Weekend Edição 21 De Julho 2023

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As reservas internacionais do pais estão em queda desde 2021, mas ainda cobrem 4,3 meses das necessidades estimadas de importações, acima do valor recomenda do, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). “As reservas internacionais brutas cobrem quase 4,3 meses de importações, o que está acima do ‘buffer’ mínimo comummente recomendado, de pelo menos três meses”, refere se num relatório do FMI, divulgado última sexta-feira, 14 de Julho, sobre a aprovação final da revisão ao Programa de Financiamento Ampliado (ECF) para Moçambique. Acrescenta-se que essas reservas internacionais de Moçambique têm “caído desde o início de 2021” e atingiram os 2.900 milhões de dólares no final do ano passado, “cobrindo 4,3 meses de importações projectadas de bens e serviços não relacionados com megaprojectos em 2023”.

O FMI reconhece o impacto dos “altos custos” com a importação de combustíveis nas reservas internacionais de Moçambique, tendo em conta o fornecimento de divisas aos principais importadores de combustíveis. “Ao mesmo tempo, as importações não relacionadas com megaprojectos aumentaram significativamente nos últimos dois anos, diminuindo ainda mais a cobertura de importações das reservas”, aponta-se no documento, a que a Lusa teve acesso.

Em Janeiro, o Banco de Moçambique aumentou o rácio de reservas obrigatórias para depósitos à ordem, es-

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CONJUNTURA INTERNACIONAL
Reservas internacionais caem mas estão acima do recomendado

trangeiros, de 11,5 por cento para 28 por cento, e em Abril reduziu o fornecimento aos importadores de combustível de 100 para 60 por cento, recorda o FMI no seu relatório. O anúncio da aprovação desta revisão ao ECF pelo FMI foi feito em 6 de Julho, garantindo então um desembolso de 60,6 milhões de dólares a Moçambique, confirmado há dias no relatório da instituição.

Na nota que acompanhou o anúncio da segunda revisão do programa aprovada em Maio de 2022, e que eleva o valor total já recebido por Moçambique para 212,09 milhões de dólares, num total de 456 milhões de dólares, o FMI diz que permitiu a não observação de dois critérios: o saldo orçamental primário no final do ano passado e a acumulação de dívidas externas pelo sector público.

Nas previsões macroeconómicas para este ano, o FMI prevê uma aceleração do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de Moçambique, de 4,2 por cento em 2022 para 7 por cento este ano, antecipando que no final do ano a inflação tenha descido de 10,3 por cento para 6,7 por cento, o mesmo que em 2021, mas ainda assim quase o dobro dos dois anos anteriores. O rácio da divida em função do PIB deverá manter a trajectória descendente e chegar ao final deste ano nos 89,7 por cento, melhorando face aos 95,5 por cento do PIB registados no ano passado.

3 CONJUNTURA INTERNACIONAL

BVM expõe oportunidades para empresas de transporte e logística

Das 13 empresas cotadas na BVM nenhuma delas é do sector de transporte e logística. A BVM quer corrigir essa situação. Mesmo porque trata-se de um sector com um enorme potencial e tem estado a exibir, nos últimos anos, um dinamismo assinalável “.

Presidente da BVM, Salim Valá

CONJUNTURA
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“Temos estado muito focados nas infra-estruturas físicas, e é justo que assim seja, mas não deixemos de encarar a relevância das infra-estruturas institucionais.”, disse o Presidente da BVM, Salim Valá num encontro com empresários do ramo logístico e transportes, no Painel sobre “Transporte versus Desenvolvimento Económico”, durante o Fórum de Negócios Promovido pela Câmara do Comércio de Moçambique e a CIT, em Maputo, realizado no dia 14 de Julho de 2023.

Vários estudos independentes e da própria BVM, revelam que muitas empresas não usam o Mercado de Capitais para se financiar porque tem debilidades institucionais, nomeadamente em matéria de governação, gestão, contas auditadas, transparência e abertura do escrutínio público e ética nos negócios.

“Estamos disponíveis para trabalhar com as empresas do sector para passarem a usar esta alternativa de financiamento mais barata, sobretudo para projectos que exigem volume de recursos elevados e numa perspectiva de médio e longo prazo.” Disse Valá

Acrescentou: “Trabalhar com a BVM não é um processo longo, moroso e oneroso. Temos de desmistificar a visão de que a Bolsa de Valores é um ‘bicho de sete cabeças’! Sigamos o exemplo da METROBUS, que já manifestou a intenção de listar-se na BVM.”

‘O Terceiro Mercado de Bolsa, lançado em Novembro de 2019, é um Mercado de incubação que permite que as empresas possam cotar-se e num período de 2-3 anos possam ter contas auditadas e proceder à dispersão acionista.

A BVM afirma que as empresas da área de transporte podem aproveitar essa janela de oportunidade existente, como o fizeram já 4 empresas cotadas neste Mercado

”A BVM pode financiar as empresas viáveis da área de transporte e logística, e no processo de responder aos requisitos de admissão as empresas reforçam a sua governação, gestão e ampliam a sua visibilidade e atractividade perante os Investidores e o Mercado.” Disse Salim Valá dirigindo-se particularmente aos empresários e investidores do ramo logístico e de transporte

CONJUNTURA
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Na última sexta-feira, 14 de Julho, em Maputo, foi apresentada a “Plataforma de Empregabilidade de Moçambique”, que visa o desenvolvimento de competências essenciais de empregabilidade necessárias para os jovens obterem emprego e progredirem nas suas carreiras profissionais.

Concebida pela Field Ready Moçambique, com o apoio do Standard Bank, entre outros parceiros, a plataforma foi oficialmente lançada, no decurso da conferência “Generation Ready”, que reuniu líderes empresariais, funcionários do Governo, especialistas em educação e jovens, para o aprimoramento de ideias.

Plataforma vai garantir a formação de um total de 2500 jovens
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Director de Pessoas e Cultura do Standard Bank, Guerra Mandlate

Integrado no painel subordinado ao tema “Plataforma de Empregabilidade: Criar Acesso Gratuito ao Treinamento e Recursos de Empregabilidade em Moçambique”, Guerra Mandlate, Director de Pessoas e Cultura do Standard Bank, referiu que a participação do banco na plataforma incidiu sobre duas vertentes.

“Primeiro, realizámos um financiamento directo ao desenvolvimento da plataforma, ao abrigo do memorando de entendimento entre o banco e Field Ready. Segundo, apoiámos a produção de conteúdos sobre a literacia financeira, que serão disponibilizados nesta ferramenta”, explicou Guerra Mandlate.

Trata-se, conforme enfatizou, de viabilizar economicamente a plataforma, uma vez que a disponibilização de cursos nesta ferramenta de formação tornou-se gratuita devido ao suporte de parceiros como o Standard Bank, o que vai garantir a formação de um total de 2500 jovens, dentro dos próximos dois a três anos.

Na opinião de Guerra Mandlate, a iniciativa da Field Ready, neste caso concreto, está alinhada aos valores que o banco também apregoa: “É uma forma de devolver às comunidades tudo aquilo que nos deram ao longo dos mais de 120 anos de implantação da instituição em Moçambique˝.

O Standard Bank, segundo frisou, tem realizado várias iniciativas conducentes à empregabilidade dos jovens, no País: “Um dos exemplos clarividentes, é o Programa de Desenvolvimento de Graduados, implementado pelo banco desde 2007, tendo já colocado no mercado de trabalho mais de 200 profissionais, dos quais 87% foram absorvidos pelo banco.

Intervindo ainda no mesmo painel, Gilberto Botas, presidente da Field Ready Moçambique, disse que, neste momento, a Plataforma de Empregabilidade de Moçambique conta com cerca de 3.500 jovens inscritos, que pretendem beneficiar da formação.

“É uma ferramenta que já está à disposição: Gentilmente financiada pelo Standard Bank, a plataforma vai permitir aos jovens, que procuram por uma oportunidade para se formarem, aceder aos vários cursos que existem nesta. É mais uma oportunidade que o Governo está a dar aos jovens que, por algum motivo, não conseguiram emprego logo após a sua formação, mas que agora podem fazer um curso e aumentar o grau de sua empregabilidade”, finalizou Gilberto Botas.

DESTAQUE 7

Banco mundial

alocou cerca de US$ 7,1 mil milhões à Moçambique nos últimos 10 anos

O Grupo Banco Mundial aprovou cerca de 7,1 mil milhões de dólares norte-americanos em projectos de desenvolvimento em Moçambique na última década, de acordo com Director Interino do Banco Mundial em Moçambique, Elvis Langa, em declarações à AIM.

Conforme avança à Agência de Informação de Moçambique – AIM, os investimentos foram realizados nos sectores cruciais da economia moçambicana, particularmente produção de energia, construção de infra-estruturas, agricultura, finanças públicas, desenvolvimento municipal e resiliência às mudanças climáticas. Este último reveste-se de uma importância particular pela ocorrência de eventos extremos com uma maior frequência e intensidade.

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Por isso, como desafios, ao longo da última década de intervenção no País, o Banco Mundial aponta o impacto adverso dos choques associados as alterações climáticas que impactaram negativamente a implementação dos referidos projectos.

“O total dos projectos aprovados nos últimos 10 anos é de 7,1 mil milhões de dólares norte-americanos. Os projectos ocorrem nas áreas de energia, estradas, agricultura, educação, entre outras”, disse Langa, a margem da apresentação do Relatório de Avaliação do Programa do Banco Mundial em Moçambique.

Sobre a avaliação, um documento que analisa a importância da assistência do Grupo Banco Mundial em Moçambique face aos desafios que o país enfrenta, onde são apontados desafios ligados a fraca coordenação de prioridades internas com vista a melhorar a qualidade da intervenção, a ausência de diagnóstico de base para conduzir as reformas prioritárias, bem como a corrupção e a influência das elites no Estado, Langa entende tratar-se de um documento que vai ajudar a melhorar os procedimentos.

Segundo a fonte, o documento constitui um mecanismo de olhar o país por dentro, tendo em conta que a actuação do Banco Mundial é sempre em coordenação com o Governo, bem como compreender da melhor forma o impacto das intervenções do Banco, reconhecendo que, parte das recomendações apontadas pela avaliação já estão a ser cumpridas no quadro da parceria como o governo para o período 2023-2027.

Reagindo as recomendações do relatório, o Vice-Ministro da Economia e Finanças, Amílcar Tivane, reconheceu o mérito do documento, mas aponta a necessidade de uma reflexão sobre a arquitectura da concepção dos programas do Banco Mundial, como forma de calibrar a sua intervenção para optimizar os recursos colocados a disposição do país.

“Achamos que há problema aqui do desenho dos programas. Temos que repensar toda a arquitectura por detrás da concepção desses programas para Moçambique”, disse o Vice-ministro.

Sobre as vulnerabilidades em relação aos choques climáticos, apontados igualmente como um pilar das recomendações, o governo reconhece que nos últimos 10 anos, a intervenção do Banco de Mundial teve uma contribuição significativa no fortalecimento da arquitectura institucional.

Sobre o sector agrário, o Governo também entende que a intervenção do Banco está aquém das expectativas. Por isso, exorta aquela instituição multilateral de crédito para procurar compreender os factores por detrás de grandes investimentos e, paradoxalmente, obter resultados baixos.

“São lições importantes para calibrarmos a assistência do Banco Mundial nos próximos tempos”, disse a fonte.

Refira-se que, o Banco Mundial voltou a destacar o impacto negativo das dívidas ocultas na economia, recordando que no período que antecedeu o escândalo, Moçambique fazia parte de um grupo restrito que registava um crescimento anual de oito por cento.

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Standard Bank readmitido ao Mercado

Cambial Interbancário

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O Banco de Moçambique anunciou esta sexta-feira, 21/07, a readmissão do Standard Bank Moçambique, SA ao Mercado Cambial Interbancário, com efeitos a partir de 24 de Julho de 2023, estando a instituição autorizada a realizar todas as operações legalmente permitidas, nos termos do Aviso n.º 7/GBM/2021, de 22 de Dezembro, que aprova o Regulamento do Mercado Cambial Interbancário, de acordo com o comunicado.

O Banco de Mocambique justifica a decisão com o “facto de o Standard Bank Moçambique, SA ter adoptado significativas medidas correctivas que visam adequar a sua actuação às normas e práticas vigentes.”

O Banco de Moçambique (BdM), “surpreendeu meio mundo”, quando em 2021, comunicou às instituições que participam do Mercado Cambial Interbancário, da interdição, com efeitos imediatos, da participação do Standard Bank de “todas as actividades” do mercado cambial. Dois anos depois o Standard Bank regressa em pleno ao mercado financeiro nacional.

Contactado pelo O.Económico para reagir a decisão, fonte do Banco disse que a “própria instituição ainda está a digerir a informação e que não tinha comentários por enquanto”.

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A estratégia que a Aliança para a Revolução Verde em África – AGRA lança esta terça-feira, 18/07, versa sobre o financiamento ao sector agrícola e centrada nos pequenos produtores, procurando apoiar toda a cadeia da agricultura desde a produção até ao consumo, perspectiva tanto da transformação do sector agrário, como também dos sistemas alimentares do País.

A estratégia de financiamento à agricultura da AGRA, presente em Moçambique desde 2006, é o terceiro ciclo de investimentos no País. No primeiro ciclo de investimentos i basicamente consistiu na criação de capacidades de pesquisa e desenvolvimento na área da agricultura.

Paulo Mole, Director Geral da AGRA Moçambique, revelou que no primeiro ciclo foram investidos cerca de 25 milhões de dólares e foram formados 60 cientistas. Em m 2017, entrou em vigor o segundo ciclo de investimentos com cerca de 18 milhões de dólares, e visou o melhoramento de sistemas de criação de pequenas e médias empresas no meio rural, que se dedicam basicamente à distribuição de sementes, mas também a agregação da produção dos produtores com ligação de mercado.

Paulo Mole adianta que neste terceiro ciclo de investimentos o enfoque é apoiar os esforços do Governo na revitalização da economia rural, com criação de capacidade dos actores micro, pequenas e médias empresas envolvidas, devendo alcançar cerca de 2000 famílias.

Agra Moçambique lança nova estratégia de financiamento para o sector agrícola em Moçambique
AGRICULTURA 21 de Julho 2023 12

Moçambique passará a contar com uma indústria de produção e processamento de magnetite, um minério de capital importância, para as indústrias de carvão mineral, ferro e aço.

Segundo a Rádio Moçambique que avança com a informação, não identificando os investidores e o custo do empreendimento, para o efeito, foi lançada na última sexta-feira, 14/07, a primeira pedra para a operacionalização do projecto de construção da fábrica de magnetite, na província de Tete,

O Governador de Tete, Domingos Viola, é citado a explicar a importância do empreendimento para a província e para o país em geral, sem contudo avançar a partir de quando o empreendimento começará as suas operações

“O produto final, que vai ser fabricado aqui, é usado para a lavagem do carvão e todos sabem que como província de Tete, somos ricos neste mineral. Temos carvão que está a ser explorado em Moatize, em Marara mas também temos outros jazigos ainda não explorados, significa que o produto final desta fábrica, vai garantir que o processamento deste mineral que temos, seja de qualidade e possa ser vendido no mundo” disse

O empreendimento a ser construído no povoado de Catipo, no distrito de Moatize na província de Tete, tem uma capacidade de produzir setenta e cinco mil toneladas deste mineral por ano.

vai produzir e processar magnetite ENERGIA E MINERAÇÃO 13
Moçambique

Moçambique

As projecções de produção de ouro nos pais, para este ano, apontam para tonelada e meia a duas que, a concretizar se, será um recorde, tendo cm conta as estatísticas deste mineral nos últimos tempos.

O optimismo deriva do facto de a mineração de ouro estar a registar uma tendência crescente, ao passar de 800 quilogramas em 2021 para 1260 quilogramas no ano passado.

Fonte da Unidade de Gestão do Processo Kimberley, citado pelo “Noticias”, explicou que o crescimento da produção resulta do fortalecimento das medidas de controlo da actividade, incluindo o rastreio da produção dos metais preciosos, diamantes e gemas.

Segundo o diário, depois do rastreio, que abrange todas as zonas de extracção e que incluí empresas formais e operadores artesanais, as autoridades pretendem, agora, registar toda a produção, quem compra e para onde o produto é levado.

Sabe-se que no quadro do fortalecimento das medidas de controlo e rastreio da produção de diamantes, metais preciosos e gemas, em 2021 a Unidade de Gestão do Processo Kimberley lançou um pro grama de selagem obrigatória para a exportação destes minerais.

Com a medida, toda a exportação passou a ser controlada através de brigadas técnicas multissectoriais, que envolvem técnicos da Unidade de Gestão do Processo

Kimberley, do Ministério dos Recursos Minerais e Energia, Autoridade Tributária de Moçambique e Polícia de Protecção dos Recursos Naturais.

Além da fiscalização, as brigadas também têm a missão de fazer a avaliação e a selagem desses produtos, o que permite que sejam pagos os impostos e taxas que ante cedem a exportação.

Depois da exportação, para o caso do ouro, os valores todos devem voltar via banca comercial ou Banco de Moçambique, para se confirmar o preço final da venda e garantir o pagamento das diferenças, se for o caso disso. O mesmo acontece para as gemas, que são avaliadas por essas brigadas técnicas multissectoriais, que depois fazem a selagem.

Conforme explicações dadas ao “Notícias”, estas medidas visam certificar se o produto teve o imposto pago, corresponde, de facto, ao valor da mercadoria exportada.

É por isso que o pagamento do imposto é feito antes e é feita a correcção depois da venda do produto, como for ma de assegurar a justiça tributária.

pode exportar duas toneladas de ouro este ano
EXPORTAÇÕES 21 de Julho 2023 14

• Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis. Esse é o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável, ODS, 11.

Ao lançar seu relatório, na semana passada, a agência especializada da ONU disse que para chegar alcançar a meta 2030, o mundo precisará de intervenções políticas ousadas e decisivas. Até 2050, cerca de 70% da população mundial viverá em cidades.

No relatório “Resgatando o ODS11 para um planeta urbano resiliente”, o Programa da ONU para os Assentamentos Humanos, ONU-Habitat, afirma que a urbanização é agora central para determinar a qualidade de vida das pessoas.

Em todo o mundo, 2,8 bilhões de pessoas experimentam algum tipo de inadequação habitacional. Segundo o relatório, nos últimos 20 anos, mais de165 milhões de habitantes passaram a viver em favelas, chegando a um total de 1,1 bilhão em 2020.

Dos 10 países que reportaram aumento na proporção de população urbana em favelas, mais da metade estava passando ou saindo de conflitos.

Oito metas longe de serem alcançadas

O levantamento do ONU-Habitat revela que dentre as 10 metas do ODS 11, apenas duas estão na faixa de 50% a 75% de progresso alcançado.

São elas: reduzir o impacto ambiental das cidades por meio da qualidade do ar e da gestão de resíduos e fornecer acesso a espaços públicos verdes nas cidades.

Os outros indicadores são identificados como “longe da meta”, com progresso variando de 25% a 50%.

Dentre eles estão: moradia segura e acessível, transporte sustentável, urbanização inclusiva, proteção do patrimônio cultural e natural, mitigação de desastres naturais, planejamento nacional e regional, gestão de riscos e apoio a outras nações menos desenvolvidas.

CLIMA E MEIO AMBIENTE
Cálculos actuais da ONU revelam que 80% das metas estão longe de ser alcançadas; Estudo do ONU-Habitat destaca preocupação com habitação
metas de habitação até 2030 21 de Julho 2023 16
Sem decisões ousadas, mundo não cumprirá

Bancos centrais africanos vão manter taxas de juro mais restritivas por mais tempo

• Bancos centrais de oito economias decidem sobre política monetária;

• Os bancos serão avessos a reduzir as taxas de juro devido a uma inflação persistente.

Depois de agirem agressivamente durante mais de um ano, as autoridades da Nigéria e da África do Sul podem aumentar os custos dos empréstimos, enquanto as do Quénia e de Moçambique deverão manter.

Os bancos centrais africanos, que deverão decidir sobre as taxas de juro nas próximas três semanas, deverão manter a política monetária mais restritiva por mais tempo para moderar a inflação persistente.

Depois de agirem agressivamente durante mais de um ano, as autoridades da Nigéria e da África do Sul podem aumentar os custos dos empréstimos, enquanto as do Quénia e de Moçambique deverão ficar de pé. Gana era visto como um jogo entre caminhada e retenção.

As deliberações dos comités de política monetária provavelmente se concentrarão no impacto que os preços mais altos do petróleo, os efeitos climáticos e a recente fraqueza do dólar terão sobre a inflação. A moeda norte-americana caiu depois que sinais de arrefecimento da inflação reforçaram as apostas de que

o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) interromperá em breve sua própria campanha de aperto monetário muscular.

Um dólar mais fraco poderia aliviar a pressão sobre as moedas africanas, tornando as contas de importação e alguns reembolsos da dívida internacional menos onerosos.

África do Sul, 20 de Julho

• Taxa de recompra: 8.25%;

• Taxa de inflação: 6.3% (Maio);

• Meta de inflação: 3% – 6%.

As autoridades sul-africanas, que se aproximam do fim de sua fase mais acentuada de aperto monetário desde 2006, provavelmente aumentarão a referência para uma 11ª reunião consecutiva para ancorar as expectativas de inflação perto do ponto médio de 4,5% do intervalo da meta.

As expectativas de inflação aumentaram no segundo trimestre e ficaram acima das previsões de crescimento médio de preços do South African Reserve Bank’s

ÁFRICA
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de 6,2% para este ano, 5,1% para o próximo e 4,5% em 2025.

Uma subida das taxas pode não ser estritamente necessária devido a um rand mais forte, ao alívio da inflação e a uma desaceleração significativa dos preços administrados desde que o banco central se reuniu pela última vez em Maio. Mas vários factores podem persuadir a governadora Lesetja Kganyago e seus colegas a entregar um aumento final de 25 pontos-base, disse o economista Michael Kafe, do Barclays Bank, em nota.

Incluem expectativas de inflação mais elevadas e o aumento dos preços do petróleo. Outra influência é o spread historicamente apertado entre a taxa de recompra da África do Sul e a taxa dos Fed Funds dos EUA, em um momento em que a conta corrente do país está em déficit, disse ele.

Dos 27 economistas inquiridos pela Bloomberg, uma clara maioria prevê um aumento trimestral, com os restantes a não esperarem alterações. Os preços de mercado mostram que os comerciantes estão apostando em uma chance de 44% de tal aumento.

Essuatíni e Lesoto, cujas moedas estão indexadas ao rand da África do Sul, podem igualar o movimento do Banco de Reserva até o final do mês.

Gana, 24 de Julho

• Taxa política: 29,5%;

• Taxa de inflação: 42.5% (Junho);

• Meta de inflação: 8% +/- 2 pontos percentuais (ppts).

Depois de, em Maio, insistir nas expectativas de que um cedi estável e a adesão às condições de um resgate de US$ 3 mil milhões de dólares do Fundo Monetário Internacional (FMI) conquistado naquele mês ajudariam a conter a inflação, as opiniões estavam divididas sobre se o Comité de Política Monetária (CPMO) de Gana retomaria o aperto monetário.

Os economistas em uma pesquisa da Bloomberg estavam divididos dois contra dois entre uma alta e uma suspensão, com aqueles que esperavam acção vendo pressões de preços forçando a mão do banco central.

Economistas do Absa Bank, no entanto, disseram que, apesar do risco de alta, estão mantendo sua visão de que não haverá mudança na política.

A directora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva,

disse em um comunicado quando o resgate foi selado que “o Banco de Gana continuará apertando a política monetária até que a inflação esteja em uma trajectória de declínio firme”.

Nigéria, 25 de Julho

• Taxa política: 18,5%;

• Taxa de inflação: 22.8% (Junho);

• Meta de inflação: 6%-9%.

Os formuladores de juros da Nigéria, em sua primeira reunião a ser presidida por Folashodun Shonubi, que atua como governador desde que Godwin Emefiele foi suspenso no mês passado, estão prontos para estender sua fase mais longa de aperto monetário para domar a inflação.

Os recentes gatilhos de preços da remoção de subsídios caros aos combustíveis, a pressão cambial da unificação da taxa de câmbio e um possível aumento nas tarifas de electricidade provavelmente manterão a inflação elevada perto de máximas de 18 anos, disseram analistas da CSL Stockbrokers Ltd., incluindo Gloria Fadipe e Sunmisola Ikoli-Oluwo em nota.

“Não acreditamos que as autoridades monetárias estejam dispostas a aumentar a taxa de política monetária muito mais do que os níveis actuais, dado o viés percebido pelo novo governo para taxas de juros baixas”, escreveram os analistas. “Para o segundo semestre, prevemos, no máximo, um aumento de 150 pontos-base nas taxas até o final do ano.”

Moçambique, 26 de Julho

• Taxa interbancária MIMO: 17,25%;

• Taxa de inflação: 6.8% (Junho).

É provável que a autoridade monetária de Moçambique mantenha os seus custos de empréstimos inalterados durante o resto do ano, devido a preocupações de que a taxa de inflação, que caiu para um mínimo de 15 meses em Junho, possa gradualmente voltar a aumentar assim que um projecto de gás de 20 mil milhões de dólares da TotalEnergies SE esteja de volta a funcionar, disse Gerrit van Rooyen, economista da Oxford Economics Africa.

O projecto – adiado desde 2021 por causa de uma insurgência ligada ao Estado Islâmico – pode ser reiniciado no início do próximo ano, fazendo com que a moeda local enfraqueça por causa das importações necessárias para construí-lo, disse ele.

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Egipto, 3 de agosto

• Taxa de depósito: 18.25%;

• Taxa de inflação: 35.7% (Junho);

• Meta de inflação: 7% +/- 2 ppts. Um aumento da inflação egípcia para um recorde em Junho tornou as discussões sobre um aumento de juros mais prováveis quando as autoridades se reunirem no próximo mês. Mas são as perspectivas para a moeda do Egipto que provavelmente ditarão o momento de retomar um ciclo de aperto monetário que está em pausa desde um grande aumento de juros em Março.

Depois de anunciar recentemente vendas de activos estatais no valor de US$ 1,9 mil milhões de dólares e planos para desbloquear mais financiamento do exterior, as autoridades podem finalmente estar no caminho certo para garantir o dinheiro de que precisam para gerenciar outra desvalorização – uma decisão que provavelmente será acompanhada por uma decisão de elevar as taxas.

O banco central do Egipto já permitiu que a libra perdesse metade do seu valor após três desvalorizações, enquanto aumentou as taxas em 10 pontos percentuais desde Março de 2022. No início deste ano, o governador Hassan Abdalla indicou que taxas mais altas agora podem fazer pouco para conter o crescimento dos preços, que ele descreveu como alimentado principalmente por problemas de oferta.

“Apesar de manter as taxas em espera nos últimos dois meses, ainda esperamos mais 300 pontos-base de aperto no segundo semestre, já que as pressões inflacionárias permanecem desconfortavelmente altas”, disseram analistas do Deutsche Bank AG, incluindo Christian Wietoska, em relatório de Julho.

Quénia, 9 de agosto

• Taxa do banco central: 10,5%;

• Taxa de inflação: 7.9% (Junho);

• Meta de inflação: 5% +/- 2,5 pontos percentuais (ppts).

O Comité de Política Monetária (CPMO) do Quénia provavelmente deixará a taxa de referência inalterada depois de elevá-la em 100 pontos-base em uma reunião surpresa no mês passado para avaliar o impacto dos impostos planejados na inflação, disse Churchill Ogutu, economista do IC Group.

Os impostos que deveriam começar em 1º de Julho para financiar o orçamento do governo para 2023-24 foram congelados até que um tribunal decida sobre sua legalidade e podem impedir que a inflação volte ao intervalo da meta do banco central até Outubro, como previsto por seu novo governador, Kamau Thugge.

“Eles estarão atentos para ver o que os tribunais dizem sobre os impostos e os potenciais efeitos de segundo turno que podem ser filtrados”, disse Ogutu.

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Ruanda é o primeiro destino de exportação de 40.000 toneladas de milho; Pedidos do grão recebidos da RDC, diz ministro.

O Zimbabwe planeia vender 40.000 toneladas de milho para Ruanda, assinalando as primeiras exportações do cereal desde 2001.

O Governo aprovou a venda após um excedente das colheitas anteriores, disse o Ministro da Agricultura Anxious Masuka. O Zimbabwe teve a sua maior colheita de milho em mais de três décadas de 2,8 milhões de toneladas em 2020-21, enquanto a produção do ano passado foi de 2,2 milhões de toneladas.

“Também recebemos um pedido da República Democrática do Congo para exportação de milho e, cumulativamente, recebemos pedidos de 350.000 toneladas métricas”, disse ele em uma publicação no Twitter compartilhada pelo Secretário de Informação, Nick Mangwana. “Estamos considerando nossas opções de perto para que possamos reter grãos suficientes para nosso próprio uso.”

O Conselho de Comercialização de Grãos estatal supervisionará as exportações. O País tem stock adequado para as próximas duas temporadas, segundo Secretário de Informação, Nick Mangwana em um comunicado.

O Zimbabwe tem sofrido uma escassez intermitente

de alimentos desde que o Governo iniciou apreensões de terras em 2000. O despejo de cerca de 4.500 ex-agricultores brancos levou a uma queda na produção agrícola, forçando o País a depender das importações de milho, principalmente da vizinha África do Sul.

O Zimbabwe exportou milho pela última vez há mais de duas décadas, enviando 100.000 toneladas para vários países africanos, incluindo Moçambique, Botswana, Zâmbia e Quénia, de acordo com Wandile Sihlobo, economista-chefe da Câmara de Negócios Agrícolas da África do Sul.

“A declaração do gabinete é surpreendente”, disse Sihlobo. “Pensamos que o Zimbabwe será um importador líquido este ano, pois esperamos que as colheitas diminuam para 1,4 milhão de toneladas métricas de milho devido às condições climáticas desfavoráveis no início da temporada.”

O consumo de milho de Ruanda é de 500.000 toneladas de milho por ano, com importações de quase 120.000 toneladas, de acordo com Sihlobo.

em
Zimbabwe planeia primeiras exportações de milho
22 anos após registar excedente
ÁFRICA 21 de Julho 2023 20

Um grupo de 24 jovens empreendedores da Matola-Gare, na província de Maputo, concluiu hoje uma capacitação empresarial promovida pela Coca-Cola Sabco (Moçambique) SA (CCSM), uma subsidiária da Coca-Cola Beverages Africa (CCBA). Com a graduação desses 24 jovens, a CCSM completa um total de 64 graduados nas cidades de Nampula, Chimoio e Matola.

Durante dois dias de formação intensiva, ministrada pela AIESEC – uma associação internacional de Estudantes de Economia e Ciências Comerciais, os jovens empreendedores adquiriram conhecimentos essenciais para criar e desenvolver seus próprios negócios, além de aprimorar suas habilidades empresariais. As áreas abordadas incluíram vendas, planeamento, orçamento e módulo de negócios, visando capacitar os jovens com as ferramentas necessárias para obter sucesso no mercado de trabalho.

Na cerimónia de graduação, cada um dos 24 formandos recebeu um kit de trabalho contendo Coleman, sombrinhas, refrigerantes e água Bonaqua, fornecidos pela Coca-Cola Sabco Moçambique. Esta iniciativa reafirma o forte compromisso da empresa em apoiar as comunidades moçambicanas e proporcionar oportunidades de crescimento e desenvolvimento inclusivo.

Sabco Moçambique capacita jovens empreendedores na Matola-Gare STARTUPS 21
Coca-Cola

A Directora de Relações Públicas Comunicação e Sustentabilidade da CCSM, Neyde Pires, referiu que o sucesso deste projecto encoraja a empresa a prosseguir com iniciativas de capacitação juvenil, levando o projecto a mais províncias do país. “Estamos verdadeiramente empenhados em criar melhores oportunidades de negócio para as comunidades que servimos em toda nossa cadeia de valor. Quando fazemos crescer o nosso negócio de forma sustentável, ajudamos a impulsionar o crescimento económico e a refrescar Moçambique todos os dias e construir um futuro melhor para todos”.

“Compreendemos que o nosso negócio só pode prosperar quando as comunidades que servimos também prosperam. Investir nas comunidades assegura a sustentabilidade do nosso negócio. Acima de tudo, somos todos Moçambicanos e fazemos parte das nossas comunidades”, afirmou Neyde Pires.

Calisto Cossa, Presidente do Conselho Municipal da Matola-Gare, enalteceu o empenho da CCSM em apoiar o desenvolvimento local, referindo que “esta iniciativa da CCSM em formar jovens empreendedores é um exemplo claro de como a colaboração entre o sector privado e as comunidades pode impulsionar o crescimento económico e proporcionar oportunidades de trabalho, contribuindo para um futuro próspero”.

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Directora de Relações Públicas Comunicação e Sustentabilidade da CCSM, Neyde Pires

A Coca-Cola Sabco Moçambique continua empenhada em fortalecer o empreendedorismo e a empregabilidade em todo o país. Os programas melhoram as competências, requalificam ou oferecem outras oportunidades aos jovens de aumentarem as perspectivas de encontrar um emprego sustentável. O sucesso dos programas é definido pela medida em que existe um aumento no rendimento, desbloqueio do potencial de ganho sustentável, melhoria das competências e dos conhecimentos empresariais dos grupos-alvo, resultando no acesso a oportunidades.

A CCSM possui diversos programas de empoderamento de jovens, como o Programa de Graduados, que existe há mais de 20 anos. Onde 20 jovens passaram pelo programa no ano passado e para o presente ano, prevê-se a participação de 24 jovens a nível nacional. Com um contrato de um ano, para além do aprendizado laboral os jovens devem desenvolver projectos de acordo com as necessidades de cada função, seja na resolução de problemas operacionais ou no desenvolvimento de aplicativos personalizados. Internamente, a empresa já investiu mais de 19.000 horas em formação para colaboradores.

A empresa também possui o programa VEM – Valorização e Empoderamento da Mulher, que no ano passado capacitou 3034 mulheres e actualmente 98 mulheres estão em processo de formação. Essas mulheres têm a responsabilidade de formar membros da comunidade e a sua graduação está prevista para Agosto.

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Check

• Conheça as quatro utilizações “favoritas” da IA pelos cibercriminosos

1. De acordo com a Check Point Software, foi relatado que alguns cibercriminosos utilizam a Inteligência Artificial para treinar os seus membros não experientes para realizar atividades maliciosas, melhorar e depurar malware e até automatizar os seus ataques.

2. Um inquérito recente da McKinsey indicou que 50% das empresas adotaram IA em pelo menos uma área de negócio.

Desde que se começou a ouvir falar de Inteligência Artificial foi possível contar algumas conquistas desta tecnologia, que beneficia tanto a cibersegurança como as tarefas quotidianas. A Check Point® Software Technologies Ltd. (NASDAQ: CHKP), fornecedor líder em cibersegurança a nível mundial, pretende sensibilizar para as utilizações atuais e futuras da Inteligência Artificial e para a necessidade da segurança como foco principal para um desenvolvimento produtivo.

De facto, de acordo com um inquérito da McKinsey Global sobre inteligência artificial realizado em 2022, em 2017, 20% dos inquiridos declararam ter adotado a IA em, pelo menos, uma área de negócio, enquanto há um ano, esse número era de 50%. Espera-se que este crescimento continue, uma vez que as organizações perceberam o valor da IA para os seus negócios – de acordo com um inquérito da Forbes Advisor, mais de 60% dos gestores de empresas acreditam que a IA irá aumentar a produtividade. Especificamente, 64% afirmaram que a IA melhoraria a produtividade das empresas e 42% acreditam que simplificará os processos de trabalho, denotando um amplo mercado de aceitação para a utilização da IA no espaço empresarial.

O ChatGPT, uma plataforma de IA da OpenAI, tornou-se um parceiro de lançamento da IA, uma vez que tem sido o veículo para apresentar aos utilizadores de todo o mundo um novo cenário de oportunidades – desde a escrita de trabalhos e notas para estudantes, emails de negócios, resoluções científicas e médicas, até, infelizmente, às novas atividades dos cibercriminosos. Estas ferramentas oferecem-lhes vantagens essenciais, tais como:

1. Não são necessárias habilitações nem experiência: uma das maiores vantagens que a IA trouxe aos cibercriminosos é a sua facilidade de utilização, que permite que mais utilizadores realizem atividades maliciosas, incluindo potenciais cibercriminosos que podem não ter tido as competências necessárias para começar. Nos últimos meses, surgiram novos pequenos grupos de cibercriminosos capazes de realizar ciberataques

Point: Poderá a Inteligência Artificial aprender a distinguir entre o certo e o errado?
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mais sofisticados graças às opções que encontraram nesta nova tecnologia.

2. Melhorar os ciberataques: o facto de estar disponível num modelo de acesso livre e ilimitado, faz com que os atacantes aproveitem a rapidez e a precisão desta ferramenta para criar códigos maliciosos e ciberataques, assim como campanhas de phishing. Estas ferramentas de IA podem gerar conteúdos praticamente idênticos ou muito difíceis de detetar. Além disso, os modelos de aprendizagem autónoma destas ferramentas permitem-lhes não só responder a perguntas, mas também criar todo o tipo de conteúdos (imagens, vídeos ou mesmo áudios). Infelizmente, este facto levou à utilização indevida dos chamados Deepfakes, imitações hiper-realistas utilizadas para espalhar desinformação, com casos bem conhecidos de líderes de países falsificados como Barrack Obama, Joe Biden, Voldymyr Zelensky e até Vladimir Putin.

3. A introdução de ciberataques automatizados: Esta tecnologia levou a um aumento significativo da utilização de bots e sistemas automatizados para efetuar ataques online, permitindo que os cibercriminosos sejam mais bem-sucedidos. Isto demonstra-se pelo aumento dos ciberataques a nível mundial, que foi de 38% em relação ao ano passado. Além disso, os cibercriminosos podem utilizar botnets alimentados por IA para lançar ataques DDoS maciços para sobrecarregar os servidores dos seus alvos e interromper os seus serviços.

4. Ferramentas de inteligência artificial clonadas: Apesar da resposta rápida dos programadores, que estão a atualizar os bugs na linguagem, os cibercriminosos encontraram formas rápidas de contornar as restrições. No início deste ano, a equipa de investigação da Check Point Software relatou como os cibercriminosos já estavam a distribuir e a vender as suas próprias APIs ChatGPT modificadas na Dark Web. O recente lançamento do ChatGPT4.0 veio com a identificação de uma nova campanha para roubar e vender contas premium, concedendo acesso total e ilimitado às novas funcionalidades da ferramenta.

A necessidade de regulamentar a aprendizagem da Inteligência Artificial

Embora a IA seja, sem dúvida, o futuro, uma regulamentação mais alargada é exigida por especialistas, incluindo Elon Musk, um dos co-fundadores da própria OpenAI, que criaram uma petição pública através da qual procuram parar temporariamente o desenvolvimento destas ferramentas até que seja assegurada a formação ética, enquanto organismos internacionais, como a União Europeia, já estão a desenvolver as suas próprias leis de IA com propostas que enfatizam as necessidades de cibersegurança e segurança dos dados.

O desafio reside no facto de uma vez aprendido, o conhecimento ser virtualmente impossível de “remover” destes modelos. Isto significa que os mecanismos de segurança se concentram em impedir a recolha ou a revelação de certos tipos de processos de informação, em vez de erradicar completamente o conhecimento.

Mas nem todas as notícias em torno da IA são negativas. Atualmente, a Inteligência Artificial e a aprendizagem automática são dois dos principais pilares que ajudam a melhorar as capacidades de cibersegurança. O facto é que o grau de complexidade e dispersão dos atuais sistemas corporativos torna insuficiente a monitorização, supervisão e controlo de risco tradicionais e manuais.

Estas tecnologias permitem uma análise muito mais exata e abrangente das ameaças e mantêm a segurança 24 horas por dia, ultrapassando outras barreiras impostas pelos limites humanos.

Atualmente, já podemos ver alguns exemplos da aplicação desta tecnologia na cibersegurança no ThreatCloud AI da Check Point, o cérebro por detrás de todos os produtos da Check Point Software, uma solução de prevenção de ameaças baseada em IA capaz de tomar 2 mil milhões de decisões de segurança diariamente, analisando websites, emails, dispositivos IoT, aplicações móveis e muito mais.

“A corrida contra os cibercriminosos continua a ser uma das principais prioridades, temos de manter um ambiente atualizado e preparado para lidar com todas as ameaças atuais e futuras”, partilha Marla Mendes, responsável pela Check Point Software Technologies no mercado moçambicano. “Atualmente, dispomos de várias ferramentas que exemplificam as possibilidades da inteligência artificial no domínio da cibersegurança. No entanto, para mitigar os riscos associados à IA avançada, é importante que os investigadores e os decisores políticos trabalhem em conjunto para garantir que estas tecnologias são desenvolvidas de forma segura e benéfica”.

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