Weekend Edição 18 De Agosto 2023

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Development Reimagined apoia o acesso à China de marcas sustentáveis e sofisticadas em África

Em continuidade da sua estratégia de ajuda às empresas africanas a aumentar a sua presença internacional, o African Export-Import Bank (Afreximbank) e os consultores internacionais Development Reimagined (DR) firmaram uma parceria para promover a entrada e venda de marcas africanas sustentáveis de alta qualidade na China.

A parceria, que inclui uma doação do Afreximbank, viu o Africa Reimagined (AR), um programa emblemático criado e gerenciado pela DR, introduzir produtos Made-in-Africa de alto valor agregado de sectores como moda, cuidados com a pele e bebidas, para China.

A equipe AR liderou a participação da África na Exposição Econômica e Comercial China-África (CAETE) de 2023 em Changsha, de 29 de Junho a 2 de Julho, solidificando a dedicação da parceria em promover as relações comerciais China-África e aproveitar a oportunidade para alavancar ainda mais o crescimento.

A participação alcançou vários marcos sem precedentes, incluindo, exposição do maior número de marcas africanas de luxo até à data – de 10 em 2019 para 20, incluindo Maxhosa e Jessica Jane, duas marcas de moda sul-africanas únicas e luxuosas; Taibo Bacar, Nkanda Yetu e Larry Jay, marcas de moda sustentável de Moçambique, Zâmbia e Gana respetivamente; Skin Gourmet, uma empresa de cuidados com a pele de Gana com uma bela marca; Zaaf – uma marca de bolsas e couro artesanais de luxo da Etiópia; Monks Gin, uma empresa de gim sul-africana; Yenae – uma deslumbrante marca de joias da Etiópia; e muitos mais.

Várias marcas venderam seus produtos com sucesso e se conectaram com muitas parcerias de negócios em potencial para acelerar sua entrada no mercado chinês. Pela primeira vez, as marcas de moda participantes foram convidadas a se apresentar em um desfile de moda e evento de negócios.

O African Export-Import Bank (Afreximbank) é uma instituição financeira multilateral pan-africana mandatada para financiar e promover o comércio intra e extra-africano. Há 30 anos que o Banco implementa estruturas inovadoras para fornecer soluções de financiamento que apoiam a transformação da estrutura do comércio africano, acelerando a industrialização e o comércio intra-regional, impulsionando assim a expansão económica em África.

A instituição posiciona-se como uma forte defensora do Acordo de Livre Comércio Continental Africano (AfCFTA), e lançou um Sistema Pan-Africano de Pagamento e Liquidação (PAPSS) que foi adotado pela União Africana (UA) como a plataforma de pagamento e liquidação para sustentar a implementação do AfCFTA.

18 De Agosto 2023 2 COMÉRCIO E SERVIÇOS
Taíbo Bacar destacado pelo Afreximbank

Fidelidade Moçambique classificada como “sólida”

A agência de rating internacional AM Best reafirmou a avaliação de solidez financeira da Fidelidade Moçam- bique, atribuindo-lhe classificações de elevada robustez financeira e de gestão.

A agência, especializada em avaliação de riscos do segmento dos seguros, considera que a Seguradora tem um “histórico de resultados sólidos” em Moçambique, “apesar de operar num mercado de contexto desafiante”, atestando que “a Fidelidade Moçambique mantém uma posição competitiva sólida no mercado nacional”, rea- firmando-se “como a terceira maior seguradora” do País.

A AM Best confirmou a avaliação de solidez financeira (Financial Strength Rating) com a classificação B (‘fair’, ou seja, íntegro e adequado) e a capacidade de resposta para créditos de longo prazo (Long-Term Issuer Credit Rating) com a classificação “bb” (igualmente ‘fair’) da Seguradora, mantendo-se o outlook (perspectiva futura) destas notações de crédito (ratings) estável.

A Fidelidade Moçambique reafirma, assim, a classificação alcançada já entre 2019 e 2022, sendo a única segu- radora moçambicana com uma avaliação de rating de carácter internacional.

Os ratings reflectem a solidez do balanço financeiro da Fidelidade Moçambique, que a AM Best avalia como forte, a par da robustez do desempenho operacional, perfil de negócio e gestão do risco empresarial.

Este é mais um reconhecimento do trabalho de excelência que a Seguradora tem desenvolvido em Moçambi- que, privilegiando uma cada vez maior proximidade com clientes e parceiros, transmitindo elevados índices de confiança ao mercado.

Com um portfólio de produtos e serviços inovadores sustentados por equipas altamente capacitadas, a Fideli- dade Ímpar traça uma trajectória de afirmação, crescimento, prestígio e sustentabilidade, com reconhecimento internacional.

Orienta-se por valores como a Experiência, a Inovação, a Superação e o Valor Humano, dispondo de soluções ajustadas às diferentes necessidades das famílias e das empresas moçambicanas.

3 CONJUNTURA

A retomada da construção do projecto de GNL de 20 bilhões de dólares americanos da Total, que assumimos que começará no primeiro trimestre de 2024, dadas as melhorias nas condições de segurança em Cabo Delgado ao longo de 2023”

A Fitch, agência de notação de risco com sede em Nova Iorque e Londres, projecta um forte crescimento económico em Moçambique, com o PIB real projectado para atingir 6,4 por cento este ano e uma média de 4,9 por cento ao longo de 2024-2025.

Isso representa um aumento significativo comparativamente aos 4,2 por cento do ano passado.

Na análise divulgada sexta-feira, a Fitch explica que o crescimento reflecte principalmente “um aumento impulsionado pela exportação de gás natural liquefeito no sector extractivo, à medida que a capacidade de produção da plataforma flutuante de GNL Coral Sul da ENI aumenta para 70 por cento e 90 por cento em 2023 e 2024, respectivamente”.

No entanto, a Fitch mantém a sua classificação-chave de Longo Prazo em Moeda Estrangeira (IDR) para o país em CCC+ devido ao que chama de “risco substancial de crédito”, reflectindo “níveis elevados de dívida interna, défice fiscais persistentes, fraca gestão das finanças públicas, baixo PIB per capita, indicadores de governação fracos e uma situação de segurança desafiadora”.

Apesar disso, a Fitch saúda “o acordo de Facilidade de Crédito Estendido de 456 milhões de dólares ameri-

canos com o Fundo Monetário Internacional (FMI), em 2022, o momento positivo no desenvolvimento do sector de gás natural liquefeito e medidas para lidar com o deslizamento fiscal de 2022”, que, segundo ela, “fornecem algum suporte à solvência”.

A agência de classificação também enfatiza o efeito positivo na economia “a retomada da construção do projecto de GNL de 20 bilhões de dólares americanos da Total, que assumimos que começará no primeiro trimestre de 2024, dadas as melhorias nas condições de segurança em Cabo Delgado ao longo de 2023”.

Segundo a análise da Fitch, a relação dívida/PIB diminuirá como resultado do forte crescimento económico. Além disso, observa-se que o metical continua estável em relação ao dólar americano, embora a Fitch alerte que “pressões externas renovadas podem levar a uma significativa depreciação da taxa de câmbio”.

A Fitch espera que as reservas internacionais de Moçambique aumentem de 2,7 bilhões de dólares americanos em 2022 para 3 bilhões de dólares este ano e 3,5 bilhões de dólares até o final de 2025. Isso será impulsionado por menores custos de importação de alimentos e combustíveis, uma contribuição marginal das exportações de GNL e a retomada do projecto Área 1 da Total, do qual 12,5 por cento do investimento total precisará ser contratado internamente.

A Fitch é uma das três principais agências de classificação de risco (as outras são a Moody’s e a Standard & Poor’s).

18 De Agosto 2023 4 ENERGIA E MINERAÇÃO
Fitch: Moçambique perspectiva forte crescimento económico, projecto Mozambique LNG retoma no primeiro trimestre de 2024

O Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREME) está a intensificar acções para acelerar o processamento local de minérios, com incidência para grafite, areias pesadas e carvão mineral, como os pritários.

Os esforços têm em perspectiva o objectivo de adicionar valor aos produtos extraídos, gerar benefícios aos cidadãos, através da criação de empregos e, simultaneamente, promover a industrialização.

O MIREME vai priorizar o rastreio de metais preciosos e gemas, estabelecimento de entrepostos comerciais, monitoria e fiscalização da actividade mineira e intensificação das inspecções para o controlo da exploração de minerais.

Ministro dos Recursos Minerais e Energia, Carlos Zacarias, discursando, esta segunda-feira, 14/08, em Lichinga, na província do Niassa, na abertura do VIII Conselho Coordenador do sector, mencionou também a questão de acesso à electricidade no contexto das respostas às exigências do desenvolvimento. Afirmou que, do ponto de vista da rede de energia, a resposta passa pela intensificação de novas ligações aos consumidores domésticos, visando garantir o acesso universal, previsto para 2030, numa acção em que pontifica a electrificação dos postos administrativos, cuja conclusão está

prevista para 2024, uma meta que configura um teste à capacidade de mobilização de recursos e implementação de novos projectos neste domínio.

“A larga cadeia de valor associada aos recursos minerais e energia alimenta continuamente as expectativas da sociedade, por uma contribuição visível do nosso sector, no desenvolvimento do país”, sublinhou.

Nesse contexto, apontou que continua o desafio de assegurar a conclusão e a criação de projectos estruturantes de geração e de transporte de energia no quinquénio 2020-2024, para o alcance da capacidade adicional de 600 megawatts, incluindo 200 megawatts de energias renováveis.

Outra nota destacada no VIII Conselho Coordenador do MIREME, é a preocupação reinante com os níveis de contrabando de minérios, situação que está a prejudicar o Estado de diferentes forma, incluindo o impedimento de sua exploração racional e sustentável. Nesse sentido, de acordo com o Ministério dos Recursos Minerais e Energia, entidade que tutela este sector, estão a ser desenhadas estratégias para tomar a exploração de recursos sustentável e benéfica para o país.

Um dos caminhos identificados

como solução passa pela formalização da actividade mineira informal.

“Isto significa ter sempre presente o desafio de fazermos com que a extracção mineira artesanal seja feita de forma segura e sustentável, eliminando, assim, a exploração ilegal de recursos minerais”, disse Carlos Zacarias, ministro dos Recursos Minerais e Energia.

O dirigente frisou que o Governo está a melhorar a visão estratégica de como a sua exploração deverá ser feita, com o objectivo de assegurar a maximização dos benefícios para o país e para os moçambicanos.

Os pronunciamentos foram feitos num contexto em que o Estado tem sofrido avultadas perdas por conta da exploração ilegal.

Dados oficiais apontam que em 2020 o país perdeu três mil milhões de meticais devido ao contrabando de minérios.

Carlos Zacarias fez referência, por outro lado, ao facto de os recursos naturais, como os hidrocarbonetos, serem vistos como os que podem contribuir para o desenvolvimento do país, havendo, por isso, necessidade reunião de monitorar o sector.

5 ENERGIA E MINERAÇÃO
Intensificam-se buscas para soluções de processamento local de recursos mineiros, e combate ao contrabando

Economia cresceu 4,67% no segundo trimestre

• O Produto Interno Bruto (PIB) moçambicano cresceu 4,67% no segundo trimestre, impulsionado pelo crescimento no sector primário, segundo o relatório das Contas Nacionais divulgado hoje, 14 de Agosto, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) de Moçambique. Este desempenho soma-se aos 4,17% registados de Janeiro a Março, igualmente em termos homólogos, resultando num crescimento económico acumulado no primeiro semestre de 4,42%, de acordo com o INE.

A economia moçambicana deverá crescer 5% em 2023, segundo a previsão do Governo.

Neste relatório, o INE acrescenta que o desempenho da actividade económica no segundo trimestre de 2023 é justificado “em primeiro lugar” pelo sector primário, que cresceu 8,98% face ao mesmo período de 2022, “com maior destaque” para o ramo da Indústria de Extracção Mineira, com uma variação de 42,71%, seguido pelo ramo da Agricultura, Pecuária, Caça, Silvicultura, Exploração Florestal com cerca de 3,11%.

Seguiu-se o sector terciário, com uma variação de 4,24%, com destaque para o ramo de Transportes, Armazenagem e actividades auxiliares dos transportes e Informação e Comunicações, com um crescimento de 6,85%, seguido pelo ramo de Hotelaria e Restauração com variação de 5,51%, enquanto o ramo dos Serviços Financeiros aumentou 3,40%.

Por último surge o sector secundário, que caiu, em termos homólogos, 6,52%, “induzido pelo ramo da Construção”, com variação negativa de 10,43%, seguido pelo ramo da Indústria Manufactureira, com uma queda de 7,72% e, por último, o ramo da electricidade, gás e distribuição de água, que reduziu 0,18%.

Segundo o INE, os ramos da Agricultura, Pecuária, Caça, Silvicultura, Exploração Florestal e actividades relacionadas “tiveram uma maior participação na economia”, com peso conjunto no PIB do segundo trimestre de 25,89%, seguido pelo ramo de Transportes, Armazenagem e actividades auxiliares dos transportes e Informação e Comunicações, com peso de 10,36%.

Em terceiro lugar surge o ramo de Comércio e Serviços de Reparação, com 8,92% do PIB total do trimestre, seguido do ramo da Indústria de Extracção Mineira, com 7,48%.

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CONJUNTURA

Empresariado

O sector privado interessado em aprofundar parcerias e explorar oportunidades de negócios e investimentos com os seus homólogos quenianos. O sector privado deseja reverter o actual cenário de baixo fluxo comercial entre Moçambique que, por exemplo, em 2021, foi de US$ 30,7 milhões, um valor considerado irrisório, sendo que os fluxos de investimento estrangeiro directo são também insignificantes.

“Acreditamos nas oportunidades existentes para aumentar as nossas relações comerciais e de investimento, nomeadamente nas exportações de chá, milho, açúcar, cabos de alumínio, entre outras mercadorias”, disse Agostinho Vuma, falando em nome do comunidade empresarial moçambicana, no decurso do Fórum de Negócios Moçambique- Quénia que se realizou paralelamente a visita de Estado de três dias que o Presidente do Quénia, William Ruto, efectuou a Moçambique.

O líder do empresariado privado nacional, dirigindo-se particularmente a delegação empresarial queniana, disse que Moçambique registou progressos significativos, fruto do diálogo público-

-privado, que se traduziram na introdução e adaptação de medidas do Pacote de Aceleração Económica que estão a permitir desburocratizar, facilitar e proteger a execução de investimentos e mobilizar financiamento para o sector privado.

“A CTA, enquanto entidade representativa do sector privado moçambicano, tem vindo a promover a livre concorrência, atração e entrada de mais players no mercado”, disse Agostinho Vuma, referindo-se ao papel que a CTA tem estado a desempenhar na dinamização da economia e promoção de investimentos.

18 De Agosto 2023 8 CONJUNTURA
moçambicano considera empresários quenianos potenciais parceiros estratégicos nos desafios económicos dos dois países e do continente
Presidente do Quénia, William Ruto

Para a CTA aspectos como a sustentabilidade, constituem desafios que se colocam ao empresariado nacional quanto à necessidade de capacitação e certificação para estabelecer ligações com grandes projectos, no sentido de servir as diferentes componentes da cadeia de valor da indústria do petróleo e do gás, além de garantir que outros sectores da economia sejam impulsionados.

O Presidente da CTA convidou os empresários quenianos

Adicionalmente, no rol de actividades que o CTA desenvolve, gostaria de destacar que no passado mês de Junho, o CTA juntamente com o Governo de Moçambique convocou a décima oitava edição da Conferência Anual do Sector Privado (CASP), onde foram discutidas soluções para acelerar a industrialização do país e diversificação da estrutura econômica.

“Torna-se, para tanto, indispensável a promoção de um mais vigoroso intercâmbio comercial e empresarial entre nós, o que passa pelo estabelecimento de parcerias que ajudem a impulsionar o desenvolvimento económico das micros, pequenas e médias empresas de Moçambique e do Quénia, enquanto principais vectores da internacionalização de marcas, produtos e serviços capazes de estimular negócios intra-africanos”. Disse Álvaro Massingue, Presidente da CCM.

Massinga destacou o enorme potencial económico, industrial e turístico do Quénia, do qual o empresariado nacional pretende estabelecer ligações para o empoderamento recíproco, particularmente

na partilha de know how. Disse Álvaro Massinga a experiência do empresariado queniano em áreas como a indústria de refinação do petróleo, que pode ser usada para ajudar a equipar o sector empresarial moçambicano em face dos desafios da competitividade e oferta de serviços à emergente indústria do petróleo e gás, particularmente no que à transformação e processamento interno destas commodities diz respeito.

O Presidente da CCM, disse ainda que a emergência da Zona de Comércio Livre Continental de África desafia o sector privado a assumir um papel mais dinâmico.

Alavaro Massinga reconheceu que as classes empresariais dos dois países precisam de ser ou estar preparadas de forma a se tornarem mais competitivas e devidamente capacitadas para enfrentar com optimismo e tirarem maiores benefícios das potencialidades que

A Câmara de Comércio de Moçambique, considerou o fórum de negócios como uma oportunidade para despertar sobre a necessidade de colocar os sectores empresariais dos dois países, no centro das diversas esferas de desenvolvimento e cooperação bilateral, através da partilha de potencialidades mútuas, desafios e oportunidades concretas que as duas economias proporcionam.

o extenso mercado de consumo representa ao mesmo tempo que sao promover relacões justas e equilibradas de comercio e partilha dos recursos comuns.

Outro enorme desafio decorrente deste mercado comum é a necessidade de concentrarmos esforços e investimentos no sector produtivo, para com optimismo assegurarmos a solidez de uma classe empresarial à altura das necessidades que emergem.

“Como Câmara de Comércio de Moçambique acreditamos no potencial que existe entre nós e gostaríamos de partilhar das ricas experiências do Quénia na produção agro-pecuária, pescas e na promoção e melhor aproveitamento do potencial turístico, sem descurar outros sectores de actividade melhor identificados e representados neste fórum”, disse sobre as expectativas reinantes no sector empresarial moçambicano relativamente a contraparte queniana.

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As exportações moçambicanas cresceram ligeiramente no primeiro trimestre do ano, para mais de 1.69 milhões de dólares impulsionado pelo aumento nas vendas de gás ao exterior, que aumentaram 70,1% face ao mesmo período de 2022.

Segundo o relatório estatístico do Banco de Moçambique sobre a balança de pagamentos no primeiro trimestre, citado pela Lusa, explica que esta “evolução positiva registada nas receitas de exportação é justificada, essencialmente, pelo crescimento das vendas dos produtos exportados” pelos denominados Grandes Projectos (GP).

“Com ênfase para o sector da indústria extractiva”, que inclui gás natural, areias pesadas e rubis, safiras e esmeraldas, que aumentaram 280,1 milhões de dólares (255 milhões de euros), enquanto os outros sectores da economia, nomeadamente a indústria transformadora de alumínio e energia registaram decréscimos nas vendas em 140,7 milhões de dólares (127,6 milhões de euros) e 8,8 milhões de dólares (8 milhões de euros), respectivamente.

Globalmente, as exportações de bens por Moçambique renderam no primeiro trimestre mais de 1.699 milhões de dólares (1.542 milhões de euros), um

incremento de 4,4 milhões de dólares (4 milhões de euros) quando comparado a igual período de 2022.

Excluindo os GP, os produtos agrícolas representaram para Moçambique receitas de 103,9 milhões de dólares (94,3 milhões de euros), menos 28,7 milhões de dólares (26 milhões de euros) face a 2022, “salientando-se os legumes e hortícolas, tabaco, algodão, açúcar e banana”.

As exportações de carvão mineral representaram o principal encaixe com as exportações moçambicanas no primeiro trimestre, de 460,9 milhões de dólares (418,2 milhões de euros), ainda assim uma queda de 35,5% face ao mesmo período de 2022, seguido do gás natural, que rendeu 341 milhões de dólares (309,5 milhões de euros), um aumento homólogo de 70,1%, segundo o relatório.

Já as areias pesadas tiveram um retorno de 120,1 milhões de dólares (108,9 milhões de euros) de receitas devido ao acréscimo do volume exportado em cerca de 11%, enquanto o preço baixou em 9%.

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Gás natural impulsiona exportações para mais de US$ 1.69 milhões, até Março

• Presidente da República, realça importância do Porto de Maputo, como uma ferramenta essencial para impulsionar a economia e facilitar o comércio internacional e fomentar o crescimento industrial de Moçambique

A Sociedade de Desenvolvimento do Porto de Maputo Sociedade de Desenvolvimento do Porto de Maputo empresa privada, nacional, que resulta da parceria entre os Caminhos de Ferro de Moçambique e a Portus Indico, constituída pela Grindrod, DP World e a empresa Moçambicana Mozambique Gestores, que gere a concessão do Porto de Maputo, desde 2021, acaba de reforçar a capacidade de manuseamento do Porto de Maputo, com a aquisição de mais um rebocador, o qual foi atribuído o nome “Ntamo” num investimento que custou cerca de dez milhões de dólares, com os olhos postos no reforço das operações portuárias de uma forma geral.

Com o movimento sobe para três o número de rebocadores ao serviço do Porto de Maputo. Este último tem uma capacidade de 75 mil toneladas de bola de pulo, o que significa que tem maior capacidade de tracção em comparação aos dois rebocadores anteriores, que têm uma força de 65 mil toneladas de capacidade de tracção.

Osório Lucas, CEO do MPDC, destacou o facto deste novo rebocador ser muito mais ágil, e que surge como a resposta perfeita à tendência de crescimento do Porto, que tem estado a receber navios de cada vez maior capacidade.

“Nós inicialmente recebíamos navios Panamax, e hoje recebemos navios babycape que são navios de 120 e 125 toneladas e até a carregar as 150 mil toneladas, e isso reclamava rebocadores

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MPDC investe mais US$ 10 milhões para reforçar capacidade de manuseamento do Porto de Maputo, que esta sendo desafiada
Osório Lucas, CEO do MPDC

de maior capacidade”, enfatizou Osório Lucas, que também lançou o alerta para que não se olhe para o rebocador de forma isolada, pois o equipamento faz parte de uma equação complexa que agrega, para além da componente de rebocador, o investimento realizado no canal, e infra-estruturas.

O CEO do MPDC reiterou que o Porto de Maputo está bastante focado em aumentar a capacidade de recepção de mercadoria, e que o desígnio se materialize, o MPDC juntamente com parceiros, realizará um investimento na ferrovia,

em parceria com CFM, sistemas de fronteira em parceira com as entidades alfandegárias, e com a concessionária gestora da estrada nacional número 4 (N4) TRAC por forma a tornar a circulação dos camiões mais expedita, por forma e garantir maior eficiência, produção e produtividade do Porto.

O Ministro de Transportes e Comunicação (MTC) Mateus Magala, também presente no evento de apresentação do novo equipamento portuário, disse que o Porto de Maputo, a maior infra-estrutura portuária do País, foi responsável

por cerca de 47% da carga manuseada em todo o sistema férreo-portuário nacional em 2022.

Mateus Magala, reiterou ainda que o Porto de Maputo foi evoluindo até se tornar numa referência de excelência ao nível regional e global, projectando a imagem de eficiência logística nas infra-estruturas de transporte do País, implementando reformas necessárias para a melhoria do desempenho do Porto e dinamização da economia nacional e regional.

Por seu turno, Filipe Jacinto Nyusi Presidente da República, que inaugurou o equipamento, o rebocador, no contexto mais amplo da celebrações dos 120 anos do CFM, destacou a produtividade do Porto de Maputo, destacou que, em 2003, o Porto Maputo, manuseou um total de cerca de 5 milhões toneladas de carga, mas devido ao incremento da produtividade, em 2022 o Porto viu a sua capacidade evoluir para cerca de 27 milhões de toneladas de carga manuseada, o que corresponde a um aumento de cerca de 550%.

Filipe Nyusi, destacou igualmente a importância da formação e o grande investimento em capital humano jovem nacional e uma modernização tecnológica, digitalização investimentos em infra-estruturas ferroviárias, aquisição de vagões e locomotivas modernas, facilitação do trânsito, e uma combinação multimodal

mais eficiente e consequente melhoria da qualidade de manuseamento de carga proveniente dos Países vizinhos, por parte do Porto de Maputo.

O Presidente da República, apontou para o Porto de Maputo como uma ferramenta essencial para impulsionar a economia e facilitar o comércio internacional e fomentar o crescimento industrial de Moçambique.

A Comunidade de Desenvolvimento do Porto de Maputo (MPDC), entidade gestora do Porto de Maputo, há mais de 20 anos, já realizou um volume de investimentos avaliados em mais de US$ 800 milhões, e tem planos de investir, entre 2023-2024 mais 300 milhões de dólares para aumentar a capacidade operacional e os volumes que o Porto de Maputo tem estado a manusear.

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Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi

Nacala liga-se ao Cabo Submarino de Fibra Óptica

Até meados do próximo ano, o norte do País estará ligado ao sistema de distribuição de sinal de internet através de um cabo submarino de fibra óptica. A vantagem é que, mesmo em caso de mau tempo, as redes de telecomunicações continuarão a funcionar.

A iniciativa pertence a 2Africa e é um dos maiores cabos submarinos de telecomunicações no mundo, que percorre o continente africano fazendo um anel que passa pelos oceanos Índico e Pacífico, distribuindo o sinal de telecomunicações aos países a ele conectados.

Em Moçambique, a Vodacom é o parceiro ligado a este sistema de fibra óptica, com os pontos de ligação em Maputo e agora em Nacala, tecnicamente, designados de pontos de amarração. Desta forma, o serviço de Internet deixa de depender apenas das torres terrestres, que são vulneráveis em casos de mau tempo.

Basílio Pereira, Director Executivo da Rede de Transmissão da Vodacom, recordou que muito recentemente o ciclone Freddy e o ciclone Idai, foi perdida toda infra-estrutura/todas comunicações, deixando o país bastante afectado em termos de co-

municações.

“Vai permitir uma outra vantagem adicional, que é escoar todo o nosso tráfego aqui da Zona Norte. Sempre que nós tivemos problemas na espinha dorsal terrestre, ou seja, o tráfego vai ser escoado via mar.”. Ajustou.

O centro de dados instalado em Nacala faz conexão com o cabo submarino e vai permitir que os serviços de internet deixem de ser processados apenas em Maputo. Com a liberalização do espaço de telecomunicações de Moçambique, qualquer interessado, já pode desenvolver as suas infra-estruturas ou partilhar as já existentes, como é o caso de antenas para facilitar a cobertura do país com serviços de telecomunicações.

José Correia Mendes Director Executivo da Vodacom, revelou que o custo maior para cobrir uma localidade no nosso país, é a construção da própria Torre. Só uma torre custa cerca de US$ 50 mil dólares sem contar com os equipamentos, a transmissão, as baterias, e os geradores e a própria manutenção, chega a ter um custo exorbitante, dando a entender a eficiência, fiabilidade e competividade de custos da fibra óptica.

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• O número de países que enfrentam elevados níveis de dívida aumentou acentuadamente, passando de apenas 22 países em 2011 para 59 países em 2022;

• Os países em desenvolvimento pedem dinheiro emprestado, têm de pagar taxas de juro muito mais elevadas do que os países desenvolvidos, mesmo sem considerar os custos das flutuações das taxas de câmbio. Os países africanos contraem empréstimos, em média, a taxas quatro vezes superiores às dos Estados Unidos e mesmo oito vezes superiores às da Alemanha.

A ONU chama atenção sobre o facto de que a dívida pública em todo o mundo estar a aumentar, com realce nas últimas décadas.

“As crises em cascata dos últimos anos desencadearam uma forte aceleração desta tendência. Em consequência, a dívida pública mundial quintuplicou desde 2000, ultrapassando claramente o PIB mundial, que triplicou durante o

mesmo período”, diz a ONU no contexto da iniciativa de resposta a crise global.

Para mostrar o quão dramática esta a situação, a ONU faz saber que, em 2022, a dívida pública mundial – que inclui a dívida interna e externa das administrações públicas – atingiu um recorde de 92 biliões de dólares e que os países em desenvolvimento devem quase 30% do total, dos quais cerca de 70% são atribuíveis à China, à Índia e ao Brasil.

No entanto, na última década, afirma, a dívida pública aumentou mais rapidamente nos países em desenvolvimento do que nos países desenvolvidos. “O aumento da dívida no mundo em desenvolvimento deveu-se principalmente às crescentes necessidades de financiamento do desenvolvimento – exacerbadas pela pandemia de COVID-19, pela crise do custo de vida e pelas alterações climáticas –e a alternativas limitadas”, realça a ONU.

Consequentemente, o número de países que enfrentam elevados níveis de dívida aumentou acentuadamente, passando de apenas 22 países em 2011 para 59 países em 2022.

Desigualdades na arquitectura financeira internacional

A ONU denuncia o contexto de desigualdade estabelecida na actual arquitectura financeira internacional. Diz a ONU a este respeito, particularmente, que os países em desenvolvimento estão a lidar com uma situação que exacerba o impacto negativo das crises em cascata no desenvolvimento sustentável.

“O peso da dívida no desenvolvimento é intensificado por um sistema que limita o acesso dos países em desenvolvimento ao financiamento do desenvolvimento e os obriga a contrair empréstimos junto de fontes mais onerosas, aumentando as suas vulnerabilidades e tornando ainda mais difícil a resolução das crises da dívida”.

CONJUNTURA
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Dívida pública mundial atinge níveis sem precedentes, um recorde de US$ 92 biliões em 2022, países em desenvolvimento devem quase 30% do total

Denuncia a ONU.

Para a ONU, a contracção de empréstimos junto de credores estrangeiros aumenta a exposição a choques externos

Recorda que a dívida pública total dos países em desenvolvimento aumentou de 35% do PIB em 2010 para 60% em 2021. Do mesmo modo, a dívida pública externa, a parte da dívida de um governo devida a credores estrangeiros, aumentou de 19% do PIB para 29% do PIB em 2021.

A ONU faz uma comparação dos níveis de dívida com a capacidade dos países em desenvolvimento de gerar divisas através das exportações e conclui que a capacidade de gerar receitas suficientes para cumprir as suas obrigações de dívida externa também se tem vindo a deteriorar.

“A percentagem da dívida pública externa em relação às exportações aumentou de 71% em 2010 para 112% em 2021. Durante o mesmo período, o serviço da dívida pública externa em percentagem das exportações aumentou de 3,9% para 7,4%.” Frisa

No seu estudo intitulado “Um mundo Endividado, Um fardo Crescente Para a Prosperidade Global”, produzido pelo Grupo de Resposta a Crise, a ONU traz ao de cima o facto de que os países em desenvolvimento enfrentam desafios adicionais importantes devido aos elevados níveis de dívida pública externa, que os tornam mais vulneráveis a choques externos.

“Quando as condições financeiras globais se alteram ou os investidores internacionais se tornam mais avessos ao risco, os custos dos empréstimos podem aumentar

subitamente. Do mesmo modo, quando a moeda de um país se desvaloriza, os pagamentos da dívida em moeda estrangeira podem disparar, deixando menos dinheiro para as despesas de desenvolvimento”, recorda a ONU.

A dependência de credores privados torna o crédito dispendioso e a reestruturação da dívida complexa

Na tentativa de propor uma solução para o dilema, a ONU começa por colocar em evidência, a perspectiva de que os credores privados, como os detentores de obrigações, os bancos e outros mutuantes, oferecem financiamento em condições comerciais.

“ Nos últimos dez anos, a parte da dívida pública externa devida a credores privados aumentou em todas as regiões, representando 62% do total da dívida pública externa dos países em desenvolvimento em 2021”, diz a ONU sobre essa perspectiva, para depois referir que o aumento da percentagem da dívida pública para com os credores privados coloca dois desafios. Em primeiro lugar, a contracção de empréstimos junto de fontes privadas é mais dispendiosa do que o financiamento em condições favoráveis proveniente de fontes multilaterais e bilaterais. Em segundo lugar, a crescente complexidade da base de credores torna mais difícil concluir com êxito uma reestruturação da dívida quando necessário. Os atrasos e as incertezas aumentam os custos da resolução das crises da dívida.

Outra situação exposta pela ONU é aquela em que os países em desenvolvimento pagam muito mais pela sua dívida do que os países desenvolvidos. “Quando os países em desenvolvimento pedem dinheiro emprestado, têm de pagar taxas de

juro muito mais elevadas do que os países desenvolvidos, mesmo sem considerar os custos das flutuações das taxas de câmbio”.

A ONU sublinha que os países africanos contraem empréstimos, em média, a taxas quatro vezes superiores às dos Estados Unidos e mesmo oito vezes superiores às da Alemanha. “Os elevados custos dos empréstimos dificultam o financiamento de investimentos importantes por parte dos países em desenvolvimento, o que, por sua vez, compromete ainda mais a sustentabilidade da dívida e o progresso no sentido do desenvolvimento sustentável”., ou seja, deixa os países em desenvolvimento “confrontados com escolhas impossíveis: servir a dívida ou servir as suas populações”, numa situação em que algumas regiões gastam mais com o serviço da dívida do que com o serviço às suas populações

“Em África, o montante gasto com o pagamento de juros é superior ao gasto com a educação ou a saúde. Os países em desenvolvimento da Ásia e da Oceânia (excluindo a China) estão a afectar mais fundos ao pagamento de juros do que à saúde. Do mesmo modo, na América Latina e nas Caraíbas, os países em desenvolvimento estão a dedicar mais dinheiro ao pagamento de juros do que ao investimento”, afirma a ONU, acrescentando que em todo o mundo, o aumento do peso da dívida está a impedir os países de investirem no desenvolvimento sustentável.

“Um número crescente de países encontra-se numa situação em que tanto o seu desenvolvimento como a sua capacidade de gerir a dívida estão comprometidos”. Destaca

Para a ONU, o roteiro para finan-

CONJUNTURA
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BANCA E FINANÇAS

ciar o desenvolvimento sustentável deve prever tornar o sistema mais inclusivo, “melhorando a participação real e efectiva dos países em desenvolvimento na governação da arquitectura financeira internacional”

Proporcionar maior liquidez em tempos de crise, “expandindo o financiamento de contingência, de modo a que os países não sejam forçados a endividar-se como último recurso, nomeadamente através do reforço da utilização dos direitos de saque especiais, de uma suspensão temporária das sobretaxas do FMI e do aumento das janelas de acesso a quotas para o financiamento de emergência do FMI”.

Para além disso a ONU propõe, para combater o ele-

vado custo da dívida e o risco crescente de sobreendividamento, a criação de um mecanismo de resolução da dívida

“Mais e melhores financiamentos, aumentando maciçamente o financiamento a longo prazo a preços acessíveis”. Defende a ONU, para quem, a transformação e expansão dos bancos multilaterais de desenvolvimento para apoiar o desenvolvimento sustentável a longo prazo e aumentar os recursos privados é pertinente ao mesmo tempo que mais financiamento em condições favoráveis; cumprimento dos compromissos em matéria de ajuda e de financiamento da luta contra as alterações climáticas, sejam implementados.

• NDB deve fazer mais em moeda local – África do Sul finmin;

• ‘Sem universo paralelo’ para o dólar – NDB CFO;

• Os custos dos empréstimos em dólares dispararam;

• Banco corteja novos membros para reforçar capital.

Pressionado pelo impacto das sanções contra o accionista fundador Rússia, o New Development Bank (NDB) criado pelos países BRICS precisa de aumentar a sua angariação de fundos e empréstimos em moeda local, disse o Ministro das Finanças da África do Sul à Reuters.

A África do Sul receberá, no final deste mês, em cimeira, em Joanesburgo, os líderes dos países do BRI-

CS – Brasil, Rússia, Índia e China, em contexto em que o bloco pretende ampliar sua influência.

O Ministro das Finanças da África do Sul, Enoch Godongwana, disse que aumentar o uso da moeda local entre os membros do NDB também estará na agenda, com o objectivo de reduzir o impacto das flutuações cambiais.

O dólar ganhou em relação às moedas de mercados emergentes desde que iniciou a guerra na Ucrânia e o Federal Reserve começou a aumentar as taxas de juros para combater a inflação no início de 2022, tornando a dívida em dólar mais cara para esses países.

“A maioria dos países que são membros do NDB tem

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Banco dos BRICS no encalço de moedas locais à medida que as sanções impostas pela Rússia se fazem sentir

incentivado (o banco) a fornecer empréstimos em moedas locais”, disse Godongwana.

Estabelecido em 2015 como o principal projecto financeiro do bloco, a ambição do NDB de servir as economias emergentes e desestruturar as finanças foi refreada pelas realidades económicas e pela invasão da Ucrânia por Moscou.

“ (Não está) fazendo tanto quanto os países membros exigem, mas essa é a direcção estratégica em para onde estamos a empurrar o banco”, disse Godongwana em entrevista na semana passada.

Aumentar a arrecadação de fundos em moeda local e levantar capital de novos membros poderia ajudar o NDB em tempos difíceis, reduzindo sua dependência dos mercados de capitais dos EUA, onde as sanções contra a Rússia aumentaram seus custos de empréstimos, disseram analistas.

O NDB expandiu-se de seu núcleo original de cinco para oito e só faz empréstimos em países membros.

O Director Financeiro, Leslie Maasdorp, disse também à Reuters, em uma entrevista, na sede do NDB em Xangai que o banco pretende aumentar os empréstimos em moeda local de cerca de 22% para 30% até 2026, mas que há limites para a desdolarização.

“A moeda de operação do banco é o dólar por uma razão muito específica, o dólar americano é onde estão os maiores pools de liquidez”, disse ele.

O banco é sensível aos seus membros e decidirá a combinação de moedas que empresta com base em suas demandas, disse Maasdorp.

‘SEM UNIVERSO PARALELO’

Dos mais de 30 mil milhões de dólares de empréstimos aprovados pelo NDB, dois terços foram concedidos em dólares, segundo uma apresentação feita em Abril aos investidores.

Essa dependência tornou-se uma responsabilidade quando os Estados Unidos impuseram sanções à Rússia no ano passado.

O NDB suspendeu os empréstimos à Rússia, mas isso não impediu um rebaixamento da Fitch em Julho de 2022 e seus custos de empréstimos em dólares aumentaram mais do que outros.

Um título de US$ 1,5 mil milhões de dólares de cinco anos que o NDB emitiu em Abril de 2021 teve um cupom de 1,125%. Dois anos depois, um título de cinco anos de US$ 1,25 mil milhões de dólares tinha um cupom de 5,125%. Isso é mais caro do que outros bancos multilaterais de desenvolvimento com classificações de crédito semelhantes, disse Alexander Ekbom, analista da S&P Global Ratings.

Como resultado desse prémio de risco, que Maasdorp colocou em cerca de 25 pontos-base, o NDB teve que controlar novos empréstimos.

“Devido aos desafios do mercado de capitais de 2022, e em um esforço para preservar os principais índices financeiros do banco, houve de facto uma desaceleração”, disse Maasdorp.

“Você não pode sair do universo do dólar e operar em um universo paralelo.”

Embora o NDB tenha aprovado empréstimos no valor de US$

32,8 mil milhões de dólares para projectos que vão desde linhas de metro de Mumbai até iluminação solar em Brasília, os empréstimos em seu balanço valiam menos da metade desse valor no final de Março.

Em 2022, o banco desembolsou apenas cerca de mil milhões de dólares em empréstimos.

Até à data, a China é, de longe, o mercado de moeda local mais bem-sucedido do NDB. No ano passado, emitiu 13 mil milhões de yuans (1,8 mil milhões de dólares) em três “obrigações panda” e mais de metade dos seus empréstimos foram concedidos em yuans.

“O mercado de renminbi aumentou em importância”, disse Ekbom da S&P Global Ratings, que classifica o NDB como “AA+”. “Mas isso tem sido mais porque levantar dinheiro no mercado de dólares tem sido desfavorável para eles.”

Outros mercados ficaram para trás, embora o banco espere levantar até 1,5 mil milhões de rands (US$ 81 milhões de dólares) em títulos de estreia na África do Sul em 15 de agosto. Também pretende emitir seu primeiro título de rúpia na Índia até o final de 2023.

NÚMERO CRESCENTE DE MEMBROS

No entanto, o NDB, estabelecido com US$ 10 mil milhões de dólares em capital social integralizado de cada país do BRICS, quer se expandir.

Bangladesh, Emirados Árabes Unidos e Egipto aderiram desde 2021, elevando o número de membros para oito. O Uruguai está a fazer parte do processo de adesão, enquanto a Argélia, as Honduras, o

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Zimbabwe e a Arábia Saudita manifestaram interesse.

Em comparação, o Banco Asiático de Investimento em Infra-estruturas, apoiado pela China e que começou a operar em 2016, tem 106 membros, incluindo 23 países europeus e 45 fora da Ásia.

Maasdorp disse que trazer capital de novos membros é “muito, muito importante” e ajudaria o NDB a concretizar sua aspiração de se tornar uma instituição líder de mercados emergentes, com a cimeira dos BRICS “uma plataforma chave” para negociações com potenciais novos membros.

Atrair os grandes países de mercados emergentes que dariam mais influência ao NDB e reforçariam sua saúde financeira poderia exigir mudanças de governança, disse Chris Humphrey, pesquisador de finanças de desenvolvimento do Overseas Development Institute (ODI), um think tank anteriormente conhecido como.

Os actuais estatutos do banco garantem que, mesmo com a sua expansão, os seus cinco accionistas fundadores manterão, em conjunto, cargos de liderança sénior e poder de voto maioritário.

“Do ponto de vista de alguns outros países em desenvolvimento, isso pode não ser muito atraente. Poderiam… “Ok, isso não é apenas mais um G7 com um nome diferente?”, disse Humphrey.

Maasdorp disse que o New Development Banck (NDB) tem uma estrutura accionista “única” e o objectivo era ter o máximo de consenso possível dentro do banco sobre as decisões, mas que a maioria prevaleceria.

A estrutura de votação não tem sido um obstáculo para novos membros até agora, disse ele, acrescentando que eles se confortaram com o fato de que o NDB estava “muito capitalizado”.

Nigéria atraiu entradas de 1,4 mil milhões de dólares em Junho após o levantamento das restrições cambiais

Depois de ter eliminado um sistema de taxas de câmbio múltiplas que mantinha a moeda local, a naira artificialmente forte, a Nigéria atraiu entradas de 1,41 mil milhões de dólares para o seu mercado cambial em Junho, informou o banco central na quinta-feira, 10 de Agosto.

O banco central da Nigéria levantou as restrições ao comércio de divisas em Junho e permitiu que a naira

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enfraquecesse em mais de um terço, numa das reformas económicas do Presidente Bola Tinubu, bem acolhida pelos investidores.

O banco disse que 1,14 mil milhões de dólares entraram no mercado cambial em Maio, antes do levantamento das restrições. O banco afirmou que os fluxos de entrada de Junho provinham de empresas e exportadores.

O mercado cambial da Nigéria costumava negociar centenas de milhões de dólares por dia antes da introdução de restrições em 2017.

O país tem enfrentado escassez de dólares depois de os investidores estrangeiros terem abandonado os activos locais na sequência dos preços do petróleo anteriormente baixos. Desde então, os investidores ainda não regressaram e o banco central ainda não satisfez a procura pendente de dólares de investidores estrangeiros que procuram repatriar fundos e de companhias aéreas que procuram enviar dinheiro da venda de bilhetes para o estrangeiro.

Em consequência da escassez, algumas empresas e particulares voltaram-se para o mercado negro não oficial, onde a moeda está a ser negociada mais fraca, aumentando assim a diferença em relação à taxa oficial.

Na quinta-feira, 10 de Agosto, a naira foi cotada a um mínimo histórico de 920 por dólar no mercado negro, em comparação com 771 nairas no mercado oficial.

Nacala Logistics passa a transportar combustível para Malawi via ferroviária

Desde o passado dia 12 de Agosto que a Nacala Logistics iniciou o carregamento de combustíveis do Porto de Nacala, província de Nampula, para o Malawi, tendo transportado em 29 vagões, 1,1 milhão de litros de diesel, num exercício que acontecerá seis vezes por mês.

A empresa assinala o feito como uma marco que se integra nas “notáveis conquistas” que incluem o transporte de fertilizantes, contentores de carga geral, leguminosas para exportação, sal, componentes de sabão, grãos de trigo e outros, “consolidando desta forma o nosso papel como força motriz, impulsionando as economias de Moçambique, Malawi e Zâmbia”.

INFRA-ESTRUTURAS 19

No que considera ser um “momento marcante”, a Nacala Logistics refere que o início de transporte de combustíveis (a 12 de Agosto) tem como objectivo melhorar a acessibilidade e a eficiência de custos daquela mercadoria no Malawi.

O início do transporte de combustíveis materializa-se, diz a empresa, após a Nacala Logistics ter registado progressos substanciais na qualidade de serviços de transporte ferroviário ligando o porto de Nacala ao Malawi e a Zâmbia.

“Em uma virada significativa de eventos neste mês de Julho, uma reunião estratégica ocorreu no Porto de Nacala, organizada pelas lideranças da National Oil Company of Malawi (NOCMA), Ministérios de Energia e Transportes do Malawi, pela Petróleos de Moçambique, Nacala Logistics e outros principais interessados”, diz a Nacala Logistics.

Até há bem pouco tempo, o fornecimento de combustíveis ao Malawi era feito via rodoviária, a partir da Beira, em Moçambique, e Dar-es-Salaam, na Tanzania.

A operação concretiza se após a companhia logística nacional ter registado progressos substanciais na qualidade de serviços de transporte ferroviário ligando o Porto de Nacala ao Malawi e Zâmbia.

O transporte ferroviário de combustível contribui, desta forma, para o aumento do fluxo de tráfego no Corredor de Nacala, que passa a intermediar entregas de 10 milhões de litros a clientes, incluindo PIL (Blantyre Malawi Fuel) e Petromoc/ Vulcan, para operações da mina de Moatize.

“Esta é uma mudança significativa de eventos. Em Julho, uma reunião estratégica ocorreu no Porto de Nacala, organizada pelas lideranças da National Oil Company of Malawi (NOCMA), ministérios de Energia e Transportes do Malawi, Petróleos de Moçambique, Nacala Logistics e outros”, revela a fonte.

Esta é a primeira vez que a entidade estatal, a NOCMA, adopta o transporte ferroviário para o escoamento de combustível do Porto de Nacala.

“É um compromisso inabalável de superar a satisfação do cliente e garantir provisões de combustível pontuais para o Malawi, especialmente durante um período marcado por desafios de abastecimento e filas em postos de serviço em todo o Pais”, referiu a fonte.

Após a formalização de um acordo de transporte ferroviário no início deste ano entre a NOCMA e a NL, em Janeiro de 2023, e uma carta de intenções assinada pelo Ministério de Energia do Malawi no início de agosto de 2023, um compromisso foi estabelecido para iniciar o transporte de um volume inicial de 16 milhões de litros de combustível por mês.

É importante referir, diz a Nacala Logistics, que “antes deste desenvolvimento marcante”, a NOCMA dependia de camiões para o transporte de combustível da Beira e Dar es Salaam para o Malawi.

“À medida que avançamos, a Nacala Logistics permanece firmemente dedicada à busca da excelência, moldando incansavelmente um futuro em que o transporte de energia seja não apenas eficiente e competitivo, mas também um catalisador inabalável para o progresso”, frisa a Nacala Logistics.

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No Seguimento da parceria estratégica estabelecida com o Banco Africano de Exportação e Importação (Afreximbank), que versa sobre o estabelecimento de uma linha de crédito denominada Afreximbank – SME Revolving Working Capital Facility (Facilidade de Capital de Giro para PME’s) cujo protocolo foi assinado em Junho deste ano, Banco Nacional de Investimento (BNI), procedeu quarta-feira, 16/08, a apresentação do produto financeiro às empresas moçambicanas, nomeadamente, às pequenas e médias empresas exportadoras, que actuam nas cadeias de valor do agronegócio, indústria ligeira, processamento alimentar e logística, que passam a contar com uma linha de credito especifica de US$ 25 milhões.

Por meio da SME Revolving Working Capital Facility, agora convertida para o contexto local, em linha de crédito específica, na sequência da mobilização feita pelo BNI, como uma solução financeira de apoio a exportação, o Banco de Desenvolvimento, se propõe ajudar a melhorar a rentabilidade das oportunidades de receita dos negócios de exportação das PMEs, bem como permitir-lhes obter o capital necessário para suas actividades e apoio à tesouraria.

O BNI pretende com esta linha de crédito de US$ 25 milhões, por cinco anos, proporcionar às empresas uma maior capacidade de expansão de suas operações e alcance de novos mercados, resultando em um aumento significativo das exportações. Além disso, para o BNI, com a solução financeira disponibilizada às PME’s nacionais exportadoras, na perspectiva estratégica, a expectativa é que a mesma contribua para a entrada de divisas no País, promovendo a melhoria da balança comercial e reduzindo a dependência das importações, com as PMEs locais a terem mais oportunidades de alavancar seus negócios, fortalecendo assim a economia local.

Os financiamentos partem de montantes no intervalo entre os 500 mil até 6,5 milhões de dólares, com taxas entre 8,5%-9,5%, conforme o risco de cada operação.

ENERGIA E MINERAÇÃO 18 De Agosto 2023 22
BNI: PME’s exportadoras passam a contar com uma linha de crédito de US$ 25 milhões

“Estas taxas estão em moeda estrangeira, o dólar. A linha de financiamento é em dólares, pois é expectativa que, tratando-se de linhas de exportação, os recebimentos também sejam em moeda estrangeira, o que evitará riscos cambiais”, esclareceu Ancha Omar Chefe da Unidade de Desenvolvimento de Negócios do BNI.

O BNI sublinha o seu propósito, reiterando que ao fornecer suporte financeiro direccionado às PMEs exportadoras, busca criar um ambiente propício para o aumento da produção, o desenvolvimento de novos produtos e a expansão para mercados internacionais.

Por seu turno, a Confederação das Associações Económicas (CTA) considerou a linha de financiamento deverá permitir as PME terem acesso a recursos financeiros

que alavanquem as suas actividades, criando capacidade produtiva e exportadora.

“Queremos garantir que os produtores nacionais com potencial de exportação possam ter os recursos que precisam para organizarem as suas actividades, os seus negócios, de forma que tenham produtos em quantidade e qualidade para acesso aos mercados externos”, afirmou o Presidente do Pelouro da Indústria da CTA, Evaristo Madime, que acrescentou relativamente às taxas anunciadas, que o a matéria específica está merecendo análise por parte da CTA e haverá aproximação ao BNI na perspectiva de serem vistas oportunidades de melhoria onde tal se mostre possível e apropriado.

“É uma questão que nós ainda deveremos ver junto do BNI para

entendermos melhor e também para ver como podemos melhorar. É verdade que estas taxas, quando se fala de negócio de exportação, não parecem muito más, tendo em conta que o efeito cambial na exportação é reduzido”. Disse Evaristo Madimbe.

A parceria entre o Afreximbank e o BNI, é interpretada pelas partes como um exemplo de colaboração entre instituições financeiras em prol do fortalecimento do sector empresarial e do crescimento económico do país, proporcionando, no caso vertente, às PMEs exportadoras um melhor posicionamento para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades globais, contribuindo assim para o desenvolvimento sustentável do País.

África 23
Chefe da Unidade de Desenvolvimento de Negócios do BNI, Ancha Omar

Projecto Hidroeléctrico de Mphanda

Nkuwa: HCB e EDM assinam

contrato de mútuo financiamento

A Hidroeléctrica de Cahora Bassa S.A. (HCB) e a Eectricidade de Moçambique,E.P. (EDM) assinaram, quarta-feira última, 16 de Agosto de 2023, em Lichinga, um contrato de mútuo que estabelece os termos e condições da disponibilização de um montante de pouco mais de três milhões de dólares americanos ao orçamento do Gabinete do Projecto Hidroeléctrico de Mphanda Nkuwa.

O montante assegurado é correspondente à comparticipação da EDM, em cumprimento do previsto no artigo sétimo, número um, do Diploma Ministerial n.º 18/2019, de 7 de Fevereiro (“Mútuo”), e deve ser reembolsável até ao fecho financeiro do Projecto.

Os custos de desenvolvimento do Projecto suportados pela EDM e pela HCB, empresas mandatadas pelo Governo para desenvolver e implementar o Projecto da Central Hidroeléctrica de Mphanda Nkuwa, deverão ser contabilizados como adiantamentos ao capital social das sociedades de objecto específico a serem constituídas para o desenvolvimento do Projecto de Mphanda Nkuwa.

O acordo foi rubricado pelos PCA’s das empresas HCB, Tomás Rodrigues Matola, e da EDM, Marcelino Gildo Alberto. O acto foi testemunhado pelo Ministro dos Recursos Minerais e Energia, Carlos Zacarias, em representação do Governo de Moçambique e outros membros do corpo de gestão das duas empresas.

ENERGIA E MINERAÇÃO
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Bitcoin cai abruptamente até 9% para pouco mais de US$ 26.000 dólares na quinta-feira

A principal moeda virtual caiu drasticamente por volta das 18h00 ET. O Bitcoin estava sendo negociado em torno de US$ 26,400 pouco antes das 7h.

• A acção ocorreu algumas horas depois que o The Wall Street Journal relatou que os documentos mostram que a SpaceX reduziu o valor de suas participações em bitcoin em US$ 373 milhões de dólares no ano passado e em 2021;

• Elon Musk, CEO da SpaceX, tem sido historicamente um defensor da criptomoeda;

• O Bitcoin caiu drasticamente na noite de quinta-feira, caindo até 9% para pouco mais de US$ 26.000 dólares;

• A criptomoeda foi negociada pela última vez a US$ 26.593,68 dólares, reflectindo uma queda de mais de 8%, de acordo com dados da Coin Metrics.

A queda no bitcoin ocorreu várias horas depois que o The Wall Street Journal relatou que a SpaceX, que é dirigida por Elon Musk, reduziu o valor de suas participações em bitcoin em um total de US$ 373 milhões de dólares em 2022 e 2021, e que a empresa de viagens espaciais vendeu a moeda virtual.

“Esta é uma das vendas minuto a minuto mais brutais que já vimos na história do bitcoin”, disse Ryan Ras-

mussen, pesquisador da Bitwise Asset Management, à CNBC. “A especulação actual é que é uma liquidação impulsionada por Elon Musk / SpaceX.” Ele observou que este último declínio dramático é “míope e amplamente orientado para o retalho”.

Em 2022, a Tesla, que Musk também lidera como CEO, anunciou que vendeu cerca de 75% das suas participações em bitcoin depois de investir 1,5 mil milhões de dólares na principal criptomoeda.

O executivo bilionário tem sido historicamente um defensor vocal da criptografia.

Um estudo recente descobriu que as menções de Musk a certas altcoins no X, o site de mídia social anteriormente conhecido como Twitter, aumentaram os preços dessas criptomoedas. Em 2021, falando na conferência “The B-Word”, Musk também disse: “Se o preço do bitcoin cair, eu perco dinheiro. Eu posso bombear, mas não despejo.

A Bitcoin esteve sob pressão anteriormente, começando depois que o Federal Reserve publicou a ata de sua reunião de política de Julho. Na sessão de quinta-feira, a criptomoeda caiu para o seu nível mais baixo em quase dois meses.

CONJUNTURA
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Regras da União Europeia colocam em risco 70 000 postos de trabalho na África do Sul

A União Europeia (UE) está a impor regras mais rigorosas às exportações sul-africanas de citrinos, ameaçando 70.000 postos de trabalho e 15 mil milhões de Rands em receitas.

Deon Joubert, da Citrus Growers Association da África Austral (CGA), disse à eNCA (portal de notícias) que as regras impostas pela UE não têm nada a ver com a qualidade dos citrinos sul-africanos e são simplesmente restrições comerciais.

Joubert disse que esta é uma questão que se arrasta há uma década sem solução à vista, uma vez que a UE está empenhada em impor novos regulamentos aos produtores de citrinos sul-africanos.

A UE quer que os produtores locais melhorem a sua cadeia de frio, uma vez que Portugal registou casos de citrus black spot (CBS) em citrinos provenientes da África do Sul.

A CBS é uma doença fúngica que deixa marcas negras em parte do fruto, tornando-o indesejável para consumo humano e reduzindo o rendimento das plantas infectadas.

Joubert refutou as alegações da UE, afirmando que a África do Sul exporta fruta para a Europa há mais de um século sem registar um único caso de CBS.

Além disso, está provado que a origem da fruta, o Cabo Ocidental, está completamente livre da doença.

Não obstante, a UE está a impor regras mais rigorosas aos produtores de citrinos sul-africanos, obrigando-os a utilizar “super frigoríficos” para garantir que os frutos estão isentos de CBS.

A UE consome 48% da produção de citrinos da África do Sul e estas regras mais rigorosas ameaçam as exportações do País para o bloco.

Regras mais rigorosas, especialmente a utilização de “super frigoríficos”, tornarão as exportações sul-africanas de citrinos mais caros e por conseguinte, menos competitivas.

Joubert afirmou que a exportação para a UE já custa aos produtores sul-africanos mais 3,7 mil milhões de rands do que deveria. Esta nova regulamentação aumentará os custos em mais 2 mil milhões de rands.

“A UE tem actualmente estas regras estúpidas que não fazem sentido. Estão apenas a tornar mais difícil para os produtores sul-africanos exportar a sua fruta”, afirmou Joubert.

“Praticamente metade do sector, cerca de 70 000 postos de trabalho e 15 mil milhões de rands de receitas estão ameaçados”.

CLIMA E MEIO AMBIENTE
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O Ministro do Comércio da África do Sul, Ebrahim Patel, tem estado a dialogar com a UE sobre os seus novos regulamentos e o seu potencial impacto económico.

Joubert afirmou que o governo está a levar o assunto muito a sério e ameaçou levar a UE à Organização Mundial do Comércio por violação dos acordos comerciais.

Segundo Joubert e o Governo sul-africano, é evidente que esta regulamentação não tem nada a ver com a segurança e a qualidade dos alimentos, sendo antes uma restrição comercial imposta à África do Sul por razões geopolíticas.

Os citrinos sul-africanos não competem com as variantes europeias, uma vez que a produção é contra-sazonal, pelo que impedir as importações sul-africanas não ajudará os produtores europeus.

“A UE está a seguir o seu próprio caminho para o nada. É um disparate total, com um regulamento atrás do outro”, afirmou Joubert.

“A Citrus Growers Association (CGA) solicitou ao Presidente Ramaphosa que intervenha com urgência. É fundamental que o governo sul-africano trace uma linha na areia e solicite uma disputa oficial da Organização Mundial do Comércio com a UE sobre seus regulamentos CBS.

EXPORTAÇÕES
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O Ministro do Comércio da África do Sul, Ebrahim Patel

Entregas de aviões Boeing recuam em Julho, empresa planeia aumentar a produção

• A Boeing entregou 309 novos aviões nos primeiros sete meses do ano;

• O construtor tem vindo a aumentar a produção do seu modelo mais vendido, o 737 Max, para 38 por mês;

• As entregas de aviões da rival Airbus ultrapassaram as da Boeing até agora este ano.

• A Boeing entregou ao mercado 43 aeronaves, no mês passado, numa altura em que esforça-se por aumentar a produção perante demandas crescentes de companhias aéreas por novos aviões

As entregas foram inferiores às 60 efectuadas em Junho, mas elevaram o total de entregas da Boeing nos primeiros sete meses do ano para 309, um aumento de quase 28% em relação ao mesmo período de 2022.

No mês passado, a Boeing revelou que estava a aumentar a produção de seu avião 737 Max, o mais vendido, para um ritmo de 38 por mês, de 31. Apesar dos problemas de produção no início deste ano e de uma breve greve no principal fornecedor Spirit Aerosystems, o director financeiro da Boeing, Brian West, reiterou no mês passado que a empresa ainda espera entregar 400 a 450 jactos Max este ano.

O principal rival da Boeing, a Airbus, afirmou na semana passada que entregou 381 aviões nos primeiros sete meses do ano.

A Boeing afirmou ter registado encomendas líquidas de 52 aviões em Julho, que incluíram uma encomenda firme da Saudi Arabian Airlines, ou Saudia, de 39 Boeing 787 Dreamliners, um negócio anunciado pela primeira vez em Março.

INFRA-ESTRUTURAS
18 De Agosto 2023 28

Mundo endividado, fardo crescente para a prosperidade global A dívida pública pode ser vital para o desenvolvimento na medida em que os governos utilizam-na para financiar as suas despesas, para proteger e investir na sua população e para preparar o caminho para um futuro melhor, reitera a Organização das Nações Unidas (ONU), na sua mais recente analise sobre este assunto candente do crescimento do endividamento público.

No entanto, diz a ONU, a divida pública também pode ser um fardo pesado, quando a esta cresce demasiado ou demasiado depressa. Para a ONU esta última situação é a que se está a verificar actualmente em todo o mundo em desenvolvimento.

“A dívida pública atingiu níveis colossais”, em grande parte devido a dois factores, que a ONU indica, designadamente:

As necessidades de financiamento dispararam com os esforços dos países para evitar o impacto das crises em cascata no desenvolvimento;

Estas incluem a pandemia de CO-

VID-19, a crise do custo de vida e as alterações climáticas. Uma arquitectura financeira internacional desigual torna o acesso dos países em desenvolvimento ao financiamento inadequado e dispendioso. A ONU considera que, efectivamente, nas circunstâncias actuais, “o peso da dívida é um entrave ao desenvolvimento”. Frisa que a dívida tem vindo a traduzir-se num encargo substancial para os países em desenvolvimento devido ao acesso limitado ao financiamento, ao aumento dos custos dos empréstimos, às desvalorizações da moeda e ao crescimento lento. “Estes factores comprometem a sua capacidade de reagir a situações de emergência, de fazer face às alterações climáticas e de investir na sua população e no seu futuro”, frisa a ONU na sua publicação produzido sob auspícios da sua iniciativa UN Global Crisis Response Group (Grupo de Resposta a Crise Global da ONU).

Segundo o Grupo de Resposta a Crise Global da ONU, “os países estão a ser confrontados com uma escolha impossível entre o serviço da sua dívida e o serviço à sua população. Actualmente, 3,3 mil milhões de pessoas vivem em países

que gastam mais em pagamentos de juros do que em educação ou saúde. Um mundo endividado perturba a prosperidade das pessoas e do planeta.

Esta situação tem de mudar

Para mudar a situação a ONU diz que tem um roteiro de acções multilaterais para fazer face ao peso da dívida mundial e alcançar o desenvolvimento sustentável, que é apresentado no documento Our Common Agenda Policy Brief on Reforms to the International Financial Architecture and the SDG Stimulus, que se centra em três áreas de acção, designadamente:

Combater o elevado custo da dívida e os riscos crescentes de endividamento;

Aumentar maciçamente o financiamento de longo prazo acessível para o desenvolvimento, e iii. Alargar o financiamento de emergência aos países necessitados.

A implementação destas acções é crucial para libertar os recursos necessários para construir um mundo mais próspero, inclusivo e sustentável, defende a ONU.

Países em desenvolvimento estão a ser confrontados com uma escolha impossível: entre o serviço da dívida e o serviço à sua população
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