Revista Cyclomagazine 174

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ARTIGO Daniel Lau Diretor da Prática Chinesa da KPMG do Brasil

Não adianta querer vencer a China estando fora dela

C

om a chegada do Ano Novo chinês, o país tem muitos motivos para comemorar quando o assunto é o que eles mais têm interesse: negócio empresarial. Nunca foram tão fortes os acordos comerciais fechados entre a segunda maior potencia mundial e o Brasil, hoje o seu maior parceiro. A relação entre os dois é de benefício mútuo e cada vez mais importante à medida que os vínculos comerciais se aprofundam. Somente no ano passado, o fluxo de comércio entre os dois países alcançou, incluindo exportações e importações, U$ 77 bilhões, o que representa um aumento de quase 39% se comparado com 2010. Somente as exportações do Brasil para a China cresceram 44% de 2010 para 2011, e as importações aumentaram 29% no mesmo período. Isso é reflexo de um longo ciclo de crescimento do comércio exterior entre as duas nações e que em 2011 atingiu uma marca histórica de superávit para o Brasil de U$ 11 bilhões. Esse fluxo positivo vem sendo alcançado pelo Brasil nos produtos que a China mais precisa: minério de ferro, celulose, madeira, petróleo, carnes, açúcar, algodão, e outros produtos. O crescimento do PIB chinês em 2011 foi de 9,2% e a tendência a longo prazo é que a demanda aumente cada vez mais. Da mesma forma, também temos visto por aqui um grande aumento de investimentos chineses, sejam diretos ou indiretos.

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Mas para que esse casamento continue dando certo – sob a ótica do brasileiro é preciso conhecer a realidade asiática. E por incrível que pareça, os maiores e principais obstáculos na relação entre o Brasil e a China não são a língua e nem a distância geográfica, e sim um maior conjunto de medidas e ações de aproximação entre eles e em todos os níveis da economia brasileira pública e privada. Apesar da boa relação entre os dois países, ainda é preciso melhorar o nível de cooperação entre eles porque a ajuda mútua ainda é pequena diante do oceano de oportunidades que temos dos dois lados. As câmaras de comércio e entidades do setor têm ajudado pequenas e médias empresas, o que representa apenas uma parte economia brasileira. Muitos empresários brasileiros têm ido à China querendo fazer negócios, mas a presença de fato ainda é muito tímida frente a milhares de empresas asiáticas, européias e americanas que já se estabeleceram por lá. Até o ano de 2011, mais de 300 mil companhias estrangeiras investiram no país. Atualmente, ainda existem poucas empresas brasileiras na China, que é um país que possui um mercado que está cada vez mais competitivo e seletivo. E, com isso, a janela de oportunidades para os empresários brasileiros está ficando cada vez mais restrita. É preciso ir à China e conhecer de perto a realidade dos chineses: como eles fazem negócios, a sua cultura empresarial, o nível de competição, o ambiente em que os empresários fabricam os produtos, conhecer fornecedores, saber onde


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