O Matosinhense n.º 0

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ISSN: 2183-5608

Ano I | Nº 0 | 11 de junho de 2015 | quinta-feira | Quinzenal | Preço: 1,00 € (IVA incluído) | Diretor: Luís Manuel Martins | Diretor-Adjunto: A. F. Mesquita | www.omatosinhense.com

Entrevista a Guilherme Pinto

“Matosinhos tem a maior indústria pesqueira de Portugal” págs 8, 9 e 10

O TERMINAL DE CRUZEIROS NÃO AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS CONVENCE MATOSINHENSES

Não há consenso nos eventuais benefícios deste equipamento. pág. 3

COMEÇOU A ÉPOCA BALNEAR É preciso o código de conduta.

pág. 5

AS FESTAS DO SENHOR DE MATOSINHOS

Este ano foi maior a afluência de peregrinos ao nosso concelho. pág. 14

CASA DOS PESCADORES

Mestre Brandão ao leme desta instituição desde 2002. pág. 15

pág. 6

TRADIÇÕES... COSTUMES pág. 7

MEMÓRIAS DO U-BOAT 1277 pág. 11

ASSINE O MATOSINHENSE

O jornal que defende Matosinhos e os Matosinhenses


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ESTATUTO EDITORIAL

EDITORIAL

O jornal “O Matosinhense” é uma publicação periódica, portuguesa, informativa, de âmbito regional e de periodicidade quinzenal, dedicada à prestação de informação geral, em suporte papel e online.

Empreender uma nova publicação no concelho de Matosinhos, o oitavo maior de Portugal, onde, nos últimos anos, a comunicação social nem sempre teve uma existência feliz, é um enorme desafio, mas estamos plenamente conscientes da responsabilidade que temos em mãos. Como tenho tido oportunidade de referir, desde a primeira hora, às pessoas que me perguntam sobre a publicação, tenho-lhes dito, com toda a sinceridade, que somos um jornal generalista, que nascemos com uma tiragem realista, mas que somos ambiciosos e queremos crescer, numa lógica de melhoria contínua, na base da confiança de todas as entidades e personalidades com quem trabalharmos. Não pode ser de outra maneira. Partilhamos a força, a coragem e a determinação dos nossos concidadãos que são matosinhenses, os que cá nasceram e os que escolheram esta bela terra para viver. Não desistiremos, porque neste dia 11 de junho, em que o jornal “O Matosinhense” vê, pela primera vez, a luz do dia, nasceu, há 121 anos, no Japão, Kichiro Toyoda, fundador de uma marca que todos conhecemos – mais não seja pela similitude do seu apelido -, que, há mais de 40 anos, quando a chegou a Portugal disse que vinha para ficar. Lembram-se? Nós também.

O jornal “O Matosinhense” pretende contribuir para a prestação de uma informação credível e dinâmica sobre a realidade económico-social, política, cultural, patrimonial e ambiental do concelho de Matosinhos.

Luís Manuel Martins

O jornal “O Matosinhense” é uma publicação independente de quaisquer poderes e estruturas organizacionais de âmbito particular ou coletivo, pugnando para que a sua atividade decorra sempre em ambiente de plena liberdade de expressão e informação. O jornal “O Matosinhense” rege-se por critérios de rigor, exatidão e honestidade, defendendo a clara distinção entre os diferentes conteúdos informativos e de opinião, no seio das suas rotinas produtivas. O jornal “O Matosinhense” tem a missão de fornecer informação isenta e rigorosa, em integral respeito pela Constituição da República Portuguesa e pelo demais articulado legal e regulamentar vigente em Portugal para o setor onde se insere. O jornal “O Matosinhense” defende a primazia do Estado de Direito e a participação cívica na vida democrática, não se alheando de apoiar, por seu turno, sob a égide da responsabilidade social, todas as iniciativas consideradas relevantes pela Direção. A Direção do jornal “O Matosinhense” acredita que os princípios e valores expostos neste Estatuto Editorial são, no seu conjunto, os indutores de um método de trabalho de referência, razão pela qual afirma, desde já, que no dia em que não houver condições de manter esta coerência, a publicação não tem razão de existir.

OS NOSSOS LEITORES Como Cidadão e Empresário recebo sempre com agrado o nascimento de mais uma Empresa sedeada no nosso Concelho de Matosinhos e cuja a sua denominação “JORNAL O MATOSINHENSE” está inserida num conceito identicativo da Cidade de Matosinhos. Neste caso, estou a constatar o inicio duma Empresa ligada à actividade da comunicação e informação que na minha óptica e neste mundo global vai continuar a ter um papel muito importante na divulgação informativa junto dos Matosinhenses e espero igualmente poder estar muito próximo das Empresas. Felicito e desejo votos de muito sucesso. Parabéns Fernando Sá Pereira

FICHA TÉCNICA || DIRETOR: Luís Manuel Martins | DIRETOR-ADJUNTO: A. F. Mesquita | DIRETORA COMERCIAL: Clarisse Sousa || ENTIDADE PROPRIETÁRIA | EDITORA | REDAÇÃO: C.S. - O Matosinhense, Comunicação Social, Lda.| Rua Alfredo Cunha, 115 – Loja 15 | 4450-023 Matosinhos | NIPC: 513505300 || PERIODICIDADE: Quinzenal || COLABORADORES :: Opinião: Albano Chaves, Arminda Forte, Domingos Silva, Isabel Sousa, José Leirós, Miguel Teixeira, Paulo Machado, Sérgio Aguiar | Designer: Pedro Fernandes (Estagiário) | Marketing: Marta da Silva (Estagiária) | Publicidade: Anabela D. Silva || N.º DE REGISTO NA ERC: 126695 || IMPRESSÃO: FIG – Indústrias Gráficas | Rua Adriano Lucas | 3020-265 Coimbra || DEPÓSITO LEGAL: 394240/15 || TIRAGEM: 2000 exemplares || ISSN: 2183-5608 || CONTACTOS :: Telefone: 223296036 | Telemóveis: 912411072 / 912433521 || SITE: www.omatosinhense.com | E-MAIL: geral@omatosinhense.com || FACEBOOK: www.facebook.com/jornalomatosinhense


A Voz do Povo | Rua Brito Capelo Acha que o terminal de cruzeiros vai trazer benefícios para o comércio de Matosinhos? Luís Silva Reformado Residente em Matosinhos

Para o comércio não irá ser muito favorável, pois os turistas já vêm com a programação para a cidade do Porto. A área da restauração é a que sai mais beneficiada. É mais favorável para o Porto. Para captar os turistas, era preciso ter táxis no local do desembarque e programas para visitarem o conce- lho.

Penso que sim. Quando há desembarques nota-se mais movimento e as pessoas acabam por comprar. Traz sempre mais movimento.Na área do emprego, pode beneficiar, pois poderá haver necessidade de aumentar o número de postos de trabalho. Anabela Mourão Lojista - Casa Pinto Residente em Leça da Palmeira

esta zona tivesse estacionamento gratuito. Uma forma de captar os turistas era se existissem guias que os levassem aos diversos estabelecimentos da rua. Alberto Henriques Gerente da Charcutaria O Porquinho Residente no Porto

Ana Ramos Lojista Sapataria Manuel Gonçalves Residente em Leça da Palmeira

Pouco. Quando andam turistas na rua, não se sente um aumento nas vendas. Entram na loja,mas compram pouco. Beneficiava mais se

Há 2 anos, por causa do terminal, a Câmara fez uma revista, que me custou 300,00€. Conclusão: foi um fiasco. Os turistas chegam e vão para o Porto nas muitas camionetas que os esperam. Não têm sido incentivados para virem para o concelho. Não existe um aumento no volume de negócios. Se fosse hoje, não gastava o dinheiro no roteiro.

Mas há mesmo necessidade? …

posicionam a favor como os que se posicionam no lado oposto. Com insuficiência de argumentos. E algumas vezes, na utilização espontânea e comummente aceite de através de um simples “porque sim” integrarem na definição o definido e construírem a justificação com o justificado. O chamado argumento ovo, que é a única situação em que algo se encontra cheio de si próprio. Mas há mesmo necessidade? Um jornal continua a ser um polivalente intemporal. Central de informação à distância de uma mão, para ele converge, edição após edição, o que os colhedores de informação entendem como tal. E a ele recorrem todos os que pretendem informação passada, mesmo os historiadores e investigadores. Sim, que num jornal as notícias não são as mais recentes. São as menos atrasadas. Poder-se-á dizer que um Jornal é um Repositório de Vida. Ora identificando actores e autores, ora privilegiando locais, ora privilegiando momentos, ora tudo diafanizando num impessoal anónimo, inlocalizado e inlocalizável em tempo incerto não identificado. Tudo é informação. Mas precisa

é toda. Mas nem sempre a mais precisa (exacta). Longe vai o tempo da juventude de muitos que nos lerão em que, com fundamento aceite na verdade, quando se dizia “eu li no jornal tal, na página tal” todos aceitavam como verdade. Por isso há mesmo necessidade. Porque quando nasce um novo projecto há sempre a remota esperança da retoma do tempo da verdade e da confiança (como quando nas relações dos contribuintes com o fisco, havia uma relação de confiança de tal forma que os sujeitos passivos da obrigação fiscal cumpriam o seu dever através de simples Declarações (de Imposto Profissional, de Imposto Complementar, de Imposto de Transacções, etc., etc..). Porque há sempre a remota esperança que que nos jornais se vejam apenas nomes (substantivos) e poucos ou nenhuns adjectivos qualificativos). Porque se espera que a informação seja a actual, actualizada, correcta, integral. Porque nada fique por informar. Porque não se inundam os jornais apenas com assuntos da coisa pública. Há coisa pública a mais em todo o espaço e tempo. Até na co-

Domingos Silva

Claro que há. Ao iniciar-se a concretização e um projecto, seja ele qual for, há, naturalmente, para quem não seja o empreendedor o nascer espontâneo da pergunta simples da real necessidade da coisa. Que é como quem diz se arrancar, aqui e agora, com um projecto jornalístico se justifica. O mais provável é que os entendimentos sejam muito diferentes, mas que acabem por se arrumar, na maior das normalidades, nos dois mais correntes extremos: os que concordam e os que discordam. O que ambos têm de comum é que são entendimentos dados – mesmo sem serem pedidos - à saciedade por quem nada arrisca do ponto de vista patrimonial, de profissão e de imagem. Mas porque existe, tem um direito constitucional, indeclinável e irrevogável, que é o direito de expressão do direito de opinião (afinal são dois direitos). E tal é tal verdade quer nos que se

3 José Ferreira Gerente da Confeitaria Ferreira Residente em Matosinhos

Acho que sim, sem dúvida. Mas os turistas raramente aparecem. Aqui o sistema de turismo é o mesmo que antigamente. Quando há um cruzeiro levam os turistas para o Porto. Era preciso a Câmara desenvolver um projeto para captar os turistas, tornando o comércio desta zona atrativo. Neste momento, o comérc io está decadente, caiu mais de 30%.Há falta de investimento: a Câmara prometeu colocar palas para proteger os passeios, aqui na rua Brito Capelo, e, até hoje, nada. Não é só por causa da crise e da falta de dinheiro. Isto parece um bairro suburbano do Rio de Janeiro.

ASSINE O MATOSINHENSE municação social há estado a mais. Muito embora a mais que o Estado parece haver … o futebol! Que o novo jornal dê no futuro, lugar a cada presente matosinhense, sob a égide de história passada. Porque um território como Matosinhos tem que continuar a fazer em cada presente o registo da sua história para memória futura. De forma independente. Remunerada com justeza e não suportada com publicidade excessiva. Que seja o local nobre da notícia, do facto, do real. Sem anestesias. Mas com verdade. Os Matosinhenses merecem e necessitam. Mas nada é grátis. Que sejam os leitores a ser a razão de existir deste registo do quotidiano das Terra de Horizonte e Mar. Onde no Horizonte não cabe o não registo do seu vive. Que todos o leiam A favor de todos os Matosinhenses. Mesmo daqueles que territorialmente estão mais próximos dos Paços do Concelho … dos Concelhos adjacentes. ESCRITO VOLUNTARIAMENTE PELA ORTOGRAFIA ANTERIOR


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In illo tempore…

“Re”iniciar

Assim começo hoje o esboço do pequeno apontamento que os redatores de “O Matosinhense” me pediram e eu irei procurar gizar na proporção da honra que me é dada. Porque comecei assim? Não sei ao certo. Um impulso; um assomo de descrença nos tempos presentes, de muitas dúvidas no futuro ou, talvez mais do que isso, a angustiante ausência da voz firme e serena de um outro Messias, de um outro profeta que, tal como “in illo tempore”, convictamente nos fale de fraternidade, de amor, de paz e de esperança. Ainda hesitei entre este título e o de uma mensagem de apreço aos fazedores deste jornal recém-nascido que, espero e acredito, se irá tornar numa janela aberta sobre os mais diversificados temas de interesse comum e de reflexão; uma plataforma divulgadora de opiniões e sentimentos que de modo nenhum devemos nem queremos enclausurar. Um jornal que, servindo exclusivamente a verdade e o interesse comum, se acerque cada vez mais dos seus leitores e da sua realidade. Desta realidade que a todos preocupa e em muito pouco corresponde aos anseios dos que, na inquietude do presente ou nas adivinhadas brumas do futuro, apenas “in illo tempore” encontram forças para acreditar e prosseguir. Dizia Albert Einstein que “todos os esforços tecnológicos devem ter como objectivo a preocupação com a Humanidade” … Do alto das torres e das montanhas, nos degelos polares ou nas areias estéreis dos desertos, vê-se agora o empenho com que os esforços tecnológicos são dirigidos para a Humanidade e pressurosamente lhe moldam um destino de que talvez nem todos sejamos culpados mas em que, seguramente, todos seremos vítimas. È certo que já “naquele tempo”os Romanos tinham dividido o “mundo” e Zelotas e Herodianos combatiam entre si. Nenhum tempo foi isento de interesses e conflitos. Só que, nas montanhas, era então possível ouvir palavras de bem-aventurança, anúncios de uma felicidade que à dimensão humana hoje se não concebe; de um mundo novo que à mesma escala se não vislumbra. Fenece a força do crer, mas o que em tudo isto maior angústia causa, é não sabermos a que montanha subir nem a que deserto acorrer para que a simples contemplação de um Messias, talvez que até só de um profeta, nos conforte, nos dissipe as dúvidas, nos devolva a esperança. Os esforços tecnológicos que Einstein gostaria de ver desenvolvidos a favor da Humanidade não levaram ainda à cura de muitos dos seus males mas possibilitaram já, e há muito, a sua destruição em segundos. Dizia Cícero que, se queremos a paz, devemos preparar a guerra. Si vis pacem para bellum, disse ele no séc. I ac. Hoje, quase vinte e dois séculos depois, parece estarmos indubitavelmente preparados para a guerra. Mas cada vez menos para a paz. E a ansiedade instalou-se um pouco por todo o lado. Por isso, esperando ao mesmo tempo redimir-me do pessimismo eventualmente transmitido a algum leitor deste primeiro número do nosso “O Matosinhense”, termino com uma frase plena de esperança retirada daquele que, para os cristãos, é o livro da Verdade: Neste mundo tereis aflições, mas tende coragem. Eu venci o mundo. Disse-a o filho de José e de Maria. Escreveu-a João, um dos filhos de Zebedeu, in illo tempore.

O prefixo “re” carrega consigo o sentido de se ultrapassar algo. Em contraposição com o Início, onde de acordo com a mitologia grega prevalece o Caos e a Nix (noite), o “re” constitui a renovação, a novidade, um novo estado, que se pretende seja melhor que o anterior. É deste “re” que lhe quero falar. Este “re” que nasce das necessidades, intrínsecas ou extrínsecas, da confrontação com a realidade, e que nos leva a recuperar o caminho que, por via de muitas condicionantes, se perdeu em oportunidades, educação, políticas, investimento, inovação, mas também por nos acostumarmos à “felicidade” estática e à ausência de planeamento. Portugal, suas regiões, cidades, vilas e cidadãos, esqueceu durante anos este “re”. Um “re” imprescindível de se praticar nas sociedades modernas que convivem com a Mudança. Por isso, ao longo das duas últimas décadas, fomos prejudicados por uma cultura de laxismo e inoperância, que nos habituou a ter aquilo que nos ofereciam ao invés do mérito de o conseguir. Ainda hoje, perante as dificuldades, muitos Portugueses não perceberam a diferença. Ainda há uma maioria que fica no seu aconchego, aguardando os acontecimentos e vivendo o dia-a-dia sem perspetivas do que pretende para o futuro como se este não dependesse mais deles do que d’outros. - Mas qual será o “re” que precisamos no caminho? Pergunta o Leitor. A resposta está no percurso que fizemos e naquilo que almejamos. Se perspetivarmos a coisa social, cabe-nos olhar para a situação atual, para os erros e méritos que nos trouxeram a este Lugar, para as nossas potencialidades e incapacidades, e delinear estratégias com o conhecimento necessário para lá chegar. Nesse contexto, um processo de “re”cidadania, assente nos valores da genuína participação, solidariedade e colaboração, em prol de um projeto comum, continua a ser cada vez mais uma prioridade esquecida. Se muitos cidadãos se entregam hoje ao bem comum,

SÉRGIO AGUIAR

PAULO MACHADO

parece também evidente que não é do interesse de muitos dos que decidem que essa mesma estratégia exista (ou que, pelo menos, seja conhecida). Criaram-se muitos focos de desapego, de individualismo, de imagem fácil, e uma certa clientela fixa do Sistema que dificilmente se extinguirá sem lideranças capazes de olhar para as realidades de uma forma distante e integrada. Com olhos de observação, hoje constatamos que muitos sucessos identificados por todos resultam da qualificação, do empenho, do mérito, e de um trabalho de sustentabilidade que muitos agentes consolidaram ao longo dos anos nas Universidades, nos Serviços do Estado, nas Empresas, nas Autarquias e no Sector Social. Sem que se volte ao Início, o “re” é assim… imprescindível em muitas áreas/estruturas/camadas da nossa sociedade - onde vivem os fenómenos da pobreza, do analfabetismo, do abandono escolar precoce, da gravidez na adolescência, da violência familiar, da discriminação, do bullying, da instabilidade das famílias, entre outros – sendo apenas passível de implementar com a Descentralização, a Articulação de Redes (consolidando-se assim a Diferenciação de Respostas por atores próximos e conhecedores dos casos), e o Envolvimento de Todos nos problemas e nas suas soluções. Por fim, não querendo deixar o Leitor a descoberto da vivência pessoal neste tema, desafio-o com uma pergunta feita por Magda Gomes Dias (autora do Livro “Crianças Felizes”): -“Um dia, quando o vosso filho/neto tiver 24 anos e vier almoçar lá a casa a um domingo, que tipo de pessoa irão encontrar ao abrir a porta?” É de “re”pensar, não é?


ÉPOCA BALNEAR EM MATOSINHOS VIGILÂNCIA É OBRIGATÓRIA

Matosinhos é um concelho voltado para o oceano atlântico, com 16 praias identificadas com águas balneares de acordo com a legislação em vigor. A temperatura média da água, no inverno, é de 9ºc. Desde 2008 que, em Matosinhos, a Autarquia assegura a presença de oito nadadores-sal-

vadores ao longo de todo o ano, muito embora a lei estabeleça que a presença de nadadores-salvadores apenas é obrigatória durante a época balnear. Fora da época balnear, a vigilância das praias é facultativa e fica ao critério das concessionárias e das autarquias. O Instituto de Socorros a Náu-

fragos presta atenção especial nos períodos de calor, mas são os surfistas quem mais ajudam os banhistas em apuros. Torna-se, por isso, imperativo que todos os banhistas “assumam uma cultura de segurança” perante o mar”. Nesta altura do ano, conjugam-se vários fatores de risco que é preciso ter em conta: ausência de nadadores-salvadores em todos os locais, forte agitação marítima e baixas temperaturas das águas, além da falta de sinalização em muitos locais. A Autoridade Marítima anunciou o reforço do patrulhamento em várias praias, devido à “grande afluência verificada” pela grande onda de calor que tem vindo a sentir-se . É preciso ter sempre em atenção o seguinte: Código de Conduta - Frequente praias vigiadas;

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- Respeite os sinais das bandeiras; - Respeite as instruções dos Nadadores-salvadores; - Evite tomar banho antes de decorridas 3 horas após refeições; - Nunca nade contra a corrente; - Ao nadar não se afaste demasiado; - Nade paralelamente à costa; - Procure nadar acompanhado; - Em caso de aflição não hesite em pedir imediatamente socorro; - Nunca efetue saltos para a água a não ser em local vigiado e especialmente destinado a esse efeito; - Vigie atenta e permanente e de distância próxima as suas crianças; - Após longos períodos de exposição ao sol, não entre de repente na água; e, - Em caso de urgência ligue para o 112. Maria da Boa Sorte


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AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS As diferenças entre o PSD/CDS e o PS

As estruturas dos partidos políticos já estão a trabalhar a todo o vapor, com vista às próximas eleições legislativas, que se irão realizar no próximo outono. Vamos ter um verão muito quente, em termos políticos. Tudo isto é notório, principalmente em relação ao PS e à coligação PSD/CDS. Com toda a polémica instalada, a menos e cinco meses das eleições, as sondagens, não indicam um claro vencedor. Embora com preferência para o PS, a verdade é que se mantém o empate técnico. A coligação PSD/CDS apresentou, recentemente, as linhas de orientação para um programa eleitoral, que assenta em três prioridades: demografia, qualificação e competitividade. Por seu lado, o PS apresentou, na internet, a versão final do seu programa, num documento de 92 páginas intitulado Alternativa para a Confiança No seu documento, a coligação afirma que “as contas públicas estão na boa direção e o défice orçamental ficará este ano claramente abaixo de 2,7 por cento, permitindo que Portugal, pela primeira vez em muitos anos, deixe de estar submetido ao procedimento por défice excessivo”. A coligação afirma que o défice público diminuiu em mais de 12,4 mil milhões de euros, dos quais 8,5 mil milhões se ficaram a dever à redução da despesa, tudo isto sem contar com a despesa que o atual Governo conseguiu evitar, designadamente através da renegociação das parcerias público privadas. A questão da dívida pública é, por natureza, estruturante. Dívidas exageradas pagam-se caro em austeridades coercivas e impostos elevados. As políticas que conduzem a dívidas excessivas não são, aliás, autorizadas pelas gerações seguintes que serão chamadas a financiá-las, o que representa uma injustiça flagrante. Daí a Coligação defender que deve ser estabelecido um limite constitucional. Para o PS, “a sustentabilidade das contas públicas e a estabilização do endividamento são princípios basilares da governação”. O PS, no seu documento, considera ser “necessário um compromisso claro com uma trajetória de sustentabilidade das contas públicas que garanta a redução do défice estrutural e permita iniciar uma trajetória descendente do rácio de endividamento. O quase equilíbrio

estrutural das contas públicas e a redução do endividamento são objetivos assumidos como prioridade. Os trabalhos para a produção de um cenário macroeconómico alternativo que o PS promoveu vieram demonstrar que existe uma outra política económica que pode conciliar o rigor com a recuperação”. O Partido Socialista considera, também, que “a consolidação das contas públicas exige claras melhorias na eficiência do Estado ao nível da utilização e gestão dos recursos por parte das administrações públicas, rejeitando a lógica dos cortes cegos, as decisões devem ser tomadas com base em critérios de custo e de eficácia, sendo que os fatores de produção da despesa excessiva ou ineficaz devem ser identificados nas suas raízes estruturais”. No seu programa eleitoral, o PS propõe-se “relançar o crescimento económico, considerando o objetivo de consolidação das finanças públicas - redução gradual do défice orçamental numa meta a médio prazo e em função dos resultados das reformas a introduzir e ‘desalavancagem’ sustentada da economia, tanto no plano da dívida pública como da privada”. O aumento ou a quebra dos impostos são sempre bandeira dos partidos em tempo de campanha, quer seja eleitoral, quer seja pré- eleitoral. O IRS e o IVA acabam por ser os mais importantes para a maioria dos contribuintes. Em relação ao IRS há a questão da sobretaxa: será para manter, reduzir ao longo dos anos, ou terminar no início da próxima legislatura? E os funcionários públicos vão recuperar os cortes salariais? Em ambos os programas, tanto a coligação PSD/CDS-PP como o PS afirmam que a sobretaxa do IRS é para eliminar. A coligação promete uma eliminação progressiva, ano após ano, até 2019. E o PS propõe a extinção da sobretaxa entre 2016 e 2017. A Coligação garante “a eliminação progressiva da sobretaxa do IRS e a recuperação dos rendimentos dos funcionários públicos”, devido a “um controlo da despesa pública e a um défice abaixo dos 3 por cento” que permite “encarar a próxima legislatura como um tempo em que as medidas tomadas por razões excecionais serão removidas”. Quanto aos vencimentos dos funcionários públicos, a Coligação afirma que “a contenção da despesa permite-nos, igualmente, planear

uma recuperação progressiva: em princípio 20 por cento por ano; se houver condições económicas favoráveis, a melhoria poderá ser mais célere”. “O método que propomos para atingir estes objetivos é o gradualismo. Assim, a eliminação da sobretaxa de 3,5 por cento no IRS acontecerá ano após ano, cumprindo o previsto no Programa de Estabilidade. Se as condições económicas o permitirem, a nossa prioridade é a moderação da carga fiscal e, portanto, aceleremos essa redução a fim de completar antes de 2019”, avança a coligação no documento “Carta de garantias associada às linhas gerais do programa eleitoral”. Para a coligação, “estas medidas são importantes para fortalecer a classe média. Podemos dá-las por duas razões. Uma é a de viabilidade: no quadro das regras europeias, só um défice controlado permite aliviar a carga fiscal e melhorar os salários públicos. A outra é a credibilidade: está já previsto para o IRS relativo a 2015, um crédito na devolução aplicado à sobretaxa; e no que toca aos funcionários públicos, fizemos a primeira remoção de 20 por cento no corte sofrido, tendo incluído no Programa de Estabilidade o segundo passo de igual valor”. Por seu lado, o Partido Socialista promete “aumentar o rendimento disponível das famílias para relançar a economia” e acrescenta que “uma recuperação económica com um forte conteúdo de emprego não pode prescindir de estímulos para a recuperarão dos rendimentos das famílias”. O PS promete “a concretização de uma mais rápida recuperação dos trabalhadores do Estado, acabando até 2017 com os cortes extraordinários nos salários”. “O início da correção ao enorme aumento de impostos sobre as famílias foi concretizado nesta legislatura, com a extinção da sobretaxa sobre o IRS entre 2016 e 2017”, avança o documento “Alternativa para a Confiança”. “O apoio complementar ao aumento do rendimento disponível das famílias, com uma redução progressiva e temporária da taxa contributiva dos trabalhadores, a qual deverá atingir um valor máximo de quatro pontos percentuais em 2018, iniciando a partir de 2019, uma diminuição dessa redução, que se processará em oito anos”, é outra das medidas propostas pelo PS

para estimular a procura interna e promover a liquidez a famílias que trabalham e auferem baixos rendimentos. Há também diferenças nas propostas do PS e da Coligação para a área da Segurança Social. O PS propõe gerir “de forma reformista o sistema de Segurança Social visando a reforçar a sua sustentabilidade e, equidade e eficácia redistributiva”. Os socialistas consideram que “a melhoria das condições de sustentabilidade da Segurança Social deverá levar em consideração a idade da reforma e esperança de vida; a evolução demográfica do país; as mudanças no mercado laboral; a taxa de substituição de rendimento; e a eficácia dos sistemas contributivos em termos de equidade e combate à evasão e à fraude”. No seu documento, o PS afirma que vai “reforçar o financiamento e a sustentabilidade da Segurança Social através da diversificação das suas fontes de rendimento”. Para tal, vai “aumentar a TSU das empresas com elevados índices de precariedade; consignar à Segurança Social o imposto sobre heranças superiores a um milhão de euros; alargar aos lucros das empresas a base de incidência da contribuição dos empregadores para a Segurança Social, reduzindo a componente que incide sobre a massa salarial dos contratos permanentes, de modo a combater a precariedade. Esta gestão deverá proteger, em particular, aqueles que se encontram numa situação mais frágil e com menor adaptabilidade, bem como favorecer os contribuintes com carreiras contributivas mais longas”, acrescenta o documento. Por outro lado, a Coligação “garante que as reformas serão feitas por consenso e respeitarão a jurisprudência do Tribunal Constitucional” e promete lançar “um novo programa ambicioso de redução da pobreza”. “Ao tratar a questão da Segurança Social os nossos dois partidos mantiveram sempre um princípio de proteção dos mais frágeis socialmente – de que é exemplo a política de aumento das pensões mínimas sociais e rurais que outros congelaram – e uma vontade de terminar o ciclo de excecionalidade que afetou parte dos aposentados com a chamada CES – contribuição que outros criaram. CONTINUA NA PÁGINA 12


TRADIÇÕES… COSTUMES

Faz parte das tradições leceiras, chegado o mês de Junho, comemorar os Santos Populares, com mais forte incidência no S. João, sendo imprescindível para além dos bailaricos, fazer a cascata. Nas cascatas leceiras, sobressaem as dos senhores José Moreira, que foi nosso vizinho, e do João Soares. Duas cascatas movimentadas, com grande pormenor, representando cenas e pessoas da vida local, feitas com todo o cuidado e com a preocupação de tudo registar. Não sabemos dizer como começaram as cascatas, mas que se trata de uma tradição muito antiga disso não temos dúvidas, pois já a nossa mãe Brízida contava como em casa do nosso avô Joaquim Rocha, era hábito armar a cascata. Somos de opinião que as cascatas originais pretenderiam representar a cidade do Porto vista do lado de V.N. de Gaia, e que não será por acaso que os fabricantes dos bonecos ou “santinhos”, também conhecidos por “ mascateiros”, se situam em freguesias daquela cidade, como é o caso do mais conhecido actualmente, o senhor Zé Tuta. Estes artífices escoavam os seus produtos para a cidade do Porto provavelmente tendo-os feito chegar a Leça, através da venda na Feira da Louça, durante as Festas do Senhor de Matosinhos. O cenário estava montado, pois podemos facilmente dizer que a topografia do Porto se assemelhava à de Leça da Palmeira, e com as figuras representativas ali à mão nada faltou, embora a rapaziada começasse por montar e desmontar a cascata à porta de casa com o intuito de pedinchar “um tostãozinho para o Santo António”, a fim de juntar alguns cobres e assim comprar mais uns bonecos, outros havia, como no nosso caso, em que a cascata era feita numa “caseta” existente no quintal, para o que cobríamos o espaço com carvalhos que íamos bus-

car para os lados de Camposinhos e com musgo apanhado na presa da Ramalhona, e areia fazendo as ruas, dávamos largas a uma manifestação artística com o seu quê de “naïf”. Assim lá no alto não podia faltar a igreja com o trono para os santos, ocupando cada um deles a posição central até ao seu dia. Cá em baixo um lago com água, talvez representando o rio Leça, que por vezes até com repuxo, e em volta “jorra” que o nosso pai Moisés, ia buscar à linha de Leixões. Uma ponte, imitando a de Pedra, as lavadeiras, a azenha do moleiro, o pescador; um pouco mais acima um castelo, nem mais nem menos o Forte de Nossa Senhora das Neves e estrategicamente colocados no espaço lá apareciam as figuras representando as artes, tradições, usos e costumes – o polícia a prender a leiteira, o sapateiro, um moinho de vento, uma “rifa”, bailarico popular um largo, que bem poderia ser o das Icas, onde não falta o homem a subir ao mastro tentando ganhar o prémio que está lá em cima - um bacalhau, uma regueifa e uma garrafa de vinho. A parte agrícola também aqui não era esquecida e lá aparece o homem da croça, o pastor e os seus rebanhos de ovelhas, etc. Que mais queremos, para dizer que uma cascata tradicional representa Leça da Palmeira da igreja até ao mar? Atrevemo-nos a responder, nada, pois está cá tudo. No caso do Sr. João Soares, que foi um artista de inegáveis qualidades, nas horas vagas da sua profissão de alfaiate, se dedicava a fazer bonecos, casas e tudo mais que uma cascata insere. Esta costumava ser visitada por numerosas crianças e por individualidades ligadas à vida artesanal, etnográfica, etc. A sua casa era um verdadeiro museu da “sua” arte. De resto, herdou o jeito e a cascata de seu pai, Francisco Soares, o “Cafoca”, portageiro na APDL e que se eviden-

ciou com as miniaturas de barcos. Devemos aqui dizer que o Sr. João Soares faleceu em 2006, e que de seu pai nos recordamos de ver sempre de canivete, esculpindo pequenas peças para os seus barcos, dos quais possuímos um. Também queremos referir aqui a cascata do Sr. José Moreira que ao longo dos anos vai recriando os diferentes espaços de Leça, como a própria praia, com farol, castelinho os estabelecimentos das banheiras e as barracas dos banhistas. A igreja de Leça e a Procissão dos Passos;

7 a Capela do Corpo Santo, etc. O Sr. José Moreira procurou sempre nas suas representações dar-lhe autenticidade e verdade histórica chegando as procissões a parecerem as do tempo do António das Cardosas, com os estandartes, os anjinhos, os andores, as confrarias e até a banda de música, e todas com o traje que antigamente era obrigatoriamente usado com todo o rigor nas procissões leceiras, com fato preto e sapatos a condizer. O Sr. José Moreira em devido tempo ofereceu a sua cascata ao Museu da Quinta de Santiago onde se encontra montada e pode ser visitada. O Rancho Típico da Amorosa tem vindo a efectuar o concurso anual das cascatas e que permite manter acesa a chama da tradição que cada um de nós leceiros não deve deixar apagar. Eu, por mim respondo, fazendo todos os anos a minha cascata de modo tradicional com “santinhos” de barro procurando divulgar esta tradição, e para que conste aqui fica o registo de algumas destas cascatas. Miguel Teixeira


8 do a prevenir crimes que assumem, tipicamente, uma grande taxa de ocultação. Como é que define a estratégia de qualificação do concelho de Matosinhos?

ENTREVISTA A GUILHERME PINTO

PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE MATOSINHOS

Matosinhense de alma e coração, Guilherme Pinto é, no âmbito de uma vida dedicada à política, presidente da Câmara Municipal de Matosinhos desde 2006, tendo sido eleito presidente do Fórum Europeu de Segurança Urbana no ano de 2010. Cumpriu os dois primeiros mandatos pelo Partido Socialista, tendo-se candidatado como independente em 2013, fruto de divergências no seio do partido onde sempre havia militado. Luís Manuel Martins A caminho de uma década à frente dos destinos da Câmara Municipal de Matosinhos, qual é o balanço que faz da sua governação, nomeadamente em torno dos eixos que assumiu como prioritários? Eu tinha um objetivo quando cheguei a presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, em prol de duas grandes bandeiras - a Educação e a Solidariedade. Entendi que as questões relacionadas com a educação deviam ser prioritárias e o que é certo é que, quase uma década decorrida, todos os objetivos que eu tinha fixados foram plenamente atingidos. Temos apenas uma situação complicada, em duas escolas do Ensino Secundário que não são da nossa competência, porque, de resto, fizemos uma revolução completa no ensino. Não só fizemos construção e manutenção das nossas escolas, como fomos pioneiros na primeira perspetiva de descentralização iniciada no Governo anterior e que agora estamos à beira de concretizar com este Governo. Eu diria que o principal ob-

jectivo que me fez ser presidente da Câmara Municipal de Matosinhos é que queria revolucionar as questões da educação e esse desígnio está cumprido. Também está cumprido o Programa Social que eu perspetivei, embora com dificuldade, porque aí há dois aspectos, o que tem a ver com as estruturas e o que tem a ver com as pessoas. Em Matosinhos, demos um salto brutal no que respeita a equipamentos relacionados com a terceira idade e com a deficiência. Temos um programa de apoio a famílias carenciadas, para pagamento de rendas, que já alcança cerca de 800 pessoas e representa um esforço de um milhão de euros por ano, que já consumiu cerca de cinco milhões de euros desde o seu início. Na renovação do nosso Plano de Desenvolvimento Social, que estamos a realizar, vamos focar-nos muito na Terceira Idade, no sentido de saber em que eixos poderemos orientar a política autárquica para uma população que está crescentemente a envelhecer. Estou com uma grande expectativa não só no inquérito junto da população idosa,

que vamos começar a fazer e que nos permitirá avançar com esse processo, mas também num outro eixo de intervenção de apoio às famílias, para tentarmos intervir num fenómeno que é complicado, que são os crimes que acontecem no seu interior, particularmente relativos a questões de género, violência doméstica, abuso sexual de menores e crimes cometidos contra pessoas idosas. Sendo este último ponto tão sensível, como é que pretendem operacionalizar o seu acompanhamento? Vamos criar um grupo de trabalho de cidades europeias, a partir do organismo de que sou presidente, o Fórum Europeu de Segurança Urbana, no sentido de tentarmos fazer uma aprendizagem conjunta de como é que se chega ao interior das famílias. Sabemos que a família é um reduto que as pessoas pouco gostam de ver invadido e nós temos de criar condições para saber como é que lá podemos entrar, ajudan-

Hoje em dia, os autarcas municipais têm de fixar objectivos de longo prazo, atrás dos quais confiam em conduzir as pessoas. Em Matosinhos, a fórmula que reflete a estratégia económica e de desenvolvimento do concelho é M²C – Mar, Movimento e Cultura. Porquê? Matosinhos é Mar, nas suas várias vertentes. Nesse sentido, fizemos a renovação da orla costeira de Leça da Palmeira a Angeiras, suportada por um programa do QREN. Tratou-se de uma renovação total que fez com que a nossa orla costeira tivesse capacidade para atrair os muitos milhares de pessoas que nos procuram todos os anos, ao invés de outros destinos turísticos, encontrando nas praias de Matosinhos uma bela alternativa. A Gastronomia tem desempenhado um papel importantíssimo. Já tínhamos um conjunto muito importante de ativos, os restaurantes, com os quais temos vindo a estabelecer parcerias importantes. Incentivámos a criação da Associação de Restaurantes de Matosinhos, com quem temos vindo a dialogar para as alterações que são necessárias neste setor de atividade económica. Quanto à questão do Movimento, Matosinhos é, sobretudo, uma porta de entrada e de saída de tudo o que acontece. Desde o Século XIX que o Porto de Leixões define o desenvolvimento de Matosinhos, mas depois é preciso criar condições para explorarmos melhor a atração e fixação de empresas, apesar da crise que bateu muito forte, sobretudo desde 2009. No domínio da Cultura, considerando que o futuro é o Turismo, nós temos de criar várias condicionantes para as pessoas que chegam ao Porto, através do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, queiram vir a Matosinhos, tornando-o um destino incontornável. Basicamente, estas condições de princípio foram todas preenchidas e o balanço é muito positivo, embora deva dizer que há muita coisa que tem de acontecer até ao final deste mandato, porque com as restrições financeiras que nos foram colocadas, houve projetos que ficaram em espera. Desde há dois anos que temos, novamente, capacidade de endividamento, mas a nossa primeira prioridade centrou-se na reposição de condições que tinham sido perdidas, desde a manutenção das vias que estavam um pouco degradadas, até à manutenção da habita-


9 ção social. As duas outras grandes apostas no eixo principal de desenvolvimento de Matosinhos são a requalificação da Real Vinícola, para a instalação da Casa da Arquitetura, bem como a intervenção na Avenida Mário Brito. Vamos criar novas praças em Angeiras, Lavra, Freixieiro, Custóias, no Padrão da Légua e em Matosinhos Sul. Vamos recriar a “Broadway” - a antiga linha de caminho-de-ferro do Porto de Leixões até Custóias que, em Matosinhos, ainda tem um desenho bem marcado. Vamos qualificar o tecido urbano para que as pessoas tenham locais onde possam conviver e fazer cidadania. Vamos, igualmente, tentar agilizar a mobilidade das pessoas. Temos cerca de uma dezena de intervenções que eu espero fazer, no sentido de criar condições para melhorar o desempenho da nossa rede viária. Vamos fazer uma aposta muito decisiva nas ligações das duas partes da Senhora da Hora – a do lado do Estádio do Mar e a da Feira da Senhora da Hora – para as relacionar melhor, dotando-as de maior fluidez e potenciando o espaço da feira como estacionamento quer para o Centro de Desportos e Congressos, quer para o Estádio do Mar. Como é que têm articulado as políticas para a promoção do emprego? O desemprego só se combaterá com a existência de empresas que não podem estar sediadas apenas em Matosinhos, porque os matosinhenses não trabalham só em Matosinhos. Há metade dos matosinhenses que vão trabalhar para fora e outros tantos trabalhadores que, sendo de fora, vêm trabalhar para Matosinhos. Matosinhos não é uma terra isolada, nós procuramos fazer e atrair investimentos e temos, felizmente, muitos investimentos a acontecer. A Câmara Municipal de Matosinhos tem procurado encontrar, em propriedades suas, induzir a criação de empresas geradoras de emprego, das quais são exemplo as incubadoras relacionadas com Design, no Mercado de Matosinhos e o Centro de Inovação de Matosinhos (CIM), no antigo matadouro, que esteve quase 40 anos parado e agora é uma das zonas mais modernas de Matosinhos. Brevemente abriremos, em parceria com uma universidade portuguesa, uma incubadora numa antiga escola abandonada. Andamos a procurar requalificar os nossos activos, sobretudo antigos edifícios escolares, para incubação de empresas. Não ignoramos o desemprego, antes lutamos para que os cidadãos de Matosinhos não se

conformem com esta ideologia, sobretudo dos últimos três anos, que somos uns desgraçados e que não há nada a fazer. Há muita coisa a fazer, porque em Matosinhos se prova que a crise está presente, mas nós tentamos combatê-la com optimismo. A nível do Turismo as opiniões dividem-se quanto ao novo Terminal de Cruzeiros. Qual é a sua visão? Existe à volta do Terminal de Cruzeiros uma discussão paroquial que me assusta, porque as pessoas não percebem, não sei bem porquê, que o Terminal de Cruzeiros não é de Matosinhos, é da Região. É um equipamento que está em Matosinhos, tal como o Porto de Leixões. O Terminal de Cruzeiros tem, com alguma naturalidade, uma relação muito mais intensa com o seu “interland” e com as regiões à volta de Matosinhos, do que tem com Matosinhos, porque as agências de viagens contratualizam programas diretamente com os passageiros. O que nós temos de fazer e estamos a fazer é aproveitar o largo número de pessoas que não segue essas viagens contratualizadas, bem como os próprios tripulantes e funcionários dos cruzeiros, que são aos milhares, e seduzi-los a dar um passeio a pé pela nossa cidade, na zona da restauração e nos outros motivos de interesse. Quem não conhece a realidade do negócio que está aqui envolvido, não vai tomar boas decisões. As pessoas percebem que o Terminal de Cruzeiros é uma peça importante e que vai ser um dia o motivo de uma relação muito diferente entre o Porto de Leixões e a Comunidade, assim imagino, sobretudo quando daqui a dois anos estiver concluído o passadiço entre a Praia de Matosinhos e o Terminal de Cruzeiros, que vai proporcionar passeios ao longo do cais. O que é que esteve subjacente à criação do conceito “World’s Best Fish”, ou seja, em português, “Melhor Peixe do Mundo” associado ao concelho de Matosinhos? O nosso principal ativo, medido em sondagens, que fizemos com outras câmaras municipais, não só da Área Metropolitana do Porto e do País, como com congéneres da vizinha Galiza, deu como principal indicador da imagem que as pessoas têm de Matosinhos, o Mar, nas suas várias vertentes, a Gastronomia e o Senhor de Matosinhos. Nós estamos a procurar fazer uma ampliação deste conceito do “Melhor Peixe do Mundo” para outras latitudes, que

não estas que já estão conquistadas, mais institucional, interessante e apelativa do que a anterior campanha “Mar à Mesa”, com incidência para os turistas que querem vir ao Porto e que, se tiverem a noção de que estão junto do concelho que tem o melhor peixe do mundo, é bem provável que cá venham almoçar e jantar, visitando muitos dos nossos pontos de interesse. Temos de apostar no Turismo de longa distância, para fomentar a nossa atractividade, através de nichos estratégicos, como visitas temáticas no domínio da Arquitetura . Temos de perceber e estamos focados nesse objetivo, que é importante juntar vários tipos de públicos para que, todos juntos, possam fazer uma grande “movida”. No que respeita a grandes eventos, a primeira acção que a Câmara Municipal de Matosinhos fez há nove anos, foi a recriação histórica medieval “Os Hospitalários no Caminho de Santiago”, que todos os anos traz muitos milhares de visitantes a Leça do Balio. Depois realizámos o evento “Os Piratas em Leça da Palmeira”, que é hoje praticamente indiscutível e tem um grande impacto na restauração. Estamos a procurar fomentar a Lenda do Cayo Carpo, que é uma recriação do tempo dos Romanos, que ainda não sabemos muito bem se terá o sucesso destas iniciativas, mas que cremos que tem todas as condições para ter o mesmo tipo de efeito, porque realizamos as recriações no sentido de fazer as pessoas voltar. O balanço do Rally de Portugal, onde foi estreado o conceito do “World’s Best Fish”, é extremamente positivo para Matosinhos, não só para os aficionados, mas também para os outros cidadãos que, independentemente de gostarem de desporto automóvel, reconhecem que a presença desse evento é muito importante para a cidade e para o concelho. A minha conviccção é que depois de sermos Capital da Cultura do Eixo Atlântico, em 2016, a ideia é fazer de Matosinhos a Cidade do Desporto em 2017 e teremos muitas condições para cumprir esse desígnio. O Rally, os desportos náuticos, o estádio de verão que fazemos sempre na Praia, as questões ligadas com a BTT e com os designados desportos radicais, nomeadamente skate. Em termos de requalificação da Quadra Marítima, na baixa de Matosinhos, bem como da Quadra Romântica, na zona histórica de Leça da Palmeira, o que é que se perspetiva? Nós tínhamos uma série de intervenções que estavam programadas

para este ano, mas que tivemos de adiar para o ano, porque entendemos fazer uma actualização do projeto. Depois de discussões internas, verificou-se que a melhoria das vias era insuficiente e que havia necessidade de alterar completamente o conceito. Os projetos estão a ser feitos pelo arquitecto Bernardo Távora para alterar completamente o conceito da Rua Heróis de França, que vai ser uma rua partilhada, onde o passeio e o arruamento têm um desnível de dois milímetros. Vai ser um território com características de praça, com a introdução de um novo conceito de esplanadas e de fogareiros, para ordenar toda aquela zona. Depois vamos introduzir a qualificação, através de ciclovias, na Rua Álvaro Castelões, na Rua França Júnior e nas ruas adjacentes, o que significa que, se acrescentarmos isto à colocação de parcómetros, vamos ordenar o trânsito e tornar a zona mais tranquila e mais bonita. Em Leça da Palmeira, estamos a procurar fazer um novo desenho para toda a zona do Largo do Castelo e junto à Igreja Matriz, para qualificar esse território. Essas intervenções acontecem agora porque outras mais prioritárias já foram realizadas. As câmaras municipais, infelizmente, não têm capacidade financeira, técnica, nem humana para fazer tudo ao mesmo tempo. Quais são os grandes projetos que estão na calha? Essencialmente a estratégia que nós temos vindo a tentar pôr em cima da mesa tem momentos próprios. Nós temos vindo a apostar na criação de uma ideia ligada ao Design, com a Escola Superior de Artes e Design (ESAD), sediada na Senhora da Hora, com a Incubadora do Design e com o espaço Quadra do Design, visando quer a abertura de um futuro Museu do Design, que está quase pronto, quer a candidatura a Cidade Criativa do Design, ainda este ano. Gostaria que quando as pessoas falassem de Design, se lembrassem logo de Matosinhos. No próximo ano, vamos ser Capital da Cultura do Eixo Atlântico e temos aí um conjunto de peças que também vão somar. O Museu da Cidade, que está neste momento em reformulação, no antigo Palacete do Visconde de Trovões, e a Casa da Arquitetura, que é uma peça muito substantiva, na Real Vinícola, para além de uma surpresa sobre a qual eu não quero falar para já, mas que espero que se possa concretizar, porque é uma das coisas em que eu aposto, num novo local em que eu aposto.


10 Como é que encara a Economia do Mar numa lógica de diferenciação? Matosinhos tem a maior indústria pesqueira de Portugal – a Ramirez está agora a fazer uma nova fábrica -, tem o maior porto de pesca do País, tem a actividade comercial da APDL sempre em crescendo, tem o Polo do Mar do Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, que, estando já sediado cá, vai ser ampliado para o novo Terminal de Cruzeiros e temos os desportos náuticos. Temos todas as condições para que Matosinhos seja, de facto, o líder da Economia do Mar. Aliás, já o é. Só não temos construção naval, porque não temos lugar para a fazer, nem questões ligadas à aquacultura. A nível do ambiente, como é que carateriza a evolução que Matosinhos tem assumido? Matosinhos tem, neste momento, duas apostas. A primeira está relacionada com o que lhe falta ainda fazer, no que respeita à melhoria do gasto energético das nossas ruas e dos nossos edifícios. Temos uma candidatura que foi aprovada recentemente, que foi uma das maiores candidaturas que se fez nessa área. A segunda tem a ver com o Rio Leça, no âmbito da discussão do PDM, onde há, neste momento, a tentativa de fazer uma aposta estratégica na valorização de todo o Vale do Leça, do ponto de vista de desportos ligados a ciclismo, caminhada e corrida, aproveitando uma riqueza histórica que ali existe, que vai desde o Castro de Guifões ao Mosteiro de Leça do Balio. Além de todos estes projetos que tem vindo a referir, quais é que são os os sonhos a realizar enquanto Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos? Há duas coisas que gostava de fazer, mas que ainda não tenho a certeza se vou poder deixar essa herança. A primeira é fazer uma associação ligada a Cristo, porque o elemento mais emblemático que Matosinhos tem é a imagem de Cristo da nossa Igreja Matriz. Além da lenda que lhe está associada e de ser o objeto de culto mais importante no Norte de Portugal, antes da Nossa Senhora de Fátima, é um culto que se estendeu ao Brasil – com mais de 30 igrejas. Se o futuro é o Turismo, eu imagino turistas brasileiros a vir ver o original da imagem que lá têm em réplica. Matosinhos já tem muitos elementos que ligam Portugal ao

Brasil, nomeadamente o desembarque de D. Pedro IV, os vários sítios por onde ele andou até ao Cerco do Porto e depois este projecto da imagem poderia fazer com que os brasileiros, que têm um grande apego a este tipo de culto, encontrassem mais uma motivação para virem a Portugal. A segunda é a constituição da rede das Cidades de Nicodemos, porque associado à lenda do nosso Cristo, existem doze imagens similares, esculpidas pelo mesmo autor, em vários pontos da Europa, que poderiam proporcionar um percurso turístico único. Matosinhos tem tirado partido da geminação que tem com a cidade brasileira de Congonhas? Nenhum e essas geminações só fazem sentido se forem potenciadas. Acho que é possível, a partir de agora, aumentar a relação que temos com Congonhas, no sentido de aprofundar esta ligação através do Turismo. Inicialmente, a geminação teve por base essa ligação de Cristo, mas una foi equacionada a criação de uma Associação que potenciasse o turismo religioso. Agora de um ponto de vista mais pessoal, se não tivesse limitado pelo facto de o seu mandato terminar em 2017, o que é que gostaria de realizar após esse ano? Quando me candidatei pela primeira vez queria fazer a diferença e a diferença está feita. Se eu conseguir até ao final do mandato realizar tudo a que me proponho, sentirei que valeu a pena a minha passagem como Presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, no entanto essa avaliação não tem de ser feita por mim, tem de ser feita pelos meus cidadãos. Do ponto de vista do futuro, devo dizer que tenho alguma dificuldade, porque a cabeça já se formatou para este tempo, em imaginar o que é que vai acontecer a seguir. Há coisas enormes e fabulosas a discutir no futuro. Isso há-de ser para um outro personagem, porque também é bom vir sangue novo discutir estas matérias. Eu acho mal a limitação de mandatos, porque acho que é um entorse à democracia. Significa impedir os cidadãos de escolherem quem querem e de me escolherem a mim, por exemplo, mas isso é um apontamento, porque considero que a renovação e a vinda de ideias novas, de gente com outra forma de ver e de estar, também é importante, às vezes. Como é que imagina Matosinhos

daqui a dez anos? Eu estou concentrado nos próximos dois anos, mas imagino que, no espaço de dez anos, Matosinhos continue a ser uma terra fantástica e agradável para viver. Quem vive em Matosinhos, não troca Matosinhos por nenhuma outra terra. Matosinhos é bonito e confortável, do ponto de vista de ter tudo à mão. Matosinhos é uma terra muito simpática e, daqui a dez anos, o que eu espero é que ainda esteja melhor, naturalmente. Temos de resolver dois ou três problemas de trânsito, temos de induzir quem chega para a restauração a não vir pela Avenida da República, mas a ir pela Avenida Duarte Pacheco, junto ao Porto de Leixões. Neste momento estamos a fazer um estudo de tráfego e de estacionamento para perceber que problemas é que temos para resolver, porque não podemos correr o risco de fazer investimentos sem fundamentação técnica. Falámos um pouco da década da sua governação e dos próximos dez anos de Matosinhos. O que é que espera do País na próxima década? Portugal precisa de várias coisas. A primeira das quais convencer-se de que é um país fabuloso. Nós, pela primeira vez, há cerca de seis anos, coisa que ninguém percebeu, passámos a exportar mais tecnologia do que aquela que importamos. E eu digo isto, porque é um apontamento que normalmente quase ninguém referencia, mas que é um sinal de que Portugal não tem de estar condenado a ser um país de mão-de-obra barata e de empregos precários, ou de empregabilidade apenas ligada ao Turismo. Portugal tem conseguido, em várias áreas, ser melhor, vender mais do que aquilo que aconteceu no passado. É uma mudança histórica. Em segundo lugar, Portugal tem vindo a combater duas das suas principais dependências, a produção de trigo e a energia. Portugal importava quase toda a energia que consumia, e, com a produção a partir das energias alternativas já se providencia 50 por cento das necessidades, o que significa que estamos a deixar de importar energia e isso é decisivo para a balança comercial. A formação de adultos, que se interrompeu com este Governo, tem de ser uma prioridade. Ao contrário do que as pessoas pensam, Portugal tem, no domínio da inovação, uma capacidade competitiva muito grande. Se aliarmos a inovação, a descoberta de novos produtos e a criatividade, com a capacidade nata de

os portugueses se posicionarem em qualquer lugar do mundo, nós vamos conseguir aumentar as exportações. Sou profundamente otimista do ponto de vista das nossas capacidades e tenho muita pena, muita pena mesmo, que este Governo, e é por isso que eu o combato até à exaustão, tenha feito, permanentemente, um discurso do pessimismo, da impossibilidade, do despesismo. Nós temos, por exemplo, um novo Terminal de Cruzeiros aqui em Matosinhos, que com este Governo não se faria de certeza absoluta. Ao nível portuário, por exemplo, nós precisamos de aumentar o Porto de Leixões e este Governo tarda em tomar decisões. E, pior do que isso, as decisões que deviam ser tomadas aqui, ao nível da Administração dos Portos do Douro e Leixões são executadas por Lisboa. Quando me perguntam por que é que eu sou adversário deste Governo, eu sou-o porque teve um discurso e uma prática que esteve nos antípodas daquilo que era necessário para o País, independentemente da crise e das dificuldades. Se nós formos jogar contra outra equipa, convencidos de que não temos capacidade, já perdemos antecipadamente e o melhor é não comparecer. Portugal não pode competir no Mundo com esse estado de espírito. Com este treinador, quando a gente sobe para o campo já está derrotada. Que mensagem final é que gostaria de deixar? Matosinhos é um território com grandes responsabilidades, porque, fruto do seu dinamismo, nós conseguimos estar muito à frente da Economia da Área Metropolitana do Porto e do Norte. Precisamos muito que os matosinhenses continuem a contribuir para que a Economia metropolitana e regional consiga tirar Portugal da crise. Gostaria muito que os matosinhenses aproveitassem tudo o que tivessem à disposição para serem criativos, intervirem na sua comunidade, participarem activamente no domínio da cidadania, para continuarmos a ter a terra que temos e acrescentar outros patamares de exigência. A Matosinhos, que já tem o mar e o movimento, eu gostaria de consolidar os aspectos culturais, porque quem nos olhar de fora, vai querer ver coisas de interesse, quer para vir investir aqui, quer para vir cá passear, e era isso que eu gostaria que acontecesse e que todos os matosinhenses ajudassem.

ASSINE O MATOSINHENSE


Memórias do U-BOAT 1277 Em 1945, com pouco mais de quatro dezenas de habitações (era assim a terra) – que hoje ultrapassa largamente os mil fogos – fui testemunha, numa manhã de Junho, pelas 7 horas, já com o sol a brilhar, ao desembarque/rendição da tripulação de um submarino alemão UB 1277, matriculado em Bremen . Viviam-se tempos de guerra… Nascido eu em 39, tinha na altura 6 anos. Cara sem lavar, cabelo em desalinho, descalço e cheio de curiosidade corri para ver… Tive medo, muito medo, mas um militar loiro pegou em mim, levantou-me, fez-me um carinho, deu-me um beijo e um naco de queijo da sua ração de combate. Eu nunca tinha visto nem comido queijo. Passados todos estes anos só associo aquele gesto ao facto de, provavelmente, o militar ser pai e ter visto em mim o seu filho. Lá, no mar, oito a nove barcos de borracha, insufláveis, movidos a remos de alumínio, eram ocupados por 4 a 5

homens cada. Três deles dirigiram-se à praia; os restantes flutuavam, calmamente, em «mar de sebo», como que esperando ordens. Nos que aportaram, chegaram catorze homens, altos, loiros, de tez branca – quase todos jovens. Eram os alemães, vestidos de fatos de ganga verde-cinza, cintos e coldres de lona, com enormes pistolões, nada os identificando quanto à hierarquia militar. A guarnição do submarino UB 1277 era de cerca de 40 marinheiros. Na praia de Angeiras desembarcaram os já referidos catorze; os outros seguiriam a caminho de Leixões, no salva-vidas «Carvalho Araújo», que, entretanto, chegara. Viveram-se momentos interessantes, que dificilmente esquecerei. A população composta por pescadores, parecendo hostil (a princípio), logo se tornou receptiva e amiga.

Cantinho da Poesia “Nasci” Arminda Forte

Envolto em belas melodias Mar… Praia… Cânticos Trompetes e rufos de Tambores, Nasci… Filho desta gente linda Gente do meu amado Matosinhos!!! Sou o Povo… Sou a alma… Sou o Grito… Sou o Sol… Sou a Luz que ilumina Este imenso Mar de Palavras… Assim sou eu, Pequenino…mas tão grande, Minha gente venham ver Este Vosso filho a crescer, Nasci hoje e para Vós. Arminda Forte nasceu em Matosinhos e escreve poesia desde criança. Editou o seu primeiro livro intitulado “Vida sem Vida” em 2002. É filha de Hipólito Luís Forte (Guarda-redes do Leixões até 1961) e de Maria da Piedade Rodrigues Gomes, Modista de grande nome na nossa cidade, conhecida pela Menina Piedade.

Quando tudo fazia esperar que estes alemães, que horas antes provocaram o afundamento do seu próprio submarino, chegassem irritados e famintos; Mal tal aconteceu; ou melhor, aconteceu o inverso: alegres, palradores e distribuindo pelos presentes, o que traziam – sacolas de lona castanha (tipo mochila), máscaras de oxigénio, binóculos de longo alcance, lança foguetes, rações de campanha com avantajados nacos de queijo…

“Tive medo, muito medo, mas um militar loiro pegou em mim, levantou-me, fez-me um carinho, deu-me um beijo e um naco de queijo da sua ração de combate. Eu nunca tinha visto nem comido queijo. Passados todos estes anos só associo aquele gesto ao facto de, provavelmente, o militar ser pai e ter visto em mim o seu filho.”

Lembro que uma das apetências foi a de beber cerveja, pedindo por gestos ao cabo Rodolfo, comandante do Posto da Guarda Fiscal, a permissão de entrarem na loja da «Vendeira» (hoje, loja do «Fumega»), ali mesmo ao lado do Quartel. Lembro-me também dos contactos pelo telefone – do tipo cabine com manivela –, pertencente a uma mercearia próxima, onde o comandante do posto convocou os seus homens que, estando

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de folga, imediatamente se apresentaram ao serviço. Eram eles: o Nogueira de Cabanelas, o Rolo de Calvelhe, o Guarda Lopes e o Guarda Rocha – todos já falecidos. Com todo o pessoal reunido, o Cabo Rodolfo Mesquita abriu o armeiro e distribuiu 4 armas Mauser aos seus guardas. Chegou, entretanto, o tenente Candeias, comandante da secção de Matosinhos. Comandante de posto e comanda de secção, em ordem de serviço e munidos do livro de ocorrências, desentendera-se. É que o tenente pretendia que a rendição fosse feita em Matosinhos, pois lá estava o maior número de tripulantes; contrapunha o 2.º cabo e comandante do posto que, apesar de apenas catorze, com eles tinham alguém de patente superior – um capitão de mar-e-guerra. Imperou o bom senso: o aludido oficial rabiscou algo que ninguém entendeu, mas que deveria, em português, significar mais ou menos o seguinte: «A 10 de Junho de 1945, pelas 11h30, entregámo-nos, voluntariamente, ao comandante do posto militar local». Pelas 13 horas desse mesmo dia, uma Honomag do Exército transportou os prisioneiros a Matosinhos para, com os restantes companheiros, serem detidos em instalações militares da região Norte. A.F. Mesquita

“CORES E LUA”

Eulália Gomes expõe no “Café Lua”

Foi no “Café Lua”, na nossa cidade de Matosinhos, que a pintora Eulália Gomes, inaugurou, no dia 6 de junho, uma exposição com algumas dezenas de quadros, que irá estar patente ao público até ao dia 20 do mesmo mês de junho. Os seus quadros são uma forma de comunicar e transmitir cor, luz, formas, alegria, sentimentos, forma de estar. As suas exposições são um meio privilegiado para comunicar com os outros, intercâmbio de ideias e um espaço de arte repousante para quem a visita. A pintora já efetuou cerca de uma vintena de exposições, quer individuais, quer coletivas, no Porto, Barcelos, Vila Flor, Carrazeda de Ansiães, Braga, Lousada, e Seia. C.S.

EDP Beach Party volta à Praia do Aterro Decorreu no passado dia 4 de junho, na Câmara Municipal de Matosinhos, a apresentação da edição de 2015 da EDP Beach Party, já considerada a maior ‘beach party’ da Europa e que terá lugar novamente na Praia do Aterro, em Matosinhos, nos próximos dias 3 e 4 de julho. Na antevisão do evento, estiveram presentes Luís Montez, proprietário da rádio Nova Era, Nuno Fitas Mendes, administrador da EDP Gás, e Fernando Rocha, vereador da Cultura da Câmara Municipal de Matosinhos. Organizado pela rádio Nova Era e pela Câmara Municipal de Matosinhos, com o patrocínio exclusivo da EDP, o evento que terá, pela primeira vez, a duração de dois dias. contou no ano passado com a presença de 30 mil pessoas, 20 por cento dos quais espanhóis, sendo este ano esperados 40 mil entusiastas da música eletrónica. Dimitri Vegas & Like Mike são os cabeças de cartaz, a que se juntam, no primeiro dia, DYRO, Ummet Ozcan, Vinai, Yellow Claw, Third Party e Digital Militia, estando o segundo dia a cargo de Steve Angello, DVBBS, R3hab, Sunnery James & Ryan Marciano, AN21, Club Banditz e Miguel Psi.


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Concelhia do PSD considera que “a Protecção Civil tem que ser uma prioridade em Matosinhos” No passado dia um de junho, uma delegação do PSD de Matosinhos, onde marcou presença o Presidente, Carlos Sousa Fernandes, o Vice-Presidente, Bruno Pereira, o vogal, Joaquim Pinto Lobão, o Vice-Presidente da JSD/Matosinhos, Magno Pereira, os autarcas e membros do Núcleo da União de Freguesias da Senhora da Hora e São Mamede de Infesta, Jorge Mendes, Maria Isabel Vieira, Sérgio Marques e Márcia Bigote, reuniu-se com a Direção e com o Comando da Associação Humanitária dos Bombeiros de São Mamede de Infesta, fundada em 18 de Fevereiro de 1918. Os Bombeiros de São Mamede de Infesta prestam serviço à população numa vasta área do concelho de Matosinhos. Em cima da mesa estiveram vários temas em debate, numa reunião considerada profícua, na qual a Direção dos Bom-

beiros Voluntários aproveitou para falar das inúmeras necessidades e dificuldades com que se depara no dia-a-dia para o exercício das funções, sem que as condições sejam as melhores. Um fraco orçamento para prestar convenientemente o apoio às populações, nomeadamente no primeiro socorro, a falta de apoios financeiros por parte da autarquia e a necessidade de uma política autárquica para gizar a importância das corporações e agilizar a sua rápida intervenção aos munícipes, foram alguns dos problemas apontados. Houve ainda tempo para falar da ausência de um Plano Municipal de Protecção Civil, do não funcionamento do Conselho Municipal de Segurança e dos rácios “per capita” de intervenção em Matosinhos, em detrimento de outros concelhos da Área Metropolitana do Porto

Em Matosinhos, um concelho obrigado a maior intervenção das quatro corporações dos bombeiros, quer seja devido à presença da refinaria da Petrogal, dos silos da APDL, do Aeroporto Francisco Sá Carneiro e da rede de pipelines das petrolíferas, na malha urbana, quer no âmbito do primeiro socorro, seja num desencarceramento na Via Norte, ou numa chamada de auxilio, em relação ao Porto, com a sua profissionalização, a resposta é de 20 para 1, constatou-se. Um parque automóvel de combate ao incêndio com cerca de 40 anos e um esforço titânico para manter os Bombeiros Voluntários de São Mamede de Infesta ativos foram preocupações abordadas, questionando-se os presentes se as empresas mais vulneráveis existentes no concelho como a ANA Aeroportos, a Petrogal, a APDL e as

empresas petrolíferas não deveriam apoiar diretamente as quatro corporações de Bombeiros de Matosinhos. Nas palavras do presidente do PSD de Matosinhos, Carlos Sousa Fernandes, “um concelho como Matosinhos que tem um acréscimo elevado de perigosidade, sendo o segundo concelho mais perigoso do país, a Proteção Civil tem que ser mesmo uma prioridade. Tem de ser mas até agora não tem sido. É simplesmente lamentável a posição da Autarquia de Matosinhos perante um sector de extrema e primária importância porque se trata da segurança das pessoas e bens. A Câmara Municipal de Matosinhos não tem tido a estratégia nem a ambição de transformar o nosso concelho, num território mais seguro, mais saudável e com superior qualidade de vida”.

AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS As diferenças entre o PSD/CDS e o PS

CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 6 Daí que a proposta que o Governo fez apontasse para uma recuperação de 45 a 75 por cento do corte sofrido com a CES”, lê-se na “Carta de garantias associada às linhas gerais do programa eleitoral”. Para o PSD e para o CDS-PP, “garantir a sustentabilidade dos regimes de segurança social e garantir a previsibilidade e segurança do pagamento das pensões atuais e futuras são deveres que obrigam forças políticas responsáveis e personalistas”. Para os partidos do executivo, “o facto de elegermos como prioridades da próxima legislatura tanto a aceleração do crescimento como o reforço de políticas amigas da natalidade, significa que temos a consciência exata de quais são os fatores estruturais que poderão ajudar o nosso país a melhorar as condições de sustentabilidade dos vários regimes de Segurança Social, cujos problemas são, aliás, diferentes”. “Nunca escondemos que há problemas de financiamento que só são resolúveis num quadro de compromisso político alargado, negociações com os parceiros sociais e respeito pela jurisprudência do Tri-

bunal Constitucional. Reafirmamos a nossa disposição para procurar esse acordo e não o condicionarmos com qualquer modelo prévio”, sublinham. Nos últimos anos o país tem assistido a altas taxas de desemprego e à precariedade laboral. Apesar de tudo, nos últimos tempos tem-se notado uma diminuição significativa no número de inscritos nos Centros de Emprego. A taxa de desemprego em abril ainda se situava nos 13 por cento, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística divulgados recentemente. Para o Partido Socialista, “a política de austeridade seguida pela coligação de direita teve como efeito um aumento do desemprego sem precedentes, com efeitos sociais devastadores sobre os jovens, os cidadãos menos qualificados e os milhares de portugueses que ficaram sem emprego”. Para combater esta situação, o PS considera necessário “construir uma agenda de promoção do emprego de combate à precariedade e que permita retomar o dinamismo do diálogo social a todos os níveis, da Concertação Social à negociação coletiva de nível setorial e de empresa, por contraponto à marginalização e desrespeito reiterado

pelos parceiros sociais e o desprezo e mesmo boicote contra a negociação coletiva que caracterizou a governação da coligação de direita”. Os socialistas propõem “focalizar as políticas ativas de emprego no combate ao desemprego de longa duração, apoiando o emprego nos setores transacionáveis e nos setores muito criadores de emprego”. “Por isso, o PS irá combater a utilização abusiva e desvirtuada das políticas ativas de emprego que, contrariando a sua ideia original de aproximação do mercado de trabalho por via da inserção laboral, promovam a precariedade, diminuam a dignidade do trabalho e diminuam o seu valor. Por exemplo, já não é possível encarar um uso generalizado e repetido de estágios com substitutos para a contratação por parte dos empregadores, sem que isso dê lugar a criação efetiva de postos de trabalho. Estas más práticas prejudicam quer a acumulação de capital humano para as empresas, quer ainda a própria sustentabilidade financeira das políticas”, lê-se na versão final do programa do PS, já aprovada na Convenção Nacional que se realizou no dia 6 de junho. A Coligação tem como ambição, por seu turno, que “o desemprego em

Portugal baixe, pelo menos, para a média europeia”. “Os desempregados não são números. São pessoas, são famílias, são projetos de vida desfeitos, são ambições adiadas e talentos desperdiçados. Os portugueses sabem que em consequência da bancarrota e da recessão que se seguiu, o desemprego disparou. Chegou a 17,5 por cento”, acrescenta. Na “Carta de garantias associada às linhas gerais do programa eleitoral”, a Coligação considera que a criação de emprego será tanto maior quanto a estabilidade e as reformas gerarem confiança e por isso a economia funcionar melhor; se Portugal voltar à instabilidade política e às crises orçamentais, a confiança diminui e o desemprego ressente-se”. A coligação reconhece que, “para os que estão desempregados, a mudança de ciclo ainda não chegou. Acreditamos que o direito ao trabalho é elemento essencial da dignidade humana e desejamos construir uma sociedade com mobilidade social. Garantimos, no programa que apresentamos, todas as políticas que permitam reforçar o desemprego”. Simplício Bugalho


Surf Market: Matosinhos na crista da onda O emblemático Mercado Municipal de Matosinhos, conhecido pela sua variedade e versatilidade, acolheu, no passado sábado, o primeiro Surf Market do país, uma iniciativa que, segundo a organização, a cargo da Câmara Municipal de Matosinhos, serviu “para divulgar e lançar produtos, serviços e marcas relacionadas com o surf - uma modalidade desportiva com grande potencial económico e turístico num concelho cuja identidade está fortemente marcada pelo mar e pelos desportos náuticos”. O Surf Market de Matosinhos incluiu a venda “stock off” de produtos novos e usados (roupas, calçados, acessórios e material técnico de surf, bodyboard, longboard, kitesurf, windsurf), um desfile de moda, animação a cargo de DJ’s, sessões de treino Surfset Portugal e diversas demonstrações da modalidade. A

cerimónia de entrega dos prémios Surf North Awards by Oporto Surf Guide, divididos em quatro categorias: Surf Open, Surf Grom/Esperança, Bodyboard Open e Bodyboard Grom/Esperança, constituiu um dos atractivos da iniciativa. O evento contou com a exposição de fotografia “Oporto Surf Guide Diferentes Olhares do Surf do Norte”, onde foram exibidos trabalhos de Cr Lima, Daniela Carneiro, Pikas e Ricardo Faustino. Representado pelos três embaixadores - os surfistas Elohe Ali Alvarez, Carlos Gouveia e Andreia Teixeira - o Surf Market pretende ser, segundo fonte da organização, “um espaço privilegiado de discussão, promoção e networking da indústria nacional de surf, envolvendo associações setoriais, instituições públicas e privadas, praticantes e comunicação social”.

AS FESTAS DE MATOSINHOS

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UMA JANELA... DESPORTIVA José Leirós

Desporto e Autarquia – Reflexão | I Parte A intervenção de um município em matéria de desporto, é uma intervenção cujo sentido essencial se situa ao nível de ser um fator auxiliar do desenvolvimento desportivo nas suas vertentes qualitativa e quantitativa. A atividade desportiva surge como resposta a necessidades sociais. Estas não são de carácter fixo, antes evoluem de acordo com o movimento social global. A atividade desportiva acompanha essa evolução e é hoje um diversificado campo de práticas corporais que tendo como matriz dominante o desporto, nela cabem áreas tão distintas como: - as atividades físicas de manutenção - o lazer e a recreação - as atividades físicas de competição - as atividades físicas desportivas escolares - as atividades físicas de natureza expressiva e artística - as atividades ditas radicais e de exploração da natureza A reflexão que proponho fazer refere-se à responsabilidade dos municípios, face às necessidades do movimento e de prática desportiva, por parte da população em

geral. A área nobre de intervenção do município no desenvolvimento desportivo deve situar-se ao nível da criação de maiores e mais fáceis condições de acesso às atividades físico-desportivas ao maior número de cidadãos dos diferentes grupos etários e sociais. A escola, por si só, não é o único local de aquisição e prática das várias áreas de aprendizagem, princípio que é válido também para as atividades físico-desportivas; as necessidades e os gostos dos jovens para a prática do desporto não encontram muitas vezes satisfação material suficiente em quantidade, diversidade e qualidade no interior da escola, por força da sua natureza, conceção e organização. O clube desportivo é a estrutura que permite um complemento rico e eficaz às limitações da rede escolar, mas mesmo assim revela ainda acentuadas lacunas para uma consecução plena dos objetivos: possui uma estrutura organizativa que privilegia a prática desportiva de rendimento; tem dificuldade em acolher no seu seio novas modalidades desportivas; exclui com alguma facilidade os menos aptos ou que não tenham como motivação essencial o rendimento.

Entre as festividades mais popularizadas no País inteiro, as de Matosinhos são, incontestavelmene, das primeiras, pelo brilho e pela imponência que as informa e por certas particularidades que dão carácter especial. A festa profana – que se destina ao povo que quer divertir-se, folgar à sua maneira – tem fama incontestável alicerçada na tradição que vem de há muito. Quem para aqui se desloca sabe, antecipadamente, que não lhe faltará com que se divirta: música, barracas para todos os gostos, desde os “comes e bebes” indispensáveis em dias de grande folgança, uma recordação sempre agradável, as rodas de cavalinhos, que transformam adultos em crianças descuidadas, as pistas de automóveis eléctricos, os carrosséis, impressionantes montanhas russas para além da feira da louça. Depois, a decoração das ruas, a iluminação eléctrica, completam o ambiente festivo que cativa o povo e o absorve horas e horas, sem cansaço que transformam velhos em jovens e a todos funde na mesma amálgama

de entusiasmo folgazão, por vezes delirante. De manhã, quando o dealbar anuncia o termo da folgança e o começo de um novo dia, muitos vão para suas casas, mas outros deixam-se ficar ainda, dormitando aqui e acolá e acordando, quando o sol lhes bate nas pupilas. Quanto à festa religiosa não tem esta menos que se lhe diga. O templo do Bom Jesus, de todos nós, autêntica catedral em arte e tamanho, é pequeno, nos dias de festa, para comportar a multidão que lá vai pagar as suas promessas, a fazer as suas preces, a render graças por favores recebidos. Religiosa e profana, a Romaria do Senhor de Matosinhos a todos satisfaz, a todos seduz e encanta, com os seus folguedos, por um lado, o seu espiritualismo essencialmente cristão, por outro, enraízada no coração do povo, por todos nós é apetecida em cada ano que passa na ampulheta delirante do tempo. Belmiro Esteves Galego


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FESTAS DO SENHOR DO BOM JESUS DE MATOSINHOS DE 2015 Realizaram-se, mais uma vez, as Festas do Senhor do Bom Jesus de Matosinhos.

As Festas de 2015 atraíram a Matosinhos um conjunto de peregrinos, que em muito ultrapassaram a afluência dos anos anteriores. A procissão saiu da Igreja pela Avenida Dom Afonso Henriques, tendo seguido pela Rua Ló Ferreira e continuado pela Rua Tomás Ribeiro até à praia, tendo parado à beira do Senhor do Padrão, onde foi proferido o habitual sermão. Retomada a marcha, a procissão regressou à Igreja pela Rua do Godinho. Integrou a procissão, na parte final, a Banda de Matosinhos-Leça, banda esta que já não participava nas festas há cerca de 20 anos. Presidiu à Missa Solene o Senhor Bispo do Porto, Dom António Francisco dos Santos, que foi coadjuvado pelo Bispo Emérito Senhor Dom Manuel Martins, pelo pároco de Matosinhos e pelos restantes párocos e diáconos do concelho. Participaram nesta Eucaristia as várias autoridades do concelho e muitos milhares de peregrinos.

Sermão no Senhor do Padrão

A Celebração da Eucaristia

A Procissão

A Banda de Matosinhos-Leça

18.ª EXPOSIÇÃO DE RENDAS, BORDADOS E TAPEÇARIAS

Decorreu no edifício do Internato de Nossa Senhora da Conceição, pertencente à Santa Casa da Misericórdia de Matosinhos, a 18ª Exposição de Rendas, Bordados e Tapeçarias organizada pelas antigas alunas deste Internato, integrada nas festividades do Senhor de Matosinhos. Trata-se de uma exposição de visita obrigatória para todos aqueles que já a visitaram alguma vez. São inúmeras as peças em exposição que, para além de deslumbrarem os visitantes, marcam, de forma significativa, a arte, a capacidade, a paciência e a perseverança de todas as artesãs. No presente ano, tal como já vinha acontecendo nos anos anteriores, foi superado o número de visitantes de 2014. É de salientar a forma altruísta como tudo isto é organizado, sendo que o produto reverte em benefício das obras sociais do Internato.


O LUGAR DA BOA NOVA

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foi verificada pelas sondagens arqueológicas realizadas em 2013 à volta da Capela da Boa Nova. Nada foi publicado sobre o assunto para as populações disso terem conhecimento. Em 1913, o naufrágio do “Veronese”, à vista do Lugar da Boa Nova, marcou com cores trágicas este Lugar. Uma placa gravada num rochedo junto ao mar assinala o facto e pede um PN e uma AM pelas vítimas. O farolim que existiu no promontório rochoso atrás da Capela da Boa Nova funcionou de 1916 a 1926 iniciou a “limpeza” da má fama desta costa da morte. Abandonado como trapo velho, foi abatido, o que mereceu um lamentoso desabafo de alguém amante desta terra: “Nesta Cidade, muita coisa tem desaparecido por artes mágicas! Como não há Justiça, tudo cai num poço sem fun-

do...”. Foi substituído pelo actual e icónico farol, da autoria do Eng. José Joaquim Peres. Nos finais dos anos 50 do séc. XX, outro ícone neste Lugar da Boa Nova: a Casa de Chá, entretanto Monumento Nacional. Fechando o círculo, regressamos ao afloramento granítico das milenares covinhas, para assinalarmos a inauguração, nos anos 80 do séc. XX, do grupo escultórico dedicado a António Nobre e às suas Musas. Nesse dia aí se encontraram 4 génios: – António Nobre, o homenageado. – Barata Feyo, o escultor. – Siza Vieira, o arquitecto responsável pelo projecto. – Eugénio de Andrade, o poeta.

Associação dos Pescadores Aposentados de Matosinhos

OS NOSSOS ASSINANTES

“Nullus locus sine Genio” (nenhum lugar é sem um Génio), escreveu o romano Sérvio no seu “Comentário à Eneida de Virgílio”. O Lugar da Boa Nova de Leça da Palmeira foge à regra: não tem um, mas vários – há um para cada um dos “(...) pormenores que se acotovelam dentro de palmo e meio de areia e de mar: este pedacito de paisagem aliciante que vai do molhe norte ao farol da Boa Nova!”, como escreveu Jorge Condeixa – são os seus Genii loci. Lugar mágico, este, que os atraiu e tem mantido ao longo de milénios: em rochas daqui foram abertas sepulturas antropomórficas, feitas covinhas ou “fossettes” num afloramento granítico logo a norte do farol, possivelmente com conotação astronómica como as que Joaquim Neves dos Santos encontrou no Castro de Guifões; há formações rocho-

sas zoomórficas e antropomórficas; há rochas que ostentam petróglifos, vestígios de registos milenares feitos por mão humana; nos solstícios, há alinhamentos de rochas com o sol poente ou nascente, eventualmente obra de longínquos antepassados. Em tempos mais próximos, outros Genii loci aqui assentaram arraiais – os primeiros Franciscanos em Leça da Palmeira. Corria o ano de 1392 e aí se mantiveram até 1478, literalmente contra ventos e marés, como escreveu Frei Manuel da Esperança, no séc. XVII, na sua História Seráfica...: “Era este sítio uma marinha agreste; o mais inculto, desabrido e estéril que posso encarecer. (...) as ondas quando mais embravecidas, saltando por cima deles vinham alagar a casa e numa hora destruíam quanto se tinha obrado em muitos anos inteiros”. A existência dessas instalações

Mestre José Brandão Estivemos à conversa com o Mestre José Brandão, Presidente da Direção da Associação dos Pescadores Aposentados de Matosinhos (APAM), desde 2002, que nos deu uma visão geral do passado e do presente desta marcante instituição do concelho de Matosinhos. Criada no ano de 1942 por pescadores e homens do mar que pretendiam assegurar, ao melhor espírito mutualista, os cuidados assistenciais, sobretudo de saúde para si e para as suas famílias, a Casa dos Pescadores, onde atualmente se encontra a Associação dos Pescadores Aposentados de Matosinhos, viveu, ao longo da sua longa História, um enorme conjunto de transformações. Estas mudanças foram decorrentes, num primeiro momento, praticamente após a sua criação, da implementação de políticas sociais dirigida aos pescadores, protagonizada no tempo do Estado

Novo. São desta época a criação de casas e bairros de pescadores, um pouco por todo o país, nas principais comunidades piscatórias.

“A Associação dos Pescadores Aposentados de Matosinhos acolhe hoje, na sua estrutura, fruto de diversas valências que foram implementadas, de forma faseada, desde 1992, um conjunto de quase 150 pessoas - Lar, com 55 utentes; Centro de Dia, com 36 utentes; Centro de Convívio, com 40 utentes, bem como Apoio Domiciliário, com 15 utentes”, revela o Mestre José Brandão, focando a importância qda APAM angariar novos sócios e da consciência de as camadas mais jovens quotizarem quer os seus potenciais benefícios futuros, quer os das suas famílias. Esta preocupação é evidente: “No espaço de poucos anos perdemos cerca de 700 sócios e é preciso inverter esta tendência, em prol da sustentabilidade da instituição”.

2002 – Tomada de Posse e inauguração do Monumento aos Pescadores Da esquerda para a direita: Eduardo Pinhal (Secretário), Mestre José Brandão (Presidente da Direção), António Gonçalves Regufe (Vice-Presidente da Direção), Dionísio Nunes Pereira (Vogal), José Gonçalves Paquete (Tesoureiro)

Albano Chaves


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Números de utilidade pública Água - SMAS - Matosinhos 229 399 950 Bombeiros Leça da Balio - 229 511 330 Leixões - 229 380 018 Matosinhos, Leça - 229 984 190 Moreira da Maia - 229 421 002 São Mamede de Infesta - 229 010 017 Sapadores do Porto - 225 073 700 Cruz Vermelha Portuguesa 229 351 515 EDP - Electricidade de Portugal 800 506 506 Gás - PORTGÁS (linha de segurança) 808 204 080

Farmácias

Meteorologia Dia 11

Dia 12

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Dia 14

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Máx. 22 ; Min. 8

Máx. 20 ; Min. 9

Máx. 20 ; Min. 8

Máx. 23 ; Min. 9

Máx. 25 ; Min. 12

Céu Parcialmente Nublado.

Céu Parcialmente Nublado.

Aguaceiros.

Céu Limpo.

Céu Parcialmente Nublado.

Dia 16

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Dia 18

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Dia 20

Máx. 25 ; Min. 8

Máx. 29 ; Min. 15

Máx. 29 ; Min. 15

Máx. 30 ; Min. 16

Máx. 30 ; Min. 16

Céu Pouco Nublado.

Céu Limpo.

Céu Limpo.

Céu Limpo.

Céu Limpo.

Dia 21

Dia 22

Dia 23

Dia 24

Máx. 30 ; Min. 16

Máx. 23 ; Min. 13

Máx. 23 ; Min. 12

Máx. 23 ; Min. 13

Céu Limpo.

Céu pouco Nublado.

Céu Limpo.

Céu Limpo.

Confeitaria Ferreira

Dia 11 - Farmácia Esposade R. António J. Almeida, Nº1244 Custóias | Tel.:229545541

Dia 14 -Farmácia E. Falcão Rua Moinho de Vento, 231 L. Palmeira | Tel.:229952680 Dia 15 - Farmácia Sousa Oliveira Largo do Souto, 76 Custóias | Tel.: 229515084 Dia 16 - Farmácia Moderna Rua Brito Capelo, 808 Matosinhos | Tel.:229398220 Dia 17 - Farmácia Confiança Rua Godinho Faria, 255-257 S. M. Infesta | Tel.:229010009 Dia 18 - Farmácia da Barranha Av. C. Gulbenkian, Nº1535 Senhora Hora | Tel.:229563185 Dia 19 - Farmácia Nova de Lavra Rua da Cruz, 180 Lavra | Tel.:229965419 Dia 20 - Farmácia Cunha Rua São Roque, 133 Matosinhos | Tel.:229389254 Dia 21 - Farmácia Central Avenida Fabril do Norte, 716 Senhora Hora | Tel.:229553399 Dia 22 - Farmácia Cortes Avenida do Conde, 6175 S. M. Infesta | Tel.:229010009 Dia 23 - Farmácia Azevedo Rua Joaquim Pinto, 62 Senhora Hora | Tel.:229510040 Dia 24 - Farmácia Gramacho Av. Dr. Fernando Aroso, 423 Leça da Palmeira Tel.:229951783

Hospitais Maria Pia - Pediátrico - 226 089 900 Pedro Hispano - 229 391 000 Santo António - 222 077 500 São João - 225 512 100 Polícia Judiciária, Porto - 225 088 644 Municipal de Matosinhos - 229 398 560 P. S. P., Maia - 229 413 853 P. S. P., Matosinhos - 229 383 427 P. S. P., Comando, Porto - 222 006 821 P. S. P., S. M. de Infesta - 229 026 538

Dia 12 - Farmácia de S.Mamede Al. Futebol Clube de Infesta, 15 S. M. Infesta | Tel.:229059860 Dia 13 - Farmácia Lopes Veloso Rua Brito Capelo, 124 Matosinhos | Tel.:229380006

ASSINE O MATOSINHENSE

Fundada a 21 de outubro de 1987, a emblemática Confeitaria Ferreira é, nas palavras do nosso entrevistado, José Pinho, gerente, hoje com 55 anos, um marco em Matosinhos, desde que se foi estabelecendo junto ao Parque Basílio Teles, onde ainda hoje continua. Pioneira na confeção de frango assado para levar para casa, o nosso entrevistado revela que “o forte da

casa são os salgados, sempre quentes, e o pão distribuído para restaurantes de referência”. Com tanta variedade patente nas vitrines, perguntámos se a Confeitaria Ferreira tinha alguma criação inédita na sua História de quase 28 anos. José Pinho revelou que o “Bolo Mineiro” é único e as Sardinhas, produzidas com chila, são elementos marcantes. A Confeitaria Ferreira fa-

brica Bolo-Rei o ano todo, bem como Pão de Ló à sexta-feira, também todo o ano. A Confeitaria Ferreira serve almoços e jantares, sendo que a diária de segunda a sexta-feira, custa seis euros. As sugestões mais fortes são à quarta-feira, o Dia da Francesinha, bem como à quinta-feira, as famosas Tripas à Moda do Porto.

O Amigo do Homem GOLDEN RETRIEVER, O COMPANHEIRO DE OURO

CARACTERÍSTICAS: O Golden Retriever é de origem britânica, e surgiu no século XIX. É uma raça de porte médio-grande. Possui pelagem da cor creme a dourado e daí deriva o seu nome, é densa e macia, podendo ser lisa ou ondulada. As fêmeas pesam entre 25 e 27 quilos, e os machos entre 27 e 31 quilos. A altura varia entre 55 a 61 cm nos machos, e as fêmeas medem entre 51 e 56 cm de altura. COMPORTAMENTO E TEMPERAMENTO: São excelentes cães de companhia, sendo utilizados como cobridores na caça de animais selvagens de pequeno e médio porte e aves aquáticas, já que adoram um bom mergulho. São amigáveis, afetuosos, confiáveis, dóceis e muito apegados aos membros da família, não gostando de estar sozinhos por muito tempo. Possuem de forma bem desenvolvida a habilidade de buscar objetos. O temperamento do Golden Retriver é equilibrado, sendo ideal para uma família moderna com crianças. Necessitam de atenção, afeto e carinho dos donos. Por serem tranquilos, costumam receber bem as visitas em casa sempre com um abanar de cauda. São inteligentes e aprendem facilmente os comandos e orientações dos seus donos, pois possuem uma ótima memória. Os cachorros desta raça são fáceis de serem adestrados. São usados como cão polícia e cão-guia. Os cães desta raça adoram caminhar tranquilamente e também correr. Devido ao elevado grau de inteligência e como são ativos, precisam de atividades novas com frequência.


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