Marco Zero 29

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JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINTER – ANO IV – NÚMERO 29 – CURITIBA, JUNHO|JULHO DE 2013

Foto: Cláudia Bilobran

e d a d r e b Pela li

Mesmo concordando em alguns pontos, grupos LGBT e evangélicos parecem longe de um diálogo.

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Tráfico na praça

O gigante acordou Manifestações levam milhares de curitibanos às ruas

Curitiba como ela é Pichação, sujeira e tráfico nas praças do centro da cidade.

Praça Tiradentes é palco de transações e consumo de drogas.

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MARCO

ZERO

Número 29 – Junho/Julho de 2013

OPINIÃO

Na Praça Tiradentes, bem em frente à Catedral, está o Marco Zero de Curitiba, que oficialmente é tido como o local onde nasceu a cidade, além de ser o ponto de marcação de medidas de distâncias de Curitiba em relação a outros municípios. Ao jornal Marco Zero foi concedido este nome, por conter notícias e reportagens voltadas para o público da região central da capital paranaense.

Cíntia Silva

V

EEM PRA RUUA, VEEEM PRA RUUAA! Esse é o grito que ecoou por todo o Brasil (e até fora dele) nas últimas semanas. Mas se você não está muito ligado nisso, vou te contar onde tudo começou. Existe um movimento chamado “Passe Livre” formado por universitários que lutam por um transporte público de qualidade e gratuito, pois segundo eles, o transporte só será público de verdade quando for sem tarifas e sem catraca. Os integrantes do MPL (Movimento Passe Livre) já estão há oito anos fazendo mobilizações pacíficas em vários locais, mas isso mudou na quinta-feira (dia 06/06) quando um grupo de aproximadamente 150 manifestantes, que protestavam em frente à Prefeitura de São Paulo, foram recebidos com truculência pela Polícia Militar. Eles se encontravam nas calçadas, sem atrapalhar o trânsito e, de modo pacífico, quando os PM’s começaram a lançar bombas de gás lacrimogênio e efeito moral. Pronto, estava feito o estrago. No dia seguinte, a atitude violenta e desnecessária dos policiais estava nos jornais e os manifestantes passaram de 150 para 5 mil e, novamente, a Tropa de Choque da PM adotou atitudes violentas. Daí em diante você já deve saber o que aconteceu...Vamos entrar para os livros de história com uma passeata nacional que chegou a aproximadamente 250 mil manifestantes em plena segunda-feira (17/06). Podem comemorar quando o professor de história do seu neto contar essa história na sala de aula.Você vai poder falar “eu estive lá”, mas vai ter que avisar que não era um dos vândalos. Sim, aquele movimento lindo que me deu até vontade de chorar de alegria também teve suas maçãs podres. Só na nossa cidade será necessário R$ 1,5 milhão para reparar os danos causados durante a manifestação de sexta-feira (23/06). Daí você me diz: “vandalis-

mo é o que eles fazem, deixando hospitais e escolas abandonados do modo como estão”. Ok, eu entendo sua revolta, mas acredito que no momento em que você destrói patrimônio público está se igualando a todos contra os quais você protesta. Vamos encarar a nossa realidade, pois o dinheiro gasto em reformas não vai brotar dos bolsos nos nossos queridos corruptos, mas sim dos seus, dos meus, dos bolsos dos seus pais, amigos... Ou seja, dialogar vale muito mais do que depredar. O modo como as manifestações se espalharam e as proporções que tomaram me deixou de queixo caído. Nossa sociedade já passou por tantos momentos ultrajantes com dólares em cuecas e meias enquanto nós ficamos passivos assistindo tudo pela televisão e comentando no Facebook que quando vi aquele cartaz escrito “Saímos do Facebook”, durante o protesto, quase que escrevi um, dizendo: “Graças a Deus”. A cena dos jovens tomando o Planalto Central foi uma das mais belas que já tive o prazer de ver. Mas, de vez em quando, me pego pensando qual será o futuro dos protestos. Os organizadores do MPL avisaram que apor considerar que, após conseguir a redução das passagens, suas manifestações estavam sendo aproveitadas por grupos com ideias das quais não compartilha. Mas se as manifestações não são pelos 20 centavos, qual os motivos pelos protestos? A PEC 37? As aposentadorias milionárias? Os salários exorbitantes dos parlamentares? Acho que ainda temos muito a

O jornal Marco Zero é uma publicação feita pelos alunos do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Uninter Coordenador do Curso de Jornalismo: Nívea Canalli Bona Professor responsável: Roberto Nicolato

conquistar e os protestos irão ajudar, e muito nessa conquista. Como diria nosso querido V, “o povo não deve temer seu governo, o governo deve temer o seu povo” e essas últimas semanas, com certeza, fizeram os nossos governantes temerem. Uma prova disso foi o pronunciamento da presidente Dilma na segunda feira (24), quando propôs cinco pactos em favor do Brasil. Entre eles, um chamou mais a atenção, o plebiscito para formação de uma Constituinte sobre reforma política. Uma reforma política pode trazer mudanças na forma como ocorre a escolha dos governantes e parlamentares, financiamento de campanhas eleitorais, coligações entre partidos, propaganda na TV, entre outras coisinhas mais. E o melhor, corrupção viraria crime hediondo, ao lado do estupro, do latrocínio e do terrorismo. Quem sabe isso seja um fator relevante para um parlamentar refletir sobre colocar ou não dólares em meias ou cuecas. Enfim, apesar do quebra-quebra, todos os protestos foram válidos e melhor, foram ouvidos lá no alto do Planalto e nos palácios estaduais e municipais. Parabéns para nós que, juntos, viramos gigantes e acordamos famintos por justiça.

Claudia Bilobran

Você acha que deve ser decretado feriado ou não nos dias de jogos durante a Copa do Mundo de 2014? Por mim poderia ser como a quarta-feira de cinzas: trabalha-se apenas meio período. Pamela dos E durante o Santos, 20 jogo despensa anos estudante os funcionários. Eu acho que não deve ser decretado feriado, pois assim os comerciantes Estefani Saba- têm que pagar tki da Silve150% de horas ria, 19 anos, extras. E o vendedora lucro vai todo para pagar os funcionários.

Renato Omaire, 31 anos, comerciante

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O Marco Zero

Desde 1922 o Brasil não gritava tão alto. E foi ouvido

Bilob

Equipe Marco Zero

Ainda somos os mesmos

Antono da Silva, 55 anos, comerciante

Cláu dia

A 29ª edição do jornal Marco Zero está um tanto polêmica. Os repórteres saíram às ruas e flagraram o intenso tráfico de drogas em plena Praça Tiradentes, mesmo com a presença da Polícia Militar. Também verificaram que muitos motoristas do transporte público, além de não usarem cinto de segurança, falam no celular enquanto dirigem. Até tentam se explicar, mas não convencem. Saiba na nossa reportagem especial de capa como uma palavra com apenas cinco letras, OPÇÃO, tem gerado grande polêmica entre a igreja, conservadores e o grupo LGBT’s. E por falar em polêmica, não podemos deixar de lado as manifestações que têm acontecido em todo o Brasil. O povo brasileiro, cansado de futebol e corrupção, sai às ruas para protestar contra todas as coisas erradas que ocorrem de norte a sul no país. Professores que trabalham por uma ninharia, deputados com salários nas alturas, muitos problemas na área da saúde, os exageros dos gastos com a Copa, enfim toda essa sujeira que estamos cansados de ver. Nesta edição trazemos ainda a última matéria da série “Curitiba como ela é”, mostrando como estão as praças do centro da capital. Boa leitura!

Expediente

Ao Leitor

Caroline Guerra Leal, 17 anos, vendedora

Diagramação: Cíntia Silva e Letícia Ferreira

Uninter Rua do Rosário, 147 CEP 80010-110 – Curitiba-PR

Projeto Gráfico: Cíntia Silva e Letícia Ferreira

E-mail comunicacaosocial@grupouninter.com.br

Telefones 2102-3336 e 2102-3415.

Tamira Correia, 34 anos, assistente jurídico

Sou contra decretar feriado, pois o comércio depende das vendas para sobreviver.

Não concordo! Todos têm que trabalhar normalmente.

Não acho que a Copa do Mundo seja motivo suficiente para um feriado. Sou contra!

Não, porque não vai melhorar a qualidade do trânsito e o aeroporto vai continuar lotado. Tudo continuará caótico como sempre.


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ENTREVISTA

Os agentes culturais em cena

Presidente da Fundação Cultural de Curitiba, Marcos Cordiolli, destaca a sustentabilidade das produções locais e a instalação do Conselho Municipal de Cultura

Marco Zero – Qual o maior diferencial desta gestão em relação à antiga? Marcos Cordiolli – A primeira delas é que estamos avançando muito na questão da descentralização e desconcentração das atividades culturais. A segunda questão diz respeito à democratização e à transparência. Nós, hoje, instalamos o Conselho Municipal da Cultura, o que não tinha sido feito. Vamos fazer a Conferência Municipal da Cultura, mas visando cada vez mais ter um protagonismo dos agentes culturais. Queremos que todos participem do debate, opinem sem discriminação e preconceito. O terceiro movimento é também conceitual. Nós estamos apostando fortemente na sustentabilidade da produção artística em Curitiba. Achamos que o Mecenato (através da renúncia fiscal), como o Fundo Municipal (incentivo direto) são importantes, devem ser fomentadores no primeiro momento, mas também indutores de ações culturais sustentáveis por parte dos artistas. Aí queremos tanto orientar, para que a produção cultural consiga ter um suporte de mercado, como também que os espetáculos, obras de arte, discos, concertos, saíam de Curitiba, para outras cidades do país, quem sabe do mundo. Qual projeto que podemos destacar que será realizado no

Como fortalecer o centro sem prejudicar o projeto de descentralização? Veja, são dois projetos distintos. As pessoas podem ter acesso à cultura próximo ao lugar onde moram. Uma ideia é que elas possam tanto ter acesso, como produzir cultura próximo a sua moradia, esse é o ponto. Por outro lado, o centro da cidade é uma referência, então as pessoas vêm de vez em quando. Às vezes, vem um casal de namorados que vai ao cinema, família para passear no Passeio Público, outros vêm frequentar a Confeitaria das Famílias na Rua XV. Em uma cidade é preciso ter esses dois movimentos. As pessoas precisam estar seguras e ambientadas em seus locais de moradia, mas precisam ter uma referência maior que é o Centro onde todas as identidades se encontram.

Com esses cinco meses de gestão, qual foi o maior problema encontrado? Enfrentamos aqui diversas situações complexas. Assumimos e na primeira semana tivemos que fazer a gestão da Oficina de Música. Mas nosso maior desafio foi colocar o carnaval de pé. O edital estava atrasado, as escolas não tinham recursos, havia desconfiança em relação ao poder público, os carnavalescos estavam desestimulados, mas eu, junto com o apoio do prefeito Gustavo Fruet, tomamos a iniciativa de ir à frente. Fomos a todas as escolas, frequentamos ensaio. Nós trabalhamos com a Secretaria de Finanças 24 horas por dia para poder melhorar esses recursos. Eu agora fiz uma nova reunião e estão todos muito animados para que possamos ter outros carnavais muito bons. Esse foi o grande desafio que foi vencido. Os artistas são muito ligados à política pública. Cada área há uma reclamação diferente, como fazer para diminuí-las?

Existem três situações que devemos ter. Primeiro que como gestor público, que é meu caso, na condição de presidente da Fundação é preciso ouvir todo mundo, e isso é fundamental. Às vezes, não consigo pessoalmente, mas a nossa estrutura precisa ouvir. Toda reclamação, boas ideias, tem que passar por nós. A segunda é ter mais transparência porque quanto mais informação menos problemas teremos. Boa parte das reclamações que temos é sobre os editais. A partir do momento que eles são apresentados para consulta pública há melhoria, porque as pessoas podem dar opiniões sobre aquilo que não é bom e ao mesmo tempo conhecem melhor o edital, resultando assim em menos reclamações. A terceira é a democracia, e, por isso, estamos instalando o Conselho Municipal de Cultura. Queremos ter fóruns setoriais, em alguns casos estamos instituindo comissões, entre nós e a sociedade. O exemplo é a área de fotografia, que não tinha um setor dentro da Fundação. Estamos compondo com um grupo de fotógrafos uma comissão que vai trabalhar para instituir uma política pública para esse setor em Curitiba. A relação com a sociedade civil organizada em mecanismo de democracia, de participação e controle social é essencial. Ano passado houve várias discussões sobre o fim do Mecenato. Ele caminha para o fim?

(...) nós estamos apostando, muito fortemente, em todos os equipamentos culturais do centro

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convite do prefeito Gustavo Fruet, Marcos Cordiolli – cineasta, graduado em História e mestre em Educação: história e filosofia - aceitou o desafio de liderar um dos órgãos mais importantes da administração municipal: A Fundação Cultural de Curitiba. Ele acredita que em sua gestão o grande lema será a transparência e frisa também que sua ideologia está calcada na descentralização, levando cultura a todos os lugares. Nessa entrevista ao Marco Zero, ele fala sobre leis de incentivo, projetos para o Centro, Copa do Mundo, entre outros assuntos.

O Centro de Curitiba teve seu perfil populacional modificado. Ele tinha ali diversos campos universitários, vários colégios de ensino médio e empresas com grande contingente de trabalhadores que saíram do centro. E isso fez com que fosse ocupado por lojas e por outras atividades comerciais menos nobres, digamos assim. Com isso, a população de Curitiba, que não tem relações comerciais com o Centro deixou de frequentá-lo, e esse é o problema. Então, nós queremos recuperá-lo como sendo uma referência da identidade da cidade. Para isso nós estamos apostando, muito fortemente, em todos os equipamentos culturais do centro.

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Benemond

Centro de Curitiba, fora a Corrente Cultural e a Virada?

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Reikrauss

Marcelo Cordiolli, presidente da Fundação Cultural de Curitiba

O Mecenato cumpre um determinado papel. O Fundo cumpre outro. Eu até acredito que vamos caminhar para uma desvinculação, porque hoje eles têm a mesma proporção. Acho que devemos ter mais Fundo e menos Mecenato, ou vice-versa. Porque a vinculação arbitrária nem sempre corresponde às necessidades. Mas o Mecenato tem se mostrado como uma política muito eficiente, pois capta praticamente cem por cento dos recursos, e isso envolve uma quantidade muito grande de empresas e que tem mostrado o funcionamento de boa parte das atividades culturais da cidade, que é de uma natureza diferente daqueles que estão no Fundo. Então a minha resposta é bastante simples: continua os dois, cada um cumprindo seu papel. E sobre a participação da Fundação na Copa do Mundo? Estamos preparando muita coisa para a Copa. Ela já tem uma atividade grande que é a Fanfest, quando durante 30 dias teremos muitos eventos culturais no Parque Barigui, numa programação da Fifa junto com a Rede Globo, que é a parceira deles aqui no Brasil. E nós participaremos, Prefeitura e Fundação Cultural, deste evento. Estamos preparando o Festival de Música Antiga, circuitos culturais em bares ou casas de show’s, além de uma série de atividades nos bairros para as pessoas que não puderem vir ao centro. Estamos preparando também um grande festival étnico e um grande centro de negócios para que os produtores culturais de Curitiba possam vender seus produtos. São três eixos sendo trabalhados: fazer uma grande festa da cultura brasileira, mostrar a cara de Curitiba para o mundo e fazer um ótimo centro de negócios culturais. Qual seria o lema da Fundação Cultural hoje? Seria uma combinação de três coisas: fazer da Fundação Cultural uma agência cultural moderna e eficiente, fortalecer a produção cultural no âmbito da economia da cultura e promover a descentralização e desconcentração, visando a universalização do acesso à cultura em Curitiba.


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TRANSPORTE

Uma lei que não é para todos

Muitos motoristas dos ônibus de Curitiba não usam cinto de segurança

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pesar de ser obrigatório, muitos motoristas de transporte coletivo de Curitiba não estão utilizando o cinto de segurança. Com isso, estão descumprindo a lei Federal 9503/97 que instituiu o Código de Trânsito Brasileiro e que torna obrigatório o uso do equipamento. Daniel Alves é motorista há três anos e trabalha na empresa de ônibus Marechal, localizado no Mercês, um dos bairros de Curitiba. “Eu entendo o motivo de tantos colegas não usarem o cinto, pois trabalho seis horas por dia nos microônibus e nós temos que fazer o trabalho de um cobrador

Flagrante: Motorista desrespeita normas e não usa o cinto de segurança

Janaina Menegusso

Menegusso

ideia. Eu falo para meus colegas que não deixem de lado essa regra, por que sabemos que o uso correto pode salvar nossas vidas. Estamos todos os dias no trânsito e estamos sujeitos a tudo”, revela. Ele diz que fala para seus colegas da importância do equipamento e até cita situações ocorridas com alguns deles. “Graças a Deus não aconteceu o pior. Por causa da batida de dois ônibus biarticulados no centro de Curitiba, com o impacto o motorista foi parar na porta do ônibus. Somente teve ferimentos leves, mas poderia ter morrido. Portanto usem o cinto”. Jefferson, 26, cujo sobrenome não foi revelado, trabalha como motorista na empresa Mercês, e relata que muitas vezes as manutenções dos veículos não são feitas corretamente. Reclamou do cinto de segurança que está todo solto e

que já não prende como se deve. “Nós trabalhamos seis horas por dia com carros que estragam o tempo todo, então se reclamarmos de um cinto de segurança os responsáveis nem ligam. Às vezes, ficamos até sem freio nos carros e temos que nos virar como podemos”. Ele diz também que tem consciência do uso, mas devido a esses tipos de eventualidades acaba não utilizando o equipamento. Um outro motorista, que também preferiu não se identificar, disse que sempre usa o cinto e acha isso importante. “A empresa dá todo suporte com cursos voltados para a segurança no trânsito. Portanto, não acho certo o que alguns dos meus colegas fazem. Se é obrigatório o uso deve ser cumprido e, claro, que conheço colegas meus que desrespeitam.”

Mas depois que sofri um acidente, mudei de ideia. Eu falo para meus colegas que não deixem de lado essa regra, por que sabemos que o uso correto pode salvar nossas vidas - Motorista de ônibus.

Indignação dos usuários O estudante Guilherme Horst, 20 anos, disse que já viu muitos motoristas não usarem o cinto de segurança. “Acho isso um absurdo, e mais absurdo ainda é quando eles atendem o celular enquanto estão dirigindo. Será que não se tocam que eles estão colocando em risco não somente suas vidas, mas de várias pessoas também,” revela. Francielly Mergener, 20 anos, vendedora, moradora do Sítio Cercado, utiliza todos os dias o coletivo para ir trabalhar no centro de Curitiba. “Eu vejo sempre os motorista sem cinto e acho que eles deveriam dar exemplo já que estão carregando não somente a vida deles, mas também a de várias pessoas”, afirma. Ela diz que também não tem nenhum conhecimento de providências tomadas em relação a isso. Cláudia Bilobran

Janaína

também. Então temos que ficar nos movimentando para frente e para trás, pegando o dinheiro que fica em cima do motor e esse movimento acaba machucando o ombro”, explica. Ele diz que é natural ver motoristas que colocam no cinto um prendedor de roupa ou clips para deixar mais solto. “Eu mesmo deixo o cinto sem prender e somente jogo ele sobre o corpo, dando a impressão que está sendo usando corretamente. Também tem o fato de que é muito apertado e acaba machucando o ombro. Além disso, a gente está sempre saindo do banco para arrumar os espelhos ou ajudar um passageiro a embarcar”, revelou. Outro motorista, que preferiu não se identificar, comenta que não usava o cinto. “Mas depois que sofri um acidente, mudei de

“Lei é para ser cumprida e com rigor. Outra coisa que observo são as formas que os motoristas tratam os passageiros. Muitos são estúpidos e às vezes fecham as portas enquanto as pessoas estão desembarcando ou embarcando nos coletivos”, lamenta. A universitária Camila Borges, 18 anos, utiliza diariamente o transporte coletivo. Relata que flagrou diversas vezes motorista dos coletivos não usando o cinto de segurança. “A lei foi feita para ser obedecida e cumprida corretamente, portanto acredito que os órgãos responsáveis devem ser mais rígidos com esse tipo de infração”. A equipe do jornal Marco Zero entrou em contato com a URBS (Urbanização de Curitiba) responsável pelo transporte público em Curitiba, mas até o término dessa matéria, não obteve retorno.


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Apesar da presença da polícia...

William Bittar

Cláudia Bilobran

CIDADANIA

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...os traficantes não se sentem inibidos

Tráfico domina o centro de Curitiba Borges

William Bittar

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esde o começo do ano, o governo do Paraná adquiriu mais de 300 novas viaturas, e fez a contratação de mais policiais militares para melhorar a segurança dos curitibanos, principalmente no centro da cidade. Quem passa pela região, já deve ter notado os carros e também o policiamento presente nas principais ruas e avenidas da capital paranaense. Mas, segundo as pessoas que pegam ônibus todos os dias, principalmente à noite na Praça Tiradentes, mesmo que os policiais estejam ali, pertinho do local onde os marginais costumam ficar, o comércio de drogas funciona praticamente livre durante a noite toda, e os usuários e traficantes caminham tranquilamente pela praça. É difícil encontrar alguém que ainda não foi abordado por um usuário. Eles são ousados, fazem troca de substâncias sem medo de serem apreendidos, gritam, atravessam a rua na frente dos carros, roubam e usam os mais variados tipos de entorpecentes. Como a maioria dos pontos e estações tubo que fazem conexão para os terminais estão localizados no centro, muitos usuários do transporte público se veem obrigados a esperar o ônibus à noite, sem praticamente nenhuma segurança. Sidinéia

Sempre vem um ou outro pedindo dinheiro, mas sempre dão a desculpa de que estão querendo voltar pra casa. Mas é mentira, pois qualquer um sabe que é para comprar drogas. - Sidinéia Rodrigues, 34. e o ladrão inclusive me deu flores dizendo pra eu entregar para minha esposa. É surpreendente até onde vai a atitude de uma pessoa assim”. Muitas pessoas acreditam que o policiamento está sendo feito de maneira ineficaz. É o que relata uma usuária do ônibus Inter 2 (também não quis revelar o nome), para quem falta mais policiamento na praça. “Tem um carro que fica ali pra frente, mas deveriam ter policiais andando pelos becos, pois é lá que os usuários estão”.

A psicóloga Adriana Wollmann, da Secretaria Municipal de Saúde, explica que, antes de tudo, um usuário de drogas precisa de tratamento. “Uma pessoa que usa drogas acha que está bem e que pode largar o vício quando quiser e é aí que mora o perigo. A droga, seja ela qual for, causa, sim, dependência. Mas a pior delas é o crack, pois a pessoa perde a razão, os sentidos e quanto mais usa, mais dependente fica, e é capaz de fazer qualquer coisa para conseguir comprá-la”. Adriana comenta ainda sobre como deve agir uma pessoa quando for abordada por um usuário: “Não tem muito o que fazer, mas o importante é não deixar transparecer que está com medo e não tentar reagir se ele tentar pegar algo de você. É melhor perder um celular ou uma carteira do que a própria vida”.

Homem com pedra de crack e chachimbo para o uso da droga

Divulgação

Camila

Rodrigues, 34, faz uso do transporte público todos os dias e confirma que já foi abordada várias vezes pelos traficantes. “Eu não me sinto segura, mas é o único jeito de voltar para casa, então temos que conviver com isso”. Outro usuário do transporte público, um homem de 48 anos que não quis se identificar, comenta que já foi inclusive assaltado por um usuário de drogas, no centro da cidade. “Já fui até assaltado uma vez,

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Mercado de drogas funciona livremente na Praça Tiradentes, em Curitiba

“Combate ao tráfico não é prioridade” Para um policial militar com 25 anos de carreira, e que preferiu não se identificar, para uma melhor segurança na Praça Tiradentes é necessário que a polícia fizesse um monitoramento velado. “Deveria haver mais policiamento, principalmente o policiamento à paisana, pois dessa forma ficaria mais fácil pegar os usuários e traficantes no flagrante.” O policial também conta que o tráfico de drogas no centro não é uma prioridade. “Há uma seleção de ocorrências e

normalmente o tráfico de drogas não está entre as prioridades da polícia.” Segundo ele, entre um homicídio e o tráfico, o homicídio será atendido primeiro. Ao ser questionado sobre as novas viaturas da polícia que ficam em lugares estratégicos da cidade sem poder sair do local, o policial diz ser contra, pois para ele o correto seria ser feita ronda com a viatura pelo centro e não ficar estática em um único ponto.

Há uma seleção de ocorrências e normalmente o tráfico de drogas não está entre as prioridades da polícia


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ESPECIAL Bandeira

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A pergunta é simples, mas a resposta muito complexa. Essa é uma questão que têm divido a opinião da sociedade e gerado polêmica em vários âmbitos. onde Luciane Graciano foi enviada como coordenadora. Soninha percebeu de imediato qual era a orientação sexual de sua nova chefe, mas não deu importância, pois a relação das duas era meramente profissional. “Eu vivia numa depressão, eu chorava muito. Mas então resolvi tocar minha vida e pensar na minha família”, contou Sonia. Quando ela já estava melhor, Luciane resolveu se aproximar, falou que não entendia como alguém pode sofrer tanto por um relacionamento que nem existia mais e que a vida poderia lhe reservar uma história melhor. Sonia se sentiu bem com a conversa e resol-

veu abrir as portas para uma nova possibilidade, descobrindo assim uma nova forma para sua sexualidade. Logo que começaram a namorar, Sonia resolveu contar para a família que, mesmo com certo espanto, aceitou a ideia. Também procurou a diretora da escola dos filhos, que a apoiou. As duas já estão juntas há três anos e moram na mesma casa como mais uma nova família. Quem conheceu Kaiara, na década de 80, não a reconheceria. Isso porque hoje ele atende pelo nome de Hércules Pacheco. Mas espere, a história dela é oposta a de nossa primeira personagem. Em 1980, Hércules se viu em um grande dilema, pois seu corpo já não o satisfazia. Ele sentia-se muito mais mulher, do que homem e, por isso, resolveu externar seus sentimentos. Após implante de próteses e tratamento hormonal, atingiu seu objetivo: equilibrar corpo e mente. Daquele momento em diante assumiu sua travestilidade, passou a se chamar Kaiara e assim viveu por muitos anos, chegando até mesmo a se “casar”. Por motivos pessoais, não relevantes no momento, Kaiara acabou entrando na prostituição. A condi-

ção de vida para quem trabalha nas ruas não é fácil e ela contraiu hepatite do tipo B e HIV. Como forma de apaziguar os momentos de tensão e perigo, tornou-se usuária de drogas, mas o consumo excessivo de cocaína e de crack, a levaram ao furto. Em 1998, numa tentativa de assalto, foi presa e condenada a três anos e um mês, em regime fechado. Na penitenciária de Pirajuí 1, no interior de São Paulo, teve contato com a religião protestante e tornou-se membro de uma igreja evangélica. Devido a sua nova religião, que encara a homossexualidade com um pecado, Hércules deixou de lado sua aparência feminina voltando à sua identidade masculina. Em liberdade desde dezembro de 2001, assim como já havia feito no candomblé, dedicou-se ao estudo teológico tornando-se missionário. Fundador da Comunidade Esperança Resgate de Vidas (CERV), trabalha na recuperação de dependentes químicos, na tentativa de evitar que passem pelas mesmas coisas que ele. Hoje é casado com Maria Aparecida Pacheco, com quem tem duas filhas.

Foto: Cláudia Bilobran

Pablo Bandeira

os últimos tempos uma palavra tem gerado uma grande polêmica: opção. Até poucos anos, entendia-se que era de livre escolha do indivíduo, como e com quem ele se relacionaria. Mas recentemente pesquisadores das Universidades da Califórnia, Uppsala e Tennessee, divulgaram em seus estudos uma teoria afirmando que a sexualidade pode estar ligada a fatores genéticos. Por isso, hoje se usa o termo “orientação”. Indiferente aos fatores determinantes da sexualidade humana, uma realidade inegável é o fato de pessoas terem, ou deixarem de ter, relacionamentos homossexuais. Como exemplo, temos as histórias de Sonia Bertucci e de Hécules Pacheco, duas pessoas que em um determinado momento de suas vidas resolveram expressar sua sexualidade de outra forma. A enfermeira Sonia Bertucci, ou simplesmente Soninha, como costuma ser chamada pelos amigos, sempre foi hétero. Chegou a ser casada durante 11 anos e teve dois filhos, hoje já adolescentes. Devido a problemas pessoais com seu antigo cônjuge, que em nada se relacionam com a sexualidade dela, acabou se divorciando. Até aqui uma história comum, reafirmada pelo fato de Soninha ser uma brasileira e católica praticante, pois foi até professora de catequese. Após o divórcio ela passou um tempo sozinha. Nesse época, ainda trabalhava em um Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI), lugar para

Será uma questão de escolha?

Cláudia Bilobran

Pablo


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Uma “eterna” disputa entre igreja e os grupos LGBTs Assunto pertinente no Congresso Nacional e em redes sociais, a questão da sexualidade tem dividido opiniões, mas nem sempre LGBT’s e pastores discordam sobre o assunto. expor de maneira transparente o que cada grupo acredita e reivindica. Contrapondo as ideias através de assuntos que costumam dividir opiniões, todavia, para nosso espanto, nem todas são contrárias. Quando se fala de estado laico os dois representantes concordam. Tanto Ferro quanto Marins afirmam que dogmas religiosos não podem ditar leis no país. Mas a própria expressão de laicidade já garante o direito à prática religiosa, caso contrário o Estado seria chamado ateísta. Diretamente ligado à questão legal, está um medo recorrente de muitos evangélicos de que alguma lei passe a obrigar a realização de casamentos homoafetivos em seus templos. “Queremos direitos civis, não queremos ir para a igreja de véu e grinalda”, disse Marins. O que homossexuais querem é que seja respeitado o direito à herança, à sucessão. Que Arquivo pessoal

evangélica acusa a frente LGBT de tentar conseguir privilégios e isso porque busca a aprovação da PLC 122, o projeto de lei complementar que regulamenta a homofobia com o crime. Na contramão dos fatos, LGBTs chamam a bancada evangélica de fundamentalista e preconceituosa, porque essa tem barrado o projeto de lei, sempre pedindo alterações no texto. Mas tais reclamações têm fundamento? Será que em nome do bem comum, os parlamentares devem deixar suas ideologias de lado e ceder à oposição? Segundo os professores e cientistas políticos, Luís Domingos Costa e Pedro Medeiros, não existe mais um ideal de bem comum. O que há é a diferença entre as minorias e o diálogo entre esses diferentes pontos de vistas que gera um produto democrático. Sendo assim, o eleito precisa, por questões práticas,

Hercules se transformou em Kaiara e, após sua conversão, casou e voltou a ser o que era antes.

fazer concessões ao outro lado, entretanto a sua ligação e compromisso, mesmo que não total, é com seus eleitores. Hoje o que se vê na mídia, e fortemente em redes sociais, é um enfrentamento e intolerância. Não faltam acusações e provocações de ambos os lados, como se um tentasse exterminar o outro. E ainda, alguns héteros não religiosos que, ora de um lado ora de outro, tomam partido e erguem a bandeira da causa. Muito se fala sobre, entretanto pouco se ouve das partes envolvidas. E por isso, a equipe do Marco Zero entrevistou o pastor Thiago Ferro, fundador do Fórum Evangélico Nacional de Ação social e política (FENASP) e Marcio Marins, presidente da frente LGBT de Curitiba, na tentativa de

haja a possibilidade de pensão e seguro de vida caso ocorra a falta de um dos cônjuges. Opinião que é partilhada pelo pastor. Um problema enfrentado por muitos LGBTs é a violência. E aqui as opiniões começam a divergir, pois, para Marins, o discurso evangélico de que a homossexualidade é pecado, uma forma de aberração e que deveria deixar de existir, incita a violência. Para ele, quando alguém, já inclinado ao cri- me,

Sônia e Luciane moram juntas há três anos como mais uma nova família

ouve isso, pode ser levado a sair na rua e agredir ou até matar um gay ou um travesti. Já para o pastor Thiago Ferro, essa afirmação não é verdadeira. Primeiro porque o cristianismo prega o amor e o respeito, e que jamais um pastor cometeria um ato contra um ho-

Nós discutimos interesses privados em locais públicos e discutimos interesses públicos em locais privados. Essa é grande confusão mossexual, ou incentivaria tal coisa. Para ele, muito da violência sofrida por este grupo parte deles mesmos, causado por consumo de álcool em festas e em casas noturnas. Por fim, quando a questão é a adoção. Uma vez que o casamento homoafetivo, ao menos no Paraná, é assegurado pelo o poder judiciário, a adoção por este casal é, da mesma forma, legal. Formando assim o conceito de nova família. Para Marins, se um casal hétero pode registrar uma criança e colocar o nome do pai e da mãe, um casal de homo afetivo tem o mesmo direito, registrando nesse caso em nome de dois pais, ou duas mães. Mas a igreja é contra essa atitude. Segundo o pastor Thiago Ferro, a criança precisa do contato com adultos dos dois sexos, para que crie a sua identidade. Para ele, a falta da figura materna, no caso de gays, ou da figura paterna, no caso de lésbicas, faz com que a possibilidade de desenvolvimento da criança diminua.

Arquivo pessoal

Pablo Bandeira

Parada gay em Curitiba

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Assim começa o texto do artigo 5º da Constituição Federal. Este artigo garante ainda a liberdade de consciência e de crença, sendo também invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem do indivíduo. Prevê ainda punição a qualquer ato de discriminação atentatória a liberdade e direitos básicos. Mas e quando um determinado grupo sente-se ofendido pela expressão dos direitos de outro? Trata-se de um assunto pertinente na relação conturbada que há entre religiões cristãs, principalmente as igrejas evangélicas, e os grupos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBT). De um lado, estão os homossexuais, que revindicam seu direito à igualdade e sentem-se moralmente agredidos pelo discurso de alguns pastores. Do outro, pastores e fiéis, que desejam expressar sua crença que reprova a homossexualidade. Claro que assuntos mais delicados como casamento, adoção de filhos, postura parlamentar e outros, tornam a convivência um exercício de respeito, onde o diálogo se faz peça fundamental e indispensável. Para o professor e promotor de Justiça Mário Luiz Ramidoff, o direito fundamental à privacidade e a intimidade, não está vinculado à honra e juízos morais. Sendo assim, o cidadão tem liberdade para escolher a forma com que vê e se relaciona com o mundo e isso se aplica ao gênero e à religião também. Na opinião dele discutir este assunto no Congresso Nacional é importante para que se regulamentem as questões legais de convivência, mas não de condutas morais aceitáveis. “Estas devem permanecer no âmbito das ideias, para os seus grupos específicos. Nós discutimos interesses privados em locais públicos e discutimos interesses públicos em locais privados. Essa é grande confusão”, diz Ramidoff. Uma reclamação constante dos dois lados é sobre o acirramento dos ânimos na discussão que ocorre no Congresso. A bancada


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CIDADANIA

Lutar por uma causa ou causar uma luta? Milhares de pessoas vão às ruas protestar contra a corrupção, mas não faltaram atos de vandalismo

“Eu vim acompanhar a minha filha. Eu estava com medo de vir, mas agora vejo que é algo bacana e que o povo realmente está querendo mudanças”

“Eu acho ótimo, a gente vive reclamando que ninguém faz nada e agora que tem a oportunidade, tem que fazer barulho para mostrar que a gente está aqui”

- Mariza Toledo, dona de casa

Bittar

N

as últimas semanas o Brasil tem vivido uma das maiores mobilizações de sua história. A população foi para as ruas reivindicar melhores condições na saúde, na educação e também protestar contra o aumento da tarifa do transporte coletivo e a PEC 37, que retira o poder do Ministério Público de investigar. Mas até onde a luta vale a pena? Até quando a luta é benéfica e não causa maiores prejuízos para todos? No dia 21 de junho, o centro de Curitiba virou

um palco de guerra. Uma mobilização que começou na Praça Rui Barbosa, com o objetivo de apenas chamar a atenção dos governantes para os problemas, terminou com problemas para os governantes e também para os moradores da cidade. Os cantos de “Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor” e “O povo acordou, o povo acordou”, ecoavam no centro da cidade. O movimento do Passe Livre, da Marcha da Maconha, da Marcha das Vadias, entre outros, participaram da passeata, que fechava as ruas e mostrava a indignação das pessoas com a corrupção no país. Nem a chuva torrencial que caía na cidade, afastou os manifestantes. A dona de casa Marisa de Toledo, (47), estava acompanhando

a filha na manifestação e disse que estava gostando, pois não havia sinais de vandalismo. “Eu vim acompanhar a minha filha. Eu estava com medo de vir, mas agora vejo que é algo bacana e que o povo realmente está querendo mudanças”, declarou. A estudante Débora Rosa, (25), fala que essa é a hora de mostrar que o povo está aqui. “Eu acho ótimo, a gente vive reclamando que ninguém faz nada e agora que tem a oportunidade, tem que fazer barulho para mostrar que a gente está aqui”, resumiu. Na chegada ao Palácio Iguaçu, sede do governo do estado, o cenário mudou. Bombas chamadas de coquetel molotov (líquido inflamável colocado dentro de uma garrafa de vidro e um pano para atear fogo), pedras, garra-

fas, fogos de artifício e guarda-chuvas serviram como arma para os vândalos contra a Polícia Militar. Cerca de cinco mil pessoas entraram em confronto com os policiais ainda em frente à sede do governo estadual, mas não parou por aí. Quando a Tropa de Choque revidou os ataques com bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral e também com balas de borracha, os vândalos tomaram a rua e destruíram tudo o que tinha pela frente. Vidros da prefeitura, da Assembleia Legislativa do Paraná, da Vara de Família e do Fórum Cível foram alvo dos ataques. As estações-tubo, os pontos de táxi e de ônibus, bancos privados, farmácia e até restaurantes foram destruídos. No caso do restaurante, os vândalos

arrastaram mesas e cadeiras para o meio da rua, onde colocaram fogo para impedir o avanço dos policiais. Ao todo, 30 pessoas foram detidas no confronto, entre elas oito adolescentes. O prejuízo causado pelos estragos chega a 1,5 milhão de reais. Fotos: Willian Bittar

William

- Débora Rosa, estudante

Manifestantes invadem as ruas de Curitiba. Passeata foi pacífica até chegar ao Palácio Iguaçu.

Homem se entrega aos policiais para não ser alvo das balas de borracha e das bombas de gás.

Manifestantes sentam em frente à Tropa de Choque para identificar os vândalos, mas não deu certo.

Manifestantes invadem as ruas de Curitiba. Passeata foi pacífica até chegar ao Palácio Iguaçu.

Estações-tubo viraram alvo dos marginais. Prefeitura, Fórum Cível, Vara de Família, bancos, restaurantes e farmácia também sofreram com o vandalismo.


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CIDADANIA

A praça é do povo A terceira e última matéria da série “Curitiba como ela é” mostra como estão as praças centrais da cidade Fotos: Eni Santana

Eni Santana

Marcos Ferrandin

Laura Weiss

19 DE DEZEMBRO: Gramado está esburacado e os monumentos estão pichados. Não há presença de policiais.

CARLOS GOMES: Lago (fonte) poluído e com “estátuas” sujas. Calçadas em reforma. Moradores de rua dormindo nos bancos. Sem módulo policial

A

s praças sempre foram vistas como locais arborizados, com bancos, fontes, calmaria e algumas até mesmo com brinquedos e caixas de areia para a diversão da criançada. Porém, com o crescimento desenfreado da cidade e a falta de segurança, hoje são rodeadas por prédios, trânsito, poluição sonora e visual, e pela ação de bandidos. Pelas praças do centro de Curitiba circulam milhares de pessoas todos os dias. Periodicamente a Praça Osório e a Santos Andrade, que são interligadas pela Rua das Flores, maior rua de comércio da capital, recebem muitos visitantes em feiras de artesanatos e comidas típicas, revelando sua importância no cenário econômico de Curitiba. Para ver de perto a situação em que estão as principais praças do centro curitibano, a equipe do Marco Zero visitou uma a uma, desde a Zacarias onde se encontra a primeira fonte instalada na cidade até a Santos Andrade que ficou famosa pelo prédio histórico da Universidade Federal do Paraná. Suzana Barnar é moradora do bairro há mais de 10 anos e quase todos os dias leva seus cães para passear entre a grande fonte, as estátuas e o gramado do

largo. “Adoro esta praça e a frequento há muito tempo. Moro em apartamento e gosto de trazer meus cães para brincar neste espaço. Porém posso te dizer que este local já foi melhor, tem muitos pombos e me sinto insegura com medo de ser assaltada, por isso eu trago apenas a chave de casa e uma garrafa de água”, comentou. Já para Cláudia Oliveira, 25 anos, estudante de pedagogia, as praças estão bem cuidadas, mas estariam em melhores condições se as pessoas se conscientizassem de que a obrigação de mantê-las limpas não é só da prefeitura. “Se houvesse o cuidado das pessoas junto com o trabalho da prefeitura não estariam assim. Mas acredito que o maior problema ainda é a presença de usuários de drogas em plena luz do dia revelando que é feito muito pouco para garantir a segurança das pessoas” declarou a estudante. Em algumas praças, como por exemplo, a Eufrásio Correia, a iluminação ruim durante a noite causa a sensação de insegurança. Usuários de drogas e moradores de ruas são frequentadores assíduos do local. Arnaldo Luiz Silva, fiscal da Secretaria de Obras Públicas, órgão responsável pela iluminação da cidade, informou por telefone que um projeto de melhorias para Praça Eufrásio Correia já foi aprovado e que deve ser colocado em prática nos próximos meses. Quanto à poluição visual, pichações, fontes sujas, lixeiras quebradas e outros danos, é realmente necessária a ajuda dos cidadãos através de denúncias pelo telefone 156. O registro é encaminhado à Divisão de Fiscalização, onde será programada a vistoria para verificação, segundo informações da Secretaria do Meio Ambiente.

bom médio grave

ZACARIAS: Imensa quantidade de pombos e a estátua está mal cuidada (suja de cocô de pombo). Fonte bem poluída (verde de sujeira). Sem nenhum policial.

MOCINHAS DA CIDADE: A fonte está muito suja, os azulejos estão encardidos e descascando.

SANTOS ANDRADE: Muitas flores e grama bem cuidados. Calçadas em bom estado. Vários turistas e famílias. Local recebe uma feirinha de artesenato. RUI BARBOSA: Fonte moderna e menos suja que as outras, mas há muitos pombos e não existe policiamento.

OSÓRIO: Fonte está limpa. Calçadas em bom estado e limpas. Possui um módulo policial e quadras para prática de esportes. Local recebe feirinha de artesanato.


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COMPORTAMENTO

Centro da capital, uma das regiões preferidas pelos idosos

Gangas

R

eduto de trabalho, comércio e passeio, o centro de Curitiba recebe diariamente centenas de pessoas que em meio a tanta correria não imaginam a diversidade de pessoas que escolhem o bairro central para morar. Entre elas, estão os idosos, aparentemente alheios em ter como vizinhos a agitação, o barulho e a violência da cidade. Conversar na praça por horas e só voltar para casa após um tour é algo comum para esses moradores. Atitude que parece contribuir para o seu bem estar. João Batista de Oliveira, 69, aposentado, há 33 anos trocou o bairro Bigorrilho para morar no centro. A facilidade em ter o que precisa por perto e ter que pagar condomínio são os pontos positivos e negativos que João considera. “Aqui tudo que a gente Adonies José da Silva, 61, aposentado.

Falta policiamento

José Pereira, 63, cabeleireiro, mudou-se de Toledo, Oeste do Paraná, para o Japão onde permaneceu por sete anos. Atualmente reside no centro de Curitiba. A decisão de se mudar para a capital foi justificada pela facilidade proporcionada pela cidade “É uma cidade que tem tudo o que um país de primeiro mundo tem. Tudo funciona aqui no centro”, relata. O barulho da cidade não o incomoda, para ele o que precisa mudar, é a falta de segurança.

“É uma cidade que tem tudo o que um país de primeiro mundo tem”. - José Pereira, cabeleileiro

meu pai que um dia eu iria vir morar nessa cidade”, relembra.

Curitiba turística

Adonies José da Silva, 61, aposentado, vive há 15 anos aproximadamente, em Curitiba. Trocou uma casa espaçosa no Boa Vista por uma casa menor na Jaime Reis. Opção que, segundo ele, trouxe benefícios tais como não depender do transporte público para a locomoção. Silva foi mais crítico quando questionado sobre como é conviver no centro. “É bom, mas é um local em que na época do carnaval, por exemplo, é muito barulho. Nos finais de semana essa juventude que nós temos fazem festa. Há bebida e tal... Sempre tem uma fanfarrinha, uma bagunça. Atrapalha um pouco. Mas já estou acostumado”. Acostumado com o “ritmo” da juventude, descreve

An ssa ra

Diego

“A segurança é meio inexistente. Se você for procurar um policial, você não vai encontrar, nem polícia, nem guarda. Está meio carente essa área”, afirma. Pensando na acessibilidade para idosos, ele se preocupa com a estrutura das calçadas. “A primeira impressão que eu tive quando eu cheguei desses paralelepípedos, é de que são bem ornamentais, mas são um problema. Como eles saem facilmente, as pessoas podem tropeçar, cair. Deveria ser usado o mesmo material de uma forma que fosse mais segura”. José está feliz com a escolha que fez. “Eu sempre digo que morar em Curitiba é tudo de bom. Gosto do clima, da cidade. Eu a conheci em 1965 e disse ao

Ju

Andrade

quer tá na mão. O que não é bom é a gente pagar condomínio”, analisa. A segurança é algo que exige atenção da região que o aposentado escolheu para morar. Ele, que também frequenta a praça Tiradentes, costuma ficar até certo horário devido à falta de segurança. “Essas horas é boa ainda. Passou a noite eu já não fico aqui. Já estou na hora de me recolher”. João gostaria que mais mercados existissem para os que moram nesse bairro, “É preciso mais mercado no centrão. Só tem esse Mercadorama, então ele ‘massacra’ a gente”.

Jussara Andrade

Jussara

dra de

Praticidade e fácil locomoção são os principais motivos para escolha de moradia

João Batista de Oliveira, 69, aposentado.

que são jovens animados e que fazem festa quase todos os finais de semana. “A garotada se reúne na praça do Largo da Ordem e faz um ‘fervo’ ali”. Para ele, a cidade precisa, para ser o cenário ideal, de um melhor policiamento. “É ruim, após as 22 horas dificilmente você vê um carro da polícia. Parece que eles se recolhem, não sei o que acontece...” Assaltos, segundo ele, poderiam ser evitados com a ação não só de policiais. A ação da guarda municipal também seria uma medida eficaz. Acredita que a falta de policiamento obviamente abre espaço para a atuação de bandidos. “O ladrão rouba, por exemplo, e pode correr duas ou três quadras e não coincidir da polícia passar e ele ir embora. A vítima é que vai sofrer as consequências”, desabafa. Ele reconhece que como em todas as cidades, Curitiba também enfrenta a violência. Contudo, esse não é um motivo tão pertinente a ponto de fazer com que ele mude de cidade. Seu Adonies chama a atenção pelo afeto

que ele tem pela cidade. Relatou que chega a sair de casa de manhã e passar horas e horas em seus momentos de lazer. “Fico na praça batendo papo com os aposentados, conversando...” Comentou que às vezes até almoça no centro e só retorna pra casa ao entardecer. Destaca e indica alguns lugares turísticos, os quais, segundo ele, vale a pena visitar, tais como a Praça da Espanha, o Passeio Público, A XV de Novembro, a Praça Tiradentes de onde sai o ônibus turístico. “São pontos assim, bem gostosos de se visitar. Quem não conhece, quando vê a primeira vez fica impressionado”. As mudanças que acontecem na cidade, para ele, preenchem as lacunas deixadas pelas poucas coisas que foram extintas. Comenta que já viajou a vários lugares, e a cidade em relação às outras que já conheceu é muito boa no que diz respeito à limpeza, por exemplo. Aposentado, aproveita os atrativos da cidade com todas as suas implicações, “é uma cidade muito boa, bonita. Já fiquei fora uns tempos e... dá saudade da nossa Curitiba”.


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VARIEDADES

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um calabouço imundo, bem embaixo das mais profundas tumbas, soterradas de areia, eu encontrei a maior relíquia de todos os tempos: os Pergaminhos Antigos de Nandir, o primeiro jornalista. Um marco para a história do Jornalismo. Levei aqueles pergaminhos para a biblioteca. As datas não estavam devidamente escritas ou legíveis para nossa época. A história de Nandir começou a ficar interessante após a vigésima quinta linha do quinto pergaminho. Ele ainda não se proclamava “o jornalista”, apenas como Nandir, o escriba. As areias do Egito acomodavam o rapaz, que era assessor de imprensa do Faraó Ramsés. Um fato curioso foi a inusitada visita do irmão adotivo que abandonou o Egito, Moisés, que agora se tornou um plebeu e proclamava a palavra de uma certa divindade e pedia para o Faraó libertar o seu povo. (Para mais informações, assista O Príncipe do Egito). - Não libertarei o seu povo, Moisés! – disse Ramsés. - Seu mala! Não faça isso, vai dar merda, liberta o povão aí, que senão ele vai transformar água em sangue, vai chover gafanhoto. Vai ter peste para todo o lado, a carne bovina vai pro saco. Não faz isso não, me escuta aí! Não atendendo ao apelo do seu assessor, Ramsés não libertou os plebeus e sofreu com as pragas de Moisés. Nandir já estava fora da cidade e foi proclamado por muitos como o “profeta das más notícias”. Andando próximo ao Mar Morto, viu a incrível cena de Moisés abrir o mar ao meio com o cajado. Fantástico! Como ele fez isso? pensou. Nandir ficou tentando bater com um pedaço de pau no mesmo local onde Moisés bateu, para ver se a reação era a mesma, e conseguiu apenas algumas ondinhas. Depois desapareceu. Nandir só voltou numa data inusitada. Uma jovem chamada Maria daria à luz para o novo rei dos homens, dito como Messias. Querendo relatar esse fato como curioso do jeito que era, seguiu uma pequena caravana de três homens, bem arrumados. Pareciam reis, ou será que eram magos? Ele não sabia dizer, mas os seguiu e chegou até o local do nascimento de Jesus. Nandir fez a cobertura completa da vida de Jesus, até a sua crucificação, e proclamou o primeiro jargão sensacionalista. - Isso é um absurdo! Depois de tudo o que aconteceu, ele se reuniu com os apóstolos, que precisavam de ajuda para escrever

nalismo. Nandir acreditava que seria uma maneira de ficar rico, informar as pessoas. Mas foi em meados do ano de 1500 que Nandir se cansou do clima Europeu e partiu para o Brasil, junto com Pedro Alvares Cabral, o qual ele chamava de Pedrinho. Chegando lá, ele encontrou homens e mulheres nus. - Eles estão pelados, olha só essa indiarada toda, Pedrinho! - Estou vendo. Eles não sabem se comunicar igual a nós, o que faremos? Foi aí que surgiu o primeiro Media Training no Brasil. Chegou o momento em que o povo que vivia nesse país descoberto pelos portugueses, queria a sua liberdade. Dom Pedro I foi montado num jegue, seguido por seus lacaios, vestido que nem um maltrapilho para pedir a independência do Brasil. Mas não tem problema, Nandir cuidou da sua imagem para a história, colocou ele num cavalo branco, com uma farda imperial notável, galopando e empinando o cavalo, como o Beto Carrero fazia. Nandir começou a investir pra valer na sua carreira de jornalista. En-

trevistou diversas pessoas, tanto aqui, quanto na Europa. Entrevistou Napoleão, que morreu de quatro. Teve uma conversa super afetuosa com Maria Antonieta. Conversou com Leonardo Da Vinci e fez com que ele pintasse um quadro de sua esposa na época, uma tal de Mona Lisa. Num certo dia, escalando uma árvore para colher uma maçã, deixou-a escorregar e cair na cabeça de um pesquisador, chamado Isaac, e esse então descobriu a lei da gravidade. Nandir ficou chateado porque Isaac levou sua maça embora. Passou o tempo e Nandir chegou são e salvo no século XX. Foi aí que a sua profissão começou a ganhar um ar promocional através de algo chamado propaganda. Um tal de Hitler utilizou a comunicação para levantar o povo alemão. Nandir ficou estarrecido com aquilo. - Quem esse bigodinho pensa que é? E querendo tirar satisfações com ele, no ano de 1945, invadiu o seu escritório e desceu o espírito do “profeta das más notícias” e isso fez com que Nandir contasse toda a verdade sobre a propaganda e o que ela viria a fazer nas próximas gerações. De acordo com o pergaminho, Hitler ficou tão abismado com o que ouviu que acabou cometendo suicídio. Por isso, não vamos expor aqui o que o jornalista disse para o nazista, pois o pergaminho se encontra lacrado e fora de alcance. Nandir entrevistou diversas celebridades, algumas registradas com o cinematógrafo dos irmão Lumiére. Conversou com Getúlio Vargas, Albert Einstein, João Paulo II, Juscelino Kubistchek, Ney Armstrong, Pelé, Charles Chaplin, Martin Luther King, Harry Potter, entre outros. Conseguiu o seu diploma de jornalista nos anos 80, ficou conhecido em diversas partes do mundo e em diversos veículos de comunicação. Atualmente, ele leciona jornalismo para alguns malucos que acreditam que vão enriquecer com essa profissão. O sonho perdura. PS: Qualquer semelhança é pura coincidência.

@ TÁ NA WEB Nayara Lira

Inspiração na moda dos cabelos coloridos Uma moda que anda fazendo a cabeça das garotas (e de alguns garotos também) famosos ou não são os cabelos coloridos. Mas não as cores convencionais, como loiro ou mesmo o ruivo e, sim, as tintas conhecidas também como cores fantasia que são o azul, o laranja, amarelo, rosa, verde ou ainda todas juntas num mesmo cabelo, o rainbow hair. Mas pintar o cabelo de cores diferentes não é uma moda atual, pois meninas mais descoladas nos anos 80 se inspiravam em cantoras para usar esse estilo. A maior influência foi a da cantora Cindy Lauper, que teve seus cabelos das mais variadas cores e com os mais variados cortes, sendo lembrada e ainda sendo inspiração para algumas garotas atualmente. No Brasil, a mais conhecida é a Vj Marimoon, que também já teve seu cabelo de diversos tons, se tornando uma inspiração para muitas meninas. Cantoras internacionais como a Nick Minaj e a Katy Perry também usam e abusam das madeixas coloridas. Mas ter um visual assim não é tão simples, já que exige mais cuidado como hidratações e visitas periódicas ao cabeleireiro para manter bonito e saudável. É algo também que exige personalidade, pois a pessoa tem que gostar e querer mesmo ter o cabelo colorido, não só por ser uma moda. “Eu optei mesmo por personalidade, por não me sentir feliz com um cabelo igual ao de todos. O meu é castanho, e assim que fui crescendo e vendo que as pessoas ficavam mais interessantes e felizes com cabelos coloridos, então resolvi fazer mechas e depois pintei elas de rosa”, diz Marilyn Verner, body piercing, que a partir daí nunca mais parou de usar cabelos coloridos. “Já é parte de mim, parte da minha vida, mesmo dando trabalho vale mais à pena que ficar com um cabelo normal”, conta.

pessoal

Eloi

Divulgação

Gabriel

uma tal de Bíblia. Nandir se tornou o diagramador e editor-chefe desse livro, que, de acordo com ele, seria o mais vendido da história. - Pedro, seu mala, não é Gezuis, com G e Z, mas tu é burro, é Jesus! - Olha aqui Nandir, terminei de escrever, o que achou? - Tá uma merda! Pior do que isso, uma diarreia só! Por que você colocou Christ? Tu é americano afinal? E o que é isso sobre Madalena que você colocou aqui? Tira isso, vai dar um rebuliço só. Após todo esse desenrolar e vários outros acontecimentos que não foram de grande importância para o desenvolvimento de Nandir, eis que chegou ao seu encalço Johannes Gutemberg, com a ideia magnífica de criar uma tal de prensa gráfica. Nandir achou estupendo, dizendo para ele que poderia criar a partir de sua invenção, uma nova profissão, o Jor-

Arquivo

Os pergaminhos antigos de Nandir

Abaixo, links de vídeos sobre cabelos coloridos:

@: Perguntas e Respostas Sobre Cabelos Coloridos http://www. youtube.com/watch?v=3SF9H5ikzRc @: 6 duvidas sobre cabelos coloridos http://capricho.abril.com. br/blogs/soscabelos/duvidas-sobre-cabelos-coloridos/ @: Cabelos Coloridos http://www.marimoon.com.br/cabelos-coloridos-2/

CHARGE Caminhando por CWB

Quando, de repente Sério?

Guarda-chuva, vai a 10

AAAHHH!


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ENSAIO FOTOGRÁFICO

Brasil mostra a sua cara

Cláudia Bilobran

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ma onda de protestos varre o país nesse do mês de junho. Parece que o povo brasileiro cansou de pão e circo, e foi às ruas reclamar seus direitos. Os 0,20 centavos de aumento na tarifa do ônibus foi a gota d’água. O copo literalmente transbordou e, esgotada de tanta roubalheira, a população pede por um país com governantes honestos, com educação e saúde decentes e transporte seguro com tarifas justas. Chega de meter a mão no dinheiro do povo! O Brasil precisa de cuidados e não de Copa do Mundo.

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