Revista do MPT-RS Nº 2

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Os filmes de Woody Allen e Steve Spielberg. E é a análise dessas diferenças e da forma como lidamos com elas, que nos remete e nos faz refletir sobre questões diretamente ligadas à saúde e ao adoecimento dos trabalhadores. Cada um de nós é o somatório de infinitas influências: questões genéticas, o local onde nascemos, a forma como fomos criados, a cultura a que tivemos acesso, as experiências que vivenciamos, as pessoas com as quais nos relacionamos, enfim, uma gama de fatores que nos tornam únicos, que nos diferenciam dos demais, que nos tornam “irrepetíveis”, como disse João Cabral de Melo Neto, em Morte e Vida Severina. A par dessas diferenças e em função delas, nos expressamos de diversas e variadas formas: somos tímidos ou extrovertidos, agimos instintivamente ou pensamos bastante antes de agir, gostamos de praticar esportes ou preferimos ler. Se lemos, preferimos o suspense ao romance, somos técnicos, somos apaixonados, não gostamos de chuva, preferimos o vermelho ao amarelo, gostamos de dançar ... Mas nem sempre essas diferenças, essa diversidade é aceita. Nem sempre lidamos bem com as diferenças que temos uns em relação aos outros, que nos distinguem uns dos outros. E essa não-aceitação decorre, quase sempre, de preconceitos. Utilizado as palavras de Bobbio: “preconceito é uma opinião, um conjunto de opiniões ou toda uma doutrina que se acolhe, de forma acrítica e passivamente.”17 São idéias que não questionamos, que não discutimos, que não submetemos à nossa razão. Apenas aceitamos essas idéias irracionais e as repetimos, vezes e vezes, sem fim. 17 Norberto Bobbio. Elogio da Serenidade e Outros Escritos Morais, São Paulo, Editora da UNESP, 1998, p. 103. Rev. MPT RS, Porto Alegre, nº 2, p. 73-96, 2010.

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