Marco zero 34

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Fotos: Wikimedia commons/Adelano Lázaro | Luan Lenon| Wikimedia commons\Morio |

JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINTER - ANO VI- NÚMERO 34 – CURITIBA, MARÇO DE 2014

Para onde vamos?

Curitiba completa 321 anos

págs. 6 e 7

Divulgação

A sensação de perigo é o que motiva os pichadores a cometer o delito.

pág.4

Já são 4,2 mil moradores de rua pela cidade. pág.8

Curitiba vertical Num dos prédios mais tradicionais da cidade mora um cover do Rei. pág.10

César Marques

Mais pessoas sem teto Samia Martins

Crime e satisfação


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Número 34 – Março de 2014

OPINIÃO Nesta edição a equipe do Marco Zero comemora os 321 anos da cidade de Curitiba de um jeito diferente, olhando para o futuro. Fomos conversar com os moradores da cidade para perguntar qual a expectativa deles para a Curitiba do futuro. Você percebeu como o número de moradores de rua cresceu nos últimos anos? Nossos repórteres foram para as ruas entender como essa parcela da população tem sobrevivido e lança a célebre pergunta, “imagina na Copa?” Andando pelas ruas de Curitiba vemos grafites, considerados arte e pichações, que representam o lado marginal. Conversamos com um pichador para entender o que se passa em sua cabeça enquanto ele deixa sua marca pela cidade. Ainda temos nessa edição temas como violência contra mulher e uma matéria muito bacana sobre os primeiros edifícios de Curitiba. Aproveitem bem essa edição!

Equipe Marco Zero

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Expediente

Na Praça Tiradentes, bem em frente à Catedral, está o Marco Zero de Curitiba, que oficialmente é tido como o local onde nasceu a cidade, além de ser o ponto de marcação de medidas de distâncias de Curitiba em relação a outros municípios. Ao jornal Marco Zero foi concedido este nome, por conter notícias e reportagens voltadas para o público da região central da capital paranaense.

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Primavera brasileira Foto: Luiz Henrique

Ao Leitor

Luiz Macedo

Fran Bubiniak

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morte do cinegrafista Santiago Andrade da TV Bandeirantes, no dia 6 de fevereiro em um protesto no Rio de Janeiro, vítima da explosão de um rojão que foi arremessado próximo a ele por um dos manifestantes, trouxe tristeza e indignação em relação a um problema que já é bem velho no país: a falta de segurança e o número crescente de mortes de profissionais da imprensa. Segundo dados da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) de 1987 até os dias atuais, 47 jornalistas foram mortos e seqüestrados no Brasil. Pesquisas feitas pelo Instituto Internacional de Imprensa em 2012 registraram as mortes de quatro jornalistas, o que tornou, já naquele ano, o Brasil um dos países mais perigosos para os profissionais da notícia no mundo, ficando atrás apenas da Síria que, neste mesmo ano, registrou a morte de 31 jornalistas e oito funcionários de imprensa na guerra civil. Título que se manteve com o Brasil no ano de 2013, que foi considerado o mais perigoso para os profissionais de imprensa. Já pesquisas feitas pela ONG francesa, Repórteres Sem Fronteiras (RSF), indicaram que no ano passado cinco jornalistas morreram no país. Esses dados alarmantes contribuíram para que o país desse um salto considerável e subisse 12 posições no ranking mundial sobre as condições de liberdade de imprensa nos países. A soma destes dois anos fez com que o país chegasse a posição 111º, superando o México (país considerado mais perigoso devido à pressão impostas pelos cartéis de drogas à imprensa). Mesmo subindo doze posições no ranking, o Brasil é considerado uma nação com boas condições de liberdade de imprensa, mas o nível de crescimento da violência vem preocupando. Os atos de violência contra jornalistas no Brasil partem geralmente de milícias, traficantes ou oligarquias políticas e fundiárias que encomendam os crimes, o famoso “jeitinho” para deixar as coisas por debaixo dos panos. Essa situação vem fazendo diversas vítimas entre os profissionais da comunicação,

Qual a sua opinião sobre a segurança no Largo da Ordem?

sendo o caso mais recente a morte do radialista Valério Dias de Oliveira morto com cinco tiros em frente à emissora de rádio em que trabalhava em Goiânia. Em 2008, uma equipe do jornal O Dia (RJ) foi sequestrada por milicianos na favela do Batan, Realengo, na zona oeste da capital fluminense. Abordados por homens encapuzados e mantidos reféns por horas, os jornalistas foram torturados e ameaçados de morte, mas felizmente ninguém da equipe foi morto. A mesma sorte não teve Gelson Domingues, cinegrafista da TV Bandeirantes, que fazia imagens de uma troca de tiros entre policiais e traficantes, na favela de Antares, zona oeste do Rio em 2011. Ele foi vítima de um tiro de fuzil que perfurou o seu colete à prova de balas. Diariamente, são vistas, ouvidas e lidas reportagens de manifestações, de confrontos de policiais e traficantes, e mesmo com as ações de pacificação em muitas favelas do Rio e de São Paulo, muitos conflitos ainda acontecem em morros e comunidades ainda não pacificadas e não só nestas periferias mas em todo o Brasil. E em todos estes conflitos, os jornalistas estão na linha de frente ou infiltrados desprotegidos em busca da melhor notícia ou da imagem que venda mais, colocando a sua vida em risco para alimentar a sede de sangue e de grandes furos jornalísticos que os grandes veículos de mídia querem vender à população. Presidentes de sindicatos de jornalistas de todo o país afirmam que há grande necessidade de uma ação permanente de proteção aos jornalistas por parte das empresas de comunicação, devido aos altos índices de violência contra os profissionais da área. E afirmam estarem preocupados com o alto índice

O jornal Marco Zero é uma publicação feita pelos alunos do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Uninter Coordenador do Curso de Jornalismo: Nívea Canalli Bona Professor responsável: Roberto Nicolato

Homenagem feita pela ONG RIO de PAZ, ao cinegrafista Santiago Andrade.

de impunidade a crimes cometidos contra profissionais de imprensa no país. De acordo com o último relatório apresentado pela organização americana Committe to Protect Journalists(CPJ), o Brasil é o 11º país do mundo com pior índice de impunidade em crimes contra os jornalistas. Isto só comprova que os mandantes cometem mais crimes contra esses profissionais por saberem que tudo ficará bem e nada vai acontecer. O que funciona como estímulo para que novos crimes aconteçam contra os jornalistas. Estes, por sua vez, passam a evitar os assuntos graves de interesse da população com medo de uma possível retaliação por parte das organizações criminosas que estão se tornando uma espécie de “órgão de censura” usando o medo para determinar o que pode ou não ser dito. Diante de tais circunstâncias, o que os profissionais de jornalismo poderão fazer? Quem sabe dar um upgrade nos seus kits de reportagens colocando alguns equipamentos novos para execução diária de seu trabalho? Além das câmeras, microfones e gravadores habituais vão ter que usar, a partir de agora, coletes à prova de balas e capacetes balísticos, além de estarem sempre acompanhados de uma equipe de segurança? Pois o futuro que se vislumbra, caso essa situação persista, será o de praças e ruas transformadas em uma verdadeira zona de guerra onde esta “Primavera Brasileira” acabará se transformando em um verdadeiro “Faroeste Caboclo”.

Diagramação: Cíntia Silva e Letícia Ferreira

Uninter Rua Saldanha Marinho, 131 CEP 80410-150 – Curitiba-PR

Projeto Gráfico: Cíntia Silva e Letícia Ferreira

E-mail comunicacaosocial@grupouninter.com.br

Telefones 2102-3336 e 2102-3377

“Precisa melhorar a estrutura de segurança no Largo da Ordem. Apesar de ter Camila Gomes câmeras de seFerreira – publicitária e gurança, nunca estudante vi policiais por lá. E uma vez, quando precisamos resgatar as imagens de uma das câmeras de segurança do Largo, depois de sofrer um furto, não conseguimos falar com ninguém responsável por elas”.

“Acho que a segurança é um pouco falha. Eu frequento a feirinha aos domingos, já Laura Weiss – fui várias vemodelo zes pra fotografar, mas sempre voltei depressa para casa por medo. Tem um carro de polícia no começo da feira, mas lá em cima, no final do Largo, não tem nada de segurança. Tem muita gente, mercadorias e turistas, e acho que a segurança poderia ser melhorada, principalmente por se tratar de um ponto turístico”.

Não só o Largo da Ordem, mas todos os pontos turísticos de Curitiba precisam de Léo Sgarbi – estudante uma segurança melhor devido à grande movimentação, porque tem muita gente com câmera fotográfica. O Largo da Ordem é muito movimentado à noite, e é palco de muita embriaguez. Tem inúmeros moradores de rua, e acho que precisa de uma segurança mais eficiente voltar para os moradores, turistas e para melhorar ainda mais a imagem de Curitiba.


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Andressa Manzani

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organa (nome adotado) sempre quis ajudar o mais necessitado. Desde “menina moça” ela já fazia isso, ia à beira da estrada e ajudava andarilhos, mas só ia lugares perto de casa. Hoje, ela se auto-intitula “Andarilha do Bem”, percorre o Brasil ajudando as pessoas, sozinha, ou melhor, acompanhada da Pit, a sua cadelinha de 13 anos, “uma pinscher velha e obesa”. Natural de Curitiba, ela diz que sempre quis ajudar os pobres, está no sangue. Faz 19 anos que mora em Santa Catarina. Morgana adora dirigir, já foi caminhoneira. Comprou um sítio e ficou 13 anos com ele, depois vendeu e foi morar na praia. Após construir sua casa, passou a sentir um vazio, ela não se sentia realizada. Andava por asilos, hospitais, mas ainda não estava satisfeita. Foi então que teve a ideia de vender o carro e, juntamente com o dinheiro do sítio, começou a viajar pelo Brasil ajudando as pessoas. Foi quando ela se encontrou. “Foi a melhor coisa que fiz na minha vida”, afirma Morgana.

Arquivo Pessoal

Arquivo Pessoal

Morgana se encontrou quando começou a viajar pelo país ajudando pessoas.

Faz sete meses que está percorrendo o Brasil. Nesse tempo tem voltado para casa poucas vezes, ficando no máximo três dias e, logo, volta para a estrada. O carro que possui agora é caracterizado, é nele que Morgana e Pit dormem. Ela diz que ficar em casa a faz se sentir inútil, e afirma gostar do contato com os andarilhos. Segundo a “andarilha do bem”, sua família a apoia, e até ajuda, doando roupas. Divorciada desde 1989, Morgana teve outros relacionamentos, mas está sozinha há cerca de seis anos. Tem três filhas, uma adotiva. Ela acredita que sua vocação para ajudar o próximo vem de muito tempo. “Acho que na outra encarnação eu era um andarilho”, diz. É espírita cardecista, e revela se sentir muito melhor no meio da pobreza do que em um lugar chique. “Não gosto de falar em religião, em respeito a todas as crenças. Recebo ajuda de pessoas de crenças diferentes. Para mim, religião é caridade”, ela afirma. Morgana diz que é uma das maiores pedintes do Brasil, não se acanha, pede mesmo, roupas e alimentos, para os homens, mulheres e crianças que vivem em estado de extrema pobreza à beira das estra-

Estou sempre me perdendo nas cidades, mas adoro ter o carro lotado. Fico rindo, parece que ganhei na Loto; fico muito feliz mesmo

das. “Roupa até dá pra viver sem, mas comida não”, ela diz. Morgana conta que já tem pon-

tos de apoio em algumas cidades do Brasil, como Barra Mansa (RJ), Frutal (MG) e Campo Grande (MS). Quando passa pela região de Curitiba, coleta doações na Praça dos Menonitas (Boqueirão), e em São José dos Pinhais. “É só avisar que vou chegar que sempre tem gente me ajudando”, ela se alegra. “Quando é uma doação, pego o endereço e vou buscar.Tô sempre me perdendo nas cidades, mas adoro ter o carro lotado. Fico rindo, parece que ganhei na Loto, fico muito feliz mesmo. Após a arrecadação, deixo a intuição bater e miro o carro numa BR.” Ela só lamenta seu carro atual não ser tão grande para caber mais doações. ”Quero trocar, mas por enquanto ainda não foi possível.” Segundo ela, os gastos com as viagens às vezes chegam a R$ 2.500,00. Indagada se também recebe doações em dinheiro, Morgana diz que sim, mas que compra tudo em mantimentos. “Enquanto eu tiver grana do meu bolso, não vou usar dinheiro de doação. Combustível, pneu, oficina, comida minha e da Pit, isso sai do meu dinheiro.” Morgana já protocolou em um cartório de Curitiba um pedido para a abertura de uma ONG. “É muita pobreza nesse Brasil, muita desigualdade”, lembra se compadecendo das pessoas que conhece no decorrer de sua jornada. “Nem uma carreta consegue ajudar tanta gente pobre”, analisa. A falta de informação é outro ponto que Morgana lembra, pois já deparou com pais e mães que são fábricas de filhos, sem a mínima estrutura para dar-lhes uma vida digna. Ela já distribuiu camisinhas, anticoncepcionais e se espanta com as reações das pessoas. “Uma mulher me perguntou o que era anticoncepcional”, conta. Morgana ressalta que muitos andarilhos têm medo de gente. “Muitos batem neles, principalmente polícia.” Ela se lembra de quan-

do foi abordada por dois andarilhos com facas. “Mas eu chego rindo e dizendo que sou amiga, e no fim eles acabam se rendendo.” Mas Morgana não se intimida, e se compadece de muitas histórias que presenciou. “Eu estava parada embaixo de uma árvore, e um andarilho me abordou. À nossa frente tinha um restaurante chique. Então ele, doente mental, estendeu a mão e me deu uma nota de dois reais e umas moedinhas. Perguntei a ele por quê? Então ele me pediu para ir lá e comprar alguma coisa pra ele comer. Veja só, ele me deu todo o dinheiro dele, confiou em mim. Ele estava molhado, tinha chovido. Então eu lhe dei roupas, e lhe mandei guardar o dinheiro. Ele tinha me pedido para ir ao restaurante porque lá ele era tocado para fora, então fui e comprei algumas coisas para ele.” Histórias como essa a emocionam profundamente. “Alguns andarilhos têm um olhar muito triste.” Morgana segue viagem chorando por deixá-los. “Outro dia Há sete meses, a andarilha mora com a cadela Pit dentro de um carro

parei num casebre e o senhor que lá estava não vinha falar comigo. Então fui me aproximando, me aproximando, eu o chamava e ele não vinha. Pense num barraco de plástico, todo rasgado, e também chovia naquele dia. Quando cheguei à porta foi que descobri, ele era surdo, e não tinha comida lá dentro. Quando recebeu a comida,

Quando cheguei à porta foi que descobri: ele era surdo e não tinha comida lá dentro levantou o boné e olhou pro céu com lágrimas no rosto. Só de pensar nele eu choro...” Morgana está preparando um livro, repleto dessas histórias, das quais a maior lição que tira é a da humildade. Arquivo Pessoal

Ex-caminhoneira curitibana percorre o Brasil ajudando quem encontra pelo caminho

Andarilha do bem

PERFIL


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CIDADANIA

Os dois lados da pichaÇão em Curitiba Luiz Rocha

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s pichações em Curitiba estão cada vez mais frequentes, e tomando mais o espaço de casas, muros e até mesmo prédios na cidade. Apesar de várias campanhas serem realizadas todos os dias para evitar esse tipo de crime, sempre acabam voltando, e em locais os mais inusitados. Cada pichador atribui um significado ao seu “trabalho”, no entanto a população e os comerciantes não veem nada além de um ato criminoso. Pelo menos uma vez por semana, Dex, como é chamado, sai por Curitiba dar suas “caminhadas” para pichar os muros da cidade. Isso acontece há mais de dez anos. Hoje com 23 anos afirma que seu principal motivo é a adrenalina. “A sensação do perigo, do proibido, do agressivo me atrai muito também. Poder passar por lugares e ver ali a sua marca ou da sua galera, não tem preço”, vangloria o pichador. Além da punição por vandalismos, a pichação também tem seu lado perigoso. Muitas pessoas se perguntam como os pichadores conseguem pichar o topo dos pré-

dios, ou lugares mais altos. Dex conta que muitos se arriscam para deixar sua marca. “Eu e um amigo, já seguramos um colega de ponta cabeça em cima do prédio pra que ele pichasse”, diz. “Eu nunca tentei, tenho amor à vida”. De acordo com Dex, suas pichações sempre prezaram o coletivo, a marca de seus colegas, por exemplo. Hoje diz que faz mais sua própria marca (Dex), ou até mesmo frases de impacto social, mas sem nunca perder o legítimo e a originalidade. Apesar de nunca ter sido pego pela polícia, o pichador acredita que teve sorte de ainda não ter sofrido nenhuma conseqüência pelos seus atos, apesar de já ter sido surpreendido por guardas de empresas particulares. Mesmo tendo se machucado uma vez ou outra, pulando muros ou entrando em locais escuros durante a noite, não vê motivos para parar, gosta do que faz, como ele mesmo diz: “Hoje é um vicio, com certeza.”

Divulgação

Pichador revela que a sensação do perigo, do proibido e do agressivo são os motivos que o levam a realizar esse tipo de crime

As pichaçôes de Dex prezam pela marca do seu grupo na capital paranaense

rando os danos que são causados em seu estabelecimento, pois os pichadores acabam sempre vollecimento, e ver que ele foi pichatando. “Não tenho condição de do”, lamenta João Carlos da Silva, Vandalismo ficar reparando esses danos todos comerciante do Largo da Ordem. os dias”, diz o comerciante. Por outro lado a população e Os prejuízos causados por No entanto, os comerciantes os comerciantes não atribuem ne- esse tipo de ação são enormes, da cidade ainda têm muito receio nhum significado a esse ato, a não principalmente para aqueles que de denunciar esse crime às autoser o de vandalismo. Principal- sempre estão tentando manter seu ridades, muitas vezes por medo mente quando esse crime afeta seu local de trabalho com uma apade que seu estabelecimento acabe local de trabalho. “Não há nada rência mais bonita. João diz que sendo alvo de “ataques” ainda piopior do que chegar ao seu estabe- não vale à pena continuar repares. Tatiana Ferreira de Carvalho comerciante do centro de Curitiba, afirma que nunca denunciou essa ação para a polícia. “Tenho muito medo que aconteça algo comigo por fazer a denúncia, vai que eles acabam se vingando de mim, ou que pode variar de 3 meses a 1 ano de reclusão. Em janeiro de 2013, a Associação Comercial descontando em minha loja. PrePara os menores infratores que forem pegos em flado Paraná (ACP), criou a Campanha “Pichação é firo não envolver polícia no meio, grante, a pena muda, sendo que o menor fica em Crime”, em parceria com a Prefeitura Municipal eles que fiquem no canto deles que prisão domiciliar, ou seja, fica proibido de ter conde Curitiba e a Guarda Municipal. eu fico no meu”. No entanto, tato com o mundo externo, mais multas para os Segundo o Inspetor da Guarda Municipal de o inspetor da Guarda responsáveis com o mesmo valor, além Curitiba, Cláudio Frederico de Carvalho, em pouco Municipal, Cláudio de terem que participar de palestras mais de um mês de lançamento, a campanha já conFrederico de Careducacionais contra a pichação, tabilizou neste período 100 denúncias, que foram valho afirma que mais a reparação dos donos pelo feitas pela população pelo telefone 153. “Estas dea população infrator contra o patrimônio púnúncias levaram a 48 flagrantes, sendo 27 de adodeve, sim, fazer blico ou privado. lescentes”, afirma o inspetor. Este ano, a campanha as denuncias. É preciso a ajuda da popujá registrou mais de 250 denúncias, sendo metade “Nós estamos lação para acabar com esse tipo delas em comércios e casas da cidade. incentivando os de crime, fazendo denúncias e O Centro de Curitiba está no topo da lista de comerciantes e colaborando com as autoridades bairros com os maiores índices de registro de dea população a fapara que todos tenham uma cidade núncias contra pichação, com mais de 242 ocorzerem as denúncias. mais limpa e livre dessas “manchas”. rências. Em segundo vem o bairro São Francisco Chegou de manhã e Inspetor Frederico “Logo, com a ajuda da população vacom 149 e, em terceiro, a Cidade Industrial com encontrou seu local de mos livrar nossa cidade desse ato crimi107 o número de casos registrados. trabalho, ou sua casa pichada, noso, por que pichação sempre foi e sempre vai A pena para quem é pego praticando esse tipo denuncie, pois é através da deser crime”, afirma o inspetor. de crime é uma multa de R$ 3.57 mais a ação penal, núncia que evitamos que esses

Centro de Curitiba está em primeiro lugar em pichações

A sensação do perigo, do proibido, do agressivo me atrai muito também. Poder passar por lugares e ver ali a sua marca ou da sua galera não tem preço Dex, pichador atos continuem acontecendo.” As pichações acabam manchando não apenas os muros, mas também a imagem da cidade. “Eu acho vergonhoso uma cidade que se considera modelo, não dar conta de manter uma aparência mais agradável sem essa pichação. Acho que as leis não são o suficiente para punir todos que praticam esse crime”, afirma Daniele Souza Silva, atendente de lanchonete. Mas segundo o inspetor Frederico, para que se funcione as leis é preciso fazer o uso delas. “Não adianta falar, ‘as leis são fracas, são inflexíveis’, pois elas não são. Nós temos que sair da nossa zona de conforto, e parar de achar que as denúncias não terão resultados. Pois, hoje estamos realizando um trabalho que está dando certo. Mas para pormos um fim nesse crime precisamos da ajuda da população como um todo”, afirma o inspetor.


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COMPORTAMENTO

Cresce a violência contra a mulher Foto: Thaise de Oliveira

Em média, são registrados na Delegacia da Mulher no centro de Curitiba, 15 casos de vítimas de violência por dia Ana Caroline Cortes

Thaise Oliveira

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esmo com a Lei Maria da Penha, sancionada em 7 de agosto de 2006, o número de mulheres vítimas de algum tipo de violência no Brasil vem aumentando a cada dia. De acordo com a deputada federal Rosane Ferreira (PV-PR), relatora da subcomissão da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito), da Câmara dos Deputado em Brasília, a cada hora e meia uma mulher é vítima de violência no Brasil. Na maioria das vezes, os responsáveis pelos crimes são seus próprios parceiros, que geralmente praticam esse ato por ciúmes ou até por uma disputa de poder, se baseando na maneira como a sociedade dá mais valor ao papel masculino. Quando falamos sobre violência contra a mulher, não estamos nos referindo apenas a agressões físicas como tapas, empurrões, arranhões, chutes, etc., mas também de outras formas de agressões, como a violência psicológica, uma ação que causa danos a autoestima ou ao desenvolvimento da pessoa, como insultos constantes, humilhação, chantagem e desvalorização. Violência financeira, ou seja, atos destrutivos do agressor que afetam a saúde emocional e a sobrevivência dos membros da família, como roubo e destruições de bens pessoais. Violência sexual, que são tentativas de relações forçadas no casamento ou em relacionamentos, estupro, abusos sexuais de deficientes mentais ou incapazes. Somente na primeira quinzena de dezembro de 2013, foram registrados na delegacia especializada da mulher, no Centro de Curitiba, mais de 231 casos, com média de 14 a 15 registros por dia, sem contar os casos registrados nos distritos dos bairros. Segundo a policial Silvana

Tive muito medo, pois ele fazia ameaças frequentes com todos da minha família, principalmente meus filhos A. G., vítima de agressão Lewin Pauli, o maior obstáculo são as próprias mulheres, as quais desejam, nas palavras de muitas delas, “dar um susto” e não efetivamente uma punição prevista em Lei, que seria detenção, de 3(três) meses a 3(três) anos. “Trabalhei como policial civil, na delegacia da mulher, durante quase dez anos e sou bacharel em Direito, e em minha opinião, não existe a necessidade de outras leis com relação à mulher vítima de agressão, mas sim que as leis existentes sejam efetivamente aplicadas, porque o mais importante, para coibir tais condutas criminosas, é a certeza da punição.” Os agressores na maioria dos casos são seus próprios parceiros, se aproveitando da fragilidade da sua companheira, que por medo, vergonha ou até mesmo dependência financeira optam por ficar em silêncio. Foi o caso de AG, que durante

seis anos sofreu calada, pois dependia financeiramente do seu parceiro. “Tive muito medo, pois ele fazia ameaças frequentes com todos da minha família, principalmente meus filhos. Dependia financeiramente dele por não ter próprios meios de sobrevivência, então tive que aguentar calada para ele sustentar nossos filhos.” Já RB, foi vítima da violência sexual. “Ele me obrigava a ter relações sexuais. Sentia nojo, ódio e desprezo por ele. Mas por medo do que ele poderia fazer comigo nunca o denunciei.” Não aguentando mais a vida que levava, resolveu denunciá-lo. “Hoje tenho uma vida digna, livre das agressões e me sinto muito feliz comigo mesma. Jamais pretendo arrumar outro homem, pois ele deixou uma marca muito grande em meu psicológico.” Há casos também de mulheres que são obrigadas a abortar. A vítima CR afirma que seu parceiro a obrigou a praticar o aborto através de ameaças, deixando-a sozinha e sem direção, virando as costas para ela em uma situação que não estava psicologicamente apta para enfrentar sozinha. “Ele fazia chantagem psicológica, dizendo que não daria o suporte necessário para que eu criasse a criança. Alegou que sou muito nova e que seria um estorvo na minha

vida. Em nenhum momento, ele quis saber se eu queria ter o neném, pensou somente em si próprio. Chantageou-me e eu fiquei com medo de não conseguir suprir as necessidades da criança.” Então, para que haja a efetividade da lei e a punição aos agressores que cometem violência contra as mulheres é muito importante que as vítimas denunciem. Se não houver denúncias, não existe crime.

Ele me obrigava a ter relações sexuais. Sentia nojo, ódio e desprezo por ele. Mas por medo do que poderia fazer comigo nunca o denunciei R. B., vítima de violência sexual

Criação e cumprimento da Lei Maria da Penha Maria da Penha Maia Fernandes é uma biofarmacêutica brasileira que lutou para que seu agressor viesse a ser condenado. Em 1983, seu marido, o professor colombiano Marco Antonio Heredia Viveros, tentou matá-la duas vezes. Na primeira vez, atirou simulando um assalto, resultando no internamento da mesma por quatro meses, deixando-a paraplégica. Na segunda tentativa tentou eletrocutá-la. Dezenove anos depois seu agressor foi condenado a oito anos de prisão, ficou preso por dois anos, foi solto em 2002 e hoje está livre. Hoje, a lei Maria da Penha sofre um grande obstáculo entre as mulheres, pois elas não se submetem a fazer a denúncia assim que o caso acontece. Muitas vezes querem apenas “dar um susto” no agressor, dificultando o cumprimento da lei e se mantendo refém, criando algum tipo de esperança, na qual a situação em que elas vivem terá uma melhora e vão parar de serem agredidas. Entre 2009 e 2011 foram aproximadamente 5.664 mortes por ano, 472 a cada mês ou 15,52 a cada dia. Em três anos foram registrados quase 17 mil assassinatos, sendo os crimes executados geralmente por parceiros ou ex-parceiros. No mesmo período, as mulheres negras, jovens e de baixa escolaridade foram as principais vítimas.


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H/J-8/9 Parque Barigui/Pavilhão de Exposições K/U-17/20

Parque Iguaçú

Parque São Lourenço

Passeio Público

Praça Garibaldi

Relógio das Flores Fonte da Memória Igreja do Rosário Fundação Cultural de Curitiba

Prefeitura Municipal de Curitiba

PUC

Rodoferroviária

Rua 24 Horas

Rua da Cidadania da Fazendinha

Rua da Cidadania do Boqueirão

Rua das Flores

Ruínas de São Francisco

Santa Felicidade/Portal Italiano

Setor Histórico

Casa Romário Martins Feira de Artesanato Galeria Júlio Moreira Igreja da Ordem Museu de Arte Sacra Cinemateca

Solar do Barão

Teatro Guaíra

Teatro Paiol

Torre Mercês/Brasil Telecom

Universidade Federal do Paraná

Universidade Livre do Meio Ambiente

Zoológico

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SÃO JOSÉ DOS PINHAIS

T. AFONSO PENA/PUC PUC (SÃO JOSÉ)

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G-16/17 Aero Clube (Bacacheri) U-22/23 Aeroporto K-13 Antiga Estação Ferroviária J-13 Arcadas do Pelourinho L-20 Autódromo J-12 Biblioteca Pública do Paraná J-12 Boca Maldita G/H-13 Bosque João Paulo II/Portal Polonês J-13 Câmara Municipal de Curitiba I/J-12 Catedral Basílica I-12 Cem. Mun. São Francisco de Paula J-12 Centro de Convenções de Curitiba L-16 Centro Politécnico J-13 Correio Velho E-12 Farol da Cidade J-13 Galeria Schaffer L-15/16 Jardim Botânico/Museu Botânico L-11 Memorial da Imig. Japonesa (Pça Japão) E-9 Memorial da Imig. Ucraniana (Pq Tingui) J-18 Museu da História Natural J-12 Museu de Arte Contemporânea I-12 Museu de Arte do Paraná F-16 Museu Egípcio - Ordem Rosacruz O-10 Museu Metropolitano de Arte (Portão) J-13 Paço da Liberdade (Museu Paranaense) E-12 Ópera de Arame/Pedreira Paulo Leminski J-12

Palácio Avenida

Palácio Iguaçú

ca do Brasil. “Como a gente tem gran- de teatro, de cinema... des regiões residenciais, o número de Ainda uma cidade-modelo? árvores praticamente se manteve nos últimos anos”, afirma Ana Carmem. É claro que nem tudo são flores. Ela ressalta que, apesar dos problemas Um exemplo disso foi o susto pelo causados pelo tempo, e que precisam qual a cidade passou em fevereiro, em ser cuidados, como raízes que cau- decorrência da incompreensível falta sam inconvenientes nas calçadas, “em de planejamento e de execução nas comparação com outras grandes cida- obras da Arena da Baixada. Com isso, des, Curitiba ainda tem uma arboriza- Curitiba correu um risco seríssimo de ção muito boa.” ser cortada da Copa. A Fifa deu um Outro diferencial da cidade é a sua ultimato, a reforma ganhou um consiprofusão de culturas e tradições euroderável avanço, e por pouco os quatro peias, provenientes dos imigrantes que jogos da primeira fase a serem realise instalaram no Sul do Brasil a partir zados por aqui não foram transferidos do século XIX. “Não precisamos sair para outras sedes. Triste modelo de do país para conhecer outras comidas, atraso para o Brasil. Celso Luiz, que já ou outras vestimentas, por aqui tem viu muita coisa acontecer na cidade em de tudo um pouco”, destaca Roberto que nasceu e cresceu, não se mosde Jesus. Há ainda a vocação tra muito entusiasmado com a turística que a cidade foi realização da Copa em solo adquirindo no decorrer curitibano. “Os únicos bede sua história, o que neficiários da Copa serão se torna mais evios lojistas e os próprios dente quando o Nagovernantes. Para um tal se aproxima. As morador não fará diferuas iluminadas com rença. Hoje todos falam, adereços natalinos, as amanhã todos esquecem.” inúmeras apresentações Opinião semelhante é a de a céu aberto e o mundialRoberto de Jesus que, moRoberto de mente famoso coral das rando em Curitiba há apenas Jesus veio para crianças no Palácio Avedois anos, vê uma série de nida fizeram Curitiba ser Curitiba procurar melhorias que poderiam ser conhecida também como condições feitas com os recursos utia “Capital do Natal”. É melhores de vida lizados para o evento. “O notável o aumento no núdinheiro investido no Estádio poderia mero de turistas nessa época do ano. Mas as atividades culturais na cida- ser bem melhor utilizado em estudos, de não se restringem a épocas especí- saúde ou o visual da cidade.” Há ainda a delicada questão do ficas, elas predominam durante todo o ano: festivais de culinária, de música, transporte público. Presenciamos reSÃO JOSÉ

Linha Direta Fazendinha - Tamandaré

Linha Direta Bairro Novo

Linha Direta Colombo/CIC

Linha Direta Boqueirão - C. Cívico

Linha Direta Pinheirinho - S. Cândida

Linha Direta Inter 2

Linha Direta Aeroporto

Linha Direta Centro Politécnico

ZOOLÓGICO

Legenda

N. EUROPA

J. PARANAENSE

SANTA INÊS

OSTERNACK

ALTO BOQUEIRÃO

BAIRRO NOVO "A"

CENTRO MED. COMUN. B. NOVO OSTERNACK BOQUEIRÃO

BAIRRO NOVO

E. VERÍSSIMO

TERMINALNOVO "C" SÍTIO CERCADO

S. JOANA

BAIRRO NOVO "B"

OSTERNACK / S. CERCADO

GANCHINHO

PINHEIRINHO

FUTURAMA/S. CERCADO

UMBARÁ

M. ANGÉLICA SAGRADO CORAÇÃO

CHAPINHAL

LONDRIN

RIO NEGRO

FUTURAMA

PARQUE INDUSTRIAL

Linha Direta Sítio Cercado

Linha Direta Pinhais - Campo Comprido

Linha Direta S. Felicidade - B. Alto

Linha Direta Barreirinha - S. José

Linha Direta Araucária - Curitiba

26

27

28

militar aposentado Celso Luiz Sauerbier, 53 anos, nascido e criado em Curitiba, declara com orgulho e satisfação que “perto de outras cidades, aqui é perfeito.” Pai de quatro filhos, todos também residentes na capital, ele é um dos cerca de 1,8 milhão de habitantes que fazem dela a oitava cidade mais populosa do Brasil, de acordo com dados do IBGE divulgados em 2013. Muitas das características que a tornaram referência em urbanização, transporte público, limpeza e preservação ambiental permanecem, ainda que, segundo muitas famílias tradicionais, essas qualidades eram muito mais evidentes há algum tempo atrás. Segundo a arquiteta Ana Carmem de Oliveira, o acréscimo de veículos na cidade nas últimas três décadas foi muito maior do que o previsto. “A implantação do sistema expresso, dos ônibus em canaletas próprias, viabilizou o sistema de transporte em Curitiba durante muitos anos. Mas isso foi afetado pelo volume de veículos”, observa. Os moradores tradicionais que, desde quando eram “piás” e “gurias” têm acompanhado a evolução de uma pequena cidade planejada e o seu crescimento horizontal e vertical, até chegar a

esta metrópole que conhecemos hoje, olham para o passado com um ar de nostalgia, recordando um tempo em que crianças brincavam nas calçadas das ruas, em que ir à noite ao cinema era um programa de família, evento digno de se vestir com os melhores agasalhos (para enfrentar as temperaturas tradicionalmente baixas, predominantes no Sul do país), enfim, uma época em que "se curtia" mais a cidade. “Antigamente aqui era mais seguro, podendo-se andar tranquilamente sem ter preocupações”, recorda Celso Luiz. Saudosismos à parte, Curitiba ainda permanece como um dos melhores centros urbanos para se viver no Brasil. A última pesquisa do Pnud, órgão das Nações Unidas, em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Fundação João Pinheiro, realizada no ano passado, apontou a capital paranaense como o décimo município com grau de desenvolvimento considerado “muito alto” no IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal). A busca por melhores condições de vida foi o que trouxe Roberto de Jesus dos Santos, 27 anos, à cidade. Natural de Cascavel, Roberto se mudou para a capital há dois anos, onde atualmente trabalha como gerente de loja. “Lá (em Cascavel) é muito quente, não temos muitas opções de lazer, e também não temos tantas oportunidades como aqui. Ah, e lá não tem parques na cidade”, ele argumenta. As muitas áreas verdes espalhadas por Curitiba já lhe renderam a nomenclatura de capital ecológi-

ROSA TORTATO

ADOR

"Metronizamos o ônibus”. Essa frase dita por Jaime Lerner, então prefeito, exemplifica o ARROIO CERCADO famoso sistema de transporte público implantado em Curitiba em 1992, com ônibus QUITANDINHA biarticulados circulando por canaletas exclusivas e embarcando passageiros em estações-tubo, com as plataformas no mesmo nível dos veículos. As estações contam ainda com elevadores COQUEIROS para acesso de cadeirantes. É.VERÍSSIMO

1974

CPO COMPRIDO/BOSCH

DENSO

PALMEIRA

LUIZ NICHELE

TRABALH

ÉL

BOQUEIRÃO/ KRAFT

IC

Foram abertas as primeiras vias exclusivas, ou canaletas, para os ônibus urbanos "expressos", que passaram a trafegar de vários pontos da cidade até o centro em muito menos tempo. Era o início da atual Rede Integrada de Transportes (RIT).

Linha Direta Campo Largo - Curitiba

Linha Direta Centenário

Linha Direta Tamandaré/Cabral

Linha Direta Guaraituba/Cabral

Andressa

VILA VERDE

BOSCH

VITÓRIA RÉGIA

KAMIR

DALAGASSA

PIN./C

EUCALIPTOS II

EUCALIPTOS

NAÇÕES

Oliveira

ANGÉLICA/CIC

TERMINAL ANGÉLICA

CARBOMAFRA

TOMAZ COELHO

HO

JARDIM DA ORDEM

Divulgação

OR

1991

STA. RITA/ PINHEIRINHO

TERMINAL FAZENDA RIO GRANDE

NAÇÕES

GRALHA AZUL

Curitiba comemora 321 anos

-P

No aniversário da capital paranaense, curitibanos dizem o que sentem pela cidade, e o que esperam dela no futuro

Roberto

Manzani

R IA

Número 34 – Março de 2014

STA. RITA/CIC

JD. LUDOVICA

DA

Divulgação

A tradicionalíssima Rua XV de Novembro foi revestida de calçamento, o que fez dela a primeira grande via pública do Brasil construída exclusivamente para pedestres. Estima-se que, pelo calçadão da XV, passem diariamente cerca de 80.000 pessoas.

Acontece a primeira apresentação no Palácio Avenida do coral natalino formado por crianças de instituições de caridade, que se tornou uma tradição em Curitiba. Desde ATÉ T então, o espetáculo é visto ERM INHEanos todos. Pos por milhares de IRINH O curitibanos e turistas.

POMPÉIA

RIO BONITO/CIC

CACHIMBA

INTEG

BR 116

RIO BONITO

1975 AZEN RAR F

1972

O

CACHIMBA / OLARIA

IGUAÇU

IGUAÇU (CEMIT. EVANG.)

SANTA TEREZINHA

ARIA

JD. VENEZA

FAZENDA RIO GRANDE

M SANTA

SANTA TEREZINHA/IPÊ ESTADOS

Em 17 de Julho a cidade presenciou um fenômeno meteorológico inesquecível para quem o vivenciou: a forte nevasca daquele dia deixou a cidade completamente coberta por flocos de neve. E Curitiba ficou com um aspecto ainda mais europeu.

AU

ALVORADA IRIN INHE A-P CÁRI A RAU

ESPECIAL

GRALHA AZUL

ZERO

SÃO SEBASTIÃO

MENINO DEUS

STA CLARA

MARCO

TO

AUCÁRIA

TUPI/ ISCO

TUPI/RUA BEGÔNIA

6

AR


Divulgação

S IV

19

PARQUE

2013

MERCÊS

Em outubro, a presidente Dilma Rousseff anuncia a liberação de R$ 5,4 bilhões para obras modais que promoverão uma nova revolução no transporte público, o que inclui a conclusão da Linha Verde, vias exclusivas para o Inter II, novas linhas de Ligeirões e a implantação AB R NC do metrô, que já Adeverá estar em HE S circulação a partir de 2018, ligando o CIC ao Cabral.

GIANNINI

TANGUÁ/TAMANDARÉ

STA FELICIDADE/ STA CÂNDIDA

JARDIM IPÊ

JD. ITÁLIA

TINGUI TERMINAL SANTA FELICIDADE

SÃO BERNARDO

INTERBAIRROS II

Não precisamos sair do país para conhecer outras comidas, ou outras vestimentas, por aqui tem de tudo um pouco

PINHEIROS

OURO VERDE/V. BADIA

I R RO RBA

OURO VERDE/V. BADIA

I N TE

42

ÂM AR A RIHL B. FIL O GU P. D EIRA AU CR ÂN P. T IA AU N 29 AY DE BR MA RÇ FAR IGA O NC DEIR O O V. D EN AC AR

OR

47

PÇA. RUI BARBOSA

PÇA. CARLOS GOMES 37

BIG

7

Roberto de Jesus, gerente de loja

TERMINAL CACHOEIRA

C

PARQUE BARREIRINHA

B. V

SÃO BENEDITO

ABAETÉ

JD ARROIO

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VILA LEONICE

TERMINAL BARREIRINHA

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TERMINAL BOA VISTA

GRAZIELA

T. CACHOEIRA/T. MAR A

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OLARIA BANESTADO

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JD DAS GRAÇAS

TERMINAL GUARAITUBA

ANA TERRA/ ADRIANE

PORTEIRA/PALOMA

GUARAITUBA

JD. EUCALIPTOS

TERMINAL MARACANÃ

11

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FARIA

COLOMBO ANG. CARON

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V. MARIA DO ROSÁRIO (T. GUARAITUBA)

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JACOB MACANHAN

JD. CLAUDIA

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TERMINAL PINHAIS

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ANA TERRA/ ADRIANE

ESPERANÇA

SEDE APDEC

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RIO VERDE

MARACANÃ/ B. ALTO

EMILI PERNEANO TA

277

JD. CENTENÁRIO

PINHAIS/ B. ALTO

TERMINAL BAIRRO ALTO

TERMINAL SANTA CÂNDIDA

JOAQUIM NABUCO

PARQUE GENERAL IBERÊ DE MATTOS

SÃO JOÃO

SOLAR

PARAÍSO

COLINA VERDE

CHINA

O ALTRUMÃ TA DETRAN

AGRÍCOLA

AUTÓDROMO

IMBUIA

05

TRINDADE

MARACANÃ /C.

A. MEIRELLES SOBRINHO

TERMINAL OFICINAS

GERMÂNIA

FERNANDO DE NORONHA

I

GU

ESP. VIC. DE CARVALHO/ C. IMBUIA

TEÓFILO OTONI

CAJURU

CATULO DA P. CEARENSE

BR

ACRÓPOLE

PARQUE IGUAÇÚ

TERMINAL AFONSO PENA

TERMINAL CENTENÁRIO

MERCÚRIO

CENTENÁRIO/ HAUER

30

V. RENO

TERMINAL ARAGUAIA CAPÃO DA IMBUIA

ANTONIO LAGO

TIN

ALIANÇA

STA FELICIDADE/ STA CÂNDIDA

23

01

GAGO COUTINHO

HOLANDA

E

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C. POLITÉCNICO

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ANTONIO CAVALHEIROS

AN

Divulgação

BONFIM

SANTA TEREZINHA

31

R

STA FELICIDADE/ STA CÂNDIDA

BAIR

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08

TERMINAL CABRAL

17

13

SALGADO FILHO

JARDIM DAS A M ÉR I C A S

JARDIM BOTÂNICO

BOM JESUS AGRÁRIAS MOYSÉS MARCONDES

CONSTANTINO MAROCHI

MARIA CLARA

CIRC.

PARQUE SÃO LOURENÇO

26

INTER

AL BR CA RIO Ó OS

INTER BAIRR OS I

11

MUSEU OSCAR NIEMEYER 28 CENTRO CÍVICO TEFFÉ 34 PREFEITURA

BOSQUE JOÃO PAULO II

15

PEDREIRA PAULO LEMINSKI

49

PARQUE ALEMÃO

PRAÇA DA BANDEIRA

PASSEIO

33 44

COM. FONTANA

41

RODOFERROVIÁRIA

CARLOS GOMES

UTFPR

46

PAIOL

35

ALM. GONÇALVES

PUC CONS. DANTAS

JOÃO VIANA SEILER

TRE

PAROLIN

C. BELEM S. FILHO

FERROVILA

PÁDUA FLEURY

S. FILHO

BA

TERMINAL CARMO

IGUAPE I ANTONIO DE PAULA

TERMINAL BOQUEIRÃO

PARQUE IGUAÇU

QUARTEL

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TERMINAL HAUER C. BELEM

PASSARELA

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C. LUIZ DO SANTOS

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R HIP. DA COSTA I N T E

III

39

R OS

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MARECHAL FLORIANO ROBERTO HAUER

FANNY

GETÚLIO VARGAS

KENNEDY

14 48 12 27 SETE DE 09 SETEMBRO 03

RUI BARBOSA

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PÇ. EUF. CORREIA

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S ERE ALF

SANTA BERNADETHE

XAXIM

A IR ER B IN T

NIVALDO

PÚBLICO 32 MARECHAL 22 MILITAR DEODORO PÇA DAS NAÇÕES COL. MILITAR PRAÇA DO PÇA.1943 25 DEZ. EXPEDICIONÁRIO INT CENTRAL ERBAI 21 10 40 ESTAÇÃO RROS II TIRADENTES 16 INTERBAIRROS 20 GUADALUPE VI 07 06

PRAÇA OSÓRIO

PÇA OSWALDO CRUZ

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XAXIM

XAXIM/LINHA VERDE

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XAXIM/CAPÃO RASO

V. URANO

MARINGÁ S. PEDRO

SI ÁGUA VERDE RO IN TERBAIR

R PO

V. GUAÍRA

GR AM AD SÃO PEDRO OS

2

V. SÃO PEDRO

PIRATINI/BR116

vação ambiental, além, é claro, do transporte público que se tornou modelo. “Comparativamente com INT ER outras grandes cidades, Curitiba BA IRR OS FA teve muitas vantagens, por ter um VI NN Y sistema de transporte que durante muitos anos possibilitou que O LINDÓIA V não tivéssemos as dificuldades de engarrafamentos”, analisa Ana S. CE RA MARUMBY / C A C Hreforça, RC O EI É B R A LEla BA Carmem. contudo, a AD C AR A L / T A M A N D A R R OB RE B A IRI R1 AV. REPÚBLICA necessidade de se fazer previsões NH 16 B A CA RAL/C M. TO ACHOEIRA RR quanto aos dados que a cidade ES INTERBAIRROS ÃO I UEIR apresentará daqui a alguns anos, B OQ ER/ R U A ralelo ao que já existe, a tendência 1974: Foram abertas as primeiras vias cada vez veículos seH FE ODOmais esses para que sua estrutura não mais PORTÃ O./CABRAL RR OV exclusivas, ou canaletas, para os ônibus IÁR em casa, e seus proserá melhorar o fluxo, agilizando jam deixados V. C sobrecarregue, passando a atender IA AP AN urbanos "expressos", que passaram a os percursos.” prietários usufruam do transporte EM à população de maneira compatível H. A CA C trafegar de vários pontos da cidade até o UR Há uma expectativaSSIOePÉIAaté uma ao seu crescimento demográfico. público AJpara se locomoverem de U J.B centro em muito menos tempo. Era o início OT umUR extremo a outro da cidade? A certa euforia para que essas me- “Por isso é importante uma revisão ÂN ICO BA da atual Rede Integrada de Transportes (RIT). NO arquiteta Ana Carmem sugere uma lhorias sejam apreciadas o quanto dos planos diretores pelo menos a LO AM PE INT ER S AZ pesquisa de origem e destino, para antes pelos usuários, tão B A IR O cada dez anos,” ela lembra. RP P. ROS RE TE M. A II IXE G que se ST saiba quais outras linhas acostumados com HIG U E Curitiba, portanto, IRA IA S IEN R RO PO SI LIS podem ser criadas para Óatender a o trânsito livre e, chega aos 321 anos II um número maior de moradores. consequentemencom o dinamismo de te, incomodados “Se uma pessoa que possui veículo uma metrópole que R OUE EC P. CENT com o desgaste tem ACR ir mais rápido DE M. V uma opção Sde se mantêm bela, e ./BOQ SO . . UZ Ao trabalho, com um meio de modal sofrido em plena fase de Ppara .K ISS UL transporte coletivo, isso diminui- nos últimos anos, progresso e evoluA VIL o fluxo de carros. É preciso ter em que os ônibus, ria ção. Pelo que ela tem AN I OV S II A RO por mais vagões itinerários para que essasBAIRpessoas, a oferecer, e apesar dos AU ER TA MÃ TÓ INT . VIS ARU carro, que que problemas que enfrenDR vão para o emprego Tde O/B tenham, circulam T L OM B.A O Carmem, ta, Curitiba ainda pode ser também possam usufruir do trans- sempre lotados. No CAna AB RA L/M AR entanto, o que para uns arquiteta porte coletivo.” considerada uma cidadeAC AN CA Ã COL OMB M O/S. J.PINHA LE ILO RÃ ISmodelo de pode ser um -modelo? “Várias cidades LL O/ IS DE T. AF transporte sobrecarregado, sedenON Mais mudanças já buscaram informações aqui e SO PE A outrora tão famosa mobili- to por uma modernização, para levaram modelos semelhantes”, NA dade urbana da cidade está real- outros ainda é inspiração. Em Fe- afirma Ana Carmem. “Ela pode mente prestes a passar por uma vereiro deste ano, a cidade recebeu voltar a ser uma cidade com o nova remodelação. Em Outubro um grupo de estudantes de mestra- transporte público que atenda a um do ano passado, a presidenta Dil- do da De Paul University, de Chi- número maior de pessoas, causando ma Rousseff anunciou a liberação cago, EUA, que vieram conhecer a diminuição de veículos na rua. É de R$ 5,4 bilhões para obras no de perto esse inovador sistema de possível, sim, voltar a ser uma citransporte coletivo da capital pa- mobilidade, implantado aqui nos dade-modelo.” Roberto de Jesus, IN Á/ AP ranaense, o que inclui a conclusão anos 1970, e posteriormente re- que há dois anos adotou CuritiOL O/ AV da Linha Verde e a construção do produzido em metrópoles de vá- ba como lar, completa: “Não sou IA ÇÃ O metrô, previsto para estar operan- rias partes do mundo, passando a daqui, mas acho uma cidade esdo em 2018. O militar aposentado ser conhecido pela sigla BRT (Bus plêndida. Reclamo por melhorias, centemente uma greve de moto- doutor em urbanismo, Juciano Celso Luiz ouve falar do metrô de Rapid Transit), comprovando que mas daqui não saio.” E Celso Luiz ristas de ônibus e cobradores que Martins Rodrigues, divulgado em Curitiba há muito tempo. “Já era Curitiba ainda continua sendo re- admite que “apesar de reclamar da proporcionou dias de trânsito caó- outubro do ano passado pelo Ob- pra ele estar pronto. Tem proje- ferência em planejamento urbano. segurança e da assistência que tetico na capital, com muitos veícu- servatório das Metrópoles, junta- tos que nunca saíram do papel”, O que nos leva a um nome de fun- mos, minha raiz é aqui, e ser curilos particulares, que normalmente mente com o Instituto de Pesquisa contesta. Ana Carmem vê na im- damental importância para a rele- tibano é a minha vida!” ficariam na garagem, sendo postos e Planejamento Urbano e Regio- plantação do metrô uma medida vância e a representatividade que Que a qualidade de vida conpara circular, o que sobrecarregou nal da Universidade Federal do segura para desafogar o trânsito a cidade passou a ter nos últimos quistada e mantida até aqui só as ruas e avenidas, e dificultou a Rio de Janeiro (UFRJ), Curitiba é curitibano. “Em São Paulo, que é anos, Jaime Lerner. venha a melhorar com o passar vida para todos que precisavam se a cidade que possui a maior taxa uma megalópole, o sistema de meEste arquiteto e urbanista curi- dos anos, e que a nova remessa locomover pelo centro. Um dado de motorização do país, ou seja, a trô funciona, porque ele já foi fei- tibano foi um dos grandes res- de inovações urbanísticas que que se mostra preocupante é a so- maior quantidade de veículos por to há muitos anos, e num período ponsáveis pelas transformações estão por vir só contribuam para brecarga de veículos na cidade, habitante. São 49,8 automóveis curto de tempo você se desloca por profundas pelas quais a cidade que a capital paranaense contium número o qual ela não está para cada 100 moradores, o que grandes distâncias. Em Curitiba passou ao longo das últimas dé- nue sendo merecidamente copreparada para suportar. Segundo corresponde a 1 veículo para quase aconteceria a mesma coisa. Com cadas. Destacam-se as soluções nhecida como cidade modelo. dados de um estudo realizado pelo 2 residentes. O que fazer para que um sistema de metrô, que seja pa- nas áreas de reciclagem e preser- Parabéns, Curitiba!

ALMIRANTE TAMANDARÉ

JD. BOA VISTA

DIAS

ÃO C

MAGRO

PASSAÚNA

JOSÉ CULPI

BUTIATUVINHA

FERNÃO

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HOSPITAL MILITAR CEL. DULCÍDIO BENTO VIANA

SILVA JARDIM

PETIT CARNEIRO

S.QUITÉRIA DOM PEDRO

SEBASTIÃO PARANÁ

VITAL BRASIL

MORRETES

ITAJUBÁ

CARLOS DIETZCH

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(Finais de semana)

V

PARQUE BARIGUI

29

O

A novela das 6 da Rede Globo “Sonho Meu”, um grande sucesso BAIRROS II de audiência da época, eINTaERprimeira da emissora a fugir do eixo Rio-São Paulo, utilizou o Jardim Botânico – com sua elegante estufa de ferro e vidro inspirada no Palácio de Cristal de Londres – como um de seus principais cenários, o que WENCESLAU BRAZ impulsionou o turismo na capital. Até a cidade cenográfica construída DOM ÁTICO para a novela, em Jacarepaguá, no IN Rio de Janeiro, reproduzia traços T RB ANTERO DE QUENTAL AI curitibanos. R

SANTA FELIC IDADE

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M. GU HE IM ITO AR R ÃE S

TUIUTI BARIGUI

BARIGUI

MOSSUNGUÊ

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TERMINAL 24 PORTÃO

HOSPITAL DO TRABALHADOR

PEDRO GUSSO STA. CRUZ

HERCULANO DE ARAÚJO

UBERLÂNDIA

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TERMINAL CAMP. DO SIQUEIRA

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JOSÉ C. BETTEGA

SANTA REGINA

OURO VERDE

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TERMINAL PINHEIRINHO

PARQUE INDUSTRIAL

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1993-1994

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PARQUE DIADEMA PARQUE TROPEIROS

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VILA MARISA

CASA DE CUSTÓDIA BARIGUI

Na comemoração dos 300 anos de Curitiba, o tenor LHADOR espanhol JoséTRABA Carreras, juntamente com a Orquestra INTE R BA I Sinfônica Brasileira, RRO se SI apresentou na PedreiraV Paulo Leminski para um público estimado em 20.000 pessoas, que ficaram estupefatas com o espetáculo que viram e ouviram.

MP./B

C.CO

TERMINAL CAMPO COMPRIDO

MARQUETO

Número 34 – Março de 2014

76

BR 4


8

MARCO

ZERO

Número 34 – Março de 2014

CIDADANIA Samia Martins

Cresce a população de rua em Curitiba O número de moradores de rua aumenta na capital paranaense. Às vésperas da Copa, a “cidade modelo” não tem do que se orgulhar Não há tempo o suficiente para oferecer ajuda efetiva a tantos moradores de rua. Presumo que o governo fará um processo ostensivo, o que não contribuirá em nada

Samia Martins

Fernando Albuquerque

A

proximadamente 4,2 mil pessoas moram nas ruas de Curitiba. É o que aponta o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O número torna-se ainda mais aterrador quando comparado com 2008, já que neste ano, 2776 pessoas perambulavam nas ruas da capital paranaense. Com isso, o aumento aproximado é de 50%. Dez anos antes, em 1998, esse número não chegava a 600 pessoas. A estatística confirma que houve um crescimento de sete vezes, ou seja, 600% em 16 anos. Álcool, drogas e desavenças familiares estão entre os maiores vilões. É o caso de Diego Alves, 21, que mesmo tendo a casa dos pais e avós, além de receber uma ajuda mensal familiar no valor de mil reais, prefere às ruas. “Não posso conviver com minha família por causa do vício”, declarou Alves, que é usuário de crack. As

desavenças começaram por conta das drogas e, por esse motivo, a convivência se tornou impossível. Atualmente Diego passa os dias na região central, próximo ao Terminal Guadalupe. A ajuda de custo que recebe é usada na sua totalidade para a compra de crack. Alex Guttsherck, 34, mora nas ruas desde que se divorciou. Os quatro filhos não gostam de vê-lo. “O contato é mínimo”, lamentou. Guttsherck sobrevive de alimentos que comerciantes oferecem e do que sobra dos restaurantes. A mãe, aposentada, o ajuda todos os meses com oitenta reais. O dinheiro é entregue em mãos em alguma praça ou rua do centro. “Com esse valor, compro um cigarro, um almoço bom. Às vezes uma camisa, uma calça, depende do que estou precisando”, afirmou. Alex confirmou ainda que não pensa em voltar para casa. “As pessoas acham loucura que eu tenha uma casa e não more nela. Na rua passo frio, fome, sede, calor – um colega meu já morreu por doenças – mas ninguém entende o que é estar aqui. De qualquer forma, é melhor do que estar em casa”, garantiu. Guttsherck tem o ensino médio completo e já tentou procurar emprego, mas diz ainda não ter con-

seguido. Carrega com ele uma faca por segurança, mas afirma nunca ter precisado usá-la. Referente à ajuda oferecida pela Prefeitura, afirma: “A FAS aparece às vezes, nos leva para um abrigo com muita gente, bêbados, drogados. Lá eles nos dão sopa e uma coberta, oferecem algum médico. Mas ninguém lá quer ajudar de verdade, a única coisa que querem é nos tirar da rua para a cidade ficar limpa”. Caio Oliveira Neto, 27, vive nas ruas há 4 anos. Ele afirma ter

sido a melhor coisa que fez na vida. Começou a trabalhar com 11 anos e nas ruas teve o primeiro contato com as drogas, quando tinha 14. Hoje em dia, Oliveira bebe aos finais de semana e diz que se tivesse mais condições financeiras, faria o uso das drogas com mais frequência. Quando ainda morava com a família, alegou sofrer maus tratos. Juntamente com a mãe e duas irmãs, Oliveira contou que sofriam agressões do pai.

O morador de rua também afirma que não sente saudades de casa. Uma das irmãs se tornou prostituta, a outra trabalha em um mercado.O pai faleceu há sete meses e a mãe já tem namorado. Caio assevera que mesmo sem o pai em casa, não pretende voltar, já que a família o trata como doente por fazer o uso de drogas. “Estou nas ruas porque aqui consigo ser eu mesmo e tenho liberdade para experimentar coisas novas todos os dias. Aprendo muito”, declarou. Samia Martins

O centro é onde concentra-se o maior número de moradores de rua na capital paranaense

Doacir Quadros, professor de Ciência Política e Sociologia da Comunicação.


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Samia Martins

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O que está sendo feito no país?

Moradores de rua próximos ao Terminal Guadalupe

A FAS aparece às vezes, nos leva para um abrigo com muita gente, bêbados e drogados

Não posso conviver com minha família por causa do vício

“Promover condições para dormir e comer não possibilita a inserção social

Diego Alves, 21, morador de rua

Doacir Quadros, professor de Ciência Política e Sociologia da Comunicação.

Alex Guttsherck, 34, morador de rua

A Prefeitura Municipal de São Paulo, juntamente com a Coordenadoria de Proteção Social Especial, possui uma rede de atendimento social direcionada a população de rua adulta. Os serviços que o sistema apresenta são de encaminhamento para núcleos de convivência e serviços de acolhimento, alimentação, higiene, tratamento médico e dentário gratuito, separadamente para mulheres, homens, idosos. O SUAS (Sistema Único de Assistência Social) – similar a FAS em Curitiba – conta com um programa de estímulo a criação de renda e cursos de capacitação profissional. Tal programa possibilita ao morador de rua não apenas uma ajuda momentânea, mas um aprendizado que possibilita a ressocialização. Outro programa que recebeu destaque, inclusive da mídia nacional, atende pelo nome de Braços Abertos. Lançado em 14 de janeiro, o programa atende aos dependentes químicos oferecendo auxílio financeiro, moradia e capacitação profissional. Hotéis da região central, em parceria com a Pre-

feitura, oferecem 400 vagas. As pessoas atendidas trabalham na limpeza de ruas, calçadas e praças da cidade e recebem R$ 15,00 diariamente. Além disso, o programa oferece um salário mínimo e meio para as despesas com alimentação e hospedagem. No primeiro mês de atuação, o programa já cadastrou 386 pessoas, sendo considerado um sucesso pelos idealizadores. No Rio de Janeiro, a Prefeitura conta com o Programa Proximidade, que foi criado para atender pessoas em situação de rua com atenção especial aos usuários de drogas e álcool. Em 2013 o programa atendeu 929 pessoas, sendo 729 homens e 200 mulheres. Todas as pessoas atendidas receberam, além do acolhimento, tratamento ambulatorial contra dependência química, encaminhamento para retirada de nova documentação, dentre outros. No mês de fevereiro deste ano, em uma semana, a operação atendeu cerca de 100 pessoas. Os moradores de rua foram encaminhados para a assistência social, onde receberam auxílio psicológico.

Moradores na rua André de Barros Fotos: Samia Martins Samia Martins

Samia Ma

rti n

s

Sandryana Fernandes, assessora de ção de rua para os dias de frio intenso, comunicação da FAS, informou que as através da abertura de vagas de acolhiunidades de acolhimento da FAS realimento emergenciais em suas unidades zam atendimento integral a esta populae ampliação dos serviços. Sandryana ção, visando assegurar-lhes os direitos afirmou que ao todo, foram disponibie restabelecer os vínculos perdidos, na lizadas 300 vagas emergenciais. Senperspectiva de superação. “É importando que, em todos os alojamentos, são te destacar que os equipamentos públioferecidas, além do pernoite, refeições cos fornecem todas as condições para quentes no jantar e café da manhã e, se atender as necessidades básicas do monecessário, almoço. rador de rua, não sendo necessário que Doacir Quadros, professor de Cia população doe mantimentos, roupas, ência Política e Sociologia da Comucobertores ou dinheiro diretanicação, afirma que a situação mente ao usuário”, ressaltou. de existirem moradores de O gesto, apesar de solidárua e, a cada ano aumenrio, acaba muitas vezes tar o número, ocorre por por reforçar o vínculo negligência do Governo do indivíduo com a rua, em não criar mecanisafastando-o dos serviços mos ou condições de que podem auxiliá-lo a reinserção dessas pessoas recuperar sua autonomia e na sociedade. “Promover convívio social. condições para dormir e coAlém da busca ativa diámer não possibilita a inserção Doacir Quadros, ria realizada pelos educadores social”, explica o professor. cientista político sociais, a FAS ainda atende Para ele, a Prefeitura e os óraqueles casos que são informados pela gãos públicos criam levantamentos, população. Basta ligar para o telefone dados e gráficos, porém, não apresen156 e solicitar o atendimento do Resgate tam um programa que seja suficienSocial, informando o local em que se ente para sanar o problema. Em breve, contra a pessoa. Feito isso, uma equipe se haverá jogos da Copa do Mundo em dirige até o local e faz a abordagem, conCuritiba e alguma medida será tomavidando o indivíduo a ser acolhido em um da para que não existam moradores de dos equipamentos públicos disponíveis, rua ou, pelo menos, que a quantidade onde poderá fazer sua higiene, alimentarseja bem menor. Porém, Quadros afir-se, trocar de roupas e dormir aquecido. O ma: “não há tempo o suficiente para endereço não é divulgado para preservar oferecer ajuda efetiva a tantos moraas identidades das pessoas atendidas. dores de rua, presumo que o Governo O serviço de Resgate Social tamfará um processo ostensivo, o que não bém reforçou o atendimento à populacontribuirá em nada”.

Samia Martins

E em Curitiba?

Veículo da FAS passando próximo ao Terminal Guadalupe


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Verticalmente Curitiba

MEMÓRIA Alice Gonçalves

César Marques

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capital paranaense é uma das regiões mais populosas do Brasil e do sul do país, contando atualmente com 1.848.943 habitantes. O nome Curitiba vem do guarani “coré-etuba”, que significa “muito pinhão”. A cidade é conhecida por suas belas paisagens, pelo clima, e sobretudo por sua urbanização, que representa não apenas desenvolvimento mas também história. A cidade que até então não possuía edificações, ganha em 1929 o seu primeiro arranha-céu conhecido como Moreira Garcez, que foi na época considerado o maior do Paraná e o terceiro mais alto do Brasil. Porém, o auge da urbanização e verticalização (construção de prédios) da capital ocorreu, sobretudo, a partir da década de 50. “Eu trabalhava na roça e vim para Curitiba em busca de melhores condições de vida. Lembro que quando cheguei não haviam muitas coisas no centro da cidade. Eram poucas as ruas asfaltadas, não tinha muitos prédios e nem hospitais. E em relação aos meios de transporte coletivo a situação também era bem complicada. Mas chegou uma época que a

capital começou crescer, vários prédios surgiram, e junto as condições de trabalho e a própria condição de vida ficou melhor”, conta a aposentada Damiana Barbosa Perez. “E se fosse para classificar uma porcentagem de mudança na cidade eu diria 100%”. O período entre 1950 a 1970 foi o de maior expansão da edificação na capital. “Antes eu olhava do meu apartamento para fora e conseguia ver os bairros ao redor de Curitiba, porém com o tempo foram surgindo prédios para todo lado, cada dia que eu olhava tinha uma construção nova”, afirma Luiz Carlos Chacon, morador da cidade há mais de 50 anos. Em meio as tantas mudanças o que não faltam são histórias. Como é o caso das lendas que acompanharam e se “desvendaram” junto com a edificação da cidade. No edifício Maison Blanch, por exemplo, diz a lenda que no século 19, na Rua Voluntários da Pátria, onde está localizado o prédio atualmente, existiu uma casa branca onde aconteceram mortes. Passado algum tempo no início do século 20, dizem que foi um cinema, onde o marido matou a mulher com o amante. E há alguns anos atrás uma mulher jogou seu bebê, pela janela do prédio, dizendo que um espírito lhe sugeriu isto. “De certa forma uma cidade sem lendas é uma cidade sem histórias, pois a imaginação também faz parte da cultura, sem falar que sempre por trás de uma lenda há uma gota de verdade”, diz Luciana do Rocio Mallon, pesquisadora e escritora de lendas. E afirma que essas histórias são uma forma de resgatar o passado que muitas vezes fica esquecido.

César Marques

Edifícios Garcez, Tijucas e Maison Blanch marcaram expansão imobiliária na capital “A galeria Tijucas e a Boca Maldita são uma enciclopédia. Tudo que alguém procura aqui se consegue informação” Luiz Carlos Chacon

Tijucas, uma lenda “A galeria Tijucas e a Boca Maldita são uma enciclopédia. Tudo que alguém procura, aqui se consegue informação”, brinca Chacon (73), morador do prédio há mais de 40 anos. Entre os edifícios antigos de Curitiba, histórias e bons personagens é o que não faltam. A galeria está localizada na Rua XV de Novembro, que é dividida em duas alas (partes) uma residencial e outra comercial. O edifício conta com 30 andares e quando surgiu em 1958, foi considerado o maior prédio da cidade. Além de ser de extrema importância na região “abriga” várias histórias, e dentre os personagens em destaque, está Chacon, cover do Rei Roberto Carlos, e também muito conhecido pelo seu trabalho artístico em circos, teatros, rádios e televisão. “Já passei por várias cidades, mas nunca tive vontade de sair de Curitiba”, afirma o artista. Porém, ao ser indagado se sentia saudades dos tempos antigos da capital, diz que sim, pois antes as praças eram cheias durante a noite, famílias, vizinhos e amigos conversando e crianças brincando, tudo na

maior tranquilidade. E relata que hoje as pessoas estão mais afastadas devido ao medo e à violência extrema que estamos expostos todos os dias. O arranha-céu é tão famoso que é utilizado pela polícia para treinamentos de rapel, é muito procurado por meios de comunicação e virou até mesmo tema de lendas.

Chacon, cover oficial do cantor Roberto Carlos, é morador do Edifício Tijucas há mais de quatro décadas

A mulher de vermelho: uma Curitiba assombrada Por: Luciana do Rocio Mallon O edifício Tijucas foi inaugurado em 1957 no centro de Curitiba. Diz a lenda que a palavra Tijucas significa pântano assombrado em tupi-guarani. Por coincidência, alguns historiadores falam que este prédio foi construído em cima de um pântano que pertencia à Santa Casa de Misericórdia de Curitiba. Este edifício, também, possui lendas urbanas muito interessantes, uma destas histórias é o fantasma da mulher de vermelho. Reza o mito que no início dos anos 60, num dos apartamentos do Edifício Tijucas, morava um alfaiate e sua esposa que possuía problemas neurológicos. Por isto ela tinha surtos constantes chegando até a falar sozinha pelos corredores. Segundo uma ex-moradora, seguidora da doutrina espírita, a esposa do alfaiate não estava louca, mas era uma espécie de médium que não tinha controle sobre os espíritos que lhe atormentavam.

Uma certa vez esta mulher doente estava sozinha no apartamento, viu alucinações, e se jogou do prédio vestindo uma camisola vermelha. A partir deste dia várias pessoas afirmaram que viram o fantasma de uma moça vestida de vermelho andando pelos corredores do estabelecimento. Diz a lenda que houve mais sete suicídios neste edifício e que estas pessoas segundos antes de se matarem viram a alma da mulher de vermelho e conversaram com ela. No começo dos anos 80 uma firma de prótese dentária abriu um comércio numa das salas do Edifício Tijucas. Nesta empresa trabalhava uma linda zeladora chamada Maria. No dia do aniversário desta funcionária, a sua chefe deu um vestido vermelho de tafetá de presente para ela. A auxiliar de limpeza ficou tão empolgada, que telefonou para o seu namorado marcando um encontro, às escondidas, dentro da firma quando ela estivesse fechada. Quando a noite chegou todos os funcionários saíram daquela empresa menos Maria que colocou seu vestido vermelho e esperou pelo seu namorado. O relógio soou meia-noite e como seu amado estava

demorando muito a zeladora, com a sua roupa carmim, resolveu caminhar pelos corredores do edifício. Quando, de repente, viu um vigia que gritou: - Quem é você ?! -É proibido andar nesta área durante este horário! -Espere! Maria ficou com medo de perder o emprego, saiu correndo, entrou para dentro da firma e escondeu – se debaixo da mesa. O segurança correu atrás da moça, abriu a porta da empresa, acendeu as luzes, revistou o local, não viu nada e exclamou: - Nossa! - A lenda da mulher de vermelho do Edifício Tijucas é real! - Cruz credo! - Eu não quero me matar! - Pois, suicídio é pecado! Após falar isto o guardião pegou um rosário, que sempre trazia no bolso, ajoelhou-se e passou a noite inteira rezando.


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CRÔNICA

Uma Bela e louca cidade

@TÁ NA WEB Ana Cristhina

Foto: Wikimedia commons\Morio

Divulgação

A criatividade sem limites

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ela Curitiba, que preserva a história em cada canto, rua, avenida, praça, paisagem ou imagens. Que olha para o futuro não ignorando o passado. São tantos os pontos que nos seduzem. Você é tão bela, tão tranquila, que a sensação é de caminhar por um piso de superfície contínua. Mesmo raros encontramos aos nossos pés símbolos locais como a Araucária e o Pinhão. E em cada passo, pedra por pedra, com um fundo branco, serão formados os desenhos em preto desta identidade cultural. Uma calçada que provoca tanta polêmica e ao mesmo tempo faz parte da história da cidade. Que surpreende todos os dias, a cada momento, a cada segundo, seus habitantes com uma paisagem linda e rara. Você é incrível, prega peças, é a única a oferecer as quatros estações do ano no mesmo dia, e mesmo assim sentimos o maior orgulho de nascer e permanecer nesta encantadora cidade. Curitiba não tem mar, tem parques. Não tem baías, tem áreas verdes. Não tem ilhas, tem praças. Um dos melhores defeitos de Curitiba é não ter mar. Umas das suas piores qualidades é a sua localização se comparado com o restante do mundo. Dessas suas qualidades magnificas, os parques de Curitiba são os pontos de encontro, onde várias turmas se reúnem. Digamos que não é praia, mas é quase parecido. Têm bagunça e pessoas descontraídas. Calor o que não falta, porém

Os livros abordados no pequeno texto a cima, retirado de uma rede social, são alguns dos mais famosos e mais comentados livros nos últimos anos entre os jovens. A Culpa é das Estrelas, Eu me Chamo Antônio, Destrua Esse Diário, A Última Música, Querido John, As Vantagens de Ser Invisível e P.S Eu Te Amo são os livros colocados com seus títulos invertidos ou opostos, dando assim, sentido à brincadeira onde no final o único livro que não teve seu titulo invertido foi P.S Eu te amo onde é dito que “o P.S Eu te amo nunca mudará”. @: heroinadecristal.tumblr.com

A moda dos “selfies” O termo “selfies” que vem se tornando cada vez mais popular entre os usuários da rede social Instagram e Facebook, nada mais é do que um neologismo com a palavra self-portrait, que significa autorretrato em inglês. Ou seja, é uma foto tirada pela própria pessoa dela mesma, na maioria das vezes, com seus celulares. Tirar uma foto ao estilo “selfie” se tornou tão comum quanto tirar fotos de outras coisas e virou mania também, é claro, entre celebridades. Todos os dias centenas de fotos “selfies” são postadas nas redes socias por diversas pessoas, a fim de compartilhar com outras pessoas, seus momentos.

Divulgação

Schuppel

Divulgação

Paula

o que fica ausente é o barulho do mar, mas que é recompensado por outros sons, como aceleração de uma moto, crianças se divertindo, carros indo e voltando com os gatinhos malhados, mostrando o corpinho escultural, ou até melhor, som de uma latinha de cerveja sendo aberta. Para passar o tempo, haja bate-papo com os amigos, rodas de música, até arriscar um violão ou pessoas em coro, vale a pena. Correr, brincar com o bichinho de estimação, malhar, andar de skate, roller, patinete, opa até perdi meu fôlego. Quanta diversidade em um pleno domingo, quantas tribos e pessoas loucas em um só lugar, disputando um simples pedaço de grama. Nesta diversidade sempre há uma figura carimbadíssima, que já virou folclórica: o Oil Man, que aparece sempre nas “praias de Curitiba”. Um homem de 1,90 de altura, sarado (ops, quase), que gosta de desfilar só de sunga pelos parques e ruas da nossa capital. Quando você menos espera, lá aparece ele, com os seus passos lentos e sensuais, com a sua aparência desanimada, porém, firme. Não tem como falar de Curitiba, sem esta figura incrível e ao mesmo tempo estranha. Sem ele, nossa capital séria não seria a mesma. Por isso tudo, pelas qualidades, defeitos e perfeições. Por minha Curitiba, capital de todas as capitais, meu orgulho, minha paixão. Como e difícil descrever Curitiba, uma cidade que trabalha, trabalha e trabalha e continua linda e jovem. Que surpreende pelo clima, paisagem e estrutura. Nos amamos, e sentimos orgulho de fazer parte desta história. Parabéns Curitiba!

“Selfie” da atriz e cantora Selena Gomez com seus amigos

“Selfie” do cantor Justin Bieber


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ENSAIO FOTOGRÁFICO

Número 34 – Março de 2014

Um olhar sobre as janelas

Camila Pedroso

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alvez Nelson Rodrigues estivesse certo quando disse, certa vez, que a televisão matou a janela. Afinal, quem nos dias de hoje tem tempo para parar e observar os detalhes que estão ao seu redor? A janela dá às pessoas a sensação de liberdade ao sentir a brisa do vento, e pode ser o que as faz se sentirem aprisionadas pela grade ou por tantas outras janelas que lhes impedem de ter uma vista para a natureza. Mas, de qualquer forma, por que não parar e dar uma olhadinha?


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