Weekend Edição 04 De Agosto 2023

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Millennium Bim assina acordo para financiar empresas nacionais no Oil & Gas

Trata-se de uma acção de promoção de conteúdo local na cadeia de valor da rentável indústria de petróleo e gás que se desenvolve em Moçambique, no caso específico, através de uma iniciativa da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) que se designa Linkar, que é concretamente um programa lançado em 2022, com o apoio do Banco Africano de Desenvolvimento, através de fundos da AFAWA e da FAPA, com a missão de fortalecer as áreas e competências do conteúdo local por forma a tornar as Pequenas e Médias Empresas (PME’s) Nacionais em reais agentes de serviço e desenvolvimento da indústria de Petróleo e Gás.

Em montante não especificado, mas com um horizonte temporal previsto de 5 anos, a ENH e o Millennium Bim, assinaram um memorando de entendimento, visando alavancar as capacidades organizacionais, técnicas e financeiras das Pequenas e Médias Empresas nacionais, para a captação de oportunidades de

negócios na indústria nacional de Petróleo e Gás.

Estevão Pale, CEO da ENH, disse que no entender da sua instituição, a contribuição da indústria de petróleo e gás para a economia não deverá apenas advir da participação do Estado, ou por outra, da ENH (como braço comercial do Estado), nos projectos mas também é importante a participação do sector privado nacional na indústria, em particular, as PME’s, que constituem a grande maioria dos operadores do sector privado nacional.

O CEO da ENH, deu a conhecer alguns dos elementos criteriosos que asseguram a participação das PME’s, na indústria do Oil & Gas, designadamente:

• Capacidade para responder aos elevados padrões de qualidade exigidos pela indústria;

• Capacidade técnica e experiência na indústria; e

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• Capacidade financeira para prestar serviços à indústria.

Estevão Pale vinculou que o LINKAR está estruturado para prover capacitação, assistência técnica, apoio institucional, certificação e padronização de processos, identificação de oportunidades de ligações empresariais e firmação de contratos para a prestação de serviços à indústria, visando melhorar as capacidades de empresas nacionais de participarem com robustez em negócios ao longo da cadeia de valor da indústria de petróleo e gás.

Particularmente sobre o acordo com o Millennium BIM, considerou como sendo um facto que complementa as acções acima descritas, mostra o compromisso entre as duas empresas em habilitar o sector privado, em particular as PME’s, a prestarem serviços

a indústria nacional de petróleo e gás.

Por seu turno, o Presidente da Comissão Executiva (PCE), do Millennium Bim João Martins começou por dizer que a parceria com a ENH é uma iniciativa muito importante para o Millennium bim. Pois abre espaço para concessão de condições especiais de acesso aos produtos e serviços financeiros às Pequenas e Médias Empresas (PMEs) previamente identificadas no âmbito do Programa LinKar da ENH.

“O nosso objectivo é apoiar estas empresas, permitindo-lhes participar activamente no desenvolvimento do sector do petróleo e gás e contribuir para o crescimento económico do País. Desta forma, estamos igualmente a promover o conteúdo local, aspecto que consideramos estratégico”, disse João Martins.

O PCE do Millennium Bim assegurou que as Pequenas e Médias Empresas (PME’s), a nível nacional, terão acesso a assistência financeira relacionada com as actividades da cadeia de abastecimento, apoio na busca de certificações essenciais, taxas de juro preferenciais, prazos bancários e linhas de crédito, bem como acesso a formação específica sobre produtos e serviços financeiros com o apoio do Millennium bim, pois a intenção é capacitar as empresas para que elas se possam destacar no sector.

Relativamente a inclusão do género e o empoderamento económico das mulheres, o executivo do Millennium bim acautelou dizendo que, “ com grande orgulho que apoiamos a iniciativa de empoderamento das mulheres através do Programa LinKar, e acreditamos que fortalecer a participação das mulheres moçambicanas neste sector é essencial para um crescimento económico inclusivo”.

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Novo ciclo de crescimento económico robusto permitirá incrementar papel da BVM no desenvolvimento inclusivo

A Bolsa de Valores de Moçambique (BVM) elevou o seu alerta ao mercado sobre as oportunidades múltiplas e vantagens concretas de investir no mercado accionista, advertindo ainda que “o sucesso na Bolsa não está dependente de possuir uma “bola de cristal”, aconselhando aos potenciais investidores a adoptar uma postura pragmática na escolha das empresas, evitando comprar títulos de sectores ou empresas que não se conhece ou que não se entende claramente.

“É vital que o investidor analise atenta e criteriosamente a empresa que pretende aplicar as suas poupanças, conhecer o potencial e a perenidade da empresa”, diz a BVM.

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“É uma “Verdade de La Palice” que não há investimento sustentável sem poupança, e que não podemos viver eternamente na dependência de poupanças alheias, e as Bolsa de Valores são plataformas primordiais para a promoção da poupança, financiamento e investimento, podendo ser uma ferramenta importante para o relançamento da economia nacional, muito deprimida nos últimos anos”, sublinha a BVM.

A BVM refere que em 2022, os segmentos de mercado accionista e obrigacionista, tiveram bom desempenho, com destaque para o facto de o mercado accionista ter passado a contar com mais uma empresa, a Tropigalia, SA, por via de uma Oferta Pública de Subscrição (OPS) de 10% do seu capital social, correspondente a 3.078.507 acções preferências nominativas e escriturais da Classe ´´B“, em que foram subscritas 2.817.203 novas acções, resultando num encaixe de 334 Milhões de meticais para a empresa e 1.083 novos investidores em Bolsa.

Por sua vez, o mercado bolsista contou com um volume de transacções de 16.675,64 milhões de MT, expressando um crescimento de 38,3% comparativamente ao período homólogo de 2021, que apresentou um volume de transacções de 12.057,80 milhões de MT.

Já a Capitalização Bolsista alcançou 164.287,50 milhões de MT, representando um crescimento em 30,28%, quando comparado ao período homólogo que foi de 126.105,40 milhões de Meticais, representando 24,05% do PIB, denotando uma tendência crescente

deste importante indicador do mercado de capitais. O indicador de liquidez do mercado (“turnover”), apresentou também uma tendência crescente, tendo alcançado 10,15%, isto é, um crescimento de 6,17% comparativamente ao período homólogo de 2021. A Central de Valores Mobiliários (CVM) efectuou o registo de vinte e nove (29) títulos, representando uma realização 145% de um total de vinte (20) planificados para o ano de 2022.

Temos advogado que ganhar dinheiro na Bolsa não é um “golpe de sorte” nem é feito com base numa “varinha mágica”, mas numa abordagem compreensiva, consistente e de longo prazo que articula três elementos decisivos, nomeadamente “prioridade-disciplina-paciência”, enfatizou o Presidente do Conselho de Administração da BVM, Salim Valá.

Acrescentou Valá que, para além de contribuir para o crescimento económico inclusivo e a democratização do capital, apostar no mercado de acções permite ao investidor ser um actor económico vital em projectos empresariais, “porque investir na Bolsa é uma forma de empreender, e o que Moçambique mais precisa é de empreendedores que acreditam no país e “colocam a mão na massa” para gerar riqueza e oportunidades que vão contribuir para relançar a nossa economia”, disse.

A BVM afirma que quer ajudar a mudar a narrativa da economia e do desenvolvimento inclusivo e sustentável de Moçambique, posicionando-se para ser parte do ciclo de sucesso inter-geracional.

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Escasseiam dados actualizados sobre prejuízos financeiros da pesca ilegal

• Em perspectiva estratégia nacional de fiscalização integrada Moçambique não tem dados actualizados sobre os prejuízos financeiros da pesca ilegal no País. O Ministério do Mar, Águas Interiores e Pescas busca junto de parceiros soluções para este e outros problemas, uma das questoes centrais da primeira sessão da Comissão Nacional de Administração Pesqueira (CNAP).

Em Moçambique a pesca e aquacultura são actividades realizadas ao longo de toda a costa e nas águas interiores e ocupam um lugar significativo para a economia do país.

No primeiro semestre de 2003, a produção global pesqueira foi de 218 mil toneladas, sendo que a pesca artesanal contribui com cerca de 95% e a pesca industrial e semi-industrial com 4%, enquanto a aquacultura ainda representa 1%.

A Ministra do Mar, Águas Interiores e Pescas, Lídia Cardoso, aponta igualmente, como desafios do sector, o ordenamento da actividade da pesca e aquacultura, o combate à pesca ilegal e poluição marinha, em particular o lixo plástico, o controlo das descargas do pescado, a protecção de habitantes frágeis e ao ecossistema do mangal.

Concretamente sobre a pesca ilegal, o Governo e parceiros buscam soluções para o flagelo que, de acordo com o Director Nacional da Administração da Pesca, Cassamo Júnior continua um obstáculo para o sector, sobretudo porque alguns dados estão desactualizados.

Há cerca de três ou quatro anos, os dados apontavam para perdas com a pesca ilegal na ordem de US$ 60 milhões de dólares, mas a informação precisa de ser actualizada.

“Para nós actualizarmos os dados do prejuízo da pesca ilegal é necessário fazer o seu estudo e precisamos de ter informações”, disse Cassamo Júnior.

“Neste evento [primeira sessão da Comissão Nacional de Administração Pesqueira], nós vamos discutir a estratégia de fiscalização integrada ao nível nacional. Queremos discutir este tema porque estamos cientes de que sozinhos não iremos alcançar os resultados que todos nós logramos”. Afirmou

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Exportação de carvão rendeu valor de 1,2 mil milhões de dólares ao País

O comércio bilateral anual total foi superior a cinco mil milhões de dólares para o ano financeiro de 202223.

Moçambique exportou para o mercado indiano 1,2 mil milhões de dólares norte-americanos de carvão no último ano fiscal, o que consolida a posição que o país ocupa como fonte crucial de recursos minerais críticos para a Índia

A informação foi avançada, em Maputo, pelo Alto Comissário ela Índia em Moçambique, Ankan Banerjee, durante a realização do Fórum de Negócios Moçambique -Índia, tendo acrescentado que o comércio bilateral anual total foi superior a cinco mil milhões de dólares para o ano financeiro de 2022-23.

Segundo o diplomata, citado pelo diário “Notícias”, o comércio bilateral entre os dois países foi bem equilibrado, com as exportações moçambicanas também a rondarem os 2,6 mil milhões de dólares no último ano fiscal. “Moçambique é uma importante fonte de recursos minerais críticos para a Índia e além dos produtos agrícolas, fornece-nos carvão de coque que é fundamental para as fábricas de aço. Também constitui uma fonte crucial de ervilhas, castanhas de caiu e outros produtos agrícolas”, explicou.

Ankan Banerjee mostra-se também satisfeito pelo facto de várias empresas indianas estarem a manter

relações comerciais boas com Moçambique, como é o caso da Mahindra Automobile, Tala Motors, Vulcan, JSPL, entre outras.

O diplomata explicou que no caso concreto da primeira unidade, tem sido a maior empresa de vencia de automóveis em Moçambique nos últimos cinco anos, para além de ter uma presença comercial no país há mais de 30 anos.

“A Tata Motors está também a desenvolver bons negócios neste país. A M/s Vulcan, ICVL e JSPL estão profundamente empenhadas no Sector da extracção de carvão. Vários outros fabricantes de produtos de consumo da Índia têm uma boa presença comercial em Moçambique”, acrescentou,

Banerjee disse que Moçambique constitui também um destino importante para os produtos farmacêuticos e cosméticos da Índia, tendo ainda a existência de um enorme interesse em aprofundar a parceria para benefício mútuo.

Por seu turno, o Ministro da Indústria e Comércio, Silvino Moreno, disse que o volume de investimentos da Índia, em Moçambique, nos últimos dez anos, para além de contar com 119 projectos aprovados, posiciona-lhe em sexto lugar da lista dos 10 maiores investidores.

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Esta posição demonstra uma capilaridade alinhada com a matriz das prioridades da acima do Governo moçambicano de diversificação produtiva, designadamente na agricultura, agro-processamento, hidrocarbonetos, comercialização agrícola, energia, logística, indústria farmacêutica e serviços médicos.

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Moza Banco: É preciso partilhar o risco para financiar agricultura em Moçambique

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Administrador Executivo do Moza Banco, Jaime Joaquim

O Administrador Executivo do Moza Banco, Jaime Joaquim, defendeu recentemente, em Maputo, durante a 1ª edição da Expo índia – Moçambique 2023 que os desafios relacionados com o financiamento à agricultura, no país, podem ter solução à vista se o risco associado à actividade for compartilhado.

Jaime Joaquim explica que dada a escassez de seguradoras interessadas em cobrir o ramo agrícola, muito por causa das eventuais ocorrências de desastres e calamidades naturais, a banca fica, na maioria das vezes, com dificuldades de assumir, isoladamente, o risco de financiar a agricultura, o que condiciona sobremaneira o desenvolvimento do sector.

Entretanto, a fonte chama atenção à replicação de alguns modelos de financiamento praticáveis, com destaque para o que tem sido potenciado pela USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional) no qual a entidade propõe-se a cobrir, em garantias, pelo menos 50 por cento do financiamento, cabendo ao Banco assumir o resto.

“Com o modelo de financiamento potenciado pela USAID, nos casos em que o Banco concede financiamento a um determinado player do sector agrícola e, por ocorrência de alguma calamidade natural, esse player perde a capacidade de reembolsar o dinheiro ao Banco, podemos nos tranquilizar ao saber que temos a possibilidade de recuperar, no mínimo, 50 por cento do valor total financiado. Esse compartilhamento de risco permite que o Moza continue sendo um banco que aposta na agricultura e no agronegócio em Moçambique, fortalecendo seu compromisso com esses sectores fundamentais”, asseverou Jaime Joaquim.

De acordo com a fonte, isto coloca o Moza como um “Bancos da Agricultura” no país potenciando directamente várias culturas de consumo interno e de exportação, com destaque para a produção da Banana e da Banana Manga. E para abranger ainda mais o ramo agrário, o Moza estende a sua cobertura à pecuária, financiando a produção e criação do gado bovino e ovino e apostando na avicultura.

Jaime Joaquim refere, ademais, que o Moza também potencia a cadeia de valor do agronegócio, enfatizan-

do o financiamento concedido indirectamente à produção de culturas como o gergelim, castanha de caju, soja e etc. “Financiamos empresas que potenciam estas culturas. Falo concretamente de entidades que produzem e distribuem insumos, garantindo que os agricultores tenham a matéria-prima necessária para o desenvolvimento das suas actividades”, acrescentou.

A concluir, a fonte apelou à reflexão conjunta para a necessidade da criação de um fundo Estatal que possa ajudar os diferentes intervenientes da cadeia de financiamento agrário, minimizando riscos e reforçando significativamente o interesse do sector bancário na agricultura e no agro-negócio.

Entretanto, O Moza reafirma o seu interesse estratégico em apostar na agricultura como um dos sectores-chave para o desenvolvimento. Enquanto parceiro confiável, o Moza Banco busca incessantemente contribuir para um futuro promissor, onde a agricultura floresça como um alicerce sólido para o progresso e o bem-estar de Moçambique e dos moçambicanos.

Sob o lema Unindo Culturas Através do Comercio a 1ª edição da Expo índia – Moçambique 2023, decorreu entre os dias 25 e 26 de Julho, com a participação de centenas de individualidades que, durante os dois dias, fomentaram entre si boas relações de negócio que seguramente irão reflectir-se no crescimento da economia nacional.

O Moza Banco é um dos principais bancos comerciais em Moçambique, oferecendo uma ampla gama de produtos e serviços financeiros para clientes corporativos, PMEs e particulares. O Moza Banco preconiza uma abordagem centrada no cliente, buscando impulsionar o desenvolvimento económico e promover a inclusão financeira.

Para o Moza, a instituição distingue-se dos demais bancos actuantes no país por possuir a maior percentagem de estrutura accionista moçambicana.

“Essa particularidade realça o compromisso do Banco em contribuir para o desenvolvimento económico de Moçambique, fortalecendo os laços entre o sector bancário e a comunidade local.”, Diz o Moza Banco.

CONJUNTURA
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Mozambique

• Estamos a trabalhar em todas as frentes, diz CEO da Total Energies, Patrick Pouyanne;

• Uma delas é com os empreiteiros, e espero que isso seja feito no segundo semestre deste ano. Então, teremos as respostas e espero que sejam positivas”, disse ele;

• “Actividade de realocação está quase concluída” e todo o trabalho de actividades de sustentabilidade social que a Mozambique LNG está a fazer é “realmente impressionante”, diz o CEO da Saipem, Alessandro Puliti;

• O CEO da Saipem afirma que está a trabalhar com a Mozambique LNG para “chegar ao preço certo” para o reinício do projeto.

Informações a que O.Económico teve acesso, dão conta de que a TotalEnergies está a intensificar as negociações com os seus parceiros no projeto Mozambique LNG, sobretudo no que concerne aos termos de custo dos seus contratos, num claro sinal de que a retoma do projecto está iminente enquanto trabalham para reiniciar o projeto, interrompido na sequência declaração de “ força maior” no projeto Mozambique LNG em Abril de 2021.

O contratante EPC do projeto é a CCS JV, um consórcio entre Saipem, McDermott e a Chiyoda.

Recorde-se que no início deste ano, Patrick Pouyanne, CEO da TotalEnergies, disse que a empresa “não tinha pressa” para retomar o projecto, apontando que a segurança, os direitos humanos e os custos são os três principais elementos para tomar a decisão de retornar a Afungi na província de Cabo Delgado.

O CEO confiou a Jean-Christophe Rufin, especialista em acção humanitária e direitos humanos, uma missão independente para avaliar a situação humanitária na província.

Em Maio, a TotalEnergies divulgou o relatório sobre a situação humanitária, mas não indicou uma data para o reinício do projeto.

Mais recentemente, na semana passada, Pouyanne disse a analistas, durante a apresentação dos resultados do segundo trimestre da empresa, que a empresa e seus parceiros “estão a trabalhar em todas as frentes” para reiniciar o projeto.

“Uma delas é com os empreiteiros, e espero que isso seja feito no segundo semestre deste ano. Então, teremos as respostas e espero que sejam positivas”, disse ele.

LNG: TotalEnergies intensifica negociações com os parceiros, indicia que o reinício do projecto pode estar próximo
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O CEO da TotalEnergies disse anteriormente que alguns dos contratantes de Mozambique LNG precisam de ser “razoáveis” no que diz respeito aos termos de custo dos seus contratos.

“Estamos a trabalhar no relançamento, descongelando o financiamento. Portanto, acho que o objetivo para nós é chegar até você antes do final do ano e devemos ter clareza sobre o caminho a seguir ”, disse Pouyanne.

“Mas, novamente, sem pressa, custa antes, mas depois vamos fazer passo a passo corretamente, é o objetivo que temos, mas se precisarmos esperar mais um pouco, esperaremos”, disse ele.

“Progredindo na direcção certa”

Por sua vez, o CEO da Saipem, Alessandro Puliti, disse em Fevereiro deste ano que a empreiteira italiana esperava reiniciar os trabalhos no projeto Mozambique LNG liderado pela TotalEnergies em Julho deste ano.

A participação da empresa nos contratos onshore é de US$ 3,86 bilhões.

Puliti disse durante uma teleconferência da Saipem em 27 de Julho que havia visitado Afungi na semana anterior.

Ele disse que a “actividade de realocação está quase concluída” e todo o trabalho de actividades de sustentabilidade social que a Mozambique LNG está a fazer é “realmente impressionante”.

O CEO da Saipem disse ainda que a empresa está a trabalhar com a Mozambique LNG para “chegar ao preço certo” para o reinício do projeto.

“Isso significa que já tivemos uma ronda muito intensa de renegociação com nossos subcontratados. E há algumas actividades de licitação, novamente, com subcontratados que estão a acontecer, e esperamos ter resultados até o final do verão desta nova actividade de licitação”, disse ele.

“Então, no geral, podemos dizer que é um trabalho em andamento em Moçambique e na direção certa”, disse Puliti.

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Nacala Logistics investe na melhoria de rodovias

A empresa Nacala Logistics está a canalizar cerca de 839 mil dólares na reabilitação das estradas de acesso às praias Libélula e Sousa, em Nacala-Porto, segundo o diário “Noticias” que avança com a informação em primeiro plano.

Segundo o jornal, as obras visam viabilizar o projecto de travessia marítima da Nacala Logistics para encurtar as distâncias percorridas diariamente pelos trabalhadores.

A reabilitação das estradas também trará ganhos aos residentes de Nacala, na medida em que passarão a contar com uma via melhorada, para além de elevar-se o potencial turístico da região.

Por ocasião do lançamento da primeira pedra, uma cerimónia ocorrida recentemente, o presidente do Conselho Municipal da Cidade de Nacala, Raul Novinte, referenciou que os ganhos da reabilitação da estrada não serão apenas para a empresa, mas para todos os nacalenses.

“Uma estrada muda uma vida”, disse Novinte, encorajando a Nacala Logistics a continuar a colaborar com o município pardo desenvolvimento da região.

Por sua vez, o representante da Nacala Logistics, Sérgio Paunde, disse que o projecto de travessia marítima visa melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e a reabilitação das estradas é crucial para operacionalização do mesmo.

“De autocarro, hoje, somamos 1.30 hora para chegar ao escritório e com a implementação do projecto este tempo reduz para 15 minutos. Com isto acreditamos que os trabalhadores terão mais disposição e também mais tempo com as suas famílias”, explicou Paunde.

O projecto de reabilitação das estradas que dão acesso às praias Líbelula e Sousa tem o prazo de 6 meses e prevê acções de terraplanagem, instalação de passagens hidráulicas e revestimento em pavê.

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País concede espaço para Malawi erguer porto seco

Moçambique vai conceder um espaço ao Malawi para erguer um porto seco no Porto de Nacala, na província de Nampula, com vista a acelerar o desembaraço alfandegário de mercadorias e flexibilizar a logística de transporte, sobre tudo para combustível e fertilizantes.

A concessão de espaço é fruto do aprofundamento das relações diplomáticas e bilaterais, o que vai ajudar o Malawi a aliviar os custos de transporte e reduzir os preços das mercadorias.

O espaço está projectado para ter ramais ferroviários, armazéns, equipamentos de manuseio de carga, depósitos de combustível, oleodutos, entre outros.

O Governo do Malawi terá de decidir sobre o modelo operacional das instalações, se embarcará por uma parceria público-privada ou criará uma empresa estatal de pleno direito para optimizar a ligação directa entre perto-ferrovia que Nacala dispõe para Blantyre e depois para Lilongwe, através de Liwonde.

Segundo a Rádio Moçambique, o director de Operações da Companhia Nacional de Petróleo do Malawi, Micklas Reuben, afirmou que a empresa a ser instalada no Porto de Nacala vai assumir a liderança no

transporte de mercadorias, incluindo o combustível de Nacala, por via ferroviária.

Neste momento o Governo do Malawi já identificou a Augusto Energy, sediada em Genebra, para manusear, a partir do Porto de Nacala, 196 milhões de litros de combustível.

A posição do Governo de Moçambique chega depois de notícias de que fornecedores de combustível ao Malawi estavam a relegar para o segundo plano o Porto da Beira, no Centro do país, e de Nacala, no Norte, opiando pelo do de Dar-es-Salaam por motivos de congestionamento e algumas ineficiências no manuseamento de carga.

Em Nacala, por exemplo, os fornecedores apontavam o facto de não existirem naquele porto reservatórios eficazes, sendo a Petromoc – Empresa Nacional Petróleos de Moçambique, a única com capacidade para o efeito.

A imprensa local destaca a liderança e diplomacia dos presidentes Lazarus Chakwera, do Malawi, e Filipe Nyusi, de Moçambique, que reactivou as relações entre os dois países, facto que está a merecer uma apreciação positiva pelos malawianos.

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A BP Moçambique pretende vender à petrolífera estatal moçambicana Petromoc a quota de 50% que detém na empresa Maputo International Airport Fuelling Services (MIAFS) criada por ambas para operações de armazenamento de combustível no aeroporto internacional de Maputo.

De acordo com um aviso publicado hoje pela Autoridade Reguladora da Concorrência (ARC), a notificação da operação de “concentração de empresas” foi apresentada em 24 de Julho e está sujeita à avaliação pública nos próximos 15 dias.

Trata-se da confirmação da saída da BP do mercado moçambicano de combustíveis, depois de em 2021 ter vendido o negócio de retalho à TotalEnergies.

Já este ano a ARC tinha anunciado que a BP Moçambique tinha acertado a venda à Puma Energy Moçambique dos activos do negócio de combustível para aviação, incluindo operações em sete aeroportos.

De acordo com a informação divulgada no início de Março último pela ARC, este negócio envolveria ainda a participação de 50% na Maputo International Airport Fuelling Services (MIAFS), uma ‘joint-venture’ com a

Petróleos de Moçambique (Petromoc), para a concepção e construção de um depósito de combustível para aviação, gestão de um depósito de armazenamento de combustível e de equipamento de abastecimento a aviões, incluindo uma rede de hidratantes/bocas de combustível no Aeroporto Internacional de Maputo.

Agora, a ARC refere que o negócio da venda da quota de 50% da BP Moçambique na MIAFS será feito à Petromoc, que passará “a deter a totalidade das quotas da empresa-alvo”.

“A BP Moçambique tem enveredado, nos últimos anos, pela venda dos seus activos em Moçambique. Este facto está associado à decisão estratégica de sair progressivamente do mercado de fornecimento de combustível do país. Para a materialização da estratégia, durante os anos de 2021 e 2022, a BP Moçambique endereçou convites a várias entidades para apresentação de propostas de compra dos activos do negócio de combustível para aviação em Moçambique e da sua participação na Maputo International Airport Fuelling Services (MIAFS), tendo sido então escolhida a Puma como a melhor posicionada para adquirir o negócio-alvo”, referia a ARC, numa nota de Abril passado, de não oposição ao primeiro negócio.

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BP vende à Petromoc posição na empresa de combustível no aeroporto de Maputo

Estendida exportação de feijões para Índia

Feijões produzidos em Moçambique continuarão a ter acesso preferencial ao mercado da Índia livre de quotas até 2026, ao abrigo de um entendimento alcançado entre os governos dos dois países.

Acredita-se que este alargamento do acordo poderão contribuir, em grande medida, para estimular a produção e produtividade do sector agrário e, por via disso, aumentar a renda da população.

Silvino Moreno, ministro da Indústria e Comércio, que confirmou a informação, explicou que o entendimento insere-se no quadro da cooperação económica existente entre os dois países, que abrange vários sectores de actividade.

Em 2020 o Governo indiano anunciou a isenção de taxas (excluindo impostos), através de uma preferência comercial para a exportação de quase todos os produtos moçambicanos para aquele mercado.

Um ano depois, em 2021, as partes renovaram o acordo para a exportação para Índia de um milhão de toneladas de feijão bóer por um período de cinco anos,

Esta preferência comercial faz parte das medidas adoptadas pelo Governo indiano como forma de criar mais oportunidades de negócios em Moçambique nos próximos tempos.

Segundo Silvino Moreno, a presença crescente, em Moçambique, de empresas de grande dimensão da Índia na área dos recursos minerais, indústria farmacêutica e hospitalar pontifica à dimensão político-estratégica das relações bilaterais entre os Estados, que se tem traduzido em acções conjuntas de desenvolvimento com foco em sectores prioritários com impacto na melhoria das condições de vida dos dois povos.

“A capacidade competitiva, empreendedora e diversificada que a Índia dispõe a nível de capital, tecnologia, experiência e parceria faz deste país parceiro privilegiado de Moçambique”, disse o ministro.

Moreno prestou esta informação, em Maputo, durante a Feira e Exposição de Negócios e Investimentos Moçambique¬-Índia, organizada pelo Conselho Indiano de Negócios, tendo como patrono o Alto-Comissariado do país asiático em Moçambique.

EXPORTAÇÕES
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Adidas assina parceria de 1,2 mil milhões de dólares com o Manchester United

• A Forbes classifica o Manchester United como a segunda equipa mais valiosa do mundo, avaliando a equipa de 145 anos em 6 mil milhões de dólares;

• As acções da equipa subiram 2% na sequência da notícia.

O Manchester United e a Adidas acordaram prolongar o seu contrato de patrocínio do uniforme do clube, num acordo recorde de 900 milhões de libras (1,2 mil milhões de dólares) que se prolonga, assim, por mais uma década.

A empresa alemã de vestuário desportivo vai continuar a fabricar kits e outras peças de vestuário para a equipa de futebol britânica, num dos maiores patrocínios da Premiere League que começou em 2015, após a deserção da equipa pela Nike.

O Manchester United afirmou no seu site que a parceria com a Adidas tem “entusiasmado os adeptos em todo o mundo com iniciativas inovadoras, designs icónicos no campo e vestuário cultural favorito dos adeptos fora dele” e que o novo acordo “aumenta o foco” na sua equipa feminina para novo vestuário.

“Estamos extremamente orgulhosos por anunciar a extensão do contrato com o Manchester United”, afirmou o Director Executivo da Adidas, Bjorn Gulden. “A Adidas e o Manchester United são duas das marcas mais importantes do futebol internacional e é muito

natural que continuemos a nossa cooperação”.

O acordo de segunda-feira representa um aumento significativo em relação ao acordo anterior, que valia cerca de 750 milhões de libras. Acordos comerciais como este podem ser lucrativos para as equipas desportivas, uma vez que a sua atracção internacional aumenta e a venda de vestuário da moda se torna um fluxo de receitas adicional.

O acordo surge numa altura em que o mundialmente famoso clube está possivelmente à venda. No ano passado, os seus proprietários americanos, a família Glazer, afirmaram ter iniciado um “processo de exploração de alternativas estratégicas”, que poderá incluir uma venda total. Esta foi uma notícia bem-vinda para os adeptos da equipa, uma vez que a propriedade dos Glazer sobre o Manchester United é profundamente impopular entre eles, uma vez que a compra alavancada do Manchester United deixou o clube sobrecarregado com uma dívida líquida de 626 milhões de dólares, de acordo com as últimas contas da organização.

A Forbes classifica o Manchester United como a segunda equipa mais valiosa do mundo, avaliando a equipa de 145 anos em 6 mil milhões de dólares. As acções da equipa subiram 2% na sequência da notícia.

ECONOMIA GLOBAL
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A Linha ferroviária ajudará a deslocar as exportações de carvão do Botswana que actualmente se faz por estradas

As empresas ferroviárias estatais da África do Sul e do de Botswana e estão em busca de financiamento para uma linha ferroviária entre os dois países para transportar commodities, incluindo carvão, orçada em US$ 230 milhões.

A ligação Mmamabula-Lephalale percorrerá 113 quilómetros e terá uma capacidade de 24 milhões de toneladas por ano. A ferrovia se conectará às rotas existentes para Richards Bay, na África do Sul, e para o Porto de Maputo, em Moçambique — ambos os principais terminais de exportação de minerais a granel.

Uma manifestação de interesse mostrou que o projecto também envolverá melhorias das instalações existentes, como o Terminal de Múltiplos Propósitos em Richards Bay para acomodar os volumes crescentes do Botswana. A Transnet Freight Rail e a Botswana Railways irão geri-la como uma parceria público-privada, sem contribuições financeiras dos dois governos.

O Botswana tem recursos de carvão estimados em mais de 200 mil milhões de toneladas, segundo o Governo, mas a indústria tem sido prejudicada pela falta de capacidade de exportação por caminho de ferro. As duas minas de carvão do País têm transportado a sua produção através de camiões para os países vizinhos.

“A ligação ferroviária Mmamabula-Lephalale será operada como um serviço sem interrupções, sem escalas na fronteira entre a África do Sul e o Botswana”, de acordo com fontes próximas do assunto.

As duas empresas esperam que “após a conclusão, espera-se que a ligação ferroviária proporcione benefícios socioeconómicos significativos, como a mudança da estrada para o caminho-de-ferro.”

O porta-voz da Transnet Freight, Bonginkosi Mabaso, citado pela Bloomberg, disse que não se espera que o projecto enfrente desafios de financiamento, apesar de uma aversão global ao financiamento do carvão.

“Esta ligação é uma iniciativa de integração regional e há também outras mercadorias que serão transportadas na linha além do carvão”, disse.

África
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África do Sul e Botswana procuram fundos para linha ferroviária para minerais orçadas em US$ 230 milhões

Air France-KLM admite ficar com uma posição minoritária na TAP

O grupo revelou que já contratou assessores jurídicos e financeiros para avançar para a privatização da companhia aérea portuguesa Consta que a Air France-KLM já contratou assessores jurídicos e financeiros para a corrida à privatização da TAP. O grupo admite ficar com uma posição minoritária no capital, desde que tenha o controlo da estratégia comercial. Preservação da marca, do hub no aeroporto de Lisboa, das rotas e das competências de gestão são condições que acolhe.

“Já contratámos consultores jurídicos e financeiros. Estamos a andar nessas duas frentes como se quiséssemos participar e fazer uma oferta, para não estarmos a começar do zero quando o processo arrancar”, afirmou Ben Smith, CEO da Air France-KLM na conferência de imprensa de apresentação de resultados.

As condições da operação ainda não são conhecidas, já que o decreto da reprivatização só deverá ser aprovado em Setembro, mas o responsável admite que o grupo fique com uma posição minoritária no capital. “Quando entrarmos nesta

transação queremos ter a certeza que estrategicamente se encaixa no que queremos fazer. Se são 20%, 40%, 60%, 80%, depende dos direitos que teríamos”, afirma. Há, no entanto, uma condição: “A direção comercial é chave para nós.”

“O que é mais importante é que assumimos o compromisso com a comunidade financeira de que vamos atingir uma margem de 7% a 8% no médio prazo. Em qualquer transação teríamos de ter o conforto de que essa meta se mantém intacta”, sublinhou também o CEO do grupo.

O interesse na companhia portuguesa é inquestionável. “Do ponto de vista estratégico gostamos da TAP. Gostamos das rotas adicionais que a TAP teria para o grupo. Estamos a ver como o processo se desenrola e, quando abrir, dependendo das condições, decidiremos se entramos no processo formal”, afirmou Ben Smith.

Manter marca, hub e rotas da TAP

O Ministro das Finanças de Portugal, Fernando Medina, citado pelo portal “Sapo”, afirmou na sua

audição na comissão parlamentar de inquérito à TAP que o diploma da reprivatização vai definir critérios de “natureza estratégica para o País” e que “privilegiem o papel da TAP enquanto motor importante do crescimento económico”. O que passa pela “manutenção da hub em Lisboa, pela manutenção de uma companhia com autonomia própria e um projeto de desenvolvimento da companhia e da sua expansão”.

Condições que podem encaixar com o perfil da operadora aérea franco-neerlandesa

“A Air France-KLM foi o primeiro grande grupo a ser criado na Europa e os principais elementos que foram importantes para as duas companhias e a maioria dos stakeholders foi assegurar que as marcas globais fossem mantidas, que havia compromissos de investimento, que mantínhamos grande parte das operações em Paris e Amesterdão e que havia investimento nas rotas. Acredito que conseguiríamos fazer o mesmo se fossemos adiante com a TAP”, referiu Ben Smith.

INFRA-ESTRUTURAS
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• Os CEO da Micron e da Cadence e os executivos seniores da Applied Materials e da Advanced Micro Devices (AMD) estiveram no palco de um importante evento de semicondutores na Índia, ao lado do Primeiro-Ministro Narendra Modi;

• O evento com algumas das maiores empresas de circuitos integrados do mundo realça as ambições da Índia de se tornar um importante centro de semicondutores, a par de países como os EUA, Taiwan e Coreia do Sul;

• A Índia está a tentar atrair empresas estrangeiras para investir, tendo a AMD afirmado que planeia investir cerca de 400 milhões de dólares nos próximos cinco anos na Índia. Os CEO’s de algumas das principais empresas de semicondutores dos EUA elogiaram o sector tecnológico da Índia num evento que contou com a presença do Primeiro-Ministro Narendra Modi, numa altura em que a quinta maior economia do mundo procura posicionar-se como uma potência global de chips.

Os CEOs da Micron e da Cadence e os executivos seniores da Applied Materials e da Advanced Micro Devices (AMD) estiveram no palco da SemiconIndia ao lado do Primeiro-Ministro Narendra Mod, onde se falou sobre os seus investimentos no mercado indiano de circuitos integrados. Ajit Manocha, o director executivo da SEMI, organismo industrial sediado nos EUA, também esteve presente.

“Pela primeira vez na história da Índia, a geopolítica, as políticas internas e a capacidade do sector privado estão alinhadas a favor da Índia para se tornar um actor na produção de semicondutores”, disse Manocha no discurso de abertura.

“Olharemos para trás no ano de 2023… como um ano marcante em que as coisas começaram a tomar forma”.

O evento com algumas das maiores empresas de chips do mundo destaca as ambições da Índia de se tornar um importante centro de semicondutores ao lado de países como os EUA, Taiwan e Coreia do Sul.

A estratégia da Índia para as pastilhas

A estratégia da Índia em matéria de pastilhas é composta por duas partes principais. A primeira consiste em atrair empresas estrangeiras para estabelecerem operações e investirem no País, enquanto a segunda consiste em formar alianças com outras nações importantes no sector dos semicondutores, como os EUA.

Nova Deli introduziu políticas de apoio ao sector dos semicondutores. Em Dezembro, o Governo deu luz

TECNOLOGIA
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Índia atrai os gigantes norte-americanos dos chips para se tornar uma superpotência dos semicondutores

verde a um plano de incentivos de 10 mil milhões de dólares para a indústria de semicondutores. Este plano também está aberto a empresas estrangeiras.

No mês passado, Modi visitou os EUA, onde afirmou que a Índia iria trabalhar com os Estados Unidos no sector dos semicondutores e noutras áreas.

Na SemiconIndia, as empresas americanas de circuitos integrados presentes falaram sobre os seus investimentos na Índia e anunciaram novos investimentos, sublinhando a importância que a Índia atribui à atracção de empresas estrangeiras.

A AMD afirmou que planeia investir cerca de 400 milhões de dólares na Índia nos próximos cinco anos. Isso inclui um novo campus em Bangalore que será o maior centro de design da empresa.

“As equipas da Índia serão fundamentais para o avanço da aprendizagem automática de IA e das capacidades de hardware e software”, disse Mark Papermaster, CTO da AMD, durante um discurso de abertura na sexta-feira.

No mês passado, a Micron anunciou planos para estabelecer uma instalação de montagem e teste de semicondutores no estado de Gujarat, na Índia. O investimento da Micron totalizará até 825 milhões de dólares.

“Esperamos que este investimento ajude a catalisar outros investimentos no sector, reforce a capacidade de produção nacional, incentive a inovação e apoie uma maior criação de emprego”, afirmou Sanjay Mehrotra, Diretor Executivo da Micron, na sexta-feira, 28 de Julho.

O Ministro indiano das TI, Ashwi-

ni Vaishnaw, disse na sexta-feira, 28 de Julho, que a construção desta fábrica começaria “em breve”.

O revés da Foxconn na Índia

Um outro participante notável foi Young Liu, Presidente da Foxconn, a empresa taiwanesa que monta os iPhones da Apple. Nos últimos dois anos, a Foxconn tem-se empenhado no sector dos semicondutores.

O seu maior esforço ocorreu no ano passado, quando a Foxconn acordou com o conglomerado indiano de metais e petróleo, a Vedanta , a criação de uma fábrica de produção de semicondutores e ecrãs na Índia, no âmbito de uma empresa comum de 19,5 mil milhões de dólares. No entanto, a Foxconn abandonou o projecto este mês, desferindo um golpe tanto na empresa como nas ambições da Índia.

Ainda assim, isso não parece ter dissuadido as duas empresas. A presença de Liu no evento sinaliza a ambição da Foxconn de investir na Índia. Liu disse à CNBC-TV na sexta-feira, 28 de Julho, que a Foxconn pretende investir 2 mil milhões de dólares na Índia nos próximos cinco anos.

O Presidente do Grupo Vedanta, Anil Agarwal, disse na sexta-feira na SemiconIndia que a empresa “identificou parceiros de classe mundial para a tecnologia e está em vias de se associar a eles” no sector dos semicondutores.

Os desafios da Índia

O evento de alto nível com todos os directores executivos esconde alguns dos desafios da Índia na indústria dos semicondutores.

De acordo com Pranay Kotasthane,

Director-adjunto da Takshashila Institution, uma área em que a Índia poderia ser atractiva é a embalagem e o ensaio de semicondutores. Este sector requer mão-de-obra relativamente pouco qualificada, mas um elevado investimento de capital, que a Índia poderia ter. No entanto, nenhuma grande empresa taiwanesa deste segmento do mercado se instalou na Índia.

“A falta de coerência das políticas e os elevados direitos de importação são os estrangulamentos que podem explicar o facto de as empresas de Taiwan não terem avançado”, afirmou Kotasthane.

Entretanto, na área das fundições, empresas que efectivamente fabricam semicondutores, não tem havido bons parceiros tecnológicos para os que tentam estabelecer-se na Índia. O acordo de fabrico de pastilhas entre a Vedanta e a Foxconn baseou-se alegadamente na tecnologia da empresa europeia de semicondutores STMicroelectronics.

“Nenhuma das propostas de fábricas foi ainda capaz de encontrar bons parceiros tecnológicos”, disse Kotasthane.

Ainda assim, os analistas apontam o enorme mercado interno da Índia e outros factores, como os incentivos, como razões para o optimismo no mercado de chips do país.

Na sexta-feira, 28 de Julho, Modi elogiou as credenciais da Índia.

“Os engenheiros e designers qualificados são a nossa força. Qualquer pessoa que queira fazer parte do mercado mais vibrante e unificado do mundo tem fé na Índia”, afirmou o Primeiro-Ministro indiano.

TECNOLOGIA
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Sudeste

Os países da ASEAN estão a trabalhar na criação de um sistema de pagamentos transfronteiriços do qual se espera aprofundar a inclusão financeira em toda a região; Os residentes em Singapura, Indonésia, Malásia e Tailândia agora podem pagar por bens e serviços nos países uns dos outros usando moedas locais, o que os analistas esperam que impulsione o turismo, os gastos do consumidor e os fluxos de remessas; As microempresas, as pequenas e médias empresas e a população desbancarizada deverão ser as mais beneficiadas, dizem os especialistas.

Um novo sistema regional de pagamentos transfronteiriços recentemente implementado pelas nações do Sudeste Asiático é percebido como aprofundador da integração financeira entre os participantes, aproximando o bloco da ASEAN do seu objectivo de coesão económica.

O programa, que permite que os residentes paguem por bens e serviços em moedas locais usando um código QR, agora está activo na Indonésia, Malásia, Tailândia e Singapura. Espera-se que as Filipinas adiram em breve.

A medida surge depois de os cinco países do Sudeste Asiático terem assinado um acordo oficial no final do ano passado. Na recente cimeira da ASEAN, em Maio, os dirigentes

também reiteraram o seu empenho no projecto, comprometendo-se a trabalhar num roteiro para expandir as ligações regionais de pagamento a todos os dez membros da ASEAN.

O regime visa apoiar e facilitar acordos comerciais transfronteiriços, investimento, remessas e outras actividades económicas com o objectivo de implementar um ecossistema financeiro inclusivo em torno do Sudeste Asiático.

Analistas dizem que os sectores de retalho serão particularmente beneficiados face a um aumento nos gastos do consumidor, o que, por sua vez, pode fortalecer o turismo.

A conectividade regional é considerada crucial para reduzir a dependência da região de moedas externas, como o dólar americano, para transacções transfronteiriças, particularmente entre empresas.

A força do dólar nos últimos anos resultou em moedas mais fracas da ASEAN, o que prejudica essas economias, uma vez que a maioria dos membros do bloco são importadores líquidos de energia e alimentos.

“O sistema renunciará ao dólar americano ou ao renminbi chinês como intermediário”, disse Nico Han, analista do Sudeste Asiático da Diplomat Risk Intelligence, a divisão de consultoria e análise da revista de assuntos atuais The Di-

plomat.

Um sistema de pagamento digital transfronteiriço unificado “promoverá um sentido de regionalismo e de centralidade da ASEAN na gestão dos assuntos internacionais”, acrescentou. “Este movimento torna-se ainda mais crucial à luz da escalada das tensões entre as principais potências globais.”

Como funciona

Ao conectar sistemas de pagamento com código QR, os fundos podem ser enviados de uma carteira digital para outra.

Essas carteiras digitais actuam efectivamente como contas bancárias, mas também podem ser vinculadas a contas de instituições financeiras formais.

Por exemplo, os turistas malaios em Singapura podem fazer um pagamento com fundos ringgit malaios na sua carteira digital malaia ao fazer uma transacção. Ou, um trabalhador malaio em Singapura pode enviar fundos em dólares de Singapura em uma carteira digital de Singapura para a carteira de um destinatário na Malásia.

As taxas de câmbio e as taxas de câmbio serão determinadas de comum acordo entre os próprios bancos centrais.

CONJUNTURA INTERNACIONAL
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Asiático vai estabelecer seu sistema de pagamentos regionais

Por enquanto, um sistema regional como este não existe em outras partes do mundo, mas no futuro, o Banco de Compensações Internacionais, com sede na Suíça, espera conectar sistemas de pagamento de varejo em todo o mundo usando códigos QR e números de telefone celular.

“O esforço dos bancos centrais da ASEAN é inovador e inovador”, disse Satoru Yamadera, conselheiro do Departamento de Pesquisa Económica e Impacto no Desenvolvimento do Banco Asiático de Desenvolvimento.

“Em outras regiões, como a Europa, a conexão de pagamento de varejo via cartões de crédito e débito é mais popular, enquanto a China é bem conhecida pelo pagamento avançado com código QR, mas eles não estão conectados como os códigos QR da ASEAN”, continuou.

Benefícios económicos

Os pagamentos QR não impõem taxas aos titulares de cartões e comerciantes. Eles também se orgulham de melhores taxas de conversão do que as definidas por processadores de pagamento privados, como Visa ou American Express.

As microempresas, bem como as pequenas e médias empresas, ou PMEs, emergirão como vencedoras da conectividade de pagamento regional, dizem os especialistas. De acordo com o Banco Asiático de Desenvolvimento, essas empresas representam mais de 90% dos negócios no Sudeste Asiático.

O novo sistema da ASEAN também permitirá que comerciantes e consumidores construam um histórico de pagamentos robusto e forneçam dados valiosos para pontuação de crédito, disse Nicholas Lee, analista

líder de tecnologia para a Ásia da Global Counsel, uma empresa de consultoria de políticas públicas.

“Isso é particularmente vantajoso para segmentos da população desbancarizados e subbancarizados, que tradicionalmente não têm acesso a esses dados de avaliação de crédito.”

Além disso, “o aumento das transacções não monetárias permitiria aos formuladores de políticas capturar dados de transacções e fluxo comercial de forma mais eficaz, supondo que esses dados sejam acessíveis”, disse Lee.

“Isso, por sua vez, poderia levar a melhores previsões económicas e formulação de políticas.”

Pressão cambial à frente

Embora o fortalecimento da conectividade de pagamentos na região tenha o potencial de reduzir o atrito de pagamentos e acelerar a transição digital, isso pode inadvertidamente pressionar certas moedas, particularmente o dólar de Singapura.

“O cenário potencial de o dólar [de Singapura] emergir como uma moeda de reserva de facto na região representa um desafio que os países da ASEAN terão de enfrentar”, disse Lee.

“As PMEs podem evitar as despesas associadas à manutenção de um sistema de ponto de venda físico ou ao pagamento de taxas de intercâmbio às empresas de cartões”, explicou Han, da Diplomat Risk Intelligence.

Indivíduos marginalizados de baixa renda também podem ser beneficiados. Como o sistema de pagamento funciona por meio

de carteiras digitais e não requer uma conta bancária tradicional, ele pode ser usado pela população desbancarizada.

“O sistema tem o potencial de melhorar a literacia financeira e o bem-estar da população subbancarizada”, observou Han.

“Com a força e estabilidade [do dólar de Singapura], tanto as empresas internacionais como regionais podem optar por manter mais do seu capital de giro em [dólares de Singapura], confiando na nova rede de pagamentos para uma conversão de moeda eficiente”, explicou.

Se isso acontecer, poderá enfraquecer o poder de compra de outras moedas da região e resultar numa inflação importada mais elevada se os bancos centrais não intervirem.

Nesse cenário, as autoridades podem sentir a necessidade de impor restrições de capital para proteger as respectivas moedas, o que poderia comprometer o próprio objectivo de estabelecer uma rede de pagamentos regional.

Os regulamentos representam outro desafio.

Os bancos centrais terão que lidar com questões de segurança e fraude, além de assumir a tarefa de educar o público a adoptar o novo sistema de pagamentos, disse Han.

“Esses factores podem contribuir colectivamente para um processo demorado”, alertou.

Este tipo de acção coordenada exigirá uma forte vontade política dos líderes regionais e resta saber se os membros da ASEAN podem unir-se para implementar com êxito um empreendimento tão ambicioso.

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África do Sul: Crise da Transnet e demanda por carvão causa caos na fronteira com Moçambique

Os aumentos das exportações de carvão sul africano estão a ser apontada como causadoras do amento do caos na fonteira sul africana com Moçambique, a par da crise por que passar a companhia ferroviária estatal Transnet.

A Bloomberg fala de um congestionamento muitas vezes impenetrável de camiões carregados de carvão na travessia da África do Sul com Moçambique, que “trouxe caos a uma pacata cidade fronteiriça”.

Segundo o artigo, o congestionamento tem estado a criar oportunidades para os criminosos, que vêm os motoristas presos na fila por dias a fio como alvos fáceis após o anoitecer. “Roubos, furtos e assaltos se espalharam da rodovia para a cidade. Os acidentes rodoviários aumentaram.”

O artigo detalha que os camiões começaram a circular em número cada vez maior a caminho do Porto de Maputo, onde suas cargas são carregadas em navios e enviadas para diferentes destinos no Mundo, depois que a África do Sul se tornou uma das principais alternativas da Europa ao carvão russo após o início da guerra na Ucrânia em Fevereiro de 2022.

“A procissão continua, embora os temores europeus de uma crise energética tenham desaparecido por enquanto. Os fornecedores estão encontrando novos compradores na Índia e na China. E as mineradoras

de cromo, usadas para fabricar aço inoxidável, estão usando cada vez mais as mesmas rotas”

“Está pior do que nunca”, disse Jan Engelbrecht, que dirige a câmara de negócios de Komatipoort, sobre o tráfego, acrescentando que espera que aumente mais de 1.000 camiões por dia para 3.000 por dia até o final de 2024, em declarações a Bloomberg.

Segundo o órgão, ss residentes querem sua vida tranquila de volta e que empresas como Glencore, Sasol, Thungela Resources e Exxaro transfiram as exportações dos poços para os portos inteiramente por comboios de carga, o que não é possível de momento, devido ao facto de que a maioria das empresas estatais na nação mais industrializada da África, a Transnet Freight Rail sendo vista como se desmoronando.

Os volumes transportados na rede da Transnet caíram quase um terço nos últimos cinco anos devido a problemas que incluem má gestão e locomotivas ociosas, roubo de cabos e trilhos antigos. Os mineradores não têm escolha a não ser usar camiões para lucrar com a demanda recorde.

O Presidente Cyril Ramaphosa descreveu as restrições ferroviárias como “uma crise de proporções catastróficas” em uma reunião com os principais exportadores em Abril e criou uma força-tarefa que inclui empresas privadas para buscar soluções.

ÁFRICA
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Essas soluções, no entanto, parece que levarão tempo para serem encontradas, admitiu uma fonte governamental. “Este não é um desafio que você pode resolver da noite para o dia”. Disse.

A indústria de carvão da África do Sul é a quinta maior do mundo. Ao todo, cerca de 15 milhões de toneladas de carvão no ano passado chegaram aos portos por estrada e outros 50 milhões de toneladas por comboio, rendendo aos mineradores R227 bilhões depois que os preços atingiram um recorde de US$ 450 por tonelada.

Isso impulsionou a economia da África do Sul – e pela primeira vez, o carvão chegou perto de rivalizar com a platina como a exportação mais valiosa do País.

Entretanto as falhas da Transnet resultaram em oportunidades perdidas. O frete rodoviário custa cerca de 40% a mais. E se a rede ferroviária estivesse operando em plena capacidade, os mineradores exportariam mais de R100 bilhões em minerais, de acordo com o economista-chefe do Conselho de Minerais da África do Sul, Henk Langenhoven, ovido pela Bloomberg.

“É mais caro e afeta as estradas. Isso cria acidentes. É ruim para o país”, disse Vuslat Bayoglu, Diretor Administrativo da Mineradora de carvão Menar, sobre o uso de caminhões, em uma conferência em Julho.

Os produtores de carvão estão a financiar operações

de segurança para as linhas ferroviárias e estão ansiosos para que empresas privadas possam operar seus próprios comboios.

Segundo a Bloomberg, até o grupo de lobby dos camiões da África do Sul concorda que o carvão deve ser transportado em vagões ferroviários, não nas estradas. “Eles não foram projetados para isso”, disse Gavin Kelly, Diretor Executivo da Road Freight Association.

Os camiões s têm outra desvantagem: emitem três vezes mais CO2 do que os comboios.

Não muito longe do outro principal porto regional, Richard’s Bay, na África do Sul, Pongola também está sofrendo. Outrora uma pequena comunidade de cultivo de cana-de-açúcar onde os turistas se reuniam para avistar leões em reservas naturais, a cidade agora se assemelha a uma gigantesca parada de caminhões.

Um camião colidiu com uma pick-up na via em sentido contrário no final de uma colina algures no ano passado, matando pelo menos 20 pessoas, a maioria crianças – um acidente que passou a simbolizar a raiva local com o aumento do tráfego.

O camião foi incendiado e os moradores começaram a fazer protestos regulares. “O edil ainda acredita que a comunidade de Zululand não é segura”, disse Zanele Mthethwa, porta-voz do município, no mês passado.

ÁFRICA
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Cinco principais bancos em Portugal aumentam

A banca portuguesa tem motivos para estar bastante satisfeita, ou não seja o facto de, Como disse o Presidente Executivo do Millenium BCP, viu o lucro do banco disparar 580% no primeiro semestre em relação ao ano passado, mas não foi a instituição com o maior ganho. A Caixa Geral de Depósitos liderou com € 600 milhões de euros (US$ 661 milhões de dólares) de lucros, seguida do BCP, com mais de 400 milhões de euros (US$ 440,6 milhões de dólares). O Novo Banco lucrou 373 milhões euros e o Santander um pouco menos € 334 milhões de euros, o BPI teve um ganho de € 256 milhões euros (US$ 282 milhões de dólares). A soma dos resultados líquidos dos maiores bancos portugueses foi superior à registada no final dos primeiros seis meses de 2022 em 735 milhões de euros, continuando estes a serem impulsionados pelo aumento das taxas de juros.

Os lucros agregados dos cinco maiores bancos que operam em Portugal somaram 1.994 milhões de euros no primeiro semestre, num aumento de 58,4% em termos homólogos, segundo contas da Lusa.

Assim, a soma dos resultados líquidos destes bancos foi superior à registada no final dos primeiros seis meses de 2022 em 735 milhões de euros, continuando estes a serem impulsionados pelo aumento das taxas de juro nos créditos.

Os cinco maiores bancos a operar em Portugal registaram lucros de quase € 2 mil milhões de euros (US$ 2,2 mil milhões de dólares) nos primeiros seis meses do ano, são € 11 milhões de euros (US$ 12,1 milhões dólares) arrecadados por dia.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) foi a que apresentou maiores lucros no semestre, ao registar 607,9 milhões de euros, contra 485,7 milhões de euros até junho de 2022. No período em análise, a margem financeira consolidada cresceu 124,7% para 1.316 milhões de euros.

O Millennium BCP, por sua vez, multiplicou por 6,8 vezes os 62,2 milhões de euros em lucro registados

Tecnologia
lucros em 58% para quase 2.000 milhões de euros no semestre
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no primeiro semestre do ano, para 423,2 milhões de euros, tendo a sua margem financeira subido 39,5% para 1.374 milhões de euros.

A completar o pódio dos bancos em Portugal com maior lucro surge o Novo Banco, que teve um resultado líquido positivo de 373,2 milhões de euros no semestre, mais 39,9% que no mesmo período do ano passado. A margem financeira da instituição cresceu 95,5% em termos homólogos, para 524 milhões de euros.

Com um crescimento dos lucros próximo do valor do Novo Banco está o Santander (38,3%), que lucrou 333,7 milhões de euros e cuja margem financeira aumentou em 58,4% para 586,5 milhões de euros.

Por fim, o BPI apresentou lucros consolidados de 256,2 milhões de euros no semestre, mais 26,1% face aos primeiros seis meses de 2022. No período, a margem financeira do grupo subiu 85%, em termos homólogos, para 435 milhões de euros.

Este ano os lucros dos bancos portugueses estão a ser beneficiados pelas altas taxas de juro nos empréstimos e lenta subida das taxas de juro nos depósitos, o que tem beneficiado a margem financeira, já que esta é a diferença dos juros cobrados pelos bancos nos créditos e os juros pagos pelos bancos nos depósitos.

Desde que o Banco Central Europeu (BCE) começou a subir as taxas de juro diretoras em meados de 2022, para combater a inflação, que isso tem tido impacto no aumento dos créditos dos clientes bancários indexados a taxa de juro variável (sobretudo Euribor).

De acordo com dados divulgados na última semana pelo Banco de Portugal (BdP), o diferencial entre as taxas de juro para os empréstimos e para os depósitos atingiu 3,3 pontos percentuais em 2022, o valor mais elevado desde 2003.

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Heineken reduz previsão para 2023 devido ao abrandamento no Vietname

Os volumes de cerveja na região diminuíram 13,2% e as vendas de cervejas premium mais caras diminuíram ainda mais. Os lucros de exploração diminuíram em cerca de um terço;

O fabricante de cerveja – cuja marca homónima é a cerveja mais vendida na Europa – declarou que esperava uma forte reviravolta global dos lucros no segundo semestre do ano.

A Heineken, o segundo maior fabricante de cerveja do mundo em volume, reduziu na segunda-feira, 31 de Julho, a sua previsão de crescimento dos lucros para 2023, depois de um abrandamento económico no Vietname ter deprimido os lucros do primeiro semestre mais do que o esperado.

A empresa holandesa, cujas marcas incluem a Tiger e a Sol, afirmou que espera agora que o crescimento do lucro operacional antes de eventos pontuais este ano se situe entre zero e uma percentagem média de um dígito. Anteriormente, tinha previsto uma percentagem de um dígito médio a elevado.

No primeiro semestre, a Heineken vendeu menos

5,6% de cerveja do que há um ano e, apesar de um aumento das receitas devido a preços mais elevados, registou um declínio de 8,8% dos lucros de exploração numa base comparável, em comparação com a diminuição média de 4,8% prevista numa sondagem realizada pela empresa.

A Heineken afirmou que os seus resultados na Ásia tinham sido afectados por um abrandamento económico, nomeadamente no Vietname, um dos maiores mercados da empresa, que enfrenta uma redução da procura global para as suas exportações.

Os volumes de cerveja na região diminuíram 13,2% e as vendas de cervejas de qualidade superior mais caras diminuíram ainda mais. O lucro operacional diminuiu em cerca de um terço.

O fabricante de cerveja – cuja marca homónima é a cerveja mais vendida na Europa – afirmou que esperava uma forte reviravolta global dos lucros no segundo semestre do ano.

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O poder dos passaportes

Moçambique ocupa a posição 77 do Ranking com 104 países, juntamente com Cuba, Quirguistão e Ruanda, como um nível de acesso 63

A tendência geral ao longo da história da classificação do Henley Passport Index, com 18 anos de existência, tem sido no sentido de uma maior liberdade de viagem, com o número médio de destinos a que os viajantes podem aceder com isenção de visto a quase duplicar de 58 em 2006 para 109 em 2023. No entanto, a diferença de mobilidade global entre os que estão no topo e na base do índice é agora maior do que nunca, com Singapura, no topo do ranking, a poder aceder a mais 165 destinos sem visto do que o Afeganistão. Então, quais são os factores que influenciam a força do passaporte de um país e contribuem para a sua subida ou descida na classificação? E o que é que os governos podem fazer para ter um impacto positivo e melhorar o seu poder de passaporte?

A reciprocidade é importante, mas não totalmente

Actualmente, apenas oito países em todo o mundo têm menos acesso à isenção de vistos do que há uma década atrás. No entanto, algumas nações têm sido muito mais bem-sucedidas do que outras na garantia de uma maior liberdade de deslocação para os seus cidadãos. O espaço da política de vistos é muito dinâmico – e está

CONJUNTURA
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a mudar quase semanalmente. Foi precisamente este dinamismo que permitiu que países asiáticos como o Japão, Singapura e a Coreia do Sul subissem na classificação do Índice Henley Passport nos últimos anos, enquanto países proeminentes da Anglosfera têm vindo a registar um declínio constante, nomeadamente o Reino Unido e os EUA, que ocuparam conjuntamente o primeiro lugar na classificação em 2014.

Quando se trata de os governos garantirem a isenção de vistos com outros países, o processo é frequentemente desencadeado por factores como pontos comuns na sua história e estatuto económico, relações externas proactivas e acordos recíprocos: por outras palavras, os países tendem a facilitar as viagens aos cidadãos de Estados que facilitaram as viagens e o comércio aos seus próprios cidadãos. No entanto, as preocupações de segurança, as afiliações religiosas e culturais e as alianças políticas também entram em jogo. Há muitos países no mundo que proíbem a entrada de cidadãos de países específicos nas suas fronteiras ou que proíbem os seus próprios cidadãos de viajarem para determinados Estados devido a preocupações de segurança ou ao colapso das relações diplomáticas (ou ao facto de um Estado não reconhecer o outro).

O turismo aumenta a abertura das fronteiras

Outro factor determinante das decisões em matéria de política de vistos é a importância relativa que um governo atribui ao turismo (incluindo os seus objectivos anuais em termos de visitantes). No Médio Oriente, países como o Qatar, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos dão grande prioridade ao turismo como parte das suas estratégias económicas a

longo prazo (o que está relacionado com o seu objectivo comum de se afastarem de uma dependência excessiva do sector petrolífero), e esta tendência fará com que os Estados dependentes do turismo sejam mais proactivos na liberalização das suas políticas internas de vistos.

Os Emirados Árabes Unidos adicionaram 107 destinos à sua pontuação de isenção de vistos desde 2013, resultando num enorme salto de 44 lugares no Índice de Passaportes Henley, da 56ª para a 12ª posição, com uma pontuação de 179. Este número é quase o dobro da segunda maior subida, a Colômbia, que teve um salto de 28 lugares no ranking para se sentar no 37º lugar. Outros países que conseguiram melhorar significativamente a sua posição no índice foram a China, a Ucrânia, Timor-Leste, a Moldávia e a Geórgia.

A estabilidade fortalece os passaportes

Em contrapartida, a Gâmbia foi um dos países que mais caiu no índice durante a última década. Ironicamente, situava-se imediatamente acima dos EAU no final de 2012, em 63º lugar, mas enquanto o passaporte dos EAU disparou, o da Gâmbia seguiu a trajectória oposta. Actualmente, ocupa o 71º lugar, tendo caído 11 lugares em 10 anos. A Venezuela é o país que mais caiu em termos globais, descendo 17 lugares, seguida do Iémen, da Síria, da Nigéria e da Coreia do Norte. A maioria dos países que caíram drasticamente na década anterior foi afectada por conflitos e crises económicas – uma ilustração sombria da ligação comprovada entre o poder dos passaportes e a estabilidade económica e política estabelecida pela Henley & Partners.

A investigação da Henley & Partners demonstrou que, enquanto os cidadãos de países de rendimento médio-alto e alto beneficiam de acesso sem visto à maioria dos destinos, os cidadãos de países de rendimento médio-baixo e baixo, bem como os que apresentam pontuações de fragilidade mais elevadas, gozam de muito menos liberdade de viagem, uma vez que são considerados de alto risco no que diz respeito à segurança, ao asilo e à permanência excessiva. Curiosamente, porém, o estudo concluiu que, embora as democracias mundiais tenham, em média, pontuações mais elevadas em matéria de isenção de vistos, tanto os regimes democráticos como os autoritários aumentaram as suas pontuações em matéria de isenção de vistos desde 2006, a taxas algo semelhantes.

Embora a democracia possa não ser um forte determinante do poder dos passaportes, a investigação da Henley & Partners que compara o acesso sem vistos de um país com a sua pontuação no Índice Global da Paz mostra uma forte correlação entre o poder dos passaportes de uma nação e o seu carácter pacífico. Todas as nações que ocupam os 10 primeiros lugares do Índice Henley de Passaportes também se encontram nos 10 primeiros lugares do Índice Global da Paz. O mesmo acontece com as nações que ocupam as últimas posições.

Explorar as ligações entre o acesso com isenção de vistos e a abertura

Uma nova investigação conduzida pela Henley & Partners sobre a relação entre a abertura de um país aos estrangeiros – quantas nações permite atravessar as suas fronteiras sem visto – e a liberdade de viajar dos seus próprios cidadãos, avaliada através do Henley

04 De Agosto 2023 32

Passport Index, também fornece informações úteis sobre os factores determinantes do poder dos passaportes.

O novo Índice de Abertura Henley classifica todos os 199 países do mundo de acordo com o número de nacionalidades a que permitem a entrada sem visto prévio. Os resultados mostram claramente que, embora a relação entre a liberdade de viajar (pontuação do Índice Henley Passport) e a abertura (pontuação do Índice Henley Openness) não seja directa, existe uma correlação. É notável, por exemplo, que tanto Singapura como a Coreia do Sul – entre os países que mais subiram no Índice Henley Passport ao longo da última década, passando do 6º e 7º lugar, respectivamente, em 2013, para o 1º e 3º lugar actualmente – ostentem graus de abertura relativamente elevados, enquanto os EUA e o vizinho Canadá desceram na classificação dos 10 primeiros, à medida que a sua própria abertura estagnava.

Embora os titulares de passaportes americanos possam aceder a 184 (de um total de 227) destinos com isenção de visto, os próprios EUA apenas permitem que outras 44 nacionalidades passem pelas suas fronteiras com isenção de visto, o que os coloca muito abaixo no Índice de Abertura Henley, em 78º lugar (em comparação com o 8º lugar no Índice de Passaportes Henley). Quando se comparam as duas classificações, a disparidade entre o acesso e a abertura dos EUA é a segunda maior a nível mundial, ficando apenas atrás da Austrália (e mal ultrapassando o Canadá). A Nova Zelândia e o Japão também fazem parte do Top 5 dos países com a maior diferença entre a liberdade de viajar de que gozam e o acesso sem visto que dão

a outras nacionalidades. É interessante notar que estes cinco países desceram todos na classificação do Índice Henley Passport ou permaneceram no mesmo lugar nos últimos dez anos.

Passaportes poderosos impulsionam o crescimento económico

A história tem demonstrado que países como os que se encontram nos escalões superiores do Índice Henley Passport, com economias mais abertas que incentivam o investimento estrangeiro e o comércio internacional, tendem a crescer mais rapidamente, são mais inovadores e produtivos e proporcionam rendimentos mais elevados e mais oportunidades aos seus cidadãos. Por outro lado, o inverso também é verdadeiro. Há nações em desenvolvimento com uma riqueza privada significativa e crescente que ainda não construíram as relações geopolíticas, diplomáticas e comerciais que permitem aos seus governos assinar isenções de vistos com outros países, colocando os seus cidadãos em desvantagem.

Para os Estados soberanos, melhorar o poder do seu passaporte não só beneficia os seus cidadãos em termos de maior liberdade financeira e de viagens, como também torna o país mais atractivo para os investidores estrangeiros que procuram residência ou cidadania através de oportunidades de investimento. Os empresários internacionais, os homens de negócios e as famílias abastadas são mais propensos a investir em países que podem ajudar a promover a sua mobilidade económica através do acesso sem visto a economias mais estáveis e a mercados-chave que representam uma maior proporção do PIB mundial. Ao aplicar adequadamente o quadro dos programas de migração de investimentos,

as nações podem construir o seu capital soberano, atrair investimento directo estrangeiro, reduzir as suas dívidas públicas e afectar os fundos dos investidores a projectos sociais, de infra-estruturas e de desenvolvimento nacionais ou regionais que beneficiem os seus cidadãos.

No contexto do pacote de medidas de aceleração económica (PAE), Moçambique alargou a isenção de vistos para 28 países, designadamente, da Bélgica, Canadá, China, Dinamarca, Finlândia, Franca, Alemanha, Ghana, Indonésia, Israel, Itália, Costa de Marfim, Japão, Países Baixos, Noruega, Portugal, Rússia, Arábia Saudita, Senegal, Singapura, Coreia do Sul, Espanha, Suécia, Suíça, Ucrânia, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Estados Unidos da América. A medida permitiu ao País situar-se na posição 77 do Ranking com 104 países, juntamente com Cuba, Quirguistão e Ruanda, como um nível de acesso 63, o que indicia, sob o critério da Henley Passport Index, que o País precisa fazer muito mais para se aproximar dos lugares cimeiros e aproveitar os benefícios dessa situação.

O Henley Passport Index é a classificação original e oficial de todos os passaportes do mundo de acordo com o número de destinos que seus titulares podem acessar sem um visto prévio. O índice é baseado em dados exclusivos da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) – o maior e mais preciso banco de dados de informações sobre viagens – e aprimorado pela equipe de pesquisa da Henley & Partners. Informações de especialistas sobre a classificação mais recente estão disponíveis no Relatório Global de Mobilidade 2023 Q3.

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