Série todos os homens do rei 02 cavaleiro do prazer(3)

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Roché? Eu lhe digo que ele está tramando algo. Precisamos averiguar o que é antes que seja tarde demais. Tarde demais? Já era tarde demais para ela. Mas Linnet tinha razão. Estava se descuidando do seu dever. Se De Roché estava trocando de lado, devia tratar de fazê-lo mudar de ideia. Estava cansada até a medula, no entanto, e não sabia como ia fazer isso. — Vou me vestir e cumprir com o meu dever – disse para Linnet. Seu futuro parecia negro, e ser a esposa de um traidor era um item que ela não queria acrescentar à lista de cargas que já tinha. Como se fosse um sinal, alguém bateu à porta no instante no qual acabou de se vestir. Ouviu sussurros e, em seguida, François apareceu diante dela. Ele devia ter crescido um palmo desde que Stephen o trouxera de Falaise naquele dia. Da noite para o dia, ele havia passado de criança a jovem beirando a idade adulta. — É muito bom lhe ver de pé, Lady Hume – disse com voz nova e profunda. – Sente-se melhor? — Estou bem, obrigada. – Sentia-se um pouco melhor depois de ter comido. – Linnet me disse que você tem notícias que preciso ouvir. — São sobre Lorde De Roché – disse François. – Linnet e eu acreditamos que ele está conspirando contra o Rei Henrique. Bem tarde da noite, ele se reúne com os homens na saleta, onde nenhum dos criados pode ouvi-los. — Isso não significa nada – protestou Isobel. — No entanto, nós dois estávamos nos arbustos do lado de fora da janela e ouvimos – disse Linnet. Por Deus, o que é que aqueles dois andaram fazendo?! Isobel sentiu uma onda de culpa por ter sido tão negligente. — Não ouvimos muito, – admitiu François – mas eles falaram sobre o Rei Henrique e... — Sobre Borgonha e o Delfim – terminou Linnet por ele. — Então eles estavam falando sobre política? Atualmente os homens não falam de outra coisa. Tenho certeza que De Roché está fazendo o que prometeu. Persuadir os homens a apoiarem o Rei Henrique. Os gêmeos sacudiram a cabeça ao mesmo tempo. — De Roché falava como se quisesse cuspir cada vez que dizia o nome do Rei – disse François, como se com isso resolvesse o assunto. Embora Isobel não tivesse nenhum motivo para desconfiar daquelas reuniões noturnas, a certeza demonstrada pelos gêmeos a inquietou. Será que De Roché havia mudado de lado? Para saber, teria que se encontrar com ele no salão e perguntar quem eram os convidados dele. A simples ideia de vê-lo fazia suas mãos suarem e a garganta secar. Não obteria nenhum benefício, no entanto, com o adiamento do inevitável. Pôs-se de pé. — Vou falar com ele, agora. — Tem mais uma coisa que a senhora precisa saber – disse François. Ele não tinha acabado ainda? Quase que falou bruscamente com ele, mas notou que o rapazinho estava olhando para o chão e arrastando os pés. — O que é? Pode dizer – disse, tocando-lhe o braço. A voz de François soou tão baixa que ela teve que se inclinar para ouvi-lo. — Ninguém na cidade sabe do seu noivado. — Não pode ser – disse ela. – A esta alturaos avisos já devem ter sido lidos na igreja pelo menos uma vez. François negou com a cabeça, depois olhou de novo de soslaio para a porta, como que ansiando escapar.


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