Portifólio - Introdução ao pensamento de Paulo Freire

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Leonardo Santos

PORTIFÓLIO

Introdução ao pensamento de Paulo

P R O F E S S O R A C I D A Z A N E T T I U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D O P A R N Á
Freire 2023

“O senhor me pediu alguns fatos puros, frios. (...) Não acredito que haja um só fato frio em mim, ou, a propósito, nada de frio neste assunto específico. Tenho apenas fatos longos e quentes sobre o assunto do ensino criativo, que chegam a queimar tanto a página quanto eu”*

Nada melhor para começar esse registro do que com as palavras de uma alfabetizadora. Essa frase é um trecho de Entrevista de Sylvia Ashton-Warner, alfabetizadora na Nova Zelândia - Sylvia acreditava na leitura e na escrita orgânicas. O aprendizado deve ser real. Deve partir da experiência de uma pessoa e relacionar-se com seu mundo.

Além dela estar em sintonia com Freire, a consciência de que o seu relato não pode ser apenas letra morta é projetada nas seguintes páginas sobre Freire. A função desta revista não é fazer um mero "Blá Blá Blá", mais compartilhar o que queima nas letras e queima em mim, mais um calor freireano que é incomodo pois convoca, mas, afável pois é amoroso.

UM EDUCADOR INTEIRO

-Metade dele era boniteza!

-E a outra?

-Também!

Freire, um intelectual que não tinha medo de ser amoroso, propunha ser inteiro, estar comprometido na sua inteireza. É impossível falar de Freire sem falar da sua amorosidade, pois ao amar, não apenas o amor romântico, mas o amor de Guevara como ele cita em Pedagogia do oprimido, é impossível não se comprometer com os educando: O professor comprometido é Ético, Estético e Político.

S O B R E A C A P A

SULEAR

INICIAMOS A DISCIPLINA COM A IDEIA DE SULEAR OS SABERES. PROPOR UM GIRO QUE INVERTE A LÓGICA COLONIALISTA. TORRES-GARCÍA DESAFIOU A MENTALIDADE TRADICIONAL E REPOSICIONOU O SUL COMO O NOVO NORTE.

SULEAR OS MAPAS É UMA FORMA DE TRANSGRESSÃO

INTERESSANTE POIS É REVELAR O QUE MUITAS VEZES OS MAPAS

ESCONDEM. MUITAS VEZES, AS CIDADE QUEREM ESCONDER OS

SEUS SUJEITOS, SUAS MISÉRIAS, SUAS DESIGUALDADES E

VIOLÊNCIAS OU NAÇÕES QUEREM ESCONDER SUAS MATAS

DEVASTADAS POR MADEIREIRAS, QUEREM ESCONDER QUE OS

GRANDES ZELADORES DAS FLORESTAS SÃO OS INDÍGENAS, OS

MAPAS DÃO CONTA DE NARRAR ESSAS HISTÓRIAS DE ACORDO COM

A CONVENIÊNCIA DE QUE OS PRODUZIU. SULEAR OS SABERES É A

FORMA DE TRAZER PARA A MESA OS ESFARRAPADOS DO MUNDO E

FAZER PARA E COM ELES UMA NOVA PEDAGOGIA.

Dialógos

Freire inicia traçando reflexões sobre o diálogo. Para que haja diálogo, segundo ele é necessário que os dois sujeitos sejam tratados em igualdade de razão, ou seja, um deles não seja alguém amorfo que apenas receba a palavra. O diálogo envolve amor e fé no humano, no seu "Ser mais" e também a humildade de "se saber não sabido"

Para iniciar a disciplina a professora Cida propôs a Leitura do texto:

DialogicidadeEssência da educação como prática de liberdade

Lembrando que para Freie o diálogo é condição existencial, pois além da palavra ser usada para pronunciar está em todo lugar. Estamos cercados pela palavra e estar longe dela é obra da desumanização.

-nãose torna educador emuma quarta-feira qualquer

Paulo Reglus Neves Freire nasceu em 1921, no Recife, Pernambuco. Ainda que tenha formado em direito, ele advogou apenas um caso. Mas, Freire encontrou-se na educação por conta da experiência com sua esposa que era alfabetizadora, segundo ela:

"Eu já esperava por isso, você é um educador (p.25 Paulo Freire para educadores).

A educação falou mais alto ao coração daquele jovem advogado. Que bom!

Uma busca Gulosa

Freire esta preocupado em sua obra em uma atividade "gulosa" que configura um crítica ao formalismo mecanicista das praticas de educação, principalmente expressa no que ele chama de educação Bancária.

Pedagogiado oprimido

O que temos que fazer, na verdade, é propor ao povo, atrave´s de certas contradições báscas, sua situação existencial, concreta, presente, como problema que, por sua vez, o desafia e , assim, lhe exige resposta, não só no nível intelectual, mas no da ação

(Pedagogia do oprimido p.120)

Sua obra mais conhecida, "Pedagogia do Oprimido", publicada em 1968, apresenta suas teorias sobre a educação e discute como a educação pode ser usada para libertar as pessoas da opressão e da exploração. Nesta obra, Freire argumenta que a educação tradicional é opressiva, pois apresenta o conhecimento como algo acabado e pronto, sem permitir que os alunos questionem e reflitam sobre ele.

Em vez disso, ele propõe uma abordagem dialogada e crítica da educação, na qual o professor e o aluno trabalham juntos para compreender e mudar o mundo.

EDUCAÇÃO BANCÁRIA

As principais caracteristicas da educação bancária, criticada por Freire são o formato conservador, a opressão, transformando o individuo em refratário para o depósito, verticalizada, pressupondo que apenas o professor sabe, baseado no silêncio metodológico e censurador do pensamento do educando. Por ser uma narração não há espaço para o diálogo.

"[...] ALGO COMPLETAMENTE ALHEIO A EXPERIÊNCIA EXISTENCIAL DOS EDUCANDOS." (PEDAGOGIA DO OPRIMIDO)

Educação libertadorade Freire

Se a pedagógia é feita "com" o oprimido, ela busca romper com a "enfermidade da narração" pois ela precisa ser necessariamente dialógica. É também importante entender que não trata-se de uma concessão paternalista, pois a voz todos tem. Um exemplo que ocorre é a possibilidade das crianças participarem nos espaços de decisão. A educação libertadora é horizontalizada.

A pedagogia do oprimido é com o oprimido, pois emerge dele, lembre-se que o sujeito se vê como objeto da própria análise e se percebendo oprimido é capaz de lutar para sair dessa condição.

Vencer o bancarismo é vencer a dicotomia que há entre teoria e pratica. Para Freire, a realidade deve fazer parte do conhecer a letra, pos a "leitura do mundo precede a leitura da palavra". A escola é um espaço para conhecer e se organanizar para lutar contra as contradições.

Saberde experiênciaFeito

"Alfabetizarumadultoélibertarumapessoa",dizprofessoradaEJA

Como tornar os saberes mais complexos parte do cotidiano dos educando? A educação bancária apenas propõe uma apresentação descontextualizada dos saberes históricamente produzidas sem significado e conexão com a realidade do aluno. É preciso trazer para a sala de aula os saberes de um caminhoneiro que viaja por todo o Brasil e sabe muito da geografia, os saberes tradicionais de um lider indígena sobre plantas medicinais e os saberes matemáticos de um pedreiro.

SaladeauladeEJA,EnsinodeJovenseadultosnaescolaMunicipalViladasTorres.NaimagemProfessoraCristinaAlmeida

CIRCULOS DE LEITURA

Baseado em uma educação democrática, os circulos de leitura são baseados no diálogo e no compartilhamento dos saberes. Para Freire os espaços escolares devem sempre trazer as problemáticas vivenciadas na realidade dos educando. Tanto para que ele possa, como diz Freire, se tomar como objeto e sujeito da autoánalise de si e do mundo. É importante deixar claro que o que Freire propôs não é um método ou uma receita que deve ser seguida sem críticas, mas, o que ele faz é fundamentar as praticas metodologicas ao proposta um critica a o formalismo mecaniscista presente na escola.

3
Freire é muito mais que o criador de um método

EVA VIU A UVA

Freire irá denunciar as práticas meramente mecânicas da alfabetização.

Não é sifgnificativo para o estudante aprender um conglomerado de palavras através de texto que busca trabalhar as formações de forma preguiçosa e descontextualizada da realidade. Ensinar a escrever, antes de ser apenas operar processos e mecânicas trata-se de significar, interpretar e conhecer o mundo!

Freire era das gentes e com as gentes, ele pregava contra a desumanização dos educadores - "Vou estar onde as gentes estão" e "amo as gentes e amo o mundo" - É por conta disso que ao iniciar o processo de letramento Freire fala da importância de habitar os mesmos espaços do educando, indo estender roupa, jogar baralho, pegando ônibus, jogando uma bola no recreio. São formas de alcançar o que ele chama de levantamento do Universo vocabular.

Os limites do meu mundo, são os limites da minha linguagem

AS ETAPAS DO PROCESSO DE LETRAMENTO PRESSUPÕES A SUPERAÇÃO DA DICOTOMIA TEORIA-PRÁTICA

LEVANTAMENTO

LDO UNIVERSO VOCABULAR DOS EDUCANDOS

SELEÇÃO

SDE PALAVRAS E TEMAS GERADORES C CRIAÇÃO

ANDAR PELAS RUAS, SENTAR NAS RODAS, EXTRAPOLAR O ESPAÇO DA ESCOLA, SE FAZER COM O ALUNO OS PROCESSOS DE PROXIMIDADE SÃO VALIOSOS PARA QUALQUER CURRÍCULO

EM UMA PALAVRA CABE MUITA COISA DENTRO, ESSE É O MOMENTO QUE PARTIRÁ DO QUE OS ALUNOS TROUXERAM PARA ENTENDER UM TEMA QUE POSSA DAR INICIO AS DISCUSSÕES.

CONVERSAS QUE PROVOCAM AS DISCUSSÕES BASEADAS NAS SITUAÇÕES DE VIDA DOS EDUCANDOS.

ELABORAÇÃO

DAS FICHAS ROTEIRO

DE SITUAÇÕES EXISTENCIAIS EM GRUPO E

PERGUNTAS NORTEADORAS

PREPARADAS PELO PROFESSOR PARA CONDUZIR AS REFLEXÕES

CONFECÇ

DAS FICHAS COM SILÁBICA

LETRAMENTO FREIRE
C
O PAULO
FREIRE

CAPÍTULOIII: ENSINARÉUMA ESPECIFICIDADE HUMANA

Neste capítulo, amorosamente, Freire sugere

EDUCAR exige uma qualificação do exige uma qualificação do professor e que ele deve estar seguro de sua profissão. Porque a insegurança demonstra incompetência.

“Como professor não me é possível ajudar o educando a superar sua ignorância se não supero permanentemente a minha”

A segurança se expressa na firmeza com que agimos, nos ajuda a criar um clima de respeito em sala de aula e caminhar em direção à autoridade e não ao autoritarismo, de não “entender como rebeldia a liberdade”. Freire diz: “O professor que não leva a sério sua formação, que não estuda, que não se esforça para estar à altura de sua tarefa, não tem força moral para coordenar as atividades de suas aulas.”

Nós, como educadores em formação, devemos superar nossa própria ignorância." O professor deve saber ouvir para se aprofundar na arte de ensinar, é uma das ideias mais relevantes no momento, que o educador quer falar com o aluno. Muitos professores cometem o erro de falar primeiro, sem ter ouvido. "Você, como professor, deve ser o primeiro a ouvir." Você deve aprender como professor a ouvir primeiro o aluno e depois falar com o aluno. Como educador, você deve amar bem os alunos.

É preciso ter coragem para se reconhecer não sabendo, para assumir a afetividade sem perder a rigorosidade docente, encontrar a boniteza de ensinar é "querer bem aos estudantes" é entender que por que os quero bem, me comprometo com sua causa.

ENSINARE APRENDERNÃO PODEMDAR-SE FORADA PROCURADA BONITEZAEDA ALEGRIA

40 HORAS EM ANGICOS

Em 1963, a força gravitacional de Paulo Freire encurtou a orla do buraco negro da falta do acesso a leitura. Foi em Angicos que o educador empreendeu uma das mais marcantes empreitadas, em meio a efervescência de movimentos sociais por todo país, encontrou solo fértil e adubado por sua genialidade, engajou-se na proposta da alfabetização de 300 pessoas em apenas 40 horas.

da

o

Pensar a palavra no seu contexto e na sua impllicação na realidade. O voto que eu dou, como direito, como força e poder do povo. Por que vender o voto? Pensar a força real das palavras não como mero falatório (blá blá blá) mas como expressão forte da realidade. Uma das reflexões interessantes do Documentário é a percepção de de "quem vende VOTO é a massa" pois "Povo vota com consciência"

BE
PAILO
40
DE ANGICOS
FREIRE
HORAS
LO TA BA LA LA TA TA TU LA TA BU LA TA BE VO TO Belota palavra típica regiã corresponde ao enfeita nas redes de dormir, uma das primeiras palavras usadas como mote gerador no processo de letramento.
"A leitura do mundo precede a leitura da palavra"
mNãosou passa,sou ovo
Meupai sabiatudo daquela aula.

40 HORAS EM ANGICOS

A GENTES LEEM AS PALAVRAS QUE FAZEM PARTE DO SEU COTIDIANO. FREIRE TINHA A PREOCUPAÇÃO DE MOSTRAR QUE ELES

SABIAM E SABIA MUITO SOBRE OS CONCEITOS ALI APRESENTADOS E SIGNIFICATIVAMENTE, AO FALAR DO TIJOLO, AO PENSAR NA COMPLEXIDADE ENVOLVIDA, APRENDIAM E SE APROPRIAVAM DAS LETRAS, COMO ALGO VIVO, POIS NELAS SE IDENTIFICAVEM

TI JO LO PO
VO VO TO

SentircomoFreire.."Euamovocê,

poisvocêamaamesmacausaque eu"

(PoesiaentreguepornossaprofessoraCidaZanettia PauloFreire)

Amorosidade

OpensamentodeFreireofezcidadãodomundo.Aindaqueem tempossombriossejadesignadonaprópriapátriacomoculpadopelo fracassodaeducação,eleéaindaumfarolqueéacapazdemirar horizontesaoBrasilsemdeixardeserluzparaosdemaiscolegasde planeta.FoienamoradoporNita,queFreireseredescobriu apaixonadopelomundo.Elemesmonostrásreflexõesnapedagogia daautonomia,aimportânciadaamorosidadenosprocessos educativos.Somosseresqueprecisamosdeamor,semessafagulha genuínamentehumanatodasomadebugigangashistóricamente construídasnãoteriamsentido.Freire,demãosdadascomum professornaZámbiaounãotendoseuafetoacolhidonoChile,nos convidaapensar,dequeformaminhaculturapensaaafetividadee comoelatemafetadonossaspráticas?

A CABEÇAPENSA ONDE OS PÉS PISAM

Em 1997 Paulo partiu, mas ele fica. Enquanto houver homem e mulher ainda haverá a utopia, assim ele nos ensinou. Mesmo em cenários de muitos problemas e dificuldades, Freire esperançava. Segundo ele "Não sou esperançoso por pura teimosia mas por imperatico existencial e histórico" e a esperança, ela só não ganha a luta, mas é mote para nutrirmos nessa caminhada.

ÇAR
ESPERAN

10 de Fevereiro de 2023

Querido Paulo

Diante da amorosidade expressa no seu trabalho, acredito que me permta te chamar assim. Sabe, Paulo, tenho passado po dias dificeis na minha vida e também na educação.

Rapidamente sobre a vida, eu ando me sentindo imensamente vazio e sozinho, sei que não há educador no limbo, pois quando entramos na sala de aula entramos com toda a nossa inteireza do nosso ser.

Minha tristeza, não me impede de "esperançar". Sabe, eu sinto que tudo que eu faço, todos os processos burocráticos, as avaliações sem retorno para melhorias, tudo isso não muda a educação. Se não vejo mudanças, por que continuar? Um dos motivos de fazer a disciplina "Introdução ao pensamento de Paulo Freire" (isso mesmo, uma disciplina especial sobre o senhor) foi recobrar um pouco de esperança que tinha na minha profissão, retomar o encantamento.

Sabe Freire, eu sou muito grato por ter encontrado seus escritos coma professora Cida. Saber que há possbilidade de romper com a educação mecanicista e ao mesmo tempo com amorosidade nutre minhas esperanças.

Eu entendo que os passos do processo de alfabetização, além de serem usados para o letramento da letra, pode (e com a força da sua proposição) podemos projetar suas provocações e eindicações em todo o processo educativo. Ler seus textos me inspira a ser um professor provocador, em que faça o aluno e a aluna "desconfiar" toda vez que entro na sala , pois eu instigo ele. Quero ajudar a fazer dos estudantes, seres incomodados com a realidade, pois ao se incomodar, ele por conta própria se faz combustível para além de pensar, transformar a realidadade.

COncordo em hiperbólicamente que a leitura começa sempre antes, pois foi só agora é que o texto virou apenas um pedaço de papel escrito. Lemos o mundo e estamos nele, assim como nossos educandos, que não estão em um limbo de emoções, sentimentos, raiva e experiências. Infelizmente, mesmo depois de tanto tempo a escola, muitas vezes, ignora o mundo e vai direto para a palavra.

Quem sabe um dia, eu possa ser uma centelha do que o ser foi e propõe, que eu não tenha medo da amorosidade, que eu saiba escutar, que nunca me furte de ter rigor na minha preparação, que não me calar diante das injustiças sempre denunciando por uma justa raiva.

Introdução ao pensamento de Paulo Freire

2023

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