REVISTA DO LÉO 81 - JANEIRO 2023

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REVISTA DO LÉO

NÚMERO 81 – JANEIRO – 2023

MIGANVILLE – MARANHA-Y

“águas revoltas que correm contra a corrente”

REVISTA LAZEIRENTA LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ - EDITOR – Prefixo 917536

A presente obra está sendo publicada sob a forma de coletânea de textos fornecidos voluntariamente por seus autores, com as devidas revisões de forma e conteúdo. Estas colaborações são de exclusiva responsabilidade dos autores sem compensação financeira, mas mantendo seus direitos autorais, segundo a legislação em vigor.

EXPEDIENTE

REVISTA DO LÉO REVISTA LAZEIRENTA Revista eletrônica

EDITOR

Leopoldo Gil Dulcio Vaz Prefixo Editorial 917536 vazleopoldo@hotmail.com

Rua Titânia, 88 – Recanto de Vinhais 65070-580 – São Luís – Maranhão (98) 3236-2076 98 9 8328 2575

CHANCELA

Nasceu em Curitiba-Pr. Licenciado em Educação Física (EEFDPR, 1975), Especialista em Metodologia do Ensino (Convênio UFPR/UFMA/FEI, 1978), Especialista em Lazer e Recreação (UFMA, 1986), Mestre em Ciência da Informação (UFMG, 1993). Professor de Educação Física do IF-MA (1979/2008, aposentado); Titular da FEI (1977/1979); Titular da FESM/UEMA (1979/89; Substituto 2012/13), Convidado, da UFMA (Curso de Turismo). Exerceu várias funções no IFMA, desde coordenador de área até Pró-Reitor de Ensino; e Pró-Reitor de Pesquisa e Extensão; Pesquisador Associado do Atlas do Esporte no Brasil; Diretor da ONG CEV; tem 16 livros e capítulos de livros publicados, e mais de 430 artigos em revistas dedicadas (Brasil e exterior), e em jornais; Sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; Membro Fundador da Academia Ludovicense de Letras; Membro da Academia Poética Brasileira; Sócio correspondente da UBE-RJ; Premio “Antonio Lopes de Pesquisa Histórica”, do Concurso Cidade de São Luís (1995); a Comenda Gonçalves Dias, do IHGM (2012); Prêmio da International Writers e Artists Association (USA) pelo livro “Mil Poemas para Gonçalves Dias” (2015); Prêmio Zora Seljan pelo livro “Sobre Maria Firmina dos Reis” – Biografia, (2016), da União Brasileira de Escritores – RJ; Diploma de Honra ao Mérito, por serviços prestados à Educação Física e Esportes do Maranhão, concedido pelo CREF/21-MA (2020); Foi editor das seguintes revista: “Nova Atenas, de Educação Tecnológica”, do IF-MA, eletrônica; Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, edições 29 a 43, versão eletrônica; Editor da “ALL em Revista”, eletrônica, da Academia Ludovicense de Letras; Editor da Revista do Léo, a que esta substitui (2017-2019), hoje MARANHAY – Revista Lazeirenta, já voltando ao antigo título de “Revista do Léo”; Condutor da Tocha Olímpica – Olimpíada Rio 2016, na cidade de São Luis-Ma.

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

Dando continuidade à busca de “cada quá em seu cada quá”: quando a Capoeiragem começou... nos diversos Estados brasileiros; alguns fatos surpreendentes!!! Outros, nem tanto – as primeiras referências ao termo de busca ‘capoeira’ nos trazem referencias à mato, em seguida, à galinhas (transporte), e à política, com a nomeação de políticos, e seus atos, de traição, rasteira, comportamento ‘de capoeira’, e por fim, dos ‘capoeiras’. Sempre ligados a crimes, malandragem, vadiagem... algumas poucas referencias, antes do século XX, de luta, combate, arte, competição... e a recomendação de uso pelas forças armadas como luta de defesa; e, dos anos 1900, após a década de 30, aparece a sistematização do seu ensino, e a ‘descoberta’ do folclore, da atividade física, e só aí apararecem a Angola, a Regional. E dos anos 1960/70 em diante, a ‘globalização’, com a diáspora dos mestres baianos... A ‘academização’ da Capoeira... Passa de ‘capoeiragem’ – uma briga dramática de rua, no dizer de Lacé Lopes – para ‘capoeira’ - de academias -, mas mantendo as ‘apresentações’ de rua, mais ligadas ao folclore...

O interessante, quando se busca a História da Capoeira, a grande maioria dos Mestres – e dos estudos acadêmicos – se referem ao seu início a partir dos anos 70, ignorando mais de século de prática e evolução... Delutadramática,passou paraarte,dança,folclore...comopreferemos adeptosdaAngola; masnãose cansam de pedir subsídios aos esportes, para se manterem... enfim, como devemos tratá-la? Atividade física, luta marcial? Ou como dança, cultura, folclore? Afinal, o que é a capoeira?

https://issuu.com/leovaz/docs/paper_411_-_quando_a_capoeiragem_come_ou_-_volume_

https://issuu.com/leovaz/docs/paper_411_-_quando_a_capoeiragem_come_ou_-_volume_ https://issuu.com/leovaz/docs/capoeiragem_tradicional_maranhenseb https://issuu.com/leovaz/docs/cronica_da_capoeiragem_-_issuu https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__22-_julho_2019_-_ed https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__23.1-_agosto_2019_

Além desse material, disponibilizado na nuvem, há os registros na Biblioteca do CEV –www.cev.org.br/Biblioteca, e o Atlas da Capoeiragem, também depositado no CEV, além do material existente no Atlas do Esporte no Brasil – www.atlasesportebr.com.br/capoeira

E a notícia de início de ano, de que cerca de 33 (trinta e três) profissões regulamentadas perderão seu registro em Conselhos de Classe, dentre elas, a de Educação Física... o argumento, de que não se enquadram naquelas de proteção à saúde!!!! - O PL em questão é de autoria do deputado federal Tiago Mitraud (Novo) que revoga e altera Leis, Decretos-Leis e um Decreto, a fim de desregulamentar profissões e atividades que não ofereçam risco à segurança, à saúde, à ordem pública, à incolumidade individual e patrimonial.

Pois é, profissional de Educação Física, e o de Terapia Ocupacional, não têm nada à ver com saúde... Como diz o GuruGeek Pereira: OREMOS!!!

Decorridos pouco mais de uma semana de suas publicações, já ultrapassados os mais de 800 acessos às minhas publicações: o livro, em dois volumes, com média de 55 acessos, e 25 leituras; a Revista do Léo, com mais de 255 acessos e 22 leituras; a ALL em Revista, com 258 acessos, e 24 leituras... os dois artigos que disponibilizei, atualizando os capítulos dos livros, já receberam cada, 10 acessos e leitura... Vamos ver como fica até o final do primeiro mês do ano...

Engraçado como se (re)inventa a memória dos esportes no Maranhão. Em artigo aqui replicado, conta-se a História dos Jogos Escolares de Imperatriz... Fiz algumas observações... E lembrando que existem vários trabalhos acadêmicos, monografias de graduação, apresentadas em cursos de história e de educação física, que procuram resgatar essas memórias. Os ‘repórteres’ precisam de leitura, para não cometerem, como se diz em linguagem jornalística, ‘barrigas’... é o mínimo que se espera... informações corretas...

UM PAPO

A respeito, fui procurado, no início deste ano de 2023, por uma repórter do Globo Esporte/Mirante – até o momento (11/01) apenas o contato por indicação do Joaquim Haickel - , para dar depoimento sobre os JEMs; informou que a entrevista seria na próxima semana, mas se poderia mandar algum material para ela ir se atualizando/conhecer os JEMs. Mandei... Todas as Revistas – do Léo e Maranhay -, artigos publicados na mesma, em jornais, em trabalhos apresentados em Congressos, nacionais e internacionais, e publicações no Exterior (EFDeportes – Argentina), umas 2.000 páginas já escritas, com inúmeras entrevistas, dos idealizadores, dos professores, e o resgate dos primeiros jogos envolvendo escolares, no Maranhão, desde o início dos 1900... Vamos ver no que dará...

Ah sim, também a biografia do Ary Façanha de Sá, maranhense de Guimarães, idealizador dos Jogos Escolares Brasileiros, lá nos idos de 1969... Lembrando que só em 1971/72 os maranhenses se inteiram desses jogos, através de Dimas, e Cláudio Vaz dos Santos, criador dos FERJ – Festival Esportivo da Juventude – passa a realizar os JEMs, e o Maranhão, a participar desse evento nacional... Posse do novo gerente, e temos a volta do Ministério dos Esportes, com Ana Moser como a responsável da pasta. Já em seu discurso de posse gerou muita polemica... esports, trans...

SUMÁRIO

EXPEDIENTE

EDITORIAL

SUMÁRIO

ESPORTE(S) & EDUCAÇÃO FÍSICA & LAZER

ETERNO PELÉ – O REI NO MARANHÃO

SOEIRO O CRAQUE VIANENSE QUE JOGOU A SÉRIE A DO CAMPEONATO BRASILEIRO (*)

ÁUREO MENDONÇA

FESTA DE REIS

ÁUREO MENDONÇA

MUNDINHA COMPLETA 80 ANOS E GANHA HOMENAGENS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS DO MARANHÃO MANOEL DOS SANTOS NETO

SELETIVA MARANHENSE DE ATLETISMO ESCOLAR 2023 - FEMADE

TESE DE HISTORIADORA CARIOCA CITA LIVRO DE EDMILSON SANCHES

EDMILSON SANCHES.

ESTUDANTE TIMONENSE DISPUTA CLASSIFICATÓRIA PARA MUNDIAL DE ATLETISMO

CBAT NOMEIA DELEGADO PARA A FEDERAÇÃO ATLÉTICA MARANHENSE

CONGRESSO EM VIAGEM: DE COIMBRA PARA CAMPINAS

EDUARDO GOMES

O DEBATE ACERCA DOS ESPORTS NO CAMPO ESPORTIVO: UMA PEQUENA REFLEXÃO ALBERTO MURRAY NETO

PORQUE O BRASIL NÃO ATINGE DESEMPENHO DESPORTIVO DE ACORDO COMAS SUAS POTENCIALIDADES.

LEOPOLDO GIL DIULCIO VAZ

LEOPOLDO GIL DIULCIO VAZ

MHARIO LINCOLN

ROGÉRIO ROCHA

ROGÉRIO ROCHA

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

RAMSSÉS SILVA

QUANDO A CAPOEIRAGEM COMEÇOU...

MAIS SOBRE A CAPOEIRAGEM EM MINAS GERAIS

ATLASDOESPORTENOMARANHÃO NAVEGANDO, COM JORGE OLIMPIO BENTO

ACONTECENDO:

RESENHA: "CAIXA-PRETA (SALVARAM-SE TODOS OS BONS SENTIMENTOS)".

EFEITOS DA HIPERMODERNIDADE

POESIA E FILOSOFIA: EM BUSCA DO PENSAR QUE POETIZA HISTÓRIA(S) DO MARANHÃO

ORIGEM DOS JOGOS ESCOLARES EM IMPERATRIZ DOMINGOS CEZAR

ALGUMAS NOTÍCIAS SOBRE A INDEPENDENCIA DO BRASIL, NO MARANHÃO

O SINISTRO RITUAL DO ENFORCAMENTO DE BECKMAN

FRAN PAXECO: MEMÓRIAS & RECORTES

números publicados

ESPORTE(S) & EDUCAÇÃO FÍSICA & LAZER

SOEIRO O CRAQUE VIANENSE QUE JOGOU A SÉRIE A DO CAMPEONATO BRASILEIRO (*)

ÁUREO MENDONÇA

Viana sempre teve bons jogadores de futebol que se destacaram nos times vianenses e na seleção de Viana e depois foram contratados pelos grandes times da capital. Um deles foi o jogador Soeiro que atuava no meio campo e jogou no Maranhão Atlético Clube no final da década de 1970 e na década de 1980, o craque participou e brilhou em vários campeonatos maranhenses e brasileiro pelo MAC, onde fez boas atuações defendendo a camisa do MAC. O jogador também atuou em clubes do vizinho estado do Pará.

Um dos inúmeros jogos que Soeiro se destacou e inclusive marcou gol foi a partida Maranhão 1x1 Moto Club realizado em 26 de outubro de 1980 no estádio Municipal Nhozinho Santos, época em que o futebol maranhense era competitivo com bons jogadores nas três principais equipes do futebol maranhense, Sampaio, Moto e Maranhão que tinham boas equipes disputando o campeonato maranhense, torneios regionais e competição a nível nacional e o publico participava principalmente nos clássicos e nessa partida o Público foi 4.783 pagantes.

Os gols desse jogo foram marcados por Soeiro do MAC aos 8 minutos do primeiro tempo e o jogador Alberto empatou aos 44 minutos do segundo tempo. O MAC jogou com Veludo; Mendes, Tataco, Jorge Santos e Breno; Zé Krol, Soeiro e Naldo; Palmir (Emerson), Alcino e Serginho (Miguelzinho). Técnico: José Antônio Storino.

Soeiro foi campeão maranhense de 1979 pelo Maranhão Atlético Clube ganhando o título contra o Sampaio Corrêa. Também participou da campanha do MAC no campeonato brasileiro da primeira divisão, o MAC fez a melhor campanha de um time maranhense na primeira divisão em todos os tempos a chamada seleMAC que detém a maior série invicta de um clube maranhense na principal divisão do campeonato brasileiro em 1979 sendo 10 jogos, com 6 vitórias e 4 empates. Soeiro jogou 2 campeonatos Brasileiro da Série A pelo MAC em 1979 e 1980.

ÁUREO MENDONÇA

A Folia de Reis, também chamada de Reisado é uma festa popular e tradicional brasileira. Trata-se de uma da festa folclórica de caráter cultural e religioso, ocorre no período de 24 de dezembro a 06 de janeiro, a festa é celebrada em diversas regiões do país, de origem portuguesa e espanhola que provavelmente foi trazida para o Brasil no século XIX, uma tradição cristã, celebrada na religião católica com o intuito de comemorar a visita dos três Reis Magos ao menino Jesus.

Antigamente a apresentação da festa de Reis pelas ruas estreitas da cidade histórica de Viana, a quarta cidade mais antiga do Maranhão era uma tradição nas décadas de 1940/1950/1960 os tradicionais pastorais, os reisados ou folia de reis e os autos de Natal ficavam sob a responsabilidade da professora Coia Carvalho e de Anica Ramos.

A festa de Reis em Viana chegou a ter seu resgate a partir dos anos 2000 pelas senhoras Maria Prego e Maria das Neves Ferreira (falecida em 12/02/2017) esta festa foi esquecida por quase quatro décadas e por iniciativa dessas duas senhoras que tiveram a louvável ideia do resgate dessa tradicional cultura popular. Infelizmente atualmente a festa de Reis não é mais realizada nas ruas da cidade de Viana. Composto de bailado ao som das canções natalinas a festa era recheada de recitativos que relatam a magia da noite do nascimento do Salvador e a posterior visita dos Reis Belchior, Baltazar e Gaspar ao menino Jesus. Outra tradição era a queimação de palhinhas evento religioso que marcava o encerramento das comemorações natalinas na cidade de Viana era realizada no Dia de Reis, celebrado no dia 6 de janeiro. Caracterizada pelo desmonte do presépio que reproduz a cena do nascimento de Jesus e a visita dos Reis Magos. Os fiéis iam retirando, aos poucos, as palhinhas de uma planta chamada murta, utilizada para decorar o presépio, e colocavam para queimar em um fogareiro, produzindo um aroma agradável.

Durante a queimação, eram cantadas ladainhas em latim e língua portuguesa, enquanto balançam a imagem do menino Jesus com uma toalha como se estivessem o ninando, e os fiéis faziam pedidos para o ano que está começando.

FESTA
DE REIS

MUNDINHA COMPLETA 80 ANOS E GANHA HOMENAGENS DOS MOVIMENTOS SOCIAIS DO MARANHÃO

MANOEL DOS SANTOS NETO

Mundinha Araújo, uma das maiores ativistas políticas do Maranhão, completa 80 anos neste domingo

Ela vai receber homenagens de diversos movimentos sociais, ao final da missa em ação de graças que será celebrada às 10 horas, na Igreja de São Pantaleão.

Autora de vários livros publicados, além de ser a fundadora do Centro de Cultura Negra do Maranhão, Mundinha dedicou boa parte de sua vida a desenvolver pesquisas sobre a resistência do negro escravo no Maranhão (fugas, quilombos, revoltas e insurreições); comunidades negras rurais e sobre a resistência cultural (festas e danças de pretos) de comunidades maranhenses tradicionais.

Vai aqui um pouco sobre a homenageada: Maria Raymunda Araújo nasceu em São Luís, na Rua da Misericórdia, no dia 8 de janeiro de 1943, sendo a segunda dos 12 filhos de Neuza Ribeiro Araújo e de Eugênio Estanislau de Araújo. No exercício do magistério (1964-1975), Mundinha costumava debater com seus alunos e professores a questão do preconceito racial no Brasil, começando aí a sua militância pela causa.

Nesses tempos acompanhava com interesse a luta dos negros nos Estados Unidos pelos direitos civis, enquanto na África o movimento de libertação das colônias portuguesas culminava com a independência política e a instalação de governos populares na Guiné Bissau, Angola e Moçambique.

No Brasil, em meados dos anos 70, tem início o processo de reorganização de entidades que lutam contra o racismo e a discriminação racial.

Motivada por todos esses episódios, Mundinha Araújo fundou em São Luís, no ano de 1979, o Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN), referência nacional dentre os movimentos sociais do País até os dias atuais. Com a fundação do CCN, inicia as suas pesquisas sobre a resistência do negro escravo. Com este trabalho, construiu um formidável banco de dados, cujas informações vem contribuindo para a construção da história do negro no Maranhão.

“Eu sou da mesma geração de Ângela Davis”, afirma Mundinha, lembrando que viveu intensamente aquela época em que começou a ter forte repercussão em São Luís a luta dos movimentos negros criados nos Estados Unidos em defesa dos direitos civis.

Na década de 80, Mundinha participou ativamente da mobilização dos negros em São Luís, coordenando a Semana do Negro no Maranhão, seminários e outros eventos, cujos temas enfocavam a questão racial no Brasil.

Ao mesmo tempo em que atuava como pesquisadora e militante do Movimento Negro, Mundinha que, além de professora, é técnica em Comunicação Social do quadro de servidores do Estado, exercia na época as suas funções profissionais na Unidade de Editoração do Instituto de Pesquisas Econômico-Sociais e Informática (Ipei – Fipes – Ipes) – (1975-1985).

Em 1985, pretendendo trabalhar na área de pesquisa, solicitou sua transferência para a Secretaria da Cultura, sendo lotada no Arquivo Público do Estado.

Na Cultura, coordenou o ‘Mapeamento cultural dos povoados de Alcântara’ (1985-1987) e na área de Arquivo foi monitora do ‘Guia de Fontes para a História da África, da Escravidão Negra e do Negro na Sociedade Atual’, sob a coordenação do Arquivo Nacional (1987), publicado em 1988.

Em 1991 assumiu a direção do Arquivo Público do Estado do Maranhão (Apem), em cuja administração foi desenvolvido o projeto de modernização dessa instituição (1991 - 2002).

No Carnaval de 2013, Mundinha foi homenageada pelo Bloco Akomabu com o tema ‘Mundinha Araújo, a guerreira que faz história’. Em 2014, foi homenageada na oitava edição da Feira do Livro de São Luís (FeliS). Em novembro de 2014, na data em que se comemora o Dia da Consciência Negra, aconteceu a cerimônia de outorga do título de Doutor Honoris Causa à escritora, pesquisadora e militante do movimento negro Maria Raymunda Araújo, título concedido pela Universidade Estadual do Maranhão (Uema).

Produção literária

Além de ter sido a organizadora do livro ‘Documentos para a história da Balaiada’ (2001), Mundinha já publicou as seguintes obras: ‘Breve memória das comunidades de Alcântara’ (1990), ‘A invasão do Quilombo Limoeiro – 1878’ (1992); ‘Insurreição de escravos em Viana – 1867’ (1994), ‘Em busca de Dom Cosme Bento das Chagas – Negro Cosme: tutor e imperador da liberdade’ (setembro de 2008) e ‘Descendência de Elesbão Lourenço de Araújo e Ana Raimunda de Sá Caldas (Donana)’, este último livro lançado em 2012.

Mundinha está em plena atividade e pretende publicar, ainda neste ano de 2023, quatro trabalhos: ‘Memória dos Quilombos Maranhenses – Século 19’, ‘Catarina Mina, a africana que fez história no Maranhão’, ‘Bumba-meu-boi em tempos de fogo’ e ‘Tambores do Maranhão – Da repressão à consagração’. Tem um livro inédito: ‘Apontamentos para a história do Movimento Negro’. E agora acalenta o sonho de publicar uma autobiografia: ‘80 anos – Tempos de lembrar’, com histórias de família, sobre sua infância e adolescência, e sobre a São Luís em que estudou, trabalhou e militou como ativista política, Neste domingo, Mundinha completa 80 anos reconhecida em todo o País como uma das maiores lideranças do Movimento Negro no Brasil.

TESE DE HISTORIADORA CARIOCA CITA LIVRO DE EDMILSON SANCHES

EDMILSON SANCHES.

A historiadora carioca Andréa Camila de Faria Fernandes é uma das mais recentes pesquisadoras a dedicar toda sua formação acadêmica a estudos sobre um escritor maranhense. O nome escolhido foi Antônio Gonçalves Dias, poeta, dramaturgo, etnólogo e jornalista nascido em Caxias. O bacharelado, o mestrado e o doutorado de Andréa Camila tratam de aspectos de Gonçalves Dias. Na tese de doutoramento, outro caxiense foi mencionado: Edmilson Sanches, cujo livro “A Canção do Brasil”, dedicado ao poema “Canção do Exílio”, teve citação no corpo da tese acadêmica e consta das referências bibliográficas. Sanches também consta entre as pessoas a quem a autora carioca agradece colaboração.

PESQUISAS E PUBLICAÇÕES - Segundo Andréa Camila, em mensagem ao jornalista e escritor Edmilson Sanches, ela trabalha com Gonçalves Dias “desde minha graduação” e, na elaboração de seu projeto de doutorado esteve em 2013 em São Luís, como registra na tese, “procurando identificar obras sobre Gonçalves Dias que tivessem sido produzidas localmente” e “participando de um seminário na UEMA [Universidade Estadual do Maranhão], quando tive a oportunidade de conhecer o Sr. Leopoldo Gil, do IHGM [Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão]”, professor e pesquisador de larga produção no Estado. A ele, especialmente mencionado, e a outros estudiosos, Andréa Camila agradeceu em sua tese: “Aos maranhenses Leopoldo Gil Dulcio Vaz, Edmilson Sanches e Rossini Côrrea, que foram sempre solícitos nos pedidos de ajuda e compartilharam comigo entusiasmo pelos estudos sobre Gonçalves Dias, em diferentes momentos, muito obrigada também!”.

Nascida e residente na capital fluminense, Andréa Camila afeiçoou-se aos estudos gonçalvinos e toda sua produçãouniversitária concluintedagraduação e pós-graduação foiorientadapeladoutoraMárciade Almeida Gonçalves, doutora em História Social pela Universidade de São Paulo, professora e pesquisadora da UERJ, onde coordenou vários Programas e Núcleos, entre os quais o Núcleo de Estudos sobre Biografia, História, Ensino e Subjetividades. No seu trabalho de conclusão de curso (bacharelado em História), na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Andréa Camila teve como tema/título da monografia “Gonçalves Dias na Amazônia: o olhar de um romântico”.

Três anos depois, em 2011, ela concluía o mestrado, para o qual escreveu e defendeu na UERJ a dissertação “O santo comércio da amizade: política, literatura e sociabilidade na trajetória de Gonçalves Dias”. Neste trabalho, resume a acadêmica, procura-se “conhecer os caminhos que levaram à construção da imagem do poeta Gonçalves Dias que conhecemos hoje. Procura-se entender de que forma ele veio a construir o nome, no cenário letrado do Império do Brasil, que o fez ser identificado como o poeta nacional por excelência, e, também, identificar em que esferas e projetos ele atuou durante o processo de construção de sua imagem. Nesse caminho, trabalhou-se com a análise de sua correspondência, de modo a perceber qual o peso que suas relações sociais exerceram naformaçãode sua identidadeautoral. Entende-setambém que aimagem/memória de Gonçalves Dias hoje conhecida foi fruto dos esforços de seus biógrafos, se não em criá-la, ao menos em fixá-la, ao longo dos anos, de modo a reservar para Gonçalves Dias, definitivamente, um lugar no panteon nacional”.

Antes de ingressar no doutorado, Andréa Camila escreveu outros trabalhos de relevo sobre Gonçalves Dias, apresentando-os para publicação expondo-os em eventos nacionais. Em 2010, teve publicado seu trabalho “Meditação: visões do Império do Brasil na obra de Gonçalves Dias” no “Caderno de Resumos & Anais do 4º Seminário Nacional de História da Historiografia”, da Universidade Federal de Ouro Preto (MG).

Em 2015, publicou “'Brasileiro de meia cor e meia classe': A vida de Gonçalves Dias por Lúcia Miguel Pereira”, na revista “Ambivalências”, da Universidade Federal de Sergipe.

No29º Simpósio NacionaldeHistória,em julho de2017,em Brasília(DF),apesquisadoracariocaapresentou “A biografia intelectual de Gonçalves Dias: esboço de um projeto”.

Em 2020, no 13º Encontro Estadual de História, realizado em Pernambuco pela seção local da Associação Nacional de História, Andréa Camila publicou “’Sirva de Prólogo’: Construção Identitária nas Apresentações das Obras Poéticas de Gonçalves Dias”.

A TESE E O LIVRO - Só em novembro de 2021, uma década depois do mestrado, Andréa Camila de Faria Fernandes concluiu na UERJ seu doutoramento, com Gonçalves Dias continuando como objeto de seus estudos. A tese foi: “De ‘esperançoso menino do Maranhão’ a ‘poeta nacional’: a consagração da memória de Gonçalves Dias” (238 páginas).

Na tese, citando o livro do jornalista e escritor caxiense, Andréa Camila destaca: “[...] ‘A Canção do Brasil’, de Edmilson Sanches, procura, segundo o autor, registrar e documentar ‘alguns aspectos relacionados ao incomum – dir-se-ia melhor: inédito – alcance do poema ‘Canção do Exílio’’”. A doutora carioca prossegue, revelando e ponto em relevo a contribuição de Sanches: “Já demonstramos aqui que a ‘Canção do exílio’ serviu de inspiração aos mais diversos autores, nos mais diversos momentos, desde a sua publicação em 1846, mas o que Edmilson Sanches faz é ir além, e propor uma ‘biografia do poema’, apresentando sua origem, procurando analisá-lo etimológica e simbolicamente e listando e comentando autores e obras que direta ou indiretamenteseinspiraramna‘CançãodoBrasil’”.Econtinua:“Aanálisedestes,edemuitosoutrostrabalhos existente, é profícua e poderia bem facilmente dar origem a uma nova pesquisa sobre a recepção crítica e a preservação da memória do poeta. Não foi esse nosso objetivo aqui. Citá-los teve apenas a função de demonstrar que a máxima de que Gonçalves Dias é pouco lido não é tão verdadeira como poderíamos pensar num primeiro momento. Talvez ao invés de dizer que ele é pouco lido, seria mais exato pensar que ele é pouco divulgado. Os trabalhos sobre ele existem, estão por aí atravessando os séculos, mas apenas temos acesso a eles quando decidimos pesquisar mais detidamente a vida e a obra do poeta. No dia a dia ficamos no lugar comum. Cantamos a ‘Canção do exílio’ como se fosse nosso Hino e negligenciamos o conhecimento sobre seu autor. Nesse sentido, a pesquisa que aqui empreendemos teve a aspiração, talvez pretensiosa, de tornar Gonçalves Dias mais próximo a nós. De permitir aos que se debruçarem sobre essas páginas conhecê-lo um pouco mais, para, talvez assim, despertar mais interesse sobre o homem e sua obra, pois até consideramos que sua obra vive em nosso imaginário cultural, mas entendemos também que o que dela mais conhecemos é apenas uma pequena parte do conjunto da produção do poeta.”

O livro “A Canção do Brasil”, de Edmilson Sanches, foi lançado em 2020 pela Editora Estampa, de Imperatriz (MA), que, na época, publicou simultaneamente outras três obras do escritor maranhense: “Maranhão Não é Mentira”, “Teixeira Mendes Esse Nome é Uma Bandeira” (2ª edição) e “Do Incontido Orgulho de Ser Caxiense” (2ª edição, ampliada). Contatos: edmilsonsanches@uol.com.br e www.edmilsonsanches.webnode.page .

MARANHÃO E CAXIAS – Informada de que Edmilson Sanches está, a convite, desde junho de 2022 no Rio de Janeiro, onde auxiliou em trabalho de resgate de escritor maranhense em livro, Andréa Camila saúda o caxiense: “Espero que esteja sendo bem recebido aqui nestas terras fluminenses, como já o fui nas suas terras maranhenses. Se tudo der certo, estarei lá [no Maranhão] novamente em julho próximo, para participar do simpósio nacional de história da ANPUH [a Associação Nacional de História]”.

Sobretalentosos caxienses emaranhenses, adoutoradiz,de modo reflexivo, críticoe esperançoso: “Sãotantos os caxienses ilustres e tão pouco o que o Brasil sabe sobre eles e sobre a cidade... Parabéns pelo trabalho de divulgação! Espero um dia poder ir conhecer a terra onde nasceu Gonçalves Dias.” E continua: “O Maranhão é, infelizmente, um mundo quase desconhecido do restante do país. Mesmo Gonçalves Dias, que acho que posso dizer que é o filho mais ilustre dessa fértil terra, é bem pouco conhecido, se pensarmos em tudo que foi. A maioria só sabe que foi poeta e mesmo assim conhece poucos versos; e há ainda muitos que conhecem os versos, mas não fazem ideia de quem é o autor”. A acadêmica carioca conclui: “Admiro seu empenho em resgatar esses nomes e memórias”. ///

RECONHECIMENTO AOS 27 ANOS DE DEDICAÇÃO AO ESPORTE EM PARAIBANO.

LÉO LASAN

O desportista Manoel Reis da Silva (62), o Reizim, recebeu das mãos de Olivan Coelho vice-prefeito de Paraibano, um troféu como homenagem simbólica pelos esforços e dedicação de Reizim ao esporte de Paraibano.

Nesta sexta-feira, 20/01/2023, Reizim completou 27 anos de apoio ao esporte no município.

O Paraibanonews fez entrevista com o desportista que falou da emoção em desenvolver o esporte, principalmente com crianças da sua escolinha que existe durante todos esses anos.

A entrevista completa será postada nesta próxima semana com exclusividade aqui nesta página.

Parabéns

Reizim pela dedicação em melhorar a vida de todos os atletas e consequentemente das suas famílias e amigos, nessa jornada que não é fácil.

Você continua fazendo o gol que merece placa e o Título de Cidadão Paraibanense.

ESTUDANTE TIMONENSE DISPUTA CLASSIFICATÓRIA PARA MUNDIAL DE ATLETISMO

A atleta Evely Cristina de Freitas vai representar o município de Timon na cidade de Brasília-DF em competição que acontece entre os dias 20 e 23 de março deste ano. A jovem de 17 anos de idade conquistou o primeiro lugar no pódio na seletiva realizada pela Federação Maranhense do Desporto Escolar (FEMADE) entre os dias 14 e 15 de janeiro de 2023, destinada a alunos/atletas nascidos em 2005, 2006 e 2007.

Estudante timonense disputa classificatória para mundial de atletismo (portalr10.com)

“A estudante conta com o apoio da Prefeitura de Timon, por meio da Secretaria Municipal de Esportes, Juventude e Lazer (SEMEJ). O poder público municipal tem investido nos talentos do esporte local com o projeto Atletas de Futuro. Nós temos todo o compromisso e entusiasmo para trabalhar em prol de resultados que elevam o nome do nosso município”, revela Felipe Andrade, Secretário de Esportes de Timon.

O resultado garante lugar no Brasileiro Escolar de Atletismo. De acordo com a entidade, o Brasileiro é classificatório para o Campeonato Mundial Escolar de Atletismo, em Trabzon – Turquia, entre os dias 19 a 26 de junho de 2023.

“Nós focamos na seletiva brasileira e após muito empenho conseguimos, com o apoio da Prefeitura de Timon, a chance de disputar essa importante etapa nacional. O nosso objetivo é alcançar a classificação para a etapa mundial da categoria e trazer bons resultados para a nossa cidade”, comentou a atleta.

CBAT NOMEIA DELEGADO PARA A FEDERAÇÃO ATLÉTICA MARANHENSE

• Assessoria de Comunicação 24/01/2023

O professor Martinho Nobre dos Santos seguirá os procedimentos legais para restaurar o funcionamento normal da FAMA, que está com a Presidência vaga desde o dia 15 de abril de 2022

Bragança Paulista – O presidente do Conselho de Administração da Confederação Brasileira de Atletismo, Wlamir Motta Campos, nomeou nesta segunda-feira (23/1) o professor Martinho Nobre dos Santos como delegado da CBAt para restaurar o funcionamento da Federação Atlética Maranhense (FAMA), seguindo os estatutos das duas entidades.

A presidência da FAMA está vaga desde o dia 15 de abril de 2022, não tendo havido o respectivo processo legal para nova eleição antes do encerramento do mandato no dia 14 de abril de 2022.

A Portaria 01/2023 foi assinada por Wlamir Motta Campos e segue a decisão unânime dos integrantes do Conselho de Administração da CBAt.

A atuação do delegado começou nesta segunda-feira (23/1) e terminará na data da posse da nova diretoria da FAMA. A nomeação de Martinho Nobre dos Santos segue estritamente os estatutos das duas entidades e as leis e normas vigentes no País.

XIX CONGRESSO DE CIÊNCIAS DO DESPORTO E EDUCAÇÃO FÍSICA DOS PAÍSES

DE LÍNGUA PORTUGUESA

É obra: dezanove realizações! Começamos no Rio de Janeiro em 1989. Passamos pelo Porto (3 vezes), pelo Recife (2 vezes), por Maputo (3 vezes), por A Corunha, por Florianópolis, por Lisboa, por Porto Alegre, por São Paulo, por São Luís do Maranhão, por Belo Horizonte e Ouro Preto e por Fortaleza. Pela segunda vez chegamos a Coimbra. A viagem já vai longa e não vamos ficar por aqui. Avançamos contra os ventos e marés da ocasião, com as velas enfunadas não pelo voraz vendaval do negócio, das métricas e do cifrão. Andamos na contramão: o que nos move é a dulcificante aragem da partilha e comunhão, da fraternidade e do coração!

CONGRESSO EM VIAGEM: DE COIMBRA PARA CAMPINAS

O XIX Congresso de Ciências do Desporto e de Educação Física dos Países de Língua Portuguesa acabou. Mas não ficou para trás. Persistirá entranhado e vivo na agridoce saudade. Viajará connosco nas asas da imorredoura gratidão. Será a Minerva que vem ao cair da tarde, quando o crepúsculo surge no olhar e a luz do coração mostra as margens do caminhar pletórico de emoção.

Vamos agora para a UNICAMP, em Campinas, terra de ipês com várias cores, onde canta o sabiá. Em outubro de 2024 estaremos lá.

Em Coimbra correu o rio do afeto que nos encheu a alma e veio na boca transbordar. Em Campinas ele vai chegar renovado, aumentará a força da corrente e esta irá as margens alagar.

SPORTS AND PHYSICAL ACTIVITIES IN EUROPE: HOW TO MEASURE ACTIVE LIFESTYLES

Abstract The paper presents the importance of monitoring participation in sports and physical activities. In fact, the regular practice of physical activity brings physical, psychological and social benefits. The Governments should support the measures taken in this field by the monitoring, control work, preparation of appropriate tools and platforms, evaluation and research. We analyse the results from Special Eurobarometer survey (2014) and discuss their limits, suggesting new strategies to improve their use to individualize patterns and rankings of the 28 EU countries in sports participation. For this purpose, we did not analyse issued results, but reprocess the individual record file in a different way, using COMPASS strategy to help us. We applied a multivariate statistical model (logistic regression) to study which are the determinants of sport participation in the European Union.

© Springer Nature Switzerland AG 2019 A. Bianco et al. (eds.), Italian Studies on Quality of Life, Social Indicators Research Series 77, https://doi.org/10.1007/978-3-030-06022-0_25

O DEBATE ACERCA DOS ESPORTS NO CAMPO ESPORTIVO: UMA PEQUENA REFLEXÃO

EDUARDO GOMES

eduardogomes.historia@gmail.com

Ana Moser assumiu o Ministério do Esporte no atual governo Lula. Foto: Agência Brasil

Nesse início de 2023, com o retorno de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência do Brasil depois de 12 anos desde sua saída do cargo, muito tem se debatido sobre as escolhas dos nomes que irão representar os diferentes ministérios em seu governo.

Uma das pastas que retornaram com o atual mandato, foi a do Ministério do Esporte, que durante o período de Jair Bolsonaro no poder ficou vinculado à Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania.

Para comandar tal ministério, Lula escolheu o nome de Ana Moser, ex-atleta de vôlei e muito ligada às causas progressistas relacionadas com o esporte, notadamente por sua atuação no Instituto Esporte e Educação (IEE). A escolha de Moser foi muito festejada por aliados do governo, que no geral entenderam ser a nova ministra, de fato, um bom nome para comandar a “velha nova” pasta.

Todavia, uma fala da agora ministra no último dia 10/01/2023, gerou grande debate. Segundo Moser,

A meu ver, o esporte eletrônico é uma indústria de entretenimento, não é esporte. Então, você se diverte jogando videogame, você se divertiu. "Ah, mas o pessoal treina para fazer". Treina, assim como o artista. Eu falei esses dias, assim como a Ivete Sangalo também treina para dar show e ela não é atleta da música. Ela é simplesmente uma artista que trabalha com entretenimento. O jogo eletrônico não é imprevisível. Ele é desenhado por uma programação digital, cibernética. É uma programação, ela é fechada, ela não é aberta, como o esporte.

Essa perspectiva conceitual do que deve ou não ser entendido como esporte, gera grandes debates e, ao mesmo tempo, divergências no âmbito do campo esportivo. No senso comum, olhares como o da ministra podem ser reproduzidos e, também, utilizados como forma de demarcação daquilo que buscam passar como sendo um “modelo ideal” do que se deve considerar como esporte.

História(s) do Sport

Moser destacou ainda que o objetivo central da pasta será o de olhar para o “esporte social”, ponto importante e que deve ser encarado como um verdadeiro caminho no que se diz respeito ao entendimento do esporte enquanto uma ferramenta de mobilização e mudança na sociedade. Passada a “era dos megaeventos”, focar nos aspectos sociais do esporte são, sem dúvidas, os melhores caminhos para se pensar a importância dessa pasta para o país. A partir dessa perspectiva, Moser ainda enfatizou o porquê de não estabelecer um olhar mais profundo para, por exemplo, os esports.

Não tenho por objetivo aprofundar neste pequeno texto um olhar necessariamente crítico ao posicionamento da ministra, mas sim de problematizar a própria ideia do que conceitualmente entendemos como esporte, tendo como parâmetro alguns dos avanços e debates oriundos das Ciências Humanas e Sociais (o que, obviamente, não inviabiliza um debate acerca do tema com as perspectivas conceituais de outras áreas/campos). Afinal, os esports são ou não modalidades esportivas?

Tratando-se de forma mais específica das pesquisas acadêmicas sobre o objeto, deve-se ter em conta alguns fatores importantes. Pierre Bourdieu, em seu ensaio intitulado “Como é possível ser esportivo?”, destacou algumas características daquilo que entende como “esporte moderno”. O autor referendou, em um pequeno ensaio mas que foi de grande valia para o campo de Estudos do Esporte, as diferenças existentes entre o esporte moderno e as práticas corporais e de divertimento anteriores à modernidade.

Caracterizando a importância de conceitualmente definir tal objeto, Bourdieu escreveu sobre o que hoje é conhecido como campo esportivo. Para o autor, a história do esporte é [...] uma história relativamente autônoma que, ainda quando é escondida pelos grandes acontecimentos da história econômica e política, tem o seu próprio ritmo, as suas próprias leis de evolução, as suas próprias crises, em suma a sua cronologia especifica.

Dentro dessas características, é válido enfatizar que para entender uma determinada manifestação como um esporte, no olhar do campo esportivo, se faz necessário que a mesma possua determinadas características, que são:

. Entidades representativas (como os clubes);

. Um calendário próprio e autônomo;

. Um corpo técnico especializado;

. Um mercado ao seu redor.

A verdade é que o conceito de esporte na modernidade não é fechado e nem deve ser entendido como algo não mutável, pelo contrário. O fato é que os esports conglomeram todas as características do campo esportivo, dentro do contexto do século XXI, sendo por si só esses alguns fatores que referendam essa perspectiva conceitual de inclusão de tais modalidades também como “esportivas”.

Obviamente, dentro do mundo acadêmico, a própria concepção daquilo que devemos entender conceitualmente como esporte, pode ser mudada. Os olhares introdutórios de Bourdieu acerca do objeto serviram como pontapé inicial de um campo investigativo e não como linha de chegada. Desde então, inclusive no Brasil, muitos autores já se debruçaram sobre as perspectivas do campo esportivo, aprofundando, criticando, dando novas sugestões ou apontando distintos caminhos acerca do conceito.

Victor Andrade de Melo, por exemplo, aprofundou esse debate em várias ocasiões. Em uma de suas obras, intitulada “Esporte e Lazer: conceitos – uma introdução histórica”, o autor destacou a importância de se estudar o conceito de esporte dentro de uma perspectiva histórica, abarcando vários pontos que podem ser considerados como caminhos para estabelecer um diálogo entre o

esporte e as práticas corporais anteriores à modernidade. Assim, problematizou o conceito de “prática corporais institucionalizadas”, entendendo que

A História das Práticas Corporais Institucionalizadas “abarcaria, em um mesmo campo de investigação, sem excluir outras possibilidades de diálogos, práticas sociais como o esporte, a capoeira, a dança, a ginástica, as relativamente recentes práticas físicas ‘alternativas’ (antiginásticas, eutonia etc.), a educação física (entendida enquanto uma disciplina escolar e como uma área do conhecimento), as práticas específicas de períodos anteriores à Era Moderna (da Antiguidade e da Idade Média), entre outras. A despeito dessa conceituação, para facilitar o entendimento e/ou em função de questões operacionais, em muitas oportunidades usamos “história do esporte” como metonímia”.

Com isso, surge-se mais uma questão: modalidades que se referendam menos pela utilização do corpo e mais pelo uso da mente, como é o caso do xadrex e dos próprios esports, devem ser chamados de “esporte”? Manoel Tubino, Fábio Tubino e Fernando Guarrido destacam, na obra “Dicionário Enciclopédico Tubino do Eporte”, que esses seriam os chamados "esportes intelectivos":

Os esportes intelectivos são aquelas práticas ou modalidades esportivas nas quais há uma dominância de solicitações intelectivas nas disputas. [...] Há alguns anos muitos dos atuais Esportes Intelectivos não eram reconhecidos como Modalidades Esportivas pela falta de movimentos convincentes. Entretanto, a partir da Carta Internacional de Educação Física e Esporte da Unesco (1978), que estabeleceu o direito de todas as pessoas ao Esporte, em todas as idades e em qualquer circunstância física, o conceito de Esporte ficou mais abrangente, passando a compreender muitas modalidades que antes não eram percebidas como Práticas Esportivas. Os Esportes Intelectivos, que muitas vezes são tradicionais pelo longo período de existência – e em outras também são ligados a culturas e identidades nacionais -, na verdade enriqueceram bastante o contexto esportivo internacional.

Tendo em vista essas colocações, é válido relembrar um ponto já aqui abordado: a questão da possibilidade de mutação do conceito. No mesmo livro já aqui citado, Victor Melo apontou em 2010 sobre a necessidade de estarmos sempre atentos às mudanças que o fenômeno esportivo nos proporciona, destacando assim que um olhar não apurado poderia se materializar em uma equivocada estagnação do conceito. Já citando inclusive os esports, o autor destacou que [...] desde o tempo do Telejogo, primeira geração de games, são muitos os jogos eletrônicos que fazem da prática esportiva o motivo central. Aliás, com o Wii, vemos a junção entre o movimento corporal e o que ocorre no monitor, uma nova forma de interação. Alguns mais desconfiados podem afirmar que isso não é esporte. Quero lembrar que nem sempre a movimentação corporal foi parte essencial do fenômeno esportivo [...]. Além disso, enquanto prática social que deve ser historicizada, não podemos nos prender a apreensões essenciais: o esporte é aquilo que em cada momento se defina como tal, conceitos relacionados a experiências históricas específicas. [...] A questão fundamental é: se mudou a forma de relação com o outro, de relação com o corpo, de representação do corpo, por que não mudaria a concepção do que significa fazer esporte?

A verdade é que, de fato, a perspectiva conceitual acerca daquilo que devemos ou não considerar como esporte, sempre gerará divisão de opiniões. Reconheço esse ponto, tal como reconheço que, para além de um olhar que pode ou não estar equivocado, as colocações da ministra Ana Moser dizem mais respeito ao foco e tratamento que idealiza para a pasta que agora lidera, do que uma opinião em que seja necessariamente contrária aos esports.

Porém, como pesquisador que se debruça sobre o objeto há mais de uma década e que entende que o fazer ciência se constrói com embasamento teórico e conceitual, reitero a importância de se trazer esse debate hoje. Assim, fica nítido que, para além das visões difundidas no senso comum, no âmbito acadêmico não podemos cair em tais armadilhas. Deve-se sempre se fortalecer os olhares e embasamentos acerca dos fenômenos sociais existentes, entendendo que o esporte (tal

como qualquer outra manifestação cultural) necessita de um entendimento com base em um conjunto de características que definam o que é o objeto a partir de uma perspectiva científica e social, ignorando assim os achismos, opiniões e visões que fujam dos olhares mais amarrados e consolidados sobre o tema.

Referências

BOURDIEU, Pierre. Como se pode ser desportista? In: _______. Questões de sociologia. Lisboa: Fim do século, 2003, p. 181-204.

MELO, Victor Andrade de. Esporte e lazer: conceitos – uma introdução histórica. Rio de Janeiro: Apicuri, 2010.

TUBINO, Manoel; GARRIDO, Fernando; TUBINO, Fábio. Dicionário enciclopédico Tubino do esporte. Rio de Janeiro: Editora Senac Rio, 2007.

PORQUE O BRASIL NÃO ATINGE DESEMPENHO DESPORTIVO DE ACORDO COMAS SUAS POTENCIALIDADES.

ALBERTO MURRAY NETO

O Brasil e suas instituições têm passado por transformações profundas. O esporte, como não poderia deixar de ser, não pode ser deixado à margem desse processo e, portanto, este momento é propício para discutilo e traçar nossos objetivos.

Para se compreender parte das razões que fazem com que os resultados esportivos obtidos por nosso país em nível internacional ainda estejam abaixo daqueles desejados, é necessário observar o pensamento que até o final do século dezenove prevaleceu na sociedade aristocrática brasileira com relação às questões do esporte. Até aquela época, o esporte era visto como coisa para desocupados, para pessoas sem atividade produtiva e o atleta encarado como um elemento pernicioso ao meio social, Este pensamento arcaico marginalizou o atleta e é, até hoje, responsável por parte das dificuldades enfrentadas, pois colocou o esporte brasileiro pelo menos uns cinquenta anos atrasado com relação às nações mais desenvolvidas. É difícil recuperar aquele tempo perdido e nossa condição atual ainda sofre os reflexos daquela época. Mas, felizmente, esse conceito transformou-se. A sociedade passou a aceitar o esporte como um fator de utilidade real na formação do indivíduo. É educação. É cultura, deixou de ser somente uma forma de entretenimento, para tornar-se parte da estrutura social, cuja importância deve ser encarada nas suas proporções adequadas, mas com alto senso de responsabilidade. Tudo o que se alcançou até hoje representa o resultado de um esforço empreendido com o propósito de se edificar o esporte sobre bases racionais, O esforço individual, desinteressado, não teve, como obviamente não poderia ter, o cunho de organização em nível nacional, o que somente poderia ser alcançado se fossem concedidos meios para tal. Por isso, o nível atingido pelo esporte nacional, bom em seu sentido regional, mas fraco em dimensões internacionais é resultado de valores esporádicos que surgiram, esforços isolados e não produto de um trabalho dirigido em bases racionais, planejado, orientado, tendo como ponto de apoio comando necessário para dirigir o esporte em todo o território nacional. Tivemos sempre a figura das Federações, cuja criação foi imposta pela necessidade que os esportistas possuíam de defender suas instituições e trabalho realizado e não de colocar em prática um programa de imediato interesse coletivo.

Mas nunca é tarde para corrigir e este é o momento de fazê-lo. Corrigir aquilo que há anos está errado; revolucionar o sistema, derrubar as arestas que entraram em choque com o quadro de conveniências do esporte brasileiro; estabelecer um projeto que não sirva tão somente a interesses momentâneos, que seja capaz de vir a ser base da evolução para qual nosso povo está destinado.

O esportista é fruto da transformação pela qual o homem vem passando desde o início, Veio do nada e, portanto, teve que lutar. E foi lutando que evoluiu. Quando não mais foi obrigado a empenhar-se nesse combate absoluto, pela defesa de sua própria sobrevivência, o homem continuou sentindo, como herança do seu passado, a necessidade de lutar, A inteligência, os músculos e os nervos guiaram-no para, de transformação em transformação, atingir este magnífico estágio de aperfeiçoamento que tanto valoriza e distingue a espécie humana. E na busca incessante de um aperfeiçoamento ainda maior, o homem permanece lutando derivando a força de seus músculos em busca de um padrão biologicamente uniforme. É correto que atualmente o cenário é outro, mas a luta do homem persiste, para estar sempre preparado para o constante desafio da vida. O esporte na sociedade entra então como um elemento de equilíbrio no conflito resultante dessa contingência.

O esporte não é unicamente uma conveniência, mas uma contingência resultante de fatores oriundos das mais diferentes origens, O brasileiro soube compreender a importância do esporte na formação do indivíduo e reconheceu que pelos caminhos da educação física pode ser alcançado o ideal do homem superior, apreciado sob o aspecto do intelecto, da moral e do físico.

Quando o esporte ensaiou seus primeiros passos em nossa terra, São Paulo e o Brasil procuraram deixar para trás todo um passado melancólico, provinciano; deixaram para trás a filosofia arcaica trazida pelo BrasilColônia e observaram o universo com a consciência de um valor que se corporificava em sua frente. No entanto, a inserção do esporte nesse complexo foi gradual, Mas de qualquer forma, foi feita. A estrutura do esporte nacional, dentro do qual estão ajustados variados fatores que permitiram fixar o indivíduo e determinar-lhe a personalidade no conjunto da sociedade, foi sendo elaborada e aos poucos adquirindo forma, recebendo toques da influência alienígena de um lado e de outro os tons definidos e definitivos do elemento autóctone, não obstante a força das influências e correntes exteriores. O primeiro a buscar essa autossuficiência foi o futebol, que se individualizou e se tornou um padrão, uma arte específica.

Aos clubes coube importante papel da evolução do nosso esporte. No fim do século passado e início deste, surgiram os primeiros sinais de uma definição do esporte nacional, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Em São Paulo, a prática desportiva resumia-se ao futebol e somente mais tarde, com o surgimento dos clubes é que a juventude tomou conhecimento do cricket, tênis, atletismo e outros. Assim, graças aos esforços dessas agremiações, que constituem até hoje a “célula-mater” do nosso esporte, o esporte construiu seus alicerces e assentou sua estrutura.

O esporte generalizou-se e, em decorrência dessa generalização, atingimos nosso aperfeiçoamento. O primeiro grande êxito do nosso esporte foi a vitória no Campeonato Sulamericano de Futebol, que se realizou no Brasil em 1.919. Em seguida, na primeira participação brasileira em Jogos Olímpicos, em Antuérpia, no ano de 1.920, Guilherme Paraense obtém a medalha de ouro da prova de pistola automática e Afrânio Costa a medalha de prata na prova da pistola livre. Outro memorável feito, que definitivamente entrou para história do nosso esporte, foi a vitória obtida no Campeonato Sulamericano de Atletismo, em Lima, no Peru, em 1.939. Foi a primeira vitória do esporte nacional, em toda sua história, fora de nossas fronteiras. Mas apesar da evolução e de algumas conquistas, o esporte, principalmente o amador, continuou desassistido, sem auxílio dos governos e de ninguém. Nesse compasso, o heroísmo dos clubes e dos dirigentes permaneceu e até 1.950 foi possível manter o entusiasmo dos esportistas, apoiados numa vanguarda de. valores que, por sua vez, o tempo incumbiu de extinguir aos poucos, O ano de 1. 950 foi um ponto de definição. A força demonstrada por tantos idealistas fez com que o Brasil permanecesse no comando do esporte na América do Sul, valendo-se, ainda, do rescaldo de uma atividade de meio século. Daí a sustentação de nosso prestígio nos inúmeros setores em que atuamos, principalmente nos torneios de maior envergadura em que tomam parte os países deste continente. Também em nível panamericano, o Brasil tem atingido alguns resultados de expressão, mas saibam que, infelizmente, essas conquistas têm sido obtidas a duras penas em virtude do melancólico enfraquecimento de nossas reservas. As transformações socioeconômicas pelas quais passou o Brasil nos últimos anos alterou profundamente o cotidiano das Pessoas. Os indivíduos foram levados a novos deveres e obrigações. O atleta, na proporção em que tais deveres e obrigações foram avolumando-se, foi progressivamente perdendo as condições que permitiam um programa mínimo de preparação individual. Os tropeços constantes da nossa economia exigiram um desdobramento de cada um e impossibilitou a viabilização de treinamento. A atrofia do complexo viário de uma cidade como São Paulo, por exemplo, frente ao seu crescimento vertical até atingir um número populacional exorbitante, tornou impossível o fluxo daqueles que, dos seus locais de trabalho, buscavam os clubes para praticar esporte. Mesmos os clubes, pressionados pelas condições econômicas altamente desfavoráveis, dificultaram o ingresso em seus quadros associativos a população menos favorecida financeiramente. O esporte amador ficou, então, a mercê de sua própria sorte e sua queda foi vertical.

Além das dificuldades que geograficamente nos são impostas, pela grandeza da extensão territorial do Brasil, nunca teremos um progresso esportivo se o governo não resolver, neste instante, encarar o problema. Precisamos de quantidade para obter-se a qualidade. Com a numerosa população que temos, não é possível

Para detê-la fazia-se necessário que fossem adotadas medidas práticas e objetivas, que infelizmente não o foram.

que tenhamos que formar as delegações nacionais com atletas, basicamente, de dois ou três Estados da Federação, Não possuo nenhuma dúvida da causa do nosso atraso esportivo. De certa forma acomodados com resultados esporádicos alcançados ao longo dos anos, ficamos passivamente aguardando que alguma coisa surja do nada para alterar este panorama.

Nossa infraestrutura, baseada nos clubes, vem falhando de ano para ano a ponto de serem quase deprimentes os aspectos oferecidos pelos torneios aqui realizados. Embora os clubes não tenham desaparecido, são poucos os que ainda mantém suas seções esportivas competitivas e dentro de pouco podem tornar- se apenas clubes sociais. É necessário intensificar a prática da educação física e dos esportes em todos os seus graus de ensino, desde o primário, com sua iniciação esportiva, até a universidade. As reformas educacionais que são feitas ainda insistem em colocar a educação física e os esportes como matéria secundária, inseridas num resto de horário das demais disciplinas.

Sem que seja obrigatória a educação física como iniciação esportiva no ensino primário, sem uma definição clara das obrigações dos colégios em relação às aulas semanais de educação física e esportes; sem meios materiais para fazer face às despesas de convênios com os clubes para manutenção de militância esportiva, sem a construção de campos de esportes nos bairros com o objetivo de atender as populações menos favorecidas para que possamos criar, forjar no todo nacional uma mentalidade esportiva que com o correr do tempo transformar-se-á num hábito higiênico e saudável, sem que se tenha o apoio das Forças Armadas por intermédio de suas escolas de formação e do trabalho durante o recrutamento dos jovens às suas fileiras e, finalmente, sem que, paralelamente à vida escolar, média e universitária, seja estimulado extra- escolar o esporte popular e dos clubes que é o que atualmente vêm sustentando o nosso esporte, não sairemos nunca do círculo vicioso em que nos encontramos.

O tempo criou barreiras inacessíveis àqueles que sempre conduziram o esporte por puro idealismo. Por tudo isso é que é chegado o momento de uma decisão radical. Não há mais condições de se prosseguir no campo da espontaneidade e do livre arbítrio. Devemos criar a forma. O esporte deve ser encarado sob um prisma diferente, em função de uma nova realidade, igualmente como fazem outros países do mundo. A sua área de atuação não pode ficar restrita a certas regiões que se tornam privilegiadas. Deve ter âmbito nacional e deve envolver na sua estrutura definições e regulamentações que se apliquem a todo o território nacional.

São Paulo já deu no passado algumas demonstrações de como esse trabalho poderia ser feito a nível nacional. A antiga Diretoria de Esportes, criada em 1.939, que depois transformou-se em Departamento de Educação Física e Esportes do Estado de São Paulo (atual Secretaria de Esportes e Lazer) organizou o esporte em nossos Estado, quando muito pouco, ou quase nada, havia em termos de regulamentação e organização. Na época, criaram-se as Comissões Municipais de Esporte, dividiu-se o Estado em regiões e, a partir daí, desenvolveu-se a mística esportiva nos colégios; criou-se, oficializou-se e regulamentou-se os Jogos Abertos do Interior, competição que existe até hoje e que Já revelou grandes valores; idealizou o Distintivo da Mocidade Paulista e formou as Turmas Volantes de Atletismo, que percorriam o interior do Estado estimulando o desenvolvimento da prática desportiva nas mais variadas regiões; fizeram-se os primeiros campeonatos intercolegiais; construiu-se os parques esportivos da Água Branca e do Ibirapuera e tantos outros no interior do Estado; incentivou-se torneios preparatórios para diferentes modalidades e muito mais.

Infelizmente, porém, essa soma de realizações teve sentido puramente regional, com ligeiros reflexos em alguns outros Estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul.

O fato é que o Brasil esteve sempre divorciado do esporte. Mesmo nas regiões mais privilegiadas, os esquemas preparados esbarraram sempre nos problemas de falta de meios e dos resultantes do direito do livre arbítrio, Falharam os planos até hoje postos em prática pela simples falta de recursos, Não se poderá nunca exigir do homem comum, do homem da fábrica, da lavoura, do comércio, do universitário, do estudante secundário o atendimento a um plano consciente se não lhe dermos meios para tal. E tais meios somente serão viáveis no instante em que se estabelecer uma estrutura que se assente em base legal e regulamentar, cujos fundamentos essenciais sejam autoridade e recursos. Impõe-se nesse momento de transformações sociais encontrar a forma administrativa que possa permitir:

1. Autoridade; e

2. Planificação.

Com referência ao primeiro aspecto da questão, devem ser atribuídos poderes aos órgãos competentes para tornar motivadora a prática dos esportes:

(a) No ensino, desde o fundamental até as Universidades;

(b) Nas Forças Armadas do país; e

(c) No povo de um modo geral,

No tocante ao segundo aspecto, o organograma a ser elaborado deve ter como referência central o órgão governamental que pode ser oo Ministério do Esporte, através do qual será feito o contato do governo com a parte esportiva. Esta parte esportiva teria como centro polarizador o Comitê Olímpico do Brasil, à semelhança do que ocorre em outros países do mundo. Esta cúpula, representada pelo Comitê Olímpico Brasileiro, captará para si a soma de problemas do esporte a ele encaminhados pelas Confederações Nacionais, resolvendo-os, ou encaminhando-os ao órgão governamental.

O substabelecimento de poderes às Confederações nacionais imporá total e ampla reformulação do esquema através do qual as entidades específicas se orientam no presente, demandando esse problema uma revisão absoluta do sistema atual.

Ainda com referência à planificação, faz-se necessário o estabelecimento de meios necessários através de instalações e de técnicos que proporcionem a todos os elementos úteis do país os recursos indispensáveis à execução de um programa de preparação intensiva, compreendendo desde a criança do curso fundamental até o universitário, desde os elementos das forças armadas, entidades civis até o povo.

ALBERTO MURRAY NETO

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ QUANDO A CAPOEIRAGEM COMEÇOU... SÃO LUÍS – MARANHÃO 2023 3ª. parte

RIO DE JANEIRO – (1626); (1687); 1769/1779

1626 “Com base nas Ordenações Filipinas, isto em 1626, se organiza uma Polícia no Rio de Janeiro que: Munida de um instrumento jurídico, pode a Polícia dar vazão aos seus instintos, massacrando a torto e a direito os capoeiras que encontrava: estivessem ou não em distúrbios, a ordem era o massacre”. In ARAÚJO, 1997, p. 59, citando Rego, 1968, p. 123, in OLIVEIRA, 1971, p. 78).

1687 sendo governador Matias da Cunha, o sertanejo, estacionado no sertão da Bahia, ofereceu os serviços ao governo para exterminar os palmares, exigindo como prêmio as terras conquistadas e os escravos que aprisionasse. Aceita apropostapelo governo, atrês de março de1687, foiassinadoorespectivo contrato. Domingo Jorge Velho, comandando 7.000 homens bem armados e equipados, dirigiu-se a serra da Barriga, onde iniciou os primeiros combates com os negros [...] ”O escravo se mostrava superior na luta [...] A causa dessa superioridade, que, na luta corpo a corpo mostrava o refugiado na capoeira, explicavam os da escolta, que diziam saber e aplicar o foragido um jogo estranho de braços, pernas, cabeça e tronco, com tal agilidade e tanta violência, capazes de lhe dar uma superioridade estupenda. Espalhou-se, então, a fama do “jogo do capoeira” que ficou sendo a capoeiragem. (Burlamaqui, A.“Ginástica Nacional (Capoeiragem), Metodizada e reglada”, Rio de Janeiro, 1928, in MARINHO, 1.980:66).

http://www.docpro.com.br/Linkultural/Acervo/Acervo24.html

1769-1779 Joaquim Manoel de Macedo, em sua crônica “Memórias da Rua do Ouvidor”, relata fatos que aconteceram durante a administração do vice-rei, o Marques do Lavradio; nelas, relata a famosa história do tenente Amotinado, capoeirista que teria servido de auxiliar nas aventuras eróticas do vice-rei. Considera-se ser esta a primeira referência sobre a capoeira no Rio de Janeiro; provavelmente Macedo se aproveitou de memória oral de seu tempo (1820 a 1882), assim como de pasquins e cantigas que se fez a respeito na época. Em sua referência direta à capoeira Macedo (1988, p. 37) apenas comenta que “talvez fosse o mais antigo capoeira do Rio de Janeiro, jogando perfeitamente a espada, a faca, o pau e ainda e até de preferência a cabeçada e os golpes com os pés”. (Vieira e Assunção, 1998).

1770 a mais antiga referência da capoeira enquanto forma de luta surge neste ano, vinculado ao tempo do Vice-Rei Marquês do Lavradio no Rio de Janeiro, em que já havia o sentido de ‘amotinados’ aos seus praticantes (Edmundo, 1938, citado por Vieira, 2005)

- ainda segundo Vieira, citando Hermeto Lima, ao nos afirmar que “segundo os melhores cronistas, data a capoeiragem, de 1770, quando para cá andou o Vice-Rei Marques do Lavradio. Dizem eles também que o primeiro capoeira foi um tenente chamado João Moreira, homem rixento, motivo porque o povo lhe apelidou de ‘amotinado’. Viam os negros escravos como o ‘amotinado’ se defendia quando era atacado por4 ou 5 homens,eaprenderam seus movimentos, aperfeiçoando-os edesdobrando-os em outros dando a cada um o seu nome próprio. Como não dispunham de armas para sua defesa uma vez atacados por numeroso grupo defendiam-se por meio da ‘capoeiragem’, não raro deixando estendidos por uma cabeçada ou uma rasteira, dois ou três de seus perseguidores” (Lima, Hermeto in “Os Capoeiras”, Revista da Semana 26 nº 42, 10 de outubro de 1925, citado por Vieira, 2004)

1788(?) as maltas dos capoeiras já inquietavam os cidadãos pacatos do Rio de Janeiro e se tornavam um problema para os vice-reis (Carneiro, 1977)

1789 12 de abril - primeiro aparecimento da palavra capoeira escrita no registro da prisão de Adão, pardo, escravo, acusado de ser capoeira. [Nireu Cavalcanti, O Capoeira, Jornal do Brasil, 15/11/1999, citando do códice 24, Tribunal da Relação, livro 10, Arquivo Nacional, Rio de Janeiro]. (texto disponível em www.capoeira-palmares.fr/histor)

SÉCULO XIX

1800/1810 o reconhecimento da Capoeira enquanto prática de luta/jogo se dá durante a primeira década do século XIX (ARAÚJO, 1997, p. 63).

1808 quando da chegada da família Real ao Brasil começou o processo de repressão à cultura negra e foi intensificada a perseguição policial.

1809 foi criada a Guarda Real da Polícia na qual o Major Miguel Nunes Vidigal foi nomeado comandante. Major Vidigal foi o verdadeiro terror dos capoeiristas, perseguia-os, espancava-os e torturava-os na tentativa de exterminá-los. Apesar dos severos castigos, os capoeiras resistiam bravamente

Segundo Barreto Filho e Lima, o Major Vidigal “era um homem alto, gordo, do calibre de um granadeiro, moleirão, de fala abemolada, mas um capoeira habilidoso, de sangue frio, e de uma agilidade a toda prova, respeitado pelos mais temíveis capangas de sua época. Jogava maravilhosamente o pau, a faca, o murro e a navalha, sendo que nos golpes de cabeça e pés, era um todo inexcedível”. (Barreto Filho, Melo & Lima, Hermeto. História da Polícia do Rio de Janeiro: Aspectos da Cidade e da Vida Carioca – 1565/1831, vol I. Rio de Janeiro: S/A A Noite, 1939, pg. 203). Após prestar relevantes serviços policiais para D. Pedro I e D. Pedro II, veio a falecer a 10 de junho de 1853, galgando o posto de Marechal de Campo e Cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro. Ironicamente, talvez tenha sido o primeiro capoeirista a obter esta honraria.

1816 Koster, Travels in Brasil – não mencionou capoeira, mas descreve algo da vida dos negros (in Koster, Henry, Travels in Brazil, 1st edition, Longman, Hust, Rees & Brown, London, 181, disponível em www.capoeira-palmares.fr)

1817/1819 “Leão Angola, escravo de José Pedro de Sousa, por ser encontrado em ajuntamento de capoeiras, achando-se-lhe um tambor pequeno”, Códice 403, vol. II, Arquivo Nacional, ano 1817/1819, in ARAÚJO, 1997, p. 65

- Códice 403, Vol II. Arquivo Nacional, de 1817 a 1819. Do Livro de Polícia – prisões de 1817 a 1819 encontram-se também registradas prisões de 1820. Registro de 15 prisões de indivíduos capoeiras. (Araujo 1997)

DÉCADA DE 1820

o castigo comum de um escravo preso devido à capoeira era de trezentos açoites e prisão de três meses (Holloway, 1989)

1821 a partir deste ano foram baixadas inúmeras as seguintes legislações que proibiram a prática da Capoeira, algumas denominadas de Decisões, as quais se comparam às atuais Resoluções e as Posturas, que correspondem atualmente às Deliberações, a saber:

Decisão de 31 de outubro de 1821 determinou sobre a execução de castigos corporais em praças públicas a todos os negros chamados capoeiras.

Decisão de 05 de novembro de 1.821: determinou providências que deveriam ser tomadas contra os negros capoeiras na cidade do Rio de Janeiro.

Decisão de 06 de janeiro de 1.822: mandava castigar com açoites os escravos capoeiras presos em flagrante delito.

Decisão de 28 de maio de 1.824: dava providências sobre os negros denominados capoeiras.

Decisão de 14 de agosto de 1.824: mandava empregar nas obras do dique os negros capoeiras presos em desordem, cessando as penas de açoites.

Decisão de 13 de setembro de 1.824: declara que a portaria de número 30 do mês de agosto compreende somente escravos capoeiras.

Decisão de 09 de outubro de 1.824: declara que os escravos presos por capoeiras devem sofrer, além da pena de três meses de trabalho, o castigo de duzentos açoites.

- A portaria de cinco de novembro criticando a proliferação dos capoeiras que estão perpetrando mortes e ferimentos; a portaria afirmava que o castigo do açoite era o único que aterroriza e aterra, e ordena a Guarda Real a administrar castigos corporais logo que os pretos fossem presos em desordem, ou com alguma faca ou com instrumento suspeito. (Holloway, 1989);

- Augustus Earle “Negroes fighting. Brazils” (Nègres combattant. Brésils) aquarelle sur papier, 16.5x25.1 cm, date approximative 1821...1823 (disponível em www.capoeira-palmares.fr);

- Representação apresentada pela Comissão Militar designada para estudar a questão dos capoeiras, cujas sugestões foram mandadas pôr em vigor pelo Príncipe Regente, por portaria do Ministério da Guerra de 5 de dezembro de 1821 (disponível em www.capoeira-palmares.fr);

– álbum do Tenente Chamberlain contém primeira imagem do berimbau no Brasil de que se tem conhecimento (Views and Costumes of the City and Neighbourhood of Rio de Janeiro, Brazil, from Drawings taken by Lieutenant Chamberlain, Royal Artillery, During the Years 1819 and 1820, with Descriptive Explanation, London:Printed for Thomas M'Lean, No. 26 Haymarket, by Howlette and

Brimmer, Columbian Press, No. 10, Frith Street, Soho Square 1822, disponível em www.capoeirapalmares.fr )

1823 – dezembro; a ordem de castigo corporal foi confirmada por Portaria (Holloway, 1989)

1824 28 de maio, a capoeira era objeto de proibição e sanção dispostas em portaria do Ministério da Justiça do Império (Silva, 2007);

- a punição tornou-se pior: além das trezentas chibatadas eram enviados por três meses para realizar trabalhos forçados na Ilha das Cobras.

- nessas primeiras décadas, os capoeiras majoritariamente, escravos, tinham como principal motivo de sua prisão a própria prática da capoeira, ou sejam, eram presos “por Capoeira” – Portaria 450, de 9 de outubro. (Reis 1997)

1825 Os últimos meses de Rugendas no Brasil em 1825; Rugendas permaneceu 48 dias na Bahia na viajem de volta (disponível em www.capoeira-palmares.fr)

1826 março – o Intendente de polícia da Corte mandou que todo escravo preso por capoeira sofresse sumariamente cem açoites, sendo depois mandado ao Calabouço, a cadeia para escravos no morro do Castelo.

1827 A Rúgendas devemos a mais antiga descrição publicada do jogo de capoeira, sem tratá-lo de atividade mais ou menos criminosa. Ferdinand Denis citou Rúgendas no seu Le Brésil publicado em Paris em 1839, o que faz da Viagem Pitoresca no Brasil a fonte provável para todos os demais autores franceses do século 19 (disponível em www.capoeira-palmares.fr)

1828 a força do capoeira se fez presente na ocasião da revolta dos militares estrangeiros contratados pelo exército brasileiro para lutar na guerra do Prata. Os rebelados tomaram as ruas e o exército teve que lançar mão do poder de enfrentamento das maltas para debelar a confusão.

- O Governo convoca a Capoeira: "A 9 de julho de 1828, o segundo batalhão de granadeiros alemães revoltouse, protestando contra o espancamento de um de seus soldados. D. Pedro I prometeu atendê-los no prazo de oito dias, mas no dia seguinte o batalhão de irlandeses insubordinou-se e poucos depois o dos granadeiros alemães. E os mercenários iniciaram o saque na cidade. A população teve de correr para a rua, a fim de defender a sua propriedade. Vidigal congrega os capoeiras e os comanda no ataque à soldadesca desenfreada; consegue assim que os soldados retornem ao quartel onde tinham refúgio certo e poderiam ficar resguardados das cabeças, taponas, pontapés, rabos de arraia e navalhadas" (ver Marinho referenciado em 1945, p. 21 do livro original, in Lace Lopes, 2005)

- História de um mito da capoeira considerada como uma arte marcial brasileira. Em francês, por Pol, 25 novembro 2004. resumo: Afirma-se que "os capoeiras" do Rio de Janeiro teriam participado à derrota do levante das tropas imperiais estrangeiras, em 1828. Nenhum relatório da época leva tal interpretação, que parece a invenção de um escritor, em 1871, quando os capoeiras eram alvo de atenção da imprensa na capital do Império brasileiro. Refletimos sobre o sentido de tal mito. Com os textos dos relevantes documentos. (disponível em www.capoeira-palmares.fr)

- O Reverendo Walsh dá algumas informações: Walsh's Notices of Brazil in 1828 and 1829. The reverend Robert Walsh, C.E., travelled to Brazil for Church duties in 1828-1829. His account, published 1830, gives special attention to British and Irish settlers, but includes Negro uses and customs. Writing about love and war dances, Walsh cites no vernacular names, so the term capoeira cannot appear. (disponível em www.capoeira-palmares.fr)

DÉCADA DE 1830

Decisão de 27 de julho de 1.831: manda que a junta policial proponha medidas para a captura e punição dos capoeiras e malfeitores.

Decisão de 17 de abril de 1.834: solicita providências a respeito dos operários do arsenal de marinha que se tornarem suspeitos de andar armados (fez referência a uma acusação de assassinato feita contra um negro, e mencionou que já haviam sido dadas ordens ao chefe de polícia sobre os capoeiras).

Decisão de 17 de abril de 1.834: dá providências a respeito dos pretos que depois do anoitecer forem encontrados com armas ou em desordens.

Postura de 13 de dezembro de 1.834: dá mais providências contra os capoeiras.

1830 A prática de delegar às patrulhas policiais o direito de castigar com açoites no ato da prisão continuam atéa promulgaçãodo Código Criminal do Império,que condicionava a aplicação de açoites nos escravos a uma ordem escrita de uma autoridade policial, ou seja, depois de um processo judicial, sumário que fosse. “Praticar capoeira” não constava da lista “tradicional” de crimes do Código Criminal, mas mesmo assim havia repressão aos escravos e dentre os mais sérios estava o de prática da capoeira; as autoridades policiais emitiram uma série de restrições de intuito de acabar ou pelo menos reduzir a incidência de um fenômeno considerado nefasto (Holloway, 1989).

1831 o Regente Feijó impôs castigos corporais e desterro aos capoeiras cariocas (Carneiro, 1977).

- outubro – através de um aviso, Diogo Feijó então Ministro da Justiça, logo depois da abdicação de Pedro I, emitiu várias restrições legais à disciplina particular, mandando também que o castigo correcional no Calabouço à requisição do dono não devia exceder cinqüenta açoites (Holloway, 1989).

- decisão de 27 de julho no Rio de Janeiro: manda que a junta policial proponha medidas para a captura e punição dos capoeiras e malfeitores (Vieira, 2005)

1832 17 de novembro – o Intendente fez comunicar ao comandante da Policia Militar advertindo que os pretos capoeiras e outros indivíduos de semelhante ordem costumavam trazer sovelões e outros instrumentos desta natureza ocultos dentro de marimbas, de pedaços de cana de açúcar, e no cabo de chicotinhos pretos feitos no país. Insistiu que as rondas praticassem a maior vigilância, e examinassem escrupulosamente tais indivíduos, prendendo-os no caso de achada dos referidos instrumentos, para serem punidos na conformidade das leis (Holloway, 1989).

- introdução do Código de Processo Penal do Império, promulgado sob os auspícios do político liberal Diogo AntonioFeijó,entãoafrentedoMinistériodaJustiça,aaplicaçãodeaçoites ficasujeitaàordemexpressa de uma autoridade criminal ou policial, pressupondo-se um processo judicial (Reis 1997)

1833 Eusébio de Queiroz torna-se chefe de polícia, nos anos de 1833 e 1834; em junho, inconformado com as restrições das novas leis, pede instruções ao ministro da Justiça: “os capoeiras, que sempre mereceram aqui a maior vigilância da Polícia, hoje infestam as ruas da cidade de um modo sobremaneira escandaloso, e não será fácil evitar as funestas conseqüências que daí resulta, enquanto a Polícia a respeito dos escravos não for como antigamente autorizada a fazer castigar, sem mais formalidades de processo, aqueles que forem apanhados em flagrante, ainda contra vontade dos senhores, que a experiênciatemmostradoserempelamaiorparteosprimeirosaquereremdesculparomau procedimento dos escravos. A petulância destes (capoeiras) tem chegado ao ponto de apedrejar-se no Campo de Honra (hoje, Campo de Santana) com manifesto perigo aos pacíficos cidadãos que por ali passam”. (Holloway, 1989). O ministro da Justiça, Aureliano de Sousa de Oliveira Coutinho, respondeu que a lei devia ser respeitada.

1834 Jean-Baptiste Debret - Voyage Pittoresque et Historique au Brésil, ou Séjour d'un artiste français au Brésil, depuis 1816 jusqu'en 1831 inclusivement, époques de l'avenement et de l'abdication de S.M. don Pedro, premier fondateur de l'Empire brésilien. Paris, Didot Frères, 3 volumes in-Folio publiés en livraisons de 1834 a 1839 (disponível em www.capoeira-palmares.fr)

1836 os problemas relatados por Eusébio de Queiroz, ainda em 1933, continuavam, conforme pedido do Juiz de Paz da freguesia de Santana ao comandante da Policia Militar, no sentido de reforçar as patrulhas no mesmo Campo deHonra,ondeos capoeiras temseapresentado armados deferros epraticados desordens a atentados. (Holloway, 1989).

1837 Ferdinand Denis e a capoeira

« Le brasilianiste Ferdinand Denis, au Brésil de 1816 à 1819, publie un livre, sans capoeira, en 1822, et un autre, avec capoeira, en 1839. Entre temps, il a lu et apprécié Rugendas. Son deuxième ouvrage sera largement diffusé : il a certainement influencé tous les auteurs français du 19° siècle ». (disponível em www.capoeira-palmares.fr)

1838 embora não constasse do Código das Posturas Municipais da cidade do Rio de Janeiro, o sistema policial encarava a capoeiragem como um problema de comportamento inadmissível, a ser restringido ecastigadonamedidadopossível aoníveldas atividades policiais, ouseja,dispensando as formalidades de processo judicial. (Holloway, 1989)

DÉCADE DE 1840

1840 um dos raríssimos registros iconográficos dessa época em que é registrada uma cena da vida carioca, dois guardas conduzem três “negros que vão levar açoites”, um dos quais exibe uma tabuleta com a inscrição “capoeira” (Moura, 1980, citado por Reis, 1997, p. 42)

1845 abril – o Chefe de Polícia propôs e o Ministro da Justiça aprovou uma nova política para lidar com os capoeiras; os escravos presos por essa prática deveriam ser conduzidos ao Calabouço e recebessem 100 açoites e empregados em trabalhos forçados por um mês (Holloway, 1989).

- agosto - depois de reclamações de proprietários, privados dos serviços dos escravos presos por capoeira, essa portaria foi mudada no sentido de aumentar o número de açoites para 150, e eliminar a sentença de trabalhos forçados por um mês (Holloway, 1989).

- das prisões registradas pelo sistema policial, dentre os motivos mais frequentes constava “capoeira” – 44 prisões, 4,8% do total e “pertencer a malta de capoeiras”, 14 prisões, 1,5% do total (Holloway, 1989).

1846Portarias446,de30 deagosto–dáasrazõesqueacompanhamaalegaçãoprincipaldaprisãodecapoeiras

promoverem desordens, que acarretavam a perturbação da ordem pública e de cometer ferimentos, as vezes durante o confronto de maltas rivais. (Reis 1997)

1849 com o objetivo deliberara cidadedoaspecto sombrioprovocado pelasnuvens decapoeiras edesordeiros que alarmavam a população, o zeloso chefe de policia do Rio de Janeiro põe em ação um plano ardiloso; na dificuldade de fazer acusações criminais, mandou prender 60 homens, obrigando-os a assinar promessa de trabalho honesto e de bom comportamento; mais tarde, quarenta deles foram presos sob alegação de não haverem cumprido com as condições exigidas, sendo então recrutados para o serviço militar (Reis, 1997, p. 45)

DÉCADA DE 1850

1850 começaram a ocorrer sucessivas prisões de capoeiristas, os quais estavam formando maltas que atemorizavam a população e os governantes. Os principais focos da capoeira eram: Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. No entanto, no Rio de Janeiro é que a capoeira era motivo de maior preocupação (mesmo porque o Rio era a capital do país na época), era onde estava a maior concentração das maltas, sendo as mais temíveis as do Guaiamuns (termo que designa um crustáceo pantanoso, identificava uma parcela que residia próxima à antiga área pantanosa da Cidade do Rio de Janeiro, que depois, no início do século XX, seria aterrada, pelo Prefeito Pereira Passos, por conta do Movimento Higienista, desencadeando a chamada Revolta da Vacina Obrigatória.) e dos Nagoas (significava gente da nação nagô, escravos originários da África Ocidental e que falavam ou entendiam o ioruba, ou seja, das regiões do Benim e da Nigéria. Estes representavam cerca de 65% da população escrava.). Os Nagoas eram ligados aos monarquistas do Partido Conservador, agiam na periferia, e os Guaiamuns eram ligados aos Republicanos do Partido Liberal, controlavam a região central da cidade. (in Letícia Cardoso de Carvalho http://www.geocities.com/projetoperiferia6/historia.htm)

- localização geográfica de algumas maltas: Cadeira da Senhora: freguesia de Sant´Anna; Três Cachos: freguesia de Santa Rita; Franciscianos: freguesia de São Francisco; Flor da Gente: freguesia da Glória; Espada: Largo da Lapa; Guiamum: Cidade Nova; Monturo: Praia de Santa Luzia. (Reis, 1997)

dos registros de prisões na Secretaria de Polícia da Corte, neste ano, a de capoeiras superavam em muito os motivos de prisão de escravos;

1852 essa portaria ainda continuava em vigência: 150 açoites aos presos por capoeira (Holloway, 1989).

1854 Relatório1853, A.N.Ij6 217,Ofícios doChefedePolíciadaCorte,20jan.1854, apud Holloway, Policia no Rio de Janeiro 1996:209 Trad. Policing Rio de Janeiro Repression and resistance in a 19th century city, Stanford University Press 1993 (disponível em www.capoeira-palmares.fr )

1855 registro de que pelas 5 horas da tarde passou um magote de capoeiras em correria pela rua da Guarda Velha (atual 13 de maio)

1857-1858 registro de junho de 1857 a maio de 1858, das prisões de escravos no Calabouço, dá-nos de que quase 25% destas se deram por motivo de prática de capoeira (Holloway, 1989).

1859 como era costume, já, de grupos de capoeiras aproveitarem os dias festivos para fazerem suas correrias pelas ruas da cidade, perpetrando crimes e pondo em alarme os cidadãos pacíficos, e dentre os capoeiras havia soldados de la. Linha a paisana, o chefe de policia solicitava ao ministro da Justiça que não

permitisse que os soldados que não estivessem de serviço deixassem o quartel, por ocasião da festa de São Sebastião, padroeiro da cidade (Holloway, 1989).

- Charles Ribeyrolles, escritor e jornalista francês, republicano (1812-1860), Diretor do jornal republicano La Réforme, se exilou na Inglaterra para escapar da repressão depois dos eventos de junho 1849. Permaneceu em Jersey até 1855. Em 1858 ou 59, enquanto vivia dificilmente em Londres recebeu encomenda de um livro sobre o Brasil para acompanhar um álbum de ilustrações litografadas a partir de fotografias de Victor Frond. Viajou para o Brasil onde publicou em 1859 o primeiro dos três tomos do seu Brasil Pitoresco, um in-quarto em duas colunas, o texto francês à esquerda, a tradução portuguesa no lado oposto. O tomo 1 resume a história do Brasil desde a chegada dos Europeus; o tomo 2 descreve a viagem, a cidade do Rio e parte do interior da mesma província; o tomo 3 devia tratar da Bahia e do Pernambuco, mas Ribeyrolles morreu antes de completá-lo. No estado em qual fica, descreve o interior campista da província do Rio, e a Fazenda, em geral. E' neste capítulo que Ribeyrolles interessa-se aos Negros, e que menciona a capoeira. Ribeyrolles conclui o livro, certamente no sentido da encomenda oficial, com uma chamada demorada à imigração europeia no Brasil. (disponível em www.capoeirapalmares.fr)

DÉCADA DE 1860

1862 Charles Expilly e a dança capoeira - EXPILLY, Charles (Salon-de-Provence 1814 Tain-l'Hermitage 1886), Le Brésil tel qu'il est, Paris 1862. (disponível em <www.capoeira-palmares.fr>)

1865 com ou sem soldados, o problema de capoeiragem durante as festas de São Sebastião continuavam; o chefe de policia recomendou ao comandante da Policia Militar toda vigilância sobre os capoeiras no intuito de reprimir suas costumeiras correrias em tais ocasiões (Holloway, 1989).

1865/1870 O exército voltaria a usar o capoeira a seu favor por ocasião da guerra do Paraguai (1865-1870), quando grupos de capoeiras foram alistados e seguiram para a guerra como os Voluntários da Pátria. Tiveram participação fundamental para a triste vitória do exército brasileiro.

DÉCADA DE 1870

1871 é preso por capoeira um cidadão francês – José Croset – na Lapa, e processado por violação do artigo 116 do Código Criminal que previa o desrespeito a autoridade e resistência a prisão. (Reis 1997)

1872 levantam-se as primeiras vozes pedindo a criminalização da capoeira (Reis, 1997) - nas eleições deste ano, quando conservador gabinete “Ventre Livre” corria o risco de ser alijado do poder, os liberais denunciaram a presença de 65 guardas nacionais que estariam atuando como capoeiras na freguesia da Glória, para lá deslocados pelo juiz de paz da região, o deputado Duque-Estrada Teixeira; em bilhete, de sua ordem, consta “ai vai o reforço pedido, este é de lei, é parte da Flor da minha gente, desejo-lhes triunfo e felicidade...”. Nascia a malta Flor da Gente, a qual tendo colaborado com para a vitória do Partido Conservador nessa ocasião, tornar-se-ia, a partir daí, sinônimo de capangagem política (Reis, 1997, p. 52)

DÉCADA DE 1880

1885 05 de janeiro - capoeiras de uma malta armada pelos inimigos da causa abolicionista invadiram o prédio da redação do jornal "Gazeta da Tarde", dirigido por José do Patrocínio. Consta que essa invasão não teve nada relacionada com o movimento abolicionista, conforme a história passou a registrar o empastelamento do jornal, pelos capoeiras. Foi apenas um enfrentamento entre maltas rivais, colocada de um lado, grupo do Campo de Santana (identificada com os abolicionistas) formada por pequenos vendedores de jornais, e do outro lado (dos escravistas), a malta que dominava o Largo de Santa Rita, chefiada por um tal de Castro Cotrim, junta com outros chefes de malta da região portuária de Santa Rita como Coruja e Chico Vagabundo. Os pequenos vendedores de jornal entraram na redação para fugir de seus perseguidores e foram apoiados pelos funcionários do jornal, que rebateram o ataque.

- Machado de Assis publica “Balas de Estalo” em que se refere aos capoeiras (texto disponível em www.capoeira-palmares.fr)

1886 o cronista francês Émile Allain, em visita ao Rio de Janeiro, após acusar os capoeiras de serem “uma macha na civilização da grande cidade (...) quase todas as pessoas de cor estão organizadas em ´maltas´, e divididas em dois ou mais grupos rivais” (Holloway, 1989; Reis 1997).

- “Emile Allain - Rio de Janeiro: quelques données sur la capitale et sur l'administration du Brésil 2ème ed., Frinzine & Cie. Paris Lachaud & Cia, Rio de Janeiro, 1886 (Notre transcription respecte l'orthographe et les fins de ligne de l'édition originale) : »(p. 143) Capoeira [première acception : forêt de repousse Dans une autre acception très connue à Rio-de-Janeiro, le même terme désigne une classe de bandits dont la police insuffisamment aidée par la loi, n'a pas encore pu débarrasser la ville. Nous ignorons, dans ce dernier sens, quelle est son étymologie. [troisième acception : sorte de perdrix] » ; (p. 271) - Les capoeiras, presque tous gens de couleur, sont organisés en maltas et en badernas, et se divisent en deux ou plusieurs groupes rivaux. L'arme des capoeiras est le couteau, et souvent le rasoir, dont ils se servent, soit dans leurs combats entre eux, soit contre leurs ennemis ou ceux qui sont désignés à leur vengeance. Il arrive parfois, que (texto disponível em www.capoeira-palmares.fr)

- ABREU, Plácido de. Os capoeiras. Rio de Janeiro: Escola Serafim Alves de Souza. Português radicado no Rio de Janeiro onde tornou grande escritor e jornalista. Exímio e valente capoeira, cidadão militante, acabou covardemente assassinado. Seu livro - Os Capoeiras - considerado um livro cult, está sendo adaptado para um especial para TV. Para escrevê-lo, D`Abreu usa o recurso de adiantar um resumo do seu livro seguinte - Guaiamus e Nagoas - (que deixou incompleto), e, ainda, listar uma relação de gírias próprias da capoeiragem da época. Estratégia apropriada posto que um dos personagens principais do romance - Fazenda (ou Albano...) - era um respeitável capoeira guaiamu; e, ao longo do romance, ocorrem confrontos entre os guaiamús e os nagoas, as duas mais poderosas e temidas maltas de capoeiragem de então. (Lace Lopes, 2005)

1887 uma correspondência diplomática francesa relata que “a maior parte [dos capoeiras] é de mulatos; suas associações com um certo número de brancos e, às vezes, estrangeiros (Italianos, gregos, portugueses, mas não espanhóis) (Bretãs, 1991; Reis 1997)

- um representante diplomático francês lamenta que os capoeiras fossem verdadeiros agentes eleitorais que votavam um número indefinido de vezes, impedindo de votar os adversários de seu chefe e, em caso de reclamação ou de resistência, recorriam a ultima ratio, certos da impunidade, garantida pelos chefes políticos influentes. Manduca da Praia, por vezes, era eleitor crônico da freguesia de São José, onde dava as cartas, pintava o diabo com as cédulas; embora tenha respondido a 27 processos por ferimentos leves e graves, fora sempre absolvido por influencia pessoal e dos seus amigos (Reis, 1997, p. 53)

1888 aparece um verbete escrito por Macedo Soares: “dá-se o nome de capoeira a um jogo de destreza que tem as suas origens remotas em Angola” (in CARNEIRO, 1977, p. 3).

- Lei Áurea. Abolição da escravatura em 13 de maio (Vieira, 2005)

- quando os ideais republicanos se faziam presentes mais do que nunca, os monarquistas, preocupados com o surgimento das novas ideias e aproveitando-se da popularidade da figura da princesa Isabel, criaram a chamada Guarda Negra (ver Jornal do Capoeira - www.capoeira.jex.com.br, edições: 52 - de 4/dez a 10/dez de 200; 53 - de 11/dez a 17/dez de 2005; 54 - de 18/dez a 25/dez de 2005). Esta foi uma organização paramilitar que uniu os negros capoeiristas contra as ideias republicanas. A partir da criação deste movimento, não houve uma reunião fechada ou comício público dos republicanos que não fosse dissolvido. Aonde quer que fosse, estavam lá os capoeiras para criar confusão e impedir a propagação das novas idéias. http://paginas.terra.com.br/arte/angolangolo/textos/texto_05.htm)

- surge o primeiro livro sobre a Capoeira: o romance ‘Os Capoeiras’, de Plácido de Abreu, em que aparece a primeira nomenclatura dos movimentos (Vieira, 2005)

1889 Proclamação da República. A caça aos capoeiras foi incrementada. Não haveria espaço para nada que pudesse pôr a perder toda uma nova postura de governo, e as maltas, desde muito tempo vinham perturbando a situação com suas brigas pelo centro da cidade. Foi quando assumiu importância a figura dum delegado de polícia a quem foi dada total liberdade para prender e deportar os capoeiras para bem longe,mais precisamente para ailhade FernandodeNoronha.Seunome,João BatistaSampaioFerraz, o "cavanhaque de aço". Foi com a participação deste homem que a república colocou a capoeiragem em xeque. Aos poucos, Ferraz foi prendendo cada um dos chefes de maltas da cidade. Por decisão sua, praticar a capoeira transformou-se em contravenção. Em seus primeiros 40 dias na frente da polícia do Rio de Janeiro, Sampaio Ferraz prendeu e deportou nada menos que 1500 capoeiras. O mais curioso foi

o autoritarismo com que Ferraz se vestiu para prender, na tentativa de assegurar a ordem pública e o sucesso da república: praticamente toda a sua estada à frente da polícia se deu antes que entrasse em vigor o código penal da república que data de 11 de outubro de 1890-, onde a capoeira foi penalizada. Sampaio Ferraz assumiu a chefia da polícia em novembro de 1889. (Art. 402. Fazer nas ruas e praças públicas exercícios de agilidade e destreza corporal conhecida pela denominação capoeiragem: andar em carreiras, com armas ou instrumentos capazes de produzir lesão corporal, provocando tumulto ou desordens, ameaçando pessoa certa ou incerta, ou incutindo temor de algum mal; Pena de prisão celular de dois a seis meses. Parágrafo único. É considerado circunstância agravante pertencer o capoeira a algumabandaoumalta. Aoschefesoucabeças,seimporáapenaemdobro.”(CódigoPenaldaRepública dos Estados Unidos do Brasil de 1890.)

A obstinação do governo republicano em acabar com a capoeira, enquanto movimento popular ameaçador, foi tanta que Sampaio Ferraz trabalhou com total liberdade de ação, tendo exigido carta-branca por ocasião da sua posse na direção da polícia do Rio. Um episódio curioso, que exemplifica bem seu poder, deu-se quando da prisão de um capoeira de linhagem nobre, um "menino bonito" (como eram chamados os capoeiras de melhor condição social), conhecido pelo nome Jucá Reis. Jucá era filho do conde de Matosinhos e andava pela Europa a mando da família que não mais suportava ter um filho praticante da arte da ralé. Ferraz já havia lhe mandado um recado dizendo para não voltar ao Brasil porque seria preso. Jucá, no entanto, não obedeceu e embarcou de volta para o Rio e na mesma tarde em que chegara fora preso pelo próprio Ferraz no centro da cidade. O pai de Jucá, então, intercedeu junto a Quintino Bocaiúva, Ministro das Relações Exteriores do governo de Deodoro e seu amigo íntimo. Deodoro, por sua vez, intercedeu a Sampaio Ferraz pela soltura de Jucá. O delegado, então, jurou que se soltasse Jucá também soltaria todos os outros capoeiras presos e ameaçou o governo com um pedido de demissão. Diante deste impasse, Deodoro optou por fazer valer a decisão do delegado, ainda mais que havia um certo rancor no ar contra os representantes da monarquia recentemente deposta. Jucá foi preso e deportado para a ilha de Fernando de Noronha, de onde partiu, mais tarde, para a Europa. Com a atuação deste homem, a capoeira do Rio de Janeiro enquanto movimento de grupo corporificada nas maltas foi aniquilada. A capoeira sobreviveu por força de capoeiristas individualmente, nas tabernas e ruelas da cidade. Não mais em correrias pelo centro do Rio ferindo e matando. Desta época, a primeira década deste século, a capoeira só se ergueria por ocasião do surgimento do desporto capoeira, lá pelas décadas de 20 e 30. Mais por força da emergente Capoeira Regional de mestre Bimba do que pela capoeira tradicional dos negros de Angola e seus descendentes. http://paginas.terra.com.br/arte/angolangolo/textos/texto_05.htm)

– Na Casa de Detenção, por ação de Sampaio Ferraz, Chefe de Polícia do Rio de Janeiro, há registros de prisão de 110 capoeiras no período de 15 de novembro de 1889 a 13 de janeiro de 1890; chama a atenção da presença de grande número de “capoeiras brancos”, dos quais a metade era de não brasileiros (Bretas, 1989, p. 58) :

CAPOEIRAS PRESOS SEGUNDO A COR

* Inclui Fulos, Pardos, Morenos e Pardos Escuros

BRETAS, 1989, p. 58

CAPOEIRAS PRESOS SEGUNDO O LOCAL DE NASCIMENTO

Brancos 36 32,7% Pretos 33 30,0% Outros* 41 37,3% TOTAL 110 100,0%
CAPOEIRAS PRESOS SEGUNDO
IDADE Menores de 18 anos 1 De 18 a 23 anos 61 De 24 a 29 anos 25 De 30 a 35 anos 9 De 36 a 41 anos 10 Maiores de 41 anos 4 TOTAL 110 Fonte: BRETAS, 1989, p. 58
Fonte:
A

- O chefe de polícia do primeiro governo republicano – Sampaio Ferraz - teve de usar a sua energia para prender os últimos capoeiras – Manduca da Praia e Juca Reis e desterrá-los para Fernando de Noronha (Carneiro, 1977).

- Após o incidente de 14 de julho entre os capoeiras da Guarda Negra e militantes republicanos no coração do Rio, Patrocínio gradualmente se afastou da organização... a guarda entraria em declínio, até ser completamente desbaratada pela repressão de Sampaio Ferraz em 1890; houve episódios da Guarda Negra em outras cidades, como Porto Alegre, Salvador e São Luís

DÉCADA DE 1890

1890 o Código Penal previu penas corporais e desterro para os que se entregassem a capoeiragem (Carneiro, 1977)

- A capoeira quase derruba o Gabinete Ministerial do Marechal Deodoro. No dia 12 de abril deste ano, todo ministério reunido, o Ministro de Relações Exteriores, Quintino Bocaiúva pede a palavra: ou o famoso capoeira Juca Reis, filho do Conde de Matosinho, seria solto ou ele pediria exoneração. Todos os demais ministros intervêm, especialmente Rui Barbosa, tentando uma solução conciliatória. Episódio que está nos Anais da História da República do Brasil. (Fonte: Marinho, 1945, p. 27 , in Lace Lopes, 2005)

- Data da primeira edição de AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço (30a. edição). Rio de Janeiro: Ática, 1997. No capítulo X, há um confronto do capoeira Firmo com o português Jerônimo que se socorreu de um "varapau minhoto" na parte final da luta. (Lace Lopes, 2005)

1892 Em março houve um confronto entre os “morcegos” (praças da polícia fardada) e soldados do exército paulista que eram capoeiristas, ocasionando distúrbios na cidade de São Paulo

(Fonte: http: //www.institutocariocadecapoeira.hpg.ig.com.br/historico.htm acessado em 31.01.2004.

1893 o governo baixa um decreto regulamentando a criação de colônias correcionais para correção, pelo trabalho dos vadios, vagabundos e capoeiras que fossem encontrados e, como tais, processados na Capital Federal (Rego, 1968, citado por Reis 1997)

1897 o general Couto de Magalhães disse que a capoeira não deveria ser perseguida mais sim dominada e ensinada em escolas militares.

SÉCULO XX

1901 José Alexandre Melo Morais Filho, em seu “Festas e tradições Populares do Brasil”, Rio de Janeiro, descreve os Tipos de rua - Capoeiragem e Capoeiras Célebres (disponível em www.capoeira-angola.fr )

1904ediçãodolivroapócrigo‘GuiadoCapoeiraouGymnásticaBrasileira’.Neleaautoriaéfeitapelasiniciais ‘O.D.C.’, que significada a época: ofereço, dedico e consagro’. (Vieira, 2005)

1906 CAPOEIRA. Kosmos, Rio de Janeiro, v. 3, n. 3, mar. 1906. Artigo escrito pelo cronista Lima Campos que vale como registro de memória da luta e da época; ilustrações do famoso Calixto Cordeiro com valor iconográfico. (Lace Lopes, 2005)

-a luxuosa Kosmos, Revista Artistica, Scientifica e Literaria,doRiodeJaneiro,publicaumasériedeartigos sobre os costumes populares cariocas, ilustrada por Kalixto. O texto tem três partes; a primeira define a capoeira como uma luta defensiva, de esquiva; a segunda esboça uma história da capoeira no Rio de Janeiro; e a última, voltando aos princípios, destaca a observação, fundamental na defesa, nota o caráter escarnecedor do capoeira carioca. As seis caricaturas de Kalixto

Rio de Janeiro 47 42,3% Estado do Rio 10 9,1% Nordeste 16 14,5% Sudeste 8 7,2% Sul 4 3,6% Europa 17 15,4% Paraguai 1 0,9% Açores e Cabo Verde 2 1,8% Não identificados 5 4,5% TOTAL 110 99,3% Fonte: BRETAS, 1989, p. 58

representam situações de luta, com forte caraterização dos participantes (texto disponível em www.capoeira-angola.fr)

- L.C., na revista Kosmos, se refere à suposta origem brasileira da capoeira. Diz o artigo: Por que, quando, e como nasceu a capoeira? Na transição provavelmente do reinado português para o Império livre, pela necessidade do independente, phisicamente fraco de se defender ou agredir o expossessor, robusto, nos distúrbios, então freqüentes em tavernas e matulas por atrictos constantes de nacionalidade, tendo sua gênese em dois pontos diversos [...] criou-a o espírito inventivo do mestiço porque a capoeira não é portuguesa, nem mesmo é negra, é mulata, é mestiça, é cafuza, e é mameluca, isto é, é cruzada, é mestiça [...] a navalha do fadista da mouraria lisboeta, alguns movimentos sambados e simiescos do africano e, sobretudo, a agilidade, a levipidez felina e pasmosa do índio nos saltos rápidos, leves e imprevistos (L.C., 1906 apud PIRES, 1996, p. 198).

- LIMA CAMPOS. CAPOEIRA, esgrima de olhos. In REVISTA KOSMOS, Rio de Janeiro: Kosmos, 1906, p. 191-194

1907 O.D.C. Guia do Capoeira ou Ginástica Brasileira (2a. edição). Rio de Janeiro, Livraria Nacional. Livro duplamente misterioso. Pelo seu autor que não quis aparecer e, sobretudo, pelo seu desaparecimento da Biblioteca Nacional. Por sorte, antes desta ocorrência, Annibal Burlamaqui teve a chance copiá-lo (sem ter como reproduzir as ilustrações). Enquanto o original não reaparece é esta cópia que está correndo o mundo. Segundo alguns estudiosos, "ODC" não representa as iniciais do possível nome do misterioso autor; "ODC" significasimplesmente,"Ofereço, Agradeço, Consagro".Corre, ainda, uma curiosaversão em que a autoria do livro é atribuída ao primeiro tenente da Marinha José Egydio Garcez Palha. Tendo esse oficial falecido em 1898, seu livro sobre capoeira foi publicado posteriormente sobre a sigla ODC. (Lace Lopes, 2005)

- João do Rio - "Presepes" - João do Rio (João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto, Rio de Janeiro, 5 agosto 1881 id. 23 junho 1921), jornalista e escritor, publicou Presepes em 1907, depois incluído em A alma encantadora das ruas, de 1908. Embora não consagrado primeiramente à capoeiragem, o texto apresenta uma geração de capoeristas posterior aquela que mobilizou a atenção de Melo Morais Filho em 1893 (disponível em www.capoeira-angola.fr ): “Mas por que, continuo eu curioso, põem vocês junto do rei Baltasar aquele boneco de cacete? - Aquele é o rei da capoeiragem. Está perto do Rei Baltasar porque deve estar. Rei preto também viu a estrela. Deus não esqueceu a gente. Ora não sei se V. Sa conhece que Baltasar é pai da raça preta. Os negros da Angola quando vieram para a Bahia trouxeram uma dança chamada cungu, em que se ensinava a brigar. Cungu com o tempo virou mandinga e S. Bento. - Mas que tem tudo isso?... Isso, gente, são nomes antigos da capoeiragem. Jogar capoeira é o mesmo que jogar mandinga. Rei da capoeiragem tem seu lugar junto de Baltasar. Capoeiragem tem sua religião.”

1908 Ano da primeira edição de RIO, João do (João Paulo Barreto). A alma encantadora das ruas. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, Departamento de Documentação e Informação Cultural, Divisão de Editoração, 1995 (Biblioteca carioca). Neste livro, João do Rio registra a presença do berimbau no Rio. Significativa a leitura do diálogo do capítulo PRESEPES: "Isso, gente, são nomes antigos da capoeiragem. Jogar capoeira é o mesmo que jogar mandinga. Rei da Capoeiragem tem o seu lugar junto de Baltasar. Capoeiragem tem sua religião. Abri os olhos pasmados. O Negro riu". "V. S ªnão conhece a arte? Hoje está por baixo. Valente de verdade só mesmo uns dez: João da Sé, Tito da Praia, Chico Bolívar, Marinho da Silva, Manuel Piquira, Ludgero da Praia, Manuel Tolo, Moisés, Mariano da Piedade, Cândido Baianinho, outros... Esses "cabras" sabiam jogar mandinga como homens. Então os capoeiras estão nos presepes para acabar as presepadas...". (Lace Lopes, 2005)

1909 o primeiro confronto entre um capoeirista e um lutador oriental deu-se no Rio de Janeiro, quando apareceu por lá um campeão japonês de jiu-jitsu, Miaco, dando exibições. Um grupo de estudantes de medicinaconvidou-oa enfrentar um conhecido capoeirista,carregador doCaféSaúde,chamado Ciríaco, que vivia pelas docas. No momento da luta, o japonês abaixou-se para cumprimentar Ciríaco e o capoeirista, pensando já ser um ataque, toca-lhe um violento rabo-de-arraia, liquidando-o mesmo antes de começar a briga. (Jornal do Capoeira:www.capoeira.jex.com.br: Andre Luiz Lacé Lopes, Edição 45: 29 de Agosto à 04 de Setembro de 2005; Leopoldo Gil Dulcio Vaz, Edição 45: 29 de Agosto à 04 de Setembro de 2005.

DÉCADA DE 1910 - no Rio de Janeiro, os capoeiras também possuíam espaços dedicados aos treinamentos de sua luta, alguns freqüentados inclusive pela fina flor da elite; segundo Inezil Penna Marinho (1945), aluno assíduos de um deles, “aqui no Rio, Sinhozinho mantém uma academia em Ipanema, destinada aos moços grã-finos que desejam ter algum motivo para se tornar valentes”; nessa “academia” haveria aparelhos que o mestre inbeta para o treinamento de seus alunos, inclusive os que dão soco e passam rasteiras. (Reis, 1997, p. 103)

1910 o maranhense Coelho Neto apresenta um projeto de lei para a Câmara dos Deputados tornando obrigatório o ensino da capoeira nas escolas civis e militares; usa de dois argumentos para sua proposta pedagógica: o primeiro, era de que a capoeira, como excelente ginástica, promovia um desenvolvimento harmonioso do corpo e dos sentidos; o segundo atribui a capoeira um sentido estratégico de defesa individual (Reis, 1997, p. 88-89).

- O escritor Coelho Neto, segundo Francisco Pereira da Silva, era exímio na arte: “Ágil na pena quanto destro na rasteira, duas vezes publicamente se valeu do ensino da capoeiragem recebido nos tempos de rapaz. Josué Montello refere a um destes episódios, precisando a data de 6 de agosto de 1886, quando à noite em meeting de abolicionistas no Teatro Politeama do Rio de Janeiro, discursava Quintino Bocaiúva. A certa altura, capoeiristas a soldo dos escravocratas irrompem das galerias e armam tremendo salseiro. Luzes apagadas, vem Coelho Neto e realiza a incrível proeza de desarmar o chefe do bando, que outro não era senão Benjamim - o mais temível capoeira carioca.”. De outra feita, em episódio também narrado por Josué Montello e aqui transcrito de Pereira da Silva, demonstrou seus atributos de destreza e valentia: “Na Academia Brasileira de Letras, fizera o tribuno maranhense referência em desfavor de um colega de imortalidade. Dias depois lhe apareceu um filho do suposto ofendido exigindo satisfação. Gravemente desentenderam-se e o jovem, que era atleta, não retardou seu golpe de jiu-jitsu. Instantaneamente e com agilidade felina, partiu Coelho Neto para o rabo de arraia levando o insolente a beijar o pó da calçada e a sumir no oco do mundo...” (in ADORNO, Camile. A Arte da capoeira)

DÉCADA DE 1920

1922 Publicação de PEDERNEIRAS, Raul. Geringonça carioca: verbetes para um dicionário da gíria. 2. edição revista e aumentada. Rio de Janeiro: Officinas Graphicas do Jornal do Brasil. Referindo-se a capoeira diz o autor: "Geringonça carioca nasceu do vulgo hybrido, da mestiçagem que formou a nacionalidade. A primeira a destacar-se foi a do capoeira, essa entidade que teve foros de instituição, esse exercício que alcançou as principaes camadas da sociedade" (Duas Palavras, p. 3). Grande parte do livro de Pederneiras baseia-se na gíria específica dos capoeiras da época. Daí a sua importância como memória. (Lace Lopes, 2005)

1923 o escritor Monteiro Lobato escreveu o conto “O 22 da ‘Marajó’” em que denota a familiaridade com termos típicos da capoeira, afirmando mesmo que “Antes do futebol, só a capoeiragem conseguiu um cultozinho entre nós e isso mesmo só na ralé”. Mais adiante revela a intimidade com a gíria dos capoeiras: “ Só uma besta destas dá soltas sem negaça...”. (Fonte: Lobato, Monteiro. – A onda verde

Ed. Brasiliense

SP

9ª ed.

1959.)

1924 NETTO, Coelho, Nosso Jogo, do livro BAZAR. Livraria Chardron, de Lello & Irmão Editores, Rua das Carmelitas, 144, Porto, Portugal, 1928. Este livro foi publicado em 1928 (Porto), mas o artigo Nosso Jogo foi publicado, pela primeira vez, em 1924, no Rio de Janeiro.(Lace Lopes, 2005)

- HOPFFER, Frederico. Duas palavras sobre o Jogo de Pau. Lisboa: J. Rodrigues & Cia, 1924

1926 foi publicada uma série de artigos sobre "Capoeira e Capoeiragem" no Jornal Rio Sportivo, edições de 16/06, 19/07, 6 e 16/09, 18/10, escritos por Adolfo Morales de Los Rios. (Câmara Cascudo)

1928 Annibal Burlamaqui apresenta uma das primeiras tentativas de sistematização da luta para fins desportivos realizadas na primeira metade deste século. Em seu livro “Gimnástica Nacional (Capoeiragem) metodizada e regrada (Rio de Janeiro, ed. Do autor, 1928)” apresenta um sistema de competição, uma classificação de golpes e um esboço de metodologia de treinamento (Vieira e Assunção, 1998).

1929 Capoeiragem e Capoeiras. Revista Criminal, no. 28. Rio de Janeiro, 1ºde maio do ano assinalado. Artigo escrito pelo jornalista e capoeira Paulo Várzea: "Madrid tem o chulo; Buenos Aires, o compadron; Lisboa, os fadistas, o Rio de Janeiro, a Capoeiragem..." (Lace Lopes, 2005)

DÉCADA DE 1930

1931 "Escola Typica de Agressão e Defeza"- Entrevista com Jayme Ferreira, Noite Ilustrada, junho 24, 1931. Reportagem pela qual se pode perceber a existência de várias academias, nas décadas de 1920 e 1930 no Rio de Janeiro: "A Capoeiragem tem no Rio, o seu período áureo. Foi quando praticada no "batuque", apenas pelos chamados "malandros" , se irradiou pela cidade toda, descida da Favela e de outros morros mais ou menos célebres, na pessoa do "capoeira" que se servia della para levar a bom termo as suas proesas de certo modo arriscadas".

- "Combates que despertam Emoção". Jornal dos Sports, 3 de julho de 1931: "As gymnasticas nacionais (capoeiragem) e japoneza, face a face...". A matéria termina da seguinte maneira: "Os juizes serão os srs. Carlos Gracie. Director da Academia de jiu-jitsu, e Jayme Ferreira, director da Academia de Capoeira".

1932 EDMUNDO, Luís. O Rio de Janeiro no Tempo dos Vice-Reis. 2a. edição revista e atualizada. Rio de Janeiro: Athena, [1932]. Cap. 4: Aspectos da cidade e das ruas, p. 31-40, descreve um capoeira: "Socialmente é um quisto, como poderia ser uma flor. Não lhe faltam, a par de instintos maus, gestos amáveis e enternecedores. É cavalheiresco para com as mulheres. Defende os fracos. Tem alma de D. Quixote". (Lace Lopes, 2005)

- NINA RODRIGUES. OS AFRICANOS NO BRASIL. São Paulo: Nacional, 1932

1935 "André Jansen em Salvador". Rio de Janeiro, Diário de Notícias. 30 outubro: "O público carioca conhece sobejamente o sportista André Jansen, considerado o mestre absoluto da luta brasileira (a capoeiragem). Várias vezes André teve ocasião de brilhar em nossas arenas, demonstrando sua technica admirável, servida por uma valentia e uma resistência extraordinária. ...Jansen, o maior discípulo de Agenor Sampaio, Sinhozinho... O hospitaleiro povo bahiano vae ter occasião de apreciar o espírito combativo,a intelligência, dextreza e sagacidade do jovem sportista brasileiro..."

- Edison Carneiro, Negro Bantus, 1937. Negro Bantus notas de etnografia religiosa e de folclore (Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 1937), témoigne de la capoeira à Bahia à cette époque, vue par un sympathisant. Son amie américaine Ruth Landes (City of Women, 1947) décrit Edison Carneiro comme un mulâtre baianais "aristocrate" qui maintient toujours une certaine distance avec les "Nègres". Reconnu ensuite comme une autorité en matière de folklore, Edison Carneiro (1912-1972) a écrit sur la capoeira dans plusieurs ouvrages, notamment A Sabedoria Popular (Rio de Janeiro:Instituto Nacional do Livro, 1957). (disponível em www.capoeira-angola.fr )

- “A luta brasileira”. O Malho, 29 de julho de 1937.

1938 EDMUNDO, Luís. O Rio de Janeiro do meu tempo (1a. edição). Rio de Janeiro: BNH, [s/d, circa 1990]. Edição especial. A primorosa edição produzida pelo extinto Banco Nacional da Habitação inclui caricaturas de J. Carlos, Calixto, Armando Pacheco, Raul Pederneiras e vários outros. Neste livro, o carioca Luis Edmundo (1878/1961) resume a história do lendário capoeirista Manduca da Praia (Capítulo 12 - A Vida de Cortiço, págs. 137/139). Luís Edmundo, boêmio, poeta, escritor e brilhante jornalista, pertenceu à Academia Brasileira de Letras e ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. (Lace Lopes, 2005)

- QUIRINO, Manuel. COSTUMES AFRINAOS NO BRASIL. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 1938

- Os desafios que faziam da capoeira um espetáculo continuassem a chamar a atenção do público, ainda que acontecessem de uma forma diversa. É o que se nota em uma notícia do Jornal dos Sports, periódico esportivo de maior sucesso na cidade do Rio de Janeiro neste período: “Miguel Marquez, conhecido como Miguelzinho da lapa, por intermédio do Jornal dos Sports, lança um desafio ao lutador português Manoel Crillo para uma luta de capoeiragem pelo novo regulamento da Federação brasileira de Pugilismo, mas com a condição de valer o “tapa”. As condições da luta ficam ao critério do adversário”

“Capoeiragem – Luta brasileira”. Jornal dos Sports, 7 de Julho de 1938.

DÉCADA DE 1940

1940 Decreto 2848. Institui o novo Código Penal Brasileiro. Neste ato não é citada a Capoeira. A partir desta data o uso da palavra ‘capoeira’ tem transitado sem conotações policiais (Vieira, 2005)

- Lorenzo Turner, 1940-41 - Probablement pas les premiers enregistrements sonores de capoeira, mais les premiersquenous connaissons.MestreBimba,etsongroupe,MestreCabecinhaetsongroupe"Capoeira

Angola Esperança", " Luciano, Manoel et Juvenal" sur disque 78 tours, par un linguiste nord-américain. Consulter nos fiches (en anglais et portugais, disponível em www.capoeira-angola.fr ).

1941 Decreto 3.199 que estabeleceu as bases do esporte no Brasil. Com apoio neste ato foi constituída a Confederação Brasileira de Pugilismo –CBP – que já na fundação instituía o Departamento nacional de Luta Brasileira, que foi o embrião da Confederação Brasileira de Capoeira. Este foi o primeiro reconhecimento esportivo oficial da modalidade (Vieira, 2005)

- FONSECA, Gondim de. Biografia do jornalismo carioca - 1808/1918. Rio de Janeiro: Quaresma. Contem a relação de todos os jornais e revistas cariocas que surgiram de 1808 a 1908, e um dicionário de caricaturistas. Fonte para pesquisa de fundamental importância para a memória da capoeira: "Muitas coleções de jornais que consultei na Biblioteca Nacional estão quase desfeitas. Se não forem restauradas acabarão em poucos anos, e o leitor do futuro só terá notícias delas através deste cartapácio". (Lace Lopes, 2005)

- Renato Almeida, "O Brinquedo da Capoeira" 1941. Renato Almeida (1895-1981), décrit une "capoeira" dans sa ville natale de Santo Antonio de Jesus, Bahia, en 1941, dans "O Brinquedo da Capoeira", Revista do Arquivo Municipal de S. Paulo, vol LXXXIV (1941), pág. 157-162; reédité dans Tablado Folclórico, São Paulo:Record Brasileira, 1961, in-8o p. 125-136. (disponível em www.capoeira-angola.fr )

– Inezil Penna Marinho, em trabalho classificado em 1º. lugar em concurso de monografia da Divisão de Educação Física do Ministério da Educação e Cultura, faz nova tentativa de sistematização da capoeira; seus textos têm como principal enfoque a metodologia do treinamento da capoeiragem, dando enfase nos aspectos ginásticos e uma tentativa de organizar sessões de treinamento de capoeira para fins educacionais (Vieira e Assunção, 1998).

1945 MARINHO, Inezil Penna. Subsídios para o estudo da metodologia do treinamento da capoeiragem. Rio deJaneiro: ImprensaNacional,1945.Melhorlivroescritosobrecapoeiragemsegundoopiniõescorrentes de especialistas. Leitura altamente recomendável para qualquer mestre de capoeira ou pesquisador.

- "Malandragem nasceu com a própria cidade: do capoeira de ontem ao malandro de hoje". Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 19 janeiro.

- OLIVEIRA, Valdemar de. Frevo, capoeira e passo (1a. edição). Recife: Editora de Pernambuco, 1971. Referindo-se ao histórico episódio da prisão do capoeira Juca Reis, na pág. 81 de seu livro, Oliveira comenta: "O exemplo repercutiu no país inteiro. A liquidação foi geral. As polícias estaduais se movimentaram, apoiadas no primeiro código Penal da República". A História da Capoeira e da capoeiragem (luta de verdade), passa por Pernambuco, e esse livro é uma das leituras de fundamental importância para bem entendê-la. A base do livro foi um trabalho produzido pelo autor, em 1945, e publicado, com destaque, no volume VI, do ano VI, do Boletim Latino-Americano de Música. (Lace Lopes, 2005)

1946 MORAIS FILHO, Alexandre José de Mello. Festas e tradições populares do Brasil. Revisão e notas de Câmara Cascudo. 3a. edição. Rio de Janeiro: F. Briguiet, 1946. "Capoeiragem e Capoeiras CélebresRio de Janeiro" é, certamente, uma fonte de memória. Dois exemplos: "No Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, há uma subclasse que reclama distintíssimo lugar entre as suas congêneres e que tem todo o direito a uma nesga de tela no quadro da história dos nossos costumes - a dos capoeiras (p. 444)". "Os capoeiras, até quarenta anos passados, prestavam juramento solene, e o lugar escolhido para isso eram as torres das igrejas (p. 446)". (Lace Lopes, 2005)

1947 Ruth Landes City of Women, 1947. - Ethnologue américaine, Ruth Landes a séjouné à Bahia de septembre 1938 à février 1939, elle lia amitié avec Edison Carneiro. Son livre contient une description de capoeira pendant la fête de la Ribeira, et surtout, une étude des relations de genres à Bahia. Des hommes pratiquent la capoeira, remise en cause de l'ordre ici-bas, à l'extérieur et en public; tandis que les femmes dirigent le candomblé dans des cérémonies privées qu'elles réalisent dans des temples fermés, et qui vise à rétablir l'ordre dans l'au-delà. (disponível em www.capoeira-angola.fr )

- "O Sensacional cotejo de Capoeiragem". Jornal dos Sports, 2 de abril: a luta de Luiz Aguiar "Ciranda" (aluno de Sinhozinho, foto) com Jurandir (aluno de Bimba); "Hoje no Estádio Carioca - o capoeira carioca Hermanny (capoeira de Sinhozinho) em confronto como Perez (capoeira de Mestre Bimba)". Globo Esportivo, 7 abril de 1949. (Lace Lopes, 2005)

DÉCADA DE 1950 Ao longo desta década notabilizou-se Sinhozinho, na área mais influente do Rio de Janeiro, adotando uma Capoeira eclética e utilitária (Vieira, 2005)

1951 "O Destino da Capoeira". Globo Esportivo, 7 de julho de 1951. Longa e substancial entrevista com SinhozinhoeRudolfHermanny,RiodeJaneiro."Trabalha-senoBrasilpelaSobrevivênciadaCapoeira". Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 23 de setembro de 1951. Outra longa e reveladora entrevista com Sinhozinho. (Lace Lopes, 2005)

- Catunda, Eunice, Capoeira no Terreiro de Mestre Waldemar, Fundamentos Revista de Cultura Moderna, nº30, São Paulo, 1952 (Eunice Catunda (ou Katunda), musicienne brésilienne (1915 1956) rend visite au terrain de Maître Waldemar da Paixão et décrit sa capoeira et sa musique. Trad. fr. "La capoeira au terrain de Waldemar" et notes par P. Briand, disponível em www.capoeira-angola.fr )

1953 O Conselho Nacional de Desporto – CND - expede a Resolução 071, estabelecendo critérios para a prática desportiva da Capoeira, sendo este o segundo reconhecimento oficial. (Vieira, 2005)

- em julho, Bimba vai ao Rio de Janeiro, sendo recebido pelo então Presidente Getulio Vargas no Palácio do Catete, onde realiza demonstrações. Nessa ocasião, Vargas exaltaria a capopeira, como “nossa luta nacional”. (Reis, 1997, p. 135)

- ANTÔNIO, Carlos. A Arte dos moleque de Sinhá - Camarada bota sentido! Capoeira vai te Batê.... Flan, Rio de Janeiro, 31 maio, 1. cad.:9; Última Hora, São Paulo, 25 abril de 1956: "Neste mundo cada vez mais dependente do marketing, parece que só existiu e que só existe quem está todos dias na mídia. Mídia paga ou não. Daí a ignorância sobre a extraordinária Capoeira de Sinhozinho de Ipanema. Outro bom exemplo, ou melhor, outra boa injustiça pode ser registrada em relação ao Sr. Antenor dos Santos, mineiro, vice-presidente da Portela e um 'animador da capoeira' ". Nas décadas de 1940/1950 o Senhor Santos coordenava um grupo de bons angoleiros, na prática, comandados por Joel Lourenço do Espírito Santo.

- "Rudolf Hermanny e Carlson Gracie, impressionantes". O Jornal, 18 março. Confronto de Rudolf Hermanny (Sinhozinho) com Guanair Vial (Gracie). "O sangue dos valentes ensopou a quadra de cimento do Estádio do Vasco". Revista O Cruzeiro, 4 de abril. Outra manchete do confronto de Rudolf Hermanny com Vial. "Vitória Espetacular de Hermanny". O Popular, 30 de junho. Confronto entre Rudolf Hermanny e Artur Emídio de Oliveira (Itabuna). Artur Emídio aprendeu capoeira com Mestre Paisinho, em Itabuna, Bahia. (Lace Lopes, 2005)

- CAMARA CASCUDO, Luis da. DICIONÁRIO DO FOLCLOORE BRASILEIRO. Rio de Janeiro, 1953

1956 OLIVEIRA, Albano Marinho de. BRIMBAU O ARCO MUSICAL DA CAPOEIRA. In REVISTA DO IHGB, salvador, no. 8, 1956, p. 229-251

196(?) NEVES E SOUSA, Albano. Da minha África e do Brasil que eu vi, Angola, (s.d.) (196?)

1961 DA COSTA, Lamartine Pereira. Capoeiragem: a arte da defesa pessoal brasileira. Rio de Janeiro: [s.n.], 1961; Capoeira sem mestre.Rio de Janeiro: Edições deOuro,1962. LamartinePereira DaCosta praticou capoeira, introduziu oficialmente a capoeiragem na Marinha, escreveu vários artigos e um livro específico sobre o assunto. Como professor de Educação Física escreveu dezenas de artigos, coordenou dezenas de projetos a nível nacional e internacional. Com doutorado em Filosofia, além de professor universitário, tornou-se um consultor internacional em sua área profissional

- LYRA FILHO, João. Sinais de sociologia dos desportos. [S.l.]: Confederação Brasileira de Desportos (Gestão João Havelange), 196l. Cap. 3: Miscigenação e capoeiragem: pequeno libreto contendo a palestra de João Lyra Filho, realizada no dia 25 de agosto de 1960, relacionando a capoeiragem com a Sociologia dos Esportes. (Lace Lopes, 2005)

1962 é publicado o livro “Capoeira sem Mestre”, de autoria de Lamartine Pereira da Costa; propunha uma espécie de ensino de capoeira por correspondência, pois a luta poderia ser a sós, como no box, dispensando a figura do mestre (Reis, 1997, p. 156); COSTA, Lamartine Pereira da. Capoeira sem mestre. Rio de Janeiro: Edições de Ouro,1962.

1963 "Batismo decapoeiraem Copacabana". Jornal ANoite,23junho. MestreCaboclo formamais umaturma da capoeira: Turma Artur Emídio.

- "Capoeira renasce no Rio com suas velhas tradições". Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 22 de dezembro. Reportagem de página inteira, com duas ilustrações (uma delas inspirou a capa do livro "A Volta do Mundo da Capoeira"). Gira em torno de uma "Operação Capoeira" deflagrada no Rio de Janeiro; registra a importância de Sinhozinho, Artur Emídio e outros.

1963 Coulisses de l'Exploit, 1963, "Capoera" - Reportage de 5mn 10s dont 3mn 25s de présentation de capoeira par le groupe de Mestre Pastinha. De la capoeira à la télévision française en 1963 - En 1963, la télévision française diffuse un reportage qui montre une présentation du groupe de capoeira de mestre Pastinha sur la plage déserte près du phare d'Itapoan, près de Salvador, Bahia. Vous pouvez télécharger la vidéo de 5 mn La Capoera sur le site de l'Institut National de l'Audiovisuel (www.ina.fr). (disponível em www.capoeira-angola.fr )

- CARNEIRO, Edison. LADINOS E CRIOULOS; ESTUDOS SOBRE O NEGRO NO BRASIL. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 1964

1965 CARNEIRO, Edison.Dinâmica do folclore. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965. Na década de 1970, no programa radiofônico "Rinha de Capoeira" (Radio Roquete Pinto-RJ, produção de André Lacé), o saudoso Professor Edson Carneiro discutiu um tema que dá significado à sua contribuição ao estudo da capoeiragem: "como diferenciar a dinâmica do folclore da estilização folclórica da capoeira contemporânea?"

- LEMOINE, Carmem Nícias de. Jogo de capoeira. Tradições da Cidade do Rio de Janeiro do século 16 ao 19. Rio de Janeiro: Pongetti, 1965. p. 226-233. Lemoine cita Mestres Leopoldina, Bimba e outros. (Lace Lopes, 2005)

- MARINHO, Inezil Penna. SUBSÍDIOS PATRA A HISTÓRIA DA CAPOEIRAGEM NO BRASIL. Rio de Janeiro: Tupy, 1965

- Pierre Kast: Carnets Brésiliens n. 3, 1966. Documentaire de 58mn comportant une séquence de 6mn présentant l'académie de mestre Bimba. Lire notre description de la capoeira dans les Carnets Brésiliens, premier film en couleur et avec son synchrone que nous connaissions. (in www.capoeira-angola.fr)

1967 A Força Aérea Brasileira organizou o Primeiro Congresso Nacional de Capoeira.

- CAMARA CASCUDO, Luis da. FOLCLORE DO BRASIL. PESQUISAS E NOTAS. Portugal: Fundo de Cultura, 1967, cap. 7 – Capoeira, p. 179-189.

1968 "Simpósio quer mudar capoeira". Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, 28 agosto: "Simpósio chegou ao final sem decidir se capoeira é luta ou apenas folclore". Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 28 agosto. O evento, presidido pelo Professor Alberto Latorre Faria, reuniu altas autoridades do governo, do esporte e da capoeira: Ministro Lyra Filho, os Doutores Waldemar Areno e Ângelo Decânio, e os Professores Edison Carneiro,Maria Lenk,LamartinePereira da Costa,Rudolf Hermanny,Luis Peixoto eAndréLuiz Lacé Lopes. Trata-se possivelmente do primeiro debate sobre a capoeiragem em evento universitário. (Lace Lopes, 2005). Primeiro evento acadêmico sobre Capoeira em universidade brasileira (Vieira, 2005)

- Waldeloir Rego, Capoeira Angola - ensaio sócio-etnográfico – 1968. Waldeloir Rego, reconhecido estudioso da cultura afro-baiana, nasceu no dia 25 de agosto de 1930, na cidade de Salvador, e faleceu na mesma cidade no dia 21 de novembro de 2001. O seu Capoeira Angola, de 1968, é geralmente reconhecido como um livro fundamental para o estudo da capoeira. Infelizmente, não é fácil encontralo. Esgotada a esperança de ver Capoeira Angola ensaio sócio-etnográfico reeditado pelo autor ou mesmo reimpresso, não podendo entregar cópia digital à comunidade devido à continuação dos direitos autorais, só podemos incentivar a procura em bibliotecas públicas colocando aqui um índice detalhado do livro e a conclusão (capítulo XVII. Mudanças Sócio-Etnográficas na Capoeira), esta na sua integra. (disponível em www.capoeira-angola.fr )

- Jair Moura, Dança de Guerra, 1968 - Le documentaire de Jair Moura enregistre un peu de la capoeira de la vieille génération, Tiburcinho, Totonho, Noronha, déja âgée à l'époque de plus de soixante ans. Jeu de capoeira de João Grande et João Pequeno sur les quais, avec couteau. Présence de mestre Bimba (in www.capeoria-angola.fr)

1969 A Força Aérea Brasileira organizou o Segundo Congresso Nacional de Capoeira. Nestes dois eventos, aviões da FAB trouxeram mestres de todo o Brasil com o objetivo de dar uma organização nacional efetiva à prática da luta (Vieira, 2005)

1969 SALLES, Vicente. Bibliografia crítica do folclore brasileiro: capoeira. Revista Brasileira de Folclore. Rio de Janeiro: Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, v. 8, n. 23, p. 79-103, jan./abr. Pesquisa pioneira. Vicente Salles, além de redator chefe da Revista era um dos principais pesquisadores da

Campanha citada.Vicente Salles já publicou vários trabalhos sobre a Capoeiragem e trabalha, atualmente, na Universidade Federal do Pará. (Lace Lopes, 2005)

DÉCADA DE 1970 iniciou-se a fundação das federações Estaduais de Capoeira, sob a jurisdição da CBP. E nesta mesma década começa a expansão da Capoeira por todo o país, a qual antes estava limitada a poucas iniciativas e localizações. Neste estágio, passam a convergir e se consolidar vários suportes para o desenvolvimento da Capoeira tais como a institucionalização da luta (livros e publicações, gestão por federações, etc.); multiplicação de mestres (imigração entre regiões do Brasil e para o exterior, festivais de grupos renomados, etc.); melhoria do conhecimento (pesquisa,, ensino em universidades, etc.); e reconhecimento público do seu valor cultural e esportivo (Vieira, 2005)

- CAMARA CASCUDO, Luis da. VISÃO DO FOLCORE NORDESTINJO. In Revista de Etnografia, Museu de Etnografia e História, Porto, v. 15, n. 29, out. 1970, p. 69-75

1971 o prédio 19, do Largo do Pelourinho, onde funcionava o “Centro Esportivo de Capoeira Angola” (hoje, abriga o restaurante do SENAC) foi fechado para reforma e Pastinha, já cego e quase paralítico, acabou sendo despejado sem receber qualquer indenização; do material de que dispunha, nada foi devolvido. (Reis, 1997, p. 146-147)

- inaugurada a primeira sede da Academia e Grupo de Capoeira Capitães d´Areia, situado no bairro da Barra Funda; em seguida, o grupo mudou-se para o Bom Retiro e depois para o Brás; abriu-se uma filial nos Campos Elíseos

- OLIVEIRA, Valdemar de. Frevo, Capoeira e passo. Pernambuco, 1971

- ESCARIZ, Fernando. Squindin-din. É a capoeira. Salvador. In TRIBUNA DA BAHIA, 1 de Nov. 1971, p. 5

- SALLES, Vicente. O NEGRO NO PARÁ SOB O REGIME DA ESCRAVIDÃO. Rio de janeiro: FGV/UFPA, 1971

1972 a capoeira é reconhecida como esporte através de portaria do então Ministério da Educação e Cultura, iniciando-se um processo de institucionalização e burocratização (Reis, 1977, p. 155). Terceiro reconhecimento oficial da Capoeira como uma modalidade desportiva, por ato do Conselho Nacional de Desportos. Inicia-seafundaçãodas Federações Estaduais deCapoeira,sob a jurisdiçãodoDepartamento Nacional de Capoeira da Confederação Brasileira de Pugilismo.

- SANTOS, José Francisco dos. Memórias de Madame Satã: (conforme narração a Sylvan Paozzo).: Lidador, 1972. "Minha pessoa estava muito feliz naquela noite" - assim começa o livro de Satã. Obra que deve ser lida, também, como importante registro social e sociológico do Rio de Janeiro Antigo. Merece especial registro a maneira como o jornalista Sylvan Paezzo desempenhou o seu papel. SATÃ foi um verdadeiro capoeira street fighter lutador de rua). (Lace Lopes, 2005)

- REVISTA O CRUZEIRO. Capoeira. Malicia, mandinga, malemolência, 28 de junho, 1972

1973 – João Lyra Filho, Elementos de uma Sociologia dos Desportos, 1973 - L'auteur, qui a occupé des fonction officielles à Rio de Janeiro, présente dans un même ouvrage le foot-ball et la capoeira, avec quelques détails sur les modes de pratique et les croyances des pratiquants. (disponível em www.capoeira-angola.fr )

1974 - LYRA FILHO, João. Introdução à sociologia dos desportos. 3a. edição. Rio de Janeiro: Bloch, [19-]. Leiturarecomendada -nãosendo possível lero livrotodo,pelo menos,do capítulo dedicado àcapoeira. Trata-se de um texto que necessita de revisão atualizada por especialistas. (Lace Lopes, 2005)

1977 CURVELO, Ivan. Capoeira: a falta de rumos é processo de embranquecimento. Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, 24 abr. 1977.(4)f . Entrevista com André Luiz Lacé, então Superintendente Administrativo do Clube de Regatas do Flamengo, sobre o processo de institucionalização da Arte Afro-Brasileira da Capoeiragem. (Lace Lopes, 2005)

- CARNEIRO, Edison. CAPOEIRA. CADERNOS DE FOLCLORE, n. 1, 2ª., Brasília, MEC/DAC/FUNARTE, 1977

- SHAFFER, Kay. O BERIMBAU DE BARRIGA E SEUS TOQUES. Brasília: MEC, 1977. Monografias Folclóricas, 2.

1979 apresentação de um projeto de lei, encaminhado à Câmara Federal, por um mestre de São Paulo, propondo a mudança de “capoeira” para “luta nacional” (Projeto-lei 2.249-A, folheto da Associação de Capoeira Iuna) (Reis, 1997)

-MOURA, Jair. Capoeira, a luta regional baiana. CADERNOS DE CULTURA, Salvador, n. 10, 1979, p. 939

- ZUMBI BAHIA e VESTRUZ. História da Capoeira no Recife. Recife, 1979

DÉCADA DE 1980

1980 PEIXOTO, Mário. Ipanema de A a Z: dicionário da vida ipanemense. [S.l.]. Rio de Janeiro: A.A. Cohen. Fonte de informações básicas para os estudiosos da capoeiragem no Rio de Janeiro. (Lace Lopes, 2005)

- BADARÓ, Ramagem. Os negros lutam suas lutas misteriosas: Bimba é o grande rei negro do misterioso rito-africano. In Cadernos de Cultura, no. 2, PM de Salvador, SEDUC, DAC, Divisão de Folclore, Salvador, 1980, p. 45-51

- MUNIZ, João. De Wildeberger a “besouro”, CADSERNOS DE CULTURA, n. 2. PM Salvador/ SEC/DAC/Divisão de Folcloore. Salvador, 1980, p. 59-61

1981 - Inezil Penna Marinho apresenta o Projeto Técnico-Científico da Ginástica Brasileira, inspirada na Capoeira, ao Congresso Mundial daAssociação Internacional deEscolas Superiores deEducaçãoFísica, realizada no Rio de Janeiro (Universidade Gama Filho). (Vieira, 2005)

- GOMES, Paulo, Mestre. Capoeira: a arte brasileira. [S.l.]. Rio de Janeiro: Centro de Capoeira Ilha da Maré. O baiano Paulo Gomes fez-se mestre no Rio de Janeiro e teve seu melhor momento em São Paulo onde, infelizmente, foi covardemente assassinado. O livro é o escritor falando, simple, sicero e direto. Respeitado e admirado. Valente e destemido, assim como Plácido d`Abreu, morreu lutando bravamente. (Lace Lopes, 2005)

- Nestor Capoeira, Pequeno Manual do Jogador de Capoeira, 1981 - Ouvrage destiné à l'origine aux élèves rencontrés dans des stages, et laissé ensuite seuls. Souvent, les livres sur la capoeira sont écrits par des jeunes, tandis que les anciens préfèrent garder le silence. Nestor Capoeira (1946 ) tente de faire partager la sagesse qu'il a acquise dans une vie dédiée à la capoeira, avec la familiarité avec l'écriture que lui ont donné ses études supérieures; au fil des années et des éditions, il a enrichi et amélioré son ouvrage et l'a poursuivi par plusieurs autres, notamment Capoeira, os Fundamentos da Malícia (1992), approfondissant sa réflexion culturelle. Disponible et traduit en français. (in www.capoeira-angola.fr )

1982 CARNEIRO, Edison. FOLGUEDOS TRADICIONAIS. Rio de Janeiro: FUNARTE/INF, 1982

- MARINHO, Inezil Penna. A ginástica brasileira (Resumo do projeto geral), Brasília, 1982.

1985 NESTOR CAPOEIRA. GALO JÁ CANTOU. CAPOEIRA PARA INICADOS. Rio de Janeiro: Calicieri, 1985

- DIAS, Luiz Sérgio. Capoeira, nmorte e vida no Rio de Janeiro. REVISTA DO BRASIL, Rio de janeiro, 2 (4), 1985, p. 106/115

1986 MACARTY, José. Quand la Capoeira rencontre lê Moringue. Jornal Témoinages - Quotidien du parti communiste reunionnais. Ilha de Reunião, 8 outubro. Da mesma fonte, datado de 9/10/1986: L`histoire delacapoeiraauBrésil.EntrevistacomAndréLuizLacéLopes(IlhadaReunião,OceanoÍndico-1986). Idem, datado de 11/12 outubro mesmo ano LE MORINGUE (CAPOEIRA!) à la Reúnion - sortir du fénoir une pratique culturel le authentiquement réunionnaise. Jornal Témoignages. (Lace Lopes, 2005)

1987 CHIAVENATTO, Julio José. O negro no Brasil – da senzala à Guerra do Paraguai. 4 ed. Rio de Janeiro : Brasiliense, 1987

- CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p. 91-139.

1988

- CD FUNARTE ATR32077 Documento sonoro do folclore brasileiro, Vol. V; Berimbau e Capoeira / BA, 1988. in www.capoeira-angola.fr

- ALGRANTI, Leila Mezan. O feitor ausente: estudos sobre a escravidão urbana no Rio de Janeiro (18081822). Petrópolis, RJ: Vozes, 1988. p. 164 -172. Em seu trabalho a capoeira é citada como um “padrão de criminalidade escrava” no início do século XIX, no Rio de Janeiro.

1989 FRIGÉRIO, Alejandro. Capoeira: da arte negra a esporte de branco. I REVISTA BRASILEIRA DE CIENCIAS SOCIAIS, n. 10, vol. 4, junho 1989, p. 85-98

- HOLLOWAY, Thomas H. O saudável terror : repressão policial aos capoeiras e resistencia dos escravos no Rio de janeiro no século XIX. In CADERNOS CANDIDO MENDES, Rio de Janeiro, 16, 1989

DÉCADA DE 1990

1990 BACHMANN, Bruno, La capoeira du Brésil, Favre, 1990, premier livre en français. Épuisé, mais se trouve en bibliothèque in www.capoeira-angola.fr

1991 PINTO, Tiago de Oliveira, Capoeira, Samba, Candomblé. Afro-brasilianische Musik im Recôncavo, Bahia, 1991. Berlin:Dietrich Reimer Verlag Basé sur une enquête à Santo Amaro (Bahia) en 19851988, décrit avec précision la musique de capoeira qui se jouait en ce lieu et à cette époque. Avec un CD. Disponible en allemand. Les musiques de capoeira et un court texte en portugais se trouvent dans le CD FUNARTE ATR32077 Documento sonoro do folclore brasileiro, Vol. V; Berimbau e Capoeira / BA, 1988. in www.capoeira-angola.fr

- BRETAS, Marcos Luiz. A queda do império da navalha e da rasteira (a República e os capoeiras). In Estudos Afro-asiáticos, Centro de Estudos Afro-asiáticos, , Rio de Janeiro, n. 20, junho de 1991, p. 239-256.

1992 Fundação da Confederação Brasileira de Capoeira através do desmembramento do Departamento Nacional de Capoeira da CBP (Vieiria, 2005)

- LEWIS, James Lowell, Ring of Liberation Deceptive Discourse in Brazilian Capoeira, 1992 Chicago:University of Chicago Press. C'est l'ouvrage le plus intéressant de ces dernières années.Disponible en anglais. In www.capoeira-angola.fr

- CORDEIRO, Izabel Cristina de Araújo. Bota mandinga ê... a esportivização da capoeira em questão. 1992. Monografia (Especialização em Recreação e Lazer) - Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas.

- CAPOEIRA, Nestor. Capoeira: os fundamentos da malícia. Rio de Janeiro: Record, 1992

- DIAS, Luiz Sérgio. Quem tem medo da capoeira? Período 1890-1904. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Luiz Sergio Dias, escritor, trabalho de longos nos no Arquivo Municipal do Rio de Janeiro. Trata-se de um trabalho premiado - primeiro lugar - num concurso de monografias. (Lace Lopes, 2005)

ARAUJO, Paulo Coelho de. A falta de rigor científico nos estudos sobre capoeira. In A Ciência do desporto e a Cultura do Homem, Porto, 1993, p. 215-226. Publicação da Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física.

- ARAUJO, Paulo Coelho de. Análise historiográfica da bibliográfica básica utilizada nos estudos sobre a capoeira. In A Ciência do desporto e a Cultura do Homem, Porto, 1993, p. 207-213. Publicação da Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física.

- SOARES, Carlos Eugênio Líbano. A negregada instituição: capoeiras no Rio de Janeiro (1850-1890). 1993. Dissertação (Mestrado em História) - Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCH), Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

1994 SOARES, Carlos E. L. A negregada instituição: os capoeiras no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Coleção Biblioteca Nacional, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura, Deptº Geral de Documentação e Informação Cultural, 1994.

1995 Reconhecimento da capoeira e vinculação da Confederação Brasileira de Capoeira ao Comitê Olímpico Brasileiro (Vieiria, 2005)

- SANTOS, Esdras M. dos. Conversando sobre capoeira. São Paulo: JAC. Livro emocionado, desassombrado e extremamente informativo. Preciosa fonte de informações e esclarecimento sobre a trajetória da Capoeira Regional. (Lace Lopes, 2005)

- NESTOR CAPOEIRA. CAPOEIRA. A DANÇA MORTAL DO BRASIL. I Revista Cinturão Negro, Lisboa, ano II, n. 19, 1995, p. 28-31.

- RODRIGUES, Elinaldo. Capoeira. CORREIO, de 11 de janeiro de 1995, Paraíba, secção de variedades, 1995

- ZULU, Mestre. Idiopráxis da capoeira. Brasília, 1995

VIEIRA, Luiz Renato. O jogo de Capoeira: cultura popular no Brasil. Rio de Janeiro: Sprint, 1995

- SILVA, Gladson de Oliveira. Capoeira: do engenho à universidade. 2. ed., São Paulo, 1995.

1996 BIBLIOTECA AMADEU AMARAL. Capoeira: fontes multimídia. Rio de Janeiro: Fundação Nacional de Arte, Coordenação de Folclore e Cultura Popular. Oportuno desdobramento da pesquisa de Salles, Vicente (ver 1969). A Biblioteca Amadeu Amaral está situada dentro do complexo cultural do Palácio do Catete (Rua do Catete, 179, Rio de Janeiro-RJ). (Lace Lopes, 2005)

- ANGELO, Decânio Filho. A herança de Mestre Bimba: filosofia e lógica africanas da capoeira. Salvador: [s.n.]. Edição do autor. Apresentação de Jorge Amado e Esdras Magalhães dos Santos. Ângelo Decânio foi aluno e médico de Mestre Bimba, e conviveu com Cisnando Lima ("foi o primeiro aluno branco da classe social dominante em Salvador; Cisnando logo induziu o Mestre Bimba a enriquecer o potencial bélico da luta negra...". Pág. 112). Com profunda admiração, mas com singular realismo, Decano exalta a figura de Bimba. Com autoridade, às folhas tantas, chama atenção para graves distorções que estão ocorrendo, atualmente, com a Capoeira Regional. Leitura recomendada. (Lace Lopes, 2005)

-PIRES, Antônio LiberacCardosoSimões. A capoeiranajogodas cores: criminalidade,cultura eracismo na cidade do Rio de Janeiro (1890-1937). Dissertação (Mestrado em História), Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCH), Universidade Estadual de Campinas, 1996

- FALCÃO, José Luiz Cirqueira. A escolarização da capoeira. Brasília: ASEFE Royal Court, 1996.

- Fundação da Associação Brasileira de Árbitros de Capoeira, em São Paulo (Vieira, 2005)

- LACÉ LOPES, André Luiz. A Volta do Mundo da Capoeira. Rio de Janeiro: Markgraph. Seleção de artigos, cartas e reflexões sobre a Arte Afro-Brasileira da Capoeiragem. O primeiro artigo selecionado data de 1962. O livro focaliza a marcha da capoeira pelo mundo, mas com especial ênfase na capoeira do subúrbio do Rio de Janeiro, nas décadas de 1960/1970. (Lace Lopes, 2005)

2000 CASTRO, Ruy. Ela é carioca: uma enciclopédia de Ipanema. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. Fonte de informações para interpretações do ambiente onde viveu a capoeiragem utilitária do Rio de Janeiro. Leitura recomendável. (Lace Lopes, 2005)

- Decanio, Capoeira da Bahia on-line. Une sagesse de la capoeira, par le Docteur Decanio, l'héritage de Mestre Bimba, les manuscrits de Mestre Pastinha, mis en ligne par le Docteur Decanio.

- FALCÃO, José Luiz Cirqueira. Os movimentos de organização dos capoeiras no Brasil. Revista Motrivivência, vol. 11, n. 14, maio 2000.

- FALCÃO, José Luiz Cirqueira. A esportivização da capoeira: a trama do poder em jogo. Florianópolis: mimeo, 2000

- BRUHNS, Heloisa Turini. Futebol, carnaval e capoeira: entre as gingas do corpo brasileiro. Campinas: Papirus, 2000.

- RODRIGUES, Antonio E. M. João do Rio: A cidade e o poeta o olhar de flâneur na Belle Époque tropical. Ed. FGV. Rio de Janeiro: 2000.

- KARASCH, Mary. A vida dos escravos no Rio de Janeiro (1808-1850). São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

SÉCULO XXI

2001 - Segundo dados fornecidos pelo presidente da Confederação Brasileira de Capoeira (CBC), Sr. Sérgio Luiz de Souza Vieira. Para administrar a modalidade existem hoje, no Brasil, 78 Ligas Regionais e Municipais, 24 Federações Estaduais, uma Confederação Brasileira, uma Associação Brasileira de Árbitros, uma Associação Brasileira de Capoeira Especial e Adaptada. No âmbito internacional, existe a Federação Internacional de Capoeira (FICA), que coordena os trabalhos das Federações Nacionais de Capoeira, existentes no Canadá, Portugal, Argentina, França, além da Confederação Brasileira de Capoeira. A FICA está organizando também Federações Nacionais nos EUA, Espanha, Noruega, Japão, Israel, Colômbia, Inglaterra, Bélgica, Singapura, Estônia, Rússia, Alemanha, Itália e Suíça. VIEIRA, S. L. S. Publicação eletrônica (mensagem pessoal). Mensagem recebida por <falcao@ufba.com.br>, em 30set.2000. Essesdados foramobtidos emCAPOEIRAListadediscussão. ListadediscussãodoCentro Esportivo Virtual, mantida pelo Laboratório de Informação e Multimídia em Educação Física e Esporte (LIMEFE), na Universidade Católica de Brasília. Disponível em: http://www.cev.org.br/listas/index.html

-

SOARES, C.E.L. A capoeira escrava e outras tradições rebeldes no Rio de Janeiro (1808 – 1850).

Campinas: UNICAMP/Centro de Pesquisa em História Social da Cultura, 2001

- PIRES, Antônio Liberac Cardoso Simões. Movimentos da cultura afro-brasileira: a formação histórica da capoeira contemporânea (1890 – 1950). 2001. Tese (Doutorado em História) - Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCH), Universidade Estadual de Campinas, Campinas.

BRASIL. Tribunal Regional Federal. Vara da Seção Judiciária de Belo Horizonte - MG. Obrigatoriedade de inscrever-se nos quadros do Conselho Regional de Educação Física - 6ª Região instituída através da Lei 9.696/98. Apelante: Paulo César Leite dos Santos (mestre Pintor). Apelado: Conselho Federal de Educação Física. Advogada Dra. Júnia de Souza Antunes. Belo Horizonte, 21 de agosto de 2001.

- LEAL, Luiz Augusto Pinheiro. Deixai a política da capoeiragem gritar: capoeiras e discursos de vadiagem no Pará republicano (1888-1906). 2002. Dissertação (Mestrado em História) – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal da Bahia, Salvador.

2003 A Federação Internacional de Capoeira torna-se fundadora da União Mundial de Artes Marciais, em evento ocorrido em outubro, na Cidade de ChungJu, Coréia do Sul.

– A Federação Internacional de Capoeira sagra-se bicampeã no VI Festival Mundial de Artes Marciais realizado na Cidade de ChunJu, Coréia do Sul.

– A Federação Internacional de Capoeira funda a Universidade Livre de Capoeira e Artes Marciais.

- LACÉ LOPES, André Luiz. Capoeiragem no Rio de Janeiro, Sinhozinho e Rudolf Hermanny. Editora Europa, Rio de Janeiro. Obra relacionada com esta referência: "RUDOLF HERMANNY". Coleção GENTE, Editora RIO, Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, 2003.

- Il Papa della Capoeira Brasiliana. Reportagem realizada pelo Professor Alfredo Apicella. MAK (Martial Arts Kombat) Adventures. Itália, abril/maio Black Panther Production, Via Sant`Evasio 55 - 14100 Asti: "Già esiste uma grande letteratura sull`argomento Capoeira, essendo alcuni articoli e libri di André Luiz Lace Lopes, letteratura obligada per chi vuole immergersi nell`argomento a fondo. Questo perché Lace,nonhápauradelcontraddittorio,ossia,oltreaessereamantedellacapoeiragem(artedichipratica), non ricerca affatto fama distorcndo la storia Del passato, modificando date e testimonianze importanti".

- Capoeira - La force cachée de Rio. Revista Karaté Bushido, julho/agosto 2003. Editora Européene de Magazines, 44, Avenue George V 75008 Paris, France. Grand reportage (p. 22): La Capoeira ao coeur de Rio de Janeiro. Entrevista com André Lace (p. 30): ..."Dans son bureau, ou dês centaines de livres et dês dizaines de cassettes vídeo ou CD sont empilés, dans son salon, ou lês meubles sont poussés ´pour "les demonstration avec les visiteurs" (dixit as femme, dans um sourire), son appartement respire la Capoeira."

- "Arte e História também em livros". Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, 11 novembro. "Dois livros estão provocando intensos debates nas rodas de capoeira do Rio de Janeiro, do Brasil e do resto do mundo: 'Capoeiragem no Rio de Janeiro' e 'Rudolf Hermanny', da série GENTE que a Universidade Estácio de Sá vem publicando".

- CD "Os Bambas do Rio Antigo",Mestre Grilo e seu Grupo Arte Nobre. Naldo Studio Produções Musicais, Rio de Janeiro-RJ, dezembro de 2003. Trata-se de um marco musical na história da Capoeira, em que a extraordinária figura de Agenor Sampaio (e alguns de seus discípulos) é lembrada e louvada. O texto da contra-capa oferece informações valiosas para compreensão do tema e correspondentes registros de memória. (Lace Lopes, 2005).

2004 lançado Crônicas históricas do Rio colonial, de Nireu Oliveira Cavalcanti, editora Civilização Brasileira/FAPERJ. Reúne os acontecimentos no Rio de Janeiro entre os anos de 1700 e 1810. Os textos foram publicados originalmente no Caderno B do Jornal do Brasil, todas as semanas ao longo do ano de 1999. Os textos do livro são resultado de meticulosa busca nos arquivos da cidade.

- BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria da Promoção de Políticas da Igualdade Racial. Diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana. Brasília, 2004.

- OLIVEIRA, Josivaldo Pires de. No tempo dos valentes: os capoeiras na cidade da Bahia. Salvador: Quarteto, 2005,

-

2008 ARAUJO, Paulo Coelho de. JAQUEIRA, Ana Rosa Fachardo. DO JOGO DAS IMAGENS ÀS

IMAGENS DO JOGO – nuances de interpretação iconográfica sobre a Capoeira. Coimbra-Portugal: Centro de Estudos Biocinéticos, 2008.

- FONSECA, Vivian Luiz. A capoeira Contemporânea: antigas questões, novos desafios. RECORDE –Revista. Revista de História do Esporte, v. 01, num 1, 2008.

2009 ABREU, Frede e CASTRO, Maurício Barros de. (Org.). Capoeira. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2009.

OLIVEIRA, Josivaldo Pires de; LEAL, Luiz Augusto Pinheiro. CAPOEIRA, IDENTIDADE E GÊNEROEnsaios sobre a história social da Capoeira no Brasil. Salvador: EDUFBA, 2009

2010 PEREIRA, Ana Beatriz de Oliveira. A capoeira como espetáculo: Sentimento nacional, esporte e identidade (1909 – 1938). Monografia apresentada ao Departamento de História da PUC-Rio como parte dos requisitos para obtenção de grau de licenciatura em História. Orientador: Leonardo Affonso de Miranda Pereira Departamento de História Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, Dezembro de 2010

2013 VIDOR, Elisabeth; REIS, Letícia Vidor de Sousa. CAPOEIRA – UMA HERANÇA CULTURAL

AFRO-BRASILIRA. São Paulo: Selo Negro, 2013

Situação atual CAPOEIRAGEM

A Capoeira com cantoria e ritmo, nos dias presentes, pode ser encontrada no mundo inteiro. Apresentada, na maioria das vezes, em palco, em conjunto com danças e rituais afro-brasileiros adaptados para showmaculelê, samba de roda, dança de orixás, puxada de rede etc. Já a Capoeiragem do Rio Antigo parece ser umaprática em extinção, com os mestres mais velhos aposentadoseuns poucos mestres mais jovens migrando para outras lutas similares, como Muay Thay, Caratê ou Box Tailandês. Não sendo de se desprezar, entretanto, algunsesforçosqueestãosurgindonosentidoderevitalizarestetipodecapoeira,como,porexemplo,oProjeto Capoeira Arte Marcial (ver neste particular a parte final do livro "Capoeiragem no Rio de Janeiro, Sinhozinho e Rudolf Hermanny", Lace Lopes, 2003, p. 267). Em termos de fontes, e de acordo com pioneira pesquisa realizada pela Federação Italiana de Capoeira, já existem mais de 500 trabalhos sobre capoeira, sobretudo, sobre sua parte rítmica e cantada. Estando incluídos neste levantamento, não apenas CDs, mas gravações em vinil, K-7, vídeos-tapes e filmes técnicos ou romanceados. Em dezembro de 2003, no Rio de Janeiro, foi editado um CD especificamente sobre Agenor Sampaio, Sinhozinho: "Homenagem aos Bambas do Rio Antigo". Neste particular, cabe mencionar, a primeira gravação, ainda em vinil, do CD "Curso de Capoeira Regional", uma vez que, o libreto que acompanhava o disco, mencionava outras lutas (ver BIMBA, 1963). Mais informações podem sr obtidas no capítulo de Capoeira neste mesmo volume. (Lace Lopes, 2005)

SANTA CATARINA – DÉCADA DE 1970

DÉCADA DE 1970 –

1970 em Blumenau, a capoeira como outras manifestações Afros, começam a aparecer no cenário do Vale; e daí em diante ganham grande ênfase na região; as aulas sistematizadas começam a partir da década de 80; mas por enquanto, as confirmações são de que as aulas sistematizadas em grupos, nas academias, projetos sociais, surgiram a partir da década de 90.

1972 acredita-se que Blumenau conhece a capoeira e suas vertentes pela primeira vez, com a apresentação do grupo Oludamaré no teatro Carlos Gomes.

1975 Em 10 de maio, o Jornal Santa Catarina, demonstra a dificuldade das manifestações afros- brasileiras para sua fixação como manifestação no local.

DÉCADA DE 1990 a capoeira desperta o interesse da população blumenauense. Começa a aparecer no cenário da cidade pessoas que ajudariam a mudar o percurso social, cultural e esportivo da capoeira. É a época que a capoeira, atravésdas aulas sistematizadasganhavaênfase.As aulas Implantadas no início dadécada denoventa, naFundação Cultural de Blumenau pelo professor Carlos José da Silva, conhecido como “Tigre” despertam interesse do povo blumenauense.Maselenãoestavasozinhonestetrabalho deimplantação; Claudiney MárcioSerafim,o“Neizinho” iniciaumtrabalhodecapoeiranaUniversidadeRegionaldeBlumenau.Eles começamaospoucosaganharadeptos, realizar exibições e atrair capoeirístas de outras regiões do país. Com isso aparecem outros personagens da história da capoeira em Blumenau. Primeiro, vindo da Bahia; Raimundo Nascimento dos Santos, “Mestre Sardão”, que junto com o professor Tigre, fundaram a 1º Associação de Capoeira Blumenauense “Os Bambas da Capoeira”. Logo em seguida devido o trabalho ganhar muitos adeptos e campo na cidade, chega Adriano de Jesus Paixão - “ Contramestre Bião” -, também vindo da Bahia através do Mestre Sardão.

1994 chega a cidade mais um capoeirista para se juntar ao grupo de baianos que vieram divulgar a capoeira: Valter Alves de Oliveira, o “Mestre Serpente” ajuda a divulgação da capoeira e com a partida do Mestre Sardão para Espanha, supervisiona o trabalho da associação.

996 Mestre Serpente, convida seu irmão, também baiano, Ismael de Oliveira, “Contramestre Dendê” a participar do trabalho já em andamento. O grupo ganha adeptos, vários alunos, surgem assim os primeiros graduados , agora representado pela “Associação FilhosdosBambas”;easexibiçõespelacidade,comotambém pelascidadesvizinhascomeçam aseremexploradas.

Devido a incompatibilidade de políticas de organização, o grupo se separa, e começa um a nova fase da capoeira na cidade. Surgem várias associações, com novos trabalhos de capoeira; entre elas “ Corpo e Movimento”, “Muzenza” e a já citada “Filhos dos Bambas” derivada da Associação “Os Bambas da capoeira”. E mais tarde no final dos anos noventa e início do século XXI, surgem outras associações como “Magia da Bahia” tanto como o ressurgimento da antiga associação “Os Bambas da Capoeira” e novos trabalhos, como do grupo Abadá, Bimbas do Sul, e Grupo Mestre Buda Capoeira

1997 A Fundação Cultural de Blumenau realiza uma política de descentralização da cultura no início de 1997, surgindo vários focos das oficinas espalhadas pela cidade.

- A partir de 1997, a cidade começa a ser palco de muitos eventos de capoeira, não que antes não aconteciam, mais a partir desta data, os eventos são maiores, com dimensões nacionais. Isso se deve a participação de grupos de capoeira de nível nacional e internacional como o Grupo Muzenza de Capoeira.

- Blumenau segue com uma equipe para o 1º Mundialito de Capoeira, que se realizaria em Curitiba. Na equipe improvisada, a presença de quatro atletas. A blumenauense Michele Rafaela Ramos, a “Estrela”, conquistou o segundo lugar no I Mundialito da Superliga Brasileira de Capoeira; Michele tem 18 anos, competiu na categoria feminino livre, com quase 80 atletas de 13 países, entre eles o Canadá, Inglaterra, Itália, Argentina, Uruguai, Chile, Estados Unidos, Portugal e Espanha. A “Estrela” de Blumenau é vice-campeã mundial na categorial individual, vice campeã mundial em dupla, e medalha de “destaque do Mundialito”. Aluna graduada do Grupo Muzenza de Capoeira da Fundação Cultural de Blumenau, Michele pratica o esporte desde os 9 anos de idade.

2007 realizado o I Festival: Blumenau Mostra Capoeira, no dia 01 de Dezembro; onde haverá amostras do ano de 2007 sobre a Capoeira, apresentações dos grupos de diversas idades, batizado e troca de graduação dos novos alunos.

Rondônia Está localizado na região Norte e tem como limites os estados de Mato Grosso a leste, Amazonas a norte, Acre a oeste e o Estado Plurinacional da Bolívia a oeste e sul. O estado possui 52 municípios e ocupa uma área de 237 590,547 km²,. Sua capital e município mais populoso é Porto Velho, banhada pelo rio Madeira. Além desta, há outras cidades importantes como Ariquemes, Cacoal, Guajará-Mirim, Ji-Paraná, Rolim de Moura e Vilhena. O relevo é suavemente ondulado; 94% do território encontra-se entre as altitudes de 100 e 600 metros. Madeira, JiParaná, Guaporé e Mamoré são os rios principais. O clima é equatorial e a economia é baseada na pecuária e na agricultura (café, cacau, arroz, mandioca, milho) e no extrativismo da madeira, de minérios e da borracha É o único estado brasileiro cujo nome homenageia uma figura histórica nacional, no caso, o Marechal Rondon (1865-1958), que desbravou o norte do país em meados dos anos 1900, inclusive a região que hoje leva seu nome.É o terceiro estado mais populoso da Região Norte com 1 815 278 habitantes, segundo estimativa do IBGE para 2021, sendo superado apenas pelo Pará e Amazonas. Quatro de seus municípios possuem população acima de 100 mil habitantes, sendo estes Porto Velho, Ji-Paraná, Ariquemes e Vilhena. A população rondoniense é uma das mais diversificadas do Brasil, composta de migrantes oriundos de todas as regiões do país, dentre os quais destacam-se os paranaenses, paulistas, mineiros e gaúchos, que fixaram-se na capital, preservando-se ainda os fortes traços amazônicos da população nativa nas cidades banhadas por grandes rios, sobretudo em Porto Velho e Guajará-Mirim, as duas cidades mais antigas do estado. O estado é o terceiro mais rico da Região Norte, responsável por 11% do PIB da região. Apesar de ser um estado jovem (criado em 1981), possui o quinto melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região Norte o terceiro maior PIB per capita, a segunda maior taxa de alfabetização e a terceira menor taxa de analfabetismo entre todos os estados das regiões Norte e Nordeste do país, além da segunda maior teledensidade do Brasil. Entre 2002 e 2014 o estado apresentou 85,2% de crescimento acumulado do PIB, sendo o 5º estado brasileiro que mais cresceu no período. Rondônia possui ainda a menor incidência de pobreza e a maior proporção de veículos por habitante entre todos os estados das regiões Norte e Nordeste e também a 2ª melhor distribuição de renda, o 4º menor índice de desemprego e o melhor índice de transparência de todo o Brasil

Ano 1981\Edição 13724 (1) Alto Madeira (RO) - 1917 a 1989

RONDONIA - 1981

Ano 1981\Edição 13762A (1)

Ano 1982\Edição 13942 (2)

Ano 1982\Edição 14030 (1)

Ano 1982\Edição 14180 (1)

Ano 1983\Edição 14420 (1)

Ano 1983\Edição 14603 (1)

Ano 1983\Edição 14693 (1)

Ano 1984\Edição 14844 (1)

Ano 1984\Edição 14846 (1)

Ano 1985\Edição 16710 (1)

Ano 1986\Edição 16862 (1)

Ano 1986\Edição 17992 (1)
Ano 1986\Edição 19007A (1) Ano 1986\Edição 19089 (1)

Ano 1987\Edição 19202 (1)

Ano 1987\Edição 19342 (1)

2021 - História da capoeira em Rondônia resgatada em documentário e revista - News Rondonia Portal de Noticias - As primeiras manifestações mais expressivas apontam para a década de 40, no ciclo da borracha. Não há um estudo oficial sobre a origem da capoeira em Rondônia. Contudo, com base em fontes disponíveis, pesquisas correlacionadas, depoimentos de personagens e pesquisadores, A

Ano 1988\Edição 19475 (1)

Federação de Capoeira de Rondônia (Fecaron) e a Associação Portovelhense de Capoeira (Arca) vem realizando há anos um trabalho de resgate da história da capoeira, catalogando registros e documentos e mapeando a linha do tempo. O resultado é um vídeo-documentário e uma revista, que surgem como as maiores fontes sobre a capoeira em Rondônia.

2021 - A CAPOEIRA NA CAPITAL DO ESTADO DE RONDÔNIA: DA QUANTIDADE DE GRUPOS À

PARTICIPAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA | Revista Brasileira de Ciência e Movimento (ucb.br)

2012, o IPHAN15, revelou que existiam mais de dez grupos de capoeira em Porto Velho naquele ano, cinco dos quais eram mais reconhecidos com relação a número de praticantes. Considerando que os dados da presente pesquisa foram obtidos entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019, o resultado encontrado revela que poucas mudanças no número de grupos ocorreram após 2012

Falcão2 , relata que “essa forma de organização das capoeiras nos moldes de grupos institucionalizados é recente”, iniciado nos anos 1970, e que o pertencimento a um grupo é algo importante para o reconhecimento social da capoeira.

Roraima Estásituadona RegiãoNorte dopaís, sendooestadomais setentrional (ao norte) da federação. Tem por limites a Venezuela, ao norte e noroeste; Guiana, ao leste; Pará, ao sudeste; e Amazonas, ao sul e oeste. Ocupa uma área aproximada de 224 300,506 km², sendo o décimo quarto maior estado brasileiro. Em Boa Vista, única capital brasileira totalmente no Hemisfério Norte, encontra-se a sede do governo estadual, atualmente presidido por Antonio Denarium. A história roraimense está fortemente ligada ao Rio Branco. Foi através deste rio que chegaram os primeiros colonizadores portugueses. O Vale do rio Branco sempre foi cobiçado por ingleses e neerlandeses, que adentraram no Brasil através do Planalto das Guianas em busca de indígenas para serem escravizados. Pelo território da Venezuela, os espanhóis também chegaram a invadir a parte norte do rio Branco e no rio Uraricoera. Os portugueses derrotaram e expulsaram todos os invasores eestabeleceram asoberania de Portugal sobrearegiãodeRoraimaedepartedoAmazonas. O estado é o menos populoso do país, com uma população de 652 713 habitantes, segundo estimativas de 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É, também, o que apresenta a menor densidade demográfica na federação, com 2,33 hab/km². Sua economia, baseada principalmente no setor terciário, registra uma alta taxa de crescimento, embora seu Produto interno bruto (PIB) seja o menor do país, com seus R$ 14,252 bilhões, representando 0,15% da economia brasileira. Situado numa região periférica da Amazônia Legal, no noroeste da Região Norte do Brasil, predomina em Roraima a floresta amazônica, havendo ainda uma enorme faixa de savana no centro-leste. Encravado no Planalto das Guianas, uma parte ao sul pertence à Planície Amazônica. Seu ponto culminante, o Monte Roraima, empresta-lhe o nome. Etimologicamente resultado de contração de roro (verde) e imã (serra ou monte), foi batizado por indígenas pemons da Venezuela.

2019 - CapoeiraRR_Mapeamento_dos_grupos.pdf (iphan.gov.br)

DÉCADA DE 1960 - A trajetória da capoeira no Estado de Roraima, a partir dos finais dos anos de 1960, se baseia nas narrativas e vivências dos capoeiristas desse período. Possivelmente nessa época houvessem ocorrido os primeiros movimentos de capoeira no Estado, quando um grupo de soldados da brigada de paraquedistas do exército brasileiro fizeram algumas rodas de capoeira pelas praças de Boa Vista. Uma dessas rodas aconteceu no bloco de carnaval “Bafo da Sucuriju” de 1969 na Praça Capitão Clovis, chamando a atenção do público e em especial ao roraimense Rodney Oliveira, conhecido na capoeira como “Negativa”. Após a passagem por Roraima dos capoeiristas que eram soldados paraquedistas, novos movimentos só voltariam a acontecer pelo ano de 1978, com a chegada de Carlos Bruno “Cambota”, oriundo de Manaus. Ainda no mesmo ano, Bruno organizou um grupo de alunos e começou a ensinar capoeira. Em 1979, o grupo ganhou um reforço, pois Rodney “Negativa”, que havia viajado para aprender capoeira em Feira de Santana, na Bahia, retornou a Boa Vista, e passou a integrar o grupo de Bruno “Cambota”. Desta turma, Rodney “Negativa” destaca nomes como Wilsão, Wilmar, Pelé, Igor, Celso e Kiko. No ano de 1982, chega a Boa Vista Sérgio “Caranguejo”, capoeirista e jogador de futebol. Sérgio veio para tentar a carreira de jogador de futebol, mas como também era capoeirista, foi convidado, juntamente com seu amigo Zé Roberto, a ministrar aulas na Escola São Vicente. Nesse momento, Silvestre Barros teve seu inicio na capoeira junto com Sérgio Caranguejo, conhecido como Mestre Ongira e coordenador do grupo Angola Guerreiros de Palmares.Noanode1987,vindodoPiauí,chegaaBoaVistaDagobertoLuísVenturaMota,conhecido como Mestre Caimbé e coordenador do Grupo Raízes Brasileira - Escola de Capoeira. Caimbé já tinha iniciado a prática no Piauí e ao chegar conheceu alguns capoeiristas após assistir a um evento de luta livre na Praça Capitão Clóvis. Logo em seguida, passou a treinar com o grupo que se reunia num pequeno espaço em uma vila no bairro São Francisco. Dessa época destacam-se ainda os nomes como: Nenê, Demir (Mestre Rubem), Luizinho, Iran e Beto. No ano de 1989, Renato Adolpho Lopes,

RORAIMA – 1969

conhecido como Mestre “Maluco”, chegou a Roraima, oriundo de Brasília. Maluco também já tinha contato com a capoeira em Brasília e participou pela primeira vez de uma roda de capoeira em Boa Vista no parque Anauá, no ano de 1990

DAGOBERTO

LUÍS VENTURA MOTA MESTRE

CAIMBÉ

COORDENADOR DO GRUPO RAÍZES BRASILEIRA – ESCOLA DE CAPOEIRA Dagoberto Luís Ventura Mota, Mestre Caimbé, nasceu em 24 de novembro de 1966, em Teresina, Piauí. Filho de Maria Mercedes Ventura Mota e Benedito Pereira da Mota, começou a praticar capoeira em novembro de 1982 na Unidade Escolar Paulo Ferraz, Teresina - PI, com os professores Piva e Geraldo Magela. No ano seguinte as aulas passaram para a escola João Soares e, em 1984, Robson Carlos da Silva, Mestre Bobby, que é seu Mestre até os dias de hoje, assumiu o comando das aulas.

Em primeiro de maio de 1987, Mestre Caimbé se muda para Roraima e começa a desenvolver um trabalho com capoeira na capital, Boa Vista, criando o grupo “Raízes Brasileira”. Durante o período de1987 à 1990,Caimbé passou por diversos locais ministrandoaulas de capoeirana cidade, tais como: Centro do Campus Avançado, Escola Costa e Silva, PERCUSSORES DA CAPOEIRA EM RORAIMA Sede do Rio Negro, bairros Aparecida e Mecejana. Em 20 de novembro de 1990, inaugurou seu próprio espaço no quintal da sua casa, sendo o primeiro grupo com espaço próprio no Estado de Roraima. Atualmente, nesse espaço funciona a sede do Grupo Raízes Brasileira – Escola de Capoeira. Após o primeiro batizado de Roraima, em 1993, por influência do seu Mestre Bobby, Caimbé passou a representar o grupo “Abadá-Capoeira” até o ano 1998. A partir desse ano, mestre Bobby desligou-se do Abadá e Caimbé ingressou no “Raízes do Brasil”, permanecendo no mesmo até o ano de 2010. Em 2010, Mestre Bobby cria a Escola de Capoeira Mestre Bobby. Neste momento, Caimbé retoma a identidade com o nome do primeiro grupo que fundou no estado, Raízes BrasileiraEscola de Capoeira, mantendo o vínculo com a escola de Mestre Bobby. Durante sua jornada com a capoeira, Caimbé realizou e participou de diversos eventos sempre com o propósito de difundir a arte e cultura brasileira e destacar o nome do Estado de Roraima para o mundo. Nestes anos, foi homenageado com alguns títulos em reconhecimento ao seu trabalho, dos quais pode-se destacar: Comenda Orgulho de Roraima, Personalidades que lutam pela Igualdade Racial – Assembleia Legislativa de Roraima (22/08/2017); Título de Cidadão Boavistense, pela excelência do desenvolvimento da capoeira em Boa Vista – Câmara Municipal (21/06/2016); Certificado de Honra ao Mérito – Pelo trabalho com a Capoeira - Governo do Estado de Roraima (13/03/2009); Prêmio de Notoriedade Cultural 2000, ao Grupo de Capoeira Raízes do Brasil - Conselho Estadual de Cultura / Séc. de Educação, Cultura e Desporto de Roraima (20/12/2000); Moção de Aplauso do Conselho Estadual de Cultura do Estado de Roraima (26/9/2018) Por toda sua história de dedicação, prática e trabalho dentro da capoeira, Caimbé teve a honra de se formar Mestre, recebendo a corda vermelha das mãos de seu Mestre, em 12 de dezembro de 2009, em Teresina – PI, no evento “Mestre Bobby 30 anos, luta, sabedoria e honra”.

RENATO ADOLPHO LOPES MESTRE MALUCO COORDENADOR DO GRUPO SENZALA EM RORAIMA Renato Adolpho Lopes, conhecido na capoeira como Mestre Maluco, iniciou na capoeira em meados de 1983, com 13 anos de idade, no Distrito Federal, Brasília. Seu primeiro contato 13 com acapoeira foicom MestrePaulãoem um projeto social noestádio ManéGarrincha, regiãodo Cruzeiro. Em 1984, viajou pela primeira vez para a cidade de Boa Vista, Roraima, por um período curto de oito meses, retornando à Brasília no início de 1986. Nesse mesmo ano, Renato começa a treinar no Grupo Senzala com Jorge Augusto F. da Silva, Mestre Amendoim, recém chegado do Rio de Janeiro. Em 1989, se muda para Boa Vista e no ano seguinte inicia a fazer parte da capoeira do Estado, fundando a filial do grupo Senzala em Roraima. Em 1994, começou a ministrar aulas no Parque Anauá, onde tinha cerca de 200 a 250 alunos. Em 1997, muda o local de treinos, passando para uma academia próxima a Motoraima. No ano de 2000, o grupo de Renato começa a desenvolver um trabalho em Caracas, Venezuela. O trabalho era coordenado por ele e pelo professor Emerson “Rasta”. Rasta fazia parte do grupo Senzala em Brasília e tinha chegado em Boa Vista no ano anterior para um evento e desde então passou a morar na cidade e ajudar Renato. Já no ano de 2001, os dois organizaram o primeiro batizado de capoeira do Grupo Senzala na Venezuela, sendo realizado na Universidade Metropolitana de Caracas. O trabalho foi sendo reconhecido dentro e fora do país e, em 2008, Renato começa a participar de eventos na Europa passando uma temporada de dois meses por países como Finlândia, Estônia e Suécia. Logo após, em 2010, Renato passa a ter uma logomarca exclusiva para

identificar o Grupo Senzala em Roraima. No dia 20 de novembro de 2014, com o apoio do Governo do Estado de Roraima, passa a ter um espaço definitivo e inaugura o projeto da Casa da Capoeira, localizado dentro Parque Anauá. Em 22de agosto de 2017, MestreMaluco é agraciadocom a comenda orgulho de Roraima pela Assembleia legislativa do Estado, pela sua história na luta por igualdade racial. Em 26 de setembro 2018, recebeu a Moção de Aplauso do Conselho Estadual de Cultura do Estado de Roraima. Atualmente, Renato desenvolve e coordena trabalhos em Roraima, Acre e na Venezuela

Ano 1983\Edição 00004 (1) Folha de Boa Vista (RR) - 1983 a 1998

Ano 1984\Edição 00024 (1)

Ano 1986\Edição 00191 (1)
1991\Edição 00761 (1)
Ano

Ano 1992\Edição 00941 (1)

Ano 1993\Edição 01043 (1)

01351
Ano 1994\Edição
(1) Ano 1994\Edição 01353 (1)

Ano 1994\Edição 01393 (2)

Ano 1995\Edição 01515 (1)

Ano 1995\Edição 01517 (1)

Ano 1995\Edição 01531 (1)
Ano 1995\Edição 01540 (1)

Ano 1995\Edição 01576 (1)

Ano 1995\Edição 01580 (1)

1995\Edição
1995\Edição
Ano
01587 (1) Ano
01693 (1)
Ano 1995\Edição 01725 (1)

Ano 1996\Edição 01757 (1)

Ano 1996\Edição 01780B (1)

Ano 1996\Edição 01846 (1)

Ano 1996\Edição 01857 (1)

Ano 1997\Edição 02040 (1)

MAIS SOBRE A CAPOEIRAGEM EM MINAS GERAIS

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS

ACADEMIA POÉTICA BRASILEIRA

CENTRO ESPORTIVO VIRTUAL

PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA; MESTRE EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

Mal publiquei “Cada quá no seu cada quá: quando a Capoeiragem começou...” e já tenho que fazer algumas modificações. Na leitura dos meus próprios artigos sobre o início da Capoeiragem nos diversos estados, ‘perdi’ nos mais de 420 artigos registrados, “’Capoeiras’ nas Gerais”... E lá vamos nós, fazer um cotejo entre os dois artigos, para uma melhor identificação de quando a Capoeiragem iniciou naquele Estado brasileiro:

“CAPOEIRAS” NAS GERAIS foi especialmente preparado para o I CONGRESSO MINEIRO DE CAPOEIRA ONLINE

A história da capoeira de Minas Gerais é, muitas vezes, retratada de forma indireta. Vários estudos contemplam os capoeiras mineiros que atuaram em outros estados brasileiros, auxiliando as reflexões sobre a capoeira em Minas Gerais no final do século XIX e início do XX, e também sobre sua trajetória na contemporaneidade. Temos, por exemplo, as histórias e vivências do célebre capoeira mineiro Pedro José Vieira, cujo apelido era Pedro Mineiro, que viveu em Salvador, na Bahia, no início do século XX. Existe também a identificação de capoeiras mineiros na Casa de Detenção do Rio de Janeiro, na década de 1880, e nos Livros de Registros de Presos da Casa de Detenção da Corte e do Distrito Federal, no período de 15 de novembro de 1889 a 13 de maio de 1899. http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Mapeamento_da_capoeira_de_minas_g erais.pdf

De acordo com a historiadora Ilka Boaventura Leite, motivos econômicos fizeram com que muitos viajantes europeus estivessem em terras mineiras para registrar sua visão sobre aquele “novo mundo‟. E o que mais chama atenção nos diferentes relatos dos mais diversos viajantes foi que “todos os viajantes que passaram por Minas Gerais, no século XIX, foram unânimes em destacar a dança e a música como traços característicos e marcantes da cultura dos negros africanos e seus descendentes” (LEITE, 1996, p. 149)1 .

O naturalista alemão George Wilhelm Freyreiss[1] em viagem a Minas Gerais em 1814 -1815, em companhia do barão de Eschwege [2], assistiu e registrou um batuque, e ao descrever a dança, fala da umbigada [punga]:

“Os dançadores formam roda e ao compasso de uma guitarra (viola), move-se o dançador no centro, avança, e bate com a barriga na barriga de outro da roda (do outro sexo). No começo o compasso é lento, depois pouco a pouco aumenta e o dançador do centro é substituído cada vez que dá uma umbigada. Assim passam a noite inteira. Não se pode imaginar uma dança mais lasciva do que esta. Razão pela qual tinha muitos inimigos, principalmente os padres.” [3] (Grifos nossos)

1 LEITE, I. B. Antropologia da Viagem: escravos e libertos em Minas Gerais no século XIX. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1996. Citada por Palhares, Leandro Ribeiro Capoeira mineira brasileira: uma introdução aos fundamentos históricos da capoeira, disponível em http://acervo.ufvjm.edu.br/jspui/bitstream/1/1058/4/capoeira_mineira_brasileira.pdf

1810-RIO - danzas de africanos españoles y portugueses, capangas Disponível em http://www.cchla.ufpb.br/pergaminho/1907_capitulos_-_capistrano.pdf

Mestre André Lacé 2, a esse respeito, lembra que a capoeira tradicional, na Bahia e pelo Brasil afora, tinham a mesma convivência com o batuque. Além do mais há registros autorizados jurando que a Regional nasceu da fusão da Angola com os melhores golpes das lutas europeias e asiáticas3

Quero tratar aqui das “CAPOEIRA(S) PRIMITIVA(S)”4 ou, formas primitivas de/da capoeira – outras capoeiras. O fenômeno das academias baianas trará uma nova conformação à própria história da capoeira, uniformizando (no que tange às tradições, hábitos, costumes, rituais, instrumentação, cantigas etc.) sua prática, especialmente após a migração de mestres para o sudeste brasileiro. Isso foi um dos motivos pelos quais a capoeira conhecida e praticada hoje é a baiana. Infelizmente, por outro lado, foram-se apagando pouco a pouco as práticas regionais anteriores como a pernada, a tiririca, o cangapé, a punga, o bate-coxa... Que não puderam oferecer resistência e nem conseguiram criar condições para competir com a capoeira baiana. (Carlos Carvalho Carvalhedo, in Jornal do Capoeira).

2

LOPES, André Luiz Lacé , in CAPOEIRAGEM NO RIO DE JANEIRO, NO BRASIL E NO MUNDO; literatura de cordel, Rio de Janeiro, 2005 (trecho tirado da edição em francês, 2006).

LOPES, André Luiz Lacé. Capoeiragem. In DACOSTA, LAMARTINE (ORG.). ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio de Janeiro: CONFEF, 2006. Disponível em http://cev.org.br/biblioteca/capoeiragem/

LACÉ LOPES, André Luiz. CAPOEIRAGEM. Palestras e entrevistas de André Lacé Lopes, edição eletrônica em CD-R. Rio de Janeiro, 2006.

LOPES, André Luiz Lacé. A VOLTA AO MUNDO DA ARTE AFRO-BRASILEIRA DA CAPOEIRAGEM - Ação Conjunta com o Governo Federal - Estratégia 2005Contribuição do Rio de Janeiro - Minuta de André Luiz Lace Lopes, com sugestão de Mestre Arerê (ainda sem revisão).

3 LACÉ LOPES, André. Correspondência eletrônica enviada em 20 de agosto de 2009 a Leopoldo Gil Dulcio Vaz.

4 Pernada de Sorocaba - ver crônica do folclorista Carlos Cavalheiro, em que faz uma análise da relação entre danças-luta (pernada, tiririca etc.) com a Capoeira no interior Paulista. In http://www.capoeira.jex.com.br/

O ensino da capoeiragem no início do século XX, ver crônica do folclorista Carlos Cavalheiro onde comenta a repercussão em jornal de Sorocaba, São Paulo, sobre a abertura de Academia de Capoeira no Rio de Janeiro, em 1920. A matéria trouxe a chamada "Um Desporto Nacional", disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/

Capoeira, Pernada e Tiririca in Crônica sobre Capoeira, com algumas informações sobre a Pernada de Sorocaba e a Tiririca da capital paulista, ambas uma espécie de "capoeira primitiva" do Estado de São Paul, por Miltinho Astronauta, in Jornal do Capoeira Edição AUGUSTO MÁRIO FERREIRA - Mestre GUGA (n.49) de 13 a 19 de Novembro de 200, disponível em www.capoeira.jex.com.br

Tiririca, Capoeira & Barra funda, por Elaine Muniz Pires, sobre a história dos bairros paulistanos, em especial a Barra Funda, onde acontecia a Tiririca, uma espécie de Capoeira Primitiva, disponível em www.capoeira.jex.com.br

Notas sobre a Punga dos Homens - Capoeiragem no Maranhão: crônica por Leopoldo Gil Dulcio Vaz, in Jornal do Capoeira - Edição 43: 15 a 21 de Agosto de 2005, EDIÇÃO ESPECIAL- CAPOEIRA & NEGRITUDE, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/

Ainda sobre a Punga dos Homens – Maranhão - Visita à Câmara Cascudo: crônica por Leopoldo Gil Dulcio Vaz, in Jornal do Capoeira - Edição 44: 22 a 28 de Agosto de 2005 EDIÇÃO ESPECIAL estendida - CAPOEIRA & NEGRITUDE, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/

O batuque, também chamado de pernada, é mesmo, essencialmente, uma divisão dos antigos africanos, com especialidade dos procedentes de Angola. Onde há capoeira, brinquedo e luta de Angola, há batuque, que parece uma forma subsidiária da capoeira5 .

Por "Punga” 6, registra: jogo ginástico, brincadeira de agilidade, entre valentões, malandros e capadócios. É uma simplificação da capoeira... Sua descrição, assemelha-se à da "punga dos homens", do Tambor-deCrioulo(a) (p. 709). Já "bambelô" é descrito como samba, côco de roda, danças em círculo, cantada e acompanhada a instrumentos de percussão (batuque), fazendo figuras no centro da roda um ou dois dançarinos, no máximo. O ético é o vocábulo quimbundo “mbamba”, jogo, divertimento em círculo (CÃMARA CASCUSO, 1972, p. 113).

Por “Pernada”, registra: jogo ginástico, brincadeira de agilidade, entre valentões, malandros e capadócios. É uma simplificação da capoeira (p. 709)7 .

Crê Câmara Cascudo8 que punga é um termo em uso apenas no Maranhão e significa, na dança em questão, a umbigada, a punga. A punga seria uma dança cantada, mas sem versos próprios, típicos. Geralmente são improvisados na hora, quando as libações esquentam a cabeça e despertam a “memória” do “tiradô” de versos. Após descrever o que seria a dança do tambor-de-crioula, informa que pong provirá do tupi – soar, bater, ou antes soar por percussão. “O que fervia era o lundum, e estalavam as umbigadas com o nome de ‘pungas’” (p. 742-743). No verbete “punga”, consta: dança popular no Maranhão, capital e interior que é a mesma “dança do tambor”. Há também referência a grafia “ponga”, que como se sabe é um jogo. Punga é também espécie de pernada do Maranhão: batida de perna contra perna para fazer o parceiro cair. Às vezes o Tambor-de-Crioula termina com a punga dos homens.”. (p. 851).

É descrita por Edson Carneiro (Negros Bantos) 9 - a luta mobilizava um par de jogadores, de cada vez; dado o sinal, uniam as pernas firmemente, tendo o cuidado de resguardar o membro viril e os testículos. Dos golpes, cita o encruzilhada, em que o lutador golpeava coxa contra coxa, seguindo o golpe com uma raspa, e ainda o baú, quando as duas coxas do atacante devam um forte solavanco nas do adversário, bem de frente. Todo o esforço dos lutadores era concentrado em ficar de pé, sem cair. Se, perdendo o equilíbrio, o lutador tombasse, teria perdido a luta. Por isso mesmo, era comum ficarem os batuqueiros em banda solta, equilibrando-se em uma única perna, e outra no ar, tentando voltar a posição primitiva.

Encontramos em Angola um estilo musical popular - O Semba10, que significa ‘umbigada’ em quimbundolíngua de Angola. Foi também chamado ‘batuque’, ‘dança de roda’, ‘lundu’, ‘chula’, ‘maxixe’, ‘batucada’ e ‘partido alto’, entre outros, muitos deles convivendo simultaneamente! O cantor Carlos Burity defende que a estrutura mais antiga do semba situa-se na ‘massemba’ (umbigada), uma dança angolana do interior caracterizada por movimentos que implicam o encontro do corpo do homem com o da mulher: o cavalheiro segura a senhora pela cintura e puxa-a para si provocando um choque entre os dois (semba). Jomo explica que o semba (gênero musical), atual é resultado de um processo complexo de fusão e transposição, sobretudo da guitarra, de segmentos rítmicos diversos, assente fundamentalmente na percussão, o elemento base das culturas africanas.

Mas vamos prosseguir com Mestre Cavalheiro, em correspondência pessoal (04/02/2006) quando me pergunta se ainda estou interessado na Punga; informa, então:

5 CARNEIRO, Edison. FOLGUEDOS TRADICIONAIS. 2 ed. Rio de Janeiro: FUNARTE; 1982., 1982 (p. 109), nota enviada por Javier Rubiera para Sala de PesquisaInternacional FICA el 8/18/2009

6 CÂMARA CASCUDO, Luís da. Dicionário do Folclore Brasileiro. 3 ed. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1972; VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Pungada dos Homens & A Capoeiragem no Maranhão: MESTRE BAMBA, do Maranhão. In JORNAL DO CAPOEIRA, 30 de julho de 2005, disponível em http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/pungada+dos+homens+a+capoeiragem+no+maranhao

VAZ, Leopoldo Gil Dulcio. Punga dos Homens e Capoeira no Maranhão. In DaCOSTA, Lamartine PEREIRA. ATLAS DO ESPORTE NO BRASIL. Rio de Janeiro: CONFEF, 2006 disponível em WWW.atlasdoesportebrasil.org.br

7 CÂMARCASCUDO, Luís da. Dicionário do Folclore Brasileiro. 3 ed. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1972;

8 CÂMARA CASCUDO, Luís da. Dicionário do Folclore Brasileiro. 3 ed. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1972;

9 Citado por Câmara Cascudo, 1972

10 http://forum.angolaxyami.com/musica-de-angola-e-do-mundo/71-historia-do-semba.html. disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Semba

Encontrei outra referência: "A punga entre homens não tem características de convite à dança como entre as mulheres. É uma espécie de briga que se assemelha, ligeiramente, à capoeira, onde o objetivo de cada um é derrubar o companheiro. Isto faz lembrar a hipótese de que o Tambor de Crioula inicialmente era um exercício de luta como a Capoeira. É aplicada no joelho ou dada em forma de rasteira nos pés. [...]". Há um pouco mais de informações, mas isto é o essencial. A referência? FERRETTI, Sérgio et al. TAMBOR DE CRIOULA, Cadernos de Folclore n. 31. RJ: Funarte/MEC, 1981, pp. 08 - 11.

Em estudo de 2016, Palhares11 afirma que a capoeira mineira tem início em 1907, quando surge em Vila Rica (atual cidade de Ouro Preto) o capoeira, valentão e desordeiro Pedro Mineiro:

PEDRO MINEIRO 12

Pedro Mineiro nasceu Pedro José Vieira em 1887 na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais. Ele era “... um homem negro, de olhos pequenos, lábios grossos e nariz largo. Seu cabelo era crespo e tinha sobrancelhas largas, usava um bigode ralo e costeleta, sinal típico da capoeiragem. Tinha o corpo coberto por cicatrizes de [...] faca, navalha e canivete [...]” 13. Na sua infância foi alfabetizado, pois é do conhecimento geral que ele sabia ler e escrever, mas apesar de não haver nenhuma comprovação documental, com apenas vinte anos de idade aproximadamente já era conhecido por suas desordens e arruaças pelos becos e vielas de Ouro Preto. E por conta de seu modo de vida, Pedro Mineiro foi perseguido e teve de fugir da cidade, indo se estabelecer na capital baiana. Foi em Salvador que ele foi apelidado de „mineiro‟, surgindo então o seu „nome de guerra‟ – que entrou para a história da capoeiragem. Pedro Mineiro foi um dos capoeiras de maior fama e dos mais temidos nos primeiros anos da primeira década do século XX. Contraditoriamente, ele tinha residência fixa e trabalhava nas mais diversas ocupações, desde carregador e marítimo e também como policial e capanga 14. Ele sempre estava envolvido em brigas e badernas nos bares e ruas próximos ao Cais do Porto da Bahia – região onde a maioria dos valentões da época frequentava. Desse modo, em locais onde se reuniam valentões e desordeiros, mulheres e bebidas e com a presença de marinheiros e da polícia, era de se esperar que o desfecho corriqueiro fossem atos de vandalismo e violência, que muitas vezes acabavam em mortes. De todos os seus feitos, fatos cercados por tumultos e confusões, o principal deles ganhou muita repercussão, inclusive pela imprensa da época. No dia 26 de dezembro de 1914 “... um conflito a bala explodiu entre capoeiras e um grupo de marinheiros do torpedeiro Piauhy...”

15 e dois marinheiros foram mortos. Os três capoeiristas envolvidos tentaram fugir, mas acabaram presos e levados para a Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia. Foi aberto um inquérito para investigar o caso e dois dias depois – 28 de dezembro de 1914 – Pedro Mineiro estava prestando depoimento e quando perguntado de sua profissão ele respondeu que era um „secreta da polícia‟. Um dos marinheiros envolvidos no episódio e que estava presente se sentiu ofendido com a resposta e atirou três vezes contra o capoeira valentão. Pedro Mineiro ainda foi levado com vida ao Hospital Santa Izabel, mas dias depois não resistiu aos ferimentos. Ele morreu com 27 anos de idade e seu corpo foi enterrado no Cemitério da Quinta dos Lázaros. A partir de então seus feitos ganharam fama e ele se tornou um mito entre os valentões e capoeiras. Anos após sua morte surgiu a expressão „fulano está com o espírito de Pedro Mineiro‟ se referindo a alguém que se encontra fora de si, em um estado de valentia

11 Palhares, Leandro Ribeiro Capoeira mineira brasileira: uma introdução aos fundamentos históricos da capoeira, disponível em http://acervo.ufvjm.edu.br/jspui/bitstream/1/1058/4/capoeira_mineira_brasileira.pdf

12 ABIB, P. R. J. Mestres e capoeiras famosos da Bahia. Salvador: EDUFBA, 2009.

13 DIAS, A. A. Os “fiéis” da navalha: Pedro Mineiro, capoeiras, marinheiros e policiais em Salvador na República Velha. Revista Afro-Ásia, Salvador, n.32, p.271-303, 2005

14 ABIB, P. R. J. Mestres e capoeiras famosos da Bahia. Salvador: EDUFBA, 2009.

15 DIAS, A. A. Os “fiéis” da navalha: Pedro Mineiro, capoeiras, marinheiros e policiais em Salvador na República Velha. Revista Afro-Ásia, Salvador, n.32, p.271-303, 2005

Depois dessa data nos remete até os anos 1960, quando em 1969 chega o Mestre Toninho Cavalieri em Belo Horizonte – momento considerado o marco inicial da capoeiragem na capital mineira:

MESTRE TONINHO CAVALIERII 16 .

Antônio Maria Cavalieri, o Mestre Toninho Cavalieri, nasceu na cidade de Juiz de Fora/MG, no dia 03 de março de 1938. De família pobre que viveu em um momento conturbado, Segunda Guerra Mundial e crise econômica no Brasil, sua infância foi marcada pela rua: as brincadeiras e confusões. Soma-se a isto a proximidade da oficina onde seu pai trabalhava com a „zona boêmia‟ (o baixo meretrício, a delegacia e os bares). Por volta de 1948-1950, quando ele tinha seus 1012 anos de idade, indo para a aula de judô, três garotos o provocaram e como ele mesmo disse “eu gostava de uma briga, não procurava não, mas gostava...”, enfrentou os meninos; só que seu professor de judô, Fábio Maia, assistiu aquela cena e disse que iria ensinar-lhe a capoeira, já que também tinha conhecimento da modalidade. Após algum tempo de aprendizagem seu professor lhe disse que iria levá-lo para passar um final de semana no Rio de Janeiro para conhecer o Mestre Arthur Emídio, “... mas quando eu cheguei lá... treinei um bocadinho com o Arthur Emídio, mas não era o meu prato, eu gostava era da Capoeira da rua mesmo”. Então encontra com um amigo seu, o Paulo Lopes, que o leva para ver os malandros jogarem na praia, daí “... eles começaram a me ensinar e eu fui aprendendo, na beira da praia”. E estas idas ao Rio de Janeiro começaram a ficar frequentes e constantes. Este trecho e os demais aqui apresentados são de uma entrevista concedida pelo Mestre Toninho Cavalieri, extraída de Palhares (2016) 17. Por volta de 1969, logo após ter se casado, foi transferido para Belo Horizonte: “chegando aqui eu vi que não tinha capoeira aqui. [...] Não tinha, pelo menos ninguém sabia disso”. Já instalado na capital, estava ganhando pouco e, para tentar melhorar o orçamento, resolveu ir à Associação Cristã de Moços (ACM) oferecer seus serviços como professor de capoeira. A pessoa com quem Cavalieri conversou lhe disse que colocaria um aviso no antigo jornal Diário da Tarde anunciando aulas de capoeira na ACM. Logo pela manhã, uma pessoa já estava na porta de sua casa para saber mais informações a respeito da capoeira: era o Luís Mário Ladeira, que mais tarde se tornaria o Mestre Jacaré – da velha guarda da capoeiragem mineira. Logo em seguida veio o Luís Alberto, o Paulo Batista, o Mestre Paulão (fundador do Grupo Ginga) e tantos outros: “... chegaram uns vinte lá em casa e montamos o primeiro grupo” [...] Nós começamos a treinar, o grupo foi aumentando, aumentando e ficou bem grande, uns 50 alunos mais ou menos”. Neste período, o grupo ia se divertir jogando capoeira na Praça da Liberdade. E, da mesma forma como acontece hoje, as pessoas que por ali circulavam paravam para assistir: “... começou a aparecer feira, barraquinha daqui barraquinha dali e eles punham dinheiro lá no chão para a gente catar com a boca, dentro do chapéu, dentro do berimbau...”. Assim, de forma espontânea, surgiu um dos principais pontos turísticos de Belo Horizonte até os dias de hoje: a feira hippie (atual Feira de Artesanato da Avenida Afonso Pena). À medida que começaram a ter condições (técnicas, musicais, de jogo), cada um procurou caminhar „com as próprias pernas‟, ou seja, começam a ensinar próximos de suas residências, para suas comunidades. Tem-se aí o surgimento de vários agrupamentos e a consequente expansão da capoeira na capital mineira.

1968 Antônio Maria Cavalieri, o mestre Toninho Cavalieri, foi o primeiro a ministrar aulas de capoeira na cidade de Belo Horizonte, na Associação Cristã de Moços (ACM) (LOPES, 2010).

Depois disso:

1970: Nos primeiros anos da década de 1970 ocorreu o encontro entre os Mestres Toninho Cavalieri e Dunga, na cidade de São João Del-Rey, fato que trouxe Mestre Dunga em definitivo para Belo Horizonte:

MESTRE DUNGA18

16 FONTE: http://www.ilefoundation.org/Masters.html.

17 PALHARES, L. R. O discurso da presença da capoeira em Belo Horizonte nas décadas de 1970 e 1980: produção e produto de sentidos, significados e identidades. Revista Brasileira de Estudos do Lazer, Belo Horizonte, v.3, n.1, no prelo, 2016

18 FONTE: http://senzalagmdunga.blogspot.com.br/p/o-gr.html.

O Grão Mestre Dunga (Amadeu Martins), considerado por todos no meio capoeirístico como a „lenda viva‟ da capoeira mineira, nasceu em Feira de Santana, na Bahia, em 1951. Filho de pai maquinista de trem a vapor e mãe dona de casa, ele começou a treinar capoeira com oito anos de idade na cidade de Salvador. Ainda jovem, no ano de 1965, mudou-se para o interior de Minas Gerais, cidade de São João Del-Rei, para trabalhar em uma fazenda. Um ano depois ele ingressou no Exército na cidade de Juiz de Fora. Alguns anos se passaram e, por intermédio do Mestre Boca, conheceu o Mestre Toninho Cavalieri que tempos depois lhe conseguiu uma casa para morar em Belo Horizonte, para onde se mudou em definitivo. Desde sua chegada a Belo Horizonte viveu em rodas de capoeira jogadas em fundo de quintal e em praças públicas. Nas décadas de 1960 e 1970, não havia academias para a prática da capoeira, motivo pelo qual a capoeira passou a ser chamada de batuque de fundo de quintal. Isso porque os jogos de capoeira aconteciam nos terreiros dos barracos, nos „quilombos‟ – como ele mesmo denomina as favelas da capital mineira. Durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985), a capoeira de rua sofreu repressão e perseguição, considerada atividade subversiva pelo governo militar. A polícia tratava de dispersar os „montinhos‟ – aglomerados de pessoas que se reuniam pelas ruas de Belo Horizonte. “Foram dez anos de perseguições à capoeira de rua. A Rural era o carro do exército que rondava a Praça da Liberdade, a Praça Sete, a Praça da Rodoviária e o Parque Municipal e acabava com qualquer montinho”12 . Na década de 1970, duas situações bastante contraditórias e inusitadas aconteceram com Mestre Dunga. Quando foi morar em Belo Horizonte ele ainda era soldado do exército e, às escondidas, alimentava os universitários presos durante as manifestações estudantis contra a ditadura militar. Em outra oportunidade, após ter saído do exército e já conhecido na capoeiragem de rua, ele foi preso pela polícia porque tocava berimbau e atabaque na Praça Sete: “me levaram para a Polícia Federal, mas esqueceram o berimbau e o atabaque nas minhas mãos. Eu falei para os presos: vamos gingar todo mundo na cadeia e comecei a tocar. Depois fiquei 15 dias na solitária”. O Mestre ensinou capoeira para malandros e conheceu a vida noturna da capital mineira, “da época da Boemia, do bairro Bonfim e da região da Lagoinha”. Ele relata também o convívio com alguns dos personagens reais citados no romance Hilda Furacão, de 12 Este trecho e os demais aqui apresentados são de uma entrevista concedida pelo Grão Mestre Dunga 19. Roberto Drummond, como a prostituta Maria Tomba Homem e o travesti Cintura Fina, um alfaiate que usava terno e sapato branco e praticava a vadiagem – capoeira típica das ruas, dos malandros e valentões: “a capoeira de vadiagem era um jogo cheio de ginga e malandragem, mas também tinha toda uma vestimenta própria”. Ao longo de três décadas (1970 a 1990) ele foi uma liderança na criação, conservação e perpetuação das mais tradicionais rodas de rua da capital mineira: Praça Sete, Praça da Rodoviária, Praça da Estação, Praça da Liberdade e Parque Municipal. Seu trabalho com a capoeira tem como „marca registrada‟ a inclusão de meninos de rua e de favelas no universo da cultura popular formando novos agentes culturais. Atualmente, o Grão Mestre Dunga conduz treinamentos e rodas em sua academia, a Associação Cordão de Ouro - A Senzala Eu Bahia. Também é possível compartilhar seus conhecimentos, sua ritualística marcante e sua energia sem igual na tradicional roda de capoeira da Praça Sete, nas tardes de domingo em Belo Horizonte.

Mestre Dunga diz que, em Minas Gerais, nas décadas de 1960 e 1970, não havia academias para a prática da capoeira, motivo pelo qual a capoeira passou a ser chamada de batuque de fundo de quintal. Isso porque os jogos de capoeira aconteciam nos terreiros dos barracos, nos „quilombos‟ – como ele mesmo denomina as favelas da capital mineira.

Vinícius Thiago de Melo (2013)20 refere-se ao Mestre Tigre, Jailton Mendes, nascido em 14 de junho de 1956, iniciou na capoeira por volta de 1970, quando tinha 14 anos de idade e morava no bairro Santa Inês,

19 SÁ, G. Entrevista concedida pelo Mestre Dunga à Georgiana de Sá, em 04 de fevereiro de 2008. Disponível em http://www.overmundo.com.br/overblog/desafios-de-umcapoeirista.

20 MELO, Vinícius Thiago de. HISTÓRIA DA CAPOEIRA DE RUA DE BELO HORIZONTE (1970-1990): MANIFESTAÇÃO CULTURAL, LAZER E POLÍTICA NA SOCIEDADE MODERNA. Belo Horizonte Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG 2013

em Belo Horizonte. Natural da cidade de Feira de Santana, na Bahia, revelou que foi criado na capital mineira pelas tias, pois sua mãe faleceu quando ainda era muito novo.

1972 - a união entre os mestres Dunga, Boca, Negão e Farofa, por volta de 1972, fez surgir uma roda de rua paralela à roda realizada pelo grupo do mestre Paulão na Praça da Liberdade.

Aí o Farofa chegou com o Negão, o Márcio Alexandre, e aí o Dunga lá no bairro falou: “oh, nós estamos querendo montar uma roda na rua lá no Parque Municipal porque tá faltando capoeira”. Porque na época capoeira era muito escassa, tinha pouco capoeirista, os capoeirista que tinha era mais da classe média, média burguesa. Aí o Farofa falou que vocês tem um grupinho aí. Falei que nós temos. Aí começamos a fazer a roda lá no Parque Municipal, uma roda paralela a da Praça da Liberdade21 .

A partir dessa fusão, além da roda da Praça da Liberdade, começam a ser realizadas outras rodas de capoeira em outros pontos da cidade como o Parque Municipal, a Praça Sete, Praça da Rodoviária, Praça da Estação, entre outras22

Palhares regista que em 1983 ocorreu o primeiro evento de capoeira em Belo Horizonte com um formato já utilizado em outros locais no país: cerimonial, convidados, entrega de graduações, batizado. Até então nenhum capoeirista realizava este tipo de evento na capital mineira. Depois dessa data, só em 1987 é realizada a 1ª Jornada Cultural de Capoeira, na cidade de Ouro Preto com a presença de capoeiristas de todo o Brasil, em especial a velha guarda da capoeiragem baiana.

O I Encontro Mineiro de Capoeira é realizado em 1988, na cidade de Belo Horizonte, reunindo grandes nomes da 80 capoeira baiana e carioca, além de promover um forte intercâmbio.

E em 1990 há a criação do jornal impresso Rabo de Arraia, veículo de divulgação exclusiva da capoeira mineira.

1991: Criação da Federação Mineira de Capoeira, órgão de representatividade e organização da capoeira. Sua criação contribuiu para a criação da Confederação Brasileira de Capoeira.

1995: Realização do I Encontro Internacional de Capoeira, evento que reuniu capoeiristas renomados do Brasil e de diversas partes do mundo e contou com grande audiência e repercussão, inclusive na grade mídia. Foi o primeiro evento de grande porte e internacional realizado na capital mineira.

2005: Criação de um novo órgão de representatividade e organização da capoeira: a Federação de Capoeira do Estado de Minas Gerais, a FECAP-MG.

Palhares, em seu estudo, traz a biografia de MESTRE MÃO BRANCA

William Douglas Guimarães, mais conhecido como Mestre Mão Branca, nasceu no dia 14 de abril de 1960. Filho de Maria Luiza Magalhães e Jones Adativo Guimarães teve seu primeiro contato com a capoeira aos 10 anos de idade na cidade do Rio de Janeiro, em uma roda na Central do Brasil, quando morava em uma favela denominada morro da Providência. Porém, foi em Belo Horizonte, sua cidade natal, já com 15 anos de idade onde deu inicio aos seus treinamentos com o Mestre Jacaré (Luiz Mario Ladeira). Treinou aproximadamente dois anos e em seguida mudouse novamente para o Rio de Janeiro, onde deu continuidade aos treinamentos com um grupo de capoeiristas que treinavam na quadra da escola de samba Porto da Pedra, com o Mestre Elinho Águia Negra. Um dia o Mestre Elinho Águia Negra levou seus alunos para visitarem a Associação de Capoeira Negrinhos de Sinhá (ACNS). Foi então que Mestre Mão Branca conheceu aquele que escolheria para ser seu Mestre nos caminhos da capoeiragem: José Carlos Vicente, o Mestre

21 MELO, Vinícius Thiago de. HISTÓRIA DA CAPOEIRA DE RUA DE BELO HORIZONTE (1970-1990): MANIFESTAÇÃO

CULTURAL, LAZER E POLÍTICA NA SOCIEDADE MODERNA. Belo Horizonte Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG 2013

22 MELO, Vinícius Thiago de. HISTÓRIA DA CAPOEIRA DE RUA DE BELO HORIZONTE (1970-1990): MANIFESTAÇÃO

CULTURAL, LAZER E POLÍTICA NA SOCIEDADE MODERNA. Belo Horizonte Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG 2013

Gigante (nascido em 1950 e falecido em 1989). Mestre Mão Branca se encantou com o estilo de capoeira e o modo como o Mestre Gigante conduzia seu trabalho com a capoeira e então decidiu ingressar na ACNS onde treinou até se formar Mestre, em 1985. De volta a Belo Horizonte desde 1980, Mestre Mão Branca passou a utilizar o nome da ACNS no trabalho que vinha desenvolvendo na capital mineira. Durante a década de 1980 ele foi o responsável por implantar algumas inovações na capoeira belo horizontina: a cerimônia do batizado (1983) – evento exclusivo de capoeira que também até então não era praticado em 105 terras mineiras; o sistema de graduação – que já vinha sendo utilizado em alguns locais do país, mas que em Minas ainda não existia; o registro em cartório do seu grupo de capoeira (1985) – mostrando organização e segurança; o processo de internacionalização da capoeira mineira (a partir de 1988) – levando a capoeira mineira e shows folclóricos para diversos países da Europa; o jornal impresso Rabo de Arraia (1990) – veículo de informações exclusivo aos capoeiristas; fundou e presidiu a Federação Mineira de Capoeira (1991), ajudando a fundar a Confederação Brasileira de Capoeira. Após o falecimento de Mestre Gigante, em 1989, Mestre Mão Branca resolveu criar um novo nome para seu trabalho, onde pudesse desenvolver seus ideais sem causar problemas com os demais formados de Mestre Gigante. Então, em 1993 cria o Grupo Capoeira Gerais. Ao longo de mais de trinta anos de dedicação exclusiva à capoeira seu trabalho tem por características principais a alta qualidade técnica e musical, o respeito aos fundamentos e rituais e, principalmente, a formação 106 de agentes culturais capacitados a continuarem sua missão: disseminar a capoeira. Atualmente, o Mestre Mão Branca tem divulgado a capoeira ao redor do mundo ministrando cursos e realizando eventos. Além disso, já gravou quatro CDs e duas coletâneas com mais de 80 mil copias vendidas. Vem realizando desde a década de oitenta vários eventos nacionais e internacionais, dentre eles destacam-se: o 1º Encontro Internacional de Capoeira (1995), um marco para a capoeira em Minas Gerais. Neste evento formou sua primeira turma de Mestres; o 7° Festival Mundial Capoeira Gerais (2015), evento onde recebeu a graduação máxima na capoeira; e o 6º Campeonato Europeu de Capoeira – Duelo de Camaradas (2016), campeonato de capoeira que teve suas finais disputadas no Museu Olímpico, na cidade de Lausanne na Suíça.

Procurando mais dados, encontramos artigos publicados nos jornais mineiros, referindo-se á ‘capoeira’ como mato, ocorrência em quase todas as referências encontradas pelo Brasil afora, quando se procura pelo termo “capoeira” na Hemeroteca da Biblioteca Nacional; in O Pharol, de Juiz de Fora, edição de 1877 http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=258822&pesq=capoeira&pagfis=68

1878 OURO PRETO - O Constitucional (MG) – 1878 \Edição 00020 (1) – Folhetim

uma citação sobre política e seus representantes, a classificação de ‘capoeira’ pra denegrir a imagem de um opositor, como acontecia em outras províncias:

Assim, a partir daqui, vamos iniciar o cotejamento, pois a citação mais antiga que encontráramos referia-se ao ano de 1878. Agora, recuamos mais...

1878 OURO PRETO - O Constitucional (MG) – 1878 \ Edição 00021 (2)
Ano 1825\Edição 00036 (1) O Universal (MG) - 1825 a 1842 Ano 1844\Edição 00002 (1) O Mercantil (MG) - 1844 a 1847

Ano 1844\Edição 00014 (1)

Ano 1844\Edição 00023 (1)

OBS: NAS EDIÇÕES SEGUINTES, ATÉ O TÉRMINO DO ANO, HÁ A INFORMAÇÃO DE PRISÃO DE ESCRAVO PRESO POR CAPOEIRA; A MAIORIA, ESCRAVO FUGIDO ESSES ANUNCIOS, DE REPARTIÇÃO DE POLICIA, REPETEM-SE ATÉ 1847

A n 5 1\ E di ç ã o 0 0 1 8 6 (1 )

Ano 1851\Edição 00186 (O Conciliador (MG) -1851

Ano 1866\Edição 00011 (1) Constitucional : Jornal Politico, Litterario e Noticioso (MG) - 1866 a 1868

Ano 1867\Edição 00055 (1)

Ano 1868\Edição 00026 (1) O Liberal de Minas (MG) - 1868 a 1870

1878 OURO PRETO - O Constitucional (MG) – 1878 \Edição 00020 (1) – Folhetim uma citação sobre politica e seus representantes, a classificação de ‘capoeira’ pra denegrir a imagem de um opositor, como acontecia em outras províncias:

1878 OURO PRETO - O Constitucional (MG) – 1878 \ Edição 00021 (2)

1880 Baependy - O Baependyano : Folha Scientifica, Litteraria e Noticiosa (MG) - 1877 a 1889, edição 151, de 18 de julho uma citação sobre politica e seus representantes, a classificação de ‘capoeira’ pra denegrir a imagem de um opositor, como acontecia em outras províncias:

1882 E em 1882, em 7 de novembro nesse mesmo Pharol, uma referencia à capoeira como cesto para transporte:

E é nesse mesmo ano, em o Pharol edição de 9 de novembro Ano 1882\Edição 00130 (1), anuncio de fuga de preto escravo, tendo como característica, ser capoeira:

1883 - O Pharol, edição de 22 de fevereiro:

1885 - O Arauto de Minas : Hebdomadario Politico, Instructivo e Noticioso (MG) - 1877 a 1889

Ano 1885\Edição 00395 (1) O Baependyano : Folha Scientifica, Litteraria e Noticiosa (MG) - 1877 a 1889

1883 - A PROVINCIA DE MINAS

1886, em O Liberal Mineiro, de Ouro Preto, edição de 24 de março uma citação sobre politica e seus representantes, a classificação de ‘capoeira’ pra denegrir a imagem de um opositor, como acontecia em outras províncias:

1886 A Provincia de Minas : Orgão do Partido Conservador (MG) - 1884 a 1887 Edição 00338 (1), 30 de maio, Ouro Preto

Ano 1887\Edição 00023 (1) O Arauto de Minas : Hebdomadario Politico, Instructivo e Noticioso (MG) - 1877 a 1889

1887 A PROVINCIA DE MINAS, OURO RETO, 5 DE FEVEREIRO
1887 – O PHAROL – 7 DE NOVEMBRO DE 1887
O PHAROL, 09 DE NOVEMBRO 1877 O PHAOL, 14 DE NOVEMBRO C

1887 - Jornais de Ouro Preto : Orgão do Partido Conservador (MG) - 1884 a 1947 – Ouro Preto – A PROVINCIA DE MINAS 2 de agosto

1888 A UNIÃO, OURO PRETO 7 DE JANEIRO
1888 a união, 7 de janeiro
1888 A UNIÃO 14 DE JANEIRO
1890 – O PHAROL, 22 DE FEVEREIRO
– O
30 DE
1890
PHAROL
AGOSTO
1891 A Ordem (MG) – 1889 OURO PRETO, 5 DE JANEIRO DE 1891

Ano 1891\Edição 00001 (1) Almanak de Juiz de Fora : Publicação Commercial, Industrial, Litteraria, Recreativa, Administrativa, ETC. (MG) – 1891

Ano 1896\Edição 00215 (1) Gazeta de Ouro Fino (MG) - 1892 a 1915

Ano 1899\Edição 00062 (1) Diario de Minas : Propriedade de uma Associação Anonyma (MG) - 1899 a 1901
1901 – A CIDADE - OURO PRETO 2 DE OUTUBRO
1911 o O PHAROL, 12 DE JANEIRO
1911 – O PHAROL, 22 DE MARÇO
1914 Correio da Semana (MG) - 1913 a 1925 Queluz de Minas 14 de julho
1915 – O PHAROL – 27 DE ABRIL 1916 O PHAROL 30 DE MARÇO

1916 - Em Belo Horizonte aparece a primeira academia de ginástica da cidade, que oferece, em meio a modalidades de luta e ginástica, aulas de capoeira http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Mapeamento_da_capoeira_de_minas_gerais.pdf

1923 – O PHAROL , 23 DE JUNHO

Ano 1923\Edição 00015 (1) O Abrolho (MG) - 1922 à 1926
1933 - Gazeta de Leopoldina (MG) – 22 de novembro
1945 - Vitaminas (MG) – 04 de outubro 1945
1944 Correio de Uberlandia : Diario Independente (MG) - 1939 a 1954 - 1 de novembro

DECADA DE 1960 - EM Teófilo Otoni registra-se que no final da década, o precursor da capoeira na cidade, Wilson Pires (conhecido como Mestre Maxixe), levou até lá, pela primeira vez, o famoso Mestre Bimba. Mestre Maxixe também registrou o seu encontro com o Mestre Bimba no livro intitulado Memória de um capoeirista

1946
- O Patriota (MG) - 1927 a 1951 22 de junho
1953 - Tribuna de Minas – belo horizonte (MG) - 1952 a 1954 – 02 de julho, p. 8

Ano 1923\Edição 00015 (1) O Abrolho (MG) - 1922 à 1926

1972 -uma portariado MEC reconheceu oficialmentea capoeira como esporte.A capoeira foivinculada então “à Confederação Brasileira de Pugilismo que, através de seu Departamento Especial de Capoeira, instituiu um regulamento técnico para ela que deveria entrar em vigor em 1o de janeiro de 1973. O primeiropresidentedoDepartamentodeCapoeira daCBP foium militar,o General EuricodeAndrade Neves Filho” (FONSECA, V.,2009). Desde a sua fundação a Confederação mirava a capoeira, como deduz-se do artigo 3 do seu estatuto: “Entendem-se por pugilismo todos os desportos praticados em

ringues, tais como boxe, jiu-jitsu, catch-as-catchcan. Lutas: livre, romana e brasileira (capoeira)” (SOARES e ABREU). A CBP estabelece então um sistema oficial de graduações, baseado na bandeira do Brasil.” (MAGALHÃES FILHO, 2012, p.93). MAGALHÃES FILHO, P. A. Jogo de discursos: a disputa por hegemonia na tradição da capoeira angola. 1 ed. Salvador: EDFUBA, 2012. 258 p.

1978 O Progresso : Orgão de um grupo de alunos da Faculdade de Direito (MG) - 1972 a 1979 16 a 22 de dezembro de 1978

Ano 1978\Edição 00137 (2)

Ano 1978\Edição 04007 (1) O Triângulo (MG) - 1891 a 1979

Ano 1978\Edição 00544 (1) UFV Informa (MG) - 1977 a 1979

1979 - Ipatinga – Diário da Manhã 9 de setembro

1979 -

Ipatinga – Diário da Manhã outubro Ano 1979\Edição 04181 (1) O Triângulo (MG) - 1891 a 1979
1979
1979
Ano 1979\Edição 00567 (2)
Gazeta de Passos (MG) – 1979 28 de julho
Gazeta de Passos (MG) – 1979 28 de agosto
1980 Itabira – O PASSARELA JANEIRO
1981
- Ano 1981\Edição 02247
Voz de S. João (MG)
1981
1982 Tribuna de Lavras (MG) – 1982 - 9 de setembro 1982 - SF : O Jornal de São Francisco (MG) – 1982 28 de março
1982 - SF : O Jornal de São Francisco (MG) – 1982 \Edição 01060 (1) 14 de novembro 1982 Ponto de Vista (MG) – 1982

1982 Ponto de Vista (MG) – 22 maio 1982

1982 Ponto de Vista (MG) –18 de dezembro

Ano 1982\Edição 00003 (1) Vanguarda (MG) – 1982

Ano 1982\Edição 00690 (1) O Correio (MG) – 1982 – SANTA RITA DO SAPUCAÍ

1987 1ª Jornada Cultural da Capoeira, realizada na cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, no período de 18 a 20 de dezembro de 1987, vários trabalhos foram apresentados. http://www.repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/4984

Ano 1993\Edição 01157 (1) Botija Parda (MG) - 1970 a 1997

1995 - Ano 1995\Ano I, nº 1 - 1ª Quinzena de Novembro de 1995 (1)

1997 a Capoeira Angola chegou a Uberlândia, com o grupo hoje conhecido como Malta Nagoa. tualmente, temos na cidade três grupos desenvolvendo trabalhos em regiões periféricas, universitárias, centrais, escolas e associações os Grupos Canto d’Angola, Galo Cantô e Malta Nagoa.

2005

em Guaranésia, Ano 2005\Ano I, nº 10 - 29 de Outubro de 2005 (1)

2005

Publicado DIAS, A. A. Os “fiéis” da navalha: Pedro Mineiro, capoeiras, marinheiros e policiais em Salvador na República Velha. Revista Afro-Ásia, Salvador, n.32, p.271-303, 2005

2007 Educação e cultura popular: inclusão social pela capoeira. LR Palhares - LICERE-Revista do Programa de Pósgraduação …, 2007 - periodicos.ufmg.br; a trajetória histórica da capoeira: dos navios negreiros à capital mineira. 1999. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Educação Física) – Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1999

2008, antes mesmo de acontecer o Registro da Roda de Capoeira e do Ofício de Mestre de Capoeira, foi promovido o Primeiro Fórum dos Capoeiristas de Belo Horizonte e Região Metropolitana. O evento foi realizado na Funarte-MG, em atendimento à solicitação de um grupo de mestres e capoeiristas da capital mineira.

http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Mapeamento_da_capoeira_de_minas_gerais.pdf

2010 foi realizado, no Iphan MG, o Balaio do Patrimônio Cultural. Esse encontro pretendia reunir os detentores dos bens registrados no estado produtores de queijo, sineiros, jongueiros e capoeiristas e representantes dos poderes públicos estaduais e municipais, tendo por objetivos: a divulgação da política nacional de salvaguarda do patrimônio cultural imaterial; a troca de experiências entre os grupos ali representados; Após a realização do Balaio do Patrimônio Cultural, ainda em 2010 os capoeiristas foram chamados a participar de duas reuniões de mobilização para participação no Encontro Regional do Programa Pró-Capoeira, realizado no Rio de Janeiro. A partir desse momento, um grupo de mestres de capoeira de Belo Horizonte solicitou à equipe do setor de patrimônio imaterial do Iphan MG a organização de reuniões de mestres com vistas à formação do Conselho de Mestres de Capoeira da Região Metropolitana de Belo Horizonte

2010 - a Superintendência do IPHAN em Minas Gerais mobilizou-se para apoiar a organização da comunidade da capoeira no sentido de auxiliá-la na sistematização de demandas e para promover debates relativos ao Plano de Salvaguarda. os dados levantados durante o mapeamento da capoeira em Minas Gerais nos indicam um universo complexo e multifacetado de identificação dos capoeiristas com os estilos que praticam. Alguns deles se identificaram como praticantes de todos os estilos; outros se definiram simplesmente como “capoeiras”; houve, ainda, os que afirmaram não seguir “rótulos” e aqueles que disseram praticar os estilos “Capoeira raiz”, “Benguela”, “Descendentes de angoleiro”, entre outros

2011 - A capoeira na escola e na Educação Física, Vinicius Thiago Melo, DOI: https://doi.org/10.5007/2175-8042.2011v23n37p190

-Capoeira angolanafavela:juventudes,sentidose redessociais RCMKanitz -LICERE-RevistadoPrograma de Pós-graduação …, 2011 - periodicos.ufmg.br

2011 - Mapeamento_da_capoeira_de_minas_gerais.pdf (iphan.gov.br)

A história da capoeira de Minas Gerais é, muitas vezes, retratada de forma indireta. Vários estudos contemplam os capoeiras mineiros que atuaram em outros estados brasileiros, auxiliando as reflexões sobre a capoeira em Minas Gerais no final do século XIX e início do XX, e também sobre sua trajetória na contemporaneidade. Temos, por exemplo, as histórias e vivências do célebre capoeira mineiro Pedro José Vieira, cujo apelido era Pedro Mineiro, que viveu em Salvador, na Bahia, no início do século XX. Existe também a identificação de capoeiras mineiros na Casa de Detenção do Rio de Janeiro, na década de 1880, e nos Livros de Registros de Presos da Casa de Detenção da Corte e do Distrito Federal, no período de 15 de novembro de 1889 a 13 de maio de 1899.

Em Belo Horizonte aparece, no ano de 1916, a primeira academia de ginástica da cidade, que oferece, em meio a modalidades de luta e ginástica, aulas de capoeira. Mas é apenas a partir da segunda metade do século XX que a capoeira começa a ganhar grande adesão em Minas Gerais e a se propagar, mais precisamente no fim da década de 1960 e no início de 1970, tendo destaque os municípios de Belo Horizonte, Juiz de Fora e Teófilo Otoni.

O caso de Teófilo Otoni, por exemplo, é emblemático. Registra-se que no final da década de 1960, o precursor da capoeira na cidade, Wilson Pires (conhecido como Mestre Maxixe), levou até lá, pela primeira vez, o famoso Mestre Bimba. Mestre Maxixe também registrou o seu encontro com o Mestre Bimba no livro intitulado Memória de um capoeirista MAIS INFORMAÇÕES MELLO e SOUZA, 2004; MAIS INFORMAÇÕES Campos, 2006 MAIS INFORMAÇÕES Jornal “As Alterosas”, 11 de novembro de 1916 Maxixe, publicado em 2005. Atualmente, Maxixe é referência para os capoeiristas de Teófilo Otoni. Em contato por telefone realizado em maio de 2014, ele disse que não é vinculado a nenhum grupo de capoeira e que estava doente.

QUADRO 2

Atuação dos grupos de capoeira por mesorregião Verificadas as quantidades de grupos de capoeira por município, identificou-se que em Belo Horizonte existem 49 grupos; em Montes Claros, 10; em Juiz de Fora e Uberaba, 09;

e em Betim, Contagem e Uberlândia, 08. Esses são os únicos municípios de Minas Gerais que possuem quantidade expressiva de grupos de capoeira, principalmente a capital mineira. Os 430 municípios restantes têm de um a seis grupos, sendo que o número de municípios com apenas um grupo é 304. Dos 389 grupos de capoeira identificados em Minas Gerais, 317 foram fundados no próprio estado, 68 foram criados em outros estados da federação e quatro foram fundados em outros países. Ainda que nem todos os respondentes tenham identificado, durante a pesquisa, a data de criação dos seus grupos, é importante destacar que nove grupos foram criados na década de 1970 (Quadro 3), 32 na década de 1980, 86 na de 1990 e 118 no século XXI. O Quadro 4 apresenta a atuação desses grupos nas mesorregiões de Minas Gerais.

2012 I Encontro de Mestres de Capoeira da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Além dessas reuniões, o Iphan MG passou também a apoiar a realização de eventos de Capoeira no espaço da Funarte MG, bem como deu início às Oficinas de Capacitação para o Plano de Salvaguarda da Capoeira, ocorridas entre maio de 2012 e junho de 2013. Nesse ano foi eleito o primeiro Comitê Gestor Provisório do Plano de Salvaguarda da Capoeira, responsável, a partir de então, pela condução do Plano de Salvaguarda da Capoeira no estado e pela realização das Reuniões de Articulação do Plano de Salvaguarda da Capoeira, que acontecem periodicamente na sede do Iphan MG.

- Representações do corpo e da cidade na série de games Capoeira Fighter. Bruno Soares Ferreira. https://www.epublicacoes.uerj.br/index.php/contemporanea/article/view/3011

- Práticas de capoeira: grupos, mestres e contratos diversos http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Mapeamento_da_capoeira_de_minas_gerais.pdf : Identificou-se práticas de capoeira em 546 municípios mineiros. Dentre eles, 437 possuem grupos e/ou mestres e em 109 a capoeira é praticada por meio do CRAS e de outros programas socioeducacionais. Verificadas as quantidades de grupos de capoeira por município, identificou-se que em Belo Horizonte existem 49 grupos; em Montes Claros, 10; em Juiz de Fora e Uberaba, 09; e em Betim, Contagem e Uberlândia, 08. Esses são os únicos municípios de Minas Gerais que possuem quantidade expressiva de grupos de capoeira, principalmente a capital mineira. Os 430 municípios restantes têm de um a seis grupos, sendo que o número de municípios com apenas um grupo é 304. Dos 389 grupos de capoeira identificados em Minas Gerais, 317 foram fundados no próprio estado, 68 foram criados em outros estados da federação e quatro foram fundados em outros países. Ainda que nem todos os respondentes tenham identificado, durante a pesquisa, a data de criação dos seus grupos, é importante destacar que nove grupos foram criados na década de 1970, 32 na década de 1980, 86 na de 1990 e 118 no século XXI.

Análise do perfil de liderança percebido por praticantes de capoeira; MAM Simim, F Noce - Motricidade, 2012redalyc.org; … Journal of Sport Behavior, 20(3), 313-319. Jaqueira, ARF (1999). Análise do comportamento agressivo na capoeira sob a conceção dos Mestres. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil. Jaqueira, ARF (2000)

2013 Publicado MELO, Vinícius Thiago de. HISTÓRIA DA CAPOEIRA DE RUA DE BELO HORIZONTE (1970-1990): MANIFESTAÇÃO CULTURAL, LAZER E POLÍTICA NA SOCIEDADE MODERNA. Belo Horizonte Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG 2013, http://www.eeffto.ufmg.br/eeffto/DATA/defesas/20150710191649.pdf

- o Conselho de Mestres passou a ser denominado como Conselho de Mestres de Capoeira do Estado de Minas Gerais – COMCAP-MG; foi eleita a diretoria; estabelecido o estatuto e, em sequencia, formalizado em cartório. Conforme seu estatuto, COMCAP-MG tem por finalidade acompanhar as políticas nacional, estadual e municipal da Capoeira, incluindo o plano de Salvaguarda da Capoeira.

- setembro - aconteceu o I Encontro de Capoeira Minas Gerais: Debate sobre novos rumos da capoeira no Brasil, realizado pelo Fórum Capoeira BH, através da Fundação Municipal de Cultura, em parceria com o IPHAN e o COMCAP-MG.

2013 - 20150710191649.pdf (ufmg.br) Vinícius Thiago de Melo HISTÓRIA DA CAPOEIRA DE RUA DE BELO HORIZONTE (1970-1990): MANIFESTAÇÃO CULTURAL, LAZER E POLÍTICA NA SOCIEDADE MODERNA capoeira, disponível em http://acervo.ufvjm.edu.br/jspui/bitstream/1/1058/4/capoeira_mineira_brasileira.pdf

A participação social na formulação das políticas públicas para a capoeira em Minas Gerais Priscila Soares de Paiva Campos Moreira; Luiz Renato Vieira https://capoarte.com.br/Artigos%20%20A%20participa%C3%A7%C3%A3o%20social%20na%20formula%C3%A7%C3%A3o%20das% 20pol%C3%ADticas%20p%C3%BAblicas%20para%20a%20capoeira%20em%20Minas%20Gerais.p df

2016 - capoeira_mineira_brasileira.pdf (ufvjm.edu.br) - Leandro Ribeiro Palhares

- 1700 a 1888: Por quase dois séculos a mão de obra escrava foi utilizada em Minas Gerais para extrair riquezas, especialmente ouro e diamante.

- 1720: Criação da Capitania Hereditária Minas Gerais.

- 1822: Criação da Província de Minas Gerais (substituindo a Capitania Minas Gerais), cuja capital era Vila Rica.

- 1889: Criação do Estado de Minas Gerais (em substituição à Província de Minas Gerais).

- 1907: Nos primeiros anos da primeira década do século XX, surge em Vila Rica (atual cidade de Ouro Preto) o capoeira, valentão e desordeiro Pedro Mineiro.

- 1969: Chegada de Mestre Toninho Cavalieri em Belo Horizonte – momento considerado o marco inicial da capoeiragem na capital mineira

- 1970: Nos primeiros anos da década de 1970 ocorreu o encontro entre os Mestres Toninho Cavalieri e Dunga, na cidade de São João Del-Rey, fato que trouxe Mestre Dunga em definitivo para Belo Horizonte.

- 1983: Primeiro evento de capoeira em Belo Horizonte com um formato já utilizado em outros locais no país: cerimonial, convidados, entrega de graduações, batizado. Até então nenhum capoeirista realizava este tipo de evento na capital mineira.

- 1987: Realização da 1ª Jornada Cultural de Capoeira, na cidade de Ouro Preto reunião capoeiristas de todo o Brasil, em especial a velha guarda da capoeiragem baiana.

- 1988: Realização do I Encontro Mineiro de Capoeira, na cidade de Belo Horizonte, reunindo grandes nomes da 80 capoeira baiana e carioca, além de promover um forte intercâmbio.

- 1990: Criação do jornal impresso Rabo de Arraia, veículo de divulgação exclusiva da capoeira mineira.

- 1991: Criação da Federação Mineira de Capoeira, órgão de representatividade e organização da capoeira. Sua criação contribuiu para a criação da Confederação Brasileira de Capoeira.

- 1995: Realização do I Encontro Internacional de Capoeira, evento que reuniu capoeiristas renomados do Brasil e de diversas partes do mundo e contou com grande audiência e repercussão, inclusive na grade mídia. Foi o primeiro evento de grande porte e internacional realizado na capital mineira.

- 2005: Criação de um novo órgão de representatividade e organização da capoeira: a Federação de Capoeira do Estado de Minas Gerais, a FECAP-MG Existem indícios dessa prática no ano de 1916, como uma reportagem do jornal As Alterosas, do mês de novembro daquele ano, divulgando o “... Centro de Cultura Physica Olavo Bilac...” (KANITZ, 2011, p. 67), onde a capoeira teria sido praticada. Cabe aqui o mesmo questionamento feito em relação a quem ensinou capoeira a Pedro Mineiro: o capoeirista que ensinaria no referido „Centro de Cultura Physica‟ teria aprendido com quem? Mais uma vez me permito arriscar uma possível resposta: provavelmente com alguém que aprendera em fins do século XIX e/ou início do século XX (haja vista a data da publicação da notícia) – um terceiro fato que vem fortalecer a „teoria‟ que houve práticas de capoeira em Minas Gerais no século XIX e princípios do século XX.

2016 – publicado Palhares, Leandro Ribeiro Capoeira mineira brasileira: uma introdução aos fundamentos históricos da

2018 - Conheça a primeira mestra da Capoeira Angola em Minas Gerais: Alcione é uma das poucas que assumiram o posto no Brasil e espera que sua experiência abra portas para mais mulheres

Raíssa Lopes Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) | 08 de Agosto de 2018 / A mestra inaugurou um espaço para viver de cultura popular em Belo Horizonte - Foto: Ronaldo Nina

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Com 41 anos, Alcione Alves de Oliveira está ultrapassando barreiras que ainda resistiam na Capoeira Angola do estado. Ela conheceu a prática por incentivo do irmão mais velho, ainda na adolescência, e desde então se encantou e não parou de praticar. Agora ela se tornou mestra e está ao lado de poucas outras mulheres que assumiram o posto no país, como Janja e Paulinha, de Salvador, a Gege, do Rio de Janeiro, e a Elma, do Maranhão. Para se tornar mestre na Capoeira Angola, primeiro é preciso passar pela fase de treinel (quando se é aluno, mas já treina outras pessoas) e depois para contramestre. Hoje existem algumas contramestras angoleiras em Belo Horizonte, mas Alcione também foi a primeira de Minas. “Atualmente, muitas mulheres estão envolvidas com a capoeira, mas ao longo da história os homens foram as lideranças”, comenta. Ao protagonismo masculino, ela atribui vários motivos. Por exemplo, desde pequenos foram incentivados a brincar, correr, explorar o corpo e as milhões de possibilidades de brincadeiras. À mulher, no entanto, era aconselhado se manter protegida, quieta, ficar em casa e se envolver apenas com as tarefas do lar. Para Alcione, isso interfere na maneira como percebemos o corpo, a mente e o que eles têm capacidade de fazer. “A capoeira é um ambiente em que você toca, joga, brinca… É uma vadiação, como a gente fala. E a mulher não podia estar de jeito nenhum nesse lugar. Porém, o mundo está mudando e a capoeira acompanha. Já conseguimos ver como essa prática é um instrumento forte para elas, assim como para os homens, a nível físico, emocional, psicológico”, defende.

Alcione inaugurou há cinco meses um espaço no bairro Floresta, na região central de Belo Horizonte, para viver de cultura popular. Ela reconstruiu o local, e afirma que conquistou o resultado por crer no valor da tradição e da sabedoria ancestral. Em suas aulas, busca repassar o aprendizado que assimilou nessas mais de duas décadas: a visão de mundo da capoeira. “A capoeira tem dois lados. O bem e o mal, o lúdico e o sério. Traz muita coisa para lidar com a vida. São coisas de base para o ser humano”, diz. Outro conhecimento que ela faz questão de transmitir é a importância da insistência e da constância. “Demora, não é fácil. Mas tem a resistência. Tudo que a gente consegue criar uma rotina é bom, segura a gente mais na terra, com o pé no chão. Ajuda a ser mais feliz", ressalta.

2018 - O espetáculo na capoeira de rua de Mariana, Minas Gerais: teatralidade e musicalidade como resistência em cena. GC Pereira - 2018 - repositorio.ufop.br Esta dissertação tem o objetivo de analisar, sob o olhar etnográfico, o fazer tradicional da Capoeira de Mestre Damião, em Mariana-Minas Gerais, com foco nas suas particularidades relacionadas às Artes Cênicas

NAVEGANDO COM

JORGE OLIMPIO BENTO

"As armas e os barões assinalados / Que da ocidental praia Lusitana / Por mares nunca de antes navegados / Passaram ainda além da Taprobana / Em perigos e guerras esforçados / Mais do que prometia a força humana / E entre gente remota edificaram / Novo Reino, que tanto sublimaram".

A consagração do direito a uma vida digna, realizada no caminho de perseguição da felicidade, implica a presença acrescida do desporto, a renovação das suas múltiplas práticas e do seu sentido.

Sendo a quantidade e qualidade do tempo dedicado ao cultivo do ócio criativo (do qual o desporto é parte) o padrão aferidor do estado de desenvolvimento da civilização e de uma sociedade, podemos afirmar, com base em dados objetivos, que nos encontramos numa era de acentuada regressão civilizacional. Este caminho, que leva ao abismo, tem que ser invertido urgentemente.

AGRADECIMENTO

Cícero (106-43 a.C.), o eminente jurista romano, proclamou que “nenhum dever é mais importante do que o da gratidão”. Estou ciente de que falto, não poucas vezes, a essa obrigação. Desculpo-me com o facto de o pronome pessoal ‘Eu’ ser raridade nos meus escritos; só surge, se furar a vigilância. Não se trata de cultivo forçado da humildade; é, antes, o reconhecimento objetivo da realidade. Embora seja responsável pelos passos dados, as realizações conseguidas têm autoria plural. Nesta figuram as condições de origem, crescimento, educação e formação, a família e os que, ao longo do trajeto, me ajudaram a ganhar asas para adejar as circunstâncias. Agradecer-lhes constitui, pois, uma necessidade tão imperativa como a de respirar.

Esta quadra edifica uma ponte de memória e emoção. Liga o passado, o presente e o futuro das várias margens do rio existencial. No final de 2022 evoco pessoas e entidades coautoras da obra feita nos meses transatos. Umas estiveram diariamente próximas. Outras acenaram de longe com empatia e solidariedade, apoiando assim a via escolhida e percorrida. Todas ofereceram o afeto de que carecemos nas horas boas e más. Bem hajam! Desejo-lhes um ano 2023 renovador da esperança e paixão pela vida.

ASSUME-TE, PROFESSOR!

Sabes bem qual é a tua missão e igualmente as opções a que estás obrigado. Aprendeste isso no curso de formação, nas aulas que frequentaste e nos livros que leste. Apesar de tudo, atrevo-me a espicaçar um eventual esquecimento: quem zela pelaeducaçãoepelaescola,enquantoinstituiçõesaxiológicas,éstu.Osministrosdosetorcuidampouco ou nada disto; estão assoberbados com a gestão do orçamento e da carreira política.

A deontologia não te dá descanso nunca, muito menos nesta hora em que sopram fortes os ventos da degradação da função. De que lado te colocas? Com quem preferes andar? A escolha ainda te pertence; e a responsabilidade por ela também. É cómodo cruzar os braços, ver poucos lutar por todos, ficar sentado e assistir descansado, gozar a vidinha num ser e estar impensado. Se assim ages, desonras a profissão, és burlão e sujeito acuado.

LIBERDADE, DISSIDÊNCIA E INSUBMISSÃO: IRMÃS GÉMEAS E CÚMPLICES

A ambrosia é o sustento dos deuses; a Liberdade é o alimento e a forma divina do Ser Humano. Eis a definição dos gregos. Somos entes de afirmação e também de submissão à Liberdade, sabendo que o EU só emerge e floresce no viver em sociedade. Logo, aquela sujeita-nos aos princípios e valores da pertença social; esta impõe freios e limites ao agir individual. Ou seja, jamais seremos livres em absoluto; ora isto não é impeditivo de tentar romper o que nos constrange. Este intento perfaz até um dever existencial. Vivemos para conceber e concretizar vias de fuga do que nos comprime e apouca.

A dissidência é, pois, mãe ou irmã gémea, acompanhante e percetora da liberdade, em todo o tempo. É particularmente indispensável nesta era em que estamos cercados por agências de lavagem ao cérebro, por ‘ministériosda verdade’(como Orwell pôsa nuno livro 1984), visandoconseguir a unicidade e passividade mental das multidões, conformá-las aos desígnios e interesses inconfessos dos senhores do mundo.

A dissensão nunca foi fácil. O risco de pagar com a degola da cabeça ou com a tortura do toutiço não é agora tão ameaçador como outrora, embora ainda persista aqui e ali. Hoje métodos não cruentos, refinados e sofisticados formatamasmenteseanestesiamasconsciênciascomartimanhaspersuasivas.Ochicotee opaucaíramem desuso; deram a vez à astúcia e cenoura e estas são mais eficazes para elidir o hábito de pensar e induzir a servidão voluntária. Em cena estão os ladinos pregadores da felicidade e do sucesso garantido, pagos para impingir engodos e aumentar os aderentes ao senso comum e à bitola conveniente. Os cabos-de-ordem dos poderosos desempenham a contento a função de nos afazer à albarda e ao cabresto; e não são poucos os que exibem os arreios com garbo e satisfação. Resta-nos a arma da insubmissão contra a tentativa descarada, atualmente bem evidente, de transformar a sociedade aberta e indagativa em rebanho enfadado com o pensamento e o questionamento.

Este empreendimento vem sendo executado nas últimas décadas, de modo ostensivo e com elevada proficiência, precisamente no Ocidente, tão cioso de invocar o património dos seus filósofos e pensadores. A perversão ocorre nos mais distintos domínios: na escola e universidade, nos órgãos mediáticos, nas redes sociais, na governança da Europa e do Mundo. A mentira comanda a política à escala global. De todos os lados sopram ventos contrários à dissidência e insubmissão, à contestação e argumentação. O espaço está ocupado por uma vasta legião de agentes especializados na falsificação, na negação e no engano intencional, na divulgação da ‘verdade oficial’ e no convencimento de ‘não haver alternativa’ a ela, a não ser o agravamento das medidas. Assim labora o cortejo da

desinformação, da fraude, da alienação e manipulação. E lá vamos atrás da lengalenga, levados e domesticados como bois jungidos.

O neoliberalismo é um alfobre de maneiras de inseminar o que convém aos aiatolas do ‘economês’. No plano nacional cito, para exemplo, o SIADAP, o RJIES e as abjetas políticas da austeridade, paridas pela imunda onda de predaçãoquevarreocenáriointernacional.Notocanteaeste,chamoaterreirooembuste forjadopara‘justificar’ a invasão do Iraque, as unilateralidades atributivas da responsabilidade pela guerra na Ucrânia, a propaganda de demonização de alguns protagonistas e de branqueamento da sordidez de outros, visando ilibar os que prepararam o terreno para o invasor e tudo fazem para prolongar o conflito. Na mesa do xadrez há movimentos hábeis, beneficiadores dos belicistas e desconsideradores do sacrifício existencial de milhões de vidas e do crescente número de mortos. Quando a guerra acabar, sobre as ruínas do país e os cadáveres das vítimas proliferará um negócio chorudo para os cavaleiros da morte. Não surpreenderá se a martirizada nação ucraniana for deixada à sua sorte, e os comerciantes se voltarem para outras paragens e jogadas políticas com dividendos mais promissores. Não seria a primeira vez que isto aconteceria; o hábito faz o monge e este é useiro e vezeiro em agir deste jeito.

Não somente estamos enredados na teia de um monstruoso totalitarismo,comomedra o ambiente de ressurgimento do movimento nazi e fascista. Benito Mussolini tinha razão: “a alma fascista nunca morre”, adormece até surgir a oportunidade ideal para acordar, sair do esconderijo e se mostrar à luz do dia. A ocasião adveio, trazida pela angústia, pelo desencanto e desespero que muitas pessoas vivem no presente e vilipendioso estado de apodrecimento e roubo da democracia. É neste fétido pântano que partidos (e governos) neonazis e neofascistas despontam e depositam os ovos da serpente. Cá dentro e lá fora, na Europa e no Mundo, a realidade é assaz preocupante.

A desilusão derivada da instrumentalização e do viciamento do sistema ‘democrático’(?) alastra entre a população pobre e remediada, e entre jovens excluídos e sem esperança no futuro de uma vida decente, mesmo sendo possuidores de estudos superiores. Porém a frustração não se traduz na indagação crítica das causas e consequências da putrefação. Ao invés, quem estranha e questiona a indecência é apedrejado com rótulos de ‘comuna’, ‘radical’ e ‘populista’, entre outros. Orwell viu com acuidade: Quanto mais a multidão é desviada da verdade, tanto mais odeia os que não desistem dela e a revelam. É com tal matéria-prima que se constrói e alarga a via para o abismo totalitarista.

Não é preciso ser marxista para reconhecera involução civilizacional docapitalismo. Perverteu os preceitos morais do fundador, Adam Smith. À medida que o descalabro se acentua, torna-se selvático, recorre a meios inumanos para manter o comando, promove o caos e a desordem internacional, destrói a essência da democracia, aumenta o esbulho, a exploração, a ganância e desfaçatez, arrasa a espiritualidade. É este o metro-padrão do seu funcionamento na atualidade. Não quer saber da renovação do ‘Contrato Social’, estabelecido por Jean-Jacques Rousseau em 1762. Abjura o credo da equidade, afasta-se da concretização dos princípios e valores humanistas; segue, em passos acelerados, para soluções de teor cada vez mais fascista e nazista.

A gravidade da situação encarrega-se de dar razão à filosofia. Para defender a liberdade é imperativo praticar a dissidência e a insubmissão ao regime mercadológico e predador que abocanhou a democracia, em benefício de uma elite de abutres e plutocratas e em prejuízo da imensa maioria dos cidadãos.

Em suma, esta é uma hora de opções: há que assumir o desafio civilizatório e enfrentar a barbárie e o ódio. Temos que optar entre o Homem Livre e a besta de carga e montada, entre a razão acordada e a lavagem do cérebro e o amordaçamento da boca. Urge que a liberdade, a dissidência e a insubmissão, irmanadas e cúmplices, tomem conta da praça central da Cidade e ditem as nossas palavras e atitudes.

O QUARTO REI MAGO

(Texto elaborado a partir de outro que, em tempos, veio parar às minhas mãos.)

A narrativa histórica não o regista, mas a tradição dá conta da existência de um quarto Rei Mago. Viu brilhar uma estrela nocéue decidiu segui-la,para ofereceraoMenino um cofre cheio de pérolas. Nocaminhoencontrou muitos enfermos, pobrese miseráveis, Ficava com eles o tempo preciso para lhesaliviar os sofrimentos; só entãoretomava a viagem, interrompida sempre que surgia outro desvalido.A todos prestouassistência e a cada um deu uma pérola. Deste modo atrasou-se na viagem e esvaziou o cofre.

Quando chegou a Belém, os pais do Menino tinham fugido com ele para o Egipto, dado que o rei Herodes queria matá-lo. Não desanimou; continuou a procura, sem a ajuda da estrela que antes o guiara e entretanto desapareceu. Qual Odisseu, andou mais de trinta anos a procurar Jesus e a ajudar os necessitados. Até que chegou a Jerusalém

no dia em que uma multidão alienada pedia a morte de um homem humilde. Fitou-o e reconheceu algo familiar; viunosseusolhosobrilhodaestreladeoutrora.AquelesujeitoinjustiçadoeraoMeninoquetantohaviaprocurado! A tristeza encheu-lhe o coração cansado. Ainda guardava uma pérola na bolsa; porém era tarde demais para a oferecer a Jesus, que agora carregava uma cruz às costas. Sentiu que tinha fracassado no cumprimento da missão. Amargurado e com falta de forças e de lugar para onde ir, decidiu ficar em Jerusalém à espera da sua última hora. Passados três dias, uma luz mais brilhante do que o fulgor de mil estrelas inundou o quarto. Era o Ressuscitado que vinha ao seu encontro! O Rei Mago ajoelhou, tirou da bolsa a pérola que restara e colocou-a na mão de Cristo. Este amparou-o com ternura e disse-lhe: “Tu não fracassaste. Pelo contrário, estiveste comigo durante toda a tua vida. Eu estava nu e vestiste-me. Tive fome e sede e deste-me de comer e beber. Estive doente e visitaste-me. Sim, estava em todososque socorreste noteucaminho.Muitoobrigadoportantosatosde amor!Doravante ficascomigo para sempre.”

A lenda, comovente e singela, convida-nos a tratar como o quarto Rei Mago os carentes que surgem no nosso trajeto. Colheremos assim a devida recompensa. Afinal, Deus está no meio de nós.

VIVA A ESCOLA REPUBLICANA!

A escola é um bem valiosíssimo para as crianças. Não tem preço. É na acrópole escolar que aprendem a matéria da confabulação dos sonhos e inauguram o caminho que leva à realização destes, quando elas forem grandes. Professor, não deixes que matem essa ilusão. Não consintas que destruam o meio mais belo e mágico da travessia infantilpara oladosolarda aventurae sublimidade.Emnomedeste patrimóniosagradoe da tuamissãoprometeica, imploro-te, que defendas, com unhas e dentes, a escola e educação republicanas contra os ventos e marés desta era de trevas brancas e escravocratas. Para tanto, não aceites ser tratado com indignidade!

LUGAR PARA CORRER, SALTAR E PENSAR

O velho professor estava a dar uma aula, compenetrado na tarefa. Na sala reinava um ambiente de concentração. De repente ouviu-se um ruído perturbador, vindo da parte de fora. O mestre vai à porta e depara-se com um aluno em correrias de um lado para o outro; repreende-o com leveza, dizendo-lhe que ali não era o lugar para correr. Resposta surpreendente e indagativa do adolescente: Então isto aqui não é o corredor?!

O escarmentado pedagogo sorriu e pôs um ar de bonomia no rosto e na expressão: Tens razão! Aqui é o local ideal para correr e saltar, para adquirir e exercitar as pernas e asas do caminhar e voar. Mas isso também inclui o ensino e aprendizagem da arte do silêncio e da reflexão sobre aquilo que é abafado pela balbúrdia do mundo

APELO DA TERRA

A mãe Terra é um comovente cenário de espiritualidade, religiosidade e sublimidade. Nós é que somos insensíveis e não damos por isso. Ela convida-nos insistentemente a sermos Humanos, cultivando-a de um modo honrado, que a embeleze e nos agracie com os seus frutos. Não a escutamos. Ela ensina que nenhuma pedra é inútil e em vão; todas podem ser esculpidas e meio de construção. Recusamos aprender.

ATENÇÃO E CAUTELA!

Partidos e governos esticam e partem demasiadas vezes a corda da (falta de) seriedade. Denunciá-los é obrigação cívica; desacreditar a política não. Nem toda a gente é farinha do saco dos cambalachos. Requer-se atenção! Está em curso uma campanha mediática que suscita inquietude. Visará ela arredar o centrão dos interesses e melhorar a saúde da democracia? Perguntar é imperioso para quem tem memória do resultado das ondas justicialistas no passado recente, por exemplo, na Itália, nos EUA e no Brasil. Atirar pela janela pretensos vigaristas e abrir as portas a assaltantes não é remédio adequado.

A indignação não deve beneficiar os que espreitam a ocasião de voltar, como salvadores da pátria, para nos pôr as patas em cima, decretar a austeridade permanente e privatizar toda a coisa pública. Neste cenário o PR move-se como peixe na água: exibe o gosto e a habilidade de jogar, sob o aplauso e crédito de muitos iludidos e distraídos.

AO LADO DOS PROFESSORES, DA EDUCAÇÃO E DA ESCOLA

A vida é uma viagem de aprendizagem inconclusa. Assim, morremos precocemente, sem adquirir os conhecimentos suficientes para a orientação exemplar da existência. Jamais congregamos o saber requerido para fazer face às exigências do nosso tempo. Estamos portanto obrigados a aprender até ao fim.

Bem sei que estão à venda manuais de coaching e liderança, com estratégias de sucesso infalível nos mais diversos misteres. Aos seus autores e comerciantes da felicidade não faltam papalvos prontos a ser enganados. Mas isso não alteraa realidade.Énecessáriolavrarascourelaselançarnelasogrãodaesperança,paracolherosfrutosdesejados; e sem a garantia de que a sementeira germinará e alcançará o seu propósito.

É nesse campo e incerteza que os professores laboram. Por maiores que sejam o sentido de missão e a paixão, só conseguem operar com elevada proficiência, se dispuserem de condições na justa medida. Entre elas contam-se a valorização da carreira profissional e o ambiente de estabilidade, sem ter que andar com uma mão estendida à frentee outraatráseacorrertodososanosde AnásparaCaifás.Semtal pressuposto,nãoserealizamcomoPessoas, nem acontece o milagre educacional deles esperado.

Quando revejo o meu trajeto docente, através das janelas da memória e das convicções acumuladas, percebo que as piores falhas surgiram no âmbito das relações. A dimensão relacional constitui a pedra basilar do Ser Professor, determinante da sorte do ensino e da escola enquanto comunidade. Indago, pois, se será possível cultivar relacionamentos saudáveis e frutuosos, quando a moldura profissional é feita de injustiça, nomadismo e precariedade. Pergunto se, neste deprimente quadro circunstancial, têm os professores tempo, ânimo e oportunidades para ler e estudar, para cuidar do aprimoramento da sua formação, competência e personalidade, para criar e integrar grupos consistentes e produtivos, partilhar experiências, ideias e reflexões, desenvolver projetos renovadores da educação e da escola. Enfim, interrogo se será eticamente aceitável o descaso de que são alvo; e se é deste jeito que o país pretende melhorar a instituição educativa.

ENSINAR E PENSAR

O poeta romano Horácio (65-8 a.C.) proclamou: “A virtude e beleza da ordem consistem em que se diga imediatamente o que tem de ser dito”. É o que vou fazer.

Quando um professor abdica de pensar, deita para o caixote do lixo a capacidade e o espírito de ensinar; fica sem condição para desempenhar a profissão. Não descortino argumentos para discordar desta asserção. Talvez os afetados por aquela renúncia ou privação confundam lecionar com rotina dispensada da luz da razão. Talvez lhes bastem o papel de caixa-de-ressonância e a função de repetição. Se, não contentes com isso, faltam à solidariedade devida aos seus pares e à luta pela escola e educação, talvez lhes agrade e assente bem o hábito da traição.

RESPONSABILIDADE DE UM ‘FORMADOR’

Fui ‘formador’ de centenas e quiçá milhares de professores. Tinha clara a noção desse subido privilégio, enriquecedor do trajeto existencial. A tão sublime agraciamento tentei corresponder com autenticidade e sentido de responsabilidade. Assim, transmiti-lhes os parcos conhecimentos que então possuía, enquadrados em convicções fundadas no estudo, nos caminhos andados, na reflexão sobre o presente e na antevisão do futuro. A preocupação principal era de natureza axiológica, focando a atenção no pilar central da educação e formação: a distinção e valoração da verdade e da falsidade, da beleza e da fealdade, do bem e do mal, da correção e da incivilidade. A imensa maioria, entre os que guardo na memória, porfia em seguir e alargar a via da decência e dignidade; apesar de terem sido deficientemente ensinados, aprenderam e agem bem.

Ora, a responsabilidade deste ‘formador’ não findou quando os estudantes concluíram o curso. Mantém-se desperta, porquanto entraram na minha vida. É por isso que me interrogo sobre as circunstâncias e o destino deles. Alegro-me com os seus êxitos e entristeço-me com as suas desditas. Por hábito que ficou do ofício, persisto em partilhar com eles ideias, inquietudes, olhares e reflexões. Eis a razão de estar com os professores nesta hora apertada. Não podia ser de outro jeito, sob pena de trair quem sou.

PRAVDA NEOLIBERAL

Leio diariamente o jornal ‘Público’. Esta preferência não me impede de afirmar que ele parece, muitas vezes, o Pravda das criaturas saudosas da Troika. Chora baba e ranho por ela em muitas páginas, sobretudo nos editoriais do seu diretor. O fervoroso adepto da ‘patroa’, do SIADAP, do RJIES e de toda a cangalhada de medidas lesivas da democracia na escola e universidade está permanentemente em campanha a favor da imposição absoluta do neoliberalismo puro e duro. Qualquer D. Sebastião lhe serve, conquanto venha carregado dos fetiches destinados a soterrar a esfera pública. Há que reconhecer a sua astúcia, mais uma vez exibida no editorial de hoje, dedicado a desacreditar a luta dos professores.

AGENTES DA SUBVERSÃO

A polícia parou alguns professores e revistou as suas mochilas no trajeto para a manifestação de ontem em Lisboa. E não descobriu nada de suspeito, devido à cegueira congénita de quem pode e manda. Os professores são guerrilheiros assaz inconformados e perigosos. Distribuem generosa, indiscriminada e graciosamente as armas das ideias e ensinam a ética e a pensar, num tempo em que ela e o pensamento se encontram proscritos. Não têm respostas para tudo, mas não receiam as perguntas e encorajam os alunos a falar, questionar e duvidar. Estão assim naorigemdeconvulsõeseroturas,demudançaserevoluçõesincruentas.Semperderosorrisoeaternura.Ademais, formam uma elite extraordinariamente rica. Não de dinheiro, coisa que se gasta; mas de sentimentos, princípios e valores salvíficos, viático de que tanto se precisa nesta hora trágica.

ENSINAR A LUTAR

Li nestes dias alguns textos que alertam para o perigo ou eventualidade de os protestos dos professores serem capturados pela extrema-direita. É certo que as melhores intenções podem levar a ações eivadas de ingenuidade. Ora, conheço muitos dos participantes nas manifestações; já passaram por inúmeras provações, são pessoas que não se deixam enredar nas teias da manipulação e instrumentalização.

Lembro-me da vinda do famigerado SIADAP e das suas inomináveis quotas. Redigi então o texto aprovado pela Comissão de Ética da Universidade do Porto contra tão medonha depravação. Não olvido o nome dos governantes importadores da pérfida cangalhada de diplomas neoliberais que roubaram a convivialidade e a democracia e introduziram o insidioso veneno da competitividade nas instituições públicas. Depois veio a troika com doses agravadoras do envenenamento neoliberal. Percebo bem que os agentes e beneficiários da austeridade esfregam as mãos de contentamento com a contestação em curso e aguardam a ocasião de regressar em força. Não passarão! Os professores não se batem somente contra a ignomínia que, há décadas, os atinge e oprime; o seu exemplo certifica o compromisso de doravante assumir ainda mais convictamente a responsabilidade de ensinar e incentivar os alunos a lutar contra todas as ardilosas e abjetas formas de injustiça, exploração e roubo da existência. A quem possui as asas do conhecimento é proibido rastejar. Por isso estive e estou com eles; e saúdo-os fitando o infinito da esperança e confiabilidade.

AOS MUITO INTELIGENTES

Sim, reconheço sem favor algum, és um sujeito deveras inteligente. Tão superiormente inteligente que fitas o mundo com ar de distanciamento e até enfado; o seu decurso não te diz respeito, não é assunto que te incomode, interesse e mova à ação. Por isso cultivas a imobilidade e o silêncio perante ele. Sendo professor, não te comovem as agruras dos teus pares nem os ataques contra a escola e a educação, a universidade e a formação. Evitas dar a cara e tomar posição, para estares sempre do lado donde sopram os ventos. Mas… toma cuidado! Quando ficam imóveis, os muito espertos e inteligentes correm o risco de ver as calças e os sapatos mijados por um qualquer cão rafeiro e tinhoso.

FASCISMOS E VALES-DE-LÁGRIMAS DA DEMOCRACIA

“Vi as democracias intervir contra quase tudo, salvo contra os fascismos”, disse André Malraux. E não faltam argumentos e factos para lhe dar razão.

Combatem mesmo os partidos do dito arco democrático contra os fascismos da pobreza, da miséria, da fome, das políticas de austeridade e sacrifício da existência, da exclusão dos frágeis, dos ‘inúteis’ e idosos? Colocam a civilização nolugar da barbárie,a equidade nolugarda desigualdade intencional,a decência nolugar da corrupção, a dignidade de todosnolugardaexploraçãodemuitos,a verdadenolugardamentira,ajustiçanolugarda injustiça, o interesse geral no lugar do regabofe da minoria, a vida sólida no lugar da precariedade? Porque é que, quando falam de direitos humanos, deixam de fora o direito à educação, saúde e habitação, ao bem-estar, à felicidade e ao trato Humano de cada um? Porque atafulham a boca de ‘liberdade’, mas reduzem esta à ínfima expressão e são omissos no tocante às suas dimensões e aos fatores que a condicionam? Enfim,a superioridade moral da democracia em relação às ditaduras podia ser muito maior, se cuidasse de eliminar os vales-de-lágrimas que nela florescem. Não há futuro algum que justifique e redima o injusto e trágico presente.

CRIMINALIZAÇÃO DOS MAUS-TRATOS

A manifestação de ontem em Lisboa, contra os maus-tratos infligidos a animais, reuniu muita gente e superou as melhores expectativas. É um bom augúrio. Vai ser gigantesca a que se realizará em breve para exigir a justa e pesada criminalização dos autores e corresponsáveis do trato inumano do Outro, dos frágeis, dos pobres, das crianças, dos idosos, dos doentes, dos excluídos, dos marginalizados, dos migrantes, dos desprezados, dos explorados etc. Não caberá em nenhum dos palcos habituais, nem na praça do Vaticano, nem no recinto de Fátima, nem tampouco na Avenida da Liberdade.

DO ORGULHO DE SER PROFESSOR – PARTE I

Sou Professor! Pertenço à corporação mais necessária, mais generosa e civilizadora. Ela realiza a epopeia de vestir com próteses humanas o macaco nu. Laboro na recriação do Humano, da liberdade e dignidade do Homem, de Homens livres e visionários.

Sou professor e concebo-me idealista e qualitativo, capaz de distinguir e optar entre o mal que observo e o melhor que imagino! Não dou rosto ao futuro, mas transporto essa esperança. Transito pela vida e pelos caminhos do relacionamento, em busca de sorrisos e abraços, à procura de sonhos e de os realizar.

São Francisco de Assis serve-me de guia: “Quemtrabalha comas mãos é um operário. Quem trabalha com as mãos e a cabeça é um artesão. Quem trabalha com as mãos, a cabeça e o coração é um artista.” O professor é tudo isto: um artífice, um escultor e pontífice da Humanidade, da Civilidade e Convivialidade.

Bem sei que não falta quem diga mal de mim, me desconsidere e queira tirar-me crenças e ilusões. Mas não consegue destruir-me os princípios e noções. Porque também há quem me chame mestre e sábio e me guarde na memória. E invoque o meu nome com palavras de veneração e exaltação e num tom de ternura e afeto que me comove e incita a seguir em frente.

Ando por um mundo de pluralidades que ajudo a alargar. Entendo e ensino a entender a vida como oportunidade de fazer amigos e de conviver com as diferenças das pessoas, que na sua diversidade nos causam espanto e admiração e fazem rir e chorar.

Retenho e tento pôr em prática o ensinamento de Voltaire: Ser pessoa é perceber o que temos todos em comum. É a descoberta da alteridade. Ser pessoa é a nossa condição, algo que tem que se conquistar e implantar em cima da natureza. É o valor máximo da educação e o padrão maior da minha profissão.

Sou professor para corresponder à essência ‘humanógena’ da sociedade. Para produzir a Humanidade compartilhada. Ganho o pão na tentativa de ver florescer o Homem em cada indivíduo.

Sou professor! Porque aquilo que é próprio dos humanos não é tanto oato de aprender,mas sim aprenderde outros, ser ensinado por eles. Ninguém levanta voo e se alonga sem alguém em quem se apoiar. “Se vi mais longe, foi porque estava aos ombros de gigantes”, testemunhou Isaac Newton

No cumprimento da nobre missão de ensinar, aprendo com todos, pratico a tolerância com alguns, amo perdidamenteaoutrosesousobretudoexigenteeseverocomaquelesdequemmaisgosto.Esforço-meporobservar a advertência de Russel: “Ninguém pode ser bom professor sem o sentimento de uma calorosa afeição pelos seus alunos e sem o desejo genuíno de partilhar com eles aquilo que, para si próprio, é um valor”.

Tenho imenso prazer em possuir um lugar para onde vou nas manhãs da vida, cheio de luz, de verde e azul, de riso e movimento, de crianças e jovens correndo e saltando por sobre o ontem e gritando pela vinda do amanhã. Vejo o local de trabalho como espaço de realização pessoal. Gosto do que faço e do que tenho ainda para fazer.

DO ORGULHO DE SER PROFESSOR – PARTE II

Sou Professor! Congrego o passado, o presente e o futuro. Sou muitos e de todos os tempos. Como Fernando Pessoa, sou uma antologia de heterónimos.

Sou Sócratesa cultivar a maiêutica e a estimular a juventude de Atenasa descobrir novas ideias atravésda projeção de dúvidas e perguntas. Sou fiel à sua lição de que “oHomem sóé feliz quandoé bom e só é bom quandoconhece”. Sou Platão a casar a ética e a estética, e a dizer que a verdade é a beleza no seu máximo esplendor.

Sou Píndaro apostadoem elevar até ao sol aquilo que reconheçoem mim: “o sonho de uma sombra, eis oHomem”.

Sou também Galileu e Einstein a contradizerem as verdades feitas. Sou Kant a propagar que os princípios éticos são ideais de racionalidade para vivermos mais e melhor e para preservarmos a dignidade.

Sou Karl Popper a convidar para o esforço incessante no sentido de eliminar o erro.

Sou Octávio Paz na crença de que não existe o Homem novo e de que o Homem, não obstante ser cabal e perfeito, é imperfeito, inacabado, inconcluso, carecido de educação e aprimoramento em todos os tempos e lugares e por todos os modos e meios.

Aprendi, com La Fontaine, que “nenhum caminho de flores conduz o homem à glória”. E constatei que assiste toda a razão a Nietzsche: “o que não nos mata, torna-nos mais fortes.” Por isso estou vivo e falo. Por isso e porque reforçado na posição de Artaud: “Sou um sujeito que sofreu. Nessa qualidade tenho o direito de falar”. Falo e tenho o dizer rente ao sentir: Sou e quero continuar a ser professor!

Sou uma multidão de ofícios. Olhem-me bem por dentro e por fora e de alto a baixo. Observem-me atentamente! Por detrás de mim, descobrirão gente famosa que abriu os caboucos para edificar a civilização e a humanidade. Olhem bem e verão Moisés, Buda, Confúcio, Lao Tse, João Baptista, Jesus Cristo e tantos outros!

Sou estes e muitos mais que apontaram vias de transcendência e superação através de feitos e mitos, de contos, histórias, mandamentos, parábolas e evangelhos. Sou todos quantos se amarram à empreitada denodada de desacorrentar Prometeu, de lhe libertar os pés e as mãos, a cabeça, a emoção e a razão, os desejos e sentimentos, as expressões do riso e do sorriso.

Sigo na esteira de Goethe: “A coisa mais digna, de que se ocupa o Homem, é a forma humana.” É isso que constitui o meu mister. Exerço a profissão própria de quem gosta de ajudar indivíduos a tornar-se Pessoas, de as cultivar e valorizar. Com a alma lavada e os gestos purificados, porque a toda a hora toco em flores e recebo a visita da poesia.

Caríssimos companheiros:temosboasrazõespara pensarbemde nós.E para exigirque nosapreciem devidamente. Conforme o insigne e saudoso Professor Manuel Ferreira Patrício, os poetas e vates são “educadores de 1º grau”; os rapsodos, pedagogos e filósofos são “educadores de 2º grau”. Foram eles que inventaram a Antiguidade donde provimos. São eles e as suas criações que educam as nações.

Sou professor! Agradeço a Deus tamanha honraria e peço-Lhe que me mantenha firme nas convicções e fiel a esta recomendação de um filme de Pedro Almodôvar: “Somos tanto mais autênticos quanto mais sonhamos e nos aproximamos do nosso sonho.”

ORAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Senhor, afastai de mim a tentação de me consumir na afirmação empolada dos grandes objetivos e metas, deixando sempre para amanhã o pouco que posso fazer em cada dia.

Não penseis que, por gostar do fato de treino e do desporto, andar em calções e exercitar o corpo, não pauto a conduta por princípios elevados. Desculpai, por Vos recordar que o pensamento e a consciência não se expressam apenasporpalavras,massobretudoporcomportamentos,obras,atitudes,posiçõeseatos.AconsciênciaéSuperego corpóreo, ínsito no corpo cognoscitivo e reflexivo, dotado de interioridade e sentido.

Por isso fazei, Senhor, com que a retórica não parasite o meu labor, que neste o esforço, a persistência, o empenhamento, o trabalho, a ação e o suor tenham sempre voz. Dai-me ainda o discernimento de perceber que a glória da vida se conquista nela, todos os dias, nas coisas pequenas e simples, pouco a pouco, grão a grão, passo a passo, de degrau em degrau, nas curtas progressões, no respeito dos pequenos compromissos.

Por favor, Senhor, ajudai-me a formar os alunos no entendimento, na estima e apreço destas pequenas grandes coisas!

RESENHA: "CAIXA-PRETA (SALVARAM-SE TODOS OS BONS SENTIMENTOS)".

LINCOLN

“Tudo isso, magicamente transmutado numa linha de raciocínio prudente e decisivo, com a segurança de quem escreveu cada parágrafo com um pedacinho de sua alma; e do preto e branco, coloriu sua realidade, ancorando a apoteose do texto nos parágrafos, vírgulas e pontos”. (Mhario Lincoln).

Há muito tenho evitado ler manuais de autoajuda. Contudo, quando abro este exemplar de “Caixa-Preta”, de Joseana Sousa, o impacto é de tal forma surpreendente que a emoção torna-se clara e abundante, a partir de duras e reais experiências da autora, como na página 25, quando discorre sobre o suicídio do pai biológico, acompanhado no alto de seus 2 anos de idade.

Confesso que o contexto deste livro é forte, o que vem mostrar um outro lado da moeda, bem aquiescido numa das frases de Osho: “Se você é positivo, então, nada é negativo, pois você é o criador de seu próprio mundo”.

Está aí toda a beleza desta obra, onde mostra uma Joseana Sousa, bem perto do que se delimita ser uma humana Índigo, de acordo com tese dos norte-americanos Lee Carroll e Jan Tober, isto é, pessoas evoluídas, nascidas com um propósito de impulsionar o desenvolvimento do Planeta, em diversas atividades. Porém, por terem um estágio mais avançado de pensar o mundo, geralmente enfrentam graves conflitos em seus núcleos familiares e fora dele, ratificando o pensamento de Osho, citado acima.

O livro é forte, conta experiências multidoloridas, mostra situações desumanas, inacreditáveis, incansáveis e humilhantes, até. Mas não é um romance shakespeariano narrado em primeira pessoa. É, na verdade, um belo compêndio de superação.

"Caixa-Preta" transmite uma realidade incomum. Leva a participar de cada evento intrínseco, de cada vivência ali descrita, fortalecendo toda a estrutura orgânica, quando “os acidentes”, como fala a autora, são transformados em pedra de torque para tornar fortes os sentimentos de quem o lê.

Assim vejo esta obra. Uma representação hercúlea do que ela mesmo escreve, "... não cabe a nós mudarmos o começo. Mas podemos querer, imaginar e fazer um novo fim."

MHARIO

Vale explicitar outra questão interessante: a inclusão, ao final de cada capítulo, de auto-questionários. Isso não é inédito. Porém, o ineditismo se prende ao fato de ser incentivada uma avaliação comparativa das vivências da autora e do leitor. Exatamente aí, a diferença abissal entre "Caixa-Preta" e alguns outros livros congêneres. Assim, Joseana não impõe o seu modus vivendi, como verdade absoluta. Ela deixa o leitor livre para respirar suas próprias conclusões. Simplesmente genial!

Ademais, há um outro lado bem característico da autora: a extraordinária fluidez da linguagem discorrida nas páginas deste livro. Às vezes, são parágrafos aterrorizantes - morte do irmão Cláudio ou suicídio do pai biológico. Nesses casos, como num passe de mágica, acaba saindo da boca inconsciente de quem lê: “ ela vai superar isso…”. É extraordinário quando o leitor torce pela autora conseguir seu objetivo.

Mas, não termina aí a beleza da linguagem. Em outros capítulos, senti-me como se a escrita fluísse de forma iniludível, como quem conta fábulas de Esopo. Acho, até, que para formatar um tipo de configuração léxica tão interessante, além dos insights vivenciados, Joseana acabou trazendo algumas influências benéficas, referenciadas pela pedagogia de Maria Montessori, experiências de Donald Winnicott, pediatra e psiquiatra inglês e a Antroposofia, cultuada pelo austro-húngaro Rudolf Steiner.

Tudo isso, magicamente transmutado numa linha de raciocínio prudente e decisiva, com a segurança de quem escreveu cada parágrafo com um pedacinho de sua alma; e do preto e branco, coloriu sua realidade, ancorando a apoteose do texto nos parágrafos, vírgulas e pontos.

Desta forma, Joseana Sousa convence, porque escreve com palavras do coração, as quais servem, sim, de base para a solução de vários casos de superação especificados no livro, atingindo o objetivo que lhe era favorável naquele momento da vida, como lá pelas páginas 59, quando narra sua tentativa de fuga da cidade natal com apenas 10 anos, em razão de ter suposto ser reprovada de ano e que, por essa razão, poderia levar uma violenta surra.

Arquitetou tudo, mas foi pega e trazida de volta para casa. Vejam só que beleza de conclusão quando ela escreve, “(…) eu não me lembro da surra, então, acho que não apanhei. Ah! Também não reprovei no final do ano. (…)”. Viu que sutileza?

Dessa forma, o leitor atento, imediatamente tira suas conclusões sobre a antecipação do sofrimento e outras coisas inerentes ao contexto. Esse é o mote para que, ao final do capítulo, o leitor responda a questionários inteligentes sobre ele mesmo e não sobre o que a autora pressupôs. Entendeu como funciona?

A beleza desse livro vai muito além das nuvens de um céu de brigadeiro, navegado por uma piloto da aviação brasileira. Reúne força, dinâmica, autoconfiança, ambição e, em muitas páginas, ensina algumas características indispensáveis para uma grande liderança.

Aliás, “...grandes líderes quase sempre são grandes simplificadores. Conseguem passar por discussões, debates e dúvida para oferecer uma solução que todos possam entender.” – Colin Powell, secretário de estado norte-americano. É assim o livro “Caixa-Preta”. Induz o leitor a um entendimento prático, tendo como base, as discussões, os debates/embates e soluções da autora.

Portanto, quem chegar ao final dessas páginas, se sentirá indubitavelmente envolvido por algo parecido com um gestor de alta performance, liderando o seu time, onde cada integrante conseguirá extrair de si mesmo, o máximo, reavaliando forças e fraquezas, construindo “steps” crescentes, com base firme num elo entre o leitor e a autora. É a força de um energizando o outro, em prol de um objetivo comum.

Estou maravilhado com esta obra e vou seguir ao pé da letra, o que Joseana Sousa (ou Claudiane, como a conheciam em São Domingos, no Maranhão, onde nasceu), disse:

“Aterrissagem autorizada: ouse e vá além. Ou, então, escolha decolar”.

Joseana Sousa. (Divulgação).

QUEM É JOSEANA SOUSA

Joseana Sousa é Psicanalista, Master Coach Trainer Sistêmica, certificada por renomadas instituições nacionais e interna- cionais, como European Coaching Association (ECA), Behavioral Coaching Institute (BCI), Metaforum Internacional, Instituto Bra- sileiro de Coaching (IBC).

Bacharel em Ciências Aeronáuticas, Pisicanalista Clínica, Psicoterapeuta, com MBA em Treinamento Desenvolvimento Humano e Coaching, Pós-Graduação em Constelação Sistèmica e Hipnose Ericksoniana, Master Trainer.

Analista Corporal e Comportamental, Piloto de Avião e apaixonada por desenvolvimento pessoal. Empreendedora e Criadora do Método Caixa-Preta.

Já atendeu centenas de mulheres em diversos países, entre eles Austrália, Noruega, Itália, Espanha, Portugal, Moçambique e Brasil.

ROGÉRIO ROCHA

A juventude atual está crescendo na era hipermoderna, o que significa que está exposta a uma quantidade maior de estímulos do que as gerações anteriores. Os centennials - aqueles nascidos entre 1995 e 2010 - são a primeira geração a crescer totalmente inseridos na era digital, e isso está mudando radicalmente seus comportamentos.

A hipermodernidade está caracterizada por uma grande diversidade de informações e estímulos, muitas vezes conflitantes, que nos chegam através das mídias tradicionais e digitais. Isso pode gerar um sentimento de sobrecarga mental, especialmente quando se trata de escolher o que é ou não importante.

É fato que temos acesso a mais informações, contudo, nem sempre conseguimos processá-las de maneira crítica. No plano comportamental, dadas as mudanças na nossa tábua de valores, observamos que o ideal deveria ser que nos tornássemos mais flexíveis em relação a opiniões e pontos de vista, já que as 'verdades absolutas' são raras nesta era complexa.

Em que pese sabermos que a humanidade assimilou avanços civilizatórios que nos permitem ver a realidade com outro olhar, superando certos preconceitos, temos percebido, por outro lado, o ressurgimento de crenças ultrapassadas e o recrudescimento de posturas antiéticas que ferem valores consagrados, como a dignidade humana, bem como os que afrontam as normas legais.

Outro dado a se anotar é o de que nem todos os aspectos do universo mental das sociedades de nosso tempo tem evoluído na mesma velocidade. Citemos, por exemplo, a capacidade de concentração, que tende a diminuir quando se é exposto à grande quantidade de informações disponíveis na Internet.

Isso é particularmente preocupante em relação aos jovens, cujos cérebros ainda estão em desenvolvimento e por serem mais vulneráveis à distração. Ainda assim, todos estamos suscetíveis a tais efeitos, visto que vivenciamos a mesma realidade, com nossos artefatos tecnológicos e múltiplas telas.

Além disso, o uso das tecnologias de conexão contínua pode ter um impacto negativo em nossa saúde mental. A pressão para manter uma "imagem perfeita" nas redes sociais e a busca desenfreada por views e likes pode nos levar a desenvolver distúrbios como depressão e ansiedade.

Problemas com os quais teremos que aprender a conviver e a sobreviver.

EFEITOS DA HIPERMODERNIDADE

POESIA E FILOSOFIA: EM BUSCA DO PENSAR QUE POETIZA ROGÉRIO ROCHA

Proponho-me a discorrer sobre a suposta relação entre importantes áreas da cultura. Relação fundada há, pelo menos, dois mil e quinhentos anos e que acabou por estabelecer um grau de parentesco entre dois significativos campos do saber, quais sejam: a poesia e a filosofia.

Meu principal intento será o de indicar as razões da viabilidade em se falar de uma proximidade fundacional entre o saber crítico-reflexivo da filosofia e a arte da poesia.

É preciso compreender, entretanto, que estou a tratar de campos de pesquisa autônomos, com estatutos de legitimação epistemológica distintos e que congregam objetos, métodos e finalidades específicas.

De um lado a poesia, forma de linguagem que tem por característica fundante o predomínio de um texto lírico, com objetivo de exprimir percepções do sujeito diante do mundo, quer pela via da expressão crítica, quer pela meramente estética. Para tanto, faz-se necessária a existência de uma relação triádica composta pela poesia (como arte), pelo poema (como produto final e objeto dessa arte) e pelo poeta (criador e artífice).

A filosofia, por seu lado, consiste no imprescindível campo de investigações que penetra as raízes dos problemas fulcrais da vida com a ferramenta do método e as luzes do logos. Voltando ao princípio, pode-se constatar que os filósofos pré-socráticos Xenófanes, Heráclito, Parmênides e Empédocles, por exemplo, escreveram suas reflexões utilizando um estilo de escrita similar ao encontrado na prática da versificação. Mas por quê? A resposta é relativamente simples. Porque a poesia, enquanto gênero literário, surgiu, no Ocidente, bem antes da prosa e da própria filosofia, ainda no tempo dos mitos, nas narrativas gregas dos tempos heroicos.

Além do mais, havia, por assim dizer, uma unidade originária, uma estreita aproximação entre a linguagem escrita e os vários discursos ligados à oralidade do período ágrafo. Sendo assim, no plano da história, pôdese observar a assimilação e uns pelos outros. Foi o caso do nascente discurso filosófico, absorvido pelo fazer poético, nomeadamente sob a forma do poema.

Mesmo com a famosa condenação platônica dos poetas e da poesia em seu clássico “A República”, e com a posição de teóricos que defendem haver uma divergência histórica entre os dois saberes, percebe-se a ocorrência de um vínculo entre eles. Vínculo que se apresenta desde suas gêneses e continua a influenciar as manifestações do intelecto.

Em decorrência do acima exposto, é razoável compreender o fato de as primeiras reflexões filosóficas terem sido realizadas por meio de enunciados poéticos, na mesma perspectiva do que, no plano de expressão da linguagem, era usual durante aquele período da história.

Foi como se a filosofia tivesse aderido à forma poemática para dar corpo às proposições e questionamentos lógicos.

Desse modo, trago aqui, a título de ilustração, dois exemplos extraídos aos fragmentos de Heráclito que possuem ligação com o que foi acima afirmado:

SEXTO EMPÍRICO, Contra os Matemáticos, VII,132.

“Deste logos sendo sempre os homens se tornam descompassados quer antes de ouvir, quer tão logo tenham ouvido; aos outros homens escapa quanto fazem despertos, tal como esquecem quanto fazem dormindo.”

ARIO DÍDIMO, em EUSÉBIO, Preparação Evangélica, XV, 20.

“Aos que entram nos mesmos rios outras águas afluem; almas exalam do úmido.”

49a. HERÁCLITO, Alegorias, 24.

“Nos mesmos rios entramos e não entramos, somos e não somos.”

Ora, a poesia em seu estrito senso, inserida num corpo-poema, constitui-se como um discurso-objeto, isto é, um discurso de caráter não proposicional, metafórico, contudo reiterável. Caracteriza-se por sua linguagem de abertura ao diverso e ao transcendente, ainda que utilizada para expressar a realidade. Logo, é, por natureza, uma linguagem no campo de um discurso não-convencional, chegando a lidar, por isso, também com o que vige na esfera do imponderável.

Enquanto isso, a filosofia, tipo de discurso convencional apoiado no método e na lógica, ocupa-se em analisar a realidade através de argumentos construídos com base em fundamentação racional.

Mesmo assim, em sua origem, na antiguidade grega, ainda que parcialmente, o pensamento filosófico ‘derivou’ da poesia como um de seus modos externalizáveis.

Explico a razão do uso do entre aspas quando do emprego da palavra derivou, ao correlacionar os referidos campos de conhecimento. Ambos emergiram do páthos, ou seja, do espanto, condição que precede a tudo que nos toca e nos permite um inevitável estado de admiração.

Poesia e Filosofia, portanto, tiveram por arkhé (princípio) um “páthos” (espanto). Foram tomadas pela vertigem provocada ao defrontarem-se com as “aporias”, com a incerteza presente no íntimo de cada recorte da realidade, na dúvida radical que as empurrou na direção de seus intentos formadores.

Daí o motivo pelo qual Alberto Pucheu as denominou de “espantografias”, isto é, escritas sobre espantos. Contudo, enquanto a filosofia buscou interpretar a realidade imanente e transcendente do mundo, em prol do saneamento das dúvidas humanas mais angustiantes, a poesia optou por tentar expressar o impossível de modo crível.

Nela, diferentemente da primeira, tudo pode ser e acontecer, vez que opera no âmbito de uma feitura. Ainda assim, responde a certos parâmetros definidores de condições de existência, representados, sobretudo, pelas regras de versificação, escanção e métrica.

Falando da filosofia, é relevante lembrar que na última fase da produção teórica de Martin Heidegger, por exemplo, viu-se o predomínio do pensar que poetiza sobre o pensar que filosofa.

Tal virada encontra explicação no fato de que a filosofia, segundo ele, teria alcançado seu fim. Razão pela qual ficaria a cargo da poesia a passagem (Übergang) a um pensamento do Ser. Assim sendo, o pensamento poético passaria a definir, dali em diante, um modo de ser com o mundo.

Vale frisar, contudo, que sempre que a poesia toma por traço fundamental mostrar-se como demasiadamente teórica, acaba por forçar o poeta a também pensá-la. Pensar o conteúdo mais que a forma, sua engenharia personalíssima, seus planos internos e externos, evidentes ou implícitos.

Eis o fazer poético. Um pensamento que escolheu seguir pelo caminho da sensibilidade, das intuições, da contemplação estética como via alternativa num mundo rodeado de fenômenos cientificizados. Ao mesmo tempo, com o propósito de dividir com a reflexão filosófica a leitura do mundo, esse modelo de racionalidade adicionou camadas de racionalidade capazes de acessar verdades cujo pensamento tradicional buscava. Isto posto, entendo que a poesia se situa correlacionada à filosofia, mediante o que María Zambrano denominou de razão poética. Condição que radica na gênese desses dois campos e a qual nominei de emaranhamento intermitente. Fenômeno movido pela intencionalidade subjetiva do poeta e do filósofo, que vem se manifestando em caráter circunstancial, porém com retomadas constantes, desde os pensadores originários.

Nesse sendido, verifica-se a possibilidade da prática de um pensar que poetiza, a partir da unidade que fabricou poetas-filósofos como Mallarmé, Lucrécio e filósofos-poetas como Platão, Hölderlin, Nietzsche, Rilke e Heidegger.

HISTÓRIA(S) DO MARANHÃO

ORIGEM DOS JOGOS ESCOLARES EM IMPERATRIZ

DOMINGOS CEZAR

Os jogos escolares, ou nas escolas, teve sua origem em meados da década de 60, quando alunos do Ginásio Bernardo Sayão organizaram um time de futebol, o GBS (sigla do nome do estabelecimento escolar), para disputar o campeonato gerido por desportistas como Frei Epifânio da Badia.

Nessa época havia times de muita qualidade a exemplo do Renner, que tinha como líder o desportista Renato Moreira; o Comercial, liderado por Amadeu Caveira, o Imperatriz, formado por estivadores e o União, que tinha em seu elenco filiados à União Artística, Operária e Agrícola de Imperatriz.

Enquanto o time do Ginásio Bernardo Sayão disputava com os considerados grandes clubes, alunos das escolas existentes jogavam uns contra os outros, nas modalidades de voleibol, futebol de salão (hoje, futsal) e, principalmente, o futebol em campinhos da cidade.

Com o crescimento de Imperatriz e o surgimento de novas escolas, em 1976 foram criadas as Olimpíadas Colegiais de Imperatriz (OCOI), em uma parceria entre as escolas participantes e o Projeto Rondon. A parceria durou três anos, e tinha como coordenador o professor Leopoldo Gil.

As Olimpíadas Escolares foram substituídas pelos Jogos Escolares de Imperatriz (JEI's) no ano de 1979, envolvendo dezenas de escolas e centenas de atletas e técnicos. No início dos anos 2000 os Jogos foram interrompidos por dois anos.

Os JEI's voltaram com força total, se solidificando e crescendo até os dias atuais, no início da gestão do prefeito José de Ribamar Fiquene, cuja administração tinha como titular da Secretaria de Desporto e Lazer, a professora Mary de Pinho, que fortaleceu a partir de então os JEI's.

NOTA DO EDITOR

A OCOI foi criada em 1975, por Alberto Milléo Filho e Roberto Gelobom; Milléo é professor de Educação Física e à época dirigia o Campus Avançado da UFPr em Imperatriz; o Prof. Leopoldo – o locutor que vos fala – chegou em 1976, e deu continuidade ao trabalho do Milléo, quando da criação do DEFER/SEDUC. A OCOI teve quatro edições, quando foi ‘transformada’ em Jogos Escolares de Imperatriz; quando deveria ser o quarto, começaram a numeração de ‘primeiro’... Perdeu-se a História/memória, com essa decisão...

ALGUMAS NOTÍCIAS SOBRE A INDEPENDENCIA DO BRASIL, NO MARANHÃO

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO ACADEMIA LUDOVICENSE DE LETRAS ACADEMIA POÉTICA BRASILEIRA

Eis que o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão abre concurso comemorativo aos 200 anos da Independência do Brasil, com a adesão do Maranhão à mesma, ocorrida em 1823. Quais as notícias que apareceram na Imprensa maranhense nesse período sobre o acontecimento?

Gazeta Universal (Lisboa, POR) - 1821 a 1823 Ano 1822\Edição 00279 (1)

Astro da Lusitania (Porto, POR) - 1820 a 1823 Ano 1822\Edição 00245 (1)
Conciliador do Maranhão (MA) - 1821 a 1823 Ano 1822\Edição 00117 (1) AGOSTO
Ano 1822\Edição 00127 (1)
Ano 1822\Edição 00140 (1)
Ano 1822\Edição 00141 (2)
Ano 1823\Edição 00172 (1)
Ano 1823\Edição 00188 (2)
Ano 1823\Edição 00191 (1)
Ano 1823\Edição 00195 (1)
Ano 1823\Edição 00198 (1)
Ano 1823\Edição 00210 (1)
Gazeta Extraordinaria do Governo da Provincia do Maranhão (MA) – 1823 Ano 1823\Edição 00001 (1)
Ano 1823\Edição 00003 (1)

O SINISTRO RITUAL DO ENFORCAMENTO DE BECKMAN

RAMSSÉS SILVA

ARevoltadeBeckmané consideradaaprimeirarevoltanativistadopaís,aindanoperíodocolonial, deflagrada por Manoel Beckman, senhor de engenho e líder do movimento contra o famoso "estanco"; cobranças tributárias abusivas da Coroasobre os produtos de exportaçãodacolônia.Pois bem, essenão éo focoprincipal desta postagem e ficará para uma próxima oportunidade. O alvo do artigo são os acontecimentos durante e após a sua macabra execução, tempos depois de seu aprisionamento.

O engenho de Manoel Beckman ficava na ribeira do rio Mearim, num lugar chamado Vera Cruz, onde hoje se acha a cidade de Vitória do Mearim e foi lá que ele foi capturado, entregue que foi pelo seu traidor Lázaro de Melo, seu afilhado e, até então, amigo.

O organograma dessas execuções era rigorosamente previsto na legislação colonial e, no Maranhão, religiosamente cumprido.

Nos 3 dias que antecederam sua execução, já na prisão, o Bequimão passou horas de retiro espiritual, acompanhado de 3 religiosos da Irmandade da Misericórdia, que se revezavam nos confessionários. Comida leve lhe foi administrada durante esse tempo, enviada pela Santa Casa.

10 da manhã do dia 10 de novembro de 1685. Sai o malogrado cortejo, com detalhes ritualísticos de deixar qualquer um bestializado.

Segue a marcha. Aberta por um destacamento militar de soldados rasos. Duzentos metros atrás, segue o grupo de oficiais, que lerão em voz alta a sentença. Logo atrás, o Relator (juiz), com manto de seda preto e chapéu de pena à Henrique IV. Mais atrás, a bandeira da irmandade e mais dois candelabros e 10 padres, um deles com um enorme crucifixo amarrado nas mãos.

O cortejo passa. Chega a vez de Bequimão; vestido num dominó branco e cabeça coberta por um capuz. Nada vê. Sabe que sua hora é chegada. Ouve apenas lamúrias do povo atônito por onde passa. O capuz deixa, no entanto, à mostra as cordas, já entrelaçando o seu pescoço.

Acompanham Bequimão dois carrascos negros, escoltados por Oficiais de Justiça e acorrentados um ao outro. Um seguraacaldadas longas vestesdeBeckman, ooutro,levaconsigo2enormes facões, paracortar as cordas no momento da execução. Seguem-se mais 2 negros. Um carrega um banco de madeira e o outro uma cesta com alimentos.

Ainda não havia acabado. O cortejo devia passar, obrigatoriamente, em frente à uma igreja, onde Bequimão ouviria a missa e, antes da comunhão, seguiria até o destino final.

Bequimão, enfim, chega à Praia do Armazém, onde a forca o espera. Ele não a vê; ainda de capuz e de costas pra esta, ele ouve a sentença, lida em voz alta pelos Oficiais. Os padres, agora, lhe oferecem alimento contido na cesta. Terminada a caridade, ele é levado ao pé da forca, onde beija as chagas de uma imagem de Nosso Senhor Jesus Cristo entalhada no enorme crucifixo.

Sai o cortejo religioso. Dois confessores o ajudam a subir as escadas da forca de costas até o penúltimo degrau. Um dos carrascos conecta as cordas da forca ao pescoço de Bequimão. O outro, lhe amarra os pés. Tiram-lhe o capuz. Um dos religiosos pede ao povo clemência pela alma do executado.

A corda já está bem apertada no pescoço de Bequimão. Um dos carrascos sobe sobre seus ombros. O outro, ergue-lhe as pernas e o derruba da escada para que o peso do primeiro lhe abrevie a vida rapidamente.

"Pelo povo do Maranhão, morro contente!", diz Bequimão antes de ter seu corpo precipitado para o cadafalso da morte.

Nada mais se ouve a não ser o barulho das ondas e o soprar da brisa. É o fim de Bequimão.

Descem às pressas seu corpo da forca. Era hora de executar outro revoltoso; Jorge de Sampaio. Bequimão agora segue em outro cortejo, o fúnebre. Seu corpo é conduzido somente por amigos e parentes para o

sepultamento junto à extinta capela da Misericórdia, onde hoje funciona o Banco do Brasil da Av. Dom Pedro II. Chora a parentela. Choram os amigos. Está tudo terminado.

E ali jazem, provavelmente até os dias atuais, os restos mortais de Manoel Beckman, o Bequimão...

Fonte: A Revolta de Bequimão, de Mílson Coutinho (1984).

FRAN PAXECO:

recortes & memórias

LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

NÚMEROS PUBLICADOS:

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MARANHAY : Revista Lazeirenta (Revista do Léo) 55, abril 2021 - Especial: ANTOLOGIA - ALHURES by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu

VOLUME 58 – MARÇO DE 2021

MARANHAY 58 - ANTOLOGIA: OS ATENIENSES, março 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu

VOLUME 57 – MARÇO DE 2021

MARANHAY 57 - MARÇO 2021: EDIÇÃO ESPECIAL - OS ATENIENSES, VOL. III by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu

VOLUME 56 – MARÇO DE 2021

MARANHAY - (Revista do Léo ) - 56 - março 2021 - EDUÇÃO ESPECIAL: ANTOLOGIA - MULHERES DE ATENAS by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu

VOLUME 55 – MARÇO DE 2021

VOLUME 54

MARANHAY - Revista Lazeirenta (Revista do Léo) 55, março 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu

FEVEREIRO DE 2021

MARANHAY (Revista do Léo) 54 - FEVEREIRO 2021 by Leopoldo Gil Dulcio Vaz - issuu

VOLUME 53 – JANEIRO 2021

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VOLUME 52 –DEZEMBRO – 2020

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VOLUME 51 –NOVEMBRO – 2020

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VOLUME 50 – OUTUBRO – 2020

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VOLUME 49– SETEMBRO - 2020

https://issuu.com/home/published/maranhay_-_revista_lazerenta_-_49_-__2020_-

VOLUME 48– AGOSTO - 2020

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VOLUME 47– JULHO - 2020

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VOLUME 46– JULHO - 2020

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VOLUME 45– JULHO - 2020

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VOLUME 44 – JULHO - 2020

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VOLUME 43 – JUNHO /SEGUNDA QUINZENA - 2020

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VOLUME 42 – JUNHO 2020

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VOLUME 41-B – MAIO 2020

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VOLUME 41 – MAIO 2020

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VOLUME 40 – ABRIL 2020

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VOLUME 39 – MARÇO 2020

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VOLUME 38 – FEVEREIRO DE 2020 – EDIÇÃO ESPECIAL – PRESENÇA AÇOREANA NO MARANHÃO

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REVISTA DO LÉO - NÚMEROS PUBLICADOS A PARTIR DESTE NÚMERO, CORRIGIDA A NUMERAÇÃO, COM SEQUENCIAL, DOS SUPLEMENTOS E EDIÇÕES ESPECIAIS:

VOLUME 37 – edição 24.1, de setembrp de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: I. XAVIER DE CARVALHO: RECORTES E MEMORIA

https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec

VOLUME 36 – edição 23.1, de agoto de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: AINDA SOBRE A CAPOEIRAGEM MARANHENSE

https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__23.1-_agosto_2019_-

VOLUME 35 – edição 22.1, de julho de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE

https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__22-_julho_2019_-_ed

VOLUME 34 - edição 20.1, de maio de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO E A QUESTÃO DO ACRE

https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__20.1_-_maio_2019_-

VOLUME 33 – edição 16.1, de janeiro de 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: PESCA NO MARANHÃO

https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__16_1__-_janeiro__20

VOLUME 32 – edição 15.1, de dezembro de 2018 ÍNDICE DA REVISTA DO LEO 2017-2018

https://issuu.com/…/docs/214ndice_da_revista_do_leo_-_2017-201

VOLUME 31 – edição 8.1, de maio de 2018 EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO: VIDA E OBRA – MAIO 2018

https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_8.1_-__especial__fra

VOLUME 30 – edição 6.1, de março de 2018

https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_especial__faculdade_

VOLUME 29 – FEVEREIRO 2020

https://issuu.com/home/published/revista_do_leo_-_maranhay__29-_fevereiro___2020b

VOLUME 28 – JANEIRO 2020

https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_maranhay__28_-_janeiro____2020b

VOLUME 27 – DEZEMBRO DE 2019 –

https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__27_-_dezembro___2019

VOLUME 27.1 – DEZEMBRO DE 2019 – suplemento – OS OCUPANTES DA CADEIRA 40 DO IHGM

https://issuu.com/home/published/revista_do_leo__27.1_-_dezembro___2019

VOLUME 26 –NOVEMBRO DE 2019 –

https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__26_-_novembro__2019

VOLUME 25 –OUTUBRO DE 2019 –

https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__25_-_outubro__2019

VOLUME 24 – SETEMBRO DE 2019 – LAERCIO ELIAS PEREIRA

https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec

VOLUME 24.1 – SETEMBRO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: IGNÁCIO XAVIER DE CARVALHO: RECORTES E MEMORIA

https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__24_-_setembro__2019_-_edi__o_espec

VOLUME 23 – AGOSTO DE 2019

https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo__23-_agosto_2019

VOLUME 23.1 – AGOSTO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: AINDA SOBRE A CAPOEIRAGEM MARANHENSE

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VOLUME 22 – JULHO DE 2019

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VOLUME 22.1 – JULHO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: CAPOEIRAGEM TRADICIONAL MARANHENSE

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VOLUME 21 – JUNHO DE 2019

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VOLUME 20 – MAIO DE 2019

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VOLUME 20.1 - MAIO 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO E A QUESTÃO DO ACRE

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VOLUME 19 – ABRIL DE 2019

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VOLUME 18 – MARÇO DE 2019

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VOLUME 17 – FEVEREIRO DE 2019

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VOLUME 16 – JANEIRO DE 2019

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VOLUME 16.1 – JANEIRO DE 2019 – EDIÇÃO ESPECIAL: PESCA NO MARANHÃO

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VOLUME 15 – DEZEMBRO DE 2018

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VOLUME 15.1 – DEZEMBRO DE 2018 – ÍNDICE DA REVISTA DO LEO 2017-2018

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VOLUME 14 – NOVEMBRO DE 2018

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VOLUME 13 – OUTUBRO DE 2018

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VOLUME 12 – SETEMBRO DE 2018

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VOLUME 11 – AGOSTO DE 2018

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VOLUME 10 – JULHO DE 2018

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VOLUME 9 – JUNHO DE 2018

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VOLUME 8 – MAIO DE 2018

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VOLUME 8.1 – EDIÇÃO ESPECIAL – FRAN PAXECO: VIDA E OBRA – MAIO 2018

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VOLUME 7 – ABRIL DE 2018

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VOLUME 6 – MARÇO DE 2018

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VOLUME 6.1 – EDIÇÃO ESPECIAL – MARÇO 2018

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VOLUME 5 – FEVEREIRO DE 2018

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VOLUME 4 – JANEIRO DE 2018

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VOLUME 3 – DEZEMBRO DE 2017

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VOLUME 2 – NOVEMBRO DE 2017

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https://issuu.com/leovaz/docs/revista_do_leo_-_1_-_outubro_2017

VOLUME 1 – OUTUBRO DE 2017
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