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Comemorações oficiais dos 120 anos do CFM

No dia 7 de Agosto, o Porto de Maputo completou 120 anos de existência. São 120 anos que, para o CFM, constituem “um legado histórico e representativo”.

A Empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) e a Sociedade de Desenvolvimento do Porto de Maputo (MPDC), estão a coordenar acções para assinalar a efeméride, que contemplam uma série de eventos incluindo um Festival musical e cultural, um Ciclo de conversas para reflectir sobre diversos temas associados ao porto e à cidade e uma exposição fotográfica. O lançamento da comemoração desta que é uma importante data na história ferro-portuária do

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País, teve o seu ponto alto no dia 14 de Agosto, no Porto de Maputo, com a inauguração do rebocador “Ntamo”, a mais recente aquisição do serviço marítimo do porto e um importante equipamento portuário para as operações portuárias do Porto de Maputo.

O Produto Interno Bruto (PIB) moçambicano cresceu 4,67% no segundo trimestre, impulsionado pelo crescimento no sector primário, segundo o relatório das Contas Nacionais divulgado a 14 de Agosto, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) de Moçambique

Este desempenho soma-se aos 4,17% registados de Janeiro a Março, igualmente em termos homólogos, resultando num crescimento económico acumulado no primeiro semestre de 4,42%, de acordo com o INE.

A economia moçambicana deverá crescer 5% em 2023, segundo a previsão do Governo. Neste relatório, o INE acrescenta que o desempenho da actividade económica no segundo trimestre de 2023 é justificado “em primeiro lugar” pelo sector primário, que cresceu 8,98% face ao mesmo período de 2022, “com maior destaque” para o ramo da Indústria de Extracção Mineira, com uma variação de 42,71%, seguido pelo ramo da Agricultura,

Pecuária, Caça, Silvicultura, Exploração Florestal com cerca de 3,11%. Seguiu-se o sector terciário, com uma variação de 4,24%, com destaque para o ramo de Transportes, Armazenagem e actividades auxiliares dos transportes e Informação e Comunicações, com um crescimento de 6,85%, seguido pelo ramo de Hotelaria e Restauração com variação de 5,51%, enquanto o ramo dos Serviços Financeiros aumentou 3,40%.

Por último surge o sector secundário, que caiu, em termos homólogos, 6,52%, “induzido pelo ramo da Construção”, com variação negativa de 10,43%, seguido pelo ramo da Indústria Manufactureira, com uma queda de 7,72% e, por úl- timo, o ramo da electricidade, gás e distribuição de água, que reduziu 0,18%.

Segundo o INE, os ramos da Agricultura, Pecuária, Caça, Silvicultura, Exploração Florestal e actividades relacionadas “tiveram uma maior participação na economia”, com peso conjunto no PIB do segundo trimestre de 25,89%, seguido pelo ramo de Transportes, Armazenagem e actividades auxiliares dos transportes e Informação e Comunicações, com peso de 10,36%. Em terceiro lugar surge o ramo de Comércio e Serviços de Reparação, com 8,92% do PIB total do trimestre, seguido do ramo da Indústria de Extracção Mineira, com 7,48%.

As receitas correntes do Estado Moçambicano cresceram 8,8% no primeiro trimestre, para 65.054 milhões de meticais (931 milhões de euros), impulsionadas pelo aumento de 3,1% nos impostos arrecadados, segundo dados oficiais compilados pela “Lusa”.

De acordo com o balanço económico e social da execução do Orçamento do Estado de Janeiro a Março, do Ministério da Economia e Finanças, trata-se de uma realização equivalente a 18,6% do previs- to arrecadar com receitas correntes em 2023, estimadas pelo Governo, para todo o ano, em quase 349.113 milhões de meticais (5.000 milhões de euros). Do total de receitas arrecadas no primeiro trimestre, 89,1% dizem respeito a impostos cobrados naquele período, no valor total de praticamente 57.963 milhões de meticais (830,2 milhões de euros).

O Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) foi o que mais rendeu ao Estado no primeiro trimestre, com 16.359 milhões de meticais (234 milhões de euros), ainda as- sim uma quebra de 7,7% face ao mesmo período de 2022. O desempenho, explica ainda o relatório, resulta após dedução de 3.232 milhões de meticais (46,3 milhões de euros) de reembolsos do IVA. Já a “contribuição dos megaprojectos”, relacionados com a extracção de petróleo e gás e produção de energia, atingiu neste período os 8.708 milhões de meticais, correspondente a 13,4% da receita total cobrada e a um crescimento de 55,4% relativamente a igual período do exercício anterior.

• PMI atinge, em Julho valor mais alto dos últimos 13 meses;

• Crescimento mais rápido da produção e novas encomendas desde meados de 2022;

• Crescimento do emprego moderado devido a pressões de salários;

• Inventários diminuem ao ritmo mais elevado desde Janeiro de 2022;

• A actividade económica continua resiliente e a recuperar gradualmente, diz Economista-Chefe do Standard Bank Moçambique, Fáusio Mussa.

A economia do sector privado de Moçambique iniciou o segundo semestre de 2023 com nota bastante positiva de acordo com os mais recentes dados do inquérito do PMI™, que assinalam a maior melhoria das condições das empresas do último ano.

O crescimento da produção aumentou a um ritmo acentuado, de acordo com o estudo, impulsionado por uma maior procura e número de clientes. A recuperação deu origem a uma ronda mais eficaz de aumento dos preços de venda, contribuindo para as margens das empresas num momento de pressões relativas aos custos modestas. No entanto, segundo o PMI do Standard Bank, as empresas sentiram dificuldades em converter o crescimento das vendas em contratações, uma vez que as mais re- centes pressões de salários deram origem a problemas de tesouraria e prejudicaram o recrutamento. De igual modo, analisa o PMI, os stocks de meios de produção sofreram uma redução apesar de um novo aumento da actividade de aquisição, uma vez que o fraco poder de aquisição no segundo trimestre obrigou as empresas a usarem os seus inventários de forma a sustentar a produção.

O principal valor calculado pelo inquérito é o Purchasing Managers’ Index™ (PMI™). Valores acima de 50,0 apontam para uma melhoria nas condições das empresas no mês de Julho, ao passo que valores abaixo de 50,0 mostram uma deterioração. O índice situou-se acima do valor de referência de 50,0 pelo sexto mês consecutivo, subindo de 51,3 em Junho para 51,9 em Julho. Este indicador foi o mais elevado registado desde Junho de 2022 e assinalou uma melhoria moderada na saúde do sector privado. Segundo o estudo, de uma forma geral, as empresas atribuíram a melhoria das condições a um aumento acentuado das novas encomendas, sendo que a taxa de crescimento atingiu o valor mais elevado desde Maio de 2022.

Relativamente aos resultados do inquérito, Fáusio Mussá, economista-chefe do Standard Bank – Moçambique, afirmou que o aumento em Julho, que mantém a tendência de crescimento verificada nos últimos dois é o reflexo da aceleração progressiva do aumento de novas encomendas e da produção e sugere que a actividade económica continua resiliente e a recuperar gradualmente. “O PMI indica um desempenho mês a mês mais modesto nos sectores da agricultura e da construção, tendo sido este último o mais afectado pelas condições monetárias mais restritas, pela liquidez intermitente de moeda externa e pelas pressões fiscais”, disse Fáusio Mussa.

“Embora exista alguma solidez de crescimento na economia do sector dos serviços, não nos surpreenderia que tal começasse a esmorecer devido aos ajustes feitos na massa salarial do Estado, que já sofreu dois cortes durante este ano, e a uma política monetária mais restrita, que tem tendência a afetar a economia com algum atraso”, advertiu o economista, tendo alertado que de acordo com a edição de Junho do African Markets Revealed (AMR), devido a condições de financiamento mais restritivas, o crescimento do PIB fora do sector extractivo continua a ser inferior ao de 2022. Em termos anuais, o crescimento do PIB do sector não extractivo abrandou para 2,7% no primeiro trimestre de 2023, em contraste com uma média de 3,9% em 2022.

Fundo Soberano de Moçambique prevê arrecadar mil milhões de dólares por ano

O Fundo Soberano de Moçambique (FSM), cuja criação foi votada na segunda semana de Agosto, no parlamento, deverá arrecadar anualmente, dentro de dez anos, mil milhões de dólares com recei- tas da exploração de gás natural, anunciou a 04/08 o ministro da Economia e Finanças.

“Em média, nos 25 anos de contrato de concessão [de exploração de gás natural], o Estado moçambicano vai receber 750 milhões de dólares”, explicou o Ministro Max Tonela, questionado no parlamento moçambicano pelos deputados da primeira comissão de Assuntos

Constitucionais, Direitos Humanos e de Legalidade e da segunda Comissão de Plano e Orçamento. A proposta de lei que cria o FSM, a constituir com 40% das receitas da exploração do gás natural, já foi aprovada em Conselho de Ministros e sobe à discussão da 42.ª sessão ordinária parlamentar, que vai decorrer em Maputo de 03 a 07 de Agosto.

Nas explicações dadas aos deputados esta manhã, o Ministro da Economia e Finanças apontou a previsão de receitas de cerca de 100 milhões de dólares anuais nos primeiros três anos. “E de forma incremental nós teremos, a partir do ano cinco, cerca de 300 milhões de dólares por ano. E teremos aí por volta do ano dez cerca de um bilhão de dólares [mil milhões de dólares] por ano”, sustentou ainda. Max Tonela revelou igualmente que este ano, “desde o início da exploração, o Estado já recebeu 40 milhões de dólares [da exploração de gás natural, e que a expectativa aponta para 100 milhões de dólares “até ao final do ano”.

Na mesma audição, o Ministro assegurou que o FSM terá garantia de “reporting” e informação “pública” sobre o seu desempenho e gestão. “Todos os moçambicanos poderão ter informação sobre o valor de mercado, do imposto e dos rendimentos que advirão dos investimentos serão efectuados pelo Fundo”, assumiu. Também assegurou que numa óptica de “transparência”, o Orçamento do Estado passará a ter uma “secção específica que vai detalhar a forma como os fundos serão utilizados” “Para responder ao propósito que deve ter como primazia aspectos do desenvolvimento, infraestrutura e programas de desenvolvimento socioeconómico do país”, disse. No modelo de criação do FSM, cujo gestor operacional será o Banco de

Moçambique, Max Tonela afirma que foi levado em exemplos “bem-sucedidos no mundo e os casos menos bons”, em que “países que tiveram grandes recursos e foram na boleia dos recursos e elevaram demasiado o padrão de consumo do Estado, endividaram-se demasiado e neste momento o nível de recursos vai reduzindo e entram num conflito em que não têm a capacidade de ter mais recursos”. “Portanto, este é o propósito último do No fundo. Por isso é que dizemos olhar para as gerações atuais, mas garantir que as nações futuras também possam tirar proveito da existência de recursos que o país dispõe também”, explicou, sublinhando que o FSM permitirá “ir buscar recursos para financiar o Orçamento de Estado numa situação em que já não haja gás natural” para explorar.

A proposta de lei que cria o FSM, refere que “na sua estrutura de governação, pretende-se que o Fundo faça o aproveitamento integral das instituições existentes no país, guiando-se pelos princípios de boa governação, transparência, responsabilização, independência e inclusão, em linha com as melhores práticas internacionais”. No preâmbulo da proposta, o Governo recorda que no âmbito das actividades de pesquisa realizadas nas Áreas 1 e 4, ‘offshore’ do bloco do Rovuma, “foram descobertos enormes depósitos de petróleo e de gás natural não associado”, estimados em cerca de 180 triliões de pés cúbicos.

Neste quadro, os operadores e parceiros das Área 1 e 4 submeteram ao Governo três projectos de liquefação de gás natural, já aprovados, nomeadamente o de Gás Natural Liquefeito Coral Sul FLNG, em alto mar, o de Gás Natural Liquefeito Golfinho/Atum, e o de Gás Natural Liquefeito Rovuma LNG.

Paralelamente, decorrem trabalhos de pesquisa em cinco áreas de concessão de pesquisa e produção de petróleo e gás, localizadas em Angoche, Delta do Zambeze, “esperando-se, em caso de descoberta comercial, benefícios ainda maiores”. São receitas do FSM as provenientes da produção de gás natural liquefeito das áreas 1 e 4, ‘offshore’ da bacia do Rovuma e futuros projetos de desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural, bem como “retorno dos investimentos das receitas” do fundo. Essas receitas resultam do Imposto sobre a Produção de Petróleo e pelo Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas, incluindo a tributação de mais-valias, além de “bónus de produção” em termos a regulamentar, e partilha de produção a partir do petróleo-lucro.

“Sempre que num determinado ano ocorrer uma calamidade pública que leve à declaração de Estado de Sítio, Estado de Emergência e/ou de Guerra (…) podem ser transferidos recursos financeiros do FSM para o apoio ao Orçamento do Estado”, neste caso em percentagem superiores ao previsto (entre 50 a 60% das receitas), sob proposta do Governo. “O FSM deve investir em activos que não sejam do sector do petróleo e gás”, estabelece ainda a proposta no parlamento, assumindo igualmente que esses investimentos devem ser feitos “com base na política” aprovada pelo Governo. Fica também definida a “proibição” de utilização de recursos do FSM para “concessão de garantias na contratação de empréstimos pelo Estado ou outras entidades”, ainda para “pagamento de dívidas e serviço da dívida sem passar pelo Orçamento do Estado”, para financiamento de “actividades políticas e partidárias” e na “contração de dívidas”. [Lusa]

“O peso da dívida no desenvolvimento é intensificado por um sistema que limita o acesso dos países em desenvolvimento ao financiamento do desenvolvimento e os obriga a contrair empréstimos junto de fontes mais onerosas, aumentando as suas vulnerabilidades e tornando ainda mais difícil a resolução das crises da dívida”. Denuncia a ONU.

Para a ONU, a contracção de empréstimos junto de credores estrangeiros aumenta a exposição a choques externos. Recorda que a dívida pública total dos países em desenvolvimento aumentou de 35% do PIB em 2010 para 60% em 2021. Do mesmo modo, a dívida pública externa, a parte da dívida de um governo devida a credores estrangeiros, aumentou de 19% do PIB para 29% do PIB em 2021. A ONU faz uma comparação dos níveis de dívida com a capacidade dos países em desenvolvimento de gerar divisas através das exportações e conclui que a capacidade de gerar receitas suficientes para cumprir as suas obrigações de dívida externa também se tem vindo a deteriorar.

“A percentagem da dívida pública externa em relação às exportações aumentou de 71% em 2010 para 112% em 2021. Durante o mesmo período, o serviço da dívida pública externa em percentagem das exportações aumentou de 3,9% para 7,4%.” Frisa. No seu estudo intitulado “Um mundo Endividado, Um fardo Crescente Para a Prosperidade Global”, produzido pelo Grupo de Resposta a Crise, a ONU traz ao de cima o facto de que os países em desenvolvimento enfrentam desafios adicionais importantes devido aos elevados níveis de dívida pública externa, que os tornam mais vulneráveis a choques externos.

“Quando as condições financeiras globais se alteram ou os investidores internacionais se tornam mais avessos ao risco, os custos dos empréstimos podem aumentar subitamente. Do mesmo modo, quando a moeda de um país se desvaloriza, os pagamentos da dívida em moeda estrangeira podem disparar, deixando menos dinheiro para as despesas de desenvolvimento”, recorda a ONU. A dependência de credores privados torna o crédito dispendioso e a reestruturação da dívida complexa. Na tentativa de propor uma solução para o dilema, a ONU começa por colocar em evidência, a perspectiva de que os credores privados, como os detentores de obrigações, os bancos e outros mutuantes, oferecem financiamento em condições comerciais.

“ Nos últimos dez anos, a parte da dívida pública externa devida a credores privados aumentou em todas as regiões, representando 62% do total da dívida pública externa dos países em desenvolvimento em 2021”, diz a ONU sobre essa perspectiva, para depois referir que o aumento da percentagem da dívida pública para com os credores privados coloca dois desafios. Em primeiro lugar, a contracção de empréstimos junto de fontes privadas é mais dispendiosa do que o financiamento em condições favoráveis proveniente de fontes multilaterais e bilaterais. Em segundo lugar, a crescente complexidade da base de credores torna mais difícil concluir com êxito uma reestruturação da dívida quando necessário. Os atrasos e as incertezas aumentam os custos da resolução das crises da dívida.

Outra situação exposta pela ONU é aquela em que os países em desenvolvimento pagam muito mais pela sua dívida do que os países de- senvolvidos. “Quando os países em desenvolvimento pedem dinheiro emprestado, têm de pagar taxas de juro muito mais elevadas do que os países desenvolvidos, mesmo sem considerar os custos das flutuações das taxas de câmbio”.

A ONU sublinha que os países africanos contraem empréstimos, em média, a taxas quatro vezes superiores às dos Estados Unidos e mesmo oito vezes superiores às da Alemanha. “Os elevados custos dos empréstimos dificultam o financiamento de investimentos importantes por parte dos países em desenvolvimento, o que, por sua vez, compromete ainda mais a sustentabilidade da dívida e o progresso no sentido do desenvolvimento sustentável”., ou seja, deixa os países em desenvolvimento “confrontados com escolhas impossíveis: servir a dívida ou servir as suas populações”, numa situação em que algumas regiões gastam mais com o serviço da dívida do que com o serviço às suas populações.

“Em África, o montante gasto com o pagamento de juros é superior ao gasto com a educação ou a saúde. Os países em desenvolvimento da Ásia e da Oceânia (excluindo a China) estão a afectar mais fundos ao pagamento de juros do que à saúde. Do mesmo modo, na América Latina e nas Caraíbas, os países em desenvolvimento estão a dedicar mais dinheiro ao pagamento de juros do que ao investimento”, afirma a ONU, acrescentando que em todo o mundo, o aumento do peso da dívida está a impedir os países de investirem no desenvolvimento sustentável.

“Um número crescente de países encontra-se numa situação em que tanto o seu desenvolvimento como a sua capacidade de gerir a dívida estão comprometidos”. Destaca.

Para a ONU, o roteiro para financiar o desenvolvimento sustentável deve prever tornar o sistema mais inclusivo, “melhorando a participação real e efectiva dos países em desenvolvimento na governação da arquitectura financeira internacional” Proporcionar maior liquidez em tempos de crise, “expandindo o financiamento de contingência, de modo a que os países não sejam forçados a endividar-se como último recurso, nomeadamente através do reforço da utilização dos direitos de saque especiais, de uma suspensão temporária das sobre-taxas do FMI e do aumento das janelas de acesso a quotas para o financiamento de emergência do FMI”.

Para além disso a ONU propõe, para combater o elevado custo da dívida e o risco crescente de sobre-endividamento, a criação de um mecanismo de resolução da dívida. “Mais e melhores financiamentos, aumentando maciçamente o financiamento a longo prazo a preços acessíveis”. Defende a ONU, para quem, a transformação e expansão dos bancos multilaterais de desenvolvimento para apoiar o desenvolvimento sustentável a longo prazo e aumentar os recursos privados é pertinente ao mesmo tempo que mais financiamento em condições favoráveis; cumprimento dos compromissos em matéria de ajuda e de financiamento da luta contra as alterações climáticas, sejam implementados.

Sector privado quer “uma revisão da carga tributária, no sentido de por um lado reduzir o seu peso que se situa em 36,1% e, por outro, eliminar o fenómeno da multiplicidade de taxas, as chamadas “taxas e taxinhas”;

“É importante a manutenção do ritmo de reformas por forma a tornar o ambiente de negócio mais facilitado para o micro, pequeno e médio empresário assim como tornar o país mais atractivo para novos investimentos”, defende a CTA Ao contrário da expectativa de uma certa aceleração, o desempenho empresarial foi estacionário no II Trimestre de 2023 comparativamente ao I Trimestre, revela o Índice de Robustez Empresarial (IRE) da CTA, que permaneceu inalterável em 28%.

Os principais factores que por detrás da estagnação verificada foram, nomeadamente, do lado crescente, (i) o início da campanha de comercialização agrícola, (ii) o início da época de exportação de produtos como o algodão e camarão, e (iii), pela negativa, o abrandamento do desempenho do sector de turismo principalmente em províncias como Inhambane, Gaza e Manica, e o arrastamento dos efeitos dos eventos climáticos do primeiro trimestre.

Segundo dados revelados no “Economic Briefing” da CTA, decorrido na manhã de quinta-feira, 03/08, em Maputo, pesou igualmente no desempenho empresarial, o impacto dos custos dos preços de combustíveis, de modo particular do gasóleo ou diesel, que corresponde a mais de 75% do consumo empresarial, cujos efeitos se reflectiram directamente no sector de transportes e indústria. Naquela que foi a 13ª edição do evento de actualização e perspectivas económicas da CTA, destaque foi também a apresentação do Índice de Emprego que, acompanhando a tendência do IRE, apresentou uma ligeira melhoria, o que, segundo o estudo, denota uma maior prospecção do sector privado de gerar emprego no II Trimestre deste ano face ao I Trimestre.

Entretanto, segundo o IRE, o mercado de trabalho continua frágil constatando-se que prevalece uma preferência para a contratação de mão-de-obra temporária ou em tempo parcial, principalmente nos sectores da agricultura e construção. Em termos de perspectivas, espera-se que no III trimestre re- giste uma tendência crescente da actividade empresarial mas, todavia, há o risco da subida de preços do barril de petróleo no mercado internacional a par do prosseguimento dos efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia a pressionar os preços domésticos de bens e serviços cujo impacto poderá ser a diminuição da procura e consequentemente a contracção dos lucros de exploração.

A CTA diz que está empenhada a ajudar o sector privado fazer face a alta de preço, propiciar o aumento da produção e produtividade por forma habilitar o País de melhores condições para absorver aos choques externos, razão pela qual tem advogado a adopção, de entre outras medidas, tal como disse Agostinho Vuma, o Presidente da agremiação, as seguintes: A manutenção da estabilidade da taxa de câmbio facto que o Banco de Mo- çambique tem alcançado desde o ano passado; A necessidade de uma taxa de juro baixa que possibilite o acesso ao financiamento por parte do sector privado.

“Sobre este capítulo, preocupa-nos a subida galopante que se observou no coeficiente de reservas obrigatórias que nos dois trimestres do ano, subiu em mais de 28.5 pontos percentuais, facto que originou o aumento da prime rate em 90 pontos bases”, afirmou o Presidente da CTA. Para além disso, a CTA defende no rol de medidas que possam ajudar o sector privado a subsistir em contexto particularmente adverso, “ a criação de mecanismos para impulsionar a produção interna, quer seja pela primazia das compras do Estado da produção nacional ou o alargamento das zonas económicas especiais”.

Agostinho Vuma, afirmou que o sector privado quer “uma revisão da carga tributária, no sentido de por um lado reduzir o seu peso que se situa em 36,1% e, por outro, eliminar o fenómeno da multiplicidade de taxas, o que chamamos de taxas e taxinhas”. O Presidente da CTA recordou que, tal como foi reiterado na XVIII CASP, “é importante a manutenção do ritmo de reformas por forma a tornar o ambiente de negócio mais facilitado para o micro, pequeno e médio empresário assim como tornar o país mais atractivo para novos investimentos.” A XII edição do “Economic Briefing”, para além do debate sobre as tendências, os participantes foram instados a debater temas como (i) medidas necessárias para tornar mais acessível o financiamento as PMEs; e, (ii) desafios para o sector empresarial na produção nacional.

• BVM atrai empresas do ramo do agro-negócio

“Durante o 2º Trimestre de 2023, o sector privado não recorreu ao financiamento no Mercado de Capitais, apesar de muitas empresas necessitarem de recursos financeiros para implementar os seus projectos de negócio. O volume de transacções continua a ser dominado pelas Obrigações do Tesouro, e o mercado accionista foi dominado pelas transacções da ARKO – Companhia de Seguros, e depois seguido pela CDM, HCB, CMH e Tropigalia.

A CMH, HCB e Tropigalia distribuíram dividendos ao montante total de 327,8 milhões de meticais, revelou o PCA da Bolsa de Valores de Moçambique, Salim Valá.

Protocolo com FENAGRI visa atrair empresas ligadas ao agro –negócio para a BVM

“Precisamos de aprofundar o trabalho em curso para fazer com que os empresários e investidores não tenham receio de usar o Mercado de Capitais e a BVM. Porque queremos empresas de diversos ramos de actividade a usar a plataforma da Bolsa de Valores, no início de

2017 assinamos um protocolo com a CTA e rubricamos um convénio com a FENAGRI, para que empresas do agro-negócio possam financiar-se via BVM.

A agricultura contribui com cerca de 25% para o PIB nacional e perto de 70% da força de trabalho está vinculada ao sector agrário, em toda a sua cadeia de valor, mas não temos uma só empresa dessa área cotada na BVM. Queremos mudar esse cenário.”

Indicadores bolsistas foram positivos no 2° trimestre de 2023

“Apesar das vicissitudes da economia global, muito influenciada pelo conflito geoestratégico no Leste Europeu, pela volatilidade dos mercados financeiros internacionais e pela dinâmica dos preços dos combustíveis e alimentos, os principais indicadores bolsistas tiveram um comportamento positivo no 2º Trimestre de 2023, com destaque para o crescimento do volume de negócios (+ 103,2%), do índice de liquidez (+94,4%) e da capitalização bolsista (+4,7%) em relação ao trimestre homólogo de 2022.”

Como sociedade anónima a BVM estará mais próxima das empresas e dos investidores

Num outro desenvolvimento o PCA da BVM, comentando sobre a decisão do Governo de transforma a BVM em Sociedade Anónima, disse a medida vai contribuir substancialmente para consolidar a BVM como um instrumento inovador para promover a poupança, financiar as empresas e propiciar o investimento sustentável e que contribua para fazer girar a roda da economia.

Recorde-se que, em Abril de 2023, o Governo tomou a decisão a extinguir a BVM Instituto Público e criar a BVM Sociedade Anónima (como empresa de capital aberto). Assim, “a nova instituição terá mais flexibilidade, autonomia, dinamismo empresarial, gestão comercial, melhorando a governação e transparência, e estando mais próxima dos empresários e investidores”, disse Salim Valá. Entretanto, alertou, “os empresários e empreendedores terão de fazer a sua parte, ou seja, ter bons projectos, diversificar o risco, inovar e ter a ousadia de fazer, fazer mais, fazer melhor e fazer diferente.”

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