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VIII. Inovações Introduzidas e Grandes Eventos Corporativos
1. OS ÍNDICES DE BOLSA CAPÍTULO VIII. INOVAÇÕES E EVENTOS RELEVANTES
A existência de um ou mais índices de bolsa, através dos quais os investidores possam analisar o comportamento do mercado bolsista, é um importante factor para o reconhecimento público de uma Bolsa de Valores, quer a nível nacional, quer ao nível das praças financeiras internacionais.
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Quando se quer ter conhecimento do comportamento dos mercados bolsistas de uma país, de uma região, ou até de um continente, os investidores procuram saber dos índices das respectivas Bolsas de Valores. E Bolsa que não tiver índice, está fora do “radar” dos grandes investidores …
Mais uma vez a BVM veio a responder aos desafios do mercado, e durante o ano de 2019, veio a lançar 3 índices de Bolsa, cujo escopo está definido na sua própria designação: o BVM Global, o BVM Acções e o BVM Obrigações.
PONTOS
2 500
2 374
2 000
1 500
2 101
BVMGLOBAL
1 909
1 702 1 771
1 422 1 540 2 087
1 000
504 601 706 927 1 035 1 198
605 589 730 1 108
943 BVMOBRIGAÇÕES
594
500
0
1 22 28 83 82 89 284
201 83
270 429
331
234 270 277 322
446 468 479
BVMACÇÕES
369
330
287
1999 2001 2003 2005 2006 2009 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022-3T
Fonte: BVM, 2022
Estes índices reflectem a evolução do mercado bolsista relativamente ao seu espaço amostral (o mercado global, as acções, as obrigações), como também os diversos factores que influenciam a sua evolução: a entrada de novos títulos, a suspensão ou exclusão de outros, as amortizações parciais ou totais dos títulos de Dívida, a variação na cotação dos títulos, os aumentos ou as reduções de capital social das empresas com títulos cotados, a % das acções das empresas cotada na bolsa, entre outros. Para uma melhor compreensão da sua metodologia, a BVM promoveu uma publicação sobre esta matéria: “Os Índices BVM”.
2. TERCEIRO MERCADO: UM NOVO MERCADO BOLSISTA
No seguimento da estratégia de proximidade constante da Visão Operacional e Estratégica da BVM 2017-2019, e de um dos seus objectivos em termos de atracção de novas empresas para o mercado bolsista, e na adequação de soluções formatadas para a realidade do sector empresarial moçambicano, a Bolsa de Valores lançou em 2019 um novo mercado bolsista: o “Terceiro Mercado”.
O Terceiro Mercado é um mercado alternativo aos mercados bolsistas já existentes na BVM (MCO - Mercado de Cotações Oficiais e o SME - Segundo Mercado), ao qual muitas empresas não conseguem ter acesso pela falta dos requisitos necessários para a sua cotação, nomeadamente dois: (1) a dispersão accionista exigida para o MCO e o SME (15% e 5%, respectivamente, da categoria de acções a ser cotada) e (2) a auditoria às contas das sociedades (que em Moçambique não é obrigatória para a generalidade das sociedades, mas que o é para o MCO e o SME).
Este novo mercado bolsista – Terceiro Mercado – vem permitir a essas empresas que possam vir para Bolsa de Valores, tendo um prazo de 2 anos (extensível a 3 anos se devidamente justificado), para completarem os requisitos em falta. Durante o período da sua permanência no Terceiro Mercado, e pela sua proximidade com a BVM, esta irá prestar-lhes o necessário apoio para completarem esses requisitos.
Uma vez completados os requisitos de admissão à cotação em falta, essas empresas ascenderão a um dos dois mercados oficiais, o COM – Mercado de Cotações Oficiais ou o SME – Segundo Mercado, de acordo com a sua dimensão empresarial e o nível dos requisitos alcançados. Durante a sua permanência no Terceiro Mercado, as empresas cotadas estarão obrigadas à prestação de informação (“disclosure information”) como qualquer outra empresa do MCO e do SME, com excepção da referente aos requisitos em falta.
A REVIMO – Rede Viária de Moçambique, SA, foi a primeira empresa a cotar-se no Terceiro Mercado, em Janeiro/Março de 2020, pela totalidade do seu capital social, 660 milhões MT, representado por 66 mil acções de valor nominal de 10 mil MT. Nesse mesmo ano,a REVIMO, dispersou 30% das suas acções em 2 operações bolsistas, valorizando de imediato as suas acções em 27,5% acima do seu valor nominal. Tendo em conta que no momento de admissão à cotação, a REVIMO ainda
não tinha completado um exercício económico, a mesma não tinha os seus resultados financeiros auditados (veio a tê-los já em em 2020 e 2021). Actualmente, a não dispersão das suas acções pelo público em geral, é que determina a sua continuidade no Terceiro Mercado, mas a empresa tem todas as condições para, no breve prazo, cumprir com este requisito e passar ao Mercado de Cotações Oficiais.
Em 2021, mais 2 empresas foram cotadas no mercado bolsista da BVM, e mais uma vez, através da sua entrada para o Terceiro Mercado, pelo que este mercado bolsista parece estar a ser “a porta de entrada das empresas para a Bolsa de Valores”. As últimas 2 empresas cotadas no Terceiro Mercado foram a sociedade 2Business, SA, em Junho de 2021, e a sociedade PAYTECH, SA, em Outubro do mesmo ano.
Dos parceiros de cooperação consultados, nacionais e internacionais, a criação do Terceiro Mercado foi vista como um factor catalisador da atracção de muito mais empresas para o mercado bolsista, e como factor concorrente para a inclusão financeira das empresas e do seu empoderamento económico.
3. VISITAS CORPORATIVAS: ESTRATÉGIA DE PROXIMIDADE COM O MERCADO, O EMPRESARIADO E OS CIDADÃOS
No âmbito da Estratégia Nacional de Inclusão Financeira 2016-2022, do Programa de Educação Financeira da BVM 2017-2019 e 2020-2024, e da Visão Estratégica e Operacional da BVM 2017-2019 e 2020-2024, foram desenvolvidas diversas acções e iniciativas (apresentações, palestras, visitas) com o objectivo de dar a conhecer aos agentes económicos locais as vantagens e benefícios do mercado de capitais e da bolsa de valores, procurando promover a adesão do sector empresarial ao mercado bolsista.
O Presidente da BVM, Salim Cripton Valá, acompanhado de uma equipa técnica multidisciplinar da instituição, visitou 9 das 11 Províncias do País entre 2017 e 2019. Com o surgimento da pandemia do Covid-19, e o estabelecimento de medidas de contenção e prevenção, em prol dos cidadãos e da saúde pública, as visitas foram interrompidas já não permitindo a visita à província de Manica (a Cidade de Maputo não fazia parte das Províncias a visitar, dado que é nesta Província que se situa a sede da BVM). Estas visitas da Bolsa de Valores de Moçambique às Províncias do País foram as acções de maior impacto em termos de Educação Financeira da BVM.
O programa da visita era organizado pelo Governo da Província, nomeadamente pela Direcção Provincial de Economia, privilegiando a interação com os intervenientes mais relevantes - Governo Provincial, Administradores Distritais, Empresários, Comunidade Académica, Comunidade Estudantil, Jovens Empreendedores, Mulheres Empresárias, e Movimentos da Sociedade Civil, acompanhadas de visitas a projectos de interesse económico nos mais diversos distritos da província.
Durante o contacto com a Província, a BVM instava os membros do Governo Provincial a encorajarem os Empresários locais a aderirem à Bolsa de Valores, como forma de dinamizar a economia da Província, dar a conhecer o potencial da região, dar maior visibilidade as empresas e divulgar melhor as iniciativas do sector empresarial.
Assim, no ano de 2017 foram realizadas quatro visitas estruturantes às Províncias de Cabo Delgado, Tete, Maputo e Sofala, e reforçada com acções pontuais nas Cidades de Maputo, Xai-Xai, Chókwè (Província de Gaza), Cidade de Nampula (Província de Nampula), Distrito de Namaacha (Província de Maputo), Cidade de Inhambane, distrito de Inhassoro (Província de Inhambane), Distrito de Vandúzi (Província de Manica) e Província de Sofala e Cabo Delgado.
No ano 2018, prosseguiram as visitas de trabalho, desta vez às Províncias de Gaza, Zambézia, Nampula e Niassa, para a divulgação dos produtos do mercado de capitais e o papel, vantagens e serviços da BVM, tendo-se mantido encontros com os dirigentes das Províncias, a capacitação de dirigentes e quadros dos sectores económicos, workshops com os empresários de grande dimensão, capacitação de jovens e mulheres empreendedores e PME´s, palestras em Universidades e Institutos Técnicos e escolas secundárias de nível médio, bem como a visitas a empresas localizadas em 3 ou 4 distritos de cada província, para divulgar informação sobre a Bolsa de Valores e convidar as empresas a listarem-se na Bolsa. Como resultado dos trabalhos realizados com os empresários das províncias, várias empresas manifestaram o seu interesse na admissão à cotação em Bolsa.
Em 2019, foi realizada foi visitada a Província de Inhambane (distritos de Massinge, Murrombene, Vilankulo, Cidades de Maxixe e Inhambane), e efectivadas acções pontuais junto da Cidade de Nampula e outras. Em 2020, por força das restrições decorrentes da pandemia da Covid-2019, a BVM ficou impossibilitada de prosseguir com as visitas corporativas às empresas.
Para além da divulgação da informação e promoção da captação de empresas para o mercado as visitas tinham outros objectivos:
Estabelecer contactos com empresas com potencial e interesse para se cotarem na BVM e transmitir confiança ao empresariado nacional de que o mercado de capitais está preparado e direccionado para todas as empresas;
Disseminar produtos do mercado de capitais, os serviços oferecidos pela BVM e a sua importância na dinamização da economia moçambicana;
Apresentar as diferentes alternativas de financiamento disponíveis no mercado de capitais que tem servido como fonte de financiamento complementar ao tradicional, com vantagens significativas e diferenciadas, ajustadas as características das
empresas, havendo por isso condições específicas para cada um dos segmentos empresariais;
Promover a poupança e o seu direcionamento ao investimento em bolsa, por forma a que os investidores tenham a possibilidade de obterem rendimentos, e mostrar que a Bolsa de Valores é um mecanismo eficiente, através do qual os investidores encontram a oportunidade de canalizar as suas poupanças para o desenvolvimento das actividades das empresas e para o crescimento da economia do país;
Promover junto ao Governo Provincial a realização de acções conjuntas para disseminação da BVM junto dos públicos alvos prioritários.

Visita à Província de Cabo Delgado, 16 a 21 de Abril de 2017, à Cidade de Pemba e aos Distritos de Balama, Montepuez e Mecúfi
Visita à Província de Tete, 21 a 26 de Maio de 2017, à Cidade de Tete e aos Distritos de Tete, Chiúta e Angónia




Visita à Província de Sofala, 30 de Outubro a 3 Novembro de 2017, à Cidade de Beira e ao Distrito de Dondo
Visita à Província de Maputo, 16 a 19 de Outubro de 2017, à Cidade da Matola e Distritos de Boane e Namahacha
Visita à Província de Nampula, 19 a 23 de Fevereiro de 2018, à Cidade de Nampula e aos Distritos de Nacala e Rapale






Visita à Província de Gaza, 18 a 22 de Junho de 2018, à Cidade de Xai-Xai e aos Distritos de Chókwè, Guijá e Manjacaze
Visita à Província da Zambézia, 17 a 21 de Setembro de 2018, à Cidade de Quelimane e aos Distritos de Mocuba e Gurué
Visita à Província de Niassa, 12 a 16 de Novembro de 2018, à Cidade de Lichinga e aos Distritos de Chimbunila, Majune e Lago






Visita à Província de Inhambane, 4 a 8 de Março de 2019, à Cidade de Inhambane e aos Distritos de Maxixe, Massinga e Vilankulo
4. A OPV DA HCB – HIDROELÉCTRICA DE CAHORA BASSA
Esta operação foi, por excelência, o corolário da nova linha estratégica da Bolsa de Valores: por ser um símbolo da soberania nacional, pela abrangência e profundidade do Plano de Comunicação, pela elegibilidade exclusiva aos investidores nacionais, pela inovação dos mecanismos de subscrição de acções (telemóveis e apps), pelos critérios de atribuição preferencial de acções aos pequenos investidores, pela real observância das políticas de inclusão financeira, empoderamento económico e conteúdo local.
Os resultados da OPV da HCB traduzem o sucesso de todo um trabalho de equipa, a nível interno pela multidisciplinaridade das áreas de conhecimento envolvidas, ou a nível inter-institucional em função das entidades participantes: a HCB enquanto emitente, o BCI e o BIG enquanto entidades organizadoras da operação, as instituições financeiras e os operadores de bolsa responsáveis pela colocação das acções.
Os trabalhos realizados com a HCB para admissão à cotação resultaram na assessoria para a elaboração do Plano de Comunicação da HCB, nos domínios da comunicação, campanha de educação e literacia financeira e na definição das diversas etapas que constituíram a operacionalização da Oferta Pública de Venda destinada aos cidadãos, empresas e instituições moçambicanas.
Dos trabalhos contemplaram também conferências conjuntas entre a BVM e a HCB, programas televisivos, radiofónicos, campanhas de Educação Financeira na imprensa escrita, Outdoors, ATM, transmitindo conhecimento de conceitos relacionado com acções, vantagens para o investidor e acções de capacitação aos trabalhadores da HCB, líderes comunitários e religiosos, agentes económicos e sociedade civil, funcionários públicos, membros das Assembleias Provinciais, Chefes de Localidade, membros do Governo e Secretários Permanentes.
A operação de Oferta Pública de Venda de Acções da HCB, revestiu-se de características peculiares - pela sua dimensão, objectivos, definição de investidores prioritários, canais de subscrição das acções, preço de venda das acções, mecanismos de garantia e atribuição de acções, programa de comunicação muito arrojado – tornando-se numa OPV que extravasa o conceito tradicional de Oferta Pública, particularmente pelo foco na abrangência e inclusão.
As 10 Províncias de Moçambique e a Cidade de Maputo, todas tiveram subscritores na OPV da HCB, e podemos afirmar que dos 154 distritos do país, a despeito de alguns ainda não terem infraestruturas bancárias, participaram na operação investidores de 142 distritos, correspondente a mais de 92%. Mesmo os moçambicanos da diáspora, foram atraídos pelas acções da HCB e puderam participar na operação.
A dimensão desta oferta, mais de 686 milhões de acções, que vieram a tornar-se em mais de 1.099 milhões de acções, representou uma oportunidade soberana para a popularização do capital, tendo constituído uma expressão concreta da relevância da Bolsa de Valores de Moçambique como um importante mecanismo dos cidadãos e empresas investirem numa empresa nacional reputada e assim diversificar as fontes de aplicação das suas poupanças.
Os mecanismos de alocação de acções aos subscritores da OPV da HCB garantiram, aos investidores singulares nacionais, não só a prioridade na atribuição ao serem os
A OPV DA HCB – HIDROELÉCTRICA DE CAHORA BASSA
Lançamento da OPV Período de Subscrição entre 17 de Junho e 12 de Julho

20 Maio 17 Junho
X
Campanha de sensibilização
Apresentações nas Províncias Campanha de subscrição 12 Julho
Período de subscrição 17 Julho 18 Julho 22 Julho
// //
Admissão à cotação na BVM Liquidação financeira
Balcão E-banking USSD (*224#) APP BCI Trading
Canais bancários tradicionais Canais remotos USSD (*224#) & App BCI Trading apenas disponíveis para Investidores Singulares
Canais de Subscrição ATMs POS
Canais de pagamento para os canais remotos USSD (*224#) & APP BCI Trading
Call Center Linha verde gratuita de apoio aos Investidores 800224224
800 4455
primeiros destinatários das acções da HCB, como ainda lhes asseguraram a atribuição de acções independentemente do seu nível de rendimento.

Importa ainda destacar que, nesta operação, e para o segmento destinado aos pequenos investidores singulares, criado para inserir no processo os cidadãos com menor renda, foi-lhes conferido não só um elevado nível de prioridade na atribuição de acções, como também os isentou dos encargos decorrentes da subscrição de acções – taxa de bolsa, taxa de registo de transacção na Central de Valores Mobiliários – por Diploma do Ministro da Economia e Finanças, revelando a preocupação do Governo com os investidores de menor capacidade de poupança, para que também pudessem participar nesta empreitada de cidadania financeira e de promoção do crescimento económico inclusivo. O desenvolvimento e a utilização de novos canais de subscrição de acções para além dos tradicionais balcões das agências bancárias – com recurso às novas tecnologias móveis e às operadoras de telefonia móvel, permitiram assegurar maior abrangência, facilidade de operação e maior alinhamento entre inclusão digital e financeira.
Acreditamos, pois, que a admissão à cotação na Bolsa de Valores das acções representativas de 7,5% da HCB irá contribuir para o empoderamento económico dos cidadãos e empresas, para a criação de uma base alargada de novos accionistas e
investidores, e para despertar a atenção dos investidores não residentes sobre as oportunidades do mercado de capitais em Moçambique. Os cidadãos nacionais mostraram que têm uma palavra a dizer no mercado de capitais do país. Na Oferta inicial de 2,5% da HCB, foram responsáveis pela subscrição de 55% da procura de acções, e com o aumento da Oferta para 4,0% do capital social da HCB, a sua influência representou 35% das acções efectivamente tomadas pelos investidores nacionais.
Das 19.210 ordens de subscrição entregues na OPV da HCB, mais de 99% das mesmas foram entregues pelos investidores singulares, que depois desta operação passarão a constituir os 16.787 novos accionistas de pleno direito da HCB.
Com esta operação, o universo da base de investidores da Bolsa de Valores teve um crescimento de 191%, ao passar de 7.995 investidores para um total de 23.257, correspondente a 15.362 novos investidores (parte destes ainda sujeitos à política de “KYC” “Know Your Client” ou “Conheça o Seu Cliente” - do Banco de Moçambique).

5. A OPS DA CDM – CERVEJAS DE MOÇAMBIQUE
Ainda não havia decorrido um mês daquela que foi considerada a maior das operações bolsistas até hoje realizada em Moçambique – a OPV da HCV – e já estávamos perante aquela que constituiu a maior operação de financiamento através da Bolsa de Valores: a subscrição de novas acções da Cervejas de Moçambique.
A CDM é a mais profícua das empresas cotadas na Bolsa de Valores, detendo marcas indeléveis da sua presença no mercado de capitais: foi a primeira empresa a ser cotada na BVM (2001); é a empresa com maior peso na capitalização bolsista do mercado accionista (62,3%); e até 2019 era o título mais transaccionado no mercado bolsista; foi durante muito tempo a empresa com maior número de accionistas (mais de 2000), e é até hoje a empresa com mais Sessões Especiais de Bolsa (a OPV de 28.000.000 de acções (28%) em Dezembro de 2001, a Sessão Especial de Transacção de 10.614.744 acções (16,15%) em Dezembro de 2003, o aumento de capital social de 9.681.244 novas acções (8,637%) em Janeiro de 2012, e em Agosto de 2019 o segundo aumento de capital social, através da emissão pública de 36.762.972 novas acções, representativas de 30,19% da empresa.
Tratou-se assim da segunda vez que a CDM recorreu ao mercado de capitais e à bolsa de valores para se financiar através de um aumento de capital social, emitindo novas acções, e mais uma vez exclusivamente dirigidas aos seus accionistas. Já o fizeram em 2012, tornaram a fazê-lo em 2019.
A credibilidade, a dimensão, e os bons resultados financeiros que a Cervejas de Moçambique tem alcançado ao longo dos anos que está cotada na Bolsa de Valores, permitiriam um fácil acesso ao financiamento em qualquer das grandes praças financeiras da região e do mundo – Bolsa de Johannesburg (JSE), Bolsas de Londres (LSE) e de New York (NYSE), e as Bolsa de Valores asiáticas - Hong Kong (HSE), Xangai (XSE), Tokyo (TSE).
A CDM, ao continuar na senda de satisfazer a suas necessidades de financiamento por recurso à captação da poupança dos investidores, dando especial primazia aos seus accionistas, através de operações de Bolsa como a recente Oferta Pública de Subscrição de 36,7 milhões de novas acções, mostra aquilo que já é uma realidade incontornável nos grandes mercados desenvolvidos: o mercado de capitais deve ser a principal fonte de financiamento das empresas.
E a Cervejas de Moçambique, ao lançar o seu segundo aumento de capital pela emissão de novas acções através da modalidade de Oferta Pública de Subscrição, veio a reforçar o papel do mercado de capitais na economia moçambicana, ao ter lançado aquela que será até hoje a maior operação de financiamento via Bolsa de Valores: mais de 7993 milhões MT, mais de 125 milhões USD, 2,5 vezes maior que a OPV da HCB. E quis fazê-lo recorrendo à captação da poupança existente dentro do território nacional.
A operação da Cervejas de Moçambique veio a colocar mais um marco no mercado de capitais. A Operação Pública de Subscrição na Bolsa de Valores, lançada pela Cervejas de Moçambique, para uma emissão que se queria de 36.762.972 novas acções, veio a registar uma procura total por parte dos investidores que ascendeu a 45.771.294 novas acções, representando que a Procura tenha sido de 125% do valor da Oferta.
Os accionistas da CDM responderam assim ao desafio que lhes havia sido lançado de terem a capacidade de subscreverem as novas acções. Dos 2118 accionistas registados da Cervejas de Moçambique, foram suficientes para garantir a totalidade da subscrição os 243 accionistas participantes, representativos de 11,5% da estrutura accionista. Esta operação veio mais uma vez relevar a importância da Bolsa de Valores enquanto importante mecanismo de inclusão financeira, empoderamento económico e maximização de aplicação da poupança interna.
Com a realização desta Sessão Especial de Bolsa, teremos a admissão à cotação de 36,7 milhões de novas acções, que irá incrementar a capitalização bolsista da BVM em mais 7.793 milhões MT passando assim para os 102.249 milhões MT (USD 1654 milhões e um crescimento de 8,25%), e o rácio da capitalização bolsista passa dos actuais 9,25% do PIB para 10,0% do PIB.
Em termos do financiamento à economia, o seu valor passou de 119.194 milhões MT (USD 1900 milhões) para 126.987 milhões MT (USD 2024 milhões), representando um crescimento de +6,5%, e dentro do financiamento privado aumentou de 28.346 milhões MT para 36.139 milhões MT, um aumento de +27,5%. A Oferta Pública de Subscrição da CDM teve um forte impacto positivo no MC e na BVM: 8,25% na
RESULTADOS GLOBAIS
Acções em Oferta Procura Válida Procura Satisfeita Procura por Satisfazer Oferta Sobrante
36.762.972 45.771.294 36.762.972 9.008.322 0
• As OBRIGADOacções objecto da OPS, foram absorvidas na sua totalidade; • Ficou por satisfazer, 19,7% do total das subscrições transmitidas à
BVM

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Capitalização Bolsista da BVM; 6,5% no financiamento à economia, e 27,5% no financiamento ao sector empresarial privado.
6. PREMIAÇÕES BVM
A Bolsa de Valores de Moçambique fará neste mês de Outubro de 2022, 24 anos do início das suas actividades, num percurso marcado por diversas etapas: desde o seu arranque e instalação (1998-2000), a sua afirmação (2001-2011), a sua maturidade (2012-2016), e a partir de 2017, a BVM entrou numa nova fase da sua vida: a expansão da instituição e do mercado.
Durante este percurso de quase 24 anos, a BVM desenvolveu as suas actividades no sentido de lhe ser reconhecida a razão da sua criação pelo Governo em 1998: o de ser uma verdadeira alternativa de financiamento, promovendo a captação da poupança, direcionando-a para o sector produtivo as empresas. Em resultado deste trabalho ao longo dos anos, a economia de Moçambique foi financiada em mais de 120 mil milhões MT pela Bolsa de Valores.
Deixámos muitas marcas ao longo destes anos: a primeira emissão de Obrigações do Tesouro em 1999, a primeira emissão de Obrigações Corporativas em 2000, a primeira OPV de acções em 2001, a criação do regime de valores mobiliários escriturais em 2002, a criação de Papel Comercial em 2005, a criação do Gabinete de Apoio aos Investidores e Empresas em 2008, a criação do Código do Mercado de Valores Mobiliários e a criação do Segundo Mercado em 2009, a criação de “Primary Dealers” e o lançamento do primeiro programa de educação financeira no País em 2013, o arranque da Central de Valores Mobiliários em 2014, a cotação da 1ª PME na Bolsa em 2017, a aprovação dos instrumentos estratégicos da BVM a partir de 2017, em 2019 lançámos os Índices de Bolsa, criámos o Terceiro Mercado, realizámos as duas maiores operações de Bolsa (OPV da HCB e a OPS da CDM), em 2020 cotámos a primeira empresa no Terceiro Mercado, em 2021 lançámos novos serviços tecnológicos de informação bolsista ao mercado e aos investidores (Dashboard BVM, Mobile BVM). Em muito do que é hoje o Mercado de Capitais, a Bolsa de Valores foi muitas vezes o primeiro, o criador, o promotor, a génese.
De realçar o papel da Bolsa de Valores de Moçambique na educação e literacia financeira do mercado, dos quadros e dirigentes do Estado, dos empresários, dos investidores, dos cidadãos, dos jovens e das mulheres empreendedoras, que nos tem levado a disseminar a mensagem da Bolsa às capitais das Províncias e aos mais recônditos distritos do território nacional.
Criámos um conjunto de instrumentos estratégicos, como a Visão Estratégica e Operacional (2017-2019, 2020-2024), Plano Estratégico da BVM (2017-2021), Código de Conduta e Carta de Auditoria, Estratégia de Comunicação e Imagem (2018-2021), Programa de Educação Financeira (2013-2015/2016, 2017-2019, 2020-2024), demos a conhecer a nossa Visão, Missão e Valores por todo o Moçambique.
Se hoje já ultrapassámos mais de 20% do PIB nacional, se o nome da BVM já é conhecido por todo o País, não foi um percurso que tivéssemos trilhado sozinhos durante estes 20 anos. Sempre contámos, e continuamos a contar, com todos aqueles com quem percorremos juntos este já longo caminho: a nossa tutela, o nosso regulador, os nossos investidores, as nossas empresas, os nossos operadores de bolsa, as nossas instituições financeiras. E quisemos prestar o nosso reconhecimento público aqueles que com o seu trabalho e a sua actividade têm contribuído para o desenvolvimento e crescimento do mercado de capitais, num crescendo de confiança, transparência e credibilidade que cada vez mais reconhecem à BVM.
Querendo reconhecer as nossas Empresas, os nossos Operadores de Bolsa, as nossas Instituições Financeiras, demos especial atenção aqueles que dentro do seu universo, mais se destacaram em prol do desenvolvimento do mercado de capitais em Moçambique, instituímos um prémio para aqueles participantes – Empresas, Operadores de Bolsa, Instituições Financeiras - e em diferentes categorias – volume de negócio, títulos cotados, investidores registados – evidencie o papel desempenhado por aqueles que durante o ano anterior mais se destacaram pela positiva no mercado de capitais e Bolsa de Valores. Desafortunadamente, o Mundo inteiro foi afectado pela pandemia Covid-19, e as restrições sociais impostas em Moçambique em termos do distanciamento social e do não ajuntamento de pessoas, ditaram o adiamento deste evento para uma data pós-Covid, que se veio finalmente a realizar em Novembro de 2021.
7. AS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS
A Bolsa de Valores de Moçambique lançou, em Novembro de 2021, duas novas plataformas tecnológicas de consulta de informação bolsista direccionada para o público em geral, e às demais partes interessadas do mercado de capitais. Trata-se de serviços gratuitos disponíveis para todos os cidadãos e empresas, através do website da BVM (www.bvm.co.mz) e das plataformas AppleStore e PlayStore, quer nas versões Android como para iOS (Apple).

Fonte: BVM, 2022
A 6 de Setembro de 2022, foi lançado pela primeira vez em Moçambique, o 1.º Curso Executivo em Mercado de Capitais e Bolsa de Valores, resultante da parceria entre o ISUTC/Finantia e a BVM, consubstanciado ainda na assinatura de um Memorando de Entendimento entre a BVM e o ISUTC, prestigiada instituição académica no País.
Ao longo de 10 sessões e dois seminários, num cenário de 30 horas de formação, suportado por uma equipa de formadores de reconhecido mérito e competência em mercado de capitais e bolsa de valores (dos 8 formadores, 3 eram da BVM, nomeadamente, Dr. Salim Valá, Presidente da BVM, e dois dos seus assessores, Dr João Pedro Rodrigues e Dr. João Pedro Matsinhe).
Este primeiro Curso Executivo pretendeu oferecer aos seus participantes um conhecimento sobre os Mercados de Capitais, com particular enfoque no caso Moçambicano, visando entender o seu enquadramento, dinâmicas, processos e procedimentos, actores, potencial e perspectivas futuras.
Para além dum enquadramento no contexto global e africano, o curso visou dotar os participantes de ferramentas prática que lhes permitam entender as suas vantagens e limitações, o seu funcionamento e de que modo podem, nos seus contextos particulares, participar no Mercado.
Tendo recebido mais de 120 inscrições na sua primeira edição, o curso foi limitado a 25 participantes, constituído por vários profissionais em diversas posições e de diversas perspectivas, considerados relevantes para os Mercados de Capitais e para quem o conhecimento do mesmo se antecipava como de total interesse e utilidade. O sucesso desta 1.ª edição perspectiva a sua continuidade em próximas edições.

BVM (2017-2022): Edificando um Mercado de Capitais Sustentável 69
