Estagiornal #14

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Estagiornal Fortaleza, 21 de outubro de 2011 - Ed. 14

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Oficina de artes e textura em tela que acontece semanalmente, no Centro Educacional Aldaci Barbosa Mota, nos turnos da manhã e da tarde.

Nesta edição

>>Aldaci Barbosa

Aldaci Barbosa: entre drogas, armas, cores e flores PÁG. 2

Motivação profissional PÁG. 3

>>Opinião

Curso sobre orientação e mobilidade PÁG. 5 Caminhos da Acessibilidade PÁG. 4 e 5 >>Especial

TCCs: Laboratório de Inclusão PÁG. 6

Expediente: Laboratório de Inclusão | Grupo de Informação e Consciência Humana | Coordenador: João Monteiro

Vasconcelos | Estagiários: Evelyn Onofre (Jornalismo), Hermânia Queiroz (Psicologia), Horácio Peixoto (Administração), Paula Castelana (Direito), Luciana Melo (Psicologia), Rebecca Silveira (Jornalismo) e Samara Gomes (Pedagogia)


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Aldaci Barbosa: entre drogas, armas, cores e flores FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Corte e costura, umas das quatro oficinas permanentes do Centro Educacional Aldaci Barbosa Mota.

por Evelyn Onofre e Rebecca Silveira

Placas artesanais indicam os diferentes ambientes do Centro Educacional Aldaci Barbosa Mota, unidade da STDS. Cores, estampas, flores, detalhes e objetos afeminados ornamentam as salas de acordo com as oficinas permanentes de corte e costura, higiene e beleza, bordado e textura em tela. Há também curso de embalagem e atividades complementares como dança e futsal. As oficinas, que acontecem semanalmente, têm salas específicas decoradas pelas próprias meninas da unidade. O Centro oferece ainda o ensino regular completo, EJA I, II e III, com acompanhamento de quatro professores especializados da Secretaria de Educação do Ceará (Seduc-CE) e uma sala de reforço escolar. As fardas de cores branca, amarela, roxa e azul variam de acordo com as medidas socioeducativas em cumprimento, que podem ser internação provisória (45 dias na unidade), privação de liberdade, sanção (extensão da internação após o descumprimento de uma medida

já imposta) e semiliberdade (jovem fora de unidade durante o dia e a noite volta à unidade). Tráfico ilícito de drogas e roubo são os principais atos que levam as adolescentes para o Centro. Percebe-se facilmente as meninas mais agitadas e as mais quietas, mas, quem não convive diariamente, não tem ideia do que cada uma fez para estar ali. Se é primária ou reincidente, se já passou pela tranca, se já bateu ou matou alguém ali dentro mesmo. A homossexualidade também não é tão perceptível. Dentro das condutas e normas do Centro, não é permitido para evitar conflitos internos, já que as meninas são muito ciumentas. “Quando se percebe uma proximidade muito grande entre as meninas, elas são separadas, saem em turnos diferentes”, comenta Valesca Sousa, estagiária de serviço social do Centro. O Centro, que atende exclusivamente o sexo feminino, tem capacidade para 40 adolescentes com faixa estaria entre 12 e 21 anos, mas, atualmente, comporta 41 entre 12 e 17 anos. Os 13 dormitórios têm espaço para três ou quatro camas.

Isso varia de acordo com a lotação da casa, podendo alguns colchões ser colocados no chão ao lado das camas. Os espaços dos dormitórios também variam entre quentes, ventilados, apertados ou sem muita iluminação. “Logo quando chegam, as meninas vão para os quartos mais escondidos, que são mais escuros e abafados. Passam alguns dias e depois mudam para os quartos mais ventilados e iluminados”, diz Valesca. Nos últimos meses, o Centro teve parte do prédio reformada. A parte superior, onde ficam as salas de aulas e coordenadorias já foram reestruturadas. Refeitório, quadra de esportes e dormitórios são os espaços que ainda precisam ser reformados. Segundo a coordenadora Elisa Rodrigues, o novo projeto arquitetônico dos dormitórios é mais espaçoso e seguro para o acolhimento das adolescentes. Há mudanças também na estrutura dos portões e colunas de sustento. “Devido os portões serem muito pesados, derrubam mais facilmente o concreto, quando molhado intencionalmente pelas meninas”, completa Valesca.


A motivação profissional de meninas em conflito com a lei e o mercado de trabalho por Luciana Melo

A motivação profissional é constituída a partir de fatores internos (nossos desejos e sonhos) e externos (o que dá suporte para a realização do trabalho). É tudo aquilo que impulsiona e nos leva a buscar algo, no sentido profissional, na tentativa de satisfazer um desejo. Nos dias atuais, colocar-se no mercado de trabalho demanda esforço, empenho por parte daquele que pretende conquistar o seu espaço. Para aqueles que têm além dos desejos e sonhos, um suporte externo - digo apoio para a construção de um currículo brilhante - o caminho pode ser árduo, mas provavelmente este encontrará um meio onde poderá exercer suas funções. E quando a realidade é outra e não se tem perspectiva de futuro, será que é possível almejar uma inserção profissional? O suporte através do estudo promove a aquisição do conhecimento, é a base fundamental para o exercício de qualquer atividade laborativa, certamente não é o único meio, porém, na maioria das vezes, é o mais eficaz. A realidade das meninas em conflito com a lei, que cumprem medida em centros educacionais merece uma maior reflexão acerca desse assunto. Até que ponto elas têm oportunidade após o cumprimento de medidas? A sociedade permite a inserção dessas pessoas no mercado de trabalho? Elas são preparadas para isso? Elas são aceitas? Raríssimos são os casos onde os jovens que têm passagem por centros educacionais conseguem inserção profissional. A situação atual da mulher no mercado de trabalho, mais precisamente no Ceará, demonstra ganhos significativos, mas ainda apresenta dados que evidenciam a disparidade entre os gêneros. Para as meninas em conflito com a lei, essa realidade se configura ainda pior, pois, ao conseguir a liber-

dade, elas encontram um mundo cercado por preconceitos onde a inclusão social dessas garotas muitas vezes soa como uma ofensa. Porque, afinal de contas, quem gostaria de trabalhar ao lado de uma ex-traficante, uma ex-assaltante, de alguém que cometeu um homicídio? Não importam os fatos ou como foi possível ocorrer o ato cometido, importa única e exclusivamente o que foi feito. E dessa forma toda uma história de vida é ignorada. Os centros educacionais possuem uma estrutura voltada para a socialização, com cursos que permitem a profissionalização dos adolescentes. Quando saem, alguns deles têm boa vontade para retomar a vida de forma digna e procuram não reincidir na prática de crimes, FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Sala de aula do EJA III.

mas não encontram do lado de fora o incentivo a seguir uma carreira, ou seja, um incentivo externo que possibilite galgar degraus dentro de uma profissão. As portas são literalmente fechadas e eles excluídos do mercado. Então, como ficam as questões motivacionais, já que são necessários fatores internos e externos para

que elas ocorram de fato? A resposta é simples: não ficam. Perdem-se no caminho e o resultado é o que muitos de nós já sabemos, eles acabam reincidindo. A sociedade não vê com bons olhos as meninas que cometeram crimes e aquelas que praticam atos infracionais passam também a ser vistas da mesma forma.

Visita ao Aldaci Barbosa Uma visita realizada pelo Grupo de Informação e Consciência Humana ao Centro Educacional Aldaci Barbosa me fez refletir acerca não exclusivamente da estrutura e todo o suporte técnico dado às adolescentes que lá estão, mas principalmente sobre a realidade encontrada por essas meninas após o cumprimento de uma medida. Estar do lado de dentro certamente tem como consequência o sofrimento ocasionado pela privação da liberdade, e sair dali muitas vezes parece ser a solução de todos os seus problemas. A partir dessa perspectiva, elas passam a desenvolver um sentimento de ansiedade. Ao saírem, encontram dificuldades, tendo os seus sonhos ceifados em virtude de um passado que condena e o futuro provavelmente será permeado por incertezas. É preciso muita força de vontade e coragem para superar os vícios, os problemas pessoais, as barreiras sociais impostas e se colocar profissionalmente, lembrando que muitas dessas meninas fazem parte de uma família com uma estrutura fragilizada por diversos fatores. Falta à sociedade exercitar a compreensão diante de uma realidade que, na maioria das vezes, é consentida. A responsabilidade não é exclusiva do cidadão cumpridor de seus deveres burocráticos, mas é ele que tem voz ativa. Permanecer ignorando o problema não trará a solução.

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Opinião

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Uma reflexão sobre a acessibilidade de Fortaleza por Ana Kristia psicóloga do Laboratório de Inclusão

Diariamente, ao transitarmos pela cidade, deparamos com situações que questionam o pleno exercício de nossa cidadania. Seja pela violência, pela poluição atmosférica, visual ou sonora, pela anomia urbana, falta de acessibilidade arquitetônica, entre outras barreiras, somos impedidos de desfrutar da cidade e de suas inúmeras possibilidades. O enclausuramento em condomínios fechados se mostra como alternativa frequente adotada pelos cidadãos citadinos com maior poder aquisitivo. Os veículos particulares também são utilizados em substituição ao transporte coletivo de baixa qualidade em Fortaleza. Assim, percebemos uma prevalência das soluções individuais diante de problemas enfrentados por todo um conjunto de pessoas. A ideologia do “Salve-se quem puder” prevalece sobre a mobilização e a busca por respostas transformadoras que modifiquem o cotidiano urbano. Este pensamento individualista, estimulado pelo sistema capitalista afeta diariamente a vida de todos. Muitas pessoas,

Ter direitos implica também em respeitar os direitos dos demais. sentindo-se mais inteligentes e astutas, procuram se aproveitar das situações e tirar vantagem sobre os outros a qualquer custo. Desta forma, identificamos no ambiente urbano, fatos que denotam o desrespeito aos direitos alheios, simbolizados

através de atitudes antiéticas, muitas vezes consideradas por seus atores como tolices, devido a sua incapacidade de medir as consequências de seus atos. Um motorista, normalmente, não avalia as implicações de estacionar sobre uma calçada, ou em vagas preferenciais. Pois, em seu raciocínio, preocupa-se apenas com a facilidade de encontrar uma vaga para seu automóvel, ignorando que a calçada é um local de trânsito de pedestres e que entre estes existem pessoas com deficiência visual, física e mobilidade reduzida, para as quais trafegar na cidade tem se tornado um risco graças a sua atitude insensível. Ter direitos implica também em respeitar os direitos dos demais. Todavia as violações não se restringem a tais eventos, abrangendo proprietários de estabelecimentos comerciais que utilizam as calçadas como extensão de suas lojas, restau-

Não fazer nada é concordar; cruzar os braços é aceitar a violação... rantes, entre outros. Outro episódio comumente observado é o desnível entre as calçadas que margeiam residências, estabelecimentos comerciais e instituições públicas e privadas. Observamos também calçadas obstruídas, deterioradas ou confeccionadas com materiais inadequados, oferecendo risco ao deslocamento de todos. Existem situações em que ciclistas se utilizam do espaço das calçadas para transitar, competindo com pedestres pelo reduzido espaço de tráfego dos últimos. Notamos ainda uma variedade de bancas, e pequenas vendas móveis posicionadas sobre espaços destinados ao deslocamento dos pedestres, as quais reduzem a amplitude de área disponível, dificultando principalmente a orientação de pessoas com deficiência visual, que são constantemente surpreendidas por novas barreiras em seus caminhos.

Infelizmente o desrespeito não ocorre apenas horizontalmente (de cidadão à cidadão), mas também verticalmente (do poder público ao cidadão). A cidade como um todo, incluindo equipamentos de transporte coletivo, sinalização de trânsito, vagas em estacionamento, entre outros itens, negligencia uma parcela considerável de sua população, a qual necessita de condições adequadas para a efetivação de seu direito de ir e vir, possibilitando-lhes o acesso às várias estruturas urbanas. É neste sentido que visamos criar um espaço de denúncia, onde possamos tornar públicas e evidentes situações cotidianas, que violam os direitos coletivos. Além de passar ao lado, identificar a situação, indignarse e no máximo comentar com um amigo ou familiar, é preciso registrar, fotografar, espalhar, multiplicar a notícia, para dar visibilidade ao erro. Não fazer nada é concordar; cruzar os braços é aceitar a violação e afirmar que milhares de pessoas com deficiência e mobilidade reduzida não tem o direito de desfrutar de sua cidade.

Últimas INCLUSÃO SEM CENSURA Qual tema você gostaria que fosse discutido no III Inclusão sem Censura? Acesse laboratoriodeinclusao. wordpress.com e responda nossa enquete no blog. NOVAS ESTAGIÁRIAS O Grupo de Informação e Consciência Humana agora conta com a participação de três novas estagiárias: Luciana Melo, Rebecca Silveira e Samara Gomes. Sejam bemvindas! AVALIAÇÃO EXCELENTE 25 estudantes universitários de diferentes unidades da STDS serão homenageados no XXIX Fóruns Universitários sobre Motivação Profissional. Parabéns a todos os que fazem parte dessa lista pelo esforço, e dedicação ao estágio. A intenção é que ela cresça cada vez mais.


Caminhos da Acessibilidade: um projeto colaborativo FOTO: EVELYN ONOFRE

Praça do mercado Joaquim Távora, na rua Capitão Gustavo com Av. Pontes Vieira.

por Evelyn Onofre

O projeto Caminhos da Acessibilidade do Laboratório de Inclusão foi criado com o intuito de viabilizar, através de estudos e experiências, o planejamento e a construção de rotas acessíveis nas proximidades da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS). O projeto tem como ponto de partida registrar com fotos e vídeos os arredores da STDS, as dificuldades de acesso enfrentadas diariamente por deficientes visuais e cadeirantes, principalmente. Ruas sem rampas, faixas de pedestres, semáforos ou sinalizações acessíveis é algo escasso, que raramente se encontra em Fortaleza. Algo indignante para quem realmente precisa deles para se locomover mais facilmente e de forma segura pela cidade. O projeto é colaborativo e não se restringe apenas à localidade da STDS. “O objetivo é que o projeto se abranja e atinja todo o espaço público da cidade de Fortaleza. Iniciaremos nos percursos de acesso às avenidas Aguanambi e Pontes Vieira nos entornos da STDS”, diz Ana Kristia, psicóloga e coordenadora

do projeto. FOTO: EVELYN ONOFRE

Ladeira íngreme na rua Capitão Gustavo.

“A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana”, é o que diz a Lei 10.257, de 10 de julho de 2001. É a partir desse princípio que o projeto Caminhos da Acessibilidade inicia o registro, divulgação e publicação de erros, falhas, intransigências, desrespeitos e ações que violam os direitos coletivos. O projeto tem caráter colaborativo. Os interessados podem enviar seus registros para caminhosdaacessibilidade@ gmail.com.

Opinião

Curso sobre orientação e mobilidade na ACEC por Hermânia Queiroz

Nos dias 13 e 14 de outubro, a Associação de Cegos do Estado do Ceará (Acec) promoveu um curso sobre orientação e mobilidade. Uma das atrações foi o seminário sobre o cão-guia, contando com a presença de Flávio Duarte, de São Paulo, e seu cão-guia Eros, relatando sua experiência, as facilidades e os desafios de se locomover com um cãoguia na cidade. No curso, houve uma demonstração, em que Flávio e seu cão-guia se deslocaram de ônibus até o North Shopping, acompanhados pelos participantes do curso. No shopping, chamaram a atenção de muitas pessoas, algumas curiosas e outras receosas. Segundo Maria José Teixeira, professora de orientação e mobilidade da Acec, a experiência foi maravilhosa, pois permitiu conhe- cer e perceber a importância do cão-guia para os deficientes visuais. Para mim, o curso mostrou que é possível ter um cão-guia e se locomover melhor em nossa cidade, acabando com meu receio de que meios de transporte e locais públicos restringissem o acesso ao deficiente visual e seu cão-guia.

Espaço do Estagiário É estagiário de alguma das unidades da STDS, gosta de escrever ou tem algum artigo ou denúncia que gostaria de publicar? O Estagiornal também é de vocês. Seja um colaborador e envie sua notícia, artigo, fotografia, comentário, sugestão para labdeinclusao@ gmail.com. Interessados em participar de algum dos grupos do Laboratório de Inclusão também podem ligar para 3101-2123 ou 3101-4583.

@labdeinclusao

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<ESPECIAL>

TCCs sobre o Laboratório de Inclusão Recém formadas pela Universidade Estadual do Ceará (Uece), a socióloga Aline Alice de Oliveira e a assistente social Renata Melo fizeram seus Trabalhos de Conclusão de Curso tendo como objeto e campo de pesquisa o Laboratório de Inclusão. Pela qualidade das discussões propostas em ambas as pesquisas, decidimos disponibilizar um espaço nesta edição do Estagiornal para a publicação dos resumos dos trabalhos intitulados “Sociedade inclusiva: pessoas com deficiência intelectual no mercado de trabalho”, escrito por Aline, e “Inclusão social de pessoas com deficiência: a experiência do Laboratório de inclusão da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social”, produzido por Renata.

Sociedade inclusiva

por Aline Alice de Oliveira, socióloga e ex-estagiária voluntária do Laboratório de Inclusão

Entendemos o processo de inclusão como sendo a adequação da sociedade às necessidades de seus membros, para que possam exercer plenamente seu direito à cidadania (SASSAKI, 2006), logo, ao trabalho. Desta forma, esta pesquisa objetiva analisar como o Laboratório de Inclusão realiza a inclusão de pessoas com deficiência intelectual no mercado de trabalho, observando as relações entre seus funcionários que apresentam esta deficiência e os que não a apresentam. A pesquisa é qualitativa e exploratória, utilizando a entrevista semiestrutu-

rada, a observação de campo e as conversas informais como recursos metodológicos. Como resultados, observa-se que a inclusão na STDS encontra-se em um estágio avançado, se considerarmos outros órgãos/instituições. Conclui-se, ainda, que a melhor compreensão do processo de inclusão se dá por aqueles que estão mais próximos das práticas inclusivas do Laboratório, pois é preciso conhecimento e convivência para que diferenças sejam respeitadas e mudanças realizadas, logo quebra de barreiras atitudinais.

A inclusão social de pessoas com deficiência por Renata Melo, assistente social e ex-estagiária voluntária do Laboratório de Inclusão

Partindo do pressuposto de que o processo de inclusão social de pessoas com deficiência tem se restringido, na maioria dos casos, em discursos e ações pontuais que pouco têm contribuído para uma verdadeira transformação social que permita a formulação de políticas públicas inclusivistas - este estudo tem o objetivo de investigar/ analisar a experiência de um espaço que tem como horizonte a inclusão social destes sujeitos, verificando a possibilidade da aplicabilidade de ações inovadoras que fogem da perspectiva de proteção, acolhimento e/ou um simples enquadramento destas pessoas aos moldes sociais vigentes. Neste sentido, o lócus escolhido para a realização desta pesquisa foi o Laboratório de Inclusão da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social de Fortaleza. Foi realizado um trabalho de campo de abordagem qualitativa durante os meses de fevereiro a junho deste ano, utilizando a observação participante,

o diário de campo e um roteiro semiestruturado para conduzir a realização das entrevistas. Os resultados da pesquisa apontam que o Laboratório de Inclusão tem funcionado como um espaço em que suas ações têm como horizonte a concretização do movimento de inclusão social. Analisando os projetos e oficinas desenvolvidas neste espaço, percebe-se uma comunhão de pensamentos e atitudes por parte dos coordenadores e dos participantes de uma maneira geral, que condizem com a perspectiva do movimento. Porém, apesar das contribuições, o Laboratório como um todo enfrenta problemas que acabam por se refletir na condução de suas ações, sejam elas oficinas ou projetos. Pode-se afirmar, inclusive, que as hierarquias pesadas das configurações funcionais do serviço público criaram um ambiente hostil à inclusão social. Desta forma, deve se enfatizar que a maior questão não é a inclusão em si, mas a posição das pessoas, das instituições e do Estado diante deste processo. Assim, reivindicar a inclusão é manifestar duas atitudes: uma de aceitação da questão e outra de resolução.

I Arte & Acessibilidade no TJA Em comemoração ao Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência, 21 de setembro, o Grupo de Arte e Cultura Inclusiva (Gaci), projeto do Laboratório de Inclusão da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS), promoveu o I Arte & Acessibilidade. O evento, que aconteceu no Teatro Morro do Ouro, anexo ao Theatro José de Alencar, com a participação de artistas independentes, grupos e instituições que assistem a pessoas com deficiência e vulnerabilidade social, como a Apae-CE e a Sociedade de Assistência aos Cegos (Sac). O objetivo era divulgar os trabalhos de artistas com deficiência e sensibilizar a população quanto ao papel social exercido por eles.


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