Weekend Edição 28 De Julho 2023

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Sasol

A gigante petroquímica sul-africana Sasol anunciou terça-feira a conclusão e arranque com segurança das instalações de gás natural para o projecto de Acordo de Partilha de Produção (PSA) na província de Inhambane, em Moçambique.

Em comunicado a Sasol também regozija-se pelo facto de as obras terem decorrido e concluídas com segurança, dentro dos custos e cronograma estabelecidos no projecto.

A Sasol destaca no seu relatório do primeiro semestre de 2023 que isso foi possível apesar do impacto negativo do Ciclone Tropical Freddy, que atingiu Inhambane em Fevereiro último. Acrescentou que iniciará o processamento do gás natural assim que o órgão regulador de Moçambique emitir a licença de operação.

A Sasol opera em Moçambique desde 2004 e é a concessionária dos campos de gás de Pande e Temane, em Inhambane. Possui uma unidade de processamento de gás em Temane, de onde o gás é transportado por meio de um gasoduto para a África do Sul. Parte do gás é utilizado para fins industriais na província de Maputo, na região sul, particularmente a produção de electricidade.

Eventualmente, o gás será utilizado para alimentar a Central Térmica de Temane (CTT), que, quando estiver operacional, produzirá 450 megawatts de electricidade.

Isso representará um aumento de 16 por cento na capacidade instalada de geração de electricidade em Moçambique. O principal objectivo da CTT é atender à demanda doméstica no âmbito do programa de acesso universal à electricidade até 2030. Além disso, contribuirá para impulsionar a industrialização e consolidar a posição de Moçambique como um pólo regional de energia.

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anuncia arranque das instalações do acordo de partilha de produção em Inhambane

EMOSE vai pagar mais de MT 76,4 milhões em dividendos de 2021

A estatal Empresa Moçambicana de Seguros (Emose), maior seguradora do País, anunciou hoje que vai pagar no proximno dia em 08 de Agosto dividendos relativos ao exercício de 2021 aos accionistas, equivalente a cerca de US$ 1,11 milhões, ou seja, numa nota ao mercado consultada pela Lusa, a Emose refere que por deliberação tomada em assembleia-geral ordinária realizada em 13 de Outubro de 2022, irá proceder ao pagamento de 0,2591 meticais, bruto, por cada acção.

Tendo em conta que no final do exercício de 2021 o capital social da Emose era constituído por 295.000.000 acções, trata-se no total de mais de 76,4 milhões de meticais (um milhão de euros) a pagar em dividendos naquela data.

De acordo com o relatório e contas da seguradora, a Emose apresentou um resultado líquido do exercício de 2021 negativo em 1.193 milhões de meticais (16,8 milhões de euros).

O Estado moçambicano detém uma participação de 39% directamente no capital social da Emose, equivalente a 115.050.000 acções, e através do Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE) outra de 31%, com 91.450.000 acções. Entre outros pequenos accionistas, contam-se ainda a Cooperativa dos Gestores Técnicos e Trabalhadores da Emose, com uma quota de 20% e 59.000.000 acções.

O mercado segurador de Moçambique conta com cerca de vinte empresas autorizadas e é liderado há mais de 40 anos pela Emose, criada dois anos após a independência nacional através da nacionalização e fusão das seguradoras Lusitânia, Tranquilidade de Moçambique e a Nauticus.

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Nyusi reconhecido pelo Banco Mundial

O Presidente da República, Filipe Nyusi, foi reconhecido ontem, 26 de Julho, em Dar-es-Salaam, na Tanzânia, pelo Banco Mundial, como um dos líderes que mais investem para o empoderamento da juventude, particularmente a rapariga.

O reconhecimento aconteceu à margem da Cimeira dos Chefes de Estado sobre o Desenvolvimento do Capital Humano em África que incidiu sobre o tema “A Prosperidade de África Depende da sua Demografia Jovem: Como África Pode Utilizar Plenamente sua População Jovem para Alcançar a Agenda 2063”.

Entre os programas, mais visíveis, porque inovadores, destacam-se, segundo o Banco Mundial, “EMPREGA”, “Meu kit, Meu Emprego”‘ e “Eu Sou Capaz”.

A CTA reagiu a distinção feita ao Presidente da República, disse em comunicado que investir no empoderamento dos jovens é crucial para melhor o desenvolvimento do capital humano, essencial para criar melhorares habilidades da força de trabalho e produtividade nas empresas.

A CTA refere que a par dos programas do Governo, ela tem vindo a promover várias iniciativas de empoderamento a juventude, tais como o Projecto + EMPREGO para os jovens e PME’s de Cabo Delgado, financiado pela União Europeia e o Instituto de Camões, que visa alavancar a competitividade e sustentabilidade das PME’s; o Projecto de Fortalecimento das Capacidades Produtivas das PME’s do Sector do Agronegócio, implementado em parceria com o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), que inclui uma subvenção para o processo de Transformação Digital das MPME’ s de jovens, das quais 50 % devem ser lideradas por mulheres que actuam na cadeia de valor do agronegócio nas províncias de Nampula, Niassa e Cabo Delgado de modo a aumentarem a sua produtividade e competitividade no mercado.

É perante este contexto que a CTA, afirma que se revê no reconhecimento e compromete-se a continuar a abraçar e a engajar-se em projectos que promovam as iniciativas de jovens para o empoderamento desta camada.

DESTAQUE
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Encontrada solução fundamental para a crise da Tongaat Hulett, Kagera Sugar nomeada compradora preferencial dos activos

Kagera Sugar foi seleccionada como o parceiro de capital estratégico preferido (SEP) para adquirir todos os activos de açúcar da Tongaat A transacção proposta incluirá a aquisição da totalidade da divisão açucareira da Tongaat Hulett Limited (THL) na África do Sul, bem como os investimentos no Zimbabwe, Moçambique e Botswana.

Kagera é uma açucareira situada em Kagera, na parte noroeste da Tanzânia. Faz parte de um grupo de empresas que são os maiores produtores de açúcar na Tanzânia e possui activos de açúcar na Tanzânia, na República Democrática do Congo (RDC) e no Oriente Médio.

“Iniciamos o processo com uma lista de mais de 70 partes interessadas, que foi reduzida para oito que se concentravam na aquisição dos activos combinados de açúcar de Tongaat. Após um processo rigoroso, identificamos Kagera como o candidato preferido.

“O grupo está financeiramente sólido, com um registo sólido. Sua exposição a activos de açúcar complementares na Tanzânia e na RDC oferece conhecimento

técnico e operacional relevante para ajudar na recuperação dos activos de açúcar sul-africanos da THL.

“Além disso, as refinarias de açúcar em Omã e no Bahrein fornecerão acesso a tecnologias e conhecimentos de classe mundial para melhorar a eficiência”, dizem os BRPs.

“Continuar a operar os activos de açúcar da Tongaat como um grupo combinado de vários países garantirá a continuidade das operações em Moçambique, Zimbabwe e Botsuana.

“Também proporcionará às empresas sul-africanas acesso à capacidade técnica para melhorar e manter empregos no KwaZulu-Natal e proteger os meios de subsistência de várias partes interessadas em toda a cadeia de valor da THL, incluindo a de muitos pequenos produtores do grupo”, acrescentaram.

“A aquisição está alinhada com a estratégia geral do grupo de expandir suas operações em toda a África e sua visão de se tornar um produtor líder de açúcar no continente. Vamos estender os valores fundamentais

AGRICULTURA
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que resultaram no sucesso das empresas do nosso grupo às novas operações da África Austral para beneficiar os funcionários, produtores e, em última análise, a economia da região.

“O grupo está comprometido em investir significativamente nas operações para modernizar as fábricas e expandi-las para aumentar a produção e a eficiência”, afirmou o Kagera MD Nassor Seif, reagindo ao anúncio.

A Tongaat Hulett T observou que continua a administrar seus activos de açúcar como um grupo multinacional combinado e que garantiria a continuidade das operações em Moçambique, Zimbabwe e Botswana.

Já a Kagera diz que “também proporcionará à empresa sul-africana acesso à capacidade técnica para melhorar e manter empregos no KwaZulu-Natal e proteger os meios de subsistência de várias partes interessadas em toda a cadeia de valor, incluindo a de muitos pequenos produtores do grupo”.

Para a Kagera, a aquisição está alinhada com a es-

tratégia geral do grupo em toda a África, onde tem ambições de se tornar um dos principais produtores de açúcar do continente, disse Nassor Seif.

“Vamos estender os valores fundamentais que resultaram no sucesso das empresas do nosso grupo às novas operações da África Austral para beneficiar os funcionários, os produtores e, em última análise, a economia da região”, acrescentou.

“O grupo está empenhado em investir significativamente nas operações para modernizar as fábricas e expandi-las para aumentar a produção e a eficiência”, disse Seif.

Chris Logan, CIO da Opportune Investments e activista dos accionistas, disse que, embora a aquisição seja potencialmente um desenvolvimento positivo, dado que Karega é pouco conhecido, sua capacidade de se concentrar na recuperação do negócio ainda depende em grande parte de quanto recurso financeiro e conhecimento técnico Karega pode trazer para o partido.

AGRICULTURA
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O Comité de Ministros de Finanças e Investimento da SADC reunido no passado dia 20 de Julho de 2023 enalteceu os progressos que Moçambique tem vindo a desempenhar para a sua remoção da lista cinzenta em cumprimento das recomendações do Grupo de Acção Financeira (GAFI). De salientar que para alem de Moçambique, a nível da SADC, encontram-se na lista cinzenta a RDC, África do Sul e a Tanzânia.

A Vice-Ministra de Economia e Finanças Carla Loveira, destacou que “os avanços de Moçambique tem sido implementado em três âmbitos, nomeadamente, a nível da revisão do quadro legal e regulamentar em conformidade com as recomendações do GAFI; a nível da operacionalização de estruturas de coordenação institucionais de combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo no país; e a nível da aceleração da digitalização dos pagamentos do Estado com vista a melhoria do controlo dos fluxos financeiros”.

O Comité de Ministros de Finanças e Investimentos da SADC aprovou na sessão medidas assinaláveis para a melhoria do quadro econômico das economias da região com destaque para o fundo para o desenvolvimento regional da SADC; o roteiro de medidas do protocolo da SADC sobre Finanças e investimento; o modelo de acordo para evitar a dupla tributação a nível da SADC; a Estratégia de Inclusão Financeira e Acesso das Pequenas e Médias Empresas (PMEs) ao financiamento para o período de 2023 a 2028; e a criação de um subcomitê de combate ao branqueamento de capitais.

O Comité de Ministros de Finanças e Investimentos contou igualmente com a Reunião do Painel de Avaliação de Pares da SADC onde Moçambique apresentou os progressos alcançados face as metas de convergência macroeconômica. Nesta sessão Carla Loveira destacou os progressos de Moçambique tendo referido que “a nível do crescimento económico “Moçam-

bique registou um crescimento de 4,2% em 2023 com perspectivas de um crescimento econômico no fecho do ano em alta decorrente sobretudo da execução dos projectos energéticos e da agricultura, a estabilidade do nível geral de preços, a redução do rácio da dívida pública em percentagem do PIB, a implementação do pacote de medidas de aceleração econômica aliadas a consolidação do quadro fiscal visando a racionalização da despesa publica e alargamento da base tributaria num cenário do programa com o Fundo Monetário Internacional”.

A SADC aprovou igualmente o Plano Quadrienal para as avaliações pelos pares dos Estados Membros para o período de 2023-24 a 202627, tendo anotado que em face dos choques externos, apesar dos sinais de recuperação econômica assinalados, todos os Estados Membros não atingiram a maioria das metas de convergência macroeconômica em 2022.

BANCA E FINANÇAS
SADC destaca os progressos da remoção de Moçambique da lista cinzenta, recomenda a criação de um comité de combate ao branqueamento de capitais
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A Agência Nacional de Desenvolvimento Geo-Espacial (ADE) e a Mozambique Community Network (MCNet) assinaram, na quinta-feira, dia 20 de Julho, um memorando de entendimento que prevê a colaboração e cooperação para partilha de conhecimento e ferramentas de análise que vão permitir a melhoria dos sistemas de gestão. Esta parceria pretende contribuir para um melhor ambiente de negócios através de soluções inovadoras que apoiem a tomada de decisão sobre a planificação, armazenamento e o desenvolvimento de parcerias estratégicas para facilitar o comércio internacional.

O memorando de entendimento tem ainda como objectivo contribuir para o engajamento do sector público, privado e sociedade no geral, bem como para a consciencialização do uso de dados, através de programas dedicados à educação.

Odete Semião, Directora-Geral da ADE, explicou que “apesar dos potenciais benefícios dos dados e informação geo-espacial, existem numerosos desafios à sua utilização eficaz em Moçambique”. Estes desafios “incluem o acesso limitado a dados geo-espaciais de alta qualidade, capacidade limitada para analisar e utilizar os dados, e uma consciência limitada ao nível

de tomada de decisão sobre os potenciais benefícios da utilização de dados e informação para decisões estratégicas”, afirmou a mesma responsável.

As informações disponibilizadas pela ADE através da Rede Nacional do Sistema de Informação Geográfica são importantes precisamente para ajudar o sector privado e o sector público na tomada de decisão com base em evidências, proporcionando uma visão holística das questões que afectam as comunidades.

Segundo Odete Semião, “estes dados podem ajudar os decisores a identificar áreas prioritárias para investimentos e a alocação de recursos de forma eficaz e eficiente, apoiando, de igual forma, a elaboração de políticas públicas”.

Para Rogério Samo Gudo, PCA da MCNet, esta parceria tem inúmeras vantagens, desde logo, por “garantir o acesso à tecnologia, inovação e conhecimento especializado para colecta, optimização, análise e visualização de dados e informação geo-espacial, nos vários sectores de desenvolvimento de Moçambique” e “contribuir para o engajamento do sector público, privado e sociedade no geral, para a consciencialização no uso de dados”.

O acordo estabelecido com a MCNet visa acelerar o desenvolvimento institucional das partes, focando-se na promoção de utilização de dados e tecnologias para responder aos desafios de desenvolvimento sustentável de Moçambique. Tendo em conta que a tecnologia está a mudar os percursos do desenvolvimento, o próprio Estado deve acompanhar este desenvolvimento, combinando os modelos tradicionais de planificação e os de tomada de decisão com os modelos mais actuais.

O memorando de entendimento com a MCNet pretende, também, gerar informação e conhecimento, através de dados produzidos nos vários sectores de desenvolvimento em Moçambique.

O território moçambicano é o primeiro espaço geográfico sobre o qual serão implementadas as iniciativas do acordo, podendo ser estabelecidas relações com instituições que operam a nível nacional, regional ou internacional. O objectivo é que as soluções e oportunidades resultantes dessas iniciativas sejam aplicadas para responder às metas estabelecidas pelo memorando, com vista a promover o desenvolvimento de Moçambique.

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ADE e MCNet cooperam em áreas de interesse comum

SEGUIMENTO DA XVIII CASP: CTA REÚNE-SE COM O GOVERNO

Em acção de seguimento da XVIII Conferência Anual do Sector Privado (CASP) o Ministério da Indústria e Comércio (MIC) apresentou o relatório do evento na sessão do Conselho de Ministros, tendo sido recomendado a trabalhar a nível sectorial as matérias, que posteriormente serão apresentadas no encontro entre o Presidente da República e o sector privado, cuja data está por anunciar.

Dentre várias matérias que compõem a matriz, as sessões programadas são sobre a carga tributária em Moçambique, cognominadas “taxas e taxinhas”, abordagem sobre os raptos, análise do sector de petróleo e gás e conteúdo local, política monetária e financiamento, bem como pagamentos de facturas atrasadas aos fornecedores de Estado.

Sobre a carga tributária, a CTA apresentou o panorama geral aos Ministérios da Economia e Finanças e da Indústria e Comércio. Disse a CTA que sobre os impostos e taxas, verifica-se duplicação, havendo outras taxas consideradas ilegais e, um grupo de impostos e taxas que, mesmo sendo legais, são consideradas pesadas para a actividade empresarial.

Sobre os raptos, foi consensual que os pequenos e médios investimentos têm vindo a cair. A unidade anti-raptos ainda não está a gerar o impacto desejado. Como resultado, as liberdades dos empresários está condicionada.

Os empresários propõem que, para além de medidas de reformas institucionais, sejam trazidas experiências internacionais, incluindo expertise para ajudar a resolver este problema que já dura 11 anos. Os empresários revelaram que, os raptos, até há 3 anos atrás, eram só uma questão de dinheiro. Actualmente, o quadro mudou, passando inclusive a questão de assassinatos o que alarma mais os empresários.

CONJUNTURA
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Participaram no encontro, para além do MIC, os Ministérios da Economia e Finanças, do Interior, da Administração Estatal e Função Pública, da Agricultura e Desenvolvimento Rural e o Banco de Moçambique.

Estão ainda previstas sessões mais técnicas, ao nível sectorial, a ocorrer na próxima semana.

CONJUNTURA
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Taxa de Juro de Política Monetária mantém-se em 17,25%

Prevalecem elevados riscos e incertezas adversos associados, sobretudo, à pressão na despesa pública; Mantêm-se as perspectivas de inflação em um dígito no médio prazo; Prevê-se a manutenção da pressão sobre a despesa

pública e das incertezas em relação à evolução dos preços de bens administrados, com destaque para os combustíveis líquidos”.

O Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique decidiu manter a taxa de juro de po-

CONJUNTURA 28 de Julho 2023 12

lítica monetária, taxa MIMO, em 17,25%. Uma decisão justificada, segundo o órgão, pela prevalência de elevados riscos e incertezas adversos associados, sobretudo, à pressão na despesa pública, bem como ao prolongamento e intensificação do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, não obstante as perspectivas de manutenção da inflação em um dígito no médio prazo.

“Mantêm-se as perspectivas de inflação em um dígito no médio prazo”, sus-

tenta o CPMO.

Para depois referir que, em Junho de 2023, a inflação anual reduziu para 6,8%, a traduzir, principalmente, a queda dos preços da classe de bens alimentares, favorecida pela época fresca, num contexto de estabilidade da taxa de câmbio.

“A inflação subjacente, que exclui as frutas e vegetais e bens administrados, também abrandou. A evolução da inflação no médio prazo reflecte, sobretudo, a estabilidade do Metical e o impacto das medidas que vêm sendo tomadas pelo CPMO.” sublinha o CPMO.

Na perspectiva do CPMO, “os riscos e incertezas adversos subjacentes às projecções de inflação mantêm-se elevados.”. Acrescenta que, “a nível interno prevê-se a manutenção da pressão sobre a despesa pública e das incertezas em relação à evolução dos preços de bens administrados, com destaque para os combustíveis líquidos”

Para a envolvente externa, o CPMO, indica que “as incertezas quanto à magnitude dos impactos do prolongamento e intensificação do conflito entre a Rússia e a Ucrânia mantêm-se elevadas.

Voltando para os factores internos, o CPMO, diz no seu comunicado que a dívida pública interna agravou-se.

“O endividamento público interno, excluindo os contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora, situa-se em 308,4 mil milhões de meticais, o que representa um aumento de 33,3 mil milhões em relação a Dezembro de 2022.”, destaca o CPMO no seu comunicado.

CONJUNTURA 13

BVM prepara lançamento de novos produtos para atender demandas específicas

Em esforço para aumentar a sua contribuição da dinamização da economia por via de incremento de liquidez, a bolsa de valores de moçambique deverá lançar até ao primeiro semestre do próximo ano, um conjunto de novos produtos que cobrem especificidades de vários sectores e/ou ramos de negócio.

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PCA da BVM, Salim Valá

Conforme revelou o PCA, Salim Valá, na Conferência Empresarial da Província de Maputo, a BVM vai assim lançar ao mercado, produtos como as obrigações municipais, que são obrigações emitidas pelo município, garantidas pelas transferências mensais do estado aos municípios, que podem servir para financiar infraestruturas municipais, projectos urbanísticos, parques industriais e parques tecnológicos.

Consta da carteira de novos produtos da BVM, os fundos de investimento, um mecanismo de investimento de participação pública e privada em projectos diversos. as obrigações sustentáveis, enquadráveis como obrigações verdes (green bonds), obrigações azuis (bluebonds) ou de responsabilidade social, este produto será destinado ao financiamento sustentável, meio ambiente e biodiversidade, infraestruturas sustentáveis e energias renováveis.

Haverá também na BVM, até ao primeiro semestre de 2024, as obrigações de renda, cuja rentabilidade decorre da valorização ou rendimento de um activo, e não de uma taxa de juro, apropriado para o financiamento de portagens, estradas, pontes, projectos imobiliários e projectos habitacionais.

O PCA da BVM classificou os produtos na forja como uma resposta a demanda e busca de soluções criativas para necessidades específicas do mercado. Disse Salim Valá que a BVM vai continuar a aprimorar instrumentos financeiros que contribuam para ocumprimentos dos objectivos da política económica do Governo, pela via da diversificação das alternativas de financiamento, promoção da captação da poupança e o direccionamento da poupança para o investimento produtivo.

CONJUNTURA 15

14 empresas mineiras foram multadas

As autoridades moçambicanas do sector mineiro indiciam que pretendem apertar o cerco a actuação das empresas mineiras, trazendo estas à conformidade com a legalidade das suas actividades. Os últimos desenvolvimentos indicam que um total de 14 empresas mineiras foram multadas pela Inspecção-geral de Minas de Moçambique por terem falhado em Junho a declaração da qualidade de minérios que produziram, segundo apurou a Lusa junto da entidade.

Com efeito, o Inspector-Geral de Minas no Ministério dos Recursos Minerais e Energia, Obete Matine, avançou que as multas são as primeiras impostas a operadores mineiros por falta de informação sobre a qualidade da sua produção, uma vez que esta exigência decorre de um decreto que entrou em vigor recentemente.

“O decreto de tributação na área mineira determina

que a submissão das declarações para o imposto de produção mineira deve ser acompanhada por um relatório e do documento que contém as especificações da qualidade do produto que foi extraído”, explicou Matine.

Uma empresa que produz carvão de coque, usado na indústria siderúrgica, deve especificar a qualidade, visando permitir um cálculo fiável do preço e do imposto a pagar, exemplificou o inspector-geral de Minas.

Obete Matine assinalou que o Estado moçambicano tem perdido avultadas somas em impostos pelo desconhecimento da qualidade dos minérios exportados e do seu valor de mercado.

As 14 empresas multadas operam na exploração de carvão, grafite e areias pesadas, num universo de 18 que extraem estes minérios em Moçambique, afirmou

ENERGIA E MINERAÇÃO
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Matine.

O inspetor-geral de Minas não adiantou os valores das multas aplicadas aos infractores, mas notou que as sanções pecuniárias têm como factor de multiplicação o salário mínimo nacional.

Notou que aqueles produtos são os primeiros a serem sujeitos às novas regras, devendo as outras áreas serem abrangidas paulatinamente.

Obete Matine adiantou que algumas das empresas penalizadas já pagaram as coimas, esperando-se que as outras cumpram esse dever dentro dos prazos legalmente estipulados.

No início deste mês, o Governo moçambicano acusou as empresas de mineração de declararem menos produção do que a real, para conseguirem impostos “muito baixos”, exigindo que o sector aumente a con-

tribuição fiscal e a participação no desenvolvimento do país e das comunidades.

A posição do executivo moçambicano consta do sumário de um encontro que membros do Governo mantiveram recentemente com representantes das empresas do sector mineiro.

No documento, a que a Lusa teve hoje acesso, as autoridades moçambicanas consideram que “metade das exportações que ocorrem em Moçambique decorrem da exploração mineira, todavia, este número das exportações não se reflecte nos impostos, que são muito baixos”.

Vários relatórios internos e internacionais têm acusado as multinacionais que operam em Moçambique de declararem números da produção aquém do que realmente tiram do país.

ENERGIA E MINERAÇÃO
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Globeleq assume ”Solar Mocuba”

Empresa britânica Globeleq, uma das maiores produtoras independentes de electricidade em África, anunciou, há dias, a aquisição de uma participação maioritária na Central Solar de Mocuba (CESOM), na província da Zambézia, que passará a gerir.

De acordo com informação divulgada pela empresa, a que o “notícias” revê acesso, e citamos, a empresa detida em 70% pela British International Investment e 30% pela Norfund, adquiriu 52,5% da participação social na CESOM, com capacidade de 41 MegaWatts (MW), à Scatec ASA’S.

“Em paralelo, a Globeleq adquire também 22,5% da participação social da KLP Norfund na CESOM “, acrescenta a informação.

A Central Solar de Mocuba está localizada na província da Zambézia, a cerca de 13 quilómetros da cidade de Mocuba, numa área de 126 hectares.

O projecto atingiu o fecho financeiro em Março de 2018 e entrou em comissionamento em Agosto do ano seguinte, fornecendo electricidade à rede pública ao abrigo de um contrato de compra de energia com a duração de 25 anos, com o contributo de parceiros de financiamento como o International Finance Corporation (IFC) e o Emerging Africa Infrastructure Fund (EAIF).

Para a Globeleq, esta aquisição “expandirá significativamente a presença operacional” em Maçambique, onde “já iniciou o comissionamento” da Central Eléctrica de Tetereane (Cuamba) com a capacidade de 19 MW, “o primeiro projecto solar com um sistema integrado de bateria à escala de rede no país”, na província de Niassa, e a construção da Central de ciclo combinado a gás de 450 MW em Temane, na província de Inhambane.

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“Estou extremamente satisfeito pelo facto da Globeleq continuar a construir a sua presença em Moçambique, através da compra da Central Solar de Mocuba. Esta aquisição, juntamente com os nossos outros investimentos significativos, demonstra o nosso compromisso com Moçambique bem como com a expansão do nosso portfólio de energias renováveis em África”, comentou Mike Scholey, director executivo da energética.

A Globeleq, que se assume como o “principal desenvolvedor, proprietário e operador de produção de electricidade em África”, está também a liderar o desenvolvimento de um projecto eólico de 120 MW em Namaacha, na província de Maputo.

Após a conclusão destas transacções, sobre as quais não foram avançadas informações sobre valores envolvidos, a Globeleq passará a assumir uma participação social total de 75% da CESOM, sendo “proprietária

maioritária e gestora da mesma”, enquanto a Electricidade de Moçambique (EDM) continuará detentora dos restantes 25%.

Segundo a Globeleq, a transacção da CESOM está ainda sujeita à aprovação regulatória e dos credores do projecto, e deverá ser concluída até ao final de 2023.

Após a conclusão do negócio e do comissionamento de Cuamba, o portfólio solar da Globeleq em África “estará perto de 400 MW, distribuídos entre a África do Sul, Egipto, Quénia e Moçambique”.

Desde 2002, a Globeleq tem construído um portfólio diversificado de centrais independentes, gerando mais de 1.500 MW em 14 localizações de seis países, com mais de 722 MW em construção e mais de 2.000 MW em projectos de energia em desenvolvimento.

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Descongestionamento da EN4 passa pelo desvio de carga para a ferrovia

Transporte de minérios deve ser via ferroviária, diz Vice-Ministro dos Transportes e Comunicações

O escoamento de minérios via ferroviária continua a ser a solução estrutural para descongestionar a EN4, que se depara com aumento de tráfego de camiões transportando ferro e crómio da África do Sul ao porto de Maputo.

A insistência é do Vice ministro dos Transportes e Comunicações, Amilton Alissone, citado pelo “Noticias”, quando visitava, segunda-feira, as obras de construção do parque transitório de camiões em Pessene, no distrito da Moamba.

Segundo o diário, o aumento do número de camiões obriga à busca de soluções para garantir maior fluidez de viaturas, sobretudo a partir da zona de Tchumene até ao entroncamento com a Avenida da Namaacha.

Sabe-se que para melhorar a circulação, incluindo o manuseio de mercadorias, o Conselho Executivo Provincial (CEP) ca Sociedade de Desenvolvimento do Porto de Maputo (MPDC) assinaram, recentemente, um contrato ao abrigo do qual o Governo cedeu 20 hectares para a construção do parque.

Enquanto decorrem os trabalhos, os parceiros estão a restringir a circulação de camiões na cidade, nas horas de ponta. No final, a ideia é que Pessene seja ponto de entrada do Porto de Maputo, onde algumas actividades burocráticas passarão a ser observadas, o que vai baixar o tempo de espera.

A infra-estrutura terá, numa primeira fase, capacidade para albergar 300 a 400 camiões em simultâneo e compreenderá, também, serviços básicos como sanitários, refeitórios e escritórios.

“Este parque servirá para a gestão do tráfego e não propriamente para estacionamento. Durante as obras, teremos cerca de 70 trabalhadores entre serventes, pedreiros, operadores e pessoal técnico”, explicou o vice-ministro dos Transportes e Comunicações.

INFRA-ESTRUTURAS 28 de Julho 2023 20

• A Federal Reserve aprovou uma muito esperada subida das taxas de juro que leva os custos dos empréstimos de referência ao seu nível mais alto em mais de 22 anos;

• O aumento trimestral levará a taxa dos fed funds a um intervalo alvo de 5,25%-5,5%;

• Embora as autoridades tenham indicado na reunião de Junho que dois aumentos de juros eram previstos este ano, os mercados estão a precificar uma chance melhor do que a de que não haja mais movimentos este ano;

• O Presidente Jerome Powell afirmou que o banco central tomará decisões baseadas em dados numa base “reunião a reunião”.

O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) aprovou na quarta-feira, 26 de Julho, um aguardado aumento das taxas de juros que leva os custos dos empréstimos de referência ao seu nível mais alto em mais de 22 anos.

Em um movimento que os mercados financeiros precificaram completamente, o Federal Open Market Committee (FOMC) do banco central elevou sua taxa de fundos em um quarto de ponto percentual, para um intervalo de meta de 5,25% a 5,5%. O ponto médio desse intervalo de variação seria o nível mais elevado para a taxa de referência desde o início de 2001.

Os mercados estavam atentos a sinais de que a alta poderia ser a últi-

ma antes de as autoridades do Fed fazerem uma pausa para observar como os aumentos anteriores estão a impactar as condições económicas. Embora as autoridades tenham indicado na reunião de Junho que dois aumentos de juros seria prováveis este ano, os mercados têm precificado uma chance melhor do que a de não haver mais movimentos este ano.

Na conferência de imprensa que se segiui ao anúncio, o Presidente do FED,Jerome Powell, disse que a inflação se moderou um pouco desde meados do ano passado, mas atingir a meta de 2% do Fed “tem um longo caminho a percorrer”. Ainda assim, ele parecia deixar espaço para potencialmente manter as taxas estáveis na próxima reunião do Fed, em Setembro.

“Eu diria que é certamente possível que levantemos fundos novamente na reunião de Setembro, se os dados justificarem”, disse Powell. “E eu também diria que é possível que optemos por nos manter firmes e vamos fazer avaliações cuidadosas, como eu disse, reunião a reunião.”

Powell disse que o FOMC avaliará “a totalidade dos dados recebidos”, bem como as implicações para a actividade económica e a inflação.

Os mercados inicialmente subiram após a reunião, mas terminaram mistos. O Dow Jones Industrial Average continuou sua sequência de fechamentos mais altos, subindo 82 pontos, mas o S&P 500 e o Nasdaq Composite pouco mudaram. Os rendimentos dos Treasuries

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Fed sobe taxas de juros para o nível mais alto em mais de 22 anos

caíram.

“É hora de o Fed dar tempo à economia para absorver o impacto de aumentos de juros passados”, disse Joe Brusuelas, Economista-Chefe para os EUA da RSM. “Com o último aumento de juros do Fed de 25 pontos-base agora nos livros, achamos que a melhora no ritmo subjacente da inflação, a criação de empregos mais fria e o crescimento modesto estão criando as condições para que o Fed possa efectivamente encerrar sua campanha de aumento de juros.”

Analistas consideram que a declaração pós-reunião, no entanto, ofereceu apenas uma referência vaga ao que guiará os futuros movimentos do Federal Open Market Committee (FOMC).

“O Comité continuará a avaliar informações adicionais e suas implicações para a política monetária”, lê-se no comunicado, em uma linha que foi ajustada em relação à comunicação dos meses anteriores. Isso ecoa uma abordagem dependente de dados – em oposição a um cronograma definido – que praticamente todos os funcionários do banco central adoptaram em declarações públicas recentes.

O aumento recebeu aprovação unânime dos membros do comité de politica monetária do FED (FOMOC)

A única outra mudança de nota no comunicado foi uma elevação do crescimento económico de “moderado” de “modesto” na reunião de Junho, apesar das expectativas de pelo menos uma ligeira recessão à frente. O comunicado voltou a descrever a inflação como “elevada” e os ganhos de emprego como “robustos”.

Trata-se do 11º aumento da taxas de juro pelo FOMC em um processo de aperto monetário que começou em Março de 2022. O comité decidiu pular a reunião de Junho, pois avaliou o impacto que os aumentos tiveram.

Desde então, Powell disse que ainda acha que a inflação está muito alta e, no final de Junho, disse esperar mais “restrição” na política monetária, um termo que implica mais aumentos de juros.

A taxa dos fed funds define o que os bancos cobram uns aos outros pelos empréstimos overnight. Mas alimenta muitas formas de endividamento do consumidor, como hipotecas, cartões de crédito e empréstimos para automóveis e pessoais.

A Fed não tem sido tão agressiva com a subida das taxas desde o início da década de 1980, altura em que também lutava contra uma inflação extraordinariamente elevada e uma economia em queda.

As notícias ultimamente sobre a inflação têm sido encorajadoras. O índice de preços no consumidor (IPC) subiu 3% em 12 meses em Junho, depois de ter atingido uma taxa de 9,1% há um ano. Os consumidores também estão ficando mais optimistas sobre para onde os preços estão indo, com a última pesquisa de sentimento da Universidade de Michigan apontando para uma perspectiva de um ritmo de 3,4% no próximo ano.

No entanto, o IPC está a funcionar a uma taxa de 4,8% excluindo alimentos e energia. Além disso, o rastreador do IPC do Fed de Cleveland está indicando uma taxa nominal anual de 3,4% e uma taxa básica de 4,9% em Julho. A medida preferida do Fed, o índice de preços

das despesas de consumo pessoal, subiu 3,8% na manchete e 4,6% no núcleo para Maio.

Todos esses números, embora bem abaixo dos piores níveis do ciclo actual, estão acima da meta de 2% do Fed.

O crescimento económico tem sido surpreendentemente resiliente, apesar das subidas das taxas.

O crescimento do PIB do segundo trimestre está a seguir a uma taxa anualizada de 2,4%, de acordo com a Fed de Atlanta. Muitos economistas ainda esperam uma recessão nos próximos 12 meses, mas essas previsões até agora se mostraram pelo menos prematuras. O PIB aumentou 2% no primeiro trimestre, na sequência de uma grande revisão em alta das estimativas iniciais.

O emprego também se manteve notavelmente bem. As folhas de pagamento não agrícolas expandiram em quase 1,7 milhão em 2023, e a taxa de desemprego em Junho foi relativamente benigna de 3,6% – o mesmo nível de um ano atrás.

“Tem sido minha opinião de forma consistente, que (…) seremos capazes de alcançar a inflação voltando à nossa meta sem o tipo de desaceleração realmente significativa que resulta em altos níveis de perda de empregos”, disse Powell.

Junto com o aumento dos juros, o comité indicou que continuará a cortar os títulos detidos em seu balanço, que atingiu um pico de US$ 9 biliões de dólares antes de o Fed começar seus esforços de aperto quantitativo. O balanço está agora em US$ 8,32 biliões de dólares, já que o Fed permitiu que até US$ 95 mil milhões de dólares por mês em receitas de títulos vencidos rolassem.

CONJUNTURA 23

Banco Central da Nigéria aumenta taxas naquele que é o primeiro teste da sua independência

O Presidente do País, Bola Tinubu, disse que as taxas de juros deveriam ser reduzidas; Banco Central aumentou taxa de 18,75% para recorde de 18,5%.

O banco central da Nigéria prolongou a sua mais longa fase de aperto monetário para controlar a inflação, ignorando um apelo do Presidente Bola Tinubu para que os custos dos empréstimos fossem reduzidos.

O Comité de Política Monetária (CPMO) aumentou a taxa de referência em 25 pontos base, para um recorde de 18,75%. A mediana dos 17 economistas consultados pela Bloomberg esperava um aumento de 50 pontos-base.

A reunião foi a primeira presidida pelo Governador em exercício Folashodun Shonubi, que no mês passado substituiu Godwin Emefiele na sequência da sua detenção sob a acusação de posse ilegal de uma arma de fogo. Tinubu, que implementou várias reformas, incluindo o fim dos subsídios aos combustíveis e a liberalização do mercado cambial desde que assumiu o cargo em Maio, afirmou que as elevadas taxas de juro estão a sufocar o crescimento económico e devem ser reduzidas para incentivar as despesas.

O equilíbrio dos argumentos em torno da necessidade de combater a inflação, ao mesmo tempo que apoiava

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o investimento e a recuperação do crescimento económico, “inclinou-se a favor de uma subida moderada das taxas para sustentar os esforços destinados a ancorar as expectativas de inflação, reduzir o hiato negativo das taxas de juro reais e melhorar a confiança dos investidores”, disse Shonubi em Abuja, a capital.

O rendimento dos títulos em dólar de 10 anos do país estendeu uma queda anterior após a decisão, caindo sete pontos-base para 10,65% às 5h40 em Abuja. A taxa da dívida nacional em 2027 diminuiu seis pontos base, para 9,92%.

O CPMO do banco central da Nigéria disse esperar que a economia cresça 2,66% este ano, abaixo da previsão de 3% em Maio. A administração de Tinubu tem como meta um crescimento de pelo menos 6% ao ano.

A decisão foi dividida. Dos 11 membros do CPMO que participaram da reunião, quatro votaram a favor de um aumento de 25 pontos-base, dois a favor de um aumento de 50 pontos-base e os demais preferiram uma suspensão.

Inflação em alta

O CPMO aumentou as taxas em 725 pontos de base desde Maio de 2022 para controlar a inflação, que tem estado mais do dobro do limite superior do seu intervalo de objectivo de 6% a 9% há mais de um ano. Os preços no consumidor aumentaram 22,8% em Junho – o ritmo mais rápido em quase 18 anos. A taxa de

inflação tem sido mantida elevada devido ao aumento dos preços dos produtos alimentares e espera-se que se mantenha elevada durante algum tempo.

A massa monetária aumentou 32% em Junho em relação ao ano anterior, em comparação com 14% em Maio, e os preços da gasolina mais do que triplicaram desde o fim do subsídio aos combustíveis. Entretanto, a moeda caiu cerca de 40% em relação ao dólar, após a flexibilização dos controlos cambiais no mês passado.

Todos os membros do CPMO também votaram a favor da redução do corredor assimétrico do banco central, o que significa que o custo a que os mutuantes contraem empréstimos está 100 pontos base acima da taxa de política monetária e o retorno dos seus depósitos em 300 pontos base abaixo do valor de referência.

O aumento da taxa se somará a outras medidas tomadas pelo governo para tentar reduzir a taxa de inflação, incluindo um estado de emergência que permitiria às autoridades tomar medidas excepcionais para melhorar a segurança alimentar e o abastecimento.

O Governo também aprovou 500 mil milhões de naira (US$ 633 milhões de dólares) de gastos para amortecer o impacto da remoção dos subsídios à gasolina e arrecadou US$ 500 milhões dólares para transformar a produção de alimentos. Tinubu também está tomando medidas para melhorar a segurança no país, onde uma insurreição de uma década por militantes islâmicos e ataques de bandidos reduziram a produção agrícola.

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Os mercados de petróleo ainda estão voláteis – Jennifer Granholm, Secretária de Estado de Energia dos EUA, pedindo mais suprimentos

A volatilidade ainda está pesando nos mercados de petróleo, disse a neste sábado, reiterando os apelos por suprimentos adicionais.

“Queremos que os preços diminuam. O Presidente está realmente focado nos impactos em pessoas reais que precisam trabalhar e não podem pagar esse prémio”, destacou Granholm.

A volatilidade ainda está a pesar nos mercados de petróleo, segundo a Secretária de Energia dos EUA, Jennifer Granholm, falando no ultimo sábado, 23/07, em conferencia de imprensa, reiterando apelos por suprimentos adicionais.

Instada a comentar o estado dos mercados de petróleo, ela disse que que “não há dúvida de que há um ambiente volátil” – uma situação que a Casa Branca está a monitorar.

“Há muita emoção nesses mercados e, por isso, temos uma profunda preocupação com as trajectórias de para onde as coisas estão indo”, acrescentou a Secretária de Estado de Energia.

Granholm pediu produção adicional para ajudar a reduzir os preços.

“Queremos ver mais oferta (…) Fica perigoso quando os preços estão tão altos”, disse ela. “Acho que o caminho prudente é garantir que o transporte seja acessível para as pessoas, e isso, claro, significa garantir que o fornecimento seja estável.”

Alguns membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados – colectivamente conhecidos como Opep+ – estão a cortar voluntariamente a produção em um total de 1,66 milhão de barris por dia até o final de 2024. Além disso, os pesos-pesados da coalizão, Arábia Saudita e Rússia, anunciaram novas quedas voluntárias em Julho e Agosto, compreendendo 1 milhão de barris por dia em produção e 500.000 barris por dia de exportações, respectivamente.

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Os altos preços do petróleo bruto continuam a ser um desafio para a administração Biden, e a redução dos custos continua a ser uma prioridade.

“Queremos que os preços diminuam. O presidente está realmente focado nos impactos em pessoas reais que precisam trabalhar e não podem pagar esse prémio”, destacou Granholm.

Os EUA historicamente defendem preços mais baixos na bomba, em uma tentativa de aliviar a pressão sobre as famílias consumidoras e conter a inflação. Washington pediu repetidamente aos produtores da OPEP+ que apoiassem este esforço, aumentando a sua produção – culminando numa breve guerra de alas com a Arábia Saudita em Outubro do ano passado.

Os EUA enfrentam agora uma inflação mais baixa, com o índice de preços no consumidor a mostrar um aumento homólogo de 3% em Junho.

Energias renováveis

No encontro com a imprensa, Granholm também discutiu a importância da transição para as energias renováveis — um tema-chave na cimeira da energia deste ano.

“A China e os Estados Unidos são os maiores emissores do mundo (…) Seus cidadãos estão sentindo os impactos desses eventos climáticos extremos”, disse Granholm, acrescentando que os EUA estão interessados em “encontrar um oásis” cooperando com a China na implantação de energia limpa.

“Temos de fazer tudo, em todo o lado, tudo ao mesmo tempo. Implante, implante, implante energia limpa. Porque se não o fizermos, o nosso planeta está em chamas, e temos de lidar com isso.”

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Embraer vai construir fábrica de táxis voadores eléctricos perto de São Paulo

A fabricante brasileira de aviões Embraer revela que uma nova fábrica será construída perto de São Paulo para produzir táxis voadores eléctricos que espera levar aos céus a partir de 2026.

A aeronave, a ser feita por sua subsidiária Eve, se assemelhará a um pequeno helicóptero com espaço suficiente para até seis clientes.

Prevê-se que uma viagem custe US$ 50 – 100 dólares (£ 39- 78 libras) por pessoa.

A Eve diz que já tem encomendas para quase 3.000 táxis aéreos.

Espera montar um protótipo este ano. Os reguladores dos EUA divulgaram recentemente um cronograma para que os táxis aéreos voem para lá já em 2025.

A aeronave eléctrica de decolagem e pouso vertical não precisará de uma pista, mas pode viajar longas distâncias como um avião. Os motores eléctricos devem reduzir o ruído e a poluição em comparação com

os aviões padrão.

Foi argumentado que a aeronave poderia ajudar a reduzir o congestionamento do tráfego em cidades lotadas, sem ser muito cara para os clientes. Eles também têm sido vistos como uma alternativa para o transporte de carga.

A fábrica será construída na cidade de Taubaté a cerca de 140 km de São Paulo, capital económica do Brasil.

Os veículos de passageiros semelhantes a drones serão inicialmente usados em frotas de táxis, informou a agência de notícias AFP.

Os primeiros voos terão um piloto, mas um lançamento posterior de veículos autopilotados também está nos planos da empresa.

Os veículos serão 100% eléctricos, permitindo voos livres de emissões.

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Rand estabilizou após pausa nas subidas das taxa de juro

O rand perdeu algum terreno na sexta-feira, com a alta do dólar, mas ainda deve terminar a semana em bases sólidas, depois que a inflação voltou a cair dentro da meta e o banco central interrompeu os aumentos das taxas de juros.

Às 15:40 GMT, o rand era negociado a R17,95 rands em relação ao dólar.

O dólar subia cerca de 0,3% em relação a uma cesta de moedas globais.

“O rand está actualmente sendo negociado abaixo de sua média móvel de 200 dias e parece estar se estabilizando dentro de um intervalo de R17,75 a R18,00 rands”, disse Andre Cilliers, estrategista de moedas do TreasuryONE.

O próximo evento de mercado significativo para o rand deve ser a reunião do Federal Reserve dos EUA na próxima semana, acrescentou.

O South African Reserve Bank (SARB) manteve na quinta-feira, 20 de Julho, sua taxa de juros estável em

8,25%, sua primeira pausa desde Novembro de 2021.

A medida veio na sequência da divulgação dos números da inflação ao consumidor para Junho, que diminuiu para 5,4%, de volta ao intervalo da meta do banco central de 3% a 6%.

O Presidente do banco central, Lesetja Kganyago, disse que a pausa nas taxas de juros não significa o fim do ciclo de alta. Mas analistas do Rand Merchant Bank (RMB) disseram que o mercado não estava precificando novos aumentos.

“Tudo dito (o) rand continua a se sair extremamente bem”, acrescentaram em sua nota de pesquisa.

As acções da Bolsa de Joanesburgo fecharam em baixa, com o índice de referência de todas as acções a cair 0,25% e o índice blue-chip das 40 maiores empresas a perder 0,32%.

O título de dívida pública de referência da África do Sul para 2030 foi mais forte, com o rendimento a cair 2 pontos base para 10,335%

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Preços do trigo disparam após Rússia ameaçar navios

Os preços do trigo subiram acentuadamente nos mercados globais depois de a Rússia avisar que trataria os navios que se dirigiam para portos ucranianos como potenciais alvos militares

Moscovo retirou-se na segunda-feira, 17 de Julho, de um acordo da ONU que garantia uma passagem segura para os carregamentos de cereais que atravessam o Mar Negro.

Enquanto isso, em um aviso semelhante ao da Rússia, a Ucrânia disse que os navios que se dirigem para portos russos ou ocupados no Mar Negro podem ser vistos como transportando carga militar.

Na sequência destes eventos, os preços do trigo na bolsa europeia subiram 8,2% na quarta-feira em relação ao dia anterior, para € 253,75 euros (£ 220 libras; $ 284 dólares) por tonelada, enquanto os preços do milho subiram 5,4%.

Os futuros do trigo dos EUA saltaram 8,5% – sua maior alta diária desde logo após a invasão da Ucrânia pela Rússia em Fevereiro de 2022.

Analistas, informam que os preços nas lojas não aumentarão imediatamente quando os preços de mercado subirem. Mas se a inter-

rupção no fornecimento levar a um período prolongado de preços mais altos, o impacto se fará sentir em todo o mundo nos próximos meses.

O forte aumento no custo dos grãos após o início da guerra no ano passado levou ao aumento dos preços – não apenas para itens alimentícios à base de grãos, mas também para carne e aves, já que os animais são frequentemente alimentados com grãos.

Os países que dependem mais fortemente do abastecimento da Ucrânia serão provavelmente os mais afectados. Antes da guerra, o Líbano recebia quase três quartos dos seus cereais da Ucrânia. O Paquistão, a Líbia e a Etiópia também são muito dependentes.

Antes, o Presidente Vladimir Putin foi citado a afirmar que voltaria ao acordo internacional de grãos imediatamente se suas exigências fossem atendidas. Tais exigências incluem o levantamento das sanções sobre as vendas de cereais e fertilizantes russos e a religação do banco agrícola russo a um sistema de pagamentos global.

s da infra-estrutura de exportação de grãos.

O acordo de cereais do Mar Negro permitiu ao Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas enviar mais de 725 000 toneladas de trigo da Ucrânia para países que enfrentam fome aguda, incluindo a Etiópia, o Iémen e o Afeganistão. Assim, a Ucrânia forneceu mais da metade do grão de trigo do PAM no ano passado.

No entanto, mais da metade do total de grãos embarcados sob o acordo foi milho. Das quase 33 milhões de toneladas exportadas, a maior quantidade foi para a China (8 milhões de toneladas), depois Espanha (6 milhões de toneladas) e Turquia (3,2 milhões de toneladas), segundo dados da ONU.

A Turquia tem moído cereais em farinha para o PAM. O milho é utilizado como biocombustível e ração animal, além do consumo humano.

O analista Charlie Sernatinger, da Marex Capital, disse que a escalada ameaçada pela Rússia poderia “cortar todos os carregamentos de grãos transportados por água do Mar Negro, tanto russos quanto ucranianos”, o que causaria uma situação semelhante à do início da guerra.

Tecnologia
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Tecnologia
28 de Julho 2023 32
Os mercados de petróleo enfrentarão “sérios problemas” à medida que a demanda da China e da Índia aumentar, alerta Secretário-Geral do IEF

Os preços do petróleo devem subir no segundo semestre do ano, à medida que a oferta luta para atender à demanda, de acordo com um funcionário do International Energy Forum;

Joseph McMonigle, Secretário-Geral do International Energy Forum, atribui o impulso nos preços do petróleo a uma demanda crescente da China e da Índia – dois dos maiores consumidores de petróleo logo após os EUA;

McMonigle também falou sobre o mercado de gás natural liquefeito, citando estabilidade no mercado de energia da Europa a um inverno mais quente do que o esperado em 2022.

Os preços do petróleo devem subir no segundo semestre do ano, à medida que a oferta luta para atender à demanda, de acordo com o secretário-geral do International Energy Forum (IEF).

A demanda por petróleo se recuperou rapidamente aos níveis pré-Covid, “mas a oferta está tendo mais dificuldade em se recuperar”, disse Joseph McMonigle, Secretário-geral do International Energy Forum, acrescentando que o único fator que modera os preços agora é o medo de uma recessão iminente.

“Portanto, para o segundo semestre deste ano, vamos ter sérios problemas para manter a oferta e, como resultado, você verá os preços responderem a isso”, disse McMonigle à CNBC à margem de uma reunião de ministros da energia do grupo das 20 principais economias industriais (G20) em Goa, na Índia, no sábado.

McMonigle atribui o impulso nos preços do petróleo ao aumento da demanda da China – o maior importador mundial de petróleo bruto – e da Índia.

“Índia e China juntas representarão 2 milhões de barris por dia de recuperação da demanda no segundo semestre deste ano”, disse o secretário-geral.

Questionado sobre se os preços do petróleo poderiam voltar a subir para os 100 dólares por barril, observou que os preços já estão nos 80 dólares por barril e podem potencialmente subir a partir daqui.

“Vamos ver quedas muito mais acentuadas nos estoques, o que será um sinal para o mercado de que a demanda está definitivamente se recuperando. Então você vai ver os preços responderem a isso”, disse McMonigle.

No entanto, McMonigle está confiante de que a Or-

ganização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados – colectivamente conhecidos como Opep+ –tomarão medidas e aumentarão a oferta, se o mundo eventualmente sucumbir a um “grande desequilíbrio entre oferta e demanda”.

“Eles estão sendo muito cuidadosos sob demanda. Eles querem ver evidências de que a demanda está se recuperando e serão sensíveis às mudanças no mercado.”

Os futuros do petróleo Brent com vencimento em Setembro fecharam pela última vez em US$ 81,07 dólares, por barril no fechamento de sexta-feira, enquanto o petróleo West Texas Intermediate com entrega em Setembro encerrou o pregão em US$ 76,83 dólares.

Não há espaço para complacência

McMonigle também falou sobre o mercado de gás natural liquefeito, creditando a estabilidade no mercado de energia da Europa a um inverno mais quente do que o esperado em 2022.

“O clima foi provavelmente a coisa mais sortuda que aconteceu”, disse ele, mas alertou que “não é apenas este inverno, [mas] os próximos dois invernos” que podem ser rochosos.

Os decisores políticos globais não podem tornar-se complacentes só porque os preços do GNL baixaram e é necessário mais investimento em energias renováveis para garantir que as luzes continuam acesas, disse.

Antes “sussurrada”, a segurança energética tornou-se agora o principal foco de cimeiras como a do G20, assinalou McMonigle.

“Definitivamente, temos de continuar a prosseguir a transição energética e todas as opções têm de estar em cima da mesa”, sublinhou, acrescentando que os preços e a volatilidade nos mercados energéticos têm de ser acompanhados de perto.

“Estou preocupado que, se o público começar a ligar os preços elevados e a volatilidade nos mercados de energia às políticas climáticas ou à transição energética, vamos perder o apoio público”, disse.

“Vamos pedir ao público que faça muitas coisas difíceis e desafiadoras para permitir a transição energética. Temos de os manter a bordo”.

ECONOMIA GLOBAL 33

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