Revista Cruviana n 2

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sabiam da importância do feito que seu amigo acabara de realizar. Justus, com o semblante sereno, mantém o olhar fixo no professor, pois ele mesmo sabia que poderia ter explorado mais a sua oratória, mas preferiu analisar Mileto com a resposta que dera. – Digo-vos que ele não está totalmente correto. “Como não? Justus nunca erra!” Pensam as pequenas mentes brilhantes do curso de filosofia. – Venha aqui, por favor - diz Mileto convidando outro aluno a sentar-se em uma cadeira que ele puxara para o centro da sala. O aluno senta-se e Mileto fala com muito êxtase. – Isto é o óbvio. O óbvio não está em apenas sabermos descrever algo ou em saber sua finalidade, o óbvio está na essência do sentir “o objeto”. Por exemplo, se eu perguntasse o que seria isto, vocês me responderiam que era uma cadeira e se fosse perguntado qual sua utilidade, vocês responderiam satisfatoriamente que é útil para se sentar. Mas o óbvio não está em isto ser uma cadeira ou servir para sentar, o óbvio está em vocês sentirem a finalidade do objeto. Descrever o processo de esta cadeira chegar até aqui, não significaria nada se não a utilizássemos. Olhares atônitos de alunos que pareciam estar mortos diante de seus futuros, agora parecem cobrir o professor, para tentarem assimilar o que acabaram de ver e ouvir. Uma chama de amor, por algo que eles já haviam enterrado no mais íntimo da mente, novamente começa a queimar em seus corações. Encerra-se a aula. Os alunos saem da sala conversando sobre Mileto e tudo que acabaram de ver. Uma aula que eles nunca haviam visto até aquele outono. – Amigos, a aula de hoje foi certamente uma insigne apresentação do que há de mais mágico nesse novo professor. Zenas quebra o silêncio de intermináveis minutos, que acabara de se formar entre eles após a aula de Mileto. – O que vimos era o que faltava para... – Não podemos nos precipitar amigos – Justus interrompe Apolo. – Justus, você não entende, falta pouco para concluirmos nosso projeto e Mileto mostrou-se perfeito para o que precisávamos. O que acha Zenas? – Justus, Apolo tem razão. Só nos resta mais um ano para nos formarmos e convenhamos que Mileto é o melhor que poderíamos ter para a conclusão de nossa tese. – Companheiros, hoje eu o testei, ele saiu-se bem, mas, peço-vos, que me permita fazer uma última análise com ele amanhã. Apolo e Zenas concordam com Justus e os três vão para casa. Justus sabia perfeitamente quão valiosa era a mente do professor para o projeto que os três jovens filósofos estavam desenvolvendo, afinal, tudo que Apolo e Zenas sabiam sobre filosofia aprenderam com Justus. Ambos tinham sido seus projetos um dia.

*** ANTONIO FRANCISCO DE MORAIS NETO é cronista, compositor e poeta, nasceu em Apodi, RN, em 1988. Atualmente cursa Bacharelado em Teologia no Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia – SALT/BA, e é organizador do blog Vire a Página (vireapagina.wordpress.com)


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