Marco Zero 26

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Diego Gangas

JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINTER – ANO IV – NÚMERO 26 – CURITIBA, MARÇO DE 2013

Ciclistas na canaleta

Dividir espaço com veículos e pedestres traz muitos riscos para ciclistas. É uma via de mão dupla. Você conhece as regras? págs.6 e 7

Saguis e tucanos no Batel

David D’ Visant

O crochê de Cambé (PR) direto para o Canadá.

pág.4

De volta ao passado

Com o crescimento das cidades, os animais tentam se adaptar à vida urbana.

pág.5

O pracinha Eronides da Cruz conta em detalhes histórias sobre a Segunda Guerra Mundial.

Juliani Flyssak

Aezita, de costureira a estilista

págs.8 e 9


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Número 26 – Março de 2013

OPINIÃO

Equipe Marco Zero

O Marco Zero Na Praça Tiradentes, bem em frente à Catedral, está o Marco Zero de Curitiba, que oficialmente é tido como o local onde nasceu a cidade, além de ser o ponto de marcação de medidas de distâncias de Curitiba em relação a outros municípios. Ao jornal Marco Zero foi concedido este nome, por conter notícias e reportagens voltadas para o público da região central da capital paranaense.

Os altos e baixos da capital paranaense Praça Tiradentes

Deyse Duarte

Outra inovação da capital é o Calçadão da Rua XV de Novembro que foi a primeira via pública exclusiva para pedestres no Brasil, inaugurada em 1972, e desde 1974 um patrimônio tombado como Paisagem por lei estadual do Paraná. Como toda metrópole, Curitiba também enfrenta problemas em questões ligadas diretamente à população, como o trânsito, a saúde pública, a violência e a poluição. Curitiba deixou de ser a capital ecológica para ter o segundo rio mais poluído do país; o Rio Iguaçu que nasce na cidade e corta todo o Paraná, fica apenas atrás apenasdo Rio Tietê, em São Paulo, segundo dados do IBGE. Quanto à violência, Curitiba é uma das cidades mais violentas do país, ficando em sexto lugar no ranking, pois 304 assassinatos foram registrados apenas no primeiro semestre do ano passado. Como forma de tentar conter a violência, estão sendo instaladas câmeras de monitoramento pela cidade e que já estão por toda Rua XV e pelo centro. O transporte coletivo utilizado em Curitiba e na Região Metropolitanas também está passando por mudanças, como a implantação dos micro-ônibus, que já são mais da metade da frota de ônibus da cidade e o “ligeirão”, que atualmente liga o bairro do Boqueirão à capital, passando pelos terminais do Carmo e do Hauer. Mas estes projetos ainda não suprem todas as necessidades das pessoas que usam diariamente o transporte coletivo e que estão insatisfeitas com a demora dos ônibus e com o trânsito que está cada vez mais caótico. Outro fator negativo que a cidade

O jornal Marco Zero é uma publicação feita pelos alunos do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Internacional Uninter Coordenador do Curso de Jornalismo: Nívea Canalli Bona Professor responsável: Roberto Nicolato

Deisy Duarte

O que você acha do aumento no valor da passagem de ônibus?

N

o próximo dia 29 de março, a capital paranaense completa 320 anos e, como sempre, a prefeitura prepara inúmeras atividades em vários bairros da cidade. Neste mês, todas as ruas da Cidadania e as administrações regionais estão com uma programação especial, oferecendo à população peças de teatro, oficinas de arte, feiras de artesanato, shows e palestras educativas. Alguns bairros da capital ainda contam com a presença de equipes para orientar a população sobre saúde e qualidade de vida. Para as crianças, há atividades recreativas como jogos, camas elásticas, brinquedos infláveis e de escalada. Curitiba tem seu nome herdado da língua Tupi, onde Core-Etuba significa “pinhal” ou “muito pinhão”. Sendo assim, seu nome foi escolhido devido aos grandes pinheiros que podem ser vistos ainda hoje em muitos locais da nossa capital. Seus muitos parques encantam por guardarem beleza vista em seus lagos, árvores e animais, aspectos que chamam a atenção de turistas do mundo inteiro, assim como as apresentações natalinas que são realizadas no Palácio Avenida há 21 anos. A capital paranaense já foi notoriamente conhecida por suas inúmeras inovações em várias áreas, algumas como o transporte coletivo e na reciclagem de lixo. Mas atualmente a prefeitura está mantendo seu foco principal nos projetos e obras destinados à Copa do Mundo de 2014. Além da obra na Arena da Baixada, que receberá os jogos do campeonato, estão sendo feitas também obras que possam melhorar a mobilidade urbana, como na Rodoferroviária, Linha Verde Sul, o binário e o Viaduto Estaiado na Avenida das Torres e obras na Rua Marechal Floriano Peixoto que, juntas, custarão R$ 358 milhões e que estão com entrega prevista para abril do ano que vem.

Cláudia Bilobran

Mês de março chegou e, com ele, Curitiba fica mais velha. Nesta 26ª edição do jornal Marco Zero, o leitor vai encontrar uma breve homenagem ao aniversário da capital paranaense. Nossos repórteres saíram às ruas e conversaram com moradores de rua, para saber se a FAS é realmente tão prestativa quanto parece. E quem diria, um dos bairros mais chiques de Curitiba, perto do centro da cidade, hospeda uma família inteira de saguis. O Marco Zero destaca uma volta ao tempo da Segunda Guerra Mundial com uma reportagem sobre o Museu do Expedicionário. Para quem curte andar de bicicleta, vai encontrar uma matéria bem interessante sobre os poucos espaços que estão disponíveis para pedalar com segurança. Conheça a história do Profeta Gentileza, um artista paulista que deixou seu legado no Rio de Janeiro. Boa leitura e até o próximo mês!

Curitiba faz 320 anos

Expediente

Ao Leitor

Diagramação: Cíntia Silva e Letícia Ferreira

enfrenta é a saúde pública, pois muitos moradores reclamam que têm de madrugar e amanhecer nas filas dos postos sem a certeza de que conseguirão uma vaga e serão atendidos. Muitas dessas unidades não mantêm seus quadros de profissionais completos e o serviço é precário. A nova administração municipal está colocando em prática projetos que têm como objetivo melhorar a saúde, como quatro unidades móveis que fazem parte da estratégia de consultórios na rua e que estarão prestando atendimento às pessoas sem residência fixa ou que estão em vulnerabilidade social e em situação de risco. Isso, além das oito novas ambulâncias que renovarão a frota do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e que serão distribuídas nos oito Centros Municipais de Urgências Médicas localizados nos bairros Boa Vista, Boqueirão, Cajuru, Campo Comprido, Cidade Industrial de Curitiba, Pinheirinho, Fazendinha e Sítio Cercado. Curitiba está crescendo e se modificando a cada dia. E de uma forma ou de outra, seus habitantes colaboram para construir a cidade e deixá-la assim como a conhecemos, como a criticamos e como a amamos. Parabéns, Curitiba, pelos 320 anos de histórias, de momentos felizes e tristes, de dias ensolarados e chuvosos, de aprendizado e de “VIDA”. Uninter Rua do Rosário, 147 CEP 80010-110 – Curitiba-PR

Projeto Gráfico: Cíntia Silva e Letícia Ferreira

E-mail comunicacaosocial@grupouninter.com.br

Telefones 2102-7953 e 2102-7954.

Odete Aparecida Nunes, 51 anos, gerente.

Marcelo Moreira, 46 anos, vendedor.

Claudiane Santos, 26 anos, estudante.

“Eu acho justo o aumento, porque é através dele que são melhorados os ônibus, o transporte e são pagos os salários dos motoristas e cobradores”.

“A partir do momento que o transporte é integrado, o aumento é justo, mas se o transporte passar a não integrado o aumento se tornará abusivo”.

“Eu acho uma má administração, mas o que percebemos é que, com esse aumento, muitas pessoas vão optar por virem trabalhar de carro e o trânsito se tornará um caos, ainda mais do que é hoje.”

“Acho até aceitável porque todo ano é normal ter um aumento de mais ou menos 7% na tarifa, mas quanto ao fato do governo querer desinJennifer Neutegrar o sistema berger, 20 anos, na área metropoprofessora. litana eu acho ridículo e absurdo. Acho que a briga por partidos que está ocorrendo entre governador e prefeito só vai prejudicar o povo que precisa de transporte público.”


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CIDADANIA

Douglas dos Santos, Morador de rua

Reikrauss Benemond

J

á na porta do abrigo da FAS, na Rua Conselheiro Laurindo, 792, no Centro de Curitiba, encontra-se uma placa: “Amplo Centro de Triagem, albergue, casa de orientação e acolhida destinado a capacitar e erguer o povo mais sofrido”. Contudo, segundo alguns moradores de rua, a situação não é como está escrito. Esta reportagem para o jornal Marco Zero, a priori, seria sobre a relação entre comerciantes e moradores de rua, no entanto, as denúncias fizeram com que mudássemos o olhar para um problema mais sério. Será que a FAS funciona como deveria? Segundo Douglas dos Santos (33), morador de rua, hoje é mais seguro ficar na rua do que ir para o abrigo a cargo da instituição. “Estou na rua há dois anos e meio, durmo na FAS, mas estão queimando e agredindo mendigos. Senão dormiria na rua. Tem guarda municipal, mas eles não ligam se brigam lá dentro, se usam drogas, se bebem, eles nem ligam. Nego usa droga até 4, 5, 6 horas da manhã, drogas pesadas, como crack. Lá é perigoso como na rua, perigoso tomar uma facada. Todo mundo sabe o que acontece mas ninguém quer saber, mendigo tem que se fo... mesmo.” Douglas disse que seus pais são falecidos e a herança que recebeu, em torno de R$ 28 mil, foi gasta em bebidas junto com sua ex-esposa, pois ambos eram alcoólatras. Decidiu ir para a rua depois que sua ex-mulher lhe expulsou de casa. Ele tem cinco filhos com os quais tem pouco contato. Já foi preso por crimes graves e hoje procura emprego na região central de Curitiba. “Tenho vontade de morrer. Não tenho ninguém para me ajudar. Meus parentes têm condições mas eles não querem. Já me internei mas não consegui. Eu só quero trabalhar e alugar um cantinho para morar. Mas, pelo menos, já saí das drogas e bebidas”, relatou.

Ruínas de São Francisco

Reikrauss Benemond

Moradores de rua denunciam serviços prestados pela Fundação de Ação Social, em Curitiba

Suzelly Ribaski

Violência e drogas

A denúncia sobre os maus serviços prestados pela FAS foi confirmada pela costureira Olga Nunes (53), que teve um filho viciado em crack, hoje recuperado. “Meu filho não se droga há 14 anos. Não adianta colocar em internação se a família não estiver junto. E lá FAS, que não é uma clínica, mas onde chegou a dormir, eles maltratam e não recuperam ninguém. Hoje meu filho é casado e frequenta uma religião. O que falta ao Douglas é o apoio da família, já que ele é um menino bom”, conta. Outros dois moradores de rua, Alberto e Rubens (preferiram não identificar seus sobrenomes), disseram que a violência é bastante comum dentro da FAS, descrevendo que é um lugar hostil e perigoso. Afirmaram também que os guardas municipais agridem sem motivos vários pedintes que procuravam abrigo.“Isso rola direto, briga, droga. Se você for às cinco horas (da tarde) lá, vai ver os guardas municipais dando porrada em vários mendigos”, contou Alberto. Estivemos no horário de entrada e uma funcionária, que não quis se identificar, disse que em um ambiente com cerca de 300 pessoas sempre haverá briga. Outra funcionária afirmou que há um convênio de terceirização da albergagem e que isso seria de responsabilidade dessa instituição. De acordo com ela, essa “empresa” seria uma con-

“Isso rola direto, briga, droga. Se você for às 5 horas (da tarde) lá vai ver os guardas municipais dando porrada em vários mendigos” - Douglas dos Santos, Morador de rua federação evangélica que recebe subsídios da prefeitura para esse serviço. Tais fatos foram confirmados por Ângela Mendonça, supervisora da Regional Matriz.“Temos consciência dessas denúncias e tomamos as medidas cabíveis, fazendo boletim de ocorrência” Ainda segundo Ângela, que assumiu há pouco tempo a nova função, existe um projeto da nova administração municipal de reestruturação completa da FAS e que várias pessoas serão afastadas e todas as denúncias averiguadas. “Há uma nova política sobre o sistema. O antigo era retrógrado e não funcionava”, informou a supervisora. Existe muito preconceito para com moradores de rua, mas funcionários contaram casos de pessoas que trabalham e usam o abrigo da FAS apenas para dormir. “Tem pessoas que têm emprego e usam o abrigo para descansar. Guardam seus salários para poder comprar sua casa”, disse uma funcionária.Sobre o convênio, confirmou que existe, mas solicitou que entrássemos em contato com outro departamento. Ligamos e não tivemos respostas até o fechamento desta edição.

A

s Ruínas de São Francisco, localizadas na Praça João Cândido, são o que restou de uma construção inacabada, iniciada pelos portugueses, que viria a ser a Igreja de São Francisco de Pádua. Em meados de 1811, a Capela-Mor e a sacristia foram finalizadas. Entretanto, em 1860, as pedras que deveriam ser usadas para erguer o restante da igreja foram usadas para concluir a construção da torre da antiga Matriz, hoje Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora da Luz. Especula-se que foram construídos túneis ligando as ruínas a outros pontos da cidade bem como à Catedral, ao Colégio Estadual do Paraná, e aos clubes Concórdia e Garibaldi. Hoje, o local é fechado com grades para evitar o vandalismo e a destruição. Muitos trabalhadores e moradores da região vão àquele espaço para descansar no horário de almoço ou até mesmo a passeio, a fim de contemplar a paisagem embaixo de uma agradável sombra. Cleiton Corriel Gomes, assistente administrativo, trabalha na região e costuma freqüentar a praça na hora do almoço. Para ele, o lugar não é conservado e tem muita pichação. Diz que antigamente até havia um posto policial e que hoje não existe mais, aliás, só uma “casinha” abandonada que deveria dar lugar à segurança. A falta de policiamento no local aumentou o número de moradores de rua que ficam pelas redondezas. Ele acha que o lugar infelizmente está abandonado, abrindo espaço a um ponto de drogas. Ao ser informado sobre um casamento ocorrido ali, ele disse que não teria essa mesma coragem, mas achou a ideia

Com a falta de policiamento no local, aumentou o número de moradores de rua que ficam pelas redondezas. - Cleiton Corriel Gomes muito legal. Reconhece a importância do lugar, afinal ele é um dos pontos históricos de Curitiba, mas acha que precisa melhorar. Para Ana Paula do Prado, telefonista, o lugar é bem conservado. Ela diz que vai praticamente todos os dias, em seu horário de almoço, para descansar. Apesar de já ser casada, teria coragem de realizar a sua cerimônia nas ruínas. “Vejo muita importância em termos algo nosso. Esse espaço é lindo e muitas pessoas nem o conhecem. Tenho o privilégio em poder desfrutar de tudo isso”, salienta. São Francisco é um dos bairros mais antigos de Curitiba. O nome e a história têm ligação direta com a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas. No início do século 20 a região já era conhecida como Largo da Ordem. Hoje como espaço de comércio e lazer, o local conta até com um palco ao ar livre, onde são realizadas apresentações e até mesmo cerimônia de casamento. As Arcadas são uma passarela que foi construída embaixo das ruínas para dar lugar a pontos comerciais e culturais, abrindo espaço principalmente a galerias de arte e antiquários. Elas compõem um conjunto do patrimônio histórico de Curitiba. As Arcadas se conectam entre as ruas Jaime Reis e Doutor Keller, no bairro São Francisco. O local é aberto para visitações e o ônibus jardineira passa em frente ao setor histórico diariamente.

Cláudia Bilobran

Um patrimônio paranaense

A FAS, faz mesmo?


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PERFIL

Quem é Aezita? Pampuch

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David D’ Visant

epois de muitos dias chuvosos, o sol voltava a brilhar em Curitiba. Aezita Almeida me encontrou em frente à Faculdade para que pudéssemos conversar. A empatia foi instantânea. A estilista, morena de olhos escuros e um sorriso cativante, está chamando atenção no cenário curitibano. Ela, que já foi figurinista na Iesde (Inteligência Educacional e Sistemas de Ensino), arrasa com suas peças únicas de crochê. Seguimos para uma das salas de reuniões no Centro Universitário Internacional Uninter, onde a conversa começou a fluir melhor. Comecei perguntando de onde veio essa paixão por moda: “Já nasci gostando de arte”, respondeu. Filha da socióloga Ana Maria Almeida, desde criança aprendeu os diferentes modos de expressão. “Eu tinha um dom de me expressar a partir do desenho”, conta. Então decidiu trabalhar com moda. A família ajudou muito, pois tem uma manufatura

Bermuda de crochê, casual e chique.

na cidade natal de Aezita, Cambé. Isso proporcionou a ela se familiarizar com o assunto. Quando era criança já confeccionava as roupas de suas bonecas. Contou que um dia a máquina com que ela produzia quebrou, então conheceu o crochê. “Minha avó me dava dicas de ponto, mas aprendi sozinha”, explicou. Aezita foi crescendo e cada vez mais sua paixão pela moda foi se concretizando. Quando chegou em Curitiba, aos 18 anos, foi cursar Design de Moda, na Universidade Tuiuti do Paraná, depois Costura Industrial, no Senai. Perguntei sobre a sua inspiração e, enquanto pensava, os passarinhos cantavam fora da sala. Por fim, disse que as suas grandes inspirações são as pessoas e a cultura. Explicou que algumas de suas roupas são baseadas nos Petit-Pavê da Rua XV de Novembro, centro de Curitiba. Seus modelos são exclusivos, afinal por serem feitos à mão, nenhum vai ser igual ao outro. É um dos diferenciais de suas peças. E sua inspiração nos elementos curitibanos auxilia nas vendas, afinal o consumidor curitibano é tido como exigente. O detalhe dos pontos é quase imperceptível em relação à beleza do conjunto de fios. São peças feitas com linhas grossas, mas que como unidade são leves, de verão. Talvez isso explique o sucesso de suas criações na “cidade sorriso”. Antes de encontrá-la, fiquei sabendo que suas peças iriam para o Canadá. Questionei sobre isso. Contou que seu irmão foi para os Estados Unidos fazer um curso de inglês para poder lidar melhor com os negócios lá fora, e que seus trabalhos serão vendidos se as negociações forem concretizadas. Depois de mais de meia hora de conversa, Aezita já estava mais tranquila em relação à entrevista. Assim que ela demonstrou uma receptividade maior, perguntei sobre como suas peças acertaram no gosto das curitibanas. Contou que iria sair com uma amiga numa casa noturna de samba em Curitiba, mas que ela falou que não tinha o que vestir. Ela disse: “Por que não vai com um dos meus vestidos?”. Assim que chegaram no lugar todos co-

meçaram a olhar, e nessa noite o cantor Dudu Nobre estava lá. Contou que foram cumprimentá-lo e o sambista quis saber de onde era o vestido e que queria comprá-lo para a sua esposa. Além dele, também estava a ex-peoa e vencedora do reality show “A Fazenda”, Viviane Araújo. Aezita contou que ela amou o modelo, e disse que era para falar com a sua assessora para poder mandá-lo. A estilista fala que na época teve medo de mandar, e que se soubesse que ela iria para o programa teria enviado o modelo. “Iria ser uma divulgação e tanto”, conta com um sorriso mostrando arrependimento por não ter feito.

“Nasci gostando de arte” – Aezita Almeida

Investimentos e cursos A conversa com a estilista Aezita Almeida também tratou do seu investimento pessoal e cursos. Começou falando que sempre pedia um estágio para a tia para aprender coisas que só eram possíveis na prática, mas que ela só ofereceu essa oportunidade depois que seu pai tinha morrido. Contou que havia se inscrito no curso do Senai, para suprir a carência dessa prática na sua vida. Logo depois de Aezita começar, sua tia ofereceu um estágio na fábrica, que realizou depois de terminar seu curso. Para terminar a conversa, perguntei sobre o diferencial do seu produto. Disse que o Brasil, por conta da Copa do Mundo de 2014 e as Olímpiadas de 2016, está com visibilidade no exterior. “O crochê é algo que é muito reconhecido lá fora”, explica. Assim, seus vestidos e outras peças terão chances no mercado da moda. Aezita é uma mulher simpática, adora falar. A conversa fluiu muito, ficamos das duas da tarde até as cinco conversando. Ela é a grande aposta da moda paranaense, que cada vez mais ganha visibilidade no cenário nacional e, quem sabe, em breve veremos a marca Aezita Almeida nos grandes desfiles de moda. Só o tempo e o talento de Aezita dirão sobre seu futuro, mas é certo que se depender da forma

como valoriza suas peças se tornará uma grande estilista do Brasil. O crochê é uma arte valorizada muito no exterior, e que gradativamente está incorporando na moda brasileira. A delicadeza do trabalho

manual caracteriza esses tipos de peças. Estão ganhado espaço nos armários e closets do país, assim suas peças têm grande chance de caírem no gosto do “País Tropical” que Benjor fala em sua música. Quem disse que crochê é coisa de avó?

David D’ Visant

Eduardo

David D’ Visant

De pequena costureira a renomada estilista


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MEIO AMBIENTE

Animais e pessoas cada vez mais próximos na cidade Erica Santos

Saguis estão habitando o bairro Batel e deixando moradores preocupados com a proliferação da espécie. Família de saguis encontada no bairro Batel

Érica Santos

Guilherme Fiuza

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Erica Santos

Animais vivem em harmonia na cidade

Segundo o médico Manoel Antônio Guimarães, morador mais antigo do bairro, o surgimento desses primatas ocorreu há dois anos, mas só há seis meses eles começaram a se manifestar. "No início só se escutava os sons dos bichos e aparentava ser somente um. A partir de seis meses pra cá é que eles apareceram. É só escutar a nossa voz que vêm até o canil de casa para receber comida", comenta Guimarães.

“Até o momento a convivência é pacífica. As crianças adoram observá-los e eles são simpáticos e tranquilos. Mas quero ter a certeza que essa espécie não traz riscos à saúde do ser humano” – médico Manoel Antônio Guimarãs No início de janeiro deste ano, a mãe sagui teve dois filhotes, que são facilmente notados quando ela aparece para se alimentar. O instinto materno é fortíssimo e a mãe carrega os filhotes agarrados nela como se fossem um só. “Até o momento a convivência é pacífica, as crianças adoram observá-los e eles são simpáticos e tranquilos. Quero ter a certeza que essa espécie não traz riscos à saúde do ser humano”, ressalta o médico que teme pela segurança desses animais.

Outras espécies

Na capital, também existem outros casos relacionados ao surgimento de animais silvestres. Segundo a bióloga Sueli Kimiko Sassaoca que atende no Passeio Público, há outras espécies de animais nada comuns que habitam locais movimentados do centro. “As garças e socós costumam fazer os ninhos nas costas de árvores próximas ao Passeio Público. São aves de vida livre e por motivo da população ter aumentado, eles estão procurando moradias em torno do Passeio Público”. Já a bióloga Gilda Tebet conta ainda uma experiência diferente que presenciou. Ela retrata a aparição de duas “corujas das torres”. A espécie pertence à família dos titonídeos, também conhecida pelos nomes de coruja da igreja, coruja branca, coruja católica e rasga mortalha. Habitam em diversos lugares do mundo, em geral, em todos os continentes exceto a Antártica. Gostam de lugares abertos e de climas que variam de temperados aos tropicais. Não é comum existir essa espécie de animais na cidade, inclusive os ornitólogos, biólogos especialistas em aves e pássaros, nunca tinham tido a ocorrência desse tipo de animal nos arredores de Curitiba. Essas duas corujas-das-torres que apareceram estavam envenenadas, pois comeram ratos que tinham ingerido veneno, o que ocasionou a morte de ambas. “Mas isso é bastante incomum. Esse bicho não é da cidade e nunca foi capturado em Curitiba”, afirma.

Como tratar os animais Para esclarecer algumas dúvidas que surgem com o aparecimento desses animais, a bióloga Gilda Tebet conta que a dica é para que não alimentem esses bichos, pois quando você dá comida está subsidiando o crescimento deles. Com o passar dos tempos, dar mais comida significa a procriação de mais filhotes. Gilda relata, ainda, “que é para a população deixar que esses animais se virem na natureza, pois existem lugares por aí

que dão até chocolate para sagui, e daí você desvirtua tudo”, comenta. Segundo os biólogos, quanto mais desvirtuarmos os animais do habitat natural, estaremos prejudicando ainda mais a vida deles. “Às vezes esses animais não têm nem o “cio”, então é bom resistir a isso e não ficar perto, pois você não sabe que doenças eles têm, e os saguis podem até transmitir doenças como toxoplasmose, leishmaniose, entre outras”, explica Gilda.

Richard Wakefield/Stockxhg

om o crescimento da cidade, os animais silvestres estão tentando sobreviver cada vez mais próximos do homem. Esses animais, por sua vez, procuram se alojar em áreas de grande circulação de pessoas. Um exemplo é o bairro Batel, onde em meio a uma reserva urbana vive uma família de saguis. A reserva é um bosque da prefeitura, catalogado como uma área de preservação. Apesar do intenso movimento na região, pouco se nota sua existência. Aproximadamente há dois anos, alguns animais silvestres, como saracuras, papagaios e tucanos, passaram a residir na área preservada. O mais curioso é a família de saguis, que vem proporcionando momentos de diversão e preocupações entre os moradores da região.


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CIDADANIA

Uma ciclovia cham

Com poucos espaços destinados à bicicleta na capital, é cada vez maior o Gangas

Jussara Andrade

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iclovia não oficial. É o que se pode dizer em que se transformaram as canaletas dos ônibus biarticulados em Curitiba. Bastam alguns minutos de caminhada próximo a estas vias para encontrar desde o ciclista mais equipado, com traje e equipamento para pedalar com segurança em espaços urbanos, até o sobrecarregado entregador de água mineral. Com poucos espaços destinados à bicicleta na capital, é cada vez maior o número de pessoas que se utilizam dos corredores de ônibus, seja a passeio ou para ir ao trabalho. O enfermeiro André Luiz Silva, 33, que mora no Alto Boqueirão, utiliza a canaleta para ir ao trabalho de bicicleta. Segundo ele, o motivo é a segurança. “Querendo ou não a canaleta é mais segura pela agilidade e pelo asfalto. Olha a situação dessas calçadas”, argumenta. Quem vê André de capacete, óculos protetor, fones de ouvido e roupa especial para ciclista, não imagina que ele vai em direção a uma das três unidades da empresa em que trabalha. Uma no Cabral onde leva 50 minutos desde sua casa - tempo controlado no cronômetro que leva no guidão de sua “bike” - outra no Campina do Siqueira, 40 minutos, e outra próxima a Praça do Japão, 35 minutos. Questionado se não é um trajeto muito longo a percorrer Silva diz: “Não fico sentado dentro de um ônibus e ainda faço atividade física”.

Chegar mais rápido ao destino de passeio é o motivo pelo qual o agente penitenciário José Magela, 53, utiliza a via do expresso para ir do bairro Santa Cândida, onde mora, até o Centro, num percurso que dura 40 minutos. Utilizando capacete e luvas, Magela considera a bicicleta um “pacote de benefícios” que inclui saúde, lazer e praticidade. Não considera perigoso andar nestes espaços porque utiliza equipamentos de segurança como capacete, luvas e espelho retrovisor. E acrescenta: “Hoje tudo pode ser perigoso. Andar de carro, de moto, a pé, ou até mesmo comer um simples alimento, como o palmito”. O único risco que José vê é o desnível que há na borda entre o fim do asfalto e o início do meio-fio, lugar, onde na maioria das vezes, os ciclistas pedalam para se afastar dos carros. “Ali tem um desnível que se você bater com a roda, se desequilibra e pode cair”. analisa.

“Ali tem um desnível que se você bater com a roda, se desequilibra e pode cair” -

a via, evitando colisões frontais”. Segundo dados do BPTran, em 2012 ocorreram 253 acidentes de trânsito envolvendo ciclistas em Curitiba e, somente no primeiro bimestre deste ano, foram registrados 58 casos. A principal causa dos acidentes é por abalroamento transversal, ou seja, quando os veículos se chocam em cruzamentos. Num processo inverso, a utilização da bicicleta como meio de transporte alternativo, e a falta de mais espaços destinados a ela, faz com que “novas” ciclovias surjam de maneira improvisada. Alexandre Kenji, 25, estudante de arquitetura, mora no centro de Curitiba e utiliza a bicicleta para ir à universidade no Jardim das Américas e ao trabalho, no alto da Rua XV. “No meu caminho eu passo por várias ciclovias, mas tem partes que elas estão rachadas”, declara. O estudante que estava sem equipamentos de proteção, leva 25 minutos para chegar à universidade e caso fosse de ônibus o tempo se estenderia para 50 minutos. Alexandre também utiliza a canaleta em seus percursos e sabe que não é uma atitude totalmente correta. “Não é que a canaleta é mais segura, ela parece mais segura” comenta.

José Magela Segundo o Tenente Veiga, do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), uma das maneiras de evitar acidentes com ciclistas é justamente trafegar por esse espaço quando não há ciclovia. “Quando não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou não for possível a utilização destes, deverá ocorrer nas bordas da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para

Acidentes envolvendo bicicletas – Curitiba Número de acidentes Período- Janeiro a Fevereiro 2013

Acidentes

Total

Sem proteção, ciclista utiliza canaleta de ônibus

Com vítimas

55

Sem vítimas

3

58

Feridos Envolvidos Óbito no local

Diego Gangas

Diego

56

1

Segundo informações do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), as principais causas/fatores que originaram os acidentes de trânsito envolvendo ciclistas devem-se à negligência e imprudência no trânsito. Transitar na canaleta exclusiva de ônibus e pela contramão de direção são algumas das maiores imprudências que os ciclistas cometem. Acidentes do tipo Abalroamento Transversal podem, segundo o Código de Trânsito, ser evitados. Motoristas ao se aproximarem de qualquer cruzamento, devem transitar em velocidade moderada, de forma a deter seu veículo com segurança para dar passagem a pedestres e veículos com direito de preferência. A distância lateral não deve ultrapassar um metro e cinquenta centímetros. Em relação às bicicletas, na ausência de ciclovia, ciclofaixa, acostamento ou quando não for possível a utilização destes, deve-se utilizar os bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação, evitando colisões frontais, com preferência sobre os veículos automotores.


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Fotos: Claudia Bilobran e Diego Gangas

mada canaleta

o número de pessoas que se utilizam dos corredores de ônibus

Arquivo pessoal

Andar de bicicleta também exige regras Rafael Waltrick, jornalista da Gazeta .

A utilização da bicicleta nas ruas de Curitiba está cada vez mais frequente. Dividir espaço com os automóveis e pedestres não é uma tarefa fácil. Algumas exigências devem ser levadas em consideração. O jornalista da Gazeta do Povo Rafael Waltrick deu uma entrevista ao jornal Marco Zero acerca das condições das ciclovias e das regras de trânsito que podem ajudar numa mobilidade mais segura. Confira.

Marco Zero- Qual é a forma ideal de circulação dos ciclistas nas ruas? Rafael Waltrick- Em um cenário ideal, teríamos uma ampla malha cicloviária que permitiria a qualquer ciclista trafegar em um espaço exclusivo, onde não houvesse contato direto com pedestres ou outros veículos. Não havendo isso, o ideal é que a bicicleta circule próximo ao meio-fio, no sentido da via, no lado direito. Lembrando que o Código de Trânsito Brasileiro exige que o motorista respeite a distância de 1,5 metro do ciclista – o que dificilmente é respeitado. Quais os acessórios indispensáveis para a bicicleta? E para o ciclista? O artigo 105 do Código de Trânsito Brasileiro (CTP) estipula que são equipamentos obrigatórios para bicicletas a campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, e espelho retrovisor do lado esquerdo. Apesar de não estar previsto no Código, o uso do capacete é tão ou mais essencial do que esses equipamentos.

Quais são as regras de trânsito para os ciclistas? O Código de Trânsito tem um preceito básico: veículos menores têm prioridade sobre os veículos maiores. Assim, no trânsito, as bicicletas têm prioridade em relação aos automóveis e os pedestres têm prioridade em relação às bicicletas. Isso significa que cada elemento do trânsito é responsável pelo elemento “mais fraco”. O Código de Trânsito, no artigo 58, que, nos locais onde não há ciclovias ou espaços exclusivos para ciclistas, as bikes devem circular na lateral da via, sempre no mesmo sentido do veículo. Em sua opinião, a cidade de Curitiba está preparada para que as pessoas passem a utilizar com frequência as bicicletas? Curitiba possui hoje cerca de 120 quilômetros de ciclovias ou ciclofaixas. É pouco, considerando o tamanho da cidade e as necessidades dos ciclistas. Além disso, originalmente, boa parte dessas ciclovias foram projetadas para ligar os principais parques da cidade, ou seja, visando ao uso para lazer. Assim, quem usa a bicicleta como meio de transporte é pouco atendido por essa malha e, assim, precisa se aventurar em meio aos carros, nas vias públicas.

Os ciclistas de Curitiba costumam respeitar as leis de trânsito? Ainda são muitos os ciclistas que não se preocupam em utilizar os equipamentos obrigatórios e aqueles indispensáveis. O ciclista só pode exigir respeito se também respeitar o espaço público, principalmente quando precisa dividir esse espaço com os pedestres. Sobre as ciclofaixas de lazer, você acredita que elas funcionam? Estão adequadas? Essa foi uma polêmica grande. A intenção até pode ter sido boa, mas a maneira como elas foram concebidas originalmente, ali no Centro, foi recheada de equívocos. Ao fim, as ciclofaixas de lazer apenas faziam voltas no Centro, sem levar a lugar algum. Elas foram colocadas no lado esquerdo da via, o que inclusive desrespeita o Código de Trânsito. E, por fim, limitar o uso a apenas um domingo por vez, algumas horas, parece piada com o ciclista. Cá entre nós, os ciclistas não precisam de uma “esmola” dessa. Não à toa, essas ciclofaixas de lazer já foram canceladas pela atual gestão municipal.

Alugar bicicletas pode ser uma alternativa interessante. Rafael Milani Medeiros um dos coordenadores do projeto explica que, em fase de testes, o biciletário localizado no Centro Cívico conta com 21 bicicletas para locação. Para a utilização do serviço, o usuário deve comparecer ao bicicletário portando documento com foto e cartão de crédito. Após o cadastro, o serviço estará disponibilizado em qualquer bicicletário administrado pela Bicicletaria.net; todos os dias, das 10h às 18h, em Curitiba, inicialmente nos pontos do Centro Cívico e Jardim Botânico. As bicicletas são exclusivas para Curitiba e possuem sistema de rastreamento. O bicicletário possui funcionários capacitados para orientações em qualquer ocorrência, acionada por telefo-

ne. Em caso de problema mecânico na bicicleta pode-se entrar em contato com o sistema que enviará um veículo que substitui a bicicleta por outra, no local em que o usuário esteja. Desde que foi implantado, o bicicletário tem crescido em demanda. Segundo os coordenadores, nos finais de semana, inclusive, as bicicletas estão sempre em uso. Cerca de 30% dos usuários retornaram para fazer um segundo uso desde o lançamento do sistema em 31/01/2013. Endereço: R. Conselheiro Raul Viana, nº 199 Centro Cívico, Curitiba – PR. CEP: 80530-170

Diego Gangas

Você conhece o bicicletário?

Bicicletário no Centro Cívico


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CULTURA

Café e a Segunda Guer

Brasileiro conta como viu de perto a destruição na Itália durante as ba Gabriel Eloi

Juliani Flyssak

O

Museu do Expedicionário, em Curitiba, fica ainda mais repleto de histórias nas tardes de quartas-feiras, quando aqueles que participaram da Segunda Guerra Mundial se reúnem para “trocar figurinhas”. Nas paredes e vitrines estão estampados diversos traços e memórias de uma das grandes batalhas do século 20. Há ainda fotos daqueles que já não estão entre nós, mas deixaram sua marca na história da Força Expedicionário Brasileira (FEB). A reunião dos pracinhas acontece como um café da tarde, normal. Para alguns visitantes, parece apenas uma convenção de velhinhos e nem passa pelas suas cabeças que ali está reunido o maior número de histórias incríveis da Segunda Guerra por metro quadrado. Alguns deles estão um pouco tímidos, outros um tanto tagarelas. Nem dá tempo de pensar em pegar um café e aproveitar as várias delícias que eles preparam, afinal, não é um

momento só deles, pois também querem dividir suas aventuras, embora a tal timidez curitibana faça com que poucos cheguem perto da improvisada sala de reuniões. O que não foi o nosso caso. Chegamos mais perto para ouvir o que eles tinham para nos contar. São expedicionários que viveram de perto a sensação da maior guerra do século 20, e acha que a gente pensou duas vezes antes de entrar (invadir, talvez) aquele banquete?

A máquina do tempo

Ao entrar no salão central do museu, encontramos as mais diversas fotos de expedicionários que passaram pela Itália no ano de 1944, quando o Brasil convocou vários voluntários para a guerra. Em meio a tantas histórias, contos inacabados, alguns até renovados (diríamos exagerados e aperfeiçoados com o tempo), uma das histórias nos chamou a atenção mais do que as outras. Vinha de um senhor baixinho, que vestia um macacão dos ex-membros da FEB. Seu nome é Eronides João da Cruz, mas esqueçam o João, pois ele não gosta muito. Parecia feliz com a nossa presença e, muito educado, começou a contar o que tinha acontecido com ele durante a guerra.

Sentamos nas poltronas perto da porta do salão, para não atrapalhar o café que ainda era servido. As fotos dos falecidos soldados paranaenses ajudaram muito a criar um clima de retrospectiva sobre o momento em que o Paraná enviou seus pracinhas. Eronides é como uma máquina do tempo e nos fez voltar para o ano de 1944. Ele já servia a Força Aérea Brasileira (FAB) em 1942. Sua ideia era ficar por dois anos, mas faltando quatro meses para encerrar o seu contrato, o Brasil declara guerra à Alemanha e as unidades militares começam a convocar civis e militares. Eronides se apresentou como voluntário para ir à guerra e formar o Primeiro Grupo de Aviação de Caça, com apenas 22 anos de idade. Lá ele era técnico de armamento. Pergunta se ele teve medo? Nem um pouco, pois de acordo com ele, “quando se é jovem, você não raciocina, não pensa muito nas consequências do que poderia acontecer. A própria juventude faz com que a gente perca esse medo.” Ele só foi “cair na real” quando percebeu os estragos que uma guerra pode fazer e isso somente depois

de ter pisado em solo italiano. “Opa, agora o negócio mudou de figura, agora eu estou na guerra”, lembra. A destruição na Itália já podia ser vista por ele antes mesmo de atracarem no porto. Nem chegaram direito e as marcas da guerra já estavam espalhadas diante de seus olhos. Navios afundados, fortes destruídos, soldados italianos e americanos mortos, a realidade da Segunda Guerra Mundial. “Estava tudo um caos, tudo de pernas para cima, tudo destruído. Aí sim, nós sofremos aquele impacto direto com a realidade.” Um dos maiores medos durante a viagem até a Itália foi a possibilidade de um bombardeio dos submarinos japoneses contra o navio que transportava os expedicionários brasileiros. O navio atracou bem cedo em Livorno, no norte da Itália. Lá ele presenciou o que a guerra faz com as pessoas. Famílias famintas, mal vestidas e várias casas destruídas. Mal desembarcaram e já eram abordados pelos cidadãos italianos, que pediam comi-

Opa, agora o negócio mudou de figura, agora eu estou na guerraEronides J. Cruz

da, abrigo e proteção. “Foi um choque para a gente no começo, mas com o tempo normalmente a gente vai se acostumando com a situação” comenta Eronides. O veterano de guerra nos conta sua história claramente. Hoje, com 91 anos, ainda lembra cada detalhe da guerra, tanto que quase deixou escapar como foi o seu treinamento antes de chegar na Itália. “Vou contar um pequeno segredo, o Brasil não tinha estrutura para o treinamento. O grupo de caça brasileiro precisou se agregar com a força aérea americana. Foram levados até o Panamá, para treinar cerca de cinco meses nas bases aéreas dos Estados Unidos. Os aviões armados do tipo P-39 e P-40 ficaram disponíveis para o treinamento dos brasileiros. Eronides conta que esse modelo de avião, no qual eles treinaram, não era capaz de destruir os fortes e instalações italianos ou alemães”. Foi então que surgiu a novidade; o lançamento do P-47 Thunderbolt. Exatamente aquele que está em exposição na frente do museu, como você já deve ter visto. É por causa dele que a praça é conhecida como “A Praça do Avião”. Não é uma réplica do caça americano, mas um exemplar (em bom estado) real de um avião que enfrentou várias batalhas durante o fim da Segunda Guerra. E ainda tem gente que vai lá para depredar esse monumento histórico.”

Juliani Flyssak

Casa do Expedicionário (Museu)


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rra Mundial no museu

atalhas da guerra Juliani Flyssak

O pracinha Eronides João da Cruz, 91 anos

vra que falasse um pouco sobre a rotina deles era cortada. Os pracinhas chegaram a reclamar com os oficiais, mas nada adiantou. Os meses passavam lentamente, sem quase nenhuma notícia da família.

Lurdinha

Lazer no front

Depois de mais um gole de café e uma bolacha, o veterano conta o que fazia no momento de lazer, porque, mesmo estando em uma guerra, os soldados tinham um dia da semana de folga, o day off. Eronides lembra que alugava uma bicicleta e ia pedalar. Quando chegava na praia encontrava outros soldados. Então, todos se juntavam para jogar futebol, mergulhar

ou apenas para conversar em um restaurante e comer pasta, a nossa macarronada, ou até mesmo carne, alimento de luxo na época. Quando escurecia, todos voltavam para suas respectivas bases. Mas também tinha vezes que Eronides trocava a praia para ir numa cidade perto dali, a 12 quilômetros de distância, Luca, que ainda preserva obras medievais. Mas a saudade da família cres-

cia a todo instante. “A comunicação era muito dolorosa”, conta Eronides com um semblante triste. Num tempo ainda sem internet, as cartas passavam por várias mãos antes de chegar até ele. Em 18 meses que ficou fora do Brasil, só conseguiu receber duas correspondências. Porém, nenhuma delas estavam completas. Tinham muitas frases rasuradas e rasgadas devido à censura. Qualquer pala-

O avião que conheceu a guerra Eronides nos acompanha até o pátio do Museu do Expedicionário e mostra com orgulho o avião que veio de longe. Ele, com ajuda de amigos, conseguiu trazer o P-47 Thunderbolt que foi usado na Segunda Guerra Mundial. Depois de 99 voos em combate, o veículo voltou sem nenhum tiro sequer. Com olhos nostálgicos, conta que quando estava na Itália, costumava equipar esse mesmo avião com munição. Todo ano, o avião passa por restaurações. Por isso, toda vez que passamos na frente do museu, vemos o P-47 em excelente estado. Mas nem sempre esteve assim. Esse avião conheceu a guerra em plena Curitiba. Apesar de ter sobrevivido durante as batalhas em território italiano sem qualquer dano, quando chegou no museu alJuliani Flyssak gumas crianças queriam ser pilotos e subiam nele. Já os vândalos queriam levar para casa as peças internas do veículo. Então, Eronides recolheu todas elas para poder suspender o avião, que agora está a dois meAvião P-47 Thunderbolt tros longe do chão e expôs original pertencente a FAB essas peças nas vitrines do durante a Segunda Guerra museu. Mundial

A história não para por aí, os outros ex-pracinhas já estavam de saída, as bolachas já acabaram e o café estava esfriando. Não só o café, mas a tarde curitibana nos abandonava para iniciar uma noite fria. O Museu estava prestes a fechar, mas, mesmo assim, Eronides nos leva para um passeio pelos corredores históricos da casa dos expedicionários. O local serviu como abrigo para os soldados que voltaram da guerra e com o apoio do próprio Eronides se transformou num museu. Várias peças que estão expostas lá pertenceram a vários soldados de diversas partes do mundo. Réplicas menores de tanques e aviões utilizados em combate, uniformes, um capacete alemão furado por um tiro de fuzil (imagina o estrago que fez na cabeça do nazista), armas, entre elas a “Lurdinha” e essa é uma história que vale a pena contar. Lurdinha foi apelido dado pelos expedicionários para uma MG-42, metralhadora do exército alemão. Quando dispararam contra eles, um soldado fez o seguinte comentário: “Esse disparo lembra a risada da minha namorada, a Lurdinha.” Desde então, ficou conhecida assim. Há fardas dos alemães, uma bandeira nazista, mapas da Itália e suas trajetórias, medalhas, jornais da época e um memorial para o soldado paranaense Max Wolf Filho, um dos grandes heróis na Itália. Morreu em 15 de abril de 1945, durante a Batalha por Biscaia, conhecida como “Terra de Ninguém”. Eronides lembra de fatos engraçados, como o soldado que namo-

rou uma americana e só sabia dizer “Yes, No, Yes...” até que um certo dia ela perguntou para ele “Let`s go walk?”(Vamos andar?) e ele, cansado de responder yes, disse “no” para a senhorita, que o chamou de louco e estranho. Além

Esse disparo lembra a risada da minha namorada, a Lurdinha -Relembra Eronides disso, contou o fato curioso do uniforme brasileiro, que se parecia com as fardas de prisioneiros alemães e as botas americanas que não serviam direito e foram preenchidas com jornais. Chegou a hora de se despedir dessa incrível máquina do tempo. Mas antes, ele nos mostrou o pátio do museu, onde está um memorial para os soldados que morreram em combate. Várias peças e veículos estão expostos na Praça do Avião, cada um com seu significado. O carro de combate (conhecido como tanque) que representa a FEB, um Obus (ou canhão alemão) simbolizando as conquistas da guerra, uma âncora e um míssil, homenageando a Marinha e o P-47 Thunderbolt, para lembrar a FAB. Eronides se despede da gente, deixando muita história na nossa bagagem e uma verdadeira lição de que a guerra não vale o preço de várias vidas. O Museu do Expedicionário tem tantas coisas para nos contar, grandes histórias de pessoas que vivenciaram os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial. Eles estão de braços abertos para nos receber e contar o que viveram durante os tempos difíceis na Itália.

SERVIÇO: Museu do Expedicionário fica no Alto da XV, na Praça do Expedicionário (bem fácil de achar, tem um enorme caça suspenso no meio do pátio). As visitas podem ser feitas de terça a sexta-feira, das 10h às 12h e das 13h às 17h. Nos finais de semana das 13h às 17h. Lembrando que quarta-feira os pracinhas se reúnem para um café a partir das 15h30. E não deixe de conversar com eles, pois saberá de muitas histórias.


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CIDADANIA

Por onde anda a gentileza?

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velho ditado diz que gentileza gera gentileza, mas será que com a correria do dia a dia as pessoas conseguem praticar pelo menos um ato de boa vontade diariamente como, por exemplo, abrir a porta do elevador, ajudar um idoso a atravessar a rua ou pedir desculpas no trânsito? São pequenos feitos que podem fazer toda a diferença na vida dos indivíduos. Segundo a psicóloga Liane Márcia, uma ação gentil é capaz de fazer bem tanto para quem a faz quanto para o receptor. Para a psicologia, a gentileza é explicada como um ato espontâneo, onde uma pessoa visa beneficiar a outra sutilmente, utilizando para isso normas de condutas que não estão explícitas. ‘’Na verdade, existem algumas regras para se conviver em sociedade, que não estão evidenciadas em leis ou normatizadas e segui-las é o que faz alguém ser gentil’’, disse Liane. Entre estes mandamentos implícitos pode-se citar o cumprimento de bom dia ao chegar a um local, ceder o banco para uma pessoa mais velha no ônibus, agradecer por um serviço prestado. Constantemente, as pessoas são afetadas pela gentileza ou a ausência dela. A telefonista Andréia Aparecida Pereira, 31 anos, acredita que ser gentil é um ato de educação que parte somente de pessoas educadas. Para ela, o mundo poderia ser muito melhor se os seres humanos se importassem mais com o próximo, mesmo que em pequenas coisas, sem esperar nada em troca. A recepcionista Larissa Carvalho, 21 anos, ressalta que receber um simples bom dia ou obrigado poderia fazer diferença no dia de qualquer um. “As pessoas poderiam ser mais educadas com os seus colegas de trabalho, ajudando sempre que preciso, auxiliando com as tarefas domésticas no ambiente familiar e mantendo a calma no trânsito’’, disse. Sandra Cristina Mendes, 34 anos, diz que costuma ser gentil, pois também gosta quando

Eder Figênio reclama da falta de respeito com os idosos nos ônibus.

portamento do ser humano desde 2009, os efeitos da gentileza podem contribuir para a longevidade das pessoas. E você, já foi gentil hoje? Este ato singelo pode aumentar o tempo de vida de alguém.

A frase mais famosa do Profeta Gentileza está exposta no Viaduto do Caju, no Rio de Janeiro.

queira passar isso adiante, ou seja, fazer o bem a outra pessoa, mesmo que seja um desconhecido. Um estudo realizado na Filadélfia, em 2010, onde um indivíduo se propôs a pagar a conta do restaurante para um estranho, sem avisar, fez com que terceiros se sensibilizassem e seguissem o mesmo comportamento. É um efeito dominó do bem, afirma Liane Márcia. Segundo uma pesquisa feita pela Universidade de Oxford, nos Estados Unidos, que estuda o com-

Um profeta gentil

A expressão ‘’Gentileza gera Gentileza’’ foi criada por José Datrino, um artista conhecido popularmente como Profeta Gentileza. Se estivesse vivo ele completaria em 2013, 96 anos. O pintor ficou famoso por fazer intervenções em muros, paredes, calçadas e pilastras, sempre escrevendo uma mensagem de delicadeza e educação, na cidade do Rio de Janeiro. Embora presenteasse os cario-

Larissa Carvalho, ressalta que pequenas atitudes gentis podem mudar o dia de uma pessoa

cas com dizeres de afabilidade, o Profeta nasceu em Cafelândia, na cidade de São Paulo. Segundo os seus familiares, o artista foi dono de uma empresa de transportes, mas sua vida mudou depois de uma suposta revelação que ele teve após o incêndio do Circo Norte-Americano, no estado Fluminense, e que deixou 400 mortos. A partir de então José mudou seu nome para Jozze Agradecido ou Gentileza e passou a residir nas ruas. Usando uma túnica branca e com barba comprida era considerado por muitos um senhor com distúrbios mentais. O auge de Jozze foi nos anos 80, quando fez diversas inscrições no Viaduto do Caju. A obra foi concluída somente no início da década de 90. Segundo historiadores, tais intervenções foram planejadas com cautela, uma vez que o ponto escolhido para promover a amabilidade entre as pessoas é estratégico. As expressões estão localizadas em uma área em que há fluxo intenso de pessoas chegando e partindo da cidade. Entre as mensagens escritas pode-se destacar: “Onde houver gentileza, haverá sempre um gesto que surpreenda. Amor se esconde nas coisas pequenas. E a amizade, nas atitudes que refletem maiores que a presença” “Em lugar de ‘muito obrigado’ devemos dizer ‘agradecido’ e em vez de ‘por favor’ devemos usar ‘Por gentileza’, porque ninguém é obrigado a nada e devemos ser gentis uns para com os outros e relacionarmo-nos por amor e não

Sandra Cristina costuma ser gentil com as pessoas, pois gosta que façam o mesmo com ela.

por favor.’’ O Profeta faleceu no dia 23 de maio de 1996, porém deixou um legado para a capital fluminense. Em 2000, as suas obras foram tombadas como patrimônio histórico da cidade, e todas as inscrições foram cuidadosamente restauradas, dando início ao projeto “Rio com Gentileza’’, que visa preservar as obras e a história desta figura pública. Além disso, o artista também foi homenageado na canção “Gentileza’’, da cantora Marisa Monte, onde ela diz: “Nós que passamos apressados pelas ruas da cidade. Merecemos ler as letras e as palavras de Gentileza.’’ Divulgação

Leal

Divulgação

Simone

alguém faz o mesmo por ela. Além disso, a assistente administrativa também destaca que, em alguns casos, um sorriso sincero pode ser considerado uma gentileza. Mas nem tudo são flores. Ao contrário da Sandra, muitas pessoas costumam deixar as boas maneiras em casa. É o que diz Eder Figênio, 26 anos, estudante de História, pois segundo ele é raro encontrar alguém cortês no dia a dia, principalmente nos ônibus lotados, onde cada um busca estabelecer o seu espaço. “O que me deixa revoltado é quando vejo um idoso em pé e um jovem sentado no banco preferencial, fazendo de conta que não está enxergando. As pessoas deviam ter bom senso neste tipo de situação’’, completa o estudante. Cientificamente, o ditado citado inicialmente é verdadeiro, pois a psicóloga explica que uma ação gentil pode causar no homem um efeito de momentânea ou prolongada felicidade, o que faz com que ele

crédito

Pequenas ações gentis podem ser o caminho para melhorar convívio social nas grandes cidades

O Profeta Gentileza ficou conhecido no Rio de Janeiro espalhando mensagens de amabilidade pela cidade.


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ESPECIAL

Foto: Divulgação

Uma homenagem ao rei do reggae Escrever uma legenda

@ TÁ NA WEB

Jéssica Santos

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filme sobre Robert Nesta Marley (o Bob Marley) traz ao público grandes revelações sobre o astro da música reggae. Do diretor Kevin Macdonald, o filme retrata a vida de Bob, com entrevistas exclusivas de seus familiares, filhos e amigos. Marley nasceu na Jamaica em 1945 e passou grande parte de sua infância em Trench town. Filho de um militar branco inglês com uma jamaicana negra, Bob era discriminado por ser “mestiço”. Aos 12 anos se mudou para Kingston em busca de uma vida melhor. A partir daí, as coisas começaram a mudar. Conheceu Rita Marley, com quem se casou um tempo depois e teve 4 de seus 12 filhos. Ele formou sua banda The Waillers, no mesmo ano em que a Jamaica passava por um momento de crise na política. Em 1971, Marley assinou contrato com uma gravadora, onde gravaria seus maiores sucessos,

Do the harlem shake (original)

Criatividade e muito bom humor não faltou para este vídeo dançante que bombou na internet: http://www.youtube.com/watch?v=8vJiSSAMNWw

Você deixou saudade...

Morreu no dia 06 de março o cantor e compositor Chorão, integrante da banda Charlie Brown Junior. Veja no link abaixo uma homenagem ao cantor. http://www.youtube.com/watch?v=uKS2mDKuPRA

CHARGE

O pastor polêmico

Foi ao ar recentemente o programa “De frente Com Gabi”, em que o pastor Silas Malfaia, líder da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, falou abertamente condenando o homossexualismo. Negou também as informações da revista Forbes que revela dados veiculados sobre sua renda. É ver para crer! http://www.youtube.com/watch?v=QaJa2tki_TM

Foto: Divulgação

Santos

um deles titulado “No woman no cry”. Por suas posições políticas e partidárias, Marley junto de sua esposa Rita e os Waillers sofreram um atentado enquanto descansavam depois de um ensaio. Acredita-se até hoje que possa ter sido planejado por partidos rivais, já que Marley possuía uma grande influência na política. Além de ser conhecido por seu talento e suas músicas dançantes, Marley era do movimento Rastafari que proclama Hailê Selassiê, o imperador da Etiópia como a representação de Jah ( Deus). Durante sua carreira, Bob acabou tendo câncer, gerado a partir de um machucado no pé enquanto jogava futebol. Os médicos optaram por amputar o pé de Marley mas como sua religião Rastafári não permitia, ele acabou morrendo aos 36 anos, em Miami. O filme sobre Bob Marley é uma ótima homenagem ao mais conhecido músico do reggae. Além de revelar a vida pessoal do ídolo, também nos faz viajar no tempo em que ele era vivo.

Foto: Divulgação

Jéssica

Aos que gostam de política e também para estudantes, segue abaixo uma lista dos blogs de jornalistas paranaenses que escrevem sobre o assunto e também sobre temas da atualidade. O primeiro blog é do jornalista Esmael Morais. Ele aborda temas importantes e relevantes, com um toque de seriedade em suas informações. Joice O segundo é do paranaense Fábio CampaHasselmannn na. É um blog mais culto e traz notícias sobre a política não só do Paraná, mas do Brasil e do mundo inteiro. O terceiro blog é do também paranaense Zé Beto. Além de política, ele fala de cultura, utiliza do bom humor, e mostra fotos de sua caminhada por Curitiba. Indico também o blog da apresentadora do “Paraná No Ar”, Joice Hasselmann, que escreve mais sobre notícias que acontecem no Paraná. Em seu programa, a paranaense “ esculacha” a política do nosso país e ainda opina sobre diversos assuntos. http://www.esmaelmorais.com.br/ http://www.fabiocampana.com.br/ http://jornale.com.br/zebeto/ http://www.blogdajoice.com/

Foto: Divulgação

A política aos olhos dos paranaenses


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ENSAIO FOTOGRÁFICO

Paredes do tempo Um olhar por trás das grades

Claudia Bilobran

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ara quem vê um presídio pelo lado de fora, não imagina como é sombrio o que se passa em seu interior. Dentro de celas que muitas vezes não comportam o grande número de detentos, muitas pessoas dormem, fumam, desenham, conversam, sonham com uma vida de liberdade, fazem planos para um futuro que pode não chegar e até amigos. Em 2009, tive a oportunidade de registrar algumas imagens do centenário do presídio do Ahu, em Curitiba, desativado em 2006. Por trás das grades e pelas paredes das celas, restaram os grafites e desabafos daqueles que passaram por lá.

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