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A Educação das Mulheres no Afeganistão, pág

|A Educação das Mulheres no Afeganistão

-Bernardo Aguiar, 2. º ano da Licenciatura em Direito, colaborador JL.

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Surge em 1994, no sul do Afeganistão um grupo fundamentalista islâmico formado por estudantes da étnia pachtun. Estes, cansados do abandono da fé no país e da intermitente guerra civil que o “amaldiçoava”, conquistaram com o apoio do governo do Paquistão o controlo das capitais do país, instaurando a sua perspetiva teocrática no seu governo e, junto com esta, várias medidas extremistas religiosas. A partir do momento em que tomaram o poder, os homens afegãos deixaram de poder cortar a sua barba, dado que tal ato contrariava o Islão. Passaram a estar proibidos cortes de cabelo modernos (estilo ocidental), grandes festas e convívios entre as povoações, a saída desacompanhada das mulheres por um homem e sem as suas Burcas (devido ao facto de apenas familiares próximos puderem ver o seu rosto). Para além disso, as mulheres foram ainda proibidas de trabalhar, estudar em qualquer área que não a saúde, sendo até proibidas de serem atendidas por médicos homens. O Afeganistão tinha mudado. As pessoas viviam sob o julgamento daquilo que segundo os novos governantes correspondia à “palavra de Deus”, mas que Deus é este? Um Deus que proíbe o povo de ter acesso a pequenas liberdades por ser de um outro sexo? Estas políticas cansaram os governos internacionais que, em 2001, decidiram movimentar-se para controlar a situação a partir de uma ação que segundo George W. Bush (então presidente dos Estados Unidos) fez com que o Afeganistão deixasse de ser uma nação que apedrejava as suas mulheres, para ser uma democracia jovem que luta contra o terrorismo e incentiva as mulheres a estudar. Porém, essas medidas acabaram por não durar muito. No dia 11 de setembro de 2021, 20 anos depois do ataque às Torres Gémeas, o atual presidente americano Joe Biden decidiu “colocar um fim” à tensão entre os países e “sair” do Afeganistão. O Talibã, apesar de enfraquecido, aproveitou o momento para na mesma semana voltar a controlar o país. Apesar de prometer um maior respeito, o seu regresso foi acompanhado por medidas opressoras para a população feminina: rostos de mulheres cobertos, devendo sempre respeitar as regras de vestuário do islão. Como é que essas medidas atrapalharam a população Afegã? Atualmente no Afeganistão, apenas 38.2% da população pode ser considerada como alfabetizada (apenas 52% dos homens e 24.2% das mulheres), o que se deve não apenas ao baixo desenvolvimento da área de educação no país, mas também a certas medidas adotadas durante o governo talibã, como por exemplo, a proibição das mulheres estudarem durante a década de 90. Atualmente, mulheres podem estudar, porém, apenas em salas separadas e preferencialmente lecionadas por professoras mulheres, não tendo estas acesso aos melhores professores e sendo limitadas àquilo que é adequado, segundo a perspetiva dos radicais no Islão.

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