Jornal Brasileiro de História da Medicina-JBHM V17 n 1

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renal, reverteu a resistência inicial e renovou o

formar pontes através da dupla hélice do DNA,

interesse na química deste composto e outros

impedindo a duplicação do mesmo, que por sua vez é

estreitamente

relacionados.16

Consolidou-se

o

essencial para a divisão da célula.

tratamento adjuvante nas fases iniciais da doença.

Há a relevância de quatro grupos de droga em

Com a cisplatina, pela primeira vez consegue-se,

teste para o tratamento do câncer: imunoterapia

exclusivamente pela quimioterapia, a cura de pacientes

(anticorpos monoclonais), os radiofármacos, os

com doença metastática – no caso, com câncer de

inibidores da tirosina quinase (TKI) e os lipossomas.

testículo. Abre-se uma possibilidade diferente, que até

O mais discutido atualmente são os inibidores da

então, além da cirurgia, só existia a curieterapia como

tirosina quinase (TKI), em que o envolvimento de

tratamento – a irradiação dos tumores por meio de

proteínas quinases no desenvolvimento e manutenção

agulhas de platina carregadas de radium.

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de tumores malignos humanos pode ocorrer por vários mecanismos. Sua função tem papel essencial no

Panorama futuro dos fármacos oncológicos

processo

de

apoptose,

proliferação

celular,

Está em estudo o desenvolvimento de

metabolismo do glicogênio, neurotransmissão e

nanopartículas, que são modificadas para carregar o

oncogênese, e a desregulação ou superexpressão de

medicamento apenas para as células cancerosas,

proteínas quinases está associada a doenças como

permitindo assim um tratamento mais específico para

asma, câncer, desordens cardiovasculares, diabetes,

estas células de forma a não atacar partes saudáveis do

doenças do sistema nervoso central, entre outras.

corpo.22 As nanopartículas carregam ácido fólico,

Atualmente os lipossomas ocupam uma

umas vitaminas consumidas por células cancerosas, e

posição de destaque no tratamento de câncer.

assim se tornam “atraentes” para elas. Um pigmento

Encontram ainda largo emprego como transportadores

fluorescente e óxido de ferro magnetizado também

de

fazem parte das nanopartículas, o que permite que

antimicrobianos. Dentre os principais nanocarreadores

médicos acompanhem em imagens ópticas ou em

utilizados na terapia do câncer, as nanopartículas de

imagens de ressonância magnética a evolução do

lipossomas representam uma das classes mais

tratamento no tumor.

avançadas dos sistemas de liberação controlada, sendo

O desenvolvimento dessas nanopartículas também pode ser utilizado para a identificação de câncer. Se o corpo não tem tumores, as nanopartículas

imunobiológicos

e

de

medicamentos

que já existem várias nanopartículas lipossomais no mercado e outras ainda em estudos clínicos.25 Os

radiofármacos

são

utilizados

nos

não se ligam ao tecido doente e, portanto, são

diagnósticos auxiliando na obtenção de imagens a

eliminadas pelo fígado. E em se tratando de complexos

partir da detecção da radiação proveniente do paciente.

metálicos, atualmente o agente alquilante mais

O procedimento, não invasivo, possibilita avaliações

utilizado é a cisplatina, o único antineoplásico que

anatômicas, morfológicas e funcionais. Já o uso

contém um metal pesado. Os cloretos ligados ao metal

invasivo tem sido um importante aliado no tratamento

podem ser facilmente substituídos por grupos aminos.

de patologias como o câncer, visto que o radiofármaco

A cisplatina reage com os aminoácidos guanina para

é depositado no órgão ou tecido alvo, absorvido apenas

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