Jornal Tabaré #03

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GLAMUROSA a palavra do Criador

antestardedoquemaistarde portoalegre julho2011 #3 cocô • 7 erros • zonanortezonasul • hotelaria infame?

Chck – chck – chrshhhhhrck” bradam em uníssono caixas-registradoras do mundo todo. O dinheiro jorra aos borbotões pelas múltiplas artérias da economia como um rio sujo de merda e de sangue, e poucos de nós podem dizer que não se respingam ao menos nessas águas fétidas. Alguns se banham nelas, outros a bebem.

Com gosto ou não, precisamos todos dessa abstração infinita e devastadora que encerra o poder de nortear toda estrutura de convívio social de um modo tal que não é possível nem mesmo sobreviver em sociedade sem a sua onipresença. Não é mero acaso que cada nota de um dólar traga impressa um símbolo conhecido como “o olho que tudo vê”.

TABARÉ

A tudo vê, mas em muitos lugares raramente é visto. É cada vez maior o abismo que separa famintos de afortunados. E entre os extremos, multidões se digladiam por farelos de pão, como as pombas da nossa querida Praça da Alfândega. Como tantos portoalegrenses que produzem arte nas ruas, o Tabaré não poderia escolher outro lugar para passar o chapéu.

Por um dia, a nossa redação foi transferida para a emblemática esquina da Rua da Praia com a Caldas Júnior. Palco de quebra-quebras, conchavos e revoluções, o local nos acolheu calorosamente. Uma multidão transeunte riu, franziu a testa, se emocionou e se ofendeu com a música, a fotografia, o cinema e o jornalismo do povo tabareño. Quem pôde, contribuiu com uns mirréis; mas quem não

pôde também pôde conhecer o que (e principalmente quem!) está por trás de páginas tão sinceras.

Não foi nenhuma Comuna de Paris, mas valeu a pena. Pois muitos vivem como se a cidade fosse a mera paisagem de seus percursos, esquecendose de que as calçadas foram feitas para o Homem e não o contrário. O engraçado, se não fosse tão dramático, é que quem mais ocupa as ruas são aqueles que já não possuem nenhuma alternativa.

Nós, ao contrário, temos algumas; ao mesmo tempo em que nos propomos a ser uma delas. Alternativa esta que, como todas, carece de moedas tilintantes para fazer brotar tinta no papel e construir o que está nas tuas mãos agora. Um jornal feito para que tu encontre tuas próprias alternativas.

Ariel Fagundes, Chico Guazzelli, Dani Botelho, Felipe Martini, Gabriel Jacobsen, Guilherme Dal Sasso, Leandro Rodrigues, Luísa Hervé, Luna Mendes, Maíra Oliveira, Matheus Chaparini, Marcus Pereira, Martino Piccinini, Michele Oliveira, Natascha Castro

Projeto Gráfico: Martino Piccinini

Capa: Carlos Mateus • cacaboy.blogspot.com

Colaboradores: Débora Grahl Drummond, Juan Martín Ortega, Prof. Jack Obus, Victória Souza

Tiragem: 2 mil exemplares

Contatos: comercial@tabare.net tabare@tabare.net facebook.com/jtabare @jornaltabare

tabare.net
Lojas • Palavraria • Espaço Contraponto • Jam sons raros (NH) • Letras & Cia (NH) • Bares • Café Cantante • Comitê Latino-americano • Ocidente • Tutti Giorni • Abbey Road (NH) • Centros culturais • Casa de Cultura Mario Quintana • CineBancários
• Instituto NT
[Dani Botelho]

Índio não quer apito!

O ex-candidato à vice-presidência, Índio da Costa, perdeu a carteira de motorista esses dias numa blitz. O bonitão foi parado no Leblon - bairro burguês da zona sul carioca - quando pilotava sua Hilux e se recusou a fazer o teste do bafômetro. Índio alardeou o ocorrido em seu twitter e admitiu ter ingerido um traguito de vino antes da boleia. Preferiu não soprar o apito e a oca caiu.

Em tempo

Se vai dirigir, não bebe. Se vai beber, chama o Índio.

Atentados a mouse

Hackers declaram guerra aos governos corruptos, invadem páginas de diversas prefeituras e órgãos estatais, divulgam informações da presidente do Brasil... Parece roteiro desses filmes pastelões de roliúdi, mas não. O bagulho é às verda! Os caras tiraram do ar até o sítio da AlQaeda. Os atentados foram assumidos pelo braço brazuca do LulzSecurity. Há pouco, a direção central do grupo anunciou o fim das atividades, mas a filial tupiniquim tá cagando pra isso.

Em tempo

Pirataria não é crime.

Marchando pelo Senhor

Uma onda de marchas tem varrido o país: maconheiros, vagabundas e agora... crentes. A Marcha para Jesus aconteceu em São Paulo e reuniu, segundo os organizadores, 5 milhões de fiéis – mais uns infiéis curiosos. O evento ajuntou grandes impérios da fé evangélica, como a televisiva Assembléia de Deus, do Silas Malafaia, e a descolada Bola de Neve

CARTAS

Church, aquela cujo altar é uma prancha de surfe. Tem pastor pra tudo que é rebanho!

Boleteiros mundo afora

Saiu o novo relatório da ONU sobre o consumo de drogas no mundo. A pesquisa aponta uma redução na produção e consumo dos narcóticos tradicionais – ainda que a maconha se mantenha como a substância ilegal mais consumida no mundo. Mas aumentou o consumo abusivo de medicamentos opióides prescritos (analgésicos) no Brasil, Chile e Costa Rica. O relatório aponta também o crescimento do mercado de anfetaminas, as famosas “boletas” – quem não tomava nas festas quando era guri, né... não? É... Bom, enfim... As bolinhas são prescritas como anorexígenos ou para tratamento de Transtorno de Déficit de Atenção. Pouco foi falado do crack que, apesar de seu potencial destrutivo, é relativamente pouco difundido.

Em tempo

Em Santo Ângelo, onde consta “crack” leia-se “pedra da morte”.

Tomada de três pontas

A partir de julho, todos aparelhos elétricos

Chegaram os Tabarés aquificou linda a entrevista!

Fiquei bem satisfeito.

Satisfeita.

Parabéns!

O jornal está delicioso.

Beijo!

Laerte Coutinho, leitor

Porra, me dá um autógrafo?

Me pegou desprevenido e de ressaca.

Santiago Simpósio, degustador

Tem que pegar e se cuidar mais, chê.

Yo que me encuentro tan lejos esperando una noticia, me viene a decir la carta que en mi patria no hay justicia, los hambrientos piden pan, los molesta la milicia, sí.

Violeta Parra, chilena

Por suerte tenemo’ guitarra y voz!

Una tarde fría, de narices coloradas, ojitos rasgados, hombros contraídos, y mates calentitos el sol de la siesta intentaba calentar apenas esos perfumados frutos redondos y anaranjados que tengo en el jardín. Mien-

produzidos no Brasil deverão sair de fábrica com a tomada de três pontas redondas. Separa uns pilas e pode começar a trocar as da tua casa ou comprar adaptadores. A norma é da ABNT. Segundo a entidade, a possibilidade de um encaixe mais profundo e a obrigatoriedade do fio-terra darão mais segurança aos brasileiros. Sei não... fala por ti, cara pálida!

Em tempo

O movimento gay se manifestou tri a favor.

Chacina de pinguins na costa gaúcha

Desde o mês passado, quase 300 pinguins apareceram mortos no litoral gaúcho. Alguns animais foram resgatados com vida e encaminhados a Ufrgs em Imbé ou a Furg em Rio Grande. Não é tão raro encontrar animais mortos por causas naturais, mas um vazamento de óleo intensificou a matança dos pobres pássaros. O esparramo pode ter sido causado por uma troca de combustíveis em alto mar.

Em tempo

Em um curto período de junho de 2008, mais de 500 pinguins apareceram mortos na costa gaúcha, apenas um não tinha mancha de óleo.

tras trepaba para alcanzarla, esto que vulgarmente llamamos naranja, y poéticamente tiene muchos nombres, un hombre en bicicleta aplaudía enérgicamente en la puerta. CORREOOOO!

gritó. Salté de mi pequeña escalera y corrí a la vereda a recibir ese enorme sobre de papel madera garabateado apenas con las palabras justas que lo llevarían a destino. Portoalegrenses números, letras, palabras de alguna mano conocida, bien conocida. Don Tabaré venía dentro. Con todo su sarcasmo hecho papel. Intenso. Risueño. Rebelde.

Lleno de jóvenes espectativas y pasión. Sobre todo. Nanda Lamelas, poeta Naranjo en flor?

Estava eu saindo do psicólogo e o próximo paciente deleitava-se com a última edição do Tabaré! Não me surpreenderia se o exemplar tivesse sido deixado por algum tabareño que frequenta o consultório...

Francisco, radialista O sujo falando do mal-lavado!

julho/2011 #3
@tabare.net 3
[Maíra Oliveira]

Hotel Avenida: o refúgio dos trabalhadores

Em BusC a dE ConsoL o

Inverno em Porto Alegre. O dia morre. O concreto esfria feito um defunto. A noite parece uma viúva: veste o luto da escuridão e chora uma fina garoa. No centro da cidade, os postes de luz se acendem feito as velas do velório mais profano. Lá, o sepulto do dia é frenético, tumultuoso e barulhento. Nos bares, nos terminais de ônibus, e nas calçadas, todos anseiam por consolo. Consolo do trabalho exaustivo, do salário baixíssimo, da violência urbana, da fria solidão, do casamento infeliz, das contas para pagar, do ar poluído, da tosse rouca... do rosto erodido pela vida. No entanto, quem há de consolar a existência desses trabalhadores? O Estado? Nossa Senhora Aparecida? A atriz da novela das oito? Não. Esses proletários encontram alívio no divã dos arredores da Avenida Farrapos. Ali, alguns operários se revigoram na psicologia guardada entre as pernas das prostitutas. Outros vão aos botecos para desinfetar com cachaça suas gargalhadas sujas de cansaço. E existe ainda outra categoria: os peões

que moram nos hotéis e, simplesmente, dormem um sono de uma tonelada nas camas democráticas.

Embora eu não passe de um Gregor Samsa, também procuro um hotel barato. Quero pôr em cheque a infâmia da hotelaria daquela área. Por isso, sigo a correnteza de alguns trabalhadores boêmios. Primeiro, percorro a Coronel Vicente. Avisto várias placas de hotéis. Trata-se de edifícios antigos com dois andares – provavelmente são da década de 1930. Apesar de estarem bem conservados, os prédios parecem anciões maquiados: por fora, exibem pintura vivaz e luzes de cores quentes; por dentro, o assoalho e as paredes mostram o desgaste do tempo. Escolho um. Abro a porta. Subo as escadas. Chego à portaria. A luz é parca e o ar enfumaçado. No rádio, uma música sertaneja. Uma mulher quarentona, baixa e robusta me atende. Atrás dela, num corredor escuro, vejo a silueta de uma jovem. A sombra de mulher fuma um cigarro, escorada na parede.

– Quanto custa a diária?

– Querido, não trabalhamos com cama de solteiro. Só com cama de casal – me responde com

um sorriso irônico. Apesar de a placa anunciar um hotel, fica evidente que não se trata de uma pensão, mas sim uma casa para os desconsolados.

Saio dali, passo por baixo do Viaduto da Conceição e chego à Avenida Farrapos. O fluxo de automóveis é intenso. Ônibus transportam operários de volta para casa. Carros estacionam nas esquinas. Jovens afoitos e velhos humildes perambulam pelas calçadas. Mulheres de curvas perigosas desgovernam o pensamento dos transeuntes. Apesar do frio, vestem-se com pouca roupa: decotes largos, calças justíssimas, barrigas expostas. Os olhos dessas jovens são tão cinzas quanto os prédios em volta – como se tivessem encardido o olhar assistindo às situações mais sujas. Conversam com os rapazes e com os senhores. Conversam com os motoristas. Às vezes, desvirtuam um moço. Às vezes, pegam uma “carona”. Esse é outro tipo de consolo encontrado na Farrapos, que geralmente se consuma num motel da localidade.

Sigo adiante. Gasto uma fortuna de passos até

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chegar a Praça Bartolomeu de Gusmão. Ao longo da Farrapos, tanto os hotéis quanto os motéis parecem ser de alto nível. No entanto, não são dos mais baratos. Dentre a hotelaria que consulto, os preços vão de 35 a 60 reais a diária mais simples. Entretanto, já nas ruas paralelas e transversais, as hospedagens carregam a fama de “inferninhos”. Ali, a história da Coronel Vicente se repete: “Só trabalhamos com cama de casal”. Ou então: “Está tudo lotado”. Assim, retorno até o Viaduto da Conceição. Pergunto-me como deve ser a relação entre as estalagens mais refinadas e a vida na avenida. E como eram em 1940, quando Getúlio Vargas inaugurou a avenida como um símbolo de modernização da capital? Enquanto divago, avisto uma placa na Rua da Conceição. Hotel Avenida. u m

Parên TE sis hisT óriCo

Os donos do Hotel Avenida estimam que o edifício tenha sido construído nos anos de 1920. Antes da modernização da Capital – sobretudo, nos anos 1940 e depois nos anos 1970. Em vez de grandes centros comerciais, havia armazéns de secos e molhados. Em vez de viadutos e rodovias, o Centro tinha linhas férreas e bonde. Em vez de terminal de ônibus, a Rua da Conceição alojava uma feira de frutas.

– Antes da construção do viaduto, que começou em 1969 e terminou em 1972, esse prédio era o Hotel Florida. Aqui se hospedavam os caminhoneiros que traziam do interior as frutas e legumes que abasteciam a feira. Naquela época, o hotel Avenida ficava na esquina dessa rua com a Alberto Bins –conta um dos donos do Avenida, Onesto Bringhenti, 76 anos, há 55 trabalhando com hotelaria.

A mudança de endereço do Hotel Avenida ocorreu justamente por conta da edificação da elevada. Isso porque, para executar tal obra, foi preciso alargar a Rua da Conceição e demolir vários prédios. Os habitantes mais antigos afirmam que a via foi estendida cerca de dez metros em cada lado. Por

isso, alguns edifícios tiveram que ser derrubados, como a antiga sede do Avenida. Outros tiveram apenas parte da sua estrutura destruída, como foi o caso do Florida – que perdeu a fachada.

– Quando o Hotel Avenida ficava ali na esquina com a Alberto Bins, muitos dos nossos clientes eram famílias que vinham do interior para passear em Porto Alegre. Com a implosão do edifício, os nossos hóspedes não tinham mais onde ficar. E nos cobravam que abríssemos a hospedagem em outro lugar. Aí, como o Florida tinha perdido a clientela porque não acontecia mais a feira, eu e meu sócio juntamos o dinheiro da indenização e compramos esse prédio onde estamos agora. Desde 1972, estamos nessa sede – explica Bringhenti.

Hoje, quem freqüenta a estalagem são basicamente trabalhadores modestos: pedreiros, jardineiros, guardadores de carro, caixeiros viajantes... As visitas das famílias tornaram-se mais esparsas. Até porque, nos arrabaldes da Farrapos, tanto a arquitetura quanto o comportamento mudaram. Contudo, às vezes ainda aparece algum remanescente dos tempos áureos no Hotel Avenida: “Vocês lembram de mim? Minha família se hospedava aqui quando vínhamos do interior...”

u ma noiTE no av Enida

– Com licença, vocês têm quarto de solteiro?

– Claro que sim. Custa 25 reais a diária. Mas tem que acertar na entrada – adverte o senhor de idade, na portaria.

Preencho a ficha de entrada no Hotel Avenida. Escrevo alguns dados pessoais e o contato de alguns parentes. “É que, se acontecer alguma coisa, nós temos para quem avisar”, explica o porteiro chamado Pedro. Recebo uma toalha carcomida e um pedaço de sabão. O homem idoso, falante e boa-praça, me conduz por um corredor do andar térreo. A luz é crepuscular. Pára em frente ao quarto 54. Abre a porta. “Aqui está a chave, fica à vontade”. Depois, volta ao balcão de entrada, enquanto me acomodo nos aposentos. O quarto é espaçoso e o teto é alto. Tudo é surpreendentemente limpo – apesar da organização aleatória dos móveis. Ali dentro, cabe um beliche, uma cama de casal, uma estante, uma televisão, uma geladeira antiga e um bidê. No canto, há uma grande janela com persianas de madeira. Como se

trata de um quarto de fundo, fico curioso: como deve ser a vista? Tento abrir. A falange se dobra poucos centímetros e esbarra numa parede. Como está chovendo, a mureta absorve a umidade. O ar entra por ali e sai por um buraco na parede do banheiro. É uma abertura rústica, com cerca de dez centímetros de diâmetro. O banheiro –de azulejos azuis – também é higienizado. Deito na cama de casal. Não tem lençóis. Não me importo. Fico observando as memórias manchadas no colchão. Algumas são amarronzadas, outras são brancas. Fico imaginando quantas pessoas já debruçaram uma noite de sua existência sobre a maciez daquela cama. Cem? Mil? Dez mil? Cem mil? Quantas horas de sono foram dormidas sobre aquele leito? Um milhão? Um trilhão? Um quadrilhão? E os sonhos, quantos foram? Com certeza, muitos hóspedes sonharam com imagens de uma Porto Alegre que não existe mais. A cidade se transformou. A Rua da Conceição se transformou. O próprio Hotel Avenida se transformou. Mas aquele quarto, aquela cama ainda acolhem em silêncio as angústias e as alegrias dos viajantes que por ali passaram. Assim, durmo lentamente e deixo mais uma recordação na atmosfera do quarto...

julho/2011 #3 5

MARCINHO: MC DO SENHOR

Minissaias que raramente cobrem mais de meia coxa. Decotes cavados e costas de fora. Mangas curtas. Por todos os lados, pleibóis e patricinhas embalados à vodka com energético, ‘ice’ ou qualquer outra coisa bem gelada que custe mais de vinte pila a dose. É inverno em Porto Alegre e a temperatura baixa tranquilamente dos dez graus.

Neste universo surgem três seres. ‘Outsiders’ diria um moderninho descolado, ‘extraterrenos’, prefiro eu: roupas de frio, barbas por fazer, cabelos sem chapinha e nada de maquiagem. Chega à festa a equipe do Tabaré. Como estranhos esquimós ao sol de Copacabana.

Tudo tem uma explicação: a festa é temática. Os cartazes anunciam a noite mais carioca (?!) do Rio Grande. [Bueno, aqui há uma série de coisas para se refletir, quanto ao frio que essas pessoas devem estar passando, quanto a uma noite tão carioca por estas bandas, quanto ao quê o Teixeirinha pensaria duma coisa dessas... Mas não. Vamos adiante.] A atração principal não poderia ser outra: Mc Marcinho, o autor do hino “Glamurosa... Rainha do funk, poderosa....”.

Quem nunca ouviu?

O que poucos sabem é que Marcinho tem uma longa trajetória dentro do funk. Iniciou sua carreira ainda na primeira metade da década de 90, sendo um dos precursores do que hoje se chama de “funk da antiga”: algo aproximado à melodia do rap com letras mais românticas. O Mc pôde acompanhar todas as reviravoltas sofridas pelo funk nacional, mas por pouco tempo... O seu plano é largar tudo para se dedicar à carreira gospel. ***

Passava frouxo das onze e meia duma sexta quando tivemos a confirmação da entrevista. Depois de inúmeras tenteadas, conseguimos o número do quarto duômi e fomos direto à fonte:

- Alô, Marcinho?

- Quem tá falando?

- É do jornal Tabaré, sobre a entrevista...

Um pequeno impasse na escalação da equipe e saímos - já atrasados - da José do Patrocínio, Protásio acima e pé na tábua. Locomotiva. Chegamos ao hotel no último

minuto. A van aguardava na porta e a produtora carioca já estava no saguão.

- Combinei com você direto no show, num foi?

- Sim, mas é que eu não sabia como...

- Num foi?

- Sim, mas...

- Então..?

Seguimos o bonde até o lugar do primeiro dos dois shows que o Mc faria naquela noite. A autointitulada boate mais sertaneja da cidade, localizada na antiga cervejaria da Cristóvão, bombava. Passamos por seguranças e barreiras e estacionamos ao lado da porta de acesso do artista. Entramos pelos fundos passando batidos pela baita fila dos VIP - onde garotas gritavam “Marcinho, eu te amo!” a 100 mangos o ingresso – e subimos de elevador.

Lá em cima, o moço da segurança cumpriu seu papel nos fazendo crer até o último minuto que não fazia ideia de quem éramos e que não entraríamos nem a pau. Entramos. Na porta do camarim, novamente a produtora. Somente um de nós poderia entrar porque, de fato, tratavase de um cubículo onde já se amontoavam

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quase dez pessoas. Entrei e Marcinho estava sentado sozinho, anotando a set list do show.

- E aí, Marcinho!

- Pô, cara! Senta aí e vamos conversando.

Tabaré: Tu é um cara que vem do funk da antiga, desde os anos 90 e, pô, mudou bastante coisa e tu te mantém em cima sempre. Como é a tua relação com a galera que começou contigo? Tu ainda tem contato com o pessoal? mc m arcinho: Tenho... Tenho, com a maioria.

Qual é a situação dessa galera hoje em dia, eles tão no funk ainda?

Tão no funk ainda. É um pouco mais difícil pra eles. Muita gente não respeita ou nem reconhece o valor que eles têm. No meu dvd, eu coloquei todos os Mc’s da antiga no palco, entendeu? Pra eles, eu acho que é um pouco complicado. Os caras... muitos pararam. As portas começaram a se fechar, as pessoas não davam mais as oportunidades e muita gente teve que caçar um emprego, trabalhar, outros se perderam no tráfico, na vida do crime... Muitos ainda permanecem como o Bob Rum, Cidinho, Doca, Willian, o Duda... Mas muitos pararam por falta de oportunidade.

pra comunidade a arte, como o Nós do Morro, como o Afro Reggae vem fazendo. Isso sim vai fazer com que mude a cara das comunidades.

de um modo geral, tu acha que a violência aumentou, diminuiu ou ficou igual? Olha.... Diminuiu, diminuiu um pouco. É toda uma união né? A lei seca, as UPPs e um patrulhamento maior dentro da cidade do Rio de Janeiro fez com que a cidade melhorasse um pouco. Mas nós não esperamos que isso siga só até a Copa, ou até as Olimpíadas, mas que venha a se expandir. Às vezes tudo isso é: “ah, porque a Copa tá vindo aí, as Olimpíadas tão vindo aí...”. Vai ter que haver realmente um reforço de segurança no Rio de Janeiro. Agora... e depois, quando acabar? Será que isso vai se manter? Essa é a dúvida dos cariocas.

Por quê?

Porque há uma cobrança muito grande do povo evangélico. Eles não conseguem aderir ao mundo secular e ao mundo gospel... Ou você faz uma coisa ou faz outra. Confunde um pouco a cabeça das pessoas. E o funk me toma muito tempo pra que eu possa me dedicar àquilo que eu realmente quero que é a obra de Deus.

Eu li, numa entrevista, que tu tava incluindo nos teus shows um momento de... Sempre falo nos shows...

Tu tá... Tu tem feito isso? vai fazer hoje?

Tu nasceu no r io e mora lá até hoje, né? Nasci e me criei em Duque de Caxias, Baixada. E hoje eu moro em Bangu.

o que mudou na cidade com a implantação das u PPs?

Eu acho que a própria comunidade deve saber mais ou menos realmente o que a UPP trouxe de melhor e de ruim pra comunidade. Mas eu acho que é o caminho. Não só as UPPs, o caminho é levar para aquelas crianças e jovens uma educação melhor, uma cultura que eles, infelizmente, desconhecem. Porque o problema da comunidade não é só o tráfico, é simplesmente a educação. A UPP é válida pra uns ou pra outros, cada um tem sua opinião. Mas acho que a educação seria melhor que qualquer UPP, que qualquer tipo de implantação dentro de uma comunidade. Escola, oficinas, cultura, levar

Tu já falou em planos de largar o funk e te dedicar à religião. Como é que tá isso? Ah, tá bem... bem fresco. A gente só tá esperando o dvd ser lançado agora em junho. Temos um contrato com a gravadora, não podemos rescindir. Assim que o dvd sair, a gente trabalhar em cima dele e o contrato terminar (que deve ser no final do ano), aí sim, eu vou me dedicar só à carreira gospel, à carreira evangélica.

E é funk?

Não, não. Eu vou botar alguma coisa voltada pro funk melody. Mas é mais adoração, músicas pra tocar o coração das pessoas, mostrar que Deus é maravilhoso, me livrou do acidente, da cadeira de rodas. E nosso esquema é esse aí.

Tu acha que uma coisa atrapalha a outra?

É... não dá pra poder misturar as duas coisas. É difícil de conciliar.

Falo. Sempre no final do show eu procuro falar que Deus me tirou da cadeira de rodas, me libertou das muletas e me colocou de pé. Porque eu não sou nada, toda honra e toda glória seja dada a Deus porque ele é fiel e tudo o que ele promete ele cumpre. Onde quer que a gente esteja, em qualquer lugar, seja aqui na boate, lá fora, enfim. Isso que eu procuro falar pras pessoas e elas conseguem parar pra ouvir. Um pastor jamais conseguiria fazer isso: parar um show pra falar de Deus. Nego ia: “ê, sai daê merrmão!”, mas as pessoas conseguem aderir e muitas pessoas vêm até mim: “pô, tô desviado da igreja, não tô indo mais, mas vou voltar e tal...”. Enfim, é legal.

o que a música representa na tua vida?

Pô, a música é a minha vida, minha vida inteira... Eu comecei a cantar com 16 anos. Minha juventude inteira foi trabalhando, com responsabilidade, sempre segurei a onda da minha família, da minha mãe. Enfim, minha história todinha foi dentro da música. E, graças a Deus, eu tenho orgulho da minha carreira, daquilo que eu fiz, daquilo que eu produzi. Mesmo parando ou não, eu posso olhar pra traz e falar “pô, eu deixei um legado maneiro pra quem tá vindo depois de mim”.

Te arrepende de alguma coisa?

Não, não me arrependo de nada. Me orgulho de tudo. Eu consegui sobreviver às etapas que o funk passou e tô aqui há dezessete anos. Eu sou um sobrevivente do funk.

julho/2011 #3 7
“ Educaçãomelhorseria que qualquer UPP
NO TABARE! tabare@tabare.net ANUNCIA
“ Vou me dedicar só à carreira gospel

Eu, liquefeito

Me descolo por fim daquele corpo! E assim posso sentir meu início, meus meios e meus fins. Compreendo agora meu tamanho, minha forma, meu cheiro e minha mobilidade. Flutuo abismado. Flutuo, considerando que o esforço valeu a pena. E ainda há toda essa água limpa a lamber a extensão do meu corpo. Poderia mudar de formato, mas não sei se quero, gosto dessas curvas que tenho. Flutuo abismado. Mundo d’água. Mundo branco. Mundo liso. Nunca nos confundiremos. Mesmo que eu deixe marcas, e eu deixo marcas. Somos marrons, eu e elas. Assistindo ao mundo branco. É sensacional. Que bela merda que sou! À deriva, o mundo se põe a girar, eu me ponho a rodar. Rebolando e escorregando rumo ao desconhecido. Belo mundo anti-horário. Belo mundo para viver um anti-corpo como eu. Sinto a gravidade. É sensacional. Este corpo de merda quase se desfaz em emoção. Não há mais luz. Me sinto mais corajoso ao encontrar meus primeiros pares: são uns cagões de merda, com medo do escuro, se perguntando para onde vão, de onde vêm. Bóiam comigo na mesma água, navegam comigo pelos mesmos túneis, mas tanto medo do fim do túnel os impede de perceber as variações de temperatura da água, o cheiro de shampoo que invade esta curva que estamos fazendo. Há um fim de sabonete que pretende não se misturar. Confesso que eu também pretendo. Os cagões amedrontados não escutam nem mesmo o imenso catarro verde que não cansa de falar sobre a transcendental experiência de entrar pelo ralo do chuveiro. Catarro chato. Esses cagões e esse catarro não conseguem curtir esta fossa. Flutuo abismado. Aposto que não perceberam aquele feto humano que estava preso à grade duas galerias atrás.

MANUAL DE INSTRUÇÕES:

como levar um fora?

Mas o pior não é sentir o seu cheiro de medo, ou ouvir a única história desse catarro matraca que não cala a boca. O pior é que este caminho nos deixa cada vez mais próximos. A cada cano somos mais um caldo e menos excrementos. Confesso que isto, sim, me dá medo.Porque o sabonete e o catarro já se tornaram uma coisa só. Outros dois cagões de merda também já se fundiram e se comprazem juntos. Me pergunto se, juntos, esses cagões se tornam ainda mais medrosos ou se juntinhos, tal qual um bolinho de merda, se sentem mais confiantes. Se ainda não pensaram sobre isso, devem fazê-lo logo, porque acendeu uma luz no fim desse túnel em que estamos. (Confesso que o

caldo engrossou tanto nestes últimos metros que eu só poderia dizer o que sou por aproximação.)

A boca de luz aumenta na mesma proporção das teorias produzidas pelos cagões sobre o destino pós-túnel. Estapafúrdias teorias. Não vou reproduzi-las pelo simples fato de serem nojentas. Mentira, não vou reproduzi-las porque toda minha atenção está voltada para uma relação que se avizinha: um fluido sexual está cada vez mais perto de mim desde aquela curva que anunciou o horizonte. E eu não tenho estômago para esta relação sexual involuntária. Como eu poderia forjar teorias com essa gosma ambiciosa querendo se mesclar a mim? Luz, quero luz!

Peço e recebo luz da boca que se abre. Vejo mais água do que qualquer excremento já viu. Não consigo definir se isto é um lago ou um rio. Só entendo de canos. Enfim, vou chamar de rio. Até porque isso não importa, só interessa que aquela porra cheia de malícia se afastou muito de mim desde que saímos do cano. Não os vejo mais também, o catarro e os cagões. Alívio total! Me dou ao luxo de curtir esta sucção que se apresenta. E digo que sucção é gostoso, me toma pelas vísceras. Ao meu lado, uma barata que parecia morta, quase me mata de susto. Cano! Cano! Cano! Cano! Ela fala como se eu não conhecesse canos. Estou cagando para os canos, dou risada da barata. Que bom que ela está viva para me fazer rir. Sucção! E vamos juntos ao cano, eu e a barata engraçada, e rindo me desfaço.

CERTEZAS DE UM MOSQUITO QUE ASSISTIA AO POR-DO-SOL

“Acabo de presenciar a morte do cocô mais corajoso que já foi sugado pelo sistema de tratamento de água de Porto Alegre. Introspectivo, risonho e com traços bem característicos, certamente teve uma vida feliz. Cada torneira desta cidade deve comemorar o fato de ser veículo para sua alma.”

A seguir: sorri! Leva na boa, como se fosse um esporte. Não reage! É o ponto que tem que fingir. De que vale ser você mesmo para alguém que já te recusou?

Se for uma festa, finge (palavra-chave) que te diverte. Nesse ponto a bebida pode ser uma grande ajuda, mas com moderação. Se beber muito as emoções podem vir à tona e te fazer agir como “tu mesmo”! De novo: EVITA ISSO!

2. Aí vem o “não”. Ponto crítico. Te prepara para ouvir algo como: “Não sabia que tava te dando essa impressão.

Só quero tua amizade!” CUIDADO!

Abordagem: cada um tem a sua. Improvisa. Se eu soubesse dar dicas, isto não seria um manual de como levar um fora.

Não aja naturalmente! Tu pode querer dizer algo como: “Amizade é o caralho! Meu nome agora é Zé Pequeno, porra!” RESISTA. Concorda com a amizade. Afinal, o que se pode dizer da vulnera- bilidade das amizades no futuro?

5. Por fim: te acostuma! Na vida virão muitas derrotas... é até legal, valoriza as vitórias. Tu, colorado, lembra dos anos 90! Gremistas não terão problemas em familiarizar-se com as der- rotas. Confiança! Afinal, é mais ou menos como já disse o filósofo Baltazar: a vida está reservando algo de melhor para ti. Tomara.

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1.
4.
texto e foto por Gabriel 3. [Victória Souza]

metade norte do coração

Da serração mágica que são as minhas memórias de infância saem às vezes manhãs de inverno num colégio do Parque dos Maias, um churrasco de família no Humaitá, em 1992, uma cirurgia de amígdalas no Hospital Conceição que o então piá de quatro anos nem chegou a perceber. Desse mesmo baú de recuerdos resgato a gurizada brincando na rua, o periquito enterrado no pátio da minha casa, o velório do meu avô morto prematuramente no Hospital Cristo Redentor, a poucas quadras do lugar onde eu nasci. Talvez porque o chão que mais pisei na vida e também o céu que mais me tapou de sóis e chuvas tenham sido estes é que esta parte da cidade é o lugar onde a palavra lar mais me faz sentido, esta metade de Porto Alegre que é bem mais que uma metade.

A Zona Norte desta capital, que deu os braços fortes que pariram a indústria do Rio Grande e que abriu caminho para a expansão demográfica e econômica da cidade, foge sem dúvida do perfil de lugar que figura em guias turísticos, inclusive dos próprios guias porto-alegrenses. Mas justiça seja feita: o que falta não são encantos nesta parte da cidade, falta é sensibilidade para que se veja a beleza destas planícies onde se assentam imensos bairros residenciais que seguem tranquilamente seu caminho sob o olhar atento e solitário do Morro Santana, o mais alto de Porto Alegre, com seus mil hectares de verde puro e silencioso, tão próximos e tão distantes do concreto. Quem vê apenas o gris da Assis Brasil ou o descampado da Sertório com certeza tem motivos para não se admirar com estes pagos nortistas, mas me parece lógico pensar que por mais distraído que seja o estrangeiro-visitante não lhe deveria ser difícil imaginar a calmaria das

Zona Sul: zona show

Em nossa cidade, existem dois mundos distintos: a Zona Norte e a Zona Sul. Eles são a síntese do antagonismo entre o desenvolvimento urbano e a resistente vida rural. Nosso olhar nesta dicotomia TRI gaudéria é ruralesco! É na Zona Sul onde vamos ao encontro das praças, das margens do rio, ou seria lago, laguna, estuário... enfim, do GUAÍBA. Sem esquecê-lo em meio a nossos prédios, xópins e construções. Nos nossos bairros há a história viva de uma cidade ligada fortemente às suas margens, onde pescadores estão ao lado de veleiros e suntuosas ilhas.

Nós, moradores da Zona Sul, relevamos dificuldades diárias, como a distância criada da cidade “pulsante” e “iluminada” que, dizem, existe em Porto Alegre (quem diria?). Esquecemos dos horários complicados dos

vizinhanças interiores, a infinidade de praças e ruas de pedra que existem entre as grandes avenidas, que podem ser contadas nos dedos das mãos.

Esta região de relevo suave e bairros mais jovens que meus avós abre-se também para os trabalhadores da Região Metropolitana, que diariamente dão vigor e mão-de-obra à metrópole-mãe. A Zona Norte é caminho cotidiano de milhares de canoenses, alvoradenses, gravataienses e outros tantos enses que por aqui passam em busca do sustento, revelando ainda mais a vocação democrática desta porção acolhedora de Porto Alegre.

E itens não faltariam nesta lista de qualidades que a Zona Norte possui e geralmente sonega aos desavisados, mas o espaço deste texto termina e me interessa mais o tranquilo descanso familiar neste meu Jardim Planalto, onde o barulho mais

nossos ônibus (principalmente em madrugadas agitadas), da falta de hospitais, cinemas, eventos culturais ou esportivos... Nos contentamos e nos apoiamos à inegável beleza e à qualidade de vida que existe além do Cristal.

Remetemos às cores neste embate portoalegrense: de um lado está o cinza do concreto e de outro o verde da natureza. A Zona Norte parece ser o resultado da artificialidade forjada pelo homem que, tentado a dominar e a ocupar todos os espaços, elimina o outro do seu convívio para transformar tudo em ordem. A Zona Sul carrega em seus bairros um passado que ainda não foi destruído pela urbanização desenfreada que devora com voracidade todos os recantos para transformá-los em concreto cinza fuliginoso.

A ideologia positivista das linhas retas não encontrou espaço na maior parte dos recantos zonassulinos. Aqui ainda existem curvas, estradas de chão, vielas, becos, escadarias; ainda predomina a relação com a rua do Brasil prépositivista: viva como local de convívio, voltada e pertencente às pessoas, onde ainda se joga taco, futebol. Realidade totalmente oposta à frieza das gigantescas avenidas do Norte, feitas para mera passagem, ocupadas apenas simbolicamente através das pichações e de outras formas ditas vândalas de apropriação de um espaço impessoal.

A Zona Sul é pele e não concreto: é a cidade sem uma lógica ordenadora, moldada pelo e para o humano. Voltada para a água, convive com a natureza. É a cidade dos recantos, das curvas, do mato, do mate, dos bichos. É também esse interior de Porto Alegre que une a serra e a praia. Aqui a beira do rio é ocupada pelas pessoas, suas ervas e seus cachorros, e não por estruturas mortas de tijolo e cimento.

[DéboraGrahlDrummond]myspace.com/debbieies_

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ZONA SUL OU ZONA NORTE
Felipe Martini por Chico Guazzelli e Luna Mendes [Maíra Oliveira]

Aguahêramo guare tàva Filadelfiape ko`ê sakâ ohòvo, Paraguaype ajupi peteî pa aravo jave pyhare mba`yru guatàpe aha haguâ amba`apo tàva Filadelfiape. Tuicha che py`a kyryî ahechàvo òga kuèra ojoguaiterei tetâ ambue Alemaniapeguape, ha yvy katu morotî asy, ndaha`eiete che tàvape guaicha yvy pytâva. amaña mimi upèrupi aha`arô aja tapicha ou vaerâ che piari aha haguâ hendivè iñestànciape ha ndaroviasèi che resa ohechàva, ahecha mba`yruguatàpe omboguata tapicha ñande ypykuèva, che tàvagotyo ndajahechài umiva mba`e ha mbeguekatùpe aikuaa ko Chakopype mba`eichapa oñepytyvô ha oñembokatupyry ypykue kuèrape omba`apo haguâ opàichagua tembiapòpe tapicha Mennonita kuèrandive.

Ko`ânga ojapòma mokôipakôi ary aguahê hague ko tàvape, añemoirûma ha roguereko che irû Dionisiandive peteî mitakuña`i ijuky añetèva, ore tàva ha`e peteî tàva oñehenòiva pluricultural añetete, àpe oî heta tapicha ypykue, tapicha Paraguài, brasilero, argentino ha Mennonita, tapichakuèra ou va`ekue tetâ Alemaniaguio ha omopu`â añetèvaekue tàva Filadelfia. Amondoho che remimombe`u

añembosako`i haguâ ha aha jevy che mba`apohàpe, ajapo vaerâ hina heta kamby rypy`a he`ê ombopiro`y

imi vaerâ tàva Filadelfia guàpe ko àra haku añetete akòinte orembo hy`aiva jepinte ore tàvape. #em português no tabare.net

tabare.net
[PepeMartini]

JOGO DE 7 ERROS

Os bastid O res da mais n Ova ap Osta de H O llywOOd

Que a indústria cinematográfica anda mal das pernas não é segredo pra ninguém. Onde foi parar a magia dos musicais? A aventura dos faroestes? Pelo jeito, foi tudo pro espaço. A última cartada de Hollywood é uma superprodução sobre a conquista do mais romântico dos astros: a Lua!

Mas no set de filmagens de “Um salto gigante”, há pouco espaço para lirismo. “A gente gastou bilhões com a simulação do terreno lunar. Pensa que é fácil fazer crateras na areia?”, indaga aos berros um executivo do estúdio. Entende-se a tensão: o orçamento recorde não evitou falhas graves na estrutura do longa-metragem.

A começar pela direção, que exigiu

um elenco composto apenas por artistas iniciantes: “Estávamos atrás de caras novas, que pudessem ser bem-vindas no lar de todo cidadão do mundo livre”, garante o diretor de elenco. Porém, o Tabaré acompanhou alguns dos infinitos takes gravados e a inépcia dos protagonistas é evidente. O pobre Neil Armstrong, a good old boy do Ohio, passou horas tentando acertar a sua grande fala no filme.

Apesar disso, “Um salto gigante” conta com o maior trabalho de divulgação já visto na história do cinema. No próximo dia 20, ele será responsável pela primeira premiére realizada completamente ao vivo e em escala global – exceto para os vermelhos, é claro.

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“Um peqU eno passo para a h U manidade... pU tz, errei de novo!”
Há 42 anos em Tabaré (20/07/1969)
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[Maíra Oliveira] [Luísa Hervé]
[Dani Botelho] A Menina TABARÉ

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