JORNAL PEDAL Nº12

Page 10

Lições Q de Política Urbana com Klaus Bondam Número Sete Agosto 2012

*

Texto: João Bentes Ilustração: Sofia Morais (cargocollective.com/sofiamorais) com base em fotografia de Pedro Cavaco Leitão (pedrocavacoleitao.com)

uando pretendemos que uma cidade seja ciclável e explorar esse potencial, temos que entender imediatamente os benefícios directos. Menos barulho, mais espaço, menos poluição, mais espaços urbanos, mais cultura urbana. Temos ao menos que nos questionar se a cidade não poderia ser algo mais com essa alternativa. É claro que algumas cidades são mais cicláveis do que outras à partida, a topografia pode ser um obstáculo, o clima outro mas não significa isso que sejam impossíveis de ciclar como prática urbana, até porque é importante relacionar o andar de bicicleta com o andar a pé e de carro. Não se trata de uma guerra entre peões e carros, carros e bicicletas ou bicicletas e peões, é um debate, uma discussão acerca de como queremos as nossas cidades, de como queremos viver e tornar conscientes as pessoas no que respeita ao desenvolvimento urbano. Levar-nos-á isto a pensar no facilitismo de encaminhar as pessoas com práticas mais cicláveis a mudarem-se para países com essas características. Para Klaus não, se ele vivesse em Portugal ficaria e continuaria a andar de bicicleta. Os primeiros passos estão na discussão, através dos círculos políticos, através dos jornais, isso é apenas democracia, começar a falar das coisas. Paris, Londres, Nova Iorque mudaram imenso nos últimos anos, facto é que se enquanto cidadãos se iniciar a discussão e o diálogo, se enquanto políticos se tomar a decisão de investir na prática ciclável, se houver coragem política poderemos realmente vir a mudar as coisas. Se, em termos concretos, questionarmos se Lisboa ou o Porto se podem tornar uma Copenhaga, Klaus não tem a certeza. Em termos políticos, claro que sim, no entanto é suicídio político trabalhar em algo que ninguém quer. É por isso que é importante iniciar a discussão, perguntar como é a cidade em que queremos viver e explorar as alternativas e os exemplos.

*

Klaus Bondam (bondam.dk) é o chefe de cerimónias em “Festen”, de Vinterberg, ou o Padre em “Mifune” de Søren Kragh-Jacobsen. Recentemente, tem estado à frente do Instituto Cultural da Dinamarca pelo Benelux e foi um activo na política dinamarquesa, passando pela Câmara Municipal de Copenhaga, no Departamento do Ambiente. Foi nessa altura o grande impulsionador e promotor do estilo de vida ciclável em Copenhaga, um modelo que poderia ser seguido por outras cidades, o princípio da “Copenhagarização” (copenhagenize.com). Klaus é actor e político, ao mesmo tempo, e defende o diálogo para uma política da utilização da bicicleta.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.