Há Gente no Museu!

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Hรก Gente no Museu!

Hร GENTE NO MUSEU!



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Hรก Gente no Museu!

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Espectáculo

Livreto

Direcção Artística e Encenação

Coordenação de Edição:

Pedro Giestas

Pedro Nobrega

Dramaturgia:

Texto:

Patrícia Fernandes (Severi)

Patrícia Fernandes

Revisão Cientifica

Fotografias:

Pedro Pina Nobrega (MMSV)

Joao Miranda, Maria Fernanda Ferreira, Joana

Actores da Severi

Domingues, Beatriz Fernandes

Barbara Costa

Edição:

Mario Silva

Museu Municipal de Sever do Vouga

Natalia Fernandes

Depósito Legal:

Patrícia Fernandes

461856/19

Paulo Cruz

ISBN:

Ricardo Almeida

978-989-54601-0-6

Vania Bastos Fotografia de Cena Joao Miranda (Severi) O Espectaculo estreou a 18 de Maio, Dia Internacional

Outubro 2019

dos Museus, no ambito da Noite dos Museus e 3º Aniversario. Esteve em cena nos dias 16 de Junho, 28 de

www.museudeseverdovouga.pt

Julho, 25 de Agosto e 29 de Setembro.

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A oferta cultural diversificada, inovadora e diferenciadora é um dos pilares em que assenta a governação municipal. Pretendemos encarar a Cultura, não pelo seu lado elitista, necessariamente redutor, mas antes na sua verten-

te o mais possível abrangente, fazendo-a chegar a todos os estratos etários e sociais, com especial enfoque nas Famílias. Por esta razão, o Município de Sever do Vouga integra, com orgulho, a rede dos Municípios Familiarmente Responsáveis, promovendo, nos seus vários equipamentos culturais, acções da mais variada índole, com a inestimável participação da comunidade severense. Foi na prossecução deste desiderato que surgiu a ideia de lançar à SEVERI – Associação Cultural de Expressão Dramática, o desafio de dar vida e voz ao valioso espólio exposto no Museu Municipal. Aceite o repto, foi a ideia baptizada com o tão simples como sugestivo nome de “Há Gente no Museu”, apa-

drinhada pelo Pedro Nóbrega, coordenador do Museu, e pela própria SEVERI. Trata-se, em boa verdade, de uma viagem no tempo, corporizando a ideia de proporcionar aos visitantes um Museu Vivo, desmistificando, ao mesmo tempo, a noção de se tratar, apenas, de um local onde se encontram expostas, de forma arrumada e sistemática, as várias peças que compõem o seu recheio. “Há Gente no Museu” insere-se, assim, naquela filosofia de trazer Gente para o Museu, que se quer das pessoas e para as pessoas, proporcionando a vivência, através de uma feliz e conseguida recriação, das várias épocas que marcaram, e marcam, a já longa história severense. O êxito desta iniciativa do Museu Municipal superou, é justo dizê-lo, as expectativas mais optimistas e constitui um desafio, desde já assumido, de lançar mãos à obra para futuros eventos, no pleno convencimento de que, assim agindo, estaremos a trilhar o caminho certo para poder proporcionar, aos severenses e a quem nos visita, uma visão inovadora, mas concisa, da história e do património deste concelho que tanto amamos. José Manuel Almeida e Costa, Vice-Presidente da Câmara Municipal

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O Museu Municipal é um espaço interactivo, feito por pessoas e para pessoas. Não é apenas um amontoado de objectos do passado. É parte viva da comunidade severense.

À Patrícia Fernandes, pela forma como soube interpretar a nossa ideia e lhe deu corpo num texto cheio de vida e humor.

Para o Dia Internacional de Museus de 2019, o Conselho Internacional de Museus escolheu como tema: Museus como plataformas culturais: o futuro da tradição.

Ao Pedro Giestas, que com a sua experiência como actor e encenador, mas também na arte de levar o teatro às comunidades “do interior”, soube dar forma a cada uma das personagens e construir um espectáculo que fizesse jus ao feliz título “Há Gente no Museu!”

Foi a partir destas duas premissas que olhámos para a comunidade severense e reconhecendo o caminho feito pela jovem e jovial associação Severi, lhe lançámos o desafio de ser nossa parceira.

A cada um dos extraordinários actores da Severi. À Bárbara, ao Paulo, à Patrícia, ao Ricardo, à Natália, à Vânia e ao Mário, que, mês após mês, com o seu talento, faziam ressurgir cada uma das personagens.

Em boa hora o fizemos e em melhor hora, a Severi o aceitou!

Ao Miranda, da Severi, que não sendo actor esteve sempre presente apoiando e captando imagens!

O desafio era exigente: criar um projecto artístico que desse vida às peças e à história e estórias que elas guardam. Um projecto para miúdos e graúdos, que soubesse ser mediador entre o conhecimento histórico e o público. Um projecto em que o público não fosse mero espectador, mas também parte dele.

A todos aqueles, que foram passando a palavra e divulgando este projecto. Por fim, tudo se deve à comunidade, para a qual trabalhamos, e, que, ao longo destes meses de Verão aderiu a esta proposta e foi enchendo o Museu espectáculo atrás de espectáculo.

Cinco espectáculos depois com mais de duas centenas de participantes, podemos dizer que o desafio foi amplamente superado!

O Museu Municipal está ao serviço da comunidade e para ela orienta a sua acção! É um espaço onde a criatividade pode ser conjugada com o conhecimento. Um equipamento que transforma a sua acção para que se torne cada vez mais próximo da comunidade!

Este êxito deve-se em primeiro lugar à Severi Associação Cultural de Expressão Dramática, que sendo uma juvenil e jovem associação, tem trilhado um caminho de sucesso levando a cultura junto dos severenses. Um caminho que não é só espectáculo, mas também trabalho de proximidade e de compromisso para com a sua comunidade.

Um Museu onde há Gente! Pedro Pina Nóbrega, Museu Municipal

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Curta mas intensa. Tem sido assim a história da Severi neste percurso que iniciou em 2017, que juntou pessoas de todas as freguesias e que tinha o sonho de fazer de Sever do Vouga uma terra de teatro, com hábitos culturais cada vez mais enraizados. O nosso pontapé de saída superou as nossas expectativas e elevou, e muito, a nossa responsabilidade no concelho... Sem nos apercebermos, a Severi passou a ocupar uma boa parte da nossa agenda, mas, mais do que isso, tornou-nos uma família e é isto que, sem dúvida, nos faz continuar e lutar em prol de um projeto que consideramos de todos os severenses. E aí fomos nós… da comédia ao drama, com criações próprias, envolvendo a comunidade, associando-nos a causas sociais e agregando, também, os mais novos, num grupo juvenil, o nosso futuro.

aqui o começo. Depois, vem o que chamo de magia: Os atores da Severi que souberam vestir a sua personagem com alma e acrescentaram muito, muito mais do que as didascálias presentes no guião; o Pedro Giestas, encenador, que consegue ver o espectáculo na sua cabeça, antes dele nascer e em poucos ensaios tirou o “Há Gente do Museu” do papel e deu-lhe vida própria; o Pedro Nóbrega, diretor do Museu, que nos acolheu de braços abertos e pensou em cada pormenor. Foi o primeiro a sonhar este projeto e foi o principal pilar para o tornar realidade. O “Há Gente no Museu” foi assim um amor à primeira vista para cada um de nós. Mas hoje, depois, dos cinco espectáculos realizados, de sentirmos o público tão perto, sem palcos, ou barreiras, ali, sendo um de nós, podendo, a qualquer momento, dar uma deixa e fazer parte da cena... Hoje, hoje podemos dizer que o “Há Gente no Museu” é um dos amores das nossas vidas, da vida da Severi!

Era mais ao menos este o ponto da situação quando fomos desafiados pelo Museu Municipal para criarmos um projeto artístico para apresentar nesse espaço. Soubemos logo que seria arrojado, que iria exigir muito de cada um de nós, mas, na verdade, não hesitamos. Mergulhámos, sem olhar para trás.

Estamos felizes. Acreditamos que unir esforços e potenciar respostas em prol do mesmo objetivo é, de facto, uma forma eficaz de potenciar o nosso concelho. Saudamos, assim, a Câmara Municipal e o Museu Municipal por esta iniciativa e pelo repto lançado à nossa associação. A Severi terá sempre disponibilidade para abraçar desafios e projetos culturais em prol do desenvolvimento do nosso território.

Não foi difícil encontrar a inspiração no Museu Municipal, um espaço que nos diz tanto, que é, no fundo, parte de cada um de nós, severenses. Como ponto de partida tínhamos a história e as estórias e, portanto, trabalhámos num guião que conseguisse transmitir alguns conceitos científicos, mas que fizesse rir. Que mostrasse a história, mas que fosse próximo. Em suma, que chegasse com facilidade a todos.

É esse o nosso propósito! | Patrícia Fernandes , Severi

Com um licor de mirtilo na secretária, foi quase num sopro que o “Há Gente no Museu” nasceu. Estava

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Durante os ensaios. 10


Quem é Quem?

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Bárbara Costa é a Olívia, a empregada de limpeza. Brin-

Patrícia Fernandes é a Eva, a estagiária inteligente, mas

calhona, desajeitada, sem papas na língua, esperta, mas

desajeitada, tímida e insegura. Vai assumir a visita na au-

pouco culta. Vem diariamente limpar o museu e é sur-

sência do doutor Pedro, director do Museu.

preendida com uma visita que não contava. Mantém amizade com as personagens que ganham vida no museu. Na vida real, Bárbara Costa é “psicóloga de formação e clínica por especialização e adoração”. Devota de causas sociais e nos quês e porquês que implicam. Tem na Encosta da Oliveira o seu sonho de menina e loucura de adulta. Na vida, viciada em bons corações! Foi na Faculdade que teve o primeiro contacto com o teatro, ao frequentar um grupo de psicodrama.

Estudou Comunicação e Jornalismo, que exerce, e está agora a estudar Dramaturgia e Argumento.

A sua paixão pelo teatro, nasceu ainda nos bancos da Escola, em Sever do Vouga, onde fez parte do Grupo de Teatro. Sócia fundadora da Severi, integrou antes o grupo de teatro da Jovouga, em Cedrim. Além de representar, escreveu e encenou algumas das várias peças levadas a cena por estes dois grupos. Participou, como actriz, nas peças "Textículos à Vista", "O

Fim procura-se", “Bem-Vindos a Cedrim”, "Uma família dos

É membro fundador da Severi, tendo participado nas

Diachos" e "ClanDestinos", na Jovouga; e "Há Fantasmas

peças "Há Fantasmas na BelaVista" ; "Dou Mais Tempo à

na Bela Vista", "O Sangue dos Inocentes - Um drama de

Vida"; "O Sangue dos Inocentes - um drama de SeVer"

SeVer", "Auto da Barca do Inferno”, e "Há Gente no Mu-

"Há Gente no Museu" e “Auto da Barca do Inferno" .

seu", na Severi.

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Paulo Cruz é o Doutor Mateus. Arrogante, inteligente,

Ricardo Almeida é o Richas. O pré-histórico que vive no

perspicaz e culto. No final descobre-se que é professor

Museu e ganha vida durante a noite. Vai apaixonar-se

universitário e veio avaliar a Eva.

pela Eva.

Formou-se em Economia e Finanças, sendo gestor de

Formou-se em História na “cidade dos Estudantes”, sen-

uma empresa do ramo reparação automóvel.

do professor desta disciplina.

Foi jogador de futebol, uma das suas paixões, ao longo de

Começou a fazer teatro aos 12 anos, muito por culpa da

mais de duas décadas.

professora Helena Nogueira, que lhe meteu o bichinho. Desde aí, foi sempre a somar... Além de ter frequentado

Na sua terra natal, Cedrim, presidiu aos destinos da Jo-

a disciplina de oficina de teatro durante o ensino básico,

vouga, onde pela primeira vez pisou o palco em 2012. A

no secundário, por opção, juntou-se ao clube de teatro.

sua direcção foi responsável pela criação deste grupo de

Aí participou em diversas peças de teatro.

teatro que recuperou uma tradição de outras gerações na colectividade. Aqui participou nas peças "Textículos à

Na Severi, participou nas peças "Há Fantasmas na Bela

Vista", "O Fim procura-se", "Bem Vindos a Cedrim", "Uma

Vista", "Dou Mais Tempo à Vida", "O Sangue dos Inocen-

família dos Diachos" e "ClanDestinos".

tes - Um drama de SeVer", "Há Gente no Museu" e "Auto da Barca do Inferno".

Sócio fundador da Severi, aqui participou em "Há Fantasmas na Bela Vista", "Dou Mais Tempo à Vida", "O Sangue dos Inocentes - Um drama de SeVer", "Há Gente no Museu" e "Auto da Barca do Inferno”.

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Natália Fernandes é a Preciosa, uma mulher detentora

Vânia Bastos é a Fernanda. Uma jovem leiteira, enérgica,

de um saber incalculável, fruto da sua experiência de

inocente e bem disposta.

vida! Muito orgulhosa e persistente! Gosta de ajudar os

Em 2010 licenciou-se em Serviço Social na “cidade do

outros.

Lis”, actualmente é técnica comercial no Jornal Beira Vou-

É Enfermeira no Centro de Saúde de Sever do Vouga,

ga.

especializada em Saúde Mental e Psiquiatria e também

Já em tempos da escola secundária, chegou a participar

em Saúde familiar.

em teatros disciplinares, um dos que mais a marcou foi a

Desde criança, que tem gosto pela arte... Na escola pri-

dramatização do livro “Lua de Joana”.

maria de Ribas, Carvalhais, S. Pedro do Sul, recitava poe-

No ano 2017 integrou na Severi onde participou nas pe-

sia, dançava e cantava nas festas de final de ano. Partici-

ças "Há fantasmas na BelaVista"; "Dou Mais Tempo à

pou no festival da canção Inforjovem de Viseu e no Se-

Vida"; "O Sangue dos Inocentes - um drama de SeVer",

cundário, integrou o grupo de dança "House Music". Foi,

"Há Gente no Museu" e “Auto da Barca do Inferno". Mais

ainda, solista, na TUCAP, Tuna da Casa Pessoal do Hospi-

do que representar, o teatro tornou-se num grande desa-

tal de Aveiro, de 2008 a 2016. Actualmente integra o

fio.

grupo “SOVOZES”. A representação surge com a participação de vários projectos com a comunidade, em Sever do Vouga. No Grupo de Teatro da Severi, participou nas peças: "Há Fantasmas na BelaVista" ; "Dou mais Tempo à Vida"; "O Sangue dos Inocentes - um drama de SeVer", "Há Gente no Museu" e

“Auto da Barca do Inferno ".

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Mário Silva é Natalino. O Mineiro misterioso, nostálgico,

Pedro Giestas dirigiu e encenou a peça.

simples e ligeiramente triste.

Nasceu em Vouzela em Abril de 74. Cedo começou a su-

Formado em História, além de professor, na escola local,

bir ao palco para cantar, dançar, tocar e fazer teatro.

tem levado a cabo actividade de investigação em história

Aos 15 anos dirigia um grupo de crianças e montava pe-

local, não só em Sever do Vouga, como, também, na sua

quenas peças de teatro.

terra natal, Montemor-o-Velho.

Depois de terminar a licenciatura em Teatro e Educação

O amor levou-o até às Terras de Santo Estevão, Couto de

na Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, conti-

Esteves, que adoptou como suas, e onde tem uma inten-

nuou a fazer teatro e a montar peças em particular com

sa acção cívica na comunidade, nomeadamente nas duas

grupos de teatro amador um pouco por todo o país.

associações locais, LANCE e ACSCE.

Vive em Lisboa, onde dirige o projeto Teatro Invisível,

Em 2017 integra a Severi, onde já participou nas peças

fundado há 15 anos, com o objectivo de resgatar as me-

"Há Fantasmas na Bela Vista"; "Dou Mais Tempo à Vida";

mórias do teatro e alimentar a nossa identidade cultural.

"O Sangue dos Inocentes - Um Drama de SeVer"; "Há

Considera-se um saltimbanco, um Bululú.

Gente no Museu"; e "Auto da Barca do Inferno".

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Há Gente no Museu!

Na ausência do director do museu, a visita será guiada por Eva, uma estagiária e Olívia a empregada das limpezas, sob o olhar atento de um visitante muito exigente, Dr. Mateus. Pelo Museu várias figuras vão ganhando vida para, na primeira pessoa, partilharem pedaços da nossa herança. Primeiro um pré-histórico romântico, depois, duas despachadas leiteiras e finalmente um mineiro. A pré-história, a romanização, a produção leiteira, o Vouginha, a exploração mineira e os mirtilos são alguns dos temas abordados nesta performance teatral, numa trama dinâmica e animada que quer aproximar os severenses do território.

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I À espera do Dr. Pedro

(A cena começa na entrada do Museu... A Eva circula de um lado para o outro, vai falando individualmente com as pessoas, explicando que a visita está ligeiramente atrasada. Na sala está também o Dr. Mateus que vai demonstrando a sua impaciência. Chega a empregada de limpeza com um balde, esfregona, vassoura, pá, panos e detergentes.)

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Olívia - Boas, mas o que e que se passa aqui? O que e que este pessoal esta aqui a fazer hoje? Mas esta tudo maluco? Eva - Olívia, isso pergunto-lhe eu a si, mas o que e que esta aqui a fazer? Olívia - Entao, vim limpar o Museu, ou pensam que isto se limpa sozinho… Eva - Mas agora? Nao viu a escala... vamos começar uma visita. Olívia - Ai e? Olhe, eu nao tenho nada a ver com isso... So vim fazer o meu trabalhinho, nao estorvo a ninguem. Temos e que despachar isto, que a novela começa daqui a nada... e hoje e um episodio especial... Eva - (Ri-se ironicamente) Estamos um bocado atrasados… O Doutor Pedro nunca mais aparece… Olívia - Ai, ca para mim, a menina e que se enganou na data… o doutor Pedro e um santo, nunca, nunca, se atrasa! Mas va, eu nao tenho nada a ver com isso… Os senhores vao se chegando para aí que vou ja passar aqui o paninho… Depois nada de pisar! Eva - Desculpem la, este pequeno inconveniente… E so mais 5 minutinhos… Olívia – (para a Eva) O menina, enquanto esta aí, pegue no paninho e va limpado aqui o vitral. Cuidado, para nao riscar… E o senhor aí… (para alguém do público) se nao se importar, pegue aqui na pa e apanhe aqui este lixinho… (Vai distribuindo paninhos pela assistência). Dr. Mateus - Desculpe la, mas isto nao tem jeito nenhum… Nunca vi isto em lado nenhum... Olívia - Oh mau, mau… nunca viu uma pa e uma vassoura? Nao me diga que teve que vir para o museu para ver? (Eva vai recolhendo os paninhos, pedindo desculpa, pega no carrinho das limpezas e sai para arrumar tudo) Olívia - Ora bem, o doutor Pedro nao vem, se calhar e melhor fazer a visita … Dr. Mateus - Ou isso, ou tragam o livro de reclamaçoes que assinamos todos! Olívia - (Bate palmas para chamar a atenção) Ora bem.. Conheço isto como a palma das minhas maos… Entao, sejam bem-vindos ao Museu Municipal de Sever do Vouga… isto e muito bonito e vao gostar muito… e tipo um hipermercado, tem coisas numa especie de prateleiras… mas e so para olhar… Basicamente, sao pessoas que nao gostam de deitar as coisas ve-

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lhas fora… e pediram o favor de guardar aqui… E Pronto… e tudo muito bonito mas da um trabalho dos diachos a limpar… Dr. Mateus - Olhe desculpe, mas a senhora e maluca… Tem noçao que esta aqui a nossa historia, as nossas origens… Olívia - Pois o nome… O nome nao lhe sei dizer… mas e capaz de estarem pra aí essas todas de que fala…. Bem, (arregaça as mangas e fala com grande segurança) Começo por vos falar deste calhau (marco miriamétrico)… isto, basicamente, trouxeram para aqui… porque… e rectangular… e isto com jeitinho, dando a fome, ate da para fazer de mesa! Era para ficar mais ao fundo… mas era tao pesado que ficou para aqui… Dr. Mateus - (Escandalizado) Tem noçao que isso e um marco miriametrico... Olívia - O homem, ja lhe disse que nao sou muito boa com nomes… mas se diz que e do Miro qualquer coisa… ele que o leve… Se o conseguir arrastar… Comigo e que nao conte! Eva - (Regressa, ainda mais nervosa) Ai o doutor Pedro, ainda nao veio…. Olívia – Nao e eu fui adiantando isto… ja lhes fui explicando o que era este calhau… isto nao tem nada que saber… Ora vamos la ver, se aprenderam a liçao… este senhor aqui (apontando para o Dr. Mateus)… entao como e que chama este pedregulho? Dr. Mateus - (Sem grande paciência) Um marco miriametrico!!! Usado no início de cada estrada e a cada dez quilometros… Eva - Isso mesmo… Esta aqui, simbolicamente, porque representa o início da nossa visita e quer ser tambem o ponto de partida para, depois desta visita, partirem a descoberta do nosso territorio… Olívia - Acho que caíram mais depressa na historia dos piqueniques, mas pronto… Eva - Ah? Olívia - Nada, nada…. Eva - Desculpem que e a primeira visita que estou a fazer… mas, vai correr bem… e o doutor Pedro tambem deve estar mesmo aí e ja vos tira as duvidas… Vamos entao continuar… Para a primeira sala, onde vamos ver um vídeo sobre o nosso lindo concelho.

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II Na sala do Territรณrio

(Os convidados entram na prรณxima sala. A Eva vai convidando-os a entrar e sentar)

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Eva - Muito bem… Em Sever do Vouga nos temos um rico patrimonio cultural e natural, mas, mais do que isso, destacamos a hospitalidade e a sabedoria das nossas gentes! Como nos demonstra este vídeo. (Olívia senta-se com os convidados expectante. O vídeo começa a dar, ficando desiludida quando vê qual é o vídeo) Olívia - Ai e este vídeo? Oh, ja estou fartinha de ver isto... (Levanta-se e começa a limpar) Va, levantem os pezinhos que eu assim vou dando uma varredela! Dr. Mateus - O minha senhora, pode parar quieta, por amor de Deus? (Enquanto o filme passa, Olívia vai comentando o filme. Os comentários são todos desapropriados. O Dr. Mateus e a Eva mostram-se incomodados. Eva olha repetidamente para a porta, na expectativa que o Dr. Pedro chegue, o que não acontece. Fica cada vez mais nervosa. A acção termina no fim do filme, com Olívia a ressonar.) Olívia - (Adormecendo) Roooooooom! Eva - (Reage rapidamente) Olívia, Olívia Olívia... (Olívia acorda e volta ao seu lugar, naturalmente) Eva - (Desesperada) Bem... Eu peço imensa desculpa mas... Vamos ter que cancelar a visita... Eu nao consigo continuar... No proximo domingo... a mesma hora, continuamos. Desculpem la qualquer coisinha... Vamos, com certeza arranjar uma maneira de os compensar... Pedia para começarem a sair... Pedimos desculpa pelo inconveniente... Dr. Mateus - Isto e uma pouca vergonha, vim eu de tao longe, de proposito, porque me falaram tao bem deste museu e agora isto… Eu vou ja por aqui uma crítica muito negativa no facebook do Museu! Eva – Oh, por favor nao faça isso… por amor de Deus… Olívia - (Retira um frasquinho de licor do bolso da sua bata) Va menina… tome este licorzinho de mirtilo, beba isso… Bote a baixo… Beba tudo o que puder… Aqui tambem dava jeito o raio do pedregulho, para pousar isto… nao pensam nas coisas… Dr. Mateus - Afinal fazemos a visita ou nao… Eu nao estou para isto, se fosse para ver palhaços tinha ido ao circo…

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Olívia - O homem, credo… mas que mau humor… Parece o meu Tonio, quando a comida e peixe cozido com legumes…. (Eva hesita, mas acaba por ceder e bebe o licor de mirtilo) Olívia - Ai, caraças… agora vai ou racha… ai catano! Estava habituada a beber leitinho, agora, quero ver! Eva - Vamos entao continuar a visita! (Diz, mudando radicalmente de tom. Feliz, calma e sorridente... como se o licor tivesse um efeito milagroso. Segue para a próxima sala a cantarolar).

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III Pré-história

(São convidados a prosseguir. A visita tem nova paragem junto à prateleira)

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Eva - Entao, entao, entao… meus queridos pre-historicos… Olívia - Pode parecer, mas nao vos esta a chamar de burros… Eva - (Muito alegre, depois de ter bebido o licor) Bem ha uma porrada de anos ja havia pessoal a viver aqui… O que estao aqui a ver sao achados no sítio de Rodo, em Couto de Esteves… Ora 3x3 10 + 5 33… Ora os achados tem entre 14/ 10 mil anos. Dr. Mateus - Da Idade do Gelo portanto, os homens entao circulavam pelos vales dos rios… Olívia – Deviam rapar um frio… Dr. Mateus – Eram nomadas e viviam da recolecçao, presumo... Olívia - Eram o que? Este homem nao bate mesmo bem! Eva - Olívia… Eles viviam daquilo que a terra lhes dava… entendes? Nao cultivavam nem produziam… o que os obrigava a andar de um lado para o outro, de um lado para o outro… Comiam folhas, raízes… Olívia - Isso e que era bom para o Tonio… Perdia aquela barriga em tres tempos… isso de andar de um lado para o outro e que ja nao ia achar tanta piada… se bem que ele tambem e assim, casa cafe, cafe casa… Dr. Mateus - Tem que falar com esse tal de doutor Pedro para ver se ele arranja aí um cantinho para por o seu marido tambem no museu… vejo que ele tambem e um grande achado… Olívia - Esta a ver, começa a ganhar confiança com a gente e ja se mete connosco o maroto…. Eva – (Fazendo sinal para que Olívia se cale) Por falar em calhaus… vou-vos mostrar este seixo… Dr. Mateus - (Pega no seixo) Espectacular! Era um genero de canivete suíço da altura… Permitia cortar, raspar a gordura e alisar a pele de um animal. Permitia tambem moer cereais. Picar com a ponta afiada. Bater com o couto. Olívia - Era quase como os telemoveis de agora, tambem da para fazer tudo! E duravam mais… (A viagem continua, nova paragem, junto ao esteio) Eva - Vamos dar um saltinho na historia… (Olívia dá um salto)

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Eva - Um salto de alguns milhares de anos... Olívia - Entao era capaz de ser um salto maior… Eva - Tipo a Patrícia... Mamoa.... Ahaha! Percebeste a piada?! Olívia - Que tambem nao e boa com nomes? Dr. Mateus - Fez uma analogia com um monumento dessa epoca, era um monumento funebre… um cemiterio… um local de culto e de muito relevo… Na altura, as pessoas eram enterradas em monumentos muito grandes feitos de pedra, daí chamarem-se megalíticos. Estes monumentos tinham toneladas e exigiam um grande esforço. No concelho existem cerca de 40 exemplares. Olívia - Passavam fome e nao tinham onde cair mortos… mas morrer era a grande! Que gente estranha… quando morrer so sei que vou deitada! Eva - Estamos em 3500/3000 A.C. Dr. Mateus - Entao os povos ja eram semi-nomadas? Olívia - Ja comiam mais qualquer coisinha era? Ja faziam uma boa feijoadita? Dr. Mateus - Ja se fixavam aqui na Primavera e Verao. Praticavam a agricultura e ja utilizavam a ceramica... Eva – (Para Olívia) Nao te preocupes, que nao passavam fome: (mostrar uma ponta de seta e encabar uma ponta seta num cabo de madeira) Ves? Olívia - Isto bem atirado a certas cabeças, era um grande feito! (Prosseguem a viagem. Pelo caminho, passam pelas pinturas rupestres. O Dr. Mateus comenta) Dr. Mateus - Arte Rupestre… so nao sabemos o que e que pintavam… seriam as estrelas? (Param logo a seguir, onde está uma estátua que ilustra um pré-histórico imobilizado) Eva - Ora mais um saltinho no tempo, uns 2500/2000 entramos na chamada Idade dos Metais. Dr. Mateus - Aqui ainda nao comiam certamente uma feijoada como a da Olívia, mas com a melhoria da produçao agrícola, houve melhor alimentaçao e aumento da populaçao. Praticavam a agricultura nos vales e começam a ocupar os pontos altos, como o Castelo em Cedrim, o Castro da Pena ou Rocas. Ocupam pequenos povoados rodeados por pequenas muralhas de

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pedra amontoada. Aqui ja nao sao todos iguais, e isso nota-se no que usam. Uns eram mais importantes que outros, começam a surgir as elites. Olívia - Credo, estava quase adormecer, parece uma enciclopedia... Se sabe tudo, veio aqui fazer o que afinal? Ou afinal nao sabe nada e e um grande aldrabao... diz o que lhe apetece... e como nos nao pescamos nada disto... engana-nos bem! Eva - Menos Olívia, o senhor esta a fala muito bem... Continuando... Começaram a haver relaçoes comerciais e tambem amorosas com outras comunidades. Estas comunidades eram pequenas e se começassem a casar uns com os outros extinguiam-se!!! Olívia - Imagino, aquilo devia ser pior que no Governo... era primos com primos, filhos com pais... Dr. Mateus - Se calhar limpava com mais empenho o po ... Eva - Bem, lindas historias de amor aconteceram e eu aqui encalhada… Ora aqui esta uma estatua que ilustra muito bem, como era o Homem nesta altura... (Richas, o pré-histórico, acorda com gesto brusco, assustando o resto das personagens) Dr. Mateus - Mas que brincadeira mais infantil e esta? Estao a gozar com quem… Olívia - Olhe quando levar com uma seta na tromba e for enterrado numa mamona, ou mamoa ou la como se dizia cova antigamente… depois aí gozamos nos! Richas - (Começa a cheirar e a meter-se com o Dr. Mateus) Guuuuuuuuuuuuuuuuuuuuarrr! Eva - O meu deus, isto vai ser fantastico, para ver se consigo finalmente acabar o estagio … O senhor… Olívia - Pedregulho Richas - (Aproxima-se com olhar assustador) Olívia - Pedregulhinho! Aaaaaaaaaaaaaaaai Pedregulhao! (Richas prepara-se para destruir uma prateleira) Eva - Por favor nao me faça isso, ai, o que e que eu digo ao doutor Pedro… Dr. Mateus - Estou farto desta palhaçada… Ouça la mas quanto e que lhe pagam para fazer esta palhaçada? Eva - (Tentando chamar a atenção do pré-histórico) Ele mal disposto… tu, bom. Se nao o lar-

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gares… Eu problemas… Dr. Pedro zanga-se… Eu rua… (Richas abraça a Eva carinhosamente) Olívia - (Impede com o espanador) Alto e para o baile… mas estamos a onde? Ainda dizem que antigamente e que era… que pouca vergonha… Va, vai dormir que amanha falamos melhor? Eva - Como assim?! Olívia - Cruzes, e uma maneira de falar! Eva - O que e que eu faço, acho que estou a ficar apaixonada por um pre-historico… Olívia - Congela ou dou-te com a esfregona! (Richas volta a petrificar) Dr. Mateus - E este colar aqui? Nao e o que esta na Sala do Tesouro do Museu Nacional de Arqueologia? Eva - (Depois de uma pausa em que está distraída, a observar o pre-historico) E um colar de ouro achado em Vila Seca, Nespereira, Rocas do Vouga… Richas - (Volta a acordar) E meu… pa ti… Eva - Oh! Porque e que ja nao se fazem homens assim? Olívia - Va.. Isto e tudo muito bonito… mas vamos continuar a visita… antes que isto de para o torto… depois arranja-se uma roupa ao calhauzito e vao ali ao Cortiço jantar… Mas aviso ja menina, que escusa de se fazer de esquisita… que ele come como um alarve… (Pré-histórico volta a ficar estátua e prosseguem a viagem, rumo à romanização)

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IV Romanização

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Dr. Mateus - Vejo que aqui tambem foi terra de romanizaçao, pena tantos anos depois ainda haverem aqui tantos barbaros, neste caso barbaras... Olívia - Apanhei-o, e Olívia! Tambem nao e bom com nomes! Ahahaha! Eva - (Arregalando os olhos a Olívia) Cereais, Vinho, Azeite e Minerio... foram os produtos que mais apreciaram na Península Iberica. Olívia - Lamboes... Eva - Em Sever do Vouga o Minerio....foram descobertos varios vestígios, junto as minas da Malhada... Olívia - (Atende o telemóvel muito alto) Tou Tonio ah? Sim, ainda ca estou... Esses catanos abriram hoje o museu, e ainda ca estou... Comeste tudo homem? Tu ve la... a minha maior vergonha era ver-te magrinho... enfezadito... Tenho que desligar que esta aqui o senhor ja a bufar... amo-te meu bolo de bacalhau!

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V A FĂŠ

(De passagem, no corredor das alminhas)

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Eva - A cultura religiosa, tambem sempre muito presente... Com centenas de alminhas no concelho! (Pausa) Vamos falar agora de uma das actividades economicas que teve mais destaque no concelho: O leite!

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VI Produção Leiteira

(Vão chegando à sala duas mulheres. Que vão falando, como se ninguém estivesse na sala. Só começam depois de as pessoas entrarem e estarem devidamente instaladas)

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Olívia - So espero que elas estejam de bom humor, hoje... Dr. Mateus - Quem? Olívia - O senhor nao e de certeza! Olhe que o Museu tem aqui uma maquina de lavar muito jeitosa (referindo-se ao Pipo), tenho que começar a trazer para aqui a minha roupa... A minha la em casa avariou e tenho que lavar aquilo tudo a mao! Fernanda - Entao Preciosa... como e que isso vai? Preciosa - Ai vou carregadinha... isto levar 50 litros a cabeça e um castigo, isto ja me custa... As pernas ja nao sao as mesmas... Fernanda - Nao seja assim, mulher, sempre a mandar vir com tudo... Preciosa - Olha, ontem sonhei que daqui a uns anitos todos tinham carro... andavam com carros para todo lado... ate para descer uma rua usavam um carro... Fernanda - Diz cada coisa... haviam de ficar bem cheiinhos... assim dados a boa vida! Preciosa - Ate me ri, quando acordei... Olha que eu para trazer o leite aqui a Cooperativa tenho que andar muito... (Pegando na botelha) Entao a tua botelha esta tao leve? Assim tambem eu! Fernanda - (Atrapalhada) Olhe, hoje nao trago muito leite... trago o da minha maezinha e dez litros da Ti Zilda... A Vaca da Lurdes diz que amuou e que nao da mais leite... Ela bem diz... O pinta, pinta... esta queda... Mas ela vira e da logo um coice... Preciosa - Ai, senhor, eu nunca vi tal... Pelo menos vens mais ligeirinha... mas ca para mim a historia e outra... Fernanda - Ai, raposa velha... a si ninguem lhe engana! Eu em si confio... O que e que voce quer... Passou o Julio na rua, disse-me bom dia e eu olha, dei um tombo tao grande que deixei virar a botelha... Agora vou ter que ouvir da minha mae, com certeza! E ela ja me disse que ele nao e homem para mim... Ela queria que eu me casasse com o de la de Irijo, diz que faz bom dinheiro... tem dez vacas leiteiras! Preciosa - Espera, nao precisas de lhe dizer, eu dou-te aqui um bocadinho do meu leite... que hoje trago a mais... a vaquita nova aquilo ate da gosto... aquelas tetas parecem uma fonte, faz me lembrar eu quando tive a minha Joana Rita... O Zezito ja nao mamou assim...

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Fernanda - Fico-lhe muito agradecida... Sendo assim, dou-lhe um bocadinho de manteiga... tenho que levar para a minha avo que nao passa sem comer um pao duro com manteiga todos os dias... E depois ainda tenho que ir ate aos Amiais, passar o rio e levar umas manteigas para Ribeiradio...E realmente muito saborosa... a manteiga da nossa terra! Preciosa - Pudera, as nossas vacas sao uma categoria... nao e a toa que a manteiga se chama “delícia”! Fernanda - Voltando as historias das maquinas... Olhe que a coisa mais bem feitinha e esta desnatadeira comprada pelo Visconde de Nandufe. Preciosa - Ai, diz que e a primeira maquina industrial do país... Fernanda – Parece que veio de França directamente para Sanfins... Preciosa - E tu ja sabes mexer nisso? Eu tenho um medo de estragar o leite... Fernanda - Esta a ficar velhota Preciosa... Isto e assim (mostra como se faz) Depois a nata e colocada no pipo e batida e ja esta! Preciosa - As coisas que tu sabes Fernandinha, es mesmo despachada! Fernanda - Tenho mesmo muito orgulho na nossa terra... Voce sabe que a Cooperativa do Couto e a mais antiga do país? Ja viu a importancia, mulher? Preciosa - Outra vez com essa conversa... sabes perfeitamente que a de Sanfins e que e a mais antiga... Mas sera possível, o menina... Tu la tens idade para te lembrar... Fernanda - Nao me lembro mas a minha maezinha bem o sabe... (Começam a discutir, as outras personagem reagem) Olívia - O Preciosa, Fernandita... entao outra vez com essas guerras... caramba mulheres... da proxima vez, vou contar ao doutor Pedro... Eva - Entao, mas quem sao estas? Dr. Mateus - Duas maluquinhas com certeza... Olívia - Olhe, veja la como fala destas duas senhoras... Eu queria ve-lo com uma botelha destas a cabeça... nao podia empinar assim o nariz, se nao entornava o leite... Dr. Mateus - Mas ela tambem e parva ou esta a fazer-nos, a nos, de parvos... Eva - Bem, vamos continuar... que ainda tenho que ir jantar... Em resumo... As cooperativas

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deram origem a federaçao Lacticoop e por fim, a empresa Lactogal, quando abriu o mercado europeu. A fabrica esteve em Sanfins ate 2008... Preciosa - Isso nao interessa, queremos e saber: Isto começou no Couto ou em Sanfins afinal? Eva - Pois, nao sabemos muito bem... Olívia - Voces tambem sao casmurras... O que interessa e que os produtos: o leite e a manteiga tem o nome de “Gresso” que e o rio que passa pelas duas freguesia... e ponto final... enterra -se assim a guerra! Dr. Mateus - (Para Preciosa) Ai posso comer da sua manteiga? Olívia - Eu nao quero aqui migalhas... e va, isto esta visto... vamos la circular que tenho muito que limpar! Eva - Tens que me explicar bem esta historia... (As duas leiteiras ficam em estátua de costas voltadas)

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VII Vouguinha

(Avanรงa-se para a sala seguinte)

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Eva - Parte da historia de Sever do Vouga e tambem o nosso saudoso Vouguinha... Que facilitou a mobilidade das pessoas e o escoamento de bens... Olha por exemplo... muitas embalagens de manteiga seguiam por comboio... Olívia - Aí tambem ha uma outra guerra entre freguesias... tipo essa da cooperativa... Eva - Muito bem Olívia, e isso mesmo. Demorou trinta anos entre o 1º projecto e a inauguraçao. Pelo meio discutiu-se se passavam na margem esquerda ou se na margem direita. Ja se sentiam rivalidades entre as duas partes do concelho. Vingou a margem esquerda e foi construída um dos ex-libris do concelho, a Ponte do Poço de Santiago. Com 28 metros de altura e um arco central com um vao de 70 metros. Uma das maiores feita em pedra. Olívia - Ninguem para Cedrim, ninguem para Cedrim... ninguem para Cedrim alleeez-hooo! Claro que ganhamos nos “os do outro lado do rio”, nos somos rijos! Nos ao pequeno almoço comemos o pao que o diabo amassou... Comemos os queques da vila se for preciso!!! Dr. Mateus - Que selvagens... Meu Deus... Ve-se mesmo que nao sabem estar em sociedade... Eva - Comboio, estavamos a falar da nossa linha do Vale do Vouga, que hoje e uma ecopista! Olívia - Ai, ainda me lembro de ir com o meu Tonio a Viseu de Comboio... Pouca Terra, Pouca Terra uuuh, Pouca Terra, Pouca Terra, Pouca Terra uuuh... Demorava... mas o que e que importava, entre um e outro amasso, nem davamos pelo tempo passar... Dr. Mateus - A sua vida dava um museu... na realidade.... e a iluminaçao quando chegou? Eva - Ja no seculo XX. A primeira iluminaçao publica da vila tinha apenas 10 lampadas!!! Olívia - Ui, ui, aquilo devia ser cada apalpao...

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VIII Exploração Mineira

(O espaço das minas está totalmente às escuras com cortinas pretas a tapar os acessos. Antes de entrar na sala.)

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Eva - Vamos falar, agora, dos nossos complexos mineiros... Aqui no Museu estao retratadas as Minas do Braçal e Malhada... Estas Minas obtiveram a primeira concessao do país em 1836. Dr. Mateus - Segundo sei, tiveram, depois, varios períodos de laboraçao. Sendo o ultimo no seculo XX. Chegaram a empregar 700 trabalhadores. Exportavam sobretudo para a Alemanha e Inglaterra. Em 1972 foi vendida toda a maquinaria para a sucata e depois os terrenos e edifícios... Olívia - Ate da pena... ver assim as ruínas, como estao nos nossos dias... O meu avozinho trabalhou la! Diz que nao eram tempos faceis... mas quando fala das minas... os olhos brilham... parece um lampiao! Eva - Convido-vos a entrar numa mina que recriamos! A ideia foi do doutor Pedro... o que sera que lhe aconteceu? Olívia - Va, entrem com cuidado... e por falar em lampioes... cuidado com as toupeiras! (Os visitantes entram na próxima sala, onde será recriado o ambiente natural de uma mina. O espaço fica escuro... a única iluminação é dada pelo mineiro. Segue-se o monólogo protagonizado pelo mineiro) Natalino - Sempre me fez impressao a luz... Forte, segura... Atravessava os meus olhos e cegava-os... (Olhos arrepiam) Sempre preferi a sombra... Onde a miseria nao se vi-a, onde eramos todos iguais... (Tralteia a seguinte quadra) Triste sorte a do mineiro Anda debaixo do chao Cai-lhe uma barreira em cima Nao precisa de caixao. Cantavamos. Cantavamos em qualquer ocasiao... As vezes era alegria, outras vezes solidao, outras era tristeza... Outras nao era nada, era so porque ja era habito cantarmos... As minas eram duras, mas eram quem nos dava o pao... e por isso facilmente me habituei... 12 escudos, 12 escudos por dia...

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Conduzíamos vagonetas, lavavamos o minerio, nao era facil, transformar a galena em lingotes de chumbo... Minha Santa Barbara... Todos os dias eras a minha companheira... De manha, pedia-te para me levares de novo para casa, para ouvir de novo as gargalhadas daqueles pequenos... A noite, agradecia-te por ter vivido mais um dia... (Pausa) Vi amigos ficar na mina... Oito horas na mina, sempre no escuro... os meus olhos foram-se habituando... O meu coraçao nao... Batia, batia, batia... As vezes parecia que ia sair ca para fora... parecia o promotor de uma revoluçao... Quando punham aquelas dinamites... achava sempre que ia rebentar... Sobrevivi e tive a sorte de ver os meus meninos tornarem-se homens... Nem todos se podem gabar do mesmo... Quando penso nas minas... Sei que vao achar estranho... O que sinto e saudade... Saudade do tempo em que as forças nunca me deixavam... De quando saia da galeria e sentia aquele ar tao puro nos meus pulmoes... Tinha vontade de agarrar o mundo... e agarrei-o muitas vezes... Agarrar o mundo para mim era, por exemplo, dançar com a minha mulher na desfolhada da aldeia... Viver exige simplicidade e era assim que vivíamos naquelas minas... Havia camaradagem... Aqueles minutos em que engolíamos a bucha... cada historia... cada gargalhada! Eramos um por todos e todos por um! Conheço as entranhas da terra como ninguem... Foi la que vivi e e para la que um dia vou voltar... (Petrifica)

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IX Mirtilos

(A viagem continua para o corredor dos mirtilos)

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Eva - E terminamos assim a nossa visita... Dos mirtilos... Sabem a historia bem melhor do que eu... Dizem que quem os come com regularidade e jovem para sempre! Olívia - Isso e bem verdade, eu ja tenho 40 e muitos e ninguem me da mais de 30... E sabem o que e que eu faço? Esmago os mirtilos e ponho na pele... depois passo por agua ardente e ja esta! Dr. Mateus - Ela estava a falar de comer mirtilos...nao de desperdiçar mirtilos! Olívia - Tambem gostei muito de o conhecer (estende a mão ao Dr. Mateus e ele acede)

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X Fim da visita

(As personagens alinham-se Ă frente dos visitantes.)

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Olívia - Estes sao os meus amigos que me acompanham todas as noites, quando venho limpar o museu! Preciosa - Tal como todos os objectos que aqui se encontram, nos somos guardioes da memoria... Fernanda - Nos somos, parte de vos... Natalino - Porque este e um museu cheio de historias, um museu de pessoas para pessoas! (Chega o doutor Pedro) Dr. Pedro - Entao doutor Mateus, e desta que a nossa menina Eva consegue o canudo? Dr. Mateus – E sim senhor, portou-se muito bem! Parabens, e oficialmente arqueologa! Eva - Ai, meu deus, nao acredito! Finalmente! Finalmente! (Chega o colaborador com um ramo de flores e dirige-se ao pré-histórico) Colaborador - O senhor e que e o senhor Richas? Chegou este ramo para si! Richas - (Para Eva) Jantar Cortiço? Depois estrelas! Dou-te estrelas! Olívia - Tenho educado este menino tao bem! (Eva aproxima-se e aceita as flores) Eva - Claro que sim! Vamos a isso!

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Os Parceiros

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Museu Municipal O Museu Municipal de Sever do Vouga e um centro cultural dinamico, comprometido em contar a historia de um territorio, divulgando os seus patrimonios e elementos de interesse cultural e etnografico, mas tambem um local onde se investiga, se protege e se da a conhecer os patrimonios de Sever do Vouga. Faz uma abordagem a arqueologia em Terras de Sever, ao patrimonio industrial e mineiro, a etnografia e praticas culturais, as maravilhas naturais proprias do territorio e a sua dedicaçao aos pequenos frutos (com destaque para o mirtilo); suportado numa colecçao museologica unica, e com recurso a novas tecnologias.

O Museu Municipal incorpora nas suas colecçoes nao so achados arqueologicos, como tambem peças relacionadas com as actividades economicas que marcaram o nosso concelho nos seculos XIX e XX. Na exposiçao permanente, atraves de um discurso contemporaneo, fluido e dinamico, o visitante pode conhecer a evoluçao do tempo e destas terras, atraves de um colecçao que vai desde artefactos arqueologicos do paleolítico inferior, passando por Roma ate aos objectos industriais das Minas do Braçal e Malhada ou das cooperativas que se dedicavam aos lacticínios. A par da exposiçao da permanente, o Museu tem acolhido e organizado algumas exposiçoes temporarias. Premio APOM 2016 – Informaçao Turística.

www.museudeseverdovouga.pt

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SEVERI Associação Cultural de Expressão Dramática de Sever do Vouga E uma associaçao juvenil, inscrita no RNAJ. Fundada a 27 de Março de 2017, dia Mundial do Teatro, engloba pessoas de todas as freguesias do concelho. O Grupo principal da SEVERI foi criado em Setembro de 2017 e estreou-se em Janeiro de 2018. Actualmente tem 13 elementos. Tendo como objectivo a pedagogia teatral, em 2019, a SEVERI criou um Grupo de Teatro Juvenil. Actualmente conta mais de 20 crianças e jovens dos 6 aos 16 anos.

Nas suas produçoes, a SEVERI trabalha frequentemente com a Comunidade. Um conceito de integraçao, inclusao e democratizaçao as artes que visa a promoçao de processos criativos de proximidade, dando voz a comunidade. “Teatro de Causas” e uma marca criada pela SEVERI, no ambito da qual tem desenvolvidos varios projectos que, por um lado pretendem abordar atraves do teatro algumas problematicas importantes para a sociedade e por outro contribuir e colaborar com causas sociais. Ao longo deste curto, mas intenso, percurso a Severi ja desenvolveu varios projectos, contando ja com varias criaçoes proprias: "Ha Fantasmas na Bela Vista", "Dou Mais Tempo a Vida", "O Sangue dos Inocentes - Um drama de SeVer", "Ha Gente no Museu", "Auto da Barca do Inferno” e “Salvar Sever: Missao 2119”. www.severi.pt

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Fomos notĂ­cia!

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Disseram sobre nรณs!

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Veja toda a informaçao sobre este projecto, incluindo o vídeo do espectaculo, em

http://www.museudeseverdovouga.pt/ha-gente-no-museu/

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Hรก Gente no Museu!

Hร GENTE NO MUSEU!


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