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DOM LUIZ RAIMUNDO HOJE É DESCONHECIDO, ESPECIALMENTE NO MARANHÃO,

SUA TERRA NATAL.

Diogo Gagliardo Neves

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Nascido numa família pobre no município de São Bento, na Baixada, era um homem negro, alto, corpulento e filiado ao ultramontanismo. Além de conseguir galgar degraus importantes na hierarquia católica, foi vereador e deputado provincial.

Adotado como guia espiritual por Dona Isabel, filha do imperador do D. Pedro II, frequentava o Paço em Laranjeiras. Sua posição afirmava o compromisso da sucessora do Império com a Abolição e rejeição das pautas do racialismo científico, que prosperavam.

OmonsenhorteriaauxiliadoD.Isabelaorganizaraprimeiraeconcorrida“BatalhadeFlores”,festatradicional do carnaval de Nice, França, e realizada em Petrópolis no dia 12 de fevereiro de 1888 com o objetivo de reunir fundos para a alforria de escravizados dessa cidade na Páscoa daquele ano.

Por ocasião do 13 de maio de 1888, a abolição da escravatura, era vigário-geral no Município Neutro, e, em nome do bispo diocesano, ordenou a todos os demais vigários do Rio de Janeiro que celebrassem ação de graças pela promulgação pacífica da lei.

Foi o maior orador sacro de sua época, e suas homilias eram disputadas, lotando as igrejas. Onde falasse era respeitado.

Sá Vale, em 1937, o chama de “O Bossuet maranhense” e talvez esse epíteto já fosse usado nos anos finais do Segundo Reinado. Jacques-Bénigne Bossuet (1627-1704) foi um padre e orador sacro mais respeitado na França de sua época. Porém, não apenas fosse essa a razão de tal comparação, senão, também, a proximidade do monsenhor Brito com a Família Imperial, posto que o próprio Bossuet era conselheiro do rei Luís XIV, cognominado “Rei Sol”, e entraria para a história da política como um defensor intransigente da autoridade real, inclusive sobre a do papa em determinadas matérias.

Por óbvio, não era esse caso, nem do monsenhor Brito e nem mesmo de D. Isabel, dados os contextos e configurações completamente díspares.