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Americana e região

RECANTOS DA TERRA

FEVEREIRO | 2021

Devastação ambiental provoca pandemias

Muhammad Mukhlis / Unsplash Photos

MP OUVE MORADORES SOBRE POLUIÇÃO E AGUAPÉS NA REPRESA

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Fevereiro 2021 | Americana-SP

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ALERTA

Devastação ambiental provocou 70% das últimas pandemias em humanos Vírus saltaram de outros animais para seres humanos, após destruição de florestas tropicais

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etenta por cento das últimas epidemias e pandemias que acometeram a humanidade, entre elas a Aids, a SARS e o Ebola, saltaram para seres humanos após a destruição em larga escala de florestas tropicais. E a pandemia da Covid-19 é mais uma prova da “perigosa relação” entre os microrganismos causadores de doenças, como o novo coronavírus, e as pressões do ser humano sobre o meio ambiente.

Esse alerta foi feito, neste mês de fevereiro, pela diretora de Saúde Pública e Meio Ambiente da OMS (Organização Mundial da Saúde), a médica espanhola María Neira, em entrevista ao jornal espanhol El País, que tem sua versão brasileira em www.brasil. elpais.com. Para ela, é urgente que a sociedade e os governos entendam que a mudança climática e as agressões ambientais são, além de uma questão ecológica, um problema de saúde pública.

“As práticas de desmatamento intenso, feitas sempre em nome da economia de curto prazo, têm efeitos devastadores para o futuro da humanidade. Ao derrubar a floresta para substituí-la por agricultura intensiva e poluente, os animais que vivem nesses lugares nos quais o homem não havia entrado sofrem profundas transformações. Aparecem espécies com as que não estávamos em contato e que podem nos transmitir doenças. Passar de uma floresta tropical para um cultivo, com adubos e pesticidas que nunca tinham entrado nesse ecossistema, altera o tipo de vetores capazes de transmitir os vírus. O desmatamento é uma forma de derrubar essa barreira ambiental entre espécies que nos protegem de forma natural”, afirmou ela. Além do desmatamento, outras formas de ruptura violenta com os ecossistemas e suas espécies provocam efeitos adversos à saúde pública.

De acordo com a cientista,

GOVMS/Fotos Públicas

o vírus causador do Ebola é um exemplo clássico e recente deste fenômeno. Após um ciclo de ampla devastação de florestas na África Ocidental, o vírus que habitava apenas em morcegos frugívoros passaram a infectar seres humanos e outras espécies animais.

O mesmo aconteceu com a Aids, que saltou de macacos para seres humanos, e com a Sars, cujo vírus é comumente encontrado em morcegos-ferradura.

REDE COMPLEXA O professor de biologia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Luiz Eduardo Del Bem, especialista em genética e um dos principais estudiosos brasileiros do coronavírus da Covid-19, alerta para o crescimento da transmissão de vírus de outras espécies para a espécie humana.

Ele lembra que no século XX ocorreram apenas duas pandemias em escala planetária, a da Gripe espanhola, debelada em 1918, e a da Aids, além das epidemias isoladas registradas apenas em algumas regiões. E apenas nas duas primeiras décadas do século XXI já ocorreram quatro pandemias mundiais: a Sars-Cov 1, cujo vírus também saltou de morcego para animal intermediário e depois para humanos; a Mers, iniciada na Arábia Saudita com vírus originário do camelo; a H1N1, com vírus originário de suíno e, agora, a devastadora Covid-19. “E o que parece estar por trás disso é uma degradação ambiental em escala global”, avalia ele.

O professor explica que existe uma “rede complexa de interação” em vírus de mamíferos.

“Quanto mais a gente promove uma degradação ambiental e remove certas populações do habitat natural, e elas passam a interagir mais proximamente com a gente, aumenta muito a chance disso [a contaminação] acontecer”, afirma ele. ( Veja mais no canal do Youtube – Olá, Ciência!)

Devastações ambientais derrubam barreiras naturais entre vírus e humanos

EXPEDIENTE Edição e Texto: Paulo San Martin, Anderson Barbosa e Véronique Hourcade | Diagramação: Skanner Projetos Gráficos | Redação: paulo.sanmartin@bol.com.br - anderson@jornalrecantosdaterra.com.br Gestor de Anúncios: Geraldo Martins - (19) 98268.9110 - recantosge@yahoo.com.br | Rua Indaiá, 411, Jd. Ipiranga Americana-SP - Fone: (19) 3601.8996

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COVID-19

MP ouve moradores de aguapés e es

Integrantes do chamado G6, que representa mais de 200 moradores do entorno da Salto G

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forte proliferação de aguapés na Represa do Salto Grande e as denúncias feitas por moradores de que a retirada das plantas teria sido reduzida, além da ocorrência ilegal de descargas de esgoto por parte do DAE (Departamento de Água e Esgoto) de Americana levaram o promotor de Justiça, Ivan Carneiro Castanheira, a intimar autoridades municipais, no início deste mês de fevereiro, para que esclareçam, no prazo de 30 dias, a situação real do reservatório no momento.

A decisão do promotor foi tomada a partir reunião virtual realizada no início do ano com três integrantes do chamado G-6, grupo que representa hoje mais de 200 moradores dos bairros do entorno da represa. A reunião foi realizada, a pedido dos moradores, dentro do inquérito instaurado pelo Gaema (Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente) do Ministério Público, em 2014, para apurar as causas e as soluções para a poluição na Represa de Salto Grande.

André Gerin, integrante do G6, relatou que, com o fim das disputas políticas de 2020 e a posse da nova administração municipal, tornou-se urgente a busca de uma solução técnica adequada para os problemas recorrentes de poluição na represa. De acordo com ele, a CPFL Renováveis, empresa responsável pela manutenção da represa e pela retirada dos aguapés não tem sido transparente com a sociedade sobre suas ações. Além de André, parti-

ciparam da reunião os também integrantes do G6 Gersino e Marcelo Masoca, além do analista jurídico do Gaema, Marcelo Coelho Mendes.

Os moradores pediram a retomada imediata e em larga escala da retirada de aguapés, uma vez que, aparentemente, as plantas proliferam mais uma vez de forma descontrolada. Eles pleiteiam também, junto à CPFL Renováveis, acesso completo ao Plano de Manejo de Macrófitas Aquáticas do Reservatório de Salto Grande, já encaminhado pela empresa aos órgãos de fiscalização, mas que ainda não foi apresentado para a sociedade civil. O acesso a este documento, segundo os moradores, é fundamental neste momento, para que os laudos apresentados pela empresa possam ser confrontados por outros especialistas.

COMO EM 2019 Para os integrantes do G6, caso a retirada mecânica dos aguapés não seja retomada imediatamente, há o risco das plantas tomarem toda a superfície das águas, como ocorreu em 2019. Eles apontaram, em seu depoimento, que as águas já estão totalmente tomadas pelos aguapés a partir do Barco Escola, na Praia dos Namorados, para a frente.

Marcelo Masoca e Gersino, questionaram a quantidade real de aguapés que a CPFL Renováveis está realmente retirando da represa. Em 2019, a empresa assumiu o compromisso de retirar 150 caminhões por dia, mas segundo eles

não há nenhuma comprovação de que isso tenha sido feito nos últimos meses. Os dois moradores afirmaram que estão diariamente na represa e que, com muita frequência, observam que a máquina de remoção dos aguapés e os barcos estão paralisados.

Eles pediram também o cumprimento de acordo feito no ano passado entre a empresa e a Secretaria de Meio Ambiente de Americana para a instalação permanente de vídeo de monitoramento das ações de retirada, com o objetivo de garantir o acompanhamento e fiscalização.

ESGOTO Os moradores a denunciaram que continuam ocorrendo descartes irregulares de esgoto na represa, em razão do extravasamento na Estação Elevatória da Praia Azul, que bombeia esgoto para a Estação de Tratamento do Santa Lúcia.

De acordo com eles, isso estaria ocorrendo pelo grande aumento de descarga de esgoto na Estação, em decorrência da multiplicação de novos condomínios no bairro. Por não suportar esse aumento de volume, a estação estaria, inclusive, sendo paralisada com frequência, com interrupção do bombeamento do esgoto doméstico dos hoje mais de 20 mil moradores da Praia Azul.

Em 2020 foram entregues 950 unidades de apartamentos na região e existem outros dois empreendimentos em fase final, com 500 a 600 apartamentos. “Com esse número de novas unidades e de mo-

Aguapés proliferam sem controle e moradores temem

radores, a quantidade de efluentes domésticos gerados irá aumentar significativamente, piorando a situação de extravasamento da Estação da Praia Azul”, apontaram.

FARTO MATERIAL O promotor Ivan determinou, ao final da reunião, que uma cópia completa dos dados digitais de todo

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s sobre proliferação sgoto na represa

Grande, depuseram no processo que busca causas e soluções para poluição no reservatório

m que as plantas tomem toda a represa, como ocorreu em anos passados

o processo instaurado em 2014 fosse disponibilizada pelo Gaema para os integrantes do G6.

De acordo com ele, há no processo uma grande quantidade de dados e elementos, com informações requisitadas pelo Ministério Público para a CPFL Renováveis, a prefeitura de Americana e o governo do estado – que neste caso também tem responsabilidade, uma vez que a represa está dentro da RMC (Região Metropolitana de Campinas).

O promotor disse ainda que há “grandes e complexos problemas em Americana envolvidos nessa discussão da represa de Salto Grande”, tais como a questão do tratamento do esgoto industrial e a questão da “tríplice fronteira” com Cosmópolis e Paulínia. Para ele, muitos não são problemas fáceis de serem resolvidos, pois demandam um investimento financeiro expressivo.

“Mas esses problemas não afas-

tam a urgente necessidade de se buscar soluções aos problemas internos, tais como esse do extravasamento de esgoto pela rede de coleta do município de Americana, que só se resolverá com uma ampla reforma de toda a rede e do sistema como um todo”, pontuou. Ele ressaltou que a atuação do Ministério Público nesse caso é importante, mas por si só não resolverá todos os problemas, que dependem da participação do estado e dos municípios da região.

“O principal papel do Ministério Público é não deixar que esses problemas caiam no esquecimento, usar seu poder de requisição, disponibilizar informações à sociedade civil e promover uma melhor interação entre as partes para que as soluções aos problemas continuem a ser buscadas, bem como, em alguns casos, judicializar as questões e responsabilizar quem for necessário”, avaliou o promotor.

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EM FEVEREIRO

Equipe da GM deu apoio à Marinha em patrulhamento na represa

Equipe de patrulhamento aquático do Grupo de Proteção Ambiental da Guarda Municipal de Americana

Calendário ecológico destaca ecopontos para descartes A publicação também homenageou os dias das ‘zonas úmidas’ e do ‘Agente de Defesa Ambiental’

C

Alçapão e gaiolas foram destruídos após aves serem libertadas pela Guarda

om o tema “Resíduos e suas interfaces”, a Secretaria de Meio Ambiente de Americana lançou o calendário ecológico do mês de fevereiro propondo ações básicas referentes a cuidados com o ecossistema e que possam ser desenvolvidos diariamente na casa das pessoas.

De acordo com a Unidade de Educação Ambiental e Planejamento, o folhetim foi elaborado com base nas ocorrências ambientais, especificamente, as registradas no mês de fevereiro de anos anteriores. Assim como em janeiro, normalmente as ocorrências de descartes irregulares aumentam neste mês. Por isso, o calendário teve como foco informar a existência de ecopontos na cidade, os prejuízos causados com o descarte irregular, refor-

A Guarda em ações ambientais Equipe GPA (Grupo de Proteção Ambiental) da Guarda Municipal de Americana recebeu, no início do mês, denúncia anônima de que um indivíduo estava montando armadilhas para capturar aves silvestres no muro de sua residência.

No local, a equipe constatou que realmente havia um alçapão armado e duas gaiolas com canários da terra aprisionados. O morador informou que as aves pertenciam ao seu tio que mora na mesma residência, mas não se encontrava no momento.

A equipe ainda localizou, no interior da residência, mais um canário da terra e uma coleirinha, também em gaiolas. Nenhuma

das aves tinha licença ou autorização, por isso foram levadas e inseridas de volta na natureza. As gaiolas e o alçapão foram destruídos.

NA REPRESA Equipe do GPA também atuou no apoio à fiscalização da Marinha do Brasil nas orlas das praias dos Namorados e Azul. No total, foram feitas 20 abordagens em embarcações, lanchas e jet-skis e os guardas municipais participaram de 10 delas.

Ao final da fiscalização, sete embarcações foram impedidas de navegar, três foram apreendidas por falta de habilitação dos condutores e cinco condutores foram notificados.

çar o serviço da coleta seletiva e também detalhar as datas oficiais como o “Dia Mundial das Zonas Úmidas” e o “Dia do Agente de Defesa Ambiental”.

A relação entre a saúde do ser humano e o meio ambiente também é abordada no calendário, bem como a conscientização sobre a pesca predatória ser crime.

De acordo com a Unidade de Educação Ambiental, em cada dia do folhetim uma nova ação é propos-

ta como a prática de exercícios, a diminuição do uso de veículos e o uso reacional de água.

Tendo em vista a importância da não impressão, o calendário ecológico está disponível na versão on-line no site da Prefeitura Municipal (www.americana. sp.gov.br), e será divulgado durante todo o ano em redes de contato, canais digitais, para a população em geral, comunidade escolar e aos funcionários públicos

Plantio de ipês no Dia do Agente de Defesa Ambiental As secretarias de Meio Ambiente e de Obras e Serviços Urbanos celebraram o Dia do Agente de Defesa Ambiental, comemorado em 6 de fevereiro, com o plantio de mudas de ipês brancos na Praça Luiz Passarini, localizada na Avenida Abdo Najar. O plantio fez parte do projeto “Mutirão dos 100 dias de limpeza”, realizado pelas duas secretarias.

“Por já terem a prática de cuidar e plantar as árvores da praça, os munícipes Antonio Aleixo Neto, Alga Elétrica e Amauri Correa dos Santos foram denominados padrinhos das mudas plantadas hoje. É muito importante a participação da população e incentivamos que as pessoas adotem práticas de preservação ambiental, sendo um agente ambiental no dia a dia”, disse o secretário de Meio Ambiente Fabio Renato de Oliveira.

AGENTE AMBIENTAL Ao longo do território nacional, os Agentes de Defesa Ambiental são considerados guardiões do patrimônio natural do país, responsáveis pela proteção da biodiversidade e áreas verdes, realizando fiscalizações, vistorias, estudos técnicos, impedindo devastações, exploração florestal, caça ilegal e outras irregularidades visando o cumprimento da legislação ambiental. Além disso, esse profissional também promove a educação, orientando a população sobre os cuidados necessários para garantir a preservação de todo o ecossistema.

A profissão de agente entra na lista de empregos sustentáveis e o dia dedicado a ele é um momento de reflexão sobre a necessidade urgente da atuação de todos os cidadãos como protagonistas nas questões ambientais e, potencialmente, também agentes ambientais.

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ENTREVISTA

Existe negligência na questão da falta de água em Americana A afirmação é da presidente municipal do PDT de Americana, Maria Giovana

M

ulher mais votada da história de Americana com quase 30 mil votos, Maria Giovana concede entrevista ao Recantos da Terra pouco mais de três meses após as eleições municipais de novembro do ano passado.

Presidente do PDT (Partido Democrático Trabalhista) de Americana, Giovana está atenta aos constantes problemas de falta de água na cidade. Além disso, durante seu mandato como vereadora (de 2017 a 2020) presidiu a Comissão de Despoluição da Represa de Salto Grande, reservatório que pode tornar-se um novo ponto de captação de água, segundo Maria Giovana.

RECANTOS DA TERRA: Há muito tempo Americana convive com a falta de água, inclusive foi pauta recorrente nas eleições do ano passado. Você acha que essa questão é tratada com seriedade pelas autoridades?

MARIA GIOVANA: Não. Eu não acredito que um problema que é público e notório há mais de 30 anos no município não tenha uma solução. Na minha opinião, a crise hídrica em Americana é negligenciada pelas autoridades há décadas.

Muito se fala em tubulação antiga e, consequentemente, na perda de água na rede. Esse é o principal problema na sua visão?

Esse é sim um grande problema e, mais do que isso, prova que o saneamento básico foi negligenciado como política pública em Americana. No entanto, temos também um problema estratégico que consiste em dependermos exclusivamente de um ponto de captação de água para abastecer o município, além de termos uma desigualdade no acesso à água. Regiões mais periféricas sofrem muito com o desabastecimento. O direito à água deveria ser igual para todos os munícipes e, essa constante falta de água nas torneiras, demonstra outra falha: a falta de planejamento urbano na cidade.

Você acredita que o DAE (Departamento de Água e Esgoto) investe tudo que pode para melhorar a rede?

Eu acredito que o DAE precisa ter sua autonomia financeira res-

peitada. Isso não acontece já que, como podemos observar inúmeras vezes no decorrer dos últimos anos, as pedalas fiscais, ou seja, a autarquia empresta dinheiro à Prefeitura, se tornaram normais do ponto de vista politico/administrativo.

Além disso, uma renovação na gestão seria importante para superar velhos vícios limitantes. Existe uma ideia generalizada no DAE de que a situação “sempre foi assim e sempre será” e não há nada a ser feito. Quando esse tipo de pensamento toma conta de uma instituição é preciso pensar em uma renovação completa na gestão.

O Plano Diretor do município prevê um novo ponto de captação na Represa de Salto Grande.

Essa seria a solução?

Essa é uma ação importante, mas sozinha também não resolverá. Recentemente conseguimos autorização para aumentar a quantidade de água captada, o que é uma boa notícia, mas não é sustentável a longo prazo. Junto a isso, o Plano Diretor precisa considerar o crescimento urbano ordenado da cidade.

Você foi presidente da Comissão de Despoluição da Represa de Salto Grande. Nos conte um pouco como foram os trabalhos da Comissão.

A pauta ambiental é muito importante no meu agir político e por presidi essa importante Comissão, a ideia era entender o que de fato acontece já que não conseguimos resgatar nossa represa. O que eu compreendi é que a base do problema infelizmente é a vontade política. Como pode um município com um orçamento bilionário, como é o caso de Paulínia, não dar conta da poluição que produzem?

Grande parte da poluição da nossa represa vem de Paulínia. É aí que entra a justiça: esses municípios posicionados acima da cabeceira do Rio Atibaia e que são poluidores notórios devem ser responsabilizados judicialmente.

Houve algum apoio dos deputados na época?

Na época não houve apoio de deputados. O que pude perceber é que este assunto também já foi dado como “sem solução” pelos nossos representantes, mas eu enxergo um novo momento político e

social surgindo e a pauta ambiental vai entrar na agenda política.

Por isso que todo movimento em defesa da nossa Represa de Salto Grande é muito válido.

A promotoria do Meio Ambiente mais uma vez está questionando as autoridades em relação a poluição do reservatório.

Não seria o momento de executar os TACs (Termos de Ajustamento de Conduta) na Justiça uma vez

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que nunca são cumpridos?

Sim, essa é uma opinião que tenho formada desde a época da Comissão. Sem execução na Justiça não haverá movimentação dos municípios que poluem a nossa represa Salto Grande. Vale dizer que do mesmo jeito que cobramos outros municípios devemos garantir que Americana dê conta de tratar 100% do esgoto. A pauta ambiental é de todos nós e não respeita limite de município.

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LANÇAMENTO

‘A Canção de Dachau’ ganha nova edição Livro narra a importância da arte, do conhecimento da solidariedade e do amor em tempos de violência política

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livro “A Canção de Dachau”, de Paulo San Martin e Paulo Cardoso, que foi lançado em 2001 em Americana e, depois, em várias outras cidades brasileiras, acaba de ganhar uma segunda edição exclusivamente em e-book, pela editora Serra Azul, especializada neste tipo de publicação. “Decidimos republicar o livro pois vários episódios narrados ali têm tudo a ver com as cenas de agressividade e violência política que assistimos hoje no Brasil”, afirma San Martin.

O livro narra a história do músico austríaco Wilhelm Zobl (Willi), que descobre, nos anos 1970, partituras do período da Segunda Guerra Mundial em um castelo na Alemanha. Algumas eram manuscritas de forma rudimentar em papel envelhecido. Uma delas levava um título que chamou sua atenção: “Canção de Dachau”.

‘Uma história que tem tudo a ver com os tempos atuais’, dizem os autores Dachau é o nome de uma cidade alemã, na fronteira com a Checoslováquia, celebrizada de forma trágica durante a Segunda Guerra por abrigar um dos principais campos de concentração e extermínio montados pelos nazistas. A “Canção de Dachau” e as outras partituras da pasta estavam assinadas por um nome do qual Willi nunca ouvira falar: Herbert Zipper.

A BUSCA Quanto mais se aprofunda nas partituras, mais Willi se surpreende com a qualidade delas, muito à frente do seu tempo. Então o músico empreende uma busca por Zipper, mas sua história se perde por muitos caminhos.

A partir desta busca, Willi re-

compõe também a história de sua pátria, a Áustria, da colaboração de seus conterrâneos com o nazismo e da importância na construção de uma cultura e nos momentos mais difíceis da humanidade.

No final da década de 1970, Willi conclui sua obra feita a partir das partituras de Zipper, chamada as “23 variações para piano sobre o tema da Canção de Dachau”, ou simplesmente, “Dachau Nunca Mais”.

Em novembro de 1989, quando o Muro de Berlim veio abaixo e o mundo voltou os olhos para aquela festa que contagiava a Europa, emissoras de rádio da Alemanha e da Áustria tocaram, repetidas vezes, trechos da peça “Dachau Nunca Mais”, que foi gravada pela Orquestra Filarmônica de Viena.

NO BRASIL A história de sua busca foi contada aos autores pelo próprio Willi, em encontros ocorridos ao longo de muitos anos, quando ele vinha ao Brasil encontrar seu “amor brasileiro”, a também pianista Iracema, e seu filho, no distrito de Barão Geraldo, em Campinas.

A primeira edição do livro foi publicada em 2001, o primeiro ano do século XXI, pela editora Edições do Autor, de Londrina (PR), com apoio da UEL (Universidade Estadual de Londrina) e trazia como subtítulo: “Uma história para o novo século”.

“Imaginávamos que o relato das coisas nele narradas deveriam sempre permanecer como uma lembrança, para que jamais se repetissem. Porém jamais imaginamos que elas se repetiriam sim, neste novo século. Veio daí a decisão de uma nova edição. Sempre com o olhar e o amor a quem constrói e luta por um mundo mais justo e humano”, anotam os autores.

SERVIÇO: O livro pode ser adquirido, por R$ 25,00, no site da editora: https://editoraserraazul.com.br/ nossos-livros

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