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from Gazeta Rural nº 359
by Gazeta Rural
Embora a procura tenha diminuído e a exportação parou
Agricultura reforça segurança alimentar para produzir e colocar no mercado produtos frescos
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Com a produção de legumes e frutas para manter e colher, os produtores desdobram-se a aplicar normas de segurança alimentar contra o novo coronavírus para as explorações e centrais não pararem, mas começam a escoar menos.
À corrida aos supermercados e mercados que se tem vindo a registar correspondeu um esforço acrescido das explorações e das centrais hortofrutícolas para responder à procura. Contudo, procura de produtos hortofrutícolas em fresco decresceu e a produção “está em queda”, concluem os empresários na esperança que “volte a subir”, tendo em conta que é um setor fundamental da cadeia alimentar.
“A curgete chegou a valer para a produção 1,40 a 1,45 euros e neste momento está a 0,90 euros”, exemplifica Paulo Maria, proprietário da empresa Hortomaria, com 40 trabalhadores para 20 hectares de estufas de curgetes, feijão verde e tomate, no concelho de Torres Vedras.
Na central hortofrutícola Hortorres, no mesmo concelho do distrito de Lisboa, até há duas semanas, a procura levou a um aumento do trabalho e das encomendas na ordem dos “70 a 80%, havendo falta de mão-de-obra, já que 10%” dos trabalhadores com dependentes tiveram de ficar em casa com o encerramento de escolas e centros de dia, explica o gerente Paulo Rodrigues. Nas explorações, “grande parte dos nossos trabalhadores são estrangeiros e não há falta de mão-de-obra, porque não têm cá as famílias”, justifica Paulo Maria, da Hortomaria.
A central “não está a conseguir exportar nada e a quebra no mercado nacional está a sentir-se ainda mais”, diz o empresário com preocupação, por ter duas centenas de trabalhadores a seu cargo. Para contornar eventuais despedimentos, a empresa começou a fazer venda de cabazes de frutas e legumes porta a porta na região de Lisboa.
Quer na exploração agrícola, quer na central hortofrutícola, desde há três semanas que a entrada ficou restrita a pessoas dispensáveis à laboração e os trabalhadores mantêm distâncias maiores uns dos outros e estão dividimos por setores, não se cruzando, nem nas pausas para as refeições.
Na central, além do uso de luvas, máscaras, lavagem e desinfeção regulares das mãos e distanciamento entre trabalhadores, os leilões de produtos passaram a ser feitos pela Internet e nem motoristas, nem compradores entram nas instalações, sendo as encomendas feitas por telefone ou correio eletrónico.
Medição da temperatura, lavagem do calçado, lavagem e desinfeção das mãos e limpeza reforçada de objetos e espaços de uso comum passaram a ser rotina. “Há mais paragens e mais tempo perdido na laboração”, para serem efetuadas limpezas regulares nas zonas de embalamento, descreve o gerente Paulo Rodrigues, acrescentando que “têm de o fazer para que haja segurança alimentar”.
“Assim como os profissionais de saúde estão empenhados em lutar e correr o risco para defender os doentes nos hospitais, os produtores estão também empenhados em correr o risco, porque, se não corrermos esse risco, não morríamos do vírus e morríamos à fome”, enfatiza Paulo Maria, que é também vice-presidente da Federação Nacional Organizações das Produtores de Frutas e Hortícolas.
Se não houver descontinuidade dos fatores de produção, os produtores garantem continuar a fazer chegar aos mercados “produtos seguros e de qualidade”.

Já há cerca de 20 hectares plantados
Produtores de Vila Pouca de Aguiar estão a apostar na amêndoa
Agricultores de Vila Pouca de Aguiar começaram há dois anos a apostar na amêndoa, uma produção inexistente no concelho, e têm já cerca de 20 hectares plantados de amendoeiras de onde vão colher os primeiros frutos neste Verão.
Neste território da zona da Terra Fria e sem tradição deste fruto seco, os agricultores vêem, agora, na amêndoa uma oportunidade de negócio e apontam boas condições de solo e de clima. “Isto começou há dois anos. Começámos a plantar castanheiros, mas devido à altitude em que nós estamos o castanheiro já não é uma boa aposta e, depois de análises e estudos, chegamos à conclusão que seria melhor apostar na amendoeira”, afirmou Francisco Carvalho, de 34 anos e residente em Tresminas.
É funcionário público e a agricultura é um trabalho complementar para este produtor que fez uma “plantação de três hectares onde tem à volta de mil pés de amendoeira”. “Este ano já teremos amostras, já haverá árvores a terem fruto, mas é ao final do terceiro ano, ou seja, em 2021, que começamos a ter produção de amêndoa”, frisou Francisco Carvalho.
O produtor acredita que os frutos secos “têm sempre saída no mercado”. “Uns anos mais rentáveis, outros anos menos, mas tem sempre saída seja para consumo ou até para fins medicinais”, reforçou.
Valorizados no mercado nacional e internacional, os frutos secos são considerados de fácil cultivo, mecanizáveis e rentáveis. O objectivo deste agricultor é continuar a aumentar a sua plantação.
Só na área de Tresminas, contou, são oito os produtores que se estão a dedicar a este fruto seco e que plantaram um total de 10 hectares. Nesta freguesia contam com o apoio da junta que está a ceder terrenos baldios aos moradores e está num processo de desbaste de mato para, depois, se proceder a novas plantações.
No concelho, segundo dados fornecidos pelo município, foram plantados, nestes dois anos, cerca 20 hectares de amendoeiras no âmbito desta nova aposta de vários produtores. “Estamos a reorganizar o sector agrícola e estamos a ir de encontro a cada agricultor deste concelho para o incentivar e ajudar na produção, como está a acontecer na fileira dos frutos secos”, afirmou o presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, Alberto Machado.
As previsões apontam para uma produção de amêndoa neste município, em cinco anos, de cerca de 40 toneladas. Este ano deve ser colhida cerca de meia tonelada.
A amêndoa é um dos frutos secos mais produzidos a nível mundial e tem um elevado impacto económico em Trás-os-Montes e Alto Douro. Em 2019, a produção em Portugal foi de cerca 30 mil toneladas.
Segundo dados do Ministério da Agricultura, entre 2009 e 2018 registou-se um crescimento de 48% da área de amendoal no país. De 2010 a 2018 verificou-se um aumento de 208% na produção de amêndoa. A distribuição da área de amendoal, em 2018, era: Trás-os-Montes com 54%, Alentejo com 23%, Algarve com 19% e Beira Interior com 4%.
Valor médio da temperatura foi de 11.º celsius
OInverno passado, que terminou na última sexta-feira, foi o segundo mais quente desde 1931 e classificado como “extremamente quente e seco” em Portugal continental, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
No Boletim Climatológico Sazonal, sobre o Inverno 2019/2020, o IPMA diz que mais quente do que este Inverno só o de 1990 e que as temperaturas máximas (em média) bateram recordes, nomeadamente em Fevereiro, o mais quente de sempre.
O valor médio da temperatura foi de 11.º celsius, superior ao normal em mais 1,47 graus, diz o IPMA, que regista também valores acima do normal quer nas temperaturas máximas quer nas mínimas. Na temperatura máxima registou-se uma média para o Inverno de 15,67º celsius, o valor mais alto desde 1931 e superior em 1,92º celsius ao valor normal (1971-2000).
E na temperatura mínima, com uma média de 6,33º celsius, o aumento em relação ao normal foi de 1,01º celsius, o terceiro valor mais alto desde 2000.
Em relação à precipitação os valores também foram menos do que a média para os meses de Dezembro a Fevereiro, apenas 78% do valor médio. “Valores da quantidade de precipitação inferiores aos deste Inverno ocorreram em cerca de 40% dos anos, desde 1931”, segundo o Boletim. O IPMA destaca ainda que o Inverno que agora terminou foi de recordes e de valores acima do normal.
O mês de Dezembro foi o terceiro mais quente desde 1931, tendo sido ultrapassados nalguns locais a sul do país os anteriores máximos de temperatura para Dezembro, e Fevereiro foi o mês mais quente desde 1931, com temperaturas máximas nunca antes registadas (desde 1931).
E na precipitação o Inverno foi também atípico. Se por um lado a chuva intensa em Dezembro quando das tempestades Daniel, Elsa e Fabien trouxe valores recorde para a Guarda, a seca afetou as regiões do baixo Alentejo e Algarve, onde choveu menos de metade do que seria normal. “O menor valor da quantidade de precipitação ocorreu em Faro,78.7mm, e o maior em Cabril, 904.9mm; a percentagem da quantidade de precipitação total, em relação aos valores médios, variou entre 32% em Faro e 172% em Guarda”, diz o documento do IPMA.
ADICES/PACTO 2020 Águeda| Carregal do Sal| Mortágua| Stª Comba Dão| Tondela
PERÍODO DE APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS De 20 de fevereiro a 30 de abril de 2020
5.º CONCURSO
Operação 10.2.1.1 PEQUENOS INVESTIMENTOS NAS EXPLORAÇÕES AGRÍCOLAS
Investimentos em ações cujo custo total elegível apurado, em sede de análise, seja igual ou superior a 1.000€ e inferior ou igual a 40.000€ e incidam na área geográfica correspondente ao território de intervenção do GAL ADICES, de modo a promover a melhoria das condições de vida, de trabalho e de produção dos agricultores, bem como contribuir para o processo de modernização e de capacitação das empresas do setor agrícola.
232 880 080|adices@adices.pt
Consulta de Anúncios e Legislação em www.pdr-2020.pt ou www.adices.pt
