Gazeta Rural nº 359

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Embora a procura tenha diminuído e a exportação parou

Agricultura reforça segurança alimentar para produzir e colocar no mercado produtos frescos C

om a produção de legumes e frutas a pessoas dispensáveis à laboração e os trabalhadores mantêm distâncias para manter e colher, os produtores maiores uns dos outros e estão dividimos por setores, não se cruzando, desdobram-se a aplicar normas de segurannem nas pausas para as refeições. ça alimentar contra o novo coronavírus para Na central, além do uso de luvas, máscaras, lavagem e desinfeção reguas explorações e centrais não pararem, mas lares das mãos e distanciamento entre trabalhadores, os leilões de producomeçam a escoar menos. tos passaram a ser feitos pela Internet e nem motoristas, nem compradoÀ corrida aos supermercados e mercados res entram nas instalações, sendo as encomendas feitas por telefone ou que se tem vindo a registar correspondeu um correio eletrónico. esforço acrescido das explorações e das cenMedição da temperatura, lavagem do calçado, lavagem e desinfeção trais hortofrutícolas para responder à procura. das mãos e limpeza reforçada de objetos e espaços de uso comum pasContudo, procura de produtos hortofrutícosaram a ser rotina. “Há mais paragens e mais tempo perdido na labolas em fresco decresceu e a produção “está em ração”, para serem efetuadas limpezas regulares nas zonas de embalaqueda”, concluem os empresários na esperança mento, descreve o gerente Paulo Rodrigues, acrescentando que “têm que “volte a subir”, tendo em conta que é um de o fazer para que haja segurança alimentar”. setor fundamental da cadeia alimentar. “Assim como os profissionais de saúde estão empenhados em lutar “A curgete chegou a valer para a produção 1,40 e correr o risco para defender os doentes nos hospitais, os produa 1,45 euros e neste momento está a 0,90 euros”, tores estão também empenhados em correr o risco, porque, se não exemplifica Paulo Maria, proprietário da empresa corrermos esse risco, não morríamos do vírus e morríamos à fome”, Hortomaria, com 40 trabalhadores para 20 hectaenfatiza Paulo Maria, que é também vice-presidente da Federação res de estufas de curgetes, feijão verde e tomate, Nacional Organizações das Produtores de Frutas e Hortícolas. no concelho de Torres Vedras. Se não houver descontinuidade dos fatores de produção, os proNa central hortofrutícola Hortorres, no mesmo dutores garantem continuar a fazer chegar aos mercados “produtos concelho do distrito de Lisboa, até há duas semaseguros e de qualidade”. nas, a procura levou a um aumento do trabalho e das encomendas na ordem dos “70 a 80%, havendo falta de mão-de-obra, já que 10%” dos trabalhadores com dependentes tiveram de ficar em casa com o encerramento de escolas e centros de dia, explica o gerente Paulo Rodrigues. Nas explorações, “grande parte dos nossos trabalhadores são estrangeiros e não há falta de mão-de-obra, porque não têm cá as famílias”, justifica Paulo Maria, da Hortomaria. A central “não está a conseguir exportar nada e a quebra no mercado nacional está a sentir-se ainda mais”, diz o empresário com preocupação, por ter duas centenas de trabalhadores a seu cargo. Para contornar eventuais despedimentos, a empresa começou a fazer venda de cabazes de frutas e legumes porta a porta na região de Lisboa. Quer na exploração agrícola, quer na central hortofrutícola, desde há três semanas que a entrada ficou restrita www.gazetarural.com

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