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Testemunhos |Programa ERASMUS+
Qual a cidade e a faculdade em que estás a fazer Erasmus?
Joana Vidal/Granada: Estou a frequentar o programa Erasmus+ na Facultad de Derecho de la Universidad de Granada, na cidade de Granada, Espanha
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Leonor Lopes/Budapeste: Estou a frequentar o programa Coimbra Grupo na universidade Eötvös Loránd, em Budapest.
Qual é o custo de vida no geral, em termos de habitação, alimentação, transportes para a faculdade? Asseguraste todos esses custos sem contribuições externas?
Joana Vidal/Granada: O custo de vida é semelhante ao de Portugal O preço da renda dos quartos aqui é consideravelmente superior ao preço médio que encontramos em Coimbra, a rondar, em média, os 250 a 300€. A nível de alimentação, os preços de supermercado são bastante semelhantes e o custo da refeição na cantina é de 3,50€, mas a dose é bastante grande! São servidos sempre dois pratos, bastante cheios, para além do pão e fruta Dá perfeitamente para levar a comida de um dos pratos para casa e comê-la ao jantar. Quanto ao transporte, não gastei nada porque sempre me desloquei a pé para todo o lado, pois é tudo bastante perto; mas sei que existem vários descontos nos autocarros. A bolsa que recebemos no âmbito do programa é uma grande ajuda! Sem ela não iria conseguir suportar todos os custos por mim mesma; graças a ela, pude manter a mesma margem de gastos que tinha em Coimbra.
Leonor Lopes/Budapeste: O custo de vida é semelhante ao de Portugal, talvez um pouco mais baixo. Em termos de alimentação é praticamente igual, em termos de transporte é mais barato, uma vez que o passe para estudantes custa apenas 8€ e permite a deslocação por toda a cidade. Em termos de renda, diria que o custo médio por estudante varia entre os 300€ e 400€, sendo que a bolsa que recebi ajudou bastante a cobrir estes custos Acrescento que em termos culturais, fica muito mais barato viajar e conhecer outros países em relação a Portugal (uma vez que é um país central), de autocarro por exemplo.
Que cadeiras estás a frequentar e tiveste equivalência a quais?
Joana Vidal/Granada: Estou inscrita a Argumentación Jurídica, Derecho de Daños, Derecho Penal II, Derecho Internacional Privado e a Propiedad Intelectual, Industrial y Ordenación del Mercado, que me darão equivalência a Metodologia do Direito, Direito das Obrigações I, Direito Penal III, Direito Internacional Privado e Direito Comercial I, respetivamente Além destas, estou também inscrita a Medicina Legal e Organização Judiciária, mas, infelizmente, não consegui obter equivalências pelo que terei de realizá-las na FDUC.
Leonor Lopes/Budapeste: Eu tive equivalências a Direito Penal II, Direito Penal III, Direito Comercial I, Direito Comercial II, Metodologia, Direitos Reais, Direito Processual Civil, Direito Internacional Privado, Direito Processual Penal
Quais são os métodos de avaliação das cadeiras que estás a frequentar?
Joana Vidal/Granada: Todas as cadeiras são de avaliação contínua, no sentido em que 30% da nota final engloba presença nas aulas, participação e resolução de exercícios que são enviados para realizar em casa (como casos práticos, resumo de sentenças para determinar que tipo de argumentos foram utilizados, etc.); os outros 70% são a nota do exame final. Todavia, à cadeira de DIP o exame final poderia ser substituído por duas frequências; e à cadeira de Propiedad, o exame final poderia ser substituído por pequenos exercícios práticos realizados em aula, entre 10 a 12, mediante algumas condições, nomeadamente: comparecer a todos os exercícios práticos (o professor nunca avisava quando os faria, pelo que é necessário comparecer SEMPRE à aula) Os exercícios são os mesmos que constam do manual, pelo que era possível resolvê-los previamente em casa e posteriormente passá-los para a folha de resposta Além disso, o professor concedia acesso aos computadores para a realização dos exercícios. Como optei por este modelo, a nota máxima que o professor concedia era de 7 valores em 10 (o que equivale a 14 valores na FDUC); se quiséssemos melhorar a nota, teríamos de nos sujeitar a exame final posteriormente.
Leonor Lopes/Budapeste: O método de avaliação varia consoante a cadeira Algumas cadeiras são avaliadas através de apresentação oral e trabalho, outras apenas através de trabalho, e outras por exame final – ou seja, depende das cadeiras que escolherem. No entanto, em comparação à FDUC, não é possível fazer melhoria de nenhuma cadeira avaliada por exame final ou de qualquer outra forma. Para além disso, as aulas são obrigatórias e os professores valorizam muito a assiduidade.
Sentes que o regime jurídico do país onde estudas foge muito do regime jurídico português? Achas que essa discrepância pode prejudicar a prática de profissões jurídicas no nosso país?
Joana Vidal/Granada: Apenas senti que havia algumas divergências no regime jurídico relativamente às cadeiras de Derecho de Daños (Obrigações I) e Derecho Penal II (Penal III). Não incidem sobre a mesma matéria, pelo que não consigo dizer muito bem no que efetivamente diverge, pois ambas se focam em coisas diferentes, no sentido em que em Espanha dão maior peso a umas coisas e em Portugal dão a outras. Quanto às restantes cadeiras, é bastante parecido!
Leonor Lopes/Budapeste: No que toca às cadeiras que põe em contacto várias ordens jurídicas, como por exemplo direito internacional privado, sinto que em nada afeta a minha preparação profissional o facto de as estar a realizar num país diferente Para além disso, achei interessante o facto de que em algumas cadeiras (Direito Penal III, por exemplo), deram me a possibilidade de ser avaliada com um trabalho que versava sobre a matéria como é lecionada na FDUC, ou seja, tive igualmente que compreender o regime jurídico português.
Como descreves a vida social na cidade na cidade onde te encontras?
Joana Vidal/Granada: A cidade é bastante animada Os habitantes no geral gostam imenso de estar constantemente na rua, seja nos jardins, praças, cafés ou bares, tanto de dia como de noite. As manhãs são bastante calmas pois a cidade só “desperta” depois das 10/11 horas De tarde, todo o comércio encerra entre as 14h e as 17/18h, um hábito da zona sul de Espanha. Não obstante, Granada é uma cidade universitária à semelhança de Coimbra, pelo que todas as noites há festas e “coisas” a acontecer. Também existem algumas agências que organizam eventos especificamente para alunos de Erasmus que estejam a estudar na cidade, desde festas, viagens, convívios, etc.
Leonor Lopes/Budapeste: Diria que é consensual que Budapeste é uma das cidades europeias com mais vida! A vida noturna é muito forte, e muito mexida durante o dia, sendo que existe muita coisa para fazer a todo o tempo! Para além disso, é muito central e encontro sempre pessoas com todo o tipo de nacionalidades
Como aprendeste a língua? O programa de Erasmus ou a própria universidade deu-te a possibilidade de teres aulas?
Joana Vidal/Granada: Já possuía bases pois tive 2 anos de espanhol no ensino secundário Uma vez que a língua é parecida com o português, foi fácil desenrascar-me e perceber o que era dito. Confesso que a parte mais difícil é sempre falar pois a pronúncia nunca sai igual, mas rapidamente apanhamos hábitos e expressões. Mesmo para quem nunca teve aulas de espanhol, não é difícil perceber e falar No entanto, a UGR tem um programa de Espanhol intensivo de 2/3 meses com um custo de 450 euros.
Leonor Lopes/Budapeste: Não tive necessidade de aprender a língua, uma vez que todas as aulas foram lecionadas em inglês, e que fui avaliada em inglês a todas as cadeiras. Isso deixou-me mais confortável, uma vez que é uma língua que domino e na qual me encontro certificada. A língua falada em Budapeste é húngaro, mas sinto que é fácil levar a vida em Budapeste com conhecimentos em inglês –apesar de nos ser dada a oportunidade de aprender húngaro.
- Parlamento de Budapeste
Como é a avaliação? Consideras que foi mais ou menos exigente do que na FDUC?
Joana Vidal/Granada: Bastante mais fácil! Tanto as aulas como os exames são bastante práticos e diretos ao assunto Os professores não querem “palha” nos exames, nem que expliquemos teoricamente os conceitos. Resume-se a ler, aplicar diretamente as normas e já está. O volume de matéria é também bastante reduzido, pelo que não é preciso fazer maratonas de estudo intensivo O facto de termos de comparecer obrigatoriamente a todas as aulas e realizarmos inúmeros exercícios práticos facilita bastante o processo de estudo durante a época de exames, além de que alguns professores costumam fazer testes de controlo, a fim de averiguar se a turma está a entender bem a matéria e trabalhar em sala de aula os pontos mais fracos
Leonor Lopes/Budapeste: Diria que é menos exigente do que na FDUC!
Não temos uma época de exames propriamente dita Como as aulas são obrigatórias e o método de avaliação é diferente, a o trabalho dispersa-se mais ao longo do semestre. É mais leve, e mais simples no geral. Como sabemos, não é de todo comum na faculdade de direito sermos avaliados através de trabalhos, no entanto em Budapeste existe muito essa vertente e sinto que expande um bocado os meus horizontes também no que toca a fazer apresentações orais, uma vez que me obriga a sair da minha zona de conforto!
Existe mais alguma coisa que queiras acrescentar ao teu testemunho?

Joana Vidal/Granada: Façam Erasmus! É sem dúvida uma experiência a não falhar. Quebrei a minha bolha de conforto e sinto que cresci muito com isso; dei mais um passo na minha independência e aprendi a lidar com várias diversidades. Conheci várias pessoas de diferentes nacionalidades e foi bastante enriquecedor conhecer outras culturas. E, como bónus, pude fazer “ uma pausa ” da FDUC para recarregar baterias – o alívio foi gigante e sinto que venho preparada para enfrentar a próxima época de exames com mais calma. Leonor Lopes/Budapeste: Recomendo que toda a gente faça Erasmus! É uma experiência incrível e uma oportunidade de conhecer o mundo que dificilmente vai ressurgir na vossa vida! É importante sairmos da nossa zona de conforto e conhecer coisas novas, e Erasmus é mesmo sobre isso!
-Granada, Espanha
