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Vinhos Borges premiados com cinco medalhas de Ouro em concurso internacional

Na Wine Enthusiast, revista norte-americana da especialidade

Cabriz Reserva Tinto 2015 atinge a fasquia dos 92 pontos

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Roger Voss, uma autoridade no mundo da crítica de vinhos, atribuiu 92 pontos ao Cabriz Reserva Tinto 2015, nas avaliações que regularmente faz para a revista norte-americana da especialidade Wine Enthusiast.

O crítico anglo-saxónico não tem poupado elogios nas provas dos vinhos Cabriz, enaltecendo a excelente qualidade-preço dos seus produtos. No caso particular do Cabriz Reserva Tinto 2015, Roger Voos lembra que “esta marca popular tem na sua gama de reservas um lado muito mais sério, sendo este um vinho bem estruturado e encorpado, equilibrado entre as notas de frutos negros e os seus taninos”. Um blend das castas Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tinta Roriz “com um final perfumado e fino”. O crítico da Wine Enthusiast aconselha que o vinho “seja consumido no imediato”.

Os vinhos Cabriz têm reforçado o seu prestígio internacional, fruto de um trabalho de promoção da marca junto de ‘influencers’ internacionais, retalhistas e consumidores nos muitos mercados em que a marca já tem uma presença assinalável. Com um vasto portefólio de vinhos capaz de dar resposta às harmonizações mais exigentes, a marca líder da região do Dão vai reforçando a notoriedade dos vinhos produzidos na região.

Toyota Prius AWD-I* Por Jorge Farromba

OToyota Prius Awd-i com a sua legião de seguidores, até mais entre atores de Hollywood, veio demonstrar aqui o quão evoluído tem o seu sistema híbrido. Esta versão, que conta com o sistema inteligente de tração às quatro rodas (AWD-i) e, por isso mesmo, com um preço mais elevado face ao “normal” Prius, serviu de mote ao ensaio para perceber onde este se insere no mercado nacional

Estética – Exterior e Interior

Falar da estética da quarta geração do Prius é algo não consensual, sendo que existe um público que o adora e outro não, mas a mesma estética está definida em prol da máxima eficiência aerodinâmica, onde também a nova plataforma TNGA ajuda a criar uma silhueta e linhas mais baixas face à geração anterior.

As linhas esguias do Prius colocam-no como um familiar tradicional, com uma dianteira full-led, pára choques pronunciado e, algo que atualmente o setor automóvel incorpora, o efeito visual flutuante, aqui da grelha inferior.

Na traseira desaparecem os estilizados e não consensuais faróis mais ou menos verticais para dar lugar a faróis em forma horizontal, onde sobressai a tampa da bagageira com dois vidros para uma maior visibilidade traseira.

No interior, de formato mais tradicional, podemos destacar os novos bancos mais confortáveis (em pele nesta versão premium) e com bom apoio lateral, o head up display, o painel de instrumentos (central – ao estilo Mini) muito bem posicionado e que concentra todas as informações do modelo (desaparece o painel de instrumentos por detrás do condutor). A consola recebe o telemóvel com sistema de carregamento por indução e porta corpos.

Em termos de espaço interior nada a assinalar, sendo mais que suficiente para 4 pessoas e com uma bagageira que não sendo funda possui cerca de 500 litros de capacidade. face ao modelo anterior e no essencial a usabilidade está toda ela presente, sendo que os botões que se encontram no tablier entre o volante e a porta, podiam migrar para a zona central da consola.

Nesta viatura que possui três modos de condução – ECO, normal e Sport - e o modo EV (elétrico) a tónica é o nosso olhar deslocar-se para o 2º painel de instrumentos no tablier ao centro – mais baixo que o principal - e seguir à risca as indicações do modelo para tentar com isso circular em modo elétrico e poupar o máximo possível. Em estrada

Quase sempre possível de se arrancar em modo elétrico, o Prius possui um travão de mão (de pé, tal como na Mercedes) e um joystick que coloca o modelo em modo D, B ou R. Tudo muito simples e, uma vez a circular em cidade, consigo com muita ajuda do sistema, circular quase sempre em modo elétrico (ou até esgotar a capacidade da bateria) e com médias de 4,9l.

Nota-se aqui uma evolução do sistema da Toyota pois permite uma maior autonomia e suavidade de condução a par do aproveitamento sempre que possível da energia.

Materiais, User Experience

A qualidade de construção e dos materiais foi melhorada Em estrada não esperava tantas facilidades do sistema pois a estrada tem desníveis, obriga-nos a ultrapassagens, tanto tem vento a favor como contra, não circulamos em ambiente controlado e o peso presente no automóvel não é

o que habitualmente as marcas utilizam para as suas medições e a velocidade não é sempre a mesma. Com todos estes constrangimentos, consegui a média de 5.2 litros o que achei mui- to bom.

Adicionalmente conta com o sistema inteli- gente de tração às quatro rodas (AWD-i), acio- nado automaticamente após o arranque e a ve- locidades mais altas quando deteta uma perda de tração, por exemplo, sobre neve, gelo e estra- das molhadas.

Em termos de conforto e experiência de condu- ção o Prius mantém intacto um comportamento correto onde o peso das baterias não se imiscue na tendência subviradora ou sobreviradora, o con- forto é de bom nível, a segurança ativa e passiva é idêntica à concorrência num motor 1.8 que tenta quase sempre passar despercebido na acústica do interior

Consumos e preço

Num modelo que hoje tem muita concorrência - até na marca - a Toyota chama a si os louros de mais de 20 anos a desenvolver e apostar na hibridização dos seus modelos que, nesta versão premium e tração as quatro rodas tem o preço de 40.000euros, com consumos qua- se sempre entre os 4.9 e os 5.2l que, acredito, cumprin- do médias de velocidade de 90km/horas, peso ideal e condução quase cirúrgica, conseguiria baixar o consumo pelo menos em mais 0,6 litros mas o intuito deste ensaio é circular em condições reais de utilização.

*Decorrente do COVID19 o ensaio foi realizado antes da declaração do estado de emergência, por forma a cumprir as medidas de restrição de circulação automóvel

Um dia no monte: tensões e distensões*

Por Júlio Sá Rego

Às vezes, em dias de luz perfeita e exata, Em que as cousas têm toda a realidade que podem ter, Pergunto a mim próprio devagar Por que sequer atribuo eu Beleza às cousas. (Alberto Caeiro, 1925, poema XXVI)

Minha chegada à Murça foi agitada. Havia combinado de encontrar o Pastor em local e hora não claramente acertados, o que a mim, simples cidadão formatado pela objetividade da cartografia urbana e marcação do relógio, pode deixar um pouco ansioso. Assim, decidi pegar a estrada cedo para percorrer os 450 km que me separavam de Murça e não perder a oportunidade de encontrar esse pastor. No caminho fui rememorando alguns aprendizados trazidos do Alvão, confiante de que já não era mais o mesmo indivíduo inexperiente em matéria de pastorícia.

Cheguei em Murça por volta das 13h. Faminto e praticamente sem bateria no celular que me servira de GPS durante a viagem, corri para achar uma tomada e contatar sem mais demora o Pastor. Ele propôs-me encontrá-lo imediatamente algures no meio de uma estrada rural, depois da placa de sinalização da aldeia, não muito longe de um olival à esquerda, e com cuidado para não me enganar, pois na região havia outra aldeia de nome muito similar!

Um pouco confuso e sem almoçar, subi novamente no carro torcendo para não ficar totalmente sem bateria. Claro que não encontrei o local indicado na primeira tentativa, mas pelo menos não me havia enganado de aldeia. Depois de duas ligações e mais alguns ensaios, cheguei finalmente ao ponto de encontro. Lá estava ele, imponente, liderando o seu rebanho de cabras serranas com um guarda-chuva. O dia estava de fato bastante húmido com um chuvisco intermitente. Aflito, ele restringiu nossas primeiras palavras à sua preocupação por as cabras haverem invadido um cultivo de beterraba e pelo prejuízo financeiro que isso poderia representar.

Felizmente e para alívio do Pastor, a plantação de beterraba estava praticamente intacta, ao contrário das minhas certezas. Receei que de nada poderia me valer o aprendizado acumulado na vastidão pedregosa do Alvão, aqui nesse baixo planalto verdejante e cultivado do terroir transmontano. De fato, notei pouco a pouco que o maneio dos animais por entre plantios exige outro tipo de destreza, principalmente quando o curral e os baldios estão separados por hortas, vinhas e castanheiros saborosos aos olhos de cabras sujeitadas a uma dieta à base de mato, como era o caso aqui. Guiá-las tornava-se uma tarefa árdua, sucedida apenas com invectivas, pedras e paus. Os incidentes eram, porém, raros e quase nunca terminavam em prejuízo, disse-me o Pastor ao mesmo tempo que relatava um conflito aberto com um viticultor vizinho que chegou a envenenar as cabras espalhando herbicida no mato à proximidade do estábulo. O mundo rural que começava a desenhar-se diante de mim era bem diferente daquele harmonioso e aparentemente sem conflitos que imaginei.

As minhas seguintes viagens confirmaram-me que conflitos poderia haver muitos, principalmente em áreas onde animais e plantios coexistem imbricados. O menor incidente podia ser fonte de tensão e às cabras não lhes poupavam críticas nem acusações, inclusive quando crimes eram cometidos por outros animais silvestres, como javalis ou corços. Lembro-me de notícias de jornais relatando queixas de diversos proprietários na Serra do Açor culpando “cabras sapadoras” de andarem desacompanhadas a destruir pomares e culturas, mesmo não havendo nenhum rebanho a menos de 15 km das regiões em questão. É certo que corços são também popularmente conhecidos como cabras selvagens, o que pode causar quiproquós. Contudo, o estigma social associado à cabra e ao pastor parece ser o principal motivador de muitas dessas acusações, pois quase toda tentativa de esclarecimento, argumentação, ou conciliação resulta em vão. Pastores não logram dissociar- -se de sua histórica imagem social, ora a de um sátiro, figura exterior à ordem social da aldeia, ora a de um oportunista ou um incendiário.

Não obstante, pastores e agricultores não detinham o pri

vilégio dos conflitos. Outras combinações de beligerantes e alianças podiam surgir entre os diferentes atores ativos no mundo rural -humanos, animais, vegetação, água e fogo- dependendo do lugar e do momento. Na Serra da Peneda, por exemplo, um pastor contou-me sobre lobos. O lobo, apesar de ser ocasionalmente avistado, não era uma ameaça real aos rebanhos no Alvão e eu não tinha consciência do perigo que ele podia representar em outras regiões de Portugal. O relato do Pastor da Serra da Peneda deixou-me boquiaberto. Haveria lá uns 50 lobos e os ataques eram frequentes. O Pastor já havia perdido 70 cabras e um extenso ataque acabara de se produzir nos dias precedendo à minha chegada. As cabras ainda estavam bem assustadas e nos seguiam como cães, em busca de carinho e proteção.

Porém, nem todo conflito carrega ruína e alguns podem ser de grande beleza. Estava na Serra do Açor e havíamos terminado o percurso de pastoreio. O sol estava para se pôr e o Pastor propôs-me dar uma volta de jipe pelo baldio para avistar veados, pois era a época de acasalamento. Poucos minutos pelos caminhos de terra foram suficientes para enxergar, ao longe, uma nuvem de pó. O Pastor parou o jipe e convidou-me a segui-lo discretamente. Ao me aproximar, percebi que estávamos presenciando um combate de machos. A cena era de inefável beleza, estimulando todos os sentidos ao mesmo tempo: o cheiro da poeira levantada desenhando duas majestosas sombras imprimidas num céu cor de rosa e que dançavam ao som de madeiras se chocando. Estavam lá dois veados combatendo, cornos contra cornos, ao pôr do sol. Perguntei se não era perigoso estarmos ali de gaiatos observando a cena. A resposta não foi nada encorajadora: “Sim! Se eu te disser corre, você corre para o jipe!”. Seguimos por mais alguns minutos, absorvidos pela magnitude e magnificência daquela cena, até o Pastor olhar para mim e dizer: “CORRE!”

*Texto original

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