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Outubro 2019 • oficinabrasil.com.br INSTRUMENTAÇÃO
7 C - Tensão de disparo. No momento que a UCE remove o negativo da bobina, uma tensão é gerada pelo circuito. Geralmente essa tensão induzida fica próxima dos 350 Volts. Muita atenção nesta hora! Corre-se o risco de queimar o seu osciloscópio. Os equipamentos especificam a tensão máxima suportada em suas entradas. Osciloscópios de uso automotivo dispõem de um acessório chamado de Atenuador, que reduz a tensão em 10 vezes. (Fig.8) Sendo uma tensão lida no
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Para testes no sistema de ignição, certifique-se que as sondas estão bem conectadas ao negativo. Deixe o osciloscópio e o cabo USB longe do sistema de ignição. A captura do sinal pode ser realizada no conector elétrico que chega à bobina. (Fig.9) A sonda com a garra de jacaré preta deve ser aterrada firmemente no motor, o acessório Atenuador ligado em série no circuito e a ponta de prova vermelha ligada a um dos sinais pulsantes enviados pela UCE.
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SECUNDÁRIO DE IGNIÇÃO
8 primário de 350 Volts, com atenuador acoplado no circuito, ela reduz a tensão para 35 Volts. Então podemos testar sem nenhum medo. D - Tempo de queima. Aqui medimos o tempo que a centelha dura dentro do cilindro. Como o osciloscópio consegue detectar eventos na ordem de milésimos e bilionésimos de segundo, avaliamos a qualidade da centelha nesta parte do sinal. E - Tensão residual. Essas ondinhas que vão amortizando representam parte da energia dissipada da bobina. Sua análise é importante para determinar a saúde do sistema de ignição
O sinal do secundário é o espelho do primário. Isso acontece por causa do fenômeno de indução eletromagnética, como vimos no começo do texto. Como a bobina é um amplificador de tensão, a bobina secundária tem mais espiras que a bobina primária. O sinal de secundário é bastante parecido com o do primário, mas com algumas particularidades: (Fig.10) F - O círculo destaca um fenômeno característico do secundário que acontece nos instantes iniciais do carregamento da bobina. G - Tensão máxima de disparo. Medido em kV (quilovolts) representa uma importante medida para diagnóstico do sistema de ignição. A distância entre eletrodos da vela, pressão de compressão e outros fatores influenciam diretamente neste valor lido. Um destaque deverá ser grifado aqui aos reparadores: a exatidão deste valor dependerá da calibração da sonda de captura e capacidade de trigger do osciloscópio.
A instrumentação do secundário pode ser feita com uma sonda capacitiva ligada no cabo de vela. A sonda “abraça” o cabo de vela, captando o campo gerado pela centelha que passa no cabo, sem contato direto com a alta tensão. (Fig.11) Outra sonda que podemos usar para sinais de secundário é a sonda indutiva. Usamos esta ferramenta para capturar sinais de secundário de bobinas COP, aquelas que ficam sobre as velas de ignição. Basta encostar a sonda em cima da bobina para capturar o sinal. (Fig.12) As mesmas instruções para captar o sinal de primário valem pra cá: terminal preto bem fixado ao massa do motor e os cabos do equipamento devem ficar distantes do sistema de ignição. Normalmente a calibração da sonda capacitiva é x10.000 ou seja, pra cada um volt que aparece na tela do osciloscópio, estará lendo dez mil volts no cabo de ignição. Já para a sonda indutiva, o valor de calibração depende de cada fabricante. - Até a próxima!
11 H - Tempo de queima ou duração da centelha. Semelhantes ao do primário de ignição aqui tem o tempo que a centelha durou na câmara de combustão. Nesta parte do sinal, se manifesta a maioria dos defeitos de ignição. Em um sistema em bom estado, a duração da centelha tem valor superior a um MS (um milissegundo). I - Tensão residual. Semelhante ao primário de ignição. Vai a dica: em alguns veículos vi sinais com pouca oscilação e que não caracterizavam um defeito. Antes de condenar algum componente, acesse a biblioteca nas nuvens do osciloscópio ou o Fórum Oficina Brasil para obter uma imagem de referência.
12 Diogo Vieira é Sócio-proprietário da Empresa Automotriz Serviços Automotivos, Fortaleza-CE, Técnico especializado em injeção eletrônica. Formação Senai - Mecânico de aeronaves com CCT células. Instrutor automotivo “Consultor OB” é uma editoria em que as matérias são realizadas na oficina independente, sendo que os procedimentos técnicos efetuados na manutenção são de responsabilidade do profissional fonte da matéria. Nossa intenção com esta editoria é reproduzir o dia a dia destes “guerreiros” profissionais e as dificuldades que enfrentam por conta da pouca informação técnica disponível. Caso queira participar desta matéria, entre em contato conosco: redacao@oficinabrasil.com.br