Lado A #66

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www.revistaladoa.com.br Edição 66 Fev. / Mar. 2017



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#EDITORIAL

O amor é um monólogo?

O

amor, se é que existe, deve ser um sentimento correspondido. Ao contrário, não passa de adoração. Dizemos que amamos, mas nem sempre sentimos o amor de volta. Há diversas formas de manifestar amor, por isso, às vezes achamos que não somos correspondidos porque nós, em nosso egoísmo, achamos que devemos receber de volta exatamente o que damos, na mesma intensidade. O dar para receber nem sempre é verdadeiro. 4


O amor é então uma projeção. Projetamos nosso amor e esperamos que a pessoa valorize e nos valorize da mesma forma que pensamos. E nem todos pensam igual. O amor é um grande erro de comunicação, pois amamos em monólogo, mas esperamos sempre o diálogo. Como há tantas formas de amor e de amar, nos resta adaptar as nossas expectativas, procurar respostas, desistir. O amor, se é que existe, deve nascer do amor próprio, este sim real, de não aceitar joguinhos autoflagelantes, não se contentar com migalhas e nunca desistir. É saber o que busca e não desanimar, valorizar-se, mesmo que pelo caminho encontremos pessoas que amam apenas da boca para fora e volta e meia acreditamos nelas pois apenas queremos, mais uma vez em nosso egoísmo, que seja verdade. Por isso é necessário desenvolver, antes de tudo, o amor próprio, a priori de se aventurar em um mundo de pessoas que não sabem o que querem, que não sabem retribuir e não sabem, além de tudo, se amar.

REVISTA LADO A #66

Fev./Mar. de 2017 EDITOR CHEFE Allan Johan COLABORADORES E COLUNISTAS Bruno de Abreu Rangel, Arthur Virmond de Lacerda Neto, Lucas Panek, Leandro Allegretti e Wladi. Tiragem 5 mil JORNALISTA RESPONSÁVEL Allan J. Santin DRT PR 8019 PROJETO GRÁFICO Lado A CONTATO REDAÇÃO contato@revistaladoa.com.br PARA ANUNCIAR contato@revistaladoa.com.br CORRESPONDÊNCIAS CP 10321 CEP 80730-970 Curitiba - PR As matérias assinadas não expressam a opinião editorial da Revista Lado A. Proibida a reprodução total ou parcial de conteúdo sem autorização prévia.

CAPA Modelo: Jéss Arendacz (Mega Models Sul) Produção Lado A Roupas Charlye Madison

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#ÍNDICE

MODA GIRLS ONLY

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07 eNTREVISTA 20 26

MILITÂNCIA AS BANDEIRAS DO MOVIMENTO lgbtq SAÚDE

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28 24 32

coluna social VIOLÊNCIA

guia gls sul


#ENTREVISTA

Letícia Lanz

A Voz Trans na Academia Aos 65 anos, a mineira Letícia Lanz é psicanalista, mestre em Sociologia pela UFPR e referência na discussão sobre Estudos Transgêneros no Brasil. Mulher transgênera, lésbica, casada com uma mulher há 40 anos, é pai de três filhos, avô de quatro netos e mostra que, além de estereótipos, preconceitos e conceitos, é necessário respeitar o livre arbítrio humano de cada pessoa ser o que é. Letícia é autora do livro “Corpo da Roupa”, o primeiro manual sobre Estudos Transgêneros escrito originalmente na língua portuguesa. 7


Você assumiu sua identidade de gênero quando já era adulta. Como você descreve esse processo de entendimento pessoal? Publicamente, você diz, né? Porque esse entendimento pessoal a que você se refere é algo que ocorreu muito cedo em minha vida, por volta dos três ou quatro anos, quando descobri que eu me identificava com um mundo – o feminino – que era totalmente vedado para mim, em função de eu ter nascido macho, isto é, com um pênis. Eu me lembro bem das pessoas adultas me “corrigindo”, isto é, “educando”, para eu aprender a ser um “menino homem”, ou seja, para não brincar com boneca, para não brincar de casinha, para não usar as roupas e as maquiagens da minha mãe, coisas que eu amava fazer irresistivelmente. Em lugar de coisas de menina, eu devia jogar futebol, brincar de lutinha e “zoar” os colegas, coisas que eu detestava e continuo detestando fazer depois de tanto tempo. Essa história de inadequação e repulsa pessoal pela categoria de gênero em que fui enquadrada ao nascer vem, portanto, lá da minha infância, e tive que carregá-la comigo por cinco décadas, até me sentir suficientemente empoderada para lidar com as represálias da sociedade, que 8

eu sabia muito bem fatalmente viriam, quando e se eu assumisse a minha condição de pessoa transgênera. Você tem netos, e não se importa de que eles te tratem no masculino, como vovô, por quê? Uma das besteiras típicas do “fundamentalismo” de gênero é que papeis masculinos só podem ser exercidos por homens, nunca por mulheres. Nos últimos 60 anos, as mulheres mostraram, com muita classe e determinação, que não existem papeis masculinos e papeis femininos como resultado de algum determinismo da natureza, que todos os papeis existentes na sociedade podem ser igualmente exercidos por mulheres e homens, com uma única exceção, que é gestar e parir, até agora função exclusiva da mulher por determinismo biológico. O censo do IBGE mostrou que cerca de 47% dos lares brasileiros estão sendo tocados exclusivamente por mulheres que, no caso, são obrigadas a ser mães e pais para os seus filhos, já que também foi mostrado que a maioria dos homens simplesmente abandonam o lar, escafedendo-se completamente, deixando a responsabilidade do cuidado familiar exclusivamente para as mulheres. Esse acúmulo de


papeis femininos e masculinos sobre as costas das mulheres não parece indignar nem um pouco os representantes do patriarcado machista, que simplesmente enlouquecem com a minha persistência em manter meus papeis de avô, pai e marido, sem entrar nesse arremedo bobo de querer ser avó, “pãe” ou marida (afff...). Faz parte da vida daqueles que têm sexualidades e gêneros transgressores ter que revelar quem são e lidar com a não aceitação? Como você enfrenta a não aceitação? Faz, pelo menos enquanto gênero for o único critério de classificação e hierarquização dos seres humanos em dois grupos opostos – homens e mulheres – em função única e exclusivamente deles serem machos ou fêmeas, isto é, de trazerem um pinto ou uma vagina entre as pernas ao nascer. O dispositivo binário de gênero é o principal sustentáculo de todas as desigualdades existentes na sociedade patriarcal-machista em que vivemos. Por isso mesmo, os transgressores das normas binárias de gênero sempre foram duramente discriminados, punidos e escorraçados do convívio social “normal”. Dentro do modelo binário de gênero que possuímos, a não aceitação é estrutural: não tem como evitá-la se não comba-

tendo o próprio conceito de gênero. O que fazer diante de um binarismo de gênero que os fundamentalistas chegam a atribuir, em desespero de causa, à própria “vontade do Criador” e, portanto, “imexível”? Qualquer infração das normas de enquadramento continuará sendo considerada transgressão e os indivíduos transgêneros, duramente reprimidos, combatidos e punidos pela sociedade, às vezes de forma altamente agressiva e violenta, como acontece diariamente no Brasil com as nossas travestis de rua. Às vezes de forma altamente elegante e sutil, como o “esquecimento” profissional a que fui submetida após a minha transição e que me deixou sem um único cliente na minha antiga profissão de Consultora Empresarial. Por sorte, e principalmente por ser um tipo feminino altamente passável, eu nunca sofri nenhuma forma explícita de não aceitação da minha condição transgênera, a não ser, paradoxalmente, dentro do próprio gueto transgênero. Sofri e ainda sofro horrores na boca de certas lideranças e formadoras de opinião que simplesmente não aceitam eu ser quem e como eu sou. Teoricamente, você debate muitas questões de gênero sob a perspectiva da Teoria Queer. Qual o seu posiciona9


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mento sobre o argumento de que essa teoria apaga histórias ao abrigar lutas sob uma mesma perspectiva? Em primeiro lugar, o medo real dessas lideranças e pessoas formadoras de opinião que combatem a perspectiva queer, pelo menos aqui no Brasil, é a perda de vantagens e privilégios adquiridos para elas próprias, através de lutas identitárias cujos resultados são absolutamente pífios e inócuos, quando avaliados à luz dos reais interesses e necessidades da população transgênera do país. Ou seja, essas pessoas estão usando as lutas identitárias em benefício próprio, e se lixando para a população teoricamente representada por suas entidades. Não é só o queer que é recebido como ameaça, não! Os estímulos para a melhoria do grau de escolarização de travestis de rua e/ou a sua recolocação no mercado de trabalho formal (tendo em vista aquelas que queiram deixar o mercado do sexo), por exemplo, são objetos de críticas veladas e muito corpo mole por parte das instituições ditas representativas da categoria. Por outro lado, vê-se uma absurda insistência numa medida altamente inócua como essa do “nome social”, que formalmente não serve para nada, em vez de

haver uma necessária, urgente e inadiável mobilização da população transgênera em torno da aprovação do projeto de lei João Nery. Descontado tudo que já foi dito antes, um outro foco de resistência ao enfoque queer é não saber nada a respeito do queer. Nesse caso, combater, para essas pessoas, parece ser uma ótima saída, para não terem que reconhecer o seu despreparo e dissintonia com o mundo em que vivemos. Você produziu um dicionário transgênero que está disponível no seu site. Você poderia explicar para os nossos leitores a diferença entre transexual e transgênero? Vamos começar por transgênero, um dos termos mais abusivamente usados nesse país, em geral com todos os sentidos possíveis, menos o dele mesmo. Pra começar, transgênero não é uma “identidade de gênero”, como homem, mulher, travesti, transexual, transhomem, dragqueen, crossdresser, não-binário, etc. etc. etc. Transgênero é a condição de não adequação, de subversão, numa palavra, de transgressão das normas de conduta do dispositivo binário de gênero. A transgressão pode ser superficial e temporária, como alegam os chamados crossdressers e travestis ocasionais com suas práticas de “montagem eventual”, como pode ser perma-


nente, duradoura e profunda, que é o caso das pessoas transexuais e travestis que vivem montadas em caráter permanente. O “trans” de transgênero vem exatamente da palavra transgressão. Transgênero é assim uma espécie de guarda-chuva que abriga todo e qualquer tipo de comportamento socialmente considerado como transgressão das normas de gênero. O termo transgênero opõe-se ao termo cisgênero, que significa exatamente o contrário, ou seja, a condição de adequação e conformidade às normas de conduta do dispositivo binário de gênero em vigor na sociedade. As únicas identidades cisgêneras que existem, por definição, são homem e mulher. Para ser cisgênera, a pessoa tem, necessariamente, que viver em conformidade com as normas de gênero da categoria em que foi classificada ao nascer. Resumindo: transexual é uma identidade de gênero; transgênero é uma condição sociopolítica de transgressão do dispositivo binário de gênero. Se uma pessoa é transexual, ela necessariamente é transgênera, mas uma pessoa transgênera não é necessariamente transexual, pois ela pode ser também travesti, crossdresser, dragqueen, não-binária, andrógina, transformista, etc. etc. etc.

Não há coisa mais esdrúxula do que ler uma sequência do tipo “transexual, travesti e transgênero” (note que a ordem de citação, inclusive, já quer impor um grau de importância, uma hierarquia implícita), pois é como ler tomate, pepino e legumes. Afinal de contas, qualquer pessoa já sabe (ou deveria saber) que tomate e pepino são legumes. Como você enxerga as drag queens dentro da discussão de gênero? Juro que me deu vontade de responder a sua questão assim: com os olhos, tamanha a canseira que me dá tratar desse assunto aqui no Brasil. Como eu afirmei no item anterior, importantes lideranças trans (elas é que se autoconsideram importantes...) afirmam, com a autoridade de donas da verdade, que dragqueen não é identidade de gênero, mas profissão. Aí, quando dragqueens famosas, como a Leo Áquila, aqui do Brasil, ou a Carmem Carrera, que brilhou no reality show RuPaul´s Drag Race, assumem viver integralmente como mulher, essas mesmas “lideranças” desconversam – e certamente não é por falta de assunto. Assim como se tornou absolutamente inconsistente e inadequado o critério de diferenciar travestis de transexuais a partir do desejo dessas últimas em realizar cirurgia de

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readequação genital, desejo esse que não estaria presente (aff...) nas primeiras, da mesma maneira, tornou-se completamente nonsense afirmar que dragqueen é homossexual que se produz como mulher em caráter exagerado (over) a fim de “trabalhar” como hostess em casas noturnas ou animar festas de fim de ano. Você é um pesquisadora na área de sexualidade e gênero, não é? Qual foi seu último trabalho? Foi a minha dissertação no mestrado de sociologia da UFPR, apresentada no ano de 2014, e que serviu de base para a publicação do meu livro “O Corpo da Roupa – Uma Introdução aos Estudos Transgêneros”.

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O seu livro “O Corpo da Roupa” foi bastante comentado. Pode nos contar um pouco sobre ele? O Corpo da Roupa é o primeiro manual, compêndio ou livro introdutório sobre Estudos Transgêneros escrito originalmente em língua portuguesa. Com uma linguagem bastante simples e didática, busquei alcançar o máximo de pessoas, com o objetivo de fornecer uma visão geral do que são identidades gênero-divergentes ou transgêneras (travestis, crossdressers, transexuais, andróginos, dragqueens, trans-

formistas, etc.). Trata-se de um trabalho básico, não apenas para quem está se descobrindo agora como pessoa transgênera, mas também para educadores, pesquisadores, jornalistas, advogados, médicos, psicólogos, assistentes sociais e estudantes dessas áreas, além de pessoas interessadas em conhecer melhor o mundo transgênero. De forma desconstrutivista e desafiadora, são apresentados temas fundamentais estudados por essa disciplina, como corpo, roupa, gênero, transgressão de gênero, identidades gênero-divergentes, família, escola, armário, transição, passabilidade e tantos outros. Com a sua publicação, busquei preencher a lacuna até agora existente em nossa língua, de um livro onde se pudesse adquirir uma visão geral do complexo território transgênero, a partir dos seus principais fundamentos teóricos, do seu campo de aplicação prática e dos grandes conflitos, debates e problematizações que essa área de estudos envolve no mundo contemporâneo. Além de incluir uma vasta bibliografia contendo livros, artigos e sites relacionados, o volume traz uma edição revista e atualizada do Dicionário Transgênero, publicado por mim, desde 2006, no Arquivo Transgênero. Os últimos exemplares da primeira edição


ainda estão sendo comerciali- cípio que fizessem referência a zados no Mercado Livre. temas como gênero e orientação sexual. Estamos passando por uma Em um mundo ligado por recrise política que busca abo- des instantâneas de comunilir a discussão de gênero cação entre todas as pessoas, dentro das escolas. O que é muito pouco provável que acha sobre isso? esses mentecaptos consigam Desde que surgiu, em meados tapar o sol com a peneira. Seus da década de 1960, introdu- desvarios naturalmente semzido por teóricas feministas, pre dificultaram e conseguiram o conceito de gênero tem-se adiar o progresso dos direitos mostrado extremamente ro- humanos na sociedade, mas busto na descrição do fenô- não impedi-los. A discussão meno da divisão binária da sobre sexo e gênero nunca essociedade entre homens e teve tão presente no dia-a-dia mulheres. Podemos dizer com das pessoas e não serão meditotal convicção que os debates das espúrias como essa de “imsobre igualdade de direitos en- pedir” o debate sobre gênero tre todos os seres humanos ja- dentro das escolas que irão mais foram os mesmos depois eliminar essa discussão. Pelo da introdução do conceito de contrário, eu penso que tangênero. Ele simplesmente des- ta celeuma em torno de nada bancou as pretensões hege- está apenas estimulando ainda mônicas do patriarcado e é por mais a disseminação do conessa razão mesma que gênero ceito de gênero, dentro e fora é tão combatido pelas forças das escolas. mais retrógradas e obscurantistas da sociedade, como Quais são os seus projetos setores ultra-conservadores para o futuro? da igreja católica, evangélicos Viver cada dia que eu ainda tifundamentalistas e políticos ver pela frente, com o máximo de extrema direita. São essas de intensidade e o mínimo de forças que hoje tentam proibir estresse, defendendo as coisas o aprendizado e a discussão que eu acredito e acreditando de gênero dentro das escolas, que é possível, sim, um futuro como o prefeito de um municí- mais digno, mais justo e mais pio de Rondônia, que recente- amoroso para toda a humanimente determinou que fossem dade. arrancadas todas as páginas dos livros didáticos em uso nas PARA CONHECAR MAIS SOBRE O escolas públicas do seu muni- TRABALHO DA NOSSA ENTREVISTADA: www.leticialanz.blogspot.com.br

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#MODA

Only Girls

Modelos: Alexandra Zeszutko e Jéss Arendacz (Mega Models Sul) www.megamodelsul.com.br

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Produção: Lado A . Agradecimento Especial: Gracielle Tortato (da Charlye Madison) e Douglas Henning (da Mega)


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Todas as peças usadas nesta produção são da Charlye Madison Flagship Store Alameda Julia da Costa, 1093 41-3042-1551

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#COLUNA_SOCIAL

@Verdant

@SpotBear

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#COLUNA_SOCIAL

@CatsClub

@BlackBox

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#SAÚDE

O beijo transmite doenças

e pode ser mais íntimo do que você imagina

O

beijo é muito mais do que um ato de carinho para o ser humano. Muitas vezes, ele representa também a entrega do que você pode proporcionar de prazer para outra pessoa, além de ser a partilha de algo íntimo e pessoal. Quando se pensa em beijar, todos têm logo em mente ou a imagem do primeiro beijo, ou a do melhor beijo ou, por fim, a do beijo daquela pessoa especial com quem você está no momento.

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Mas se você é daqueles que sai beijando todo mundo que vê pela frente ou gosta de fazer aposta com os amigos para ver quem pega mais na balada, pare já. Além do beijo ser uma prática íntima, assim como o sexo, pode carregar uma infinidade de bactérias e transmitir doenças e vírus. Um estudo mostra que na troca de fluídos do beijo, são trocadas, também, cerca de 250 bactérias e, por isso, doenças, como a gripe, tuberculose, herpes labial e hepatites podem ser transmitidas.


Mitos e Verdades

Sífilis - verdade:

Sapinho - verdade:

Cárie - verdade:

Para compreender a relação do beijo com a transmissão de doenças, nós preparamos uma lista de mitos e verdades sobre as principais efemeridades apontadas pelas pessoas quando o assunto é beijar:

Ao contrário do vírus HIV, há casos noticiados de pessoas com feridas na boca que se infectaram pela bactéria Treponema pallidum. A doença se manifesta em várias fases e pode levar à morte.

A boca também pode sofrer com baixa imunidade, ainda mais quando a pessoa não tem o hábito de escovar sempre os dentes e usar fio dental. Uma boa recomendação é observar se a pessoa tem todos os dentes ou se eles são amarelados ou pretos de forma exagerada. Se a pessoa tem mal hálito, não tenha vergonha em dispensar, a Herpes - verdade: A doença geralmente fica hi- culpa não é sua. bernando por muito tempo, mas quando aparece, manifes- Mononucleose - verdade: ta-se através de feridas no cor- Também conhecida por ser a po. O problema é que ela não doença do beijo, a mononutem cura e é difícil de saber se cleose é um dos principais vírus a pessoa que você está beijan- transmitidos pela troca de sado tem herpes ou não. liva. O vírus Epstein-Barr pode ser assintomático, o que dificulHIV- “mito”: ta a identificação, mas estimaApesar de muitos sites afirma- se que cerca de 40% dos jovens rem que o HIV pode ser trans- de 15 a 25 anos sejam portamitido pelo beijo quando se dores do vírus. Ele pode causar tem cárie ou feridas na boca, dor de garganta, febre, inchaço não há nenhum registro na dos gânglios e fadiga. Não há literatura médica de casos do cura, mas pode ser tratado com tipo. Há risco apenas quando remédio e os sintomas desapahá ferimento grande, que pos- recem novamente. sa servir de entrada e saída de sangue ou secreções. Ou seja, sexo oral oferece mais risco do que o beijo. Quando se é criança, os pais advertem as crianças para não beijarem as outras porque, caso contrário, pegariam sapinho. O famoso sapinho nada mais é do que a candidíase, que forma vermelhidão, ardência e feridinhas próximas a boca.

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#VIOLÊNCIA

Estupro corretivo: a cura gay e seus horrores Por Lucas Panek O jornal India Times relatou em janeiro a história de Sanjoy, um jovem indiano que vive em Kolkata com seu parceiro. Com a descoberta dos pais sobre a sexualidade do filho, a família de Sanjoy acreditou que um médico poderia ter a cura para a sua homossexualidade. Ao serem repreendidos pelo profissional, chegaram a cogitar a contratação de um grupo de rapazes para fazer um estupro corretivo com o jovem. Essa é apenas uma de centenas de histórias de estupro corretivo que acontecem só na Índia. 26


A prática é bastante difundida principalmente nos países onde a homossexualidade é crime, como Angola, Jamaica, Arábia Saudita e Índia. Apesar deste fato, um dos países que mais comete esse crime é a África do Sul, onde o casamento gay é até legalizado. Lá, um em cada quatro homens admite ter feito sexo a força com outra pessoa. Um dos casos mais chocantes do país aconteceu em 2008, quando a jovem lésbica Eudy Simelane foi estuprada por um grupo de homens e, depois, assassinada brutalmente. Ela era uma jogadora de futebol famosa no país tanto por seu talento esportivo quanto por seu ativismo LGBT. Boa parte desses países enfrentam fases de transição de caráter político, o que corrobora para uma instabilidade no cumprimento dos Direitos Humanos. Mas, mesmo o Brasil e os Estados Unidos estando bem longe desse cenário, também contam com diversos casos. Aqui, 90% das mulheres, independentemente da orientação sexual, tem medo de serem violentadas, segundo dados do Instituto Datafolha.

ligião, os estupros corretivos estão ligados ao machismo. Em 2016, um caso no Tocantins chocou a região. Um professor denunciou um pai que estuprava a própria filha porque não aceitava a sua homossexualidade. O estupro era uma tentativa de torná-la “mulher”. Esse é um caso típico do discurso em que não se nasce gay, mas, sim, aprende-se. A mentalidade machista diz que uma mulher só é lésbica porque nunca conheceu um homem que a fizesse gostar. Não há muitas estatísticas sobre a modalidade. Mas há alguns números de quando a Secretaria dos Direitos Humanos levantava registros sobre a comunidade LGBT. Segundo estimativa da Liga Brasileira de Lésbicas (LBL), 6% das vítimas de estupro que procuraram o Disque 100 do Governo Federal durante o ano de 2012 foram mulheres homossexuais vítimas de violência.

A sociedade precisa encarar o estupro corretivo além das vítimas. Quem precisa de tratamento são os homens machistas, os pais homofóbicos, enfim, os agressores. Eles estão diluídos na sociedade No Brasil, mais do que uma e, por isso, é preciso um traquestão de legislação ou re- balho amplo e transformador. 27


#MILITÂNCIA

As bandeiras na luta

LGBTQ

Por Lucas Panek

A

s histórias das bandeiras que representam as diversidades humanas estão diretamente ligadas à história do movimento LGBT. A mais conhecida, que é a bandeira do árco-íris, foi criada em 1977 pelo designer Gilbert Baker, para representar um movimento em consolidação. Suas cores simbolizam o orgulho, o reconhecimento e a unidade de uma luta de caráter mundial. Com o processo de discussão e empoderamento, muitos outros segmentos da comunidade foram ganhando representações próprias, como a bandeira do orgulho assexual, a bandeira do orgulho trans, a do orgulho pansexual, dos bears, dos bissexuais. 28


Bandeira do Movimento Lésbico Bandeira do Movimento Urso

Em inglês, Bears quer dizer ursos, e é como são identificados os homossexuais gordinhos e peludinhos. Nos Estados Unidos, o movimento tem bastante força e representatividade e, por isso, tem até bandeira própria. Fica explicado o porquê da pata de urso na bandeira.

Bandeira do Movimento Transgênero

Criada em 1999 por Monica Helms, a bandeira traz a cor azul clara para representar os bebês que são do sexo masculino, a cor rosa para as bebês do sexo feminino e o branco para representar todos os intersexuais, pessoas em transição ou que não se identificam com gêneros binários. Ela também foi criada de forma que, independente da forma que for hasteada, sempre estará certa, em alusão ao fato de que a identidade de gênero correta para você é aquela com a qual você se identifica.

A bandeira do movimento lésbico tem bastante simbolismo. O triângulo negro foi o símbolo usado nos campos de concentração nazistas para identificar “mulheres indesejáveis” e lésbicas. Já o Labrys é um machado de duas lâminas e está associado às sociedades matriarcais, como a sociedade minoica e as amazonas, além de ser o símbolo da deusa Deméter. Movimento lésbico e feministas usam esta bandeira para representar sua força e independência.

Bandeira do Movimento Pansexual

Primeiramente, o que é Pansexual? São pessoas que sentem atração por outras independente da sua identificação de gênero ou sexo. Ou seja, essas pessoas se relacionam com homens, mulheres, agêneros, terceiros gêneros, pessoas que não se identificam com o binarismo de gênero e com o binarismo macho/ fêmea. A bandeira foi criada para representar essas pessoas que sentem atração por todos.

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Bandeira do Movimento dos Assexuados

Bandeira do Movimento Bissexual

O movimento bissexual encontra grande dificuldade em se sentir representado dentro do movimento LGBT, não só por não ter suas pautas ouvidas, como por sofrer preconceito por parte daqueles que não entendem a condição da bissexualidade. A bandeira traz a cor magenta para representar a atração por pessoas do mesmo sexo, o azul para representar a atração por pessoa de sexos diferentes e o roxo para representar a atração por ambas.

O roxo é a cor padrão do movimento dos assexuados, que são pessoas que não sentem atração sexual por outras, em linhas simples, uma vez que o conceito do movimento ainda está em discussão. As escolas de cores pretas, cinzas e brancas fazem essa representação de pessoas que enxergam de formas distintas o movimento.

Leathers são os fetichistas que sentem atração sexual por pessoas com adereços de couro. Outro movimento com diversos adeptos nos Estados Unidos. É associado a práticas e estilos que envolvem vestimentas, erotismo e até BDSM. Bandeira do Movimento Leather

Essas são algumas bandeiras de movimentos de diversidade sexual, identificação de gênero e fetiches. É importante lembrar que existem, pelo menos, outras 30 representações. Ou seja, é material suficiente para montar um manual. 30



#GUIA_GLS_SUL

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