Utopia - Edição nº25 SBNL

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utopia

A R Ç O 2 0 2 5

uma realidade perfeita
Se Bem Nos Lembramos
Escola Secundária Vitorino Nemésio

CONCURSO

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CONCURSO NACIONAL DE JORNAIS ESCOLARES
NACIONAL DE JORNAIS ESCOLARES

Utopia

uma realidade perfeita

SeBemNosLembramos ediçãonº25|março2025

EscolaSecundáriaVitorinoNemésio

Índice

Editorial

Jogos interescolas

A chama da politica reacende na ESVN

Troca de cartas de São Valentim

A “Festa Redonda”, uma semana de cultura

Entrevista aos presidentes das associações de estudantes da EBSTB e ESJEA

Olimpíadas da Geologia

Uma cerimónia de prémios com uma grande mensagem

A filosofia utópica (de platão) Utopias

EDITORIAL

Para esta edição, foi decidida uma palavra e uma palavra só: utopia.

1 Ideia ou descrição de um país ou de uma sociedade imaginários em que tudo está organizado de uma forma superior e perfeita.

2. Sistema ou plano que parece irrealizável.

A origem etimológica desta palavra é latina e foi inventada por Thomas More, para nomear uma ilha ideal em “A Utopia”. Apesar do livro referido estar datado com o ano 1516, o conceito de uma ilha utópica, uma ilha perfeita, não é estranhado aos conhecedores da literatura clássica. Até mesmo quando analisamos as obras portuguesas, temos um exemplo que é dificilmente esquecido pelos alunos que o estudam. Os Lusíadas, de Luis Vaz de Camões, contêm, nos cantos IX e X, a alusão à “Ilha dos Amores”, um local de recompensa para os bravos marinheiros portugueses.

Hoje em dia, sem nos apercebermos, vivemos em constante procura da perfeição, de uma realidade que agrade a tudo e a todos. Algumas pessoas vão até para lá desta busca e aspiram, elas próprias, ser uma utopia. Contudo, todas estas linhas de pensamento estão erradas, porque a perfeição não é algo estático A perfeição é o que dela fazemos Cada um de nós, nas nossas mentes, cria uma ilha diferente. Arranha céus, movimento noturno, são contrastantes com a serenidade do campo. Sozinhos ou acompanhados, com amigos ou parceiros. Perto do mar, perto daqueles de amamos. Todas estas re que alguma pessoa por aí

Para esta edição, foi escolhida uma palavra e uma palavra só, mas pode significar tanta coisa, que até daria para fazer uma edição de jornal inteira sobre ela

ESCOLA jogos interescolas na ESVN

No dia 21 de Janeiro, decorreram os tão esperados jogos interescolares, na nossa escola, contando com a participação da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, da Escola Básica e Secundária Tomás de Borba, Escola Profissional da Praia da Vitória e Escola Secundária Vitorino Nemésio.

Ao longo do dia, as escolas competiram em jogos das seguintes modalidades: Voleibol, Basquetebol e Futsal. O dia teve início com os jogos de voleibol, saindo vitoriosa a Escola Secundária Vitorino Nemésio De seguida, a modalidade do basquetebol teve como vencedora a Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade. Por fim, a última modalidade do dia foi o Futsal, triunfando a Escola Básica e Secundária Tomás de Borba.

A comunidade escolar aderiu, como é habitual, com grande entusiasmo a esta iniciativa organizada pela nossa Associação de Estudantes, em parceria com as as restantes escolas que participaram.

jornal escolar transmite, pela primeira vez, os jogos interescolares

Ainda neste mesmo evento, esteve presente o nosso jornal, Se Bem Nos Lembramos, que o documentou através de uma transmissão em direto Além dos jogos em si, estes vídeos que estão disponíveis no canal do Youtube do jornal, tiveram também direito a relato e entrevistas a jogadores, árbitros e aos presidentes das Associações de Estudantes das escolas participantes. A equipa trabalhou arduamente nestes dias e diz que será uma experiência a repetir

Andreia Cunha
Beatriz Silveira

A chama da política reacende na ESVN

No mês de janeiro, entre os dias 8 e 10 de janeiro, na Escola Secundária Vitorino Nemésio, realizou-se a semana de campanha eleitoral para o Parlamento dos Jovens. De seguida, no dia 9 de janeiro, realizou-se o debate escolar. Seguidamente, ocorreram as eleições das listas no dia 13 de janeiro, tendo saído vitoriosa a Lista A do ensino secundário, e a Lista A do ensino básico Por fim, no dia 17 de janeiro, foram eleitos os deputados Daniel Medeiros e Gonçalo Pereira para representarem a nossa escola no dia 18 de março, na Sessão Regional do Secundário. A deputada Catarina Costa, do secundário, também foi eleita para concorrer à mesa da Sessão Regional, tendo sido votada para ocupar o cargo de Presidente de Mesa, no dia 6 de fevereiro, na Sessão Virtual No ensino básico, os deputados Maria Homem e Diogo Barbeito foram apurados para a Sessão Regional, que se irá realizar no dia 17 de março. A deputada Alice Machado, eleita para concorrer à mesa da Sessão Regional, também foi votada para Vice-Presidente da Mesa, do ensino básico, no dia 5 de fevereiro, igualmente na Sessão Virtual.

ESCOLA

troca de cartas de são de Valentim

No passado dia 14 de fevereiro, mundialmente conhecido como o dia do amor, a ESVN encheu-se de palavras de afeto e carinho Por iniciativa das Associações de Estudantes da ilha, esta “tradição” repetiu-se uma vez mais neste ano letivo 2024/2025. As cartas de São Valentim, que variaram de meras demonstrações de amizade até às mais profundas declarações de amor, foram trocadas entre alunos, tanto dentro da nossa escola, como com os alunos da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade e da Escola Básica e Secundária Tomás de Borba.

a “Festa Redonda”, uma semana de cultura

Entre os dias 17 e 21 de fevereiro, a Escola Secundária Vitorino Nemésio foi o palco da Festa Redonda, uma semana cultural recheada do que fazer. Foram organizados vários eventos com o intuito de homenagear o próprio Vitorino Nemésio, poeta nascido em Santa Cruz, Praia da Vitória, perto da área onde a escola está localizada. Esta semana serviu, também, para espalhar cultura e a assegurar que o nome “Vitorino Nemésio” é relembrado

Dentro da vasta lista de eventos que decorreram, é de destacar a Festa da Proteção Civil, realizada no passado dia 21 de fevereiro. Exposições de material e a divulgação do importante papel da Proteção Civil na nossa comunidade, foram algumas das atividades realizadas neste dia. A participação da SRPCBA (Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Praia da Vitória; Bombeiros do 65th – Azemat do destacamento norte –americano da base das Lajes; Serviço Municipal da P V e Electro Cruzeiro) foi essencial para a realização desta atividade. Essencial também foi a presença do realizador Jorge Monjardino, que partilhou o seu filme/documentário “7.2”, sobre o sismo de 1980 e as experiências de quem o viveu

Esta semana cultural contou ainda com a cerimónia de entrega de prémios de mérito e excelência da escola e com a realização de torneios intraescolares.

Beatriz Silveira

Entrevista aos presidentes das Associações Escolares da EBSTB e da ESJEA

No âmbito dos jogos interescolares, o jornal SBNL fez uma entrevista ao presidente da Associação de Estudantes da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade (ESJEA), André Macedo, e ao presidente da AE da Escola Básica e Secundária Tomás do Borba (EBSTB), Afonso Bignotto, para conhecermos algumas curiosidades sobre a organização e o decorrer deste dia tão esperado por todos.

Catarina Costa (CC) – Para ti, enquanto presidente da AE da EBSTB (Escola Básica e Secundária Tomás do Borba), qual é a importância destas atividades, tão apreciadas pela comunidade escolar?

André Macedo (AM) – Os torneios interescolares são momentos de grande importância para toda a comunidade estudantil A minha perspetiva enquanto Presidente da Associação de Estudantes da EBSTB é de que atividades como os interescolas são fundamentais para fortalecer o espírito de equipa e promover o desporto. São eventos que unem toda a comunidade escolar e que criam um ambiente vibrante

CC – Qual é a tua opinião em relação à rivalidade acesa entre escolas?

André Macedo, Presidente da Associação de Estudantes da EBSTB (Escola Básica e Secundária Tomás do Borba), durante a semana de campanha

AM – Sobre a rivalidade entre escolas, acredito que, quando mantida dentro de um espírito desportivo e de fair play, é bastante saudável É natural que haja competição, mas o essencial é que todas as escolas e os alunos encarem os jogos como uma oportunidade de crescimento e aprendizagem. No final, mais do que ganhar, é poder viver a experiência do interescolas com respeito e representar a nossa escola com orgulho.

ESCOLA

CC – Como classificas a prestação da EBSTB nesta edição dos jogos?

AM – Quanto à prestação da EBSTB nesta edição dos jogos, realizados na Escola Vitorino Nemésio, considero que foi exemplar. Os nossos alunos demonstraram empenho, dedicação e, acima de tudo, um enorme espírito de equipa Os resultados foram bastante positivos e não poderíamos estar mais orgulhosos da nossa participação e do esforço de todos os envolvidos. Não posso também deixar de agradecer à AE da Escola Vitorino Nemésio pela organização excecional do evento. Estamos ansiosos por retribuir e poder receber-vos tão bem em nossa casa. Agradeço ainda a oportunidade de falar sobre este tema e reforço o compromisso da Associação de Estudantes da Escola Básica e Secundária Tomás de Borba em continuar a apoiar e incentivar este tipo de iniciativas.

Afonso Bignotto, Presidente da Associação de Estudantes da ESJEA (Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade) durante a semana de campanha

CC – O que é que os Jogos Interescolares representam para ti? A tua visão em relação a estes jogos mudou desde que te tornaste Presidente da AE da ESJEA (Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade)?

Afonso Bignotto (AB) – Para mim, os Jogos Interescolares, para além de serem uma forma onde se pode criar competitividade entre as diferentes escolas secundárias da ilha, é um evento que engloba um tema muito importante na nossa vida social, o desporto (...)

ESCOLA

AB – (...) Tais jogos trazem a alegria e união de cada escola, e é isso e a rivalidade entre escolas que faz dessa competição interescolar algo cativante Como presidente, senti mais peso e necessidade de ganhar em relação aos outros anos pois é “ o meu ano de Associação de Estudantes” e está a meu cargo continuar a boa prestação que o Liceu tem tido nos jogos dos anos anteriores.

CC – Qual consideras ter sido o maior desafio encontrado na organização dos jogos?

AB – Em relação aos jogos intra-escolares foi um desafio que nós apanhou de surpresa, a mim e à minha direção Nas Associações passadas nas quais estive presente, o trabalho não se compara ao que eu e a minha direção tivemos nesses torneios, devido aos alimentos e à água que tínhamos de fornecer aos jogadores, o horário dos jogos que tínhamos de cumprir e a preocupação com as condições meteorológicas no torneio de futebol, pois, com a falta de um pavilhão na nossa escola, somos obrigados a jogar na rua, e infelizmente choveu um pouco Em relação ao interescolas, acredito que tenha sido um trabalho complicado para a minha colega Ana Beatriz. Mesmo assim conseguiu fazer um trabalho excelente e muito bem organizado!

CC – Como classificas a prestação da ESJEA nesta edição dos jogos?

AB – Acho que nestes torneios interescolares o Liceu teve uma boa prestação, apesar de só ter ganho no basket Os meus jogadores, tanto de basket como das outras modalidades, deram o seu melhor para ganhar e isso para mim é o mais importante.

Catarina Costa

Olimpíadas da Geologia

Entrevista aos participantes Benedita Melo e Simão Dinis

Os alunos Benedita Melo e Simão Dinis participaram, no ano letivo transato, nas Olimpíadas da Geologia, tendo sido selecionados para a Fase Nacional deste projeto, em Estremoz. Neste sentido, os alunos tomaram a iniciativa de divulgar o projeto pelas turmas do 10.º e do 11.º anos, com o intuito de fomentar a sua participação, contando com a ajuda da docente que os acompanhou nesta jornada, Maria Teresa Robalo, e outros docentes que colaboraram com os alunos na atividade proposta

Catarina Costa (CC) – Simão e Benedita, o que vos levou a participar neste projeto das Olimpíadas da Geologia, no ano letivo transato?

Benedita Melo (BM) – Decidimos inscrever-nos para participar nas Olimpíadas de Geologia no passado ano letivo muito por incentivo da nossa professora de Biologia e Geologia, Maria Teresa Robalo, que era a responsável pela edição de 2023/2024, mas, para além de ser uma forma de nos propormos a um novo desafio, sabíamos que seria bastante útil para a preparação do exame

Simão Dinis (SD) – Da minha parte, no início não fiquei muito motivado a participar mas, graças ao incentivo da nossa professora, participei e, por isso, agradeço-lhe muito por ter acreditado no meu potencial e por todo o apoio prestado ao longo das várias etapas

BeneditaMelo

ESCOLA

CC – Quais foram os vossos métodos de estudo para realizarem as provas?

BM – O início da preparação passa por rever a matéria que já tinha sido dada anteriormente, mas, tão importante quanto isso, foi realizar as provas das edições passadas para nos começarmos a familiarizar com a estrutura das mesmas e começar a ver o tipo de raciocínio que tínhamos de adotar Por último, mas muito importante, foi tirar as dúvidas que iam surgindo junto da nossa professora que teve um papel crucial nessa nossa preparação.

SD – Para a fase escolar, para ser sincero, revi muito por alto a matéria e vi como era o formato das provas. Para as etapas seguintes, realizei “ provas atrás de provas ” , que estão disponíveis no site das OPG (…), e esclareci as dúvidas com a professora Teresa, que esteve sempre disponível para nós.

CC – Como se sentiram ao saber que iriam representar os Açores na Fase Nacional do projeto?

SimãoDinis

O Simão, atualmente aluno do 12 º ano da ESVN, foi um dos três apurados para representar Portugal na China, na Fase Internacional do projeto. Contámos com a sua colaboração para perceber melhor como decorreu esta última fase, onde participaram alunos de países de todo o mundo!

BM – A verdade é que a Geologia não era a área em que nós tínhamos mais interesse mas, ao longo das várias fases, fomos aprendendo imenso, o que despertou a nossa curiosidade e gosto por essa ciência. Assim, descobrir que fazíamos parte dos 25 alunos de entre centenas que participaram e que agora íamos representar não só a nossa escola, mas a região foi inesperado mas, acima de tudo, muito especial e gratificante pois seríamos os próximos a levar o nome da nossa escola mais além, podendo deixar, deste modo, mais uma vez, uma representação positiva.

SD – Senti-me extremamente grato por poder representar a nossa escola a nível nacional e muito feliz por poder conhecer novas pessoas e novos lugares

ESCOLA

CC – Qual consideram ter sido o maior desafio que vos foi proposto na Fase Nacional?

BM – As provas da Fase Nacional apresentam algum conteúdo prático e acredito que isso seja mesmo o mais desafiador pois é aquilo que menos é trabalhado ao longo do ano letivo, uma vez que é necessário cumprir todo o programa. No entanto, nos dias em que decorrem a fase Nacional são-nos dadas formações práticas, o que nos ajudou a realizar estas provas e nos mostrou a vertente prática tão característica desta área e da qual nós não tínhamos grande noção.

SD – Na verdade, acho que o maior desafio foi a prova prática, visto que, nas aulas, os professores têm um programa muito extenso para cumprir e não conseguem dar primazia à componente prática. Devido a isso, por vezes, faltam-nos algumas bases para esse tipo de questões.

CC – O que vos levou a partilhar a vossa experiência com outras turmas, numa espécie de divulgação deste projeto?

BM – A nossa participação nas Olimpíadas, sobretudo na fase final, marcou-nos de uma forma inexplicável! Posso dizer que existe uma Benedita e um Simão antes e depois desta vivência, porque as olimpíadas são muito mais do que realizar provas, é toda uma experiência onde se aprende imenso e se fazem memórias e amigos para a vida No entanto, se não fosse por incentivo da nossa professora, que cativa qualquer um com o seu amor pela Geologia, nós não teríamos participado. Desta forma, concordamos que não existia melhor forma de mostrarmos o que eram as Olimpíadas do que divulgando a nossa experiência para que mais alunos da nossa escola possam viver momentos tão incríveis como nós, mas que, sobretudo, aprendam mais sobre a Geologia, que é uma ciência tão bonita e cheia que curiosidades.

SD – No início, não estava muito cativado, mas com o passar das fases o gosto começou a crescer, tanto pelas pessoas que íamos conhecendo, como pela própria temática. Além disso, é importante referir que esta foi uma ideia que surgiu na preparação das IESO (…) com o Dinis e com a Bia (os outros dois alunos selecionados, para além de mim, para representar o nosso país em Pequim), e desde logo decidimos que os três iríamos divulgar as Olímpiadas nas nossas escolas De seguida, falei com a Benedita para participar neste projeto, que se demonstrou desde logo muito interessada. Posteriormente, sugerimo-lo à nossa professora e ao Conselho Executivo, que nos apoiaram sempre.

ESCOLA

CC – Qual foi a sensação de ser selecionado para a Fase Internacional das Olimpíadas da Geologia?

SD – Claro que fiquei muito surpreendido, não estava nada à espera de ser selecionado! No entanto, no início hesitei muito e não fiquei muito motivado, em grande parte pelas minhas dúvidas de corresponder às altas expectativas no desempenho desta tarefa, que exige uma responsabilidade enorme Na verdade, até por uns tempos pensei em desistir, mas com o apoio da minha família e da professora Teresa decidi agarrar com as duas mãos este projeto e ainda bem que o fiz!

CC – O que é facto é que conseguiste uma proeza certamente ambicionada por todos os participantes deste projeto Que conselhos lhes dás para alcançarem a vitória rumo à Fase Internacional?

SD – O maior conselho que posso dar é aproveitarem a experiência ao máximo! Mais do que ir com a ambição de passar à próxima fase, desfrutem do momento, sem criar expectativas. E, depois, claro, respirar fundo e tentar fazer as provas com calma e sem stress!

CC – O que é facto é que conseguiste uma proeza certamente ambicionada por todos os participantes deste projeto. Que conselhos lhes dás para alcançarem a vitória rumo à Fase Internacional?

SD – Acho que uma das melhores experiências é a última noite das IESO, onde cada país prepara algo para apresentar, desde danças, canções, etc. Considero que é algo muito importante para conhecer outras culturas, outras formas de ver o mundo: porque estas olimpíadas foram muito mais do que aprender somente sobre a geologia.

UMA CERIMÓNIA DE PRÉMIOS COM UMA GRANDE MENSAGEM

Todos os anos, a fim de recompensar os alunos e membros da comunidade escolar que se destacaram no anterior, a Escola Secundária Vitorino Nemésio organiza uma gala de entrega de prémios de mérito e excelência. Este ano não foi exceção, tendo esta acontecido no passado dia 17 de fevereiro, no auditório do Ramo Grande, na Praia da Vitória.

Eram por volta das dezoito horas, quando o tumulto começou. Pais, alunos, professores e funcionários enchiam o espaço, procurando os seus lugares. Mal sabia esta multidão que, por trás das cortinas, havia quem já lá estivesse desde manhã Turmas do 10.º, 11.º e 12.º ano, juntamente com a professora Sónia Bárbara, trabalharam para entreter a plateia, antes do início da cerimónia, porém esta pequena atuação, de pequena apenas tinha a sua duração, trouxe consigo uma grande mensagem.

Imagine que acabou de se sentar no seu lugar, um breu o rodeia Olha em frente, para o palco, e percebe que este breu pouco se prolonga, pois quando dá por si, a luz que anteriormente era azul, agora está vermelha e pisca. A visão não é o único dos seus sentidos afetados pela mudança, começa também uma endurecedora sirene a tocar. Mais uma vez, os seus arredores já não são o que eram, então que passam eles a ser? A tela no fundo do palco mostra imagens das mais variadas catástrofes ambientais As pessoas, que antes estavam paradas, mexem-se Seguem em direção ao centro do palco. Cobrem-se com um largo pano branco, tão leve que aparenta levantar voo. Uma serenidade desconfiada instala-se em si. O pano deixa de se movimentar. Por um segundo, pensa que já deve ter acabado, no entanto não, ainda não. Gente. Gente e mais gente, andam para trás e para a frente no soalho de madeira escura A música é agradavelmente acelerada, daquelas que fazem o coração bater mais rápido. A ação que decorre agora é algo um tanto quanto familiar a todos que a testemunham. Gostam da roupa, logo nela pegam, e daí é direito para a caixa para pagar. Compram aos montes e às montanhas – literalmente – porque, mal adicionam uma nova peça ao seu saco, os jovens deitam-nas no chão, formando montes de roupa

A falsa normalidade pouco dura, vem aí mais um choque de realidade O que anteriormente eram os desastres que afetam a nossa vivência, agora presencia as suas causas. Notícias que já viu em algum lado, palavras vazias como “consumismo” e “desperdício”, mas você sabe que não faz parte do problema, por isso talvez lhe passe ao lado. Isto não se aplica aos que estão em palco. Tornam-se para o ecrã e assistem, aterrorizados Apercebem-se do seu papel numa máquina imparável, a não ser que Começam a recolher a roupa dos montes, a despir a que traziam a mais. Tentam resolver o problema, antes de seja tarde mais. Por fim, a solução. Uma última mudança no ritmo da atuação. A música recomeça e dezenas de roupas, vestidas pelas mais diferentes pessoas, saem da “ zona do fingimento” e quebram a quarta parede, avançando por entre a multidão, que as admira. Todas estas peças únicas, feitas pelos alunos do 12.º ano, para caberem num modelo em específico. Da ganga ao cetim, do moderno ao clássico, esta apresentação é uma celebração da história e um aviso de como devemos aprender com ela A evolução do vestuário não é ao acaso, e é por isso que é, o que é, hoje. Estes jovens, todos aqueles que já não lhe devem parecer estranhos, vêm ao centro do palco e agradecem a sua atenção. Apesar destes vinte minutos terem tido como objetivo o entretenimento, eles não retratam nada mais do que uma triste realidade que, por vezes, não temos a noção que existe. Pensamos que, seja por sermos muito novos ou porque a nossa voz não chega muito longe, que a mudança está fora das nosso alcance, mas na verdade não. Às vezes, está numa cerimónia de entrega de prémios, recheada de pais inquietos para ver os seus filhos perfeitos, todos arrumadinhos, a receber uma estatueta de madeira

Beatriz Silveira

FILOSOFIA

A filosofia utópica (de Platão)

Desde a Antiguidade, a utopia tem sido um conceito discutido na filosofia. Proveniente do grego “ou-tópos” (lugar inexistente), a utopia é reconhecida enquanto ideia ou descrição de um país ou de uma sociedade imaginários em que tudo está organizado de uma forma superior e perfeita, um sistema que aparenta irrealizável. O termo “utopia” foi forjado por Thomas More (1478-1535) no seu livro “Libellus vere aureus, nec minus salutaris quam festivus, de optimo rei publicae statu deque nova insula Utopia” (em português, “ um livrinho verdadeiramente dourado, não menos salutar que festivo, sobre o melhor estado da república e sobre a nova ilha Utopia”), mais conhecido como “Utopia”, publicado em 1516, no qual o autor descreve uma ilha fictícia chamada Utopia, onde uma sociedade ideal é estabelecida.

Contudo, “Utopia” não foi a primeira obra a descrever um cenário utópico. No século IV a C , Platão (428-347 a C ) escreveu “A República”, um conjunto de 10 livros, que descrevem a Calípolis (em grego, "cidade bela") nos quais More se inspirou para descrever a sociedade na sua obra. “A República” é um diálogo socrático, narrado em primeira pessoa por Sócrates (469- 399 a.C.), escrito por Platão.

Partindo da busca pela definição de Justiça, este diálogo leva o autor a especular tanto acerca do antónimo deste conceito, quanto de outros temas, não só éticos, mas também políticos, epistemológicos, metafísicos, psicológicos, educacionais e meritocráticos.

Com efeito, e com propósito de definir o conceito de Justiça, forma-se, no proémio da obra (termo utilizado no Livro II para classificar a conversa anterior), um conjunto, comparável aos chamados diálogos aporéticos, cujo esquema é essencialmente o mesmo: propõe-se uma definição de uma virtude, que vai sendo substituída por outras, à medida que Sócrates demonstra a sua insuficiência; de modo que, quando termina a discussão, a conclusão é negativa. Assim, o Lísis (diálogo platónico que se ocupa com o conceito de phylia, isto é, amizade ou amor) falha em definir a amizade, o Cármides (o diálogo platónico que se ocupa com o tema da ética) a temperança (sophrosyne, ou seja, a moderação entre o lado apetitivo e o lado espirituoso da alma), o Laques (o diálogo socrático de Platão) a coragem, o Êutifron (diálogo platónico entre Sócrates e Êutifron) a piedade. A coragem, a temperança, a piedade formavam, em conjunto com a justiça, o grupo das virtudes cardeais Portanto, definir a justiça é o objetivo, inalcançado, no Livro I da República. Este corresponde a uma parte da obra que, além de ter a finalidade de apresentar as figuras e situar a discussão, apresenta o tema da mesma- a definição de justiça- e refuta as definições do conceito propostas: a de Céfalo («dizer a verdade e restituir o que se tomou» - 331b), a de Polemarco («dar a cada um o que se lhe deve», segundo Simónides – 331e) e a de Trasímaco («o que está no interesse do mais forte» - 338c).

FILOSOFIA

Para demonstrar aos irmãos da Platão que a justiça é intrinsecamente boa (II. 366b-367e), Sócrates transfere a sua análise do indivíduo para a cidade, no Livro II Descrevem-se, assim, as transformações de uma cidade em desenvolvimento, motivo pelo qual começa a ser necessário uma maior especialização de tarefas. Esta cidade carece de soldados que a defendam e preservem. A educação deve dar-se-lhes, pela música e pela ginástica, à maneira tradicional grega. Mas a música, para os Helenos, não dissocia da poesia. Platão considera que as fábulas dos poetas, que costumam ensinar-se às crianças, estão repletas de falsidades sobre os deuses. Neste sentido e no seguimento das citações de versos que sugeriam que os deuses não eram garantia de justiça no início da obra, declara-se agora que os poetas não servem para instruir a juventude. O Livro III prossegue o libelo acusatório e retoma o tema da educação. Outros aspetos da vida da sociedade descrita são regulamentados no Livro IV, até que Sócrates declara que, fundada a cidade, estão agora aptos a procurar «onde poderia estar a justiça e onde a injustiça» (IV. 472d). Ora, se a cidade é perfeita, deverá possuir as quatro virtudes: sabedoria, coragem, temperança e justiça. Definidas as três primeiras, atingir-se-á a quarta por exclusão de partes, de acordo com Platão. Uma vez que a primeira se encontra nos guardiões, a segunda nos guerreiros e a terceira na harmonia geral de todas as classes, a justiça será que cada um exerça uma só função na sociedade, aquela para a qual, por natureza, foi mais dotado (433a) Com efeito, a cidade tinha três classes: os guardiões, os militares e os artífices.

Também a alma do indivíduo tem três elementos: apetitivo, espiritual e racional. Aos apetites cabe obedecer, às emoções assistir, à razão governar. O equilíbrio ou desequilíbrio destes elementos conduzem à justiça ou injustiça. Neste momento, Polemarco combina com Adimanto interromper Sócrates, para o forçar a explicar-se melhor sobre a comunidade de mulheres e filhos É esse o ponto que será esclarecido, com grandes rodeios e precauções, ao longo do Livro V. Primeiro, far-se-á a proposta de que as mulheres, tendo a mesma capacidade dos homens, devem tomar parte nos cargos diretivos da cidade; segundo, expor-se-á o sistema pelo qual se realizarão os casamentos e a procriação na classe dos guardiões, visando obter o mais elevado grau de eugenia; a terceira baseia-se em apresentar a condição necessária para que tal Estado se torne possível: que seja governado por filósofos. Isto requer, naturalmente, a definição do que seja um filósofo e à distinção entre saber e opinião

FILOSOFIA

Os dois livros seguintes ocupar-se-ão, deste modo, da formação do filósofo. Após a enumeração das qualidades recomendáveis para ocupar os lugares de liderança, inicia-se o esboço da formação dos guardiões, a fim de eles alcançarem o saber mais elevado, cujo objeto é a ideia do bem. Temos, assim, por base aritmética, a geometria plana, estereometria, a astronomia e a harmonia. Tratam-se, portanto, de ciências que têm por missão preparar o espírito para atingir o plano superior: a dialética, cujo fim é o conhecimento do Bem Eis o modo como Platão a define:

«O método da dialética é o único que procede, por meio da destruição das hipóteses, a caminho do autêntico princípio, a fim de tornar seguros os seus resultados, e que realmente arrasta aos poucos os olhos da alma da espécie de lobo bárbaro em que está atolada e eleva-os às alturas, utilizando como auxiliares para ajudar a conduzi-los as artes que analisámos.»

(VII 533c-d)

Os guardiões devem ser capazes de distinguir a natureza do Bem (VII. 534c). Considera-se que assim se explica a condenação da poesia, no último livro. É de salientar, contudo, que o último assunto tratado pela obra é, na verdade, o mito de Er, cuja finalidade é demonstrar a necessidade de proceder bem durante a vida, ou seja, de ser justo

A cidade ideal de Platão, concebida para garantir a justiça e a harmonia, permanece um dos modelos utópicos mais influentes da filosofia. No entanto, a sua exequibilidade levanta algumas questões: Seria realmente possível governar uma sociedade apenas com base na razão, sem interferências emocionais ou interesses individuais? A concentração de poder nas mãos dos filósofos poderia levar a um governo verdadeiramente justo ou resultaria numa forma de tirania intelectual?

FILOSOFIA

Se por um lado a Calípolis de Platão estabelece um ideal de harmonia e justiça, por outro, a sua implementação na realidade parece altamente improvável Deste modo, a República platónica deve ser vista mais como um modelo teórico que nos leva a refletir sobre o que torna uma sociedade justa do que como um projeto político exequível

platão
Leonor Vicente

utopias distópicas utopias distópicas

As utopias, hoje em dia, funcionam como vícios, algo impossível de acontecer, mas que, de tão perfeito, acaba por se tornar negativo Este raciocínio funciona como o de um ser humano com vício em drogas. Este consome aquilo por, no momento em que as ingere, julgar que o mundo para, criando ilusões bonitas e admiráveis aos seus olhos; contudo, o corpo e a mente vão sendo destruídos aos poucos. É como uma fruta que, por fora, parece ser linda, mas, por dentro, está podre O mesmo acontece com muitos discursos de políticos da atualidade, que utilizam falas mansas e bonitas, que dizem o que queremos ouvir, mas que possuem um poder opressor.

N i h i iã t i ã i l di i ontecer, mundos sas que distopia vela-se o é um alidade, m uma

David Lynch (1946-2025)

No dia 16 de janeiro de 2025, o mundo perdeu uma luz brilhante. David Lynch faleceu Agora, o artista mais especial, original, criativo e incrível da nossa geração, passará a viver apenas no mundo dos sonhos, mas será eternamente admirado pela sua mente maravilhosa e indescritível, que nos deu as mais belas e icônicas obras de arte. Ele e o seu trabalho jamais serão esquecidos. David Lynch nasceu a 20 de janeiro de 1946 em Missoula, teve uma infância itinerante pelo interior dos Estados Unidos, que irá influenciar a imagem de alguns dos seus futuros filmes. Num artigo para o The New York Times, o ator e grande amigo, Kyle MacLachlan escreve: “Quando o David era criança, a sua mãe não o deixava usar livros de colorir porque achava que lhe iriam matar a criatividade. Penso nisso como a história de origem de David Lynch. Ele ganhou um mundo sem linhas e foi criando o seu próprio Tem sido um dos grandes prazeres da minha vida estar incluído dentro destas linhas ” E a mãe de David estava certa, pois o seu filho transformou-se num dos artistas mais criativos e imaginativos que os mundos do cinema, pintura, escultura e literatura já conheceram. Talvez por causa deste forte sentido de liberdade criativa, David nunca foi dos maiores fãs da escola; no documentário David Lynch: The Art Life, de 2016, diz que “A única coisa que era importante, era o que acontecia fora da escola e isso teve um enorme impacto em mim. Pessoas e relacionamentos, festas de dança-lenta, grande, grande amor e sonhos.”. A partir daqui, já são evidentes algumas das características e aspetos que Lynch valoriza e que irão ser traduzidos para a sua arte. Terminando o secundário, e com o sonho de ser pintor, especializou-se nesse curso, na Academia de Belas Artes da Pensilvânia e depois, também estudou no American Film Institute.

ARTE

Acabada a universidade, criou as curtasmetragens Six Men Getting Sick, em 1966, The Alphabet, em 1968, The Grandmother, em1970 e The Amputee, em 1974, que começaram a definir o tema e estilo do realizador, com a sua própria arte-plástica, sonografia perturbante, cinematografia espantosa, personagens sinistras e atores que reaparecerão em futuros projetos. Em 1971, começou a trabalhar na sua primeira longa-metragem, que não foi fácil, demorando vários anos para concluir. Só em 1977 é que Eraserhead é mostrado ao mundo; todavia, poucas pessoas o viram, devido à invulgar originalidade do filme deste realizador recente Anos depois, este filme tornouse num clássico de culto, amado por muitas pessoas que entendem a visão de Lynch. Numa entrevista dos British Academy of Film and Television Arts, em 2007, Lynch afirma que “Acreditem ou não, Eraserhead é o meu filme mais espiritual.”. E após lhe pedirem para elaborar essa ideia, responde com um simples “Não.”.

Por sorte, Mel Brooks, famoso ator, produtor e realizador americano, viu e adorou tanto este primeiro filme de Lynch, que, abraçando-o, lhe disse: “És um homem maluco… eu amo-te!”, conforme contado pelo próprio David no documentário Great Directors, de 2009. Com esta nova amizade, Brooks decidiu produzir o próximo filme de Lynch e ,em 1980, The Elephant Man foi lançado e recebido com excelentes críticas, sendo nomeado para oito prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, incluindo para a categoria de melhor realizador e melhor filme

Apesar de não ter ganho nenhum dos Oscars para que foi nomeado, o filme continua a ser considerado excelente, pela fantástica realização, interpretações e capacidade de contar uma história verdadeira, de enorme humanismo e que emociona e afeta qualquer um. Mais recentemente, Mel Brooks disse, em tributo a Lynch, que “Se o nome dele estivesse nos créditos, sabia-se que valia mesmo a pena ver o filme.”, manifestando quão brilhante é o trabalho do artista e o impacto que teve Em 1984, fez a adaptação de Dune, o famoso livro de ficção científica de Frank Herbert. Infelizmente, a receção da crítica e do público foram más, o que levou a um fracasso de bilheteira e ao desinteresse do realizador pelas grandes produções, também motivado pelo facto de não ter tido direito ao ‘final-cut’ do filme, nunca mais tendo abdicado do direito ao controlo criativo dos seus filmes Apesar deste fiasco, Lynch ganhou algo que o compensou pelo sofrimento e deceção com essa produção, nomeadamente a descoberta do seu ator preferido e uma amizade para toda a vida - Kyle MacLachlan, o ator principal de Dune e dos seus seguintes e mais reconhecidos projetos, que partilhava o seu amor pelo cinema. Numa recente publicação do Instagram, MacLachlan escreve após a morte do querido amigo: “Há quarenta e dois anos, por razões que ultrapassam a minha compreensão, David Lynch tirou-me da obscuridade para protagonizar no seu primeiro e último filme de grande orçamento Ele claramente viu algo em mim que nem eu reconhecia. Devo toda a minha carreira, e a minha vida, aliás, à sua visão”

A relação entre o ator e o realizador era de uma máxima compreensão e acredito que a falta de Lynch o terá afetado de diversas e inimagináveis formas.

Em 1986, o realizador regressa com um novo filme, que mostra toda a sua excelência: Blue Velvet, que dá a Lynch a sua segunda nomeação para melhor realizador nos Oscars. No filme/entrevista, David Lynch: The Idea Dictates Everything, de 2006, o realizador revela “Quando se tem um fracasso, é de certa forma, meio bonito. Porque não há para onde ir a não ser para cima e isso dá-nos uma sensação de liberdade ” Com essa liberdade, realizou este thriller, neo-noir, com características para as quais não existem palavras que consigam, honestamente, captar a sua essência e, portanto, criou-se a expressão ‘lynchiano’ para definir algo que se enquadra no estilo cinematográfico completamente diferente que David Lynch inventou. Este filme tem como ator principal, pela segunda vez, Kyle MacLachlan, assim aprofundando, cada vez mais, a relação de amizade e respeito entre os dois.

Em 1990, Lynch, em conjunto com Mark Frost, estreiam-se com a sua primeira série, a qual viria a marcar, não só essa década, como também a história da televisão para sempre: Twin Peaks. Escreveram a história à volta de Kyle MacLachlan, que interpretou um agente do FBI que chega à pequena cidade para investigar o assassinato de Laura Palmer, uma aluna do secundário. Cheia de mistério, bizarria, segredos, e enigmas, a série tornou-se imensamente popular.

Em 1991, produziu-se a segunda temporada mas, infelizmente, a série ficou, então, por aí, devido ao declínio de espectadores, ao que não será alheio o facto de Lynch só ter realizado o episódio piloto e 5 dos 29 episódios, mas também porque o público foi perdendo o interesse após a resolução do enigma principal e, ainda, por não estarem preparados para o surrealismo lynchiano. Mesmo assim, Lynch e Frost criaram algo nunca antes visto, inovaram o modo de fazer televisão e mostraram que faziam o seu trabalho por amor à arte e não pelo dinheiro Em mensagem após a morte de Lynch, Frost escreveu: “O homem de outro lugar foi para casa. ” . Lynch era um génio, com uma visão da vida singular, sendo impossível que surja alguém tão inovador e influente como ele Em tributo ao artista e relativamente ao mistério das suas histórias, Kyle escreveu: “Ele não estava interessado em respostas porque entendia que as perguntas são o que nos impulsiona a ser quem somos. São a nossa respiração.”. Na verdade, Lynch, quando criou a história, não tinha a intenção de revelar a verdade. Para ele, o mais importante não era a resposta em si, mas sim a procura e o que se aprende e se descobre pelo caminho. O mistério e o desconhecido são o que nos mantém a questionar, a filosofar e a pensar para além das palavras No mesmo ano de 1990, com mais um sucesso, ganha a Palma de Ouro do Festival de Cannes, com o filme Wild at Heart.

Com amizades que floresceram no filme anterior, recorreu à atriz Laura Dern, que também se tornou uma genuína amiga do realizador, e ao ator Nicolas Cage, sendo a música composta por Angelo Badalamenti, parceiro constante nos projetos de Lynch, desde Blue Velvet. Cage, mesmo tendo trabalhado com o realizador apenas uma vez, declarou recentemente: “David era um génio singular no cinema, um dos maiores artistas desta e de qualquer época. Era corajoso, brilhante e um rebelde com um alegre sentido de humor. Nunca me diverti tanto num set de filmagens como a trabalhar com David Lynch Ele será sempre ouro maciço.”. E sta mensagem mostra o impacto poderoso que Lynch tinha nos colegas do mundo do cinema e a última frase remete para a expressão fortemente americana ‘That was solid gold, buddy!’ (‘Isso foi ouro maciço, amigo!’) que o realizador usava quando Cage se saía bem numa cena, com a adição da alcunha divertida ‘Nickster’, com que Lynch o chamava, referido pelo próprio ator em 2017, numa exibição da C4GED.

Em 1992, Lynch realizou Twin Peaks: Fire Walk with Me, uma prequela da série, que explica, com mais profundidade, os últimos dias de vida de Laura Palmer. Embora os fãs da série tenham adorado o filme, a receção em geral foi desanimadora, como por vezes acontecia com os seus filmes, os quais, só mais tarde, e com o passar do tempo, ganhavam o reconhecimento merecido. No documentário Lumière et Compagnie, de 1995, o realizador afirma: “Eu gosto de fazer filmes porque gosto de entrar noutro mundo Eu gosto de me perder noutro mundo.

E cinema, para mim, é um meio mágico que nos faz sonhar, permite-nos sonhar no escuro. É simplesmente uma coisa fantástica, perder-se dentro do mundo do cinema ” David Lynch foi realizador porque era um amante de cinema e isso é claro nos seus filmes. Lynch era um complexo sonhador e a única forma de trazer os seus sonhos para o mundo real, era pela bela arte do cinema Passados alguns anos, em 1997, lança Lost Highway, considerado o seu filme mais difícil de entender. Na entrevista dos BAFTA, em 2007, o realizador exprime a sua opinião sobre aqueles que acham os seus filmes inexplicáveis: “Quando coisas são concretas, há muito pouca variedade de interpretações, mas quanto mais abstrata uma coisa se torna, mais variáveis são as interpretações Mas as pessoas ainda sabem, interiormente, o que significa para elas.”. Lynch criava narrativas com factos e enigmas suficientes para os espectadores perceberem a história em si, mas duvidarem de certos aspetos O verdadeiro significado do filme não está escrito em papel, por uma fonte omnisciente, mas sim, dentro de cada um. As várias interpretações são todas aceitáveis, pois, o que interessa é a verdade de quem vê o filme. Em 1999, Lynch muda drasticamente do seu último projeto e realiza The Straight Story, o filme mais normal da sua filmografia Com esta mudança, o realizador mostra a sua versatilidade e demonstra que o seu talento abrange qualquer género.

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No filme/entrevista, David Lynch: The Idea Dictates Everything, de 2006, Lynch fala sobre o que o encantou nesta história: “Era um filme linear, era simples e por tanto, delicado E apaixonei-me pela emoção dele.”.

Em 2001, Lynch lança Mulholand Drive, o filme que marcou o início do século XXI pela sua genialidade e que deu a Lynch o prémio de melhor realizador do Festival de Cannes, sendo considerado por muitos, não apenas a sua obra-prima, como também um dos melhores filmes, senão mesmo, o melhor deste novo século Um filme que critica a indústria de Hollywood, contado sobre a forma de um drama misterioso carregado de suspense, romance, sonhos, ilusões e desilusões. Em tributo a Lynch, a atriz principal e boa amiga, Naomi Watts, descoberta pelo realizador para este filme, escreve: “Cada momento juntos parecia carregado de uma presença que raramente vi ou conheci. Provavelmente porque, sim, ele parecia viver num mundo alterado, um mundo do qual me sinto muito sortuda por ter feito parte. E o David convidava todos a vislumbrar esse mundo através da sua primorosa narrativa, que elevou o cinema e inspirou gerações de cineastas em todo o mundo ” David Lynch motivou aspirantes atores e realizadores, em cada canto do globo, com este filme, que o próprio caracterizou como “ uma história de amor na cidade dos sonhos” Em 2006, Lynch realiza a sua última longa-metragem, Inland Empire, um thriller psicológico, que não tendo o sucesso comercial e crítico que o anterior teve, não deixou de revelar, mais uma vez, a originalidade e vontade de inovar do realizador.

Numa conferência de imprensa para o filme, Lynch diz: “Penso que qualquer filme (…) é entrar num novo mundo, entrar no desconhecido. Mas não deves estar assustado de usar a tua intuição e sente, usa o pensamento, tem a experiência e confia no teu conhecimento interior sobre o que se trata. Cinema é uma língua tão linda (…) e vocês tem o dom de palavras, mas cinema é algo que lida com coisas que são além de palavras. E é tão belo.”. Lynch espera que os espectadores confiem em si próprios e, ao ver o filme, sigam aquilo que os seus sentimentos lhes dizem Após o falecimento do realizador, Laura Dern, que protagonizou em Inland Empire, escreveu sobre como foi conhecê-lo: “Deste-me a oportunidade de explorar todos os aspetos da psique feminina, de interpretar arquétipos e depois destruir qualquer compreensão prévia dos mesmos. Empurraste-me em direção à coragem. Levaste-me para espaços assombrados de terror, também sagrados, e até me ajudaste a encontrar o hilariante na tragédia.”.

Mas a carreira de Lynch não terminaria, sem antes ter um regresso triunfal ao mundo da televisão e à cidade de Twin Peaks Em 2017, Twin Peaks: The Return estreou no Festival de Cannes com uma ovação de pé que durou 5 minutos, deixando Lynch e o restante elenco visivelmente emocionados.

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. No seu livro Catching the Big Fish, de 2006, Lynch inspira e motiva os leitores ao escrever: “Se adora o que faz, vai continuar a fazê-lo de qualquer maneira. Seja fiel a si mesmo, deixe a sua voz ressoar e não deixe que ninguém se meta com ela. (…) Há tanto prazer em fazer o que se ama, talvez isto abrirá portas e você irá encontrar uma forma de fazer o que ama, espero que o encontre ” Embora o realizador não tenha feito mais nenhum grande projeto, continuou a fazer curtas-metragens, entrevistas e, curiosamente, boletins meteorológicos na internet Em 2022, Lynch interpreta o seu último papel, como o grande realizador americano, John Ford, no filme The Fabelmans de Steven Spielberg. Mais recentemente, Spielberg escreveu: “Eu adorava os filmes do David ‘Blue Velvet’, ‘Mulholland Drive’ e ‘The Elephant Man’ definiram-no como um singular, sonhador visionário que realizou filmes que pareciam feitos à mão. Conheci o David quando interpretou o John Ford em ‘The Fabelmans’. Aqui estava um dos meus heróis — David Lynch a interpretar um dos meus heróis. Foi surreal e parecia uma cena de um dos filmes do próprio David O mundo sentirá falta de uma voz tão original e única. Os seus filmes já resistiram ao teste do tempo e sempre resistirão.”. Como se vê, Lynch não só inspirou amantes de cinema por todo o mundo, como também os melhores e mais icónicos criadores do mundo do cinema.

No dia 16 de janeiro de 2025, a família de Lynch partilhou no Facebook:

“É com profundo pesar que nós, a sua família, anunciamos o falecimento do homem e artista David Lynch. Gostaríamos de ter um pouco de privacidade neste momento. Há um grande buraco no mundo agora que ele já não está entre nós Mas, como ele diria, 'Fica de olho no donut e não no buraco'. Está um dia lindo com sol dourado e céu azul por todo o caminho.”.

Lynch sofria de enfisema pulmonar, por fumar desde criança e os incêndios florestais que aconteceram no início do ano em Los Angeles, a cidade onde o artista vivia e adorava, devem ter-lhe afetado imenso o estado de saúde O falecimento de David Lynch, aos 78 anos, abalou cinéfilos por todo o globo e trouxe uma onda de tristeza enorme ao mundo do cinema e da televisão. Mesmo com este ‘buraco’, devemos continuar a ver os seus filmes, partilhar as nossas interpretações e nunca abandonar o amor pelo cinema. Desta forma, David Lynch nunca será esquecido.

Na minha opinião, Lynch foi o melhor realizador de sempre Não era só um artista com uma paixão honesta pelo seu trabalho, como também um homem realmente simpático, doce, esperto e muito, mas muito estranho (de uma maneira boa) Uma das várias estranhas características que o realizador tinha era nunca explicar o sentido dos seus filmes, dizendo repetidas vezes que não lhe cabia esclarecer o sentido das histórias, pois a procura de respostas era a parte mais interessante da experiência cinematográfica.

Na entrevista dos BAFTA, em 2007, o realizador explica que “O filme é a coisa. Trabalhaste tanto (…) para construir esta coisa, para todos os elementos se sentirem corretos, para tudo se sentir correto, nesta bela linguagem chamada ‘Cinema’ E no segundo em que se acaba, as pessoas querem que tu mudes de volta para palavras e isso é muito, muito entristecedor. É tortura.”. Para Lynch, os seus filmes falam por si próprios e a beleza do cinema é mostrar-nos algo mágico, que não precisa de palavras Outro traço peculiar de Lynch que, pessoalmente, acho muito intrigante e cómico é o movimento que faz com as mãos e dedos, sempre que fala de algo que lhe interessa, parecendo que está a criar algo no ar a partir de pura magia. Outro exemplo é as suas estranhas superstições: uma vez deixou o seu atacador desamarrado, durante dois meses, por acreditar que lhe dava sorte Agrada-me também a sua voz característica, com um forte sotaque americano. Outra peculiaridade do realizador, e provavelmente uma das mais conhecidas, é a sua fascinação por ideias. Numa entrevista ao American Film Institute, em 2011, Lynch refere: “Ideias são a melhor coisa que existe E ideias vêm ter connosco, nós não críamos realmente uma ideia, simplesmente apanhamo-las como peixes. Nenhum chefe fica com o crédito por fazer o peixe, fica só com o de preparar o peixe. Então, tu tens uma ideia e é como uma semente e na tua mente a ideia é vista e sentida e explode como se tivesse eletricidade e luz conectada a ela e tem todas as imagens e sentimento e é como se num instante tu sabes a ideia. Num instante.”. Usando frequentemente metáforas para transmitir os seus pensamentos, Lynch trata ideias como peixes e sementes, cabendo-nos pescar e fazer crescer essas ideias e descobrir algo completamente novo e interessante Em conversa com Paul Holdengräber, em 2014, Lynch refere, mais uma vez, o mesmo pensamento: “Nós não fazemos nada sem uma ideia. Portanto, são presentes lindos. E eu digo sempre que tu desejares uma ideia é como um isco no anzol. Podes puxá-las para dentro E se apanhares uma ideia que tu amas, isso é um lindo, lindo dia.”.

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No livro “Room to Dream”, de 2018, Lynch escreve: “Eu acredito nesta coisa que chamam de ‘A roda do nascimento e da morte’. Acredito que todos nós estamos numa roda de nascer, viver, morrer, passar algum tempo no outro lado e depois nascer, viver e morrer, até atingirmos aquilo a que chamam de iluminação suprema E essa é a única maneira de sair da ‘roda do nascimento e da morte’ Portanto, todos nós já giramos e giramos e giramos muitas e muitas vezes, penso eu. E fomos cobrados pela forma como tratamos o nosso semelhante. Tudo o que fazemos a qualquer outra pessoa, estamos, na verdade, a fazer exatamente a mesma coisa a nós próprios” Para mim, a filosofia de vida e de morte de Lynch traz-me algum conforto Faz-me acreditar que o artista, agora, está a ‘ passar algum tempo no outro lado’ e que acabará por voltar ao nosso mundo, ou, se calhar, até já chegou à tal ‘iluminação suprema ’ . De qualquer modo, uma coisa é certa: enquanto esteve connosco, foi a pessoa mais brilhante. Lynch era um grande fã de meditação transcendental e com a David Lynch Foundation espalhou essa sua prática No mesmo livro também escreveu: “Para mim (…) é extremamente importante transcender todos os dias. Meditação transcendental serve para que possas desenvolver todo o teu potencial (…) e perceber que és a totalidade, que te libertas, que obténs o total sentimento de realização. Fizeste a coisa que era suposto fazeres e não precisas de nascer e morrer, agora tens imortalidade ” Com os seus filmes, ideias, séries, paixões e essência em geral, David Lynch é, definitivamente, imortal.

Utopia TravisScott

Jacques Berman Webster II, mais conhecido por Travis Scott, nasceu a 30 de abril de 1991, em Houston (Texas), nos Estados Unidos da América, é atualmente um rapper, cantor, compositor e produtor musical que se destaca nos dias de hoje entre as mais recentes gerações,sendo considerado uma das grandes estrelas do momento, apelidado como o herdeiro de Kanye West e Drake e possuindo uma grande influência sobre o estilo musical Trap ou Hip hop alternativo.

Utopia é o quarto álbum de estúdio de Travis e foi lançado pela Cactus Jack e Epic Records no dia 28 de julho de 2023, é um disco conceitual que foi acompanhado por um filme intitulado Circus Maximus (que há dois mil anos, era a maior arena do Império Romano), lançado um dia antes do álbum. O nome “Utopia”, ou seja, o mundo ideal e perfeito, abrange os temas de fama, sucesso e experiências pessoais, que o artista reflete, explora e aborda nas músicas do álbum. Conta com participações especiais dos artistas: Teezo Touchdown, Drake, Playboi Carti, Beyoncé, Rob49, 21 Savage, The Weeknd, Swae Lee, Yung Lean, Dave Chappelle, Young Thug, Westside Gunn, Kid Cudi, Bad Bunny, SZA, Future e James Blake, também os lançamentos físicos do álbum contam com a participação adicional de Lil Uzi Vert e Sheck Wes. O disco contém 19 faixas:

“HYAENA”

“THANK GOD”

ODERN JAM (feat.Teezo chdown)”

Y EYES”

OD’S COUNTRY”

RENS”

ELTDOWN (feat Drake)”

N (feat.Playboi Carti)”

LRESTO (ECHOES)

t.Beyoncé)”

OW?”

A TWINS (feat Rob49 & age)”

“CIRCUS MAXIMUS (feat.The Weeknd & Swae Lee)”

“PARASAIL (feat.Yung Lean & Dave Chappelle)”

“SKITZO (feat Young Thug)”

“LOST FOREVER (feat.Westside Gunn)”

“LOOOVE (feat Kid Cudi)

“K-POP (feat.Bad Bunny & The Weeknd)”

“TELEKINESIS (feat.SZA & Future)”

“TIL FURTHER NOTICE (feat James Blake & 21 Savage)”

Durante 4 semanas esteve em número um no Billboard 200, foi o álbum de Hip hop mais vendido do ano de 2023, ultrapassou três biliões de reproduções e foi nomeado para os Grammys 2024 e para os Billboard Music Awards 2023 na categoria: Melhor Álbum de Rap. O artista percorreu o mundo apresentando o Circus Maximus Tour ou Utopia Tour Presents Circus Maximus e atuou três dias em Portugal, 2, 3 e 4 de agosto, onde tocou a música “FE!N” seis, cinco e quatro vezes repetidas, respetivamente, e trouxe o artista Don Toliver no segundo dia do espetáculo

É de notar que Travis domina a multidão e provoca a euforia com os seus concertos, pois fez com que as arenas em que atuou se tornassem, de facto, por umas horas, no Circus Maximus proporcionando, por breves momentos, a Utopia aos fãs que vivenciaram esta digressão.

VACAS NAS ESTRADAS VACAS NAS ESTRADAS VACAS NAS ESTRADAS

Vacas? Vacas nas estradas? É algo que nunca pensei ver, algo tão absurdo, tão estranho, mas, em simultâneo, tão interessante. Para os nativos da ilha Terceira, as vacas nas estradas são vistas como um incómodo; para mim são o contrário, vejo-as como animais verdadeiramente livres.

Vim do Canadá, Ottawa, uma cidade movimentada e impessoal Cheguei a esta ilha há três anos A cidade em que eu vivia não era muito como o “american dream”, não tinha muitos arranha-céus nem muitos carros caros e carros desportivos, mas tinha aquela liberdade associada e centros sociais cheios de tudo o que se possa querer ou imaginar. Porém, na minha experiência, viver numa cidade grande não corresponde a uma ideia utópica A simplicidade da vida aqui torna esta ilha um ambiente tão mais calmo e aconchegante do que as “cidades de sonho” tão idealizadas.

No início foi difícil. Apesar de perceber e falar um pouco de português, não consegui adaptar-me à mudança, o inglês era a língua mais confortável para mim, ainda é. Agora, tenho melhores notas e mais amigos, mas lembro-me do medo e ansiedade que senti quando cheguei, tinha que me adaptar a uma vida nova. Não queria estar aqui, queria a vida mais fácil, com a minha língua materna e a infinidade de possibilidades que uma cidade grande oferece.

Muitas vezes voltava, odiava a mudança Hoje, às vezes, dá-me saudades, mas estou feliz com esta vida. Passados três anos, consigo olhar para trás e afirmar que talvez preferisse ficar aqui com as vacas nas estradas do que a voltar ao Canadá Sim, sinto falta do que tinha, mas são a proximidade da minha família e amigos (que são mesmo amigos) e a vida aqui que me fazem apreciar o que tenho agora

Valentina Silva
Foto tirada pela Joana Silva

O problema do consumismo e da fast fashion

Nunca é suficiente, nada é “ a mais”. Existe, mesmo que de forma inconsciente, uma incapacidade humana de saber dizer “basta” Quando aplicamos este facto ao consumismo, torna-se algo apenas natural, pois estamos constantemente rodeados de coisas para comprar. Acordamos e, quer liguemos a televisão para ver as notícias da manhã ou abrimos o Instagram para dar scroll e, talvez responder à mensagem daquela pessoa especial, e os anúncios inundam a nossa existência “Tens de comprar isto! Não perca, 2 por 3! Veja este produto que está a viralizar no tiktok!” Cores vibrantes, letras gritantes que nos prometem vender a mais recente novidade por um preço “ nunca antes visto”.

Mesmo no nosso quotidiano, o materialismo, proveniente na necessidade de nos encaixarmos com os restantes, expressa-se sem nos apercebermos. De certeza que já te apanhaste a passar por uma vitrine, talvez até numa agradável tarde sábado e olhaste, assim como quem não quer nada, para aquela blusa que ninguém se cala sobre nas redes sociais. Afinal não faz mal, estás só a olhar. O problema começa exatamente aqui. Comprar em demasia tornou-se o mesmo que assistir o programa da manhã. Toda a gente o faz, apenas porque passou a ser a “ norma ” .

O consumismo e o materialismo são duas palavras que pouco não ouvimos nos dias de hoje, porém o que significam é raramente explicitado. Por um lado, o materialismo deriva de um estilo de vida voltado para os bens materiais. Por outro lado, ser consumista é comprar excessivamente, sem necessidade daquilo que se compra. Este comportamento destrutivo, no entanto, não coincide com as capacidades económicas do povo português (nem com as de muitas nações por aí), criando assim um dilema:

Como é que as pessoas continuaram a satisfazer este vício de comprar, se a moda é dis di ?

OPINIÃO

As coisas antigamente duravam mais Sem dúvida que já deve ter ouvido, ou até mesmo experienciado esta realidade. Visto que foi preciso encontrar uma alternativa viável para continuar a alimentar esta situação, as pessoas formaram uma certa ignorância quanto à qualidade dos produtos que compravam. Rapidamente as empresas aperceberam-se deste facto e começaram a tomar proveito dos consumidores que não conseguiam pagar as marcas mais exclusivas. Comerciantes como a Zara, a H&M e a Stradivarious produzem roupa em massa, lançando novas peças, de pouco em pouquíssimo tempo, com o intuito de nunca ficar para trás nas novas tendências.

Talvez se pergunte “Se não me incomoda comprar roupa mais vezes, porque esta é mais barata, qual é o mal de comprar em lojas como a Bershka e a Pull&Bear, ou até mesmo a Shein?” ao que lhe respondo querido leitor, que o problema está para lá da sua carteira Estas casas de roupa estão todas diretamente relacionadas com processos legais de plágio, falta de preocupação ambiental e uma carência preocupante de direitos para os seus trabalhadores.

Não, não estou a falar da nos ajudam a saber se eles têm aquele vestido mesmo giro no nosso tamanho. Estou a falar daqueles que fizeram o vestido. Por exemplo, a Zara e a H&M foram acusadas de pagar aos seus fornecedores em Bangladesh, durante a pandemia, menos do que o custo de produção das suas roupas, levando diversas destas fábricas a ter dificuldades financeiras, não conseguindo assim sequer pagar o salário mínimo do país aos seus trabalhadores. A Zara foi também alvo de acusações de desflorestação no Brasil, a fim de recolher quantidades de algodão acima das permitidas pelo país da América do Sul e de plágio de produtos criados por pequenas empresas, mantendo tantos elementos em comum que apenas um cego não veria as “semelhanças” Apesar destes pequenos exemplos referirem praticamente sempre a mesma loja, saiba que comércios mundialmente conhecidos como a Massimo Dutti, a Bershka, a Pull & Bear, a Stradivarious e a Oysho fazem todos parte mesma empresa mãe.

Poderia continuar a listar centenas de ocasiões em que esta dústria falhou, porém está na hora de abordar o maior dos onstros. A Shein. Esta loja de origem chinesa, que não conta com enhum estabelecimento físico, é capaz de ser a maior ontrovérsia que o mundo da moda já viu. Muitos são favor, de ual número são os que são contra, mas é indiscutível que os reços são deveras impressionantes Para atingir estes números, a hein é acusada de todos os mesmos crimes acima mencionados e ara ajudar na brincadeira, não tem qualquer controlo de qualidade.

Adicionalmente, quero ainda de realçar o impacto ambiental que a indústria têxtil tem no planeta De acordo com o Parlamento Europeu, em 2020, esta indústria era a terceira que mais contribuía para a poluição mundial, consumindo excessivamente os nossos recursos naturais, poluindo as águas, sendo responsável por cerca de 20 % da poluição da água potável decorrente da utilização de produtos para tingimento e acabamento, emitindo gases com efeito estufa

“Segundo a Agência Europeia do Ambiente, em 2017, a compra de têxteis na UE gerou aproximadamente 270 kg de emissões de CO2 por pessoa. Isto significa que os produtos têxteis consumidos na UE geraram emissões de gases com efeito de estufa de 121 milhões de toneladas ”

Estes fatores levaram a um respeitável debate online: Já que não podemos, por mais que tentemos, mandar abaixo estes grandes “monstros”, então o que podemos nós fazer para combater este problema? É simples, porque o problema começa conosco Se cada um de nós fizer o esforço de evitar comprar fast fashion e de tentar preservar aquilo que já temos, se optarmos pelas lojas de segunda mão e por vender a roupa que já não precisamos, estaremos, todos os dias um pouco mais perto da mudança. Afinal, porque é que os a encher o papo da galinha do consumismo ?

Beatriz Silveira

ESCRITA CRIATIVA

Porque o amor, a paixão também pod

Das profundezas do meu ser, 6 de janeiro de 2024

Acordava e adormecia todos os dias a pensar nele

No seu rosto cuidadosamente desenhado no seio das profundezas de um mar de utopias.

No seu cabelo que transparecia uma imagem tão clara como a luz do sol e que de tão sedoso cheirava à mais bela das flores.

Nos seus olhos tão límpidos e transparentes como o oceano e tão penetrantes, nos quais eu gostava de me perder.

No seu sorriso simples e tão apaixonante que me fazia esboçar uma espécie de remoinho de alegria dentro de mim sempre que o mirava.

Nos seus dentes que cegavam de tanto cintilarem e que tinham a compleição mais reta e harmoniosa alguma vez vista.

Nos seus lábios carnudos e escarlates que haviam sido pintados, certamente, com uma rosa cor de sangue

No seu corpo desenhado na mais perfeita das silhuetas e exageradamente esculpido, que não era indiferente a ninguém.

Nas suas mãos tão arrojadas e firmes, capazes de sustentar um mar de maciças e esplêndidas riquezas, jamais concebid

No seu olhar puro e inocente que me fazia prova nuvens que pairam no céu.

Na sua voz que, ensurdecedoramente, transmitia mu emoção em cada efêmera sílaba.

Na sua pessoa com uma distração inócua e engraçad um belo contraste com a sua pessoa focada e tal inúmeros horizontes por explorar.

Na sua natureza débil como a de um pequeno assustado e audaz como a de um leão feroz.

No seu ar tão intrépido; porém, tão sensível que lhe alma tão nítida como um espelho, tão veemente e re uma criança.

Na sua pitada fresca e saudável de loucura que me co como um pitoresco arco-íris.

Nos seus movimentos espontâneos, ténues e juvenis como os de uma lagarta com um mundo ainda por descobrir, mas com outros tão maduros de uma gentileza sobrenatural, que realçavam o seu brilho inigualável e incomparável. Um brilho dele. Só dele. Pensava na sua personalidade aparentemente aberta, mas com mil segredos escondidos que lhe cortavam o coração e que o assombravam a cada minuto.

Ah, seu coração! Cheio de vida para partilhar Cheio de cicatrizes incuráveis e que se mostravam cada vez mais pesadas e duras de carregar. Cheio de mágoas para ocultar. Mas cheio de amor para dar.

E era nisto que pensava quando o nome dele me vinha à cabeça

Pensava nele, a pessoa mais encantadora de todos os tempos. Eu vislumbrava-o por inteiro, sem faltar uma ínfima peça.

Ele Ele era único Ele era o Paraíso Ele era a imperfeição mais perfeita. Ele era como uma metáfora que, de tão profunda, se torna quase indecifrável. Ele era o encómio modesto. Ele era ele. Ele era o meu universo

O coração abri

E em mim reina a dor Mas este “ele” és tu, Meu eterno amor.

Tua,

A miúda das aulas de Biologia.

P.S. A letra nos teus apontamentos é a mais bonita de sempre.

Este texto consta na Antologia "Três Quartos de um Amor Vol IV”, da Editora Chiado Books

Catarina Costa

ESCRITA CRIATIVA

Expressão

Piso lentamente o desconhecido

Receio que os meus pensamentos fujam

Quando ouvirem som de caneta e papel

Marés de aves que desajeitadas levantam voo

Pelo padrão quebrado do sibilo das folhas

Sigilo eterno de como falar com as cegonhas

Chave perdida de como dizer as coisas certas

RECOMENDAÇÕES

RECOMENDAÇÕES DEFILMES 42

“Before Sunrise” realizado por Richard Linklater, escrito por Kim Krizan e Richard Linklater, representado por Ethan Hawke e Julie Delpy, de 1995

Em 1994, num comboio a caminho de Viena, começa a história de Jesse e Céline, um jovem adulto americano e uma universitária francesa, ambos viajando sozinhos. Jesse decide falar com Céline e, em pouco tempo, interessam-se um pelo outro, cada um achando o outro engraçado e inteligente, e sentem-se atraídos pela vida completamente diferente que ambos têm e, também, pelas opiniões e histórias cativantes que se contam durante a viagem. Jesse convence Céline a sair do comboio com ele, para passarem o dia juntos e explorarem a cidade desconhecida; esta escolha repentina, dá-lhes a oportunidade de se conhecerem melhor. Ao longo do dia, os dois partilham conversas significativas sobre experiências pessoais, questões existenciais, e temas como o amor, a vida e a religião, apercebendo-se que, na verdade, estão apaixonando-se um pelo outro. Mas será possível, num só dia, apaixonarmo-nos por alguém que nunca voltaremos a ver?

De todos os romances que já vi, este é um dos melhores A sua originalidade, autenticidade e naturalidade fazem-nos esquecer a ficção da história, as personagens parecem pessoas reais, o que nos leva ao ponto alto do filme, o diálogo Esta característica é o que torna esta longa-metragem numa obra de arte, cada conversa que partilham está repleta de honestidade e genuinidade. Em poucas horas, partilham um amor sincero e intenso, confiando entre si segredos e desejos que não conseguiam revelar a mais ninguém. Para além da excelente narrativa, Ethan Hawke e Julie Delpy têm uma interpretação sensacional, sendo possível ver os sentimentos das personagens na simples “troca-deolhares”, e sendo impossível não sorrirmos perante o óbvio deslumbramento, encanto e fascínio que eles demonstram entre si 10/10

Pelo sul da Califórnia, no auge dos anos setenta, William, um adolescente com uma forte paixão pela música da época, escreve artigos sobre bandas de rock e sonha ser um verdadeiro jornalista musical. Surgindo-lhe a oportunidade de escrever uma crítica ao concerto de um grupo de grande escala, e com uma inimaginável sorte, uma das bandas de abertura, os Stillwater, ajudam-no a entrar nos bastidores e, por esta via, começa uma relação de amizade com Russell, guitarrista principal dos Stillwater, o qual mostra interesse pelo seu trabalho. Enquanto decorre o concerto, William também conhece Penny Lane, uma rapariga que acompanha frequentemente bandas famosas, especialmente a de Russell, não se considerando uma “groupie”, mas sim uma fã sincera da música e até uma musa que inspira as estrelas de rock que segue. Após publicar a crítica do concerto, William é contactado pela revista Rolling Stone, que reparou na qualidade da sua escrita e que quer contratá-lo para escrever um artigo sobre os Stillwater, acompanhando-os na sua digressão Mesmo sem a autorização da mãe, que é completamente contra tudo o que é rock, William decide aceitar o trabalho e acompanhar a banda pelo país. Nesta jornada, irá entrevistar os músicos, entender o seu estilo de vida, aprender muitas coisas novas, inclusive sobre si próprio, criando fortes laços de amizade com Penny e Russell e enfrentado inevitáveis problemas Mas o mais importante de tudo, é sempre ouvir boa música

RECOMENDAÇÕES

Este filme é uma carta de amor aos anos setenta, repleto de referências a incríveis cantores como David Bowie, Mick Jagger e Elton John, e memoráveis bandas como Black Sabbath, The Velvet Underground e The Rolling Stones Na verdade, o filme é semiautobiográfico, pois o próprio Crowe, foi um escritor para a Rolling Stone quando só tinha 16 anos e, baseando-se nas suas experiências, escreveu e realizou esta longa-metragem. Para todos os apreciadores de música, esta história irá ser um sonho tornado realidade Ao seguirmos a personagem principal, é como se estivéssemos a trabalhar para a revista musical mais famosa de sempre e a acompanhar a digressão de um grupo musical que nos leva a conhecer, pela primeira vez, pessoas que, como nós, valorizam, acima de tudo, a música e que vivem para ela Inspirada nos Led Zeppelin, The Allman Brothers Band, e The Eagles, a banda fictícia, Stillwater, captura a essência dos músicos rock perfeitamente.

Assistimos ao brilho dos artistas no palco, ao seu estilo de vida diferente e às suas performances eletrizantes, cheias de ritmo, melodia e vida. Mas o filme também retrata aspetos delicados da indústria musical, tal como, o uso excessivo e problemático de substâncias ilícitas, a frequente infidelidade das estrelas musicais, o modo como certos homens com poder, tratam e usam as mulheres, a forma como a fama afeta as pessoas, as complicações do mundo da imprensa e a indiferença para com menores e jovens na cena musical. É necessário mencionar a banda-sonora sensacional e o figurino formidável que demonstra o correto e elogiável retrato da década

Este filme oferece-nos uma sensação de pertença e compreensão que antes nos era desconhecida, faz-nos querer ouvir os vinis excecionais que os nossos pais têm guardados, relembra-nos que as estrelas de rock, por tão extraordinárias que possam parecer, continuam a ser pessoas como todos nós e, deixa-nos uma mensagem marcante: a melhor parte da música é, absolutamente tudo!

Leonor Carvalho

COMENTÁRIO SOBRE O LIVRO "1984"

"1984", é o título de um dos livros mais conhecidos de George Orwell, publicado a 8 de junho de 1949

Este livro retrata temas políticos e de guerra num mundo controlado pelo Socing (Partido Socialista Inglês) . A história desenrola-se de forma imersiva, misturando personagens bem pensadas com façanhas entusiasmantes e críticas. Winston Smith é um protagonista realista, com sentimentos, falhas e qualidades No entanto, percebemos que o verdadeiro “ personagem principal” é a população da Oceania. Esta é uma história que retrata a vida de uma sociedade presa numa ditadura que vê os seus contraditores como mentalmente enfermos.

Na minha perspetiva, algumas das características deste mundo criado por Orwell, são a sua imaginação do futuro, com pedaços do presente onde o mesmo vivia, que antecedem a publicação do livro. Este mundo aparenta ser um exagero de uma utopia que o escritor idealizou tanto ao ponto de se aperceber que seria impossível.

Podemos também interpretar esta Oceânia criada por George Orwell, como uma ideia futurista do nosso mundo caso continuasse a progredir da mesma forma “1984” é o oposto perfeito de uma utopia, onde tudo é bem organizado e não existe desigualdade ou opressão.Já nesta ditadura, todos são observados e todos são comandados por um único partido e uma única pessoa: o Grande Irmão. Não existe privacidade e a censura é constante; tudo o que se vê e o que se ouve já foi pensado e programado pelo partido e os seus membros As mentes das pessoas foram manipuladas para impedir o pensamento crítico, de forma a confundirem o ódio com o louvor pela ditadura.

Concluindo, Orwell apresenta-nos uma distopia perfeita e incombatível, uma sociedade que nos parece ser irreal e inalcançável, tantas vezes replicada ao longo da História, mas sempre designada por utopia.

Inês Santos

RECOMENDAÇÕES

RECOMENDAÇÕES DE MÚSICA 46

Para esta edição, escolhi as melhores músicas de amor que conheço, razão pela qual as recomendações são em número elevado. Decidi dividir em dois lados, não só para facilitar o visionamento, como também, para, de algum modo, diferenciar o tipo de sentimento e significados musicais abrangidos

Na primeira parte, as canções demonstram frescura, felicidade, leveza e tranquilidade O afeto descrito traz-nos um sorriso à cara, ou até nos faz mexer a cabeça e, com letras tão românticas, praticamente poemas melodiosos, sentimos a emoção do compositor pelas suas doces e honestas palavras.

side ANa segunda parte, ouvimos canções de amor não correspondido, amor proibido ou amor impossível. Mesmo contando histórias de desejo improvável, continuam a ser consideradas das melhores e mais significativas, devido ao facto de serem complexas, confusas e enigmáticas. Enquanto prestamos atenção à letra dolorosa, à voz emocionada do artista e aos acordes melancólicos, sentimos pena, empatia ou até nos identificamos. Pois, no fim, o mais importante é sempre o amor, pode ser simples ou complicado, mas é sempre amor.

#1 “Mystery of Love” – Sufjan Stevens (Mystery of Love), 2017

#2 “Kiss Me” – Sixpence None The Richer (Sixpence None The Richer), 1997

#3 “My Girl ” – The Temptations (The Temptations Sing Smokey), 1965

#4 “La La Love you ” – Pixies (Doolittle), 1989

#5 “Kiss of Life” – Sade (Love Deluxe), 1992

#6 “Can’t Help Falling in Love” – Elvis Presley (Blue Hawaii), 1961

#7 “I Wanna Be Yours” – Arctic Monkeys (AM), 2013

#8 “And I Love Her” – The Beatles (A Hard Day’s Night), 1964

#9 “Just Like Heaven” – The Cure (Kiss Me, Kiss Me, Kiss Me), 1987

#10 “Glue Song” – beabadoobee & Clairo (Glue Song), 2023

#11 “I Melt With You” – Modern English (After the Snow), 1982

#12 “not a lot, just forever” – Adrianne Lenker (songs), 2020

#13 “Careless Whisper” – George Michael (Careless Whisper), 1984

#1 “Lover, You Should’ve Come Over” – Jeff Buckley (Grace), 1994

#2 “Iris” – The Goo Goo Dolls (Dizzy up the Girl), 1998

#3 “All I Need” – Radiohead (In Rainbows), 2007

#4 “Every Breath You Take” – The Police (Synchronicity), 1983

#5 “Bad Religion” – Frank Ocean (channel ORANGE), 2012

#6 “Silver Springs” – Fleetwood Mac (Rumours), 1977

#7 “A paixão (Segundo Nicolau da Viola)” – Rui Veloso (Mingos E Os Samurais), 1990

#8 “Martha” – Tom Waits (Closing Time), 1973

#9 “Fade Into You” – Mazzy Star (So Tonight That I Might See), 1993

#10 “Somethin’ Stupid” – Frank Sinatra & Nancy Sinatra (The World We Knew), 1967

#11 “Wicked Game” – Chris Isaak (Heart Shaped World), 1989

#12 “City Of Stars” – Ryan Gosling & Emma Stone (La La Land), 2016

#13 “Video Games” – Lana Del Rey (Born To Die), 2012

Leonor Carvalho

FICHA TÉCNICA

Equipa SBNL e Colaboradores

Beatriz Silveira, 12ºD

Catarina Costa, 11ºE

Leonor Vicente, 11ºE

Pedro Calca, 10ºG

Paulo Silva, 11ºC

Miguel Silveira, 8ºE

Leonor Carvalho, 12ºF

Daniel Reis, 10ºD

Ana B. Pereira, 12ºC

Martina Barcelos, 10°D

Valentina Silva, 11ºC

Andreia Cunha, 11ºC

Inês Santos, 12ºA

Leonor Silveira, 12ºB

Ana Borges, 12ºB

Direção e Coordenação

Beatriz Silveira, 12ºD

Ana Borges, 12ºB

Leonor Carvalho, 12ºF

Catarina Costa, 11ºE

Beatriz Silveira, 12ºD

Edição e Design Gráfico

Beatriz Silveira, 12ºB

Revisão

Professora Carla Martins

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