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Companhias aéreas anunciam grande recuperação após prejuízo provocado pela pandemia
Lucros deverão atingir US$ 9,8 mil milhões de dólares, em 2023 Após o abalo provocado pela pandemia, o sector aéreo mundial está em franca recuperação, uma processo descrito mesmo como estando a ocorrer “de forma espetacular”, com um número de passageiros previstos para este ano quase igual ao registado em 2019 e o retorno dos lucros, embora as companhias adoptem um tom de prudência.
As companhias aéreas esperam transportar 4,35 mil milhões de passageiros no mundo este ano, número próximo do recorde de 4,54 milhões em 2019, antes da pandemia de covid-19, anunciou nesta segunda-feira, 5/06, a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), reunida em Istambul, na Turquia, em Assembleia Geral.
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A vigorosa retomada do tráfego aéreo, estimulada, entre outros factores, pela reabertura da China, significará o retorno aos resultados positivos para as companhias aéreas, que devem registar lucros de 9,8 mil milhões de dólares, ou seja, o dobro do que era projetado até agora pela IATA.
As empresas também reduziram pela metade a estimativa de perdas para 2022, a 3,6 mil milhões de dólares.
O faturação global das companhias aéreas deve alcançar 803 mil milhões de dólares, próximo dos US$ 838 mil milhões de 2019 segundo a IATA, que reviu e aumentou a previsão anterior, divulgada em Dezembro (US$ 779 mim milhões.
Embora a margem operacional da indústria permaneça reduzida este ano, a 1,2%, segundo a IATA, os lucros, os primeiros desde o início da pandemia, representam um avanço considerável na comparação com os US$ 42 mil milhões de prejuízos de 2021 e ao colapso de 2020 (US$ 137,7 mil milhões).
Porém, os lucros não serão registados em todas as regiões este ano, alerta a organização. As empresas norte-americanas, europeias e do Oriente Médio devem ter resultados positivos, com US$ 11,5 mil milhões, US$ 5,1 mil milhões e US$ 2 mil milhões, respectivamente.
Entretanto as companhias da ÁsiaPacífico (US$ -6,9 mil milhões), América Latina (US$ -1,4 mil milhões) e África (US$ -500 milhões) continuarão deficitárias em 2023.
“Os desempenhos financeiros das companhias aéreas são melhores que o es perado. A rentabilidade mais forte é estimulada por vários factores positivos”, afirmou Willie
Walsh, Director- Geral da IATA.
– Problemas de abastecimento
Entre os elementos que favorecem a tendência, Walsh destaca que “a China acabou com as restrições relacionadas com a covid-19 antes do previsto”.
“As receitas com frete continuam maiores que antes da pandemia, embora isto não aconteça em termos de volume. E os custos começam a registar queda. Os preços do combustível, que permanecem elevados, registaram contração no primeiro semestre”, acrescentou.
As empresas gastarão em 2023 quase US$ 215 mil em combustíveis, ou seja, 28% dos custos, com um preço médio do querosene de 98,5 dólares por barril, segundo a IATA. Em 2022, o preço foi de US$ 135,6 e obrigou as empresas a destinar quase 30% de seus gastos, contra 24% em 2019.
Walsh moderou o optimismo ao recordar que, em média, as companhias aéreas ganhavam apenas 2,25 dólares por passageiro.
Neste cenário, “várias empresas terão dificuldades para recuperar as contas e apresentar resultados sustentáveis” aos accionistas, alertou o executivo.
A organização, que reúne quase 300 companhias, responsáveis por 83% do tráfego aéreo mundial de passageiros, afirmou que a rentabilidade do sector continua “frágil” e pode ser afectada por outros factores.
Os bancos centrais aumentaram as taxas de juros para lutar contra a inflação, ao mesmo tempo que desejam evitar uma recessão. Mas o risco ainda existe, insiste a associação.
“Se uma recessão provocar demissões, as perspectivas para o sector podem se tornar negativas”, afirmou a IATA.
Outra questão importante que afecta o crescimento do sector é a escassez de matérias-primas e peças, informou a IATA.
Devido às interrupções nas cadeias de abastecimento, que “os fabricantes de aviões e de motores não conseguem solucionar”, as companhias aéreas têm problemas para “manter e mobilizar suas actuais frotas”.

CFM investe na linha de Ressano-Garcia buscando aliviar o congestionamento na EN4
A empresa pública CFM está a investir cerca de US$ 80 milhões, fundos próprios, na duplicação o da linha-férrea de Ressano Garcia, a partir do Posto Administrativo da Matola-Gare até Secogene, na Moamba, numa extensão de pouco mais de 50 quilómetros, que deverão ser concluídas até Setembro próximo.

O Investimento dos CFM tem em vista atender a crescente demanda de trafego neste corredor logístico, permitindo desse modo a redução do trafego rodoviário que tem estado a congestionar a Estrada Nacional Numero 4 (EN4), principalmente por camiões transportando minérios.

O PCA dos CFM, Agostinho Langa, que visitou recentemente a infraestrutura, para avaliar a execução das obras, revelou que após a intervenção, a linha de Ressano Garcia passará a ter capacidade de escoamento de cerca de 24 milhões de toneladas por ano, contra os actuais 13 milhões de toneladas.

Nos último dez anos o volume de tráfego na linha de Ressano Garcia evoluiu de 4.340.771 para 7.619.617, e a perspectiva a médio e longo prazos apontam para um tráfego na ordem de 10.866.000, pelo que o CFM está a trabalhar para atender a demanda presente, assim como no futuro.
O PCA dos CFM constatou que as obras de duplicação da linha de Ressano Garcia apresenta um grau de execução de 52 por cento. Agostinho Langa mostrou-se satisfeito pelo cumprimento do cronograma assim como pela qualidade de execução, esperando que a época climatérica actual contribua para a estabilidade nos trabalhos em curso.
“A avaliação que estamos a fazer é para já positiva. A grande preocupação era termos a certeza de que o trabalho está a ser feito com qualidade e sobretudo que os prazos vão ser cumpridos e, por aquilo que vimos, acreditamos que até meados ou finais de Setembro vamos ter os trabalhos, tanto das pontes como das linhas, concluídos”, assegurou Agostinho Langa.
Para além da duplicação da linha, as actividades incluem a construção de raiz de quatro pontes, com os trabalhos igualmente ficados nos aspectos de segurança e resiliência.
Esclareceu Agostinho Langa que os CFM pretende criar uma equipa forte de manutenção das linhas não somente para o Sul (neste momento não existe essa estrutura….???) como também para o Centro, sobretudo para Machipanda e Sena, o que passa por melhorar a qualidade de mão-de-obra e prestar-se mais atenção na manutenção das vias.
Sobre a outra “linha sul”, a Linha de Goba, disse o PCA que a mesma não deverá ser intervencionada para já “até porque a empresa vai atacando as linhas em função das cargas que lhe são oferecidas, com vista a assegurar o retorno dos investimentos realizados”, dando entender que esta linha particularmente não apresenta uma demanda que represente algum tipo de preocupação a curto e medio prazo.
“Neste momento, na linha de Goba não vamos fazer um trabalho da dimensão do que esta em curso na via de Ressano Garcia, mas vamos garantir uma manutenção rotineira, sobretudo em pontos que forem apresentados alguns defeitos para permitir uma melhor circulação das composições”, sustentou o PCA da empresa CFM.
O influxo de viaturas segunda mão no mercado nacional, incidência tributária e/ou aduaneiras às viaturas 0 km, taxas de juros elevadas, e a actual conjuntura económica do País são apontados pelas empresas do ramo automóvel como os principais desafios deste ramos de actividade de venda de automóveis.
O gestor da delegação da Nissan MotorCare Victor Silva entrevistado pelo O.Económico, a propósito, considerou a actual conjuntura económica como sendo um dos desafios para o mercado de venda de automóveis 0 km no País. “ O automóvel é o segundo bem de aquisiçãomais valioso, ou importante atrás da casa, no entanto, para que as famílias possam adquirir este bem, é necessário que a conjuntura económica do País esteja favorável”, observou Victor Silva.

Victor Silva apontou os factores que constrangem o comercio automóvel em Moçambique, se configuraram o crescimento do sector, tais como, baixo poder aquisitivo, elevadas taxas de juros, que considerou críticas para o sector. Porém, o gestor da delegação da Nissan

MotorCare, faz uma avaliação do mercado automóvel, em termos de crescimento da concorrência com a entrada de novas marcas, admitindo, apesar disso, a existência de oportunidade de negócio para todos, contexto em que a Nissan MotorCare está a inovar.
Referindo-se, a possíveis medidas que possam conferir um melhor clima ao comercio automóvel em Moçambique, Victor Silva afirmou que a revisão do quadro legal de forma reduzir as taxas aduaneiras de importação dos veículos 0 km, aberturas de novas opções de financiamento bancário mais apetecíveis para aquisição das viaturas novas, seriam algumas soluções a considerar. Victor Silva observou ainda que a despeito das várias adversidades que o mercado moçambicano enfrenta, caracteriza o mesmo como sendo “bastante promissor”.
Por sua vez, a CEO do Grupo Ronil Auto, Dalila Tsihlakis, fazendo uma avaliação do mercado automóvel disse que, actualmente o segmento encontra-se estagnado, apesar de alguns sinais de dinâmica, porque é um sector que “em Moçambique é bastante dependente dos orçamento do Estado e dos projectos, dois sectores que ainda estão em recuperação paulatina face as medidas de austeridades que vigoram no País, o que consubstanciaram a dificuldades acrescidas no mercado.

Dalila Tsihlakis foi categórica a apontar a conjuntura económica adversa, elevadas taxas de juros no mercado bancário, como as barreiras a venda de automóveis de primeira mão, onde nem mesmo as alternativas de financiamento via leasing ajudam.
Tsihlakis, disse que era importante que o Governo reduzisse as tarifas aduaneiras para implicar ou reflectir no custo final das viaturas 0 km, especialmente as viaturas turismo. Referiu-se também sobre a pertinência da sensibilização sobre as opções de financiamento disponíveis, reiterando, todavia, a necessidade de redução da taxa de juros directoras do sector financeiro.
A CEO da Ronil Auto, tem a perceção de que o mercado moçambicano é promissor, e que o ramo automóvel vai experimentar os avanços que podem advir dos desenvolvimentos em outros sectores da economia, como o caso do sector energético e turismo. “E daí o surgimento de oportunidade de negócio”, frisou Dalila Tsihlakis.
Já Mário Pronto que é da Hyundai, que é uma marca das três marcas (BMW, Hyundai, e a Mazda), representadas pelo Grupo Ronil Auto, classificou o mercado moçambicano de automóveis como estando estacionário, no entanto, apresentando sinais de retoma. Sobre os desafios que o mercado enfrenta, referiu-se “ao constante influxo de viaturas usadas e recondicionadas que advém do mercado japonês, que de certa forma impede o comércio normal de viaturas novas, portanto, de primeira mão. “ Então esse é um dos factores principais que estabelece alguma dificuldade em vender os carros 0 km”, desabafou Mário Pronto.

Também falando sobre as medidas para melhorar o ambiente de mercado do sector, Mário Pronto, disse que o Governo podia restringir ligeiramente o influxo de viaturas de segunda mão vindo do Japão, e também intervir sobre o mercado bancário na perspectiva de relaxar a taxa de juros, permitindo, dessa forma, aumentar a capacidade de aquisição destas viaturas de primeira por meio de um financiamento de leasing, por exemplo, por empresas e particulares.
Contudo Mário Pronto, aponta o mercado como promissor e que esta de facto a registar avanços paulatinos, e que se espera maior dinâmica no mercado, frisou este expositor.
Um trabalho realizado pelo O.Económico, analisando o período compreendido entre 2016 e 2018, da conta que o país registou um aumento do número de viaturas importadas, de 29.559 viaturas, em 2016, para 44.842 em 2018, o que representou um incremento de cerca de 35% em 2 anos, o que de certa forma atesta um elevado número de consumo veículos automóveis de segunda mão vindo do Japão maioritariamente, e de diferentes quadrantes do mundo. Esta dinâmica, contudo ficou sustida pela crise pandémica que afectou também o sector nos últimos anos.
Agricultores do posto administrativo de Namanhumbir, financiados pela Montepuez Ruby Mining (MRM) no âmbito do “Projecto de Agricultura e Conservação”, produziram 1.642,3 toneladas de cereais durante a época agrícola 2021/2022, avaliadas em 84.184.682,50 meticais, o equivalente a 1.327.834,11 de dólares.
O projecto de agricultura e conservação beneficia um total de 600 famílias organizadas em 11 associações agrícolas, que trabalham em mais de 900 hectares. Na secção de cereais, os produtores dedicam-se ao cultivo do milho, gergelim, amendoim e feijão nhemba.
Os beneficiários recebem assistência técnica e sementes todos os anos, desde 2016, com o objectivo de garantir uma produção sustentável.
Os cereais e outros produtos cultivados com o apoio da empresa mineira são vendidos nos mercados das comunidades de Namanhumbir, sede do distrito de Montepuez, distritos vizinhos e cidade de Pemba, contribuindo significativamente, para a redução da insegurança alimentar.
A MRM é o maior comprador da produção de cereais, vegetais e frangos vendidos por agricultores e avicultores do posto administrativo de Namanhumbir, cujas actividades são financiados pela empresa.
Para garantir maior acesso ao mercado, melhor interacção entre os produtores e maior geração de renda para os agricultores, a empresa organiza regularmente feiras agrícolas.

A mineradora concluiu, recentemente, a construção e entrega do mercado da aldeia de Wikupuri, para servir como um espaço comum de venda de produtos cultivados tanto pela comunidade reassentada, assim como por outras aldeias de Namanhumbir, com o objectivo de melhorar a qualidade de vida e proporcionar uma maior independência financeira.
A companhia de mineração apoia a produção de cereais, legumes, vegetais e aves através do projecto de agricultura, conservação e criação animal, com um financiamento anual de aproximadamente 12 milhões de meticais.
O anúncio foi feito hoje pelo Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, na apresentação da nova Lei do Cajú, entretanto aprovada na generalidade pelo Parlamento. Uma lei que vem abrir espaço para a participação de mais intervenientes na cadeia de valor do caju, incluindo na exportação amêndoas brutas.
A justificar a pertinência da actualização legislativa sobre o mercado da castanha de caju, o Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, disse que a reforma deverá permitir o incremento da produção, produtividade e conectividade do sector do caju no País, que na última campanha um subsector que registou, receita bruta na ordem de 5,7 biliões de meticais, ou seja, cerca de 90 milhões de dólares para os produtores.
As receitas de exportação da amêndoa e da castanha bruta gerou perto de 6,7 biliões de meticais. o sector industrial de processamento, possui cerca de 20.000 empregos directos e é responsável por cerca de 20% do volume nacional de exportação agrícola.
“São dados que cristalizam o impacto desta cultura na nossa sociedade e na economia nacional”, disse Celso Correia.
Para dinamizar o sector, entre outras medidas, é agora permitida a exportação da castanha em bruto.
Efectivamente, fica estabelecido o direito de exportação de castanha de caju em bruto por processadores industriais que na anterior lei estavam proibidos de o fazer.

“Mas isto inibia a sua capacidade de ter uma fonte de rendimento alternativa quando satisfeita a sua capacidade instalada de capitalização. Sabemos que nós não temos influência directa no sector financeiro – é auto-regulada – mas acreditamos que esta abertura permite à indústria ter mais uma fonte de rendimento para sua capitalização”, explicou Celso Correia.
Assumindo-se que a nova lei abre espaco para a capitalização da indústria e promove uma comercialização mais adequada, o Ministro da Agricultura, projecta impactos como, o estabelecimento de pressupostos para o aumento sustentável da produção e processamento de castanha do país. E faz uma nota Celso Correia, para revelar que o compromisso do Governo em dotar uma linha de financiamento para alavancar a indústria nos próximos dois anos. “Este é o desafio que nós temos”. Disse
• APROVADA NOVA LEI DO CAJU
Com o instrumento, o governo quer recuperar a posição de Moçambique na lista dos maiores produtores e processadores da castanha do caju, do mundo.

Segundo o Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, a aprovação da nova lei do caju vai, entre outros, estimular a competitividade e segurança aos investidores do sector.
“Acreditamos que esta proposta de lei irá levar Moçambique a consolidar o regime jurídico, em primeiro lugar, da cadeia de valor do caju, estimular a competitividade entre os actores, garantir um pouco mais de previsibilidade e competitividade da indústria no processo de aquisição do caju” disse.
Espera-se que a nova Lei do Caju, venha consolidar o regime jurídico da cadeia de valor do caju, através da sua adequação às exigências actuais dos mercados nacional e internacional.
A Lei do Caju estabelece os princípios que estimulam, promovem e garantem um ambiente apropriado para o agronegócio do caju com justo equilíbrio em toda a sua cadeia de valor, a política de fomento do caju e a promoção da investigação, segundo o Governo
De acordo com a fundamentação que o Governo levou ao Parlamento, a Lei tem em vista estimular a competitividade entre os actores e garantir a segurança e tranquilidade necessárias aos investimentos no subsector do caju, visando estabelecer, entre outros objectivos, os procedimentos da comercialização, do processamento, de exportação, das taxas das taxas de sobrevalorização da castanha de caju em bruto e de amêndoa.
O Governo explica ainda que o documento visa consolidar a política de fomento do caju e a promoção da investigação, classificação da castanha e processamento, de exportação e das taxas de sobrevalorização da castanha de caju em bruto e de amêndoa com película, da importação de amêndoas e da fiscalização e os procedimentos para a exportação de material de programação do cajueiro.
Na sua fundamentação, o Executivo acrescenta que, com vista a aprimorar as intervenções do Estado no fomento do caju para a melhoria das condições de vida dos produtores rurais, processamento industrial para acréscimo valor e a promoção de emprego, ʺforam estabelecidos os níveis de taxas de sobrevalorização de exportação e introduziram-se os procedimentos e taxas para a importação de amêndoas, por forma a valorizar a produção nacional e proteger a indústria de processamento secundário.
Relativamente a receita resultante da aplicação da taxa de sobrevalorização da exportação e da taxa de importação, o documento do Governo explicita que é consignada a Entidade Reguladora, para assegurar as acções de fomento, apoio a indústria e da investigação.
Os países africanos dependem geralmente de fundos de instituições internacionais, multilaterais ou agências de cooperação bilateral para o financiamento do desenvolvimento. Os mecanismos de financiamento em melhores condições, principalmente os concessionais, oferecem mais vantagens aos países africanos.
Assim, entre os líderes africanos, está a surgir a ideia de uma abordagem baseada na partilha de recursos para o desenvolvimento a nível regional, apoiando-se em bancos multilaterais de desenvolvimento com carácter regional. Esta abordagem poderia promover um crescimento mais inclusivo e sustentável para os países em desenvolvimento. Há muitos argumentos para apoiar esta visão.
Os bancos multilaterais de desenvolvimento com vocação regional, dada a sua proximidade geográfica e cultural com os países beneficiários, têm um conhecimento profundo dos problemas e desafios locais. Assume-se que essa proximidade permite-lhes uma base fiável de conhecimentos sobre as necessidades específicas dos países, com vista a encontrar soluções adaptadas às suas particularidades socioeconómicas e ambientais. Assim, a conjugação de recursos a nível regional permite uma afectação mais eficiente dos recursos, contribuindo para um crescimento inclusivo e sustentável.
Além disso, o entendimento existente parte do pressuposto estes bancos de desenvolvimento também permitem uma melhor coordenação entre as várias instituições e actores do desenvolvimento. Portanto, assume-se neste aspecto igualmente que essa sinergia que se estabelece reforça a coerência das acções e facilita a execução de projectos à escala regional.
“Ao apoiarem-se em bancos multilaterais de desenvolvimento com vocação regional, os países em desenvolvimento são mais envolvidos na tomada de decisões sobre a utilização dos recursos. Esta participação activa dos países beneficiários promove a apropriação dos projetos e aumenta o seu impacto no crescimento inclusivo e sustentável”, sustenta o Banco Africano de Desenvolvimento.
Banco Africano de Desenvolvimento, o principal parceiro de África

O Banco Africano de Desenvolvimento reitera ser ela própria um bom exemplo da eficácia da partilha de recursos para o desenvolvimento a nível regional.
“Ao financiar projectos de infra-estruturas, energia, agricultura e educação, o Banco contribui para a concretização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas em África e da Agenda 2063 da União Africana através da implementação das suas 5 prioridades estratégicas (High5). Por exemplo, ao apoiar o desenvolvimento das energias renováveis e ao investir na investigação agrícola, o Banco contribui para um crescimento económico que respeita o ambiente e reduz a pobreza”, diz o banco.

No entanto, para conseguir uma tal conjugação de recursos, é necessário ultrapassar uma série de desafios. Nessa perspectiva, no âmbito da sua estratégia global de intervenção, o Banco apresenta um conjunto de propostas para atenuar os riscos potenciais associados a esta situação. Para o efeito, o Banco apoia os esforços de reforço das capacidades institucionais e técnicas dos países membros e das organizações regionais. Isto permite uma melhor gestão dos recursos comuns e uma execução mais eficaz dos projetos de desenvolvimento.
Promove igualmente a boa governação, que é crucial para a partilha de recursos a nível regional. “Isto ajuda a reduzir as perceções negativas de falta de integridade ou de eficiência na gestão destes recursos. A tónica é colocada na transparência, na responsabilização e na participação das partes interessadas, a fim de garantir uma utilização ética e eficaz dos recursos”, sublinha o BAD.
Neste contexto, o Banco está empenhado em promover a integração regional, financiar projetos transnacionais e incentivar a cooperação entre os países membros. Isto permite partilhar os benefícios do desenvolvimento e reduzir os riscos de disparidades económicas entre países.
Graças ao âmbito das suas intervenções e ao volume dos seus investimentos, o BAD assume ser a principal instituição multilateral de financiamento do desenvolvimento em África.
Estas questões serão debatidas nos Encontros Anuais da instituição financeira pan-africana, de 22 a 26 de maio de 2023, em Sharm el-Sheikh, no Egipto. Uma mesa redonda sobre a contribuição dos bancos multilaterais de desenvolvimento para o financiamento do desenvolvimento constituirá uma oportunidade para recolher as opiniões e comentários dos participantes.
É o clamor do sector das micro finanças, através da sua associação, a AMOMIF, que congrega instituições micro financeiras (IMFs), que desde 2018 embrenham-se no relançamento da indústria das micro finanças, começando pela reanimação e reestruturação da AMOMIF (Associação Moçambicana de Operadores de Micro Finanças).
Através do seu Presidente, António Souto, a AMOMIF revela que as dificuldades e barreiras enfrentadas pelas instituições micro financeiras levaram ao encerramento de dezenas desses operadores, com outras tantas a abandonarem as regras do sistema e passaram a operar como informais sem qualquer supervisão nem monitoria.
“A nova direção da AMOMIF desenhou um projecto que está a implementar e que tem como foco o estabelecimento de uma rede nacional de instituições micro financeiras sustentáveis, devidamente licenciadas, com boa governança, e operando com proximidade geográfica e cultural junto a microempresas e famílias de baixa renda, principalmente nas zonas rurais e periurbanas”, revelou António Souto falando sobre os planos da organização que dirige para relançar as suas actividades e reposicionar a missão.
António Souto, afirmou que desenvolvimento de capacidades dos operadores de micro finanças são indispensáveis para “preencher um perigoso vazio no sistema financeiro”

O economista disse ser também preocupação das instituições micro financeiras o “sufocante sistema de supervisão”, ao “exigir uma complexa e dispendiosa máquina administrativa e de gestão”.
Reconhecendo a urgência e desafios da modernização, a AMOMIF está a preparar uma aliança com a Associação das FinTechs de forma a estimular a cooperação entre empresas de tecnologias e os micro-bancos.
“As duas indústrias precisam uma da outra, pois a tecnologia precisa do elemento humano, e, da proximidade junto às famílias e microempresas, que vem da rede micro financeira.
A nova AMOMIF, a organização reestruturou-se, entende que a indústria micro financeira pode renascer e contribuir para que a estrutura do sistema financeiro seja menos polarizada em bancos.