SNS teve o mérito de, até hoje, ser um elemento de coesão social e não de divisão. Seria bom que assim pudesse continuar.


Estilo de vida saudável

1 - bolinhos de iogurte com frutos vermelhos | 2 - nutella fit | 3 - pudim de chocolate fit | 4 - soufflé de atum

Nos dias de hoje existem cada vez mais apologistas de um estilo de vida saudável. Nas redes sociais encontramos exemplos inspiradores, como o de Giullia Calapez, conhecida no Instagram como @giulliacalapez, que adora cozinhar, principalmente receitas ‘fit’, que são um sucesso. O que é que a levou a optar por este estilo de vida? Ao início, comecei apenas por mudar o estilo de alimentação. O que motivou esta mudança não foram questões relacionadas com a estética, mas sim relacionadas com a minha saúde a longo prazo. Na minha família, as mulheres têm uma predisposição genética para terem varizes - e, a certo dia, algures no ano de 2011, reparei numa variz enorme na minha perna. Assustei-me, como é de esperar. Foi nessa altura que decidi que tinha que mudar para não ter problemas futuros relacionados com o

aparecimento de veias dilatadas, agravadas não só por esta predisposição genética, mas também por questões de sedentarismo, alimentação inadequada e excessiva em gordura, etc. - e sabia que o que comia não ajudava a reverter esta situação de má circulação, que ao início não foi nada de grave - foi só uma veia mais saliente - mas foi o suficiente para me alarmar. Foi assim que passei a cortar em açúcares adicionados (nunca abdiquei de fruta), passei a comer menos alimentos processados (ao início, nos dois primeiros anos no ensino superior, comia muitas vezes refeições

SAÚDE E BEM-ESTAR pré-feitas ou instantâneas, tipo ‘noodles’ instantâneos e coisas do género), passei a equilibrar os macronutrientes em todas as refeições (ou seja, incluir uma fonte de hidratos de carbono, de gordura e de proteína) e passei também a tomar o pequeno-almoço, que era inexistente. Tudo isto acabou por se tornar rotina e aos poucos fui aprendendo mais sobre o assunto. Como é que se sente ao saber que inspira imensas pessoas a adotar este estilo de vida? Sinto-me muito bem, e feliz por saber que motivo outras pessoas a mudar certos hábitos relacionados com a alimentação, principalmente. É uma coisa que só nos faz bem, além de aprendermos mais sobre aquilo que realmente nutre o nosso corpo e que realmente necessitamos para manter uma boa saúde, temos o acréscimo de podermos “brincar” com o que comemos para atingir vários objectivos - seja ele de perder, manter ou ganhar peso. Quais são as suas inspirações neste mundo de estilo de vida saudável? Neste momento, a única inspiração em termos físicos que me ocorre é a Camila Guper - a sua conta de instagram é: https://instagram.com/camilaguper. Ao início, seguia principalmente duas páginas pessoas de duas pessoas que

DESPORTO E AUTARQUIA REFLEXÃO | II PARTE CONCEPÇÃO, PLANEAMENTO E GESTÃO

José Leirós

O apoio concreto deve ter em linha de conta: - os equipamentos e instalações desportivas - a promoção desportiva com o necessário apoio ao associativismo - a criação de um grupo de estudos e projetos especiais onde se criem novos espaços de intervenção dando especial relevo às questões de formação (monitores e animadores) de divulgação. O planeamento deve ter em conta todos os espaços e locais passíveis de serem utilizados: - estádios – pavilhões – ginásios – piscinas – escolas – alamedas – jardins - parques e ruas sem trânsito. Deve ser feito um estudo particular e caso a caso de cada um destes espaços e trabalhar-se em função da situação, como por exemplo: - os de gestão municipal devem ter uma taxa de ocupação o mais alargada possível - os pertencentes a entidades oficiais, ou privadas (clubes e empresas) seriam objeto de celebração de protocolos de utilização

- os espaços favoráveis (alamedas, parques, jardins) seriam dotados, segundo as suas características, de equipamentos próprios e duradouros para atividades físicas e de lazer (parques infantis, ringues polivalentes, rampas de skate e patinagem, paredes de escalada, circuitos de manutenção, pistas para ciclistas, etc.) - nas ruas poder-se-ão programar atividades pontuais e que se revistam de interesse suficiente para motivar as populações. Por outro lado deve a autarquia intervir ao nível de organização e mobilização de vontades junto da população, sempre com uma perspetiva abrangente e integrada, no sentido de que haja uma resposta positiva. É necessário, para garantir a qualidade do trabalho, que se cuide com muita atenção de aspetos de organização tais como: - formação de monitores e animadores - manutenção de uma eficaz rede de transportes - criação de programas que sustentem e façam viver todo o processo, como por exemplo:

- apoio a entidades autónomas (infantários e lares) - organização e manutenção de aulas e classes de diferentes atividades - colaboração com estruturas de educação, de lazer e desportivas já existentes - dinamização e apoio para o nascimento de novas estruturas - organização de festas e eventos desportivos que funcionem como divulgação - dinamização e apoio a estruturas para o mesmo efeito A concretização destas ideias não é tarefa que se leve a cabo sem antes definir a operacionalidade com muita minúcia a cada um dos aspetos abordados. No entanto penso que, se uma autarquia souber ocupar exatamente o seu lugar no corpo social, não querendo assumir um papel nem mais nem menos preponderante, hegemónico ou dominador e tendo sempre presente que o seu objeto será sempre a qualidade de vida das populações, não será irreal, também no campo das atividades físicas-desportivas, conseguir realizar um trabalho positivo.

13

em muito contribuíram para a minha mudança, servindo até hoje de exemplo - a Bella Falconi, que é muito conhecida neste meio ‘fitness’, e a Michelle Franzoni, mais conhecida no instagram por blogdamimis. Quais são os seus treinos favoritos? Os meus treinos favoritos são todos os que não envolvam exercícios cardiovasculares. Gosto de treinos de força, essencialmente. O tipo de treino que fiz durante mais tempo e que mais gostei foi com a seguinte divisão - treino 1: Peito e costas; treino 2: Perna (quadriceps) e gémeos; treino 2: Bicep, tricep e ombro; treino 4: Perna (posteriores). Quando calhava e quando me apetecia, fazia exercícios abdominais. Nunca precisei de fazer, já que muitos dos exercícios que fazia eram compostos e acabavam por trabalhar esse músculo: por exemplo, agachamento e peso morto. Fora isto, gosto do tipo de treino em circuito, como por exemplo os da Kayla Itsines (Bikini Body Guide). Gosto muito também dos treinos do Shaun T - destacam-se o Insanity, o Max30, o Focus T25, e outros que não experimentei como o The Asylum, Hip Hop Abs e Rocklin’ Body. Aconselho estes treinos para quem gosta de treinar nem que sejam uns trinta minutos em casa, até para aliviar o stress. Marta da Silva

omatosinhense

Terminar sessão

@iamisabelsilva: Para além de ser conhecida como uma das mais divertidas apresentadoras televisivas de Portugal, a @iamisabelsilva é apologista de um estilo de vida saudável. Adora corrida!

@missfit.insta : Natural do Porto, a MissFit é sem dúvida, uma das maiores inspirações para ter um estilo de vida saudável. Adora as aulas de localizada e spinning. Mantém o seu foco nos glúteos.


14

XI Congresso Nacional do Mutualismo 2015 em Santa Maria da Feira Luís Manuel Martins

Decorre, nos próximos dias 9, 10 e 11 de julho, o XI Congresso Nacional do Mutualismo 2015, subordinado ao tema “A Afirmação do Mutualismo – Modernização e Expansão”, no Europarque, em Santa Maria da Feira, organizado pela União das Mutualidades Portuguesas (UMP). O dia 9 de julho será presidido pelo Ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, Pedro Mota Soares, e contará, na sessão de abertura, com as intervenções de Emídio Sousa, Presidente da C.M. de Santa Maria da Feira, Luís Costa, Presidente da Mesa da Assembleia Geral da UMP, e Luís Alberto Silva, Presidente do Conselho de Administração da UMP. Este dia será dedicado aos “Novos

Desafios, Novas Oportunidades” que se impõem ao Movimento Mutualista e às “Parcerias na Economia Social”, sendo marcado pelas participações, entre outras, de Murade Murargy, Secretário Executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), e Ana

Paula Laborinho, Presidente do Conselho Diretivo do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I.P. Estará, igualmente, presente Nick Johnstone, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), assim como a Associação Nacional dos

Municípios Portugueses. No dia seguinte, os trabalhos serão dedicados a temáticas de extremo interesse para a atualidade do país, nomeadamente, a sustentabilidade da Segurança Social e do sistema de Saúde, respostas que o Mutualismo assume em permanência, num sistema privado de solidariedade entre cidadãos. O dia 11 de julho será protagonizado por ilustres personalidades internacionais, oriundos dos cinco continentes, que debaterão o “Mutualismo Sem Fronteiras”. O encerramento estará a cargo do Primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho. Mais informações em www.mutualismo.pt

LEÇA DA PALMEIRA O Homem sonha, a obra aparece REFOOD Fazer pontes entre o excesso e a JORGE GONZALEZ ESTEVES

Hoje, tirei o dia para contactar pessoas que conheço em diversos tipos de Associações. Tentei perceber o porquê de algumas Associações serem fortes e com obra feita e outras acabarem mesmo antes de começar. Duas explicações foram suficientes para concluir sobre aquilo que estou a escrever. A primeira foi-me dada por um agricultor que pertence a uma cooperativa agrícola. Disse-me isto: “Há alguma árvore que viva, se só tiver flores bonitas e vistosas e não tiver raiz e caule?” O segundo, foi um economista que é Presidente de uma Associação ligada ao voluntariado e a obras sociais com uma forte componente na área da cultura. Disse-me quase o mesmo, com uma linguagem mais profunda: “Só há duas maneiras de lançar uma Associação: 1.ª - Contactar pessoas importantes que (pensamos nós) vão dar credibilidade ao projecto e que, normalmente se fazem muito rogados, colocam imensas dificuldades e a quem se tem de pedir “quase de joelhos” após muitas reuniões, cunhas e apadrinhamentos. Esses são os primeiros a nunca aparecerem, salvo se houver uma visita importante ou uns troféus para distribuir. Neste caso, e por norma, a“ Associação tem perna curta e acaba por ficar pelo caminho”; 2.ª - Arranjar um grupo que acredi-

ta no projecto, avançar, “fazer coisas” e esperar que as pessoas reconheçam o trabalho desenvolvido e se aproximem. Este tipo de Associação, que é a que eu dirijo (dizia o meu amigo) está florescente e tenho neste momento, entre sócios e voluntários, cerca de 700 pessoas. Condensando as duas opiniões, apraz-me concluir que, uma pirâmide invertida não tem sustentabilidade. Uma base sólida com Amigas e Amigos que acreditam no projecto, podem ter, como dizia Jean-Jacques Rousseau, as paixões que são “os principais instrumentos da nossa conservação”. Num projecto a que estou associado, não convidamos ninguém em particular, nem procuramos de joelhos dobrados nomes sonantes. Mas, temos muitas Amigas e Amigos brilhantes nas suas profissões que não necessitam “puxar de galões” para serem reconhecidos. Gente simples que não procura atingir o estrelato, porque já não têm idade para isso ou já provaram as suas competências. Parafraseando Mozart, direi que “para fazer uma obra de arte não basta ter talento; não basta ter força; é preciso também viver um grande amor” E, porque quando o Homem sonha… a obra aparece, acredito que estamos a conseguir atingir os nossos objectivos.

necessidade alimentar Realizou-se no passado dia 17 de junho de 2015, pelas 21h30, no Auditório do Edifício de Serviços da Associação Empresarial de Portugal, em Leça da Palmeira, a designada Reunião Sementeira do Núcleo de Leça da Palmeira da Refood, que visou quer a apresentação pública do projeto à comunidade, quer o seu estabelecimento efectivo a médio-prazo nesta localidade. A título de curiosidade, já existe uma estrutura congénere na Senhora da Hora. A Refood, nascida do sonho de Hunter Halder, um norte-americano de 64 anos, a viver há 20 anos em Portugal – que esteve presente na Reunião Sementeira, ao lado de Ana Veiga de Macedo, coordenadora deste núcleo em fundação -, é uma Instituição Particular de Solidariedade Social que, desde 2012, tem como missão acabar quer com o desperdício alimentar do sector da distribuição, da restauração, e, mais recentemente, da agricultura, quer com a fome. Em Leça da Palmeira foram lançados os grãos de uma estrutura com quase 30 pioneiros que, à luz do desafio de intervenção que se afigura na comunidade, vai necessitar de centenas de voluntários e de 24 gestores, que foram apresentados no final. O desafio é simples e é o próprio Hunter Halder que o afirma: “Se cada voluntário der duas horas semanais do seu tempo, no processo de recolha, de embalamento ou da distribuição a quem mais precisa, a

sua missão está cumprida. O Refood é um projeto de comunidade e nós queremos a comunidade junta. Temos de criar oportunidades para que as pessoas sejam generosas, ao nível das instituições públicas e privadas, do tecido empresarial e da sociedade, respeitando todas as iniciativas congéneres já existentes e complementando-as, se necessário, numa perspetiva global”. Considerando que existe, em termos gerais, um terço de desperdício a montante – distribuição, restauração e agricultura -, verificando-se, por outro lado, que uma em cada oito pessoas passa fome, a Refood propõe, justamente fazer a ponte entre o excesso diário e a necessidade diária. Como? Recolhendo sobras, em perfeito estado de conservação, em restaurantes, cafés, confeitarias, padarias, hotéis e supermercados, entre outros estabelecimentos, e assegurando o empacotamento e a distribuição, em plenas condições de higiene e segurança alimentares - tal como acontece quando compramos comida para levar para casa e a conservamos, se sobrar. . A rotina diária típica de um centro de operações envolve a recolha alimentar entre as 18h30 e as 20h30, bem como a distribuição entre as 18h00 e a meia-noite. A Refood está, desde já, aberta à colaboração de voluntários que poderão solicitar informações por este endereço de correio eletrónico – refood. lecadapalmeira@gmail.com. Luís Manuel Martins


AGENDA Piratas 2015 26 a 28 de junho Leça da Palmeira | Junto ao Forte de Nossa Senhora das Neves Festival Panda 27 e 28 de junho Matosinhos | Estádio do Mar Moontosinhos - de S. Francisco a Santa Catarina Matosinhos e Porto 2 de julho (22h00) Danças 26 de Junho | 21h00 Auditório do Centro Escutista de São Mamede de Infesta Noite de Poesia 26 de Junho | 21h30 Sede da Associação de Pais da Senhora da Hora Espetáculo de Teatro Juvenil 26 de junho | 21h30 | São Mamede de Infesta Grupo de Teatro Flor de Infesta) Marchas Populares 27 de Junho | 21h00 Santa Cruz do Bispo | Largo da Viscondessa 5.ª Maratona de Futsal da cidade de Matosinhos 27 e 28 de Junho | 10h00 Pavilhão Municipal do Padrão da Légua Põe-te a Mexer nas Marginais 28 de junho e 5 de julho | 10h00-11h30 Marginal de Leça da Palmeira Ultima Transmission 3 de Julho | 21h30 Matosinhos | Cineteatro Constantino Nery - Teatro Municipal EDP Beach Party

AGENDA

O AMIGO DO HOMEM

ISABEL S. SOUSA

Kickboxing 4 de julho | 21h00 Arena de Matosinhos

O Chinese Crested Dog é um cão ancestral de origem chinesa e de porte miniatura. A altura varia entre 23 e 33 cm, e o peso não deve exceder os 5,5 kg. Existem duas variedades - o “hairless” e o “powderpuff”. Na variedade “hairless” não deve haver grandes áreas com pelos no corpo. Pode ter uma longa e fluida crista, que começa no “stop” (encontro da testa com a linha superior do focinho) e se estende até aos ombros, deve ter pelo em dois terços da cauda e nas extremidades das patas. Nos “powderpuff” a pelagem consiste num subpelo com um véu macio de pelos longos, sendo a característica principal a pelagem em forma de véu. Em qualquer das variedades todas as cores são permitidas.

XI Jogos do Eixo Atlântico 5 a 10 de julho de 2015 Porto, Gaia e Matosinhos Programa completo em www. jogosdoeixo2015.pt Se tiver conhecimento de algum evento, a realizar no concelho de Matosinhos, partilhe-o connosco, através do nosso endereço de e-mail: geral@omatosinhense. com ou pelo Facebook, em www. facebook.com/jornalomatosinhense.

MARCHAS SANJOANINAS EM LAVRA

É Santo e dá-se por São João, reside por cá, e, como vem sendo costume, desde há alguns anos, virou tradição na comunidade Lavrense. Já ninguém dispensa ver e comentar as marchas que, em cortejo, desfilaram, no passado sábado, dia 20 de junho, a partir do Parque de Campismo da Praia de Angeiras. Este ano integraram o desfile a Marcha Juvenil da Avenida, a Marcha do Centro Social Padre Ramos, a Marcha da Junqueira Futebol Clube, a Marcha da Associação de Trabalho Social e Voluntário de Lavra, a Marcha das Sargaceiras e a Marcha dos Amigos de Perafita. Neste evento, organizado pela Turislavra, com o apoio da Junta de Freguesia da União de Freguesias de Perafita, Lavra e Santa Cruz do Bispo, da Câmara Municipal de Matosinhos e da Sibemol, estiveram integradas muitas centenas de figurantes trajando a preceito, com vivas cores, arcos e balões, entoando as tradicionais canções que a quadra impõe. A.F.M.

OS NOSSOS ASSINANTES

Chinese Crested Dog (Pequeno Exótico)

3 a 4 de Julho Praia do Aterro

Matosinhos de Portas Abertas | I Open House Porto 4 e 5 de julho Entrada livre nos seguintes equipamentos: Casa de Chá da Boa Nova, Farol da Boa Nova, Refinaria de Matosinhos, Piscina das Marés, Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, Posto de Turismo de Matosinhos, Casa da Arquitectura e Estratégia Urbana.

15

CARATERÍSTICAS:

COMPORTAMENTO, MENTO E CUIDADOS:

TEMPERA-

O Chinese Crested Dog não passa despercebido em lado nenhum, muito pelo contrário: torna-se geralmente o centro das atenções, não só pela sua aparência exótica, mas também pela sua simpatia e alegria. Estes pequenos companheiros são ideais para apartamento pela sua dimensão. É um cão sempre atento ao dono e ativo, que, se não for convenientemente exercitado, irá tomar iniciativa própria e tornar a sua sala numa pista de corridas. Embora um pouco tímido e sensível, poderá ser evitado com uma correta sociabilização. São animais asseados com muita vontade de agradar e, como tal, fáceis de treinar. Existem alguns cuidados especiais a ter com cada um deles. O “hairless” necessita de mais banhos para manter a pele saudável, precisa de fazer esfoliação e e de que lhe seja aplicado protetor solar antes da exposição ao sol. Tal como a pele humana, também a pele do “hairless” bronzeia. Quanto aos “powderpuff”, o banho poderá ser dado a cada 15 dias e a escovagem deve ser diária, de modo a remover os pelos embaraçados. Sempre que escovado, deve aplicar-se previamente um condicionador no cão. Em ambos os casos deve-se pedir conselhos sobre qual a rotina diária que o criador tem com os seus exemplares.

A SETE CHAVES

Assistência ao domicílio 24h

Chaves | Fechaduras | Comandos | Matrículas Aberturas Judiciais

Rua Alfredo Cunha, 115 C. C. Newark - Loja 2 4450-023 MATOSINHOS www.asetechaves.net Tlm.: 919 155 649 | 934 180 945

CONTABILIDADE A. FERREIRA GESTÃO E CONSULTORIA FISCAL

Rua de Brito e Cunha, 32 - 1.º Frente - 2.º 4450-081 MATOSINHOS amcferreira@net.vodafone.pt Telef.: 229 387 098 Tlm.: 917 545 905 Fax: 229 351 431

FEIRA DA FRUTA

COMÉRCIO DE FRUTAS E LEGUMES Entregas Gratuitas ao Domicílio

Rua de Brito e Cunha, 28 - MATOSINHOS Rua de Tourais, 50 - GUIFÕES Tlm.: 919 465 630

RESTAURANTE MARISQUEIRA MAURITÂNIA Rua Brito e Cunha, nº 119 4450 - 086 MATOSINHOS restmauritania@net.vodafone.pt www.restaurantemauritania.com Telef.: 229 380 635 Fax: 229 377 588

LUÍS MANUEL FIGUEIREDO BRANCO NOTÁRIO

Rua Ló Ferreira n.º 143 - 1.º - S/B2 4450-176 MATOSINHOS geral@notariobranco.com Tlm.: 919 088 741 | 938 697 009 | 966 941 448 Telef.: 229 378 953 | 229 378 954 Fax: 229 378 955

Clínica Dr. Santa Comba Medicina Dentária, Cirurgia Plástica Reconstrutiva e Estética, Lda.

Rua D. Nuno Álvares Pereira, 65 4450-216 MATOSINHOS Telf. 229 539 698 | Fax 229 539 698 geral@clinicadrsantacomba.com www.clinicadrsantacomba.com

ANUNCIE ASSINE E DIVULGUE “O MATOSINHENSE” Tel.: 223 296 036 geral@omatosinhense.com


16

A VOZ DO POVO

Concorda que, durante a noite e ao fim de semana, num concelho como Matosinhos, haja só uma farmácia de serviço permanente? Mariana Trigo

Farmacêutica e Diretora Técnica da Farmácia Parque Não concordo, de maneira nenhuma, que haja apenas uma farmácia de serviço permanente na área de todo o concelho de Matosinhos. A Administração Regional de Saúde estipulou apenas uma farmácia de serviço para o concelho de Matosinhos. Não é a vontade das farmácias. Não são as farmácias que decidem esta situação. O mapa das farmácias de serviço para o concelho é estipulado no mês de novembro. Uma farmácia de serviço por União de Freguesias seria o ideal. Antigamente, o centro de Matosinhos tinha sempre uma farmácia de serviço. A Farmácia Parque estava de serviço permanente de 13 em 13 dias. Agora está de 29 em 29 dias. As farmácias que estão abertas 24 horas por dia são privilegiadas. Há uma liberalização dos horários. Requer-se à Câma-

PSD Visita à Feira de Custóias No dia 20 de Junho, iniciou-se o primeiro dia da Campanha Nacional de Informação da Coligação “Juntos por Portugal”. Esta iniciativa decorreu de manhã com uma arruada no Porto, tendo na parte da tarde as Comissões Po-

ra Municipal o alargamento do Horário, mas não compensa, porque as margens dos medicamentos são muito curtas. Deixou de haver uma organização que permite servir o utente.

Lídia Areia Doméstica

Não concordo com esta situação. Se o meu marido adoecer, não tenho forma de ir buscar os medicamentos. Não tenho carro para me deslocar. Deveria haver uma farmácia de serviço em cada freguesia, porque não há transportes.

Rocha Pereira

Farmacêutico e Diretor Técnico da Farmácia Rocha Pereira Depois do que fizeram ao mercado das farmácias, concordo. Com a liberalização dos horários, permitiram a abertura das farmácias 24 horas por dia. A po-

liticas Concelhias do PSD e do CDS de Matosinhos, JSD e JP, autarcas do PSD, devidamente acompanhados pelos deputados Virgílio Macedo do PSD e Cecília Meireles do CDS, estado em contacto com a população na Feira de Custóias, em Matosinhos, onde foram muito bem recebidos. Nas palavras do líder da bancada do PSD na Assembleia Municipal, José António Barbosa “Este ano completamos quatro anos de um Governo de Coligação PSD/CDS, cumprindo-se

pulação é que sofre. Na última vez que estive de serviço permanente, após a uma hora da manhã, atendi duas pessoas! As pessoas vão às urgências e têm uma farmácia perto aberta 24 horas. Já não precisam de procurar a farmácia de serviço, sabendo que aquela está aberta. Esta situação foi aceite pela Câmara e pelas farmácias. Hoje em dia não compensa estar aberto durante a noite e ao fim de semana. A Administração Regional de Saúde optou por esta situação e ficou decidido.

Avelino Silva Barbeiro

Acho muito pouco que esteja apenas uma única farmácia de serviço em todo o concelho. Tudo isto causa transtornos e despesas às pessoas. Seria bom que houvesse, pelo menos, uma farmácia de serviço em cada união de freguesias. O que ainda vai valendo são as farmácias que estão abertas 24 horas por dia.

uma das mais difíceis e exigentes legislaturas da nossa história democrática. Herdámos um país endividado, enfraquecido por políticas inadequadas e despesistas. Enfrentámos a pior crise financeira da história de Portugal. A economia está a recuperar e já estamos a criar postos de trabalho. É hora dos portugueses conhecerem melhor o trabalho do Governo para que possam, com toda a liberdade, escolherem o que querem para o seu futuro.”

DR

ISABEL DOS SANTOS INVESTE EM MATOSINHOS

É a primeira vez que a empresária angolana adquire uma posição de controlo em Portugal, passando a deter 65 por cento do capital da empresa EFACEC, com sede em Leça do Balio. O negócio, que envolveu 200 milhões de euros pela

compra de uma posição de controlo da EFACEC - Power Solutions, tem ainda de passar pelo crivo dos reguladores, nomeadamente a Autoridade da Concorrência e constitui uma aposta na internacionalização. Pelo caminho, ficaram

os chineses da “State Grid”, acionistas da REN, que também mostraram interesse nesta compra. Os atuais acionistas da “EFACEC Power Solutions”, José de Mello e a Têxtil Manuel Gonçalves, descem a sua posição para 35 por cento. Nos últimos tempos, tem sido política da EFACEC proceder à venda de algumas áreas de negócio para diminuir o alto grau de endividamento, uma reestruturação que se impôs depois de descoberto o montante em dívida à Espírito Santo Internacional. A ideia da empresária será aproveitar a experiência da EFACEC para o desenvolvimento das infraestruturas em Angola, no ramo energético, ao nível da produção, transporte ou distribuição de energia. A EFACEC atua já em Angola e tem como cliente a operadora de telecomunicações Unitel, precisamente detida por Isabel dos Santos.

Farmácias de serviço Dia 25 Farmácia Ferreira de Sousa R. Nova do Seixo, 41 Senhora da Hora | Tel.: 229536096 Dia 26 Farmácia do Parque Av. D. Afonso Henriques, 568 Matosinhos | Tel.: 229380830 Dia 27 Farmácia Saúde Rua Hintze Ribeiro, 292/296 Leça da Palmeira | Tel.: 229951701 Dia 28 Farmácia José Morais Praceta António Sérgio, 319 Matosinhos | Tel.: 229 375 367 Dia 29

Farmácia do Viso Estrada Exterior da Circunvalação, 12080, loja 2 Senhora da Hora | Tel.: 226160176

Dia 30

Farmácia Benisa Av. Arquiteto Fernando Távora, Cc. Ikea, loja 0.040 A, 231 Perafita | Tel.: 229963134 Julho

Dia 1

Farmácia Veloso Ribeiro Largo Padre Joaquim Pereira dos Santos, 376 Guifões | Tel.: 229537376

Dia 2

Farmácia Faria Rua Roberto Ivens, 126 Matosinhos | Tel.: 229380285

Dia 3

Farmácia Beleza Rua Coronel Alberto Laura Moreira Júnior -Rodão,276 Leça da Palmeira | Tel.: 229942969

Dia 4

Farmácia Moderna Rua Nova do Seixo, 1497 Custóias | Tel.: 229510063

Dia 5

Farmácia Peninsular Avenida da República, 685 Matosinhos | Tel.: 222000707

Dia 6

Farmácia Ferreira da Silva Rua Sara Afonso, 105-117 Norte Shopping Piso 0, Lj.140 Senhora da Hora | Tel.: 220120500

Dia 7

Farmácia Matosinhos Sul Rua Sousa Aroso, 120 Matosinhos | Tel.: 222007640

Dia 8

Farmácia Pedra Verde Rua da Maiança, 89 São Mamede de Infesta Tel.: 229010949

Números úteis Polícia Judiciária - Porto - 225 088 644 Municipal de Matosinhos - 229 398 560 P. S. P. - Maia - 229 413 853 P. S. P. - Matosinhos - 229 383 427 P. S. P. - Comando, Porto - 222 006 821 P. S. P. - S. M. de Infesta - 229 026 538 Bombeiros Leça da Balio - 229 511 330 Leixões - 229 380 018 Matosinhos, Leça - 229 984 190 Moreira da Maia - 229 421 002 São Mamede de Infesta - 229 010 017 Sapadores do Porto - 225 073 700 Hospitais Maria Pia - Pediátrico - 226 089 900 Pedro Hispano - 229 391 000 Santo António - 222 077 500 São João - 225 512 100 Cruz Vermelha Portuguesa 229 351 515 EDP - Linha de Apoio 800 506 506 INDAQUA - Matosinhos | PIQUETE 229 399 950


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.